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JUNDIAÍ – 2020
CENTRO UNIVERSITÁRIO PADRE ANCHIETA
Objetivos
Desenvolver habilidades de criação e trabalho em grupo
Incentivar idéias para promoção de processos intelectuais necessários para um profissional criativo capaz de desenvolver e se
apropriar das tecnologias inovadoras
Estimular a criação e o desenvolvimento pessoal e profissional.
Extensão universitária
Gerar soluções inovadoras para as necessidades corporativas.
Solucionar conflitos e quebrar barreiras
Ementa
Conceituação e contextualização de práticas inovadoras e criativas.
Desenvolvimento de habilidades de criação e de trabalho em grupo.
Criar e aprimorar ambientes presenciais e virtuais
Estímulo a criatividade e desenvolvimento de ideias e projetos e suas ferramentas.
Incentivo ao desenvolvimento de projetos e novas tecnologias.
Solucionar problemas
Apresentar atividades de extensão universitária.
Conteúdo Programático
1 - Inovação e criatividade
2 - Pesquisa e estudo de mercado
3 - Tabulação de dados e definições de critérios de relevância
4 - Definição de projeto (pessoal e corporativo)
5 - Problemas gerados em ambientes reais e virtuais
6 - Tomadas de decisões
7 - Implementação de idéias criativas
8 - Gestão de equipe.
9 - Comunicação pessoal e organizacional
10 - Como pesquisar para P&D.
11 - Marketing e pesquisa.
12 - Novos negócios
300 - EXTENSÃO
400 - EAD
Pág.: 1 de 2
Bibliografia
DRUCKER, P. F. Inovação e espírito empreendedor (entrepreneurship): prática e princípios. São Paulo: Cengage, 2013.
KEELING, Ralph. Gestão de projetos: uma abordagem global. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Administração de projetos: como transformar idéias em resultados. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
CHESBROUGH, H. Inovação aberta: como criar e lucrar com a tecnologia. Porto Alegre: Bookman, 2012.
KLUYVER, Cornelis A. de. Strategy: a view from the top. 3.ed. New Jersey: Prentice Hall, 2008.
LAUDON, Kenneth C.; LAUDON, Jane P. Sistemas de Informação: com internet. 4.ed Rio de Janeiro: LTC, 1999.
MENESES, Luis César de Moura. Gestão de projetos. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2008.
LOBOS, J. Andando no limite: como dirigir sua empresa de fora para dentro em alta velocidade. São Paulo: Makron Books, 1998.
______________________________________ ______________________________________
JOAO ANTONIO DE VASCONCELLOS NORIVAL FREIRE DE TOLEDO
Diretor(ª) de Graduação Coordenador do Curso
Pág.: 2 de 2
Inovação e Criatividade, conceitos e história.
Resumo
Este artigo tem como objetivo trazer os conceitos sobre Inovação e Criatividade. É
apresentado os processos para a produção de criatividade e as formas de inovação
presentes. A análise se baseou nas investigação dos paradigmas científicos, e
revisão da literatura relacionada, os resultados são visualizados na exposição do
conhecimento sobre o tema do artigo de forma histórica e científica.
Palavras – chave
1. Introdução
1
Professor de Comunicação Social.
inovadora e não os Estados. Peter Hall (1998) fornece uma série de estudos de caso
para ilustrar como as cidades em diferentes épocas apresenta as faces produtivas
de criatividade e inovação. exemplos de Hall de cidades criativas, são
idiossincráticos: Atenas, Florença, Londres, Viena, Paris e Berlim; suas cidades
inovadoras são: Manchester, Glasgow, Berlim, Detroit, San Francisco e Tóquio. O
ponto de vista de Hall é bem feito, ou seja, que as cidades não sejam criativas e
inovadoras para sempre.
2
Aqui no texto: zumbido, barulho referente ao despertar de idéias. Webster Dictionary: my mind is buzzing
with ideas.
restaurantes, nem um com alguns edifícios projetados de arquitetura controversa. A
relação entre inovação, criatividade, e a cidade é ao mesmo tempo simples e
complexa. Por um lado, é simples, no sentido de que vende uma suposição comum
que as cidades são o centro da empresa e cultura: naturalmente, essa hipótese
continua sendo apenas isso, se não podemos apontar para indícios de que as
ligações da criatividade e da cidade. Por outro lado, é uma questão complexa
porque existe um grau considerável de confusão ou imprecisão sobre o que seja a
criatividade e a inovação. Além disso, dentro da noção de senso comum,
precisamos saber se as cidades são necessárias ou suficientes para a promoção e o
exercício da inovação e criatividade. A resposta a esta questão precisa ser
investigada, porém a inovação e a criatividade podem ser encontrados em zonas
rurais e periféricas também.
O termo criatividade tem sido menos comumente utilizado, e dado mais ênfasis à
inovação. É tentador confundir a criatividade e a inovação, porém, quero mantê-los
separados, a fim de examinar os pressupostos e as tensões entre os termos. Ao
examinar essa tensão, chegaremos a um entendimento mais satisfatório da relação
de ambos. Para compreender a inovação e criatividade dentro de um quadro
histórico, precisaria passar por diversos momentos da história humana a fim de
pintar suas inúmeras faces. Este artigo trará apenas uma pequena parte, dedicando-
se a desmistificar os principais paradigmas e alguns fatos históricos.
2. Conceituação teórica
O grande interesse pelo tema inovação e criatividade tem gerado diversos estudos
na área, os quais são corroborados pelo aumento de produções nos últimos anos.
Em análise na base Lattes/CNPQ 3, encontra-se vários pesquisadores com o
portfólio científico voltado às publicações de inovação e criatividade. Devido a este
motivo, o estudo sobre a criatividade e inovação apresenta hoje uma grande
variedade de pesquisas orientadas à produção empresarial, competitividade, e
geração de produtos que relatam o posicionamento de um objeto em uma situação
inovadora e criativa aos seus concorrentes.
3
http://lattes.cnpq.br/
Para compreender o paradigma sobre inovação e criatividade, elenca-se a seguir os
conceitos difundidos no cenário científico, e posteriormente esquadrinhados nos
itens que se seguem.
Tanto Alencar (1995) como Cerna (1999) afirmam que todos nós possuímos uma
medida diferente um do outro, e que pode ser desenvolvida em diferentes níveis.
Assim, compreende-se que as pessoas possuem potencialidades de criação as
quais podem ser melhoradas e desenvolvidas em maior pontencial.
3 - Inovação em Marketing
Marketing da Inovação é uma ocorrência de múltiplas facetas, que pode ser operado
de diferentes maneiras. De acordo com Doyle (1998) "Inovação em marketing é a
mais recente análise das melhores práticas e uma colecção única de material
empírico descreve dois sistemas de inovação e lançamento de novos produtos."
4
Na sua obra, Teoria do Desenvolvimento Econômico, Schumpeter vê o processo do desenvolvimento do
capitalismo como efeito de contínuas inovações dos capitalistas sobre a economia.
nível da indústria, enquanto sociólogos organizacionais e teorias de estratégia de ter
olhado para a inovação a nível da empresa. Além disso, cada pesquisador utilizou
diferentes dimensões da inovação como ferramenta para analisar
Para qualquer negócio, dois dos objetivos mais importantes são a eficiência e
eficácia. Eficiência é sobre economia e é mais uma medida quantitativa. Eficácia, por
outro lado é uma medida qualitativa com a realização dos objetivos mais amplos da
organização e é um requisito para o sucesso do negócio. A literatura sugere que a
eficácia é o meio de aumentar as habilidades de resolver problemas de uma
organização através do desenvolvimento organizacional. Esse objetivo é alcançado
através de treinamento de gerentes e trabalhadores a serem mais atenciosos,
criativos e inovadores em sua abordagem para resolverem problemas.
Resolução de problemas é considerada a atividade mais criativa em negócios,
aproveitando as habilidades naturais, habilidades e conhecimentos de gestores e
trabalhadores, Pitta, Wood & Franzak, (2008). Por isso é importante para as
organizações criarem sistemas para explorar e cultivar isto em sua cultura
organizacional. Diz-se que a inovação e a criatividade está presente nas empresas
líderes de mercado. A literatura sugere que a inovação e a criatividade não tem
definição clara e significa coisas diferentes para diferentes campos. Quando
aplicada aos negócios, esses dois conceitos parecem se sobrepor. Um produto,
serviço ou uma idéia que é percebida pelos consumidores como novo muitas vezes
é considerada inovadora. É claro que a inovação pode variar em magnitude, e no
processo de desenvolvimento de produtos e ao desenvolvimento contínuo. A
melhoria também poderia significar a inovação contínua. Uma estratégia inovadora
usa inovação contínua para permanecer um passo à frente da concorrência Pitta et
al (2008).
6 - Fatores de Criatividade
Alencar (1993) por exemplo, salienta que a criatividade é como qualquer outro traço
humano, há necessidade de condições adequadas para poder se desenvolver. Tais
condições são necessárias em todas as áreas em que se apresente, em casa, na
escola ou organização.
7 – Conclusão
A relação entre as cidades, inovação e criatividade repousa sobre um conjunto de
especificidades do processo de produção, do intercâmbio de conhecimentos. A
localização física e infra-estruturas são importantes como locais para facilitar
interações. O conhecimento entre os processo de inovação e da criatividade, assim
como a visibilidade da diferença entre elas, vê-se como essencial à técnica criativa e
inovadora em instituições, produtos e serviços.
5
Negócio principal da empresa.
AMABILE, T.M. Within You, Without You: The social psychology of creativity,
and beyond. In: Runco, M.A. (ed.). Theories of Creativity. Newbury Park, Sage,
1990.
AMABILE, T.M. & Gryskiewicz, N.D. The creative environment scales: work
DOYLE, Peter. “Marketing Management and Strategy”, 2ª Ed., Ed. Prentice Hall
EuropeAntonnelli. 1988
SAUNDERS, Robert. A educação criadora nas artes. São Paulo: ARTE, 1984.
Paulo Antônio*
Karen Estefan Dutra**
RESUMO
O presente artigo discorre sobre a pesquisa de mercado, ferramenta que funciona como uma
bússola para o administrador. Partindo-se desse pressuposto, abordar-se-á sobre seu
histórico, assim como suas etapas e a relevância desta para as organizações no processo que
antecede à tomada de decisões.
ABSTRACT
This article talks about market research, tool that serves as a compass for the
administrator. Based on this assumption, will be addressed on its history, as well as their
steps and relevance of this for organizations in the process before making decisions.
PESQUISA DE MERCADO
2
se restringia quase que às empresas internacionais, que seguiam
orientação de suas matrizes.
3
Pode-se perceber com essa definição que a pesquisa de mercado é uma
ferramenta essencial para manter a organização informada sobre as variáveis ambientais,
variáveis essas imprescindíveis para a vida saudável de um negócio, seja ele de pequeno,
médio ou grande porte, em processo de idealização, implementação ou expansão.
Segundo o consultor de empresas Góis (2000, p. 130),”marketing é a arte de
fazer o cliente comprar o que ele não quer, com o dinheiro que ele não tem e na hora em
que ele não pode”.
Pode-se dizer que o marketing é a alma do negócio, e sem ele não há empresa
que vá adiante. Para que esse processo ocorra de forma eficiente é necessário conhecer as
variáveis externas e para que isso aconteça é preciso utilizar da pesquisa de mercado. Para
Kotler (2000, p. 125), “pesquisa de marketing corresponde à elaboração, à coleta, à análise
e à edição de relatórios sistemáticos de dados e descobertas relevantes sobre uma situação
específica de marketing enfrentada por uma empresa”. Segundo o IBOPE (2007, p. 1):
4
marketing para análise de executivos no momento presente e em períodos futuros, fazendo-
se comparações período/período para um melhor embasamento.
As pesquisas de mercado podem ser qualitativas ou quantitativas, ambas de
grande valia se atendendo os propósitos de pesquisa. Em geral, nas pesquisas quantitativas
há uma maior facilidade de se tabular os dados, devido à forma das varáveis apresentadas
após a coleta de dados. Na pesquisa quantitativa elabora-se um questionário com questões
fechadas (lista de respostas pré-codificadas) ou um questionário semi-estruturado com
perguntas fechadas e abertas, podendo ser aplicado por intermédio de entrevistas pessoais,
entrevistas por telefone, por mala-direta e pela internet.
Kotler (2000) descreve que as pesquisas de mercado podem acontecer por meio
de grupo de foco, pesquisa por observação, levantamentos, dados comportamentais e
pesquisa experimental, tendo como instrumentos o questionário e os instrumentos
mecânicos.
Já a pesquisa qualitativa tem métodos menos estruturados, porém mais
intensivos ante as pesquisas quantitativas que são feitas por meio de questionários. Nas
pesquisas qualitativas, existe um maior relacionamento com o respondente,
conseqüentemente os dados extraídos apresentam contextos mais ricos e aprofundados,
podendo, assim, subtrair novas percepções e perspectivas. “O número de respondentes é
menor e apenas parcialmente representativo de qualquer população-alvo, fazendo deles um
prelúdio, mas não um substituto, de estudos de campo de grande escala, mais
cuidadosamente estruturados”. (AAKER; KUMAR e DAY, 2007, p. 207)
Para Mattar (apud KIRK & MILLER, 1997, p. 77):
5
A pesquisa quantitativa é realizada por questionários; assim definidos por
Kotler (2000, p. 132): “um questionário consiste em um conjunto de perguntas que serão
feitas aos entrevistados”. Devido à agilidade do questionário; esse, é, de longe, o método
mais usado para a obtenção de dados primários, porém, precisam ser diligentemente
elaborados e testados antes de serem aplicados em grande escala. Kotler (2000).
Já segundo Aaker; Kumar e Day (2007, p. 207), existem três categorias de
utilização aceitáveis para os métodos qualitativos de pesquisa:
1. Exploração
• Definir problemas com maiores detalhes.
• Sugerir hipóteses a serem testadas em pesquisa subseqüente.
• Gerar novos conceitos de produtos ou serviços, soluções de
problemas, listas de características de produtos, e assim por diante.
• Avaliar reações preliminares a novos conceitos de produtos.
• Realizar pré-testes de questionários estruturados.
2. Orientação
• Compreender o vocabulário e as percepções sobre vantagem dos
consumidores.
• Acostumar o pesquisador a um ambiente não familiar: necessidades,
satisfações, situações reais e problemas.
3. Clínica
• Obter insights sobre assuntos que seriam impossíveis de conseguir
com métodos estruturados de pesquisa.
6
tático relativo ao mix de marketing, programar e controlar todo o processo, acompanhando
e avaliando resultados, melhorando sua estratégia, ou seja, ela levará a empresa a
reconhecer que os clientes em qualquer mercado normalmente diferem em suas
necessidades, desejos, percepções e preferências.
Conforme manual do empresário elaborado pelo SEBRAE (2007, p. 3):
Para isso, pesquisas de mercado devem ser bem elaboradas, tendo em vista a
sua relevância para as organizações e administradores tomadores de decisão, pois qualquer
decisão precipitada pode desencadear no mau êxito do negócio.
1 Objetivos da pesquisa
7
essencial para a conclusão do relatório final, o qual irá anteceder as decisões por parte do
administrador.
Quando certos (clientes) de que irão optar por uma pesquisa de mercado, depois
de verificados todos os fatores que influenciaram a essa decisão, fatores esses para Aaker;
Kumar e Day (2007, p.35-36), “[...] relevância de pesquisa, tipo de natureza da informação
buscada, momento, disponibilidade de recursos e por uma análise custo-benefício [...]”, as
empresas devem traçar os objetivos da pesquisa.
Para Kotler (2000, p. 127), “A gerência não deve definir um problema de
maneira muito geral e tampouco de maneira excessivamente limitada”. Pode-se perceber
que a forma como serão tratados os objetivos da pesquisa é de supra importância para que a
pesquisa seja proveitosa. Esses objetivos devem ser tratados de forma que os responsáveis
pela pesquisa não se percam diante de diversos objetivos que não têm relação entre si e nem
fiquem extremamente limitados para apresentar um trabalho eficiente.
Objetivos de uma pesquisa de mercado devem ser de preferência específicos,
mas, no entender de Kotler (2000), nem sempre podem ser tão específicos. A pesquisa pode
ser exploratória, cuja meta é demonstrar a real natureza do problema e sugerir soluções ou
novas idéias; pode ser descritiva, que procura determinar certas dimensões e pode ser
causal, cujo propósito é testar a relação de causa e efeito. Para Mattar (1997, p. 60):
Esse conceito apenas reforça o que já foi tratado acima; portanto, para Aaker,
Kumar e Day (2007), o objetivo da pesquisa é a explicação, identificando e delimitando de
forma precisa onde se que chegar, de quais informações são essenciais. O objetivo deve ser
feito com esmero de tal forma que a consecução das informações garanta a satisfação da
pesquisa de mercado. Ainda, de acordo com os autores acima citados, (2007, p. 71):
8
Os objetivos têm três elementos. O primeiro é a questão de pesquisa. Isso
especifica as informações de que o tomador de decisões precisa. O
segundo e o terceiro elementos ajudam o pesquisador a formular a questão
de pesquisa da forma mais específica precisa que for possível. O segundo
elemento é o desenvolvimento de hipóteses, que são, basicamente,
respostas alternativas à questão da pesquisa. A pesquisa vai determinar
qual dessas respostas é correta. Nem sempre é possível desenvolver
hipóteses, mas sempre deve-se testar. O terceiro elemento é o escopo ou
limites da pesquisa. Por exemplo, o interesse é apenas pelos consumidores
atuais ou por todos os consumidores potenciais?
2 Plano de pesquisa
9
(questionários abertos, fechados, mesclados ou instrumentos mecânicos); de acordo com os
objetivos de pesquisa.
No plano de amostragem estipula-se qual será o público a ser entrevistado e
quantas pessoas devem ser entrevistadas, de acordo com o universo que irá abranger a
pesquisa. Para Aaker; Kumar e Day (2007, p. 380), “O objetivo da amostragem é obter
informações sobre a população. Portanto, é crítico para os resultados que a população seja
identificada adequadamente e com acuracidade”.
De acordo com Mattar (1997), amostra é uma parte qualquer de uma
determinada população e ainda para o mesmo autor (1997, p. 260):
10
de um questionário. Seja um questionário aberto ou fechado é necessário que as idéias
sejam seqüenciais, estejam em uma linguagem compreensível pelo entrevistado e dispostas
de forma organizada, para que o entrevistado não se perca.
3 Coleta de dados
11
recursos visuais e de realizar tarefas complexas são algumas limitações desse tipo de
entrevista.
Além desses métodos ainda existem métodos como mala-direta e a entrevista
pela internet, a última, em constante crescimento. Tecnologias são sempre a porta para
diversos campos do conhecimento, gerando informações de forma eficiente. Assim sendo,
percebe-se no cenário atual que entrevistas por telefone celular, por meio de mensagens de
texto, já são praticadas para averiguar a satisfação de clientes.
A decisão pelo método a ser utilizado na coleta de dados é tão importante
quanto o treinamento do pesquisador para garantir a fidedignidade dos resultados, por
conseguinte, auxiliando o administrador no processo decisório.
12
edição, (2) codificação e (3) ajuste estatístico dos dados (quando necessário)”. (AAKER;
KUMAR e DAY, 2007, p. 442).
Ainda de acordo com os autores, o objetivo da edição é determinar a identidade
da lacuna, ambigüidade e erros nas respostas. Esse processo realizar-se-á pelo entrevistador
ou pelo supervisor, mas, também, poderá ser realizado pelo analista, antes da análise dos
dados. Entre essas falhas pode-se citar algumas como: erro do entrevistador, omissões,
inconsistências, respondente inelegível, ambigüidade e falta de cooperação. Detectado
erros, deve-se corrigi-los contratando o entrevistador novamente para reaplicar alguns
questionários, pode-se também anular alguns questionários dados como inválidos ou
eliminar alguma questão problemática que os entrevistados não entenderam a pergunta.
A codificação nada mais é do que jogar os dados contidos nos questionários
para um programa estatístico que fará o ajuste estatístico dos dados. Para questões
fechadas, a codificação acontece de forma direta. Tratando-se de questões abertas, a
codificação torna-se muito mais complexa. Para Aaker, Kumar e Day (2007, p. 443):
Nessa fase o relatório final será entregue para o administrador que encomendou
a pesquisa. Assim sendo, esse administrador irá analisar as informações contidas no
relatório para, a partir daí, tomar decisões, sozinho ou em grupo. Para Kotler (2000, p. 136),
“como última etapa, o pesquisador apresenta suas conclusões às partes interessadas. Ele
deve apresentar conclusões importantes, que sejam relevantes para as principais decisões de
marketing com que a direção da empresa se depara.
Nessa fase, a necessidade de informações objetivadas no plano de pesquisa será
suprida se a pesquisa atender aos objetivos. A adequada realização das etapas da pesquisa
13
de mercado é de extrema relevância, tendo em vista suas conseqüências, pois qualquer
decisão que o administrador venha tomar, embasado em uma conclusão precipitada do
pesquisador, pode mudar o futuro de uma organização; daí a necessidade da confiabilidade
da pesquisa.
O relatório final é de suma importância para o administrador tomar decisões
concisas e alinhadas à missão, visão e posicionamento da empresa. De acordo com Aaker;
Kumar e Day (2007), as decisões podem ser estratégicas ou táticas. A primeira seria mais
voltada para entrar em um mercado, expandir a empresa, e a outra, por exemplo, sobre qual
tipo de apelo publicitário a empresa irá utilizar.
Independente do tipo de decisão, é necessário tomar atitudes acertadas para que
a organização tenha êxito, pois o mercado é voraz e a globalização exige profissionalismo e
melhoramentos para que as empresas permaneçam dando frutos e gerando resultados.
Portanto, acompanhar o comportamento do consumidor, averiguar realmente quais são os
concorrentes diretos e indiretos, verificar o que é oferecido, o que a empresa ainda não
oferece e qual seu diferencial em relação à concorrência, são elementos importantes, entre
outros identificados em uma pesquisa de mercado e detalhados no relatório final para
nortear o administrador na tomada de decisão.
Deve-se tomar o cuidado no momento de comunicar com quem efetivamente
irá desfrutar do relatório final, pois cada cliente é um cliente e o trabalho deve ser
direcionado com o nível cultural, de acordo com os costumes e as necessidades do cliente.
14
Um quesito muito importante é a ética em relação à pesquisa, sendo a empresa
prestadora do serviço obrigada a manter confidencialidade das informações contidas no
relatório final, previsto em contrato na cláusula obrigações das partes.
Contudo, as informações contidas no relatório devem nortear o administrador
na tomada de decisões, sempre em busca de soluções e oportunidades, tornando empresas
mais competitivas no mercado global, no qual as mutações ocorrem de forma veloz. Para
tal, informações devem ser sempre atualizadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AAKER, David A.; KUMAR, V.; DAY, George S. Pesquisa de marketing. 2 ed. São
Paulo: Atlas, 2007.
16
A Análise de Dados
na Pesquisa Científica
importância e desafios em estudos organizacionais
Resumo
A análise de dados configura-se numa fase importante no empreendimento de investigações nas Ciências
Sociais Aplicadas, sobretudo no campo dos estudos em Desenvolvimento, Gestão e Organizações. O objetivo
deste artigo consiste em apresentar elementos conceituais necessários para entender e desenvolver, de maneira
qualificada, pesquisas e estudos em fenômenos organizacionais e gerenciais. A abordagem é de caráter eminen-
temente teórico-reflexivo, orientando-se, fundamentalmente, pela literatura especializada sobre metodologia
da pesquisa, tanto qualitativa como quantitativa, nas Ciências Sociais. Inicia-se situando algumas definições de
ciência e de pesquisa científica. Em seguida apresenta aspectos que constituem um design de pesquisa. E,
finalmente, descreve o processo de análise e interpretação dos dados, identificando especificidades inerentes à
natureza de cada pesquisa.
Palavras-chave: pesquisa científica, Ciências Sociais, fenômenos organizacionais, design de pesquisa, análise
de dados.
Abstract
The data analysis configurates itself in an important implementation of investigations in Applied Social Sciences,
above all in the field studies of Development, Management and Organizations. The objective of this article
consists of presenting necessary conceptual elements in order to understand and develop, in a qualified way,
research and study in administrative and organizational phenomena. The approach has an eminent theoretical-
reflexive character, fundamentally being guided by the specialized literature about methodological research,
both qualitative and quantitative, in social sciences. It starts by situating some definitions of science and scientific
research. Following to this, it presents aspects that constitute a research design. And finally, it describes the
analysis process and interpretation of the data, identifying inherent specificities to the nature of each research.
Keywords: scientific research, social sciences, organizational phenomena, research design, data analysis.
1
Mestre em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e doutoranda em
Engenharia de Produção na Universidade Federal de Sanat Catarina (UFSC). Professora do Departamento
de Estudos da Administração da Unijuí (enise@unijui.tche.br).
DESENVOLVIMENTO EM QUESTÃO
Editora Unijuí • ano 1 • n. 2 • jul./dez. • 2003 p. 177-201
Enise Barth Teixeira
Introdução
Os estudos da Administração e a teoria organizacional têm-se carac-
terizado, fundamentalmente, a partir de instrumentais analíticos calcados
nos modelos mecânico e orgânico de organização, próprios do enfoque quan-
titativo, o qual não permite ao pesquisador interpretar a realidade sob novas
dimensões, cujos elementos são de natureza essencialmente qualitativa e
pouco passível de mensuração. Diante deste quadro, abordar a análise de
dados enquanto etapa do processo de investigação científica no campo das
organizações configura-se como relevante, uma vez que a tentativa de iden-
tificar especificidades pode significar melhores condições para o desenvol-
vimento de novos estudos, com base num melhor e maior entendimento
conceitual do processo, alinhado aos respectivos paradigmas.
A pesquisa científica
Na trajetória histórica da humanidade a ciência vem assumindo múl-
tiplas definições, envolvendo referências metodológicas, ideológicas, filo-
sóficas e técnicas as mais variadas.
179
Desenvolvimento em Questão
Enise Barth Teixeira
isolamento desses entre si. Tais afirmações sobre a natureza dos fenômenos
têm implicações sobre o modo pelo qual os fenômenos podem ser conheci-
dos. Logo, o caminho lógico para se chegar ao conhecimento passa pela
Filosofia, e de maneira especial, pela epistemologia. A Filosofia aqui en-
tendida como uma concepção do mundo, que explica cientificamente a
natureza e a sociedade, estabelecendo as leis de seu desenvolvimento e a
maneira de conhecê-las.
181
Desenvolvimento em Questão
Enise Barth Teixeira
Design de Pesquisa
A atividade de pesquisa é empreendida no intuito de descobrir e
construir novos conhecimentos; para tal é necessário desenhar ou projetar o
caminho a ser seguido, uma vez que cada caminho poderá levar o investiga-
dor a alcançar diferentes resultados, devendo assim avaliar as restrições e
oportunidades colocadas pelo contexto dentro do qual pretende trabalhar.
Portanto design de pesquisa é o mapa, o caminho e seus respectivos contor-
nos, que a partir de uma questão ou foco norteará a investigação e o alcance
dos objetivos traçados previamente (Merriam, 1998; Godoy, 1995a).
183
Desenvolvimento em Questão
Enise Barth Teixeira
185
Desenvolvimento em Questão
Enise Barth Teixeira
187
Desenvolvimento em Questão
Enise Barth Teixeira
observados (Gil, 1987; Mattar, 1996): buscar casos típicos, em que há infor-
mação prévia da existência de determinadas práticas; selecionar casos ex-
tremos, os quais se apresentam nos limites de determinadas práticas; e en-
contrar casos marginais, atípicos ou anormais para, por contraste, conhecer as
pautas dos casos normais e as possíveis causas do desvio.Vale ressaltar ainda
que o estudo de caso pode ser combinado com outro tipo de pesquisa quali-
tativa, como genérica ou básica, etnográfica, fenomenológica ou grounded
theory.
O investigador num estudo qualitativo, conforme já mencionado an-
teriormente, é considerado como instrumento humano primário na coleta e
análise dos dados referentes ao fenômeno em investigação. Merriam (1998)
aponta certas características de personalidade e habilidades necessárias a
um investigador de pesquisa qualitativa: ter tolerância por ambigüidade, ter
sensibilidade ou ser altamente intuitivo e ser um bom comunicador.
Por outro lado, os métodos quantitativos são mais indicados nas in-
vestigações da orientação filosófica positivista ou paradigma sociológico
funcionalista, considerando que,
documentos serão lidos, e assim por diante (Merriam, 1998). Com relação ao
universo e amostra, Vergara (1997) e Gil (1999) consideram o primeiro um
conjunto de elementos (organizações, produtos, pessoas...) que possui as
características que serão objeto de estudo, enquanto que amostra é uma
parte do universo, escolhida segundo algum critério de representatividade.
189
Desenvolvimento em Questão
Enise Barth Teixeira
Análise de dados
A pesquisa, entendida como a atividade básica da ciência na sua inda-
gação e construção da realidade, vincula pensamento e ação. Minayo (1994,
p. 17) considera que “nada pode ser intelectualmente um problema, se não
tiver sido, em primeiro lugar, um problema da vida prática”. Assim, a pes-
quisa se realiza fundamentalmente por uma linguagem fundada em concei-
tos, proposições, métodos e técnicas, linguagem esta que se constrói com
um ritmo próprio e particular. Tal ritmo é denominado ciclo de pesquisa,
que representa um processo de trabalho em espiral que começa com um
problema ou uma pergunta e termina com um produto provisório capaz de
dar origem a novas interrogações.
O ciclo de pesquisa, segundo Minayo (1994), compõe-se de três
momentos: fase exploratória da pesquisa, trabalho de campo e tratamento
do material. O referido processo inicia-se com a fase exploratória da pesqui-
191
Desenvolvimento em Questão
Enise Barth Teixeira
(1) (2)
Elaborar questões gerais que Colher dados, por meio de observações e
servirão como orientação para que entrevistas com pessoas que
se possa explorar o significado da experimentam ou experimentaram o
experiência social para os fenômeno investigado.
indivíduos estudados.
(3)
(4) Agrupar os depoimentos em clusters de
Reunir estas informações grupais significados
em unidades maiores para que se
possa ter uma descrição geral da
experiência interativa. (5)
Discutir como a análise assim estruturada
pode ajudar a gerar uma melhor
compreensão da essência do fenômeno.
193
Desenvolvimento em Questão
Enise Barth Teixeira
Outra tendência mais recente, surgida nas últimas décadas, tem sido
a de procurar ir um passo adiante na análise, buscando construir teoria –
Grounded Theory – a partir do significado e das explicações que os entrevis-
tados atribuem aos eventos pesquisados. O método de análise de dados usa
uma série de procedimentos para levantar inferências válidas a partir de um
texto. Para tanto busca classificar palavras, frases ou mesmo parágrafos em
categorias de conteúdo. Nesta perspectiva de análise o pesquisador forma
uma versão teórica da realidade. Esta formulação teórica não apenas pode
ser usada para explicar a realidade, como também provê um esquema de
referência para a ação (Roesch, 1996).
195
Desenvolvimento em Questão
Enise Barth Teixeira
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Desenvolvimento em Questão
Enise Barth Teixeira
Considerações finais
Este artigo propôs-se a oferecer uma visão geral do processo de aná-
lise de dados em pesquisa e estudo das organizações, explicitando peculia-
ridades inerentes às pesquisas tanto de natureza qualitativa como de nature-
za quantitativa.
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Desenvolvimento em Questão
Enise Barth Teixeira
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Desenvolvimento em Questão
Gest. Prod., São Carlos, v. 18, n. 1, p. 1-12, 2011
Resumo: A pequena taxa de sucesso dos projetos num cenário de importância crescente para realização das
estratégias das empresas levanta questionamentos sobre a efetividade das abordagens de gestão de projetos. A
revisão da bibliografia sobre o tema sugere a existência de uma abordagem predominante de gestão de projetos
que utiliza técnicas e ferramentas de planejamento e controle com o propósito de racionalizar e normatizar a gestão
de projetos. Em contraponto a essa abordagem tradicional predominante, surgiu a abordagem adaptativa. Nela, a
gestão de cada projeto é adaptada às suas especificidades. Neste contexto, este artigo apresenta o resultado de um
estudo exploratório preliminar sobre abordagens de gestão de projetos em seis empresas que atuam no Brasil. Os
dados empíricos coletados permitem concluir que há predominância de abordagens focadas numa visão racional
e normativa da gestão de projetos. Porém, os mesmos dados coletados também indicam a presença de práticas de
abordagens adaptativas na gestão de projetos considerados estratégicos, sugerindo que não há abordagem “tamanho
único” na gestão de projetos dessas empresas.
Palavras-chave: Gestão de projetos. Abordagens gerenciais.
Abstract: The low success rate of projects in a scenario where they are increasingly important for the companies’
strategies raises questions about the effectiveness of project management approaches. A literature review on
this topic suggests that there is a predominant approach to project management, which makes use of planning
and control tools and techniques to encourage a rational and normative perspective to project management.
As a counterpoint to this predominant traditional approach, the adaptive approach has emerged arguing that
the management of each project should be adapted to its specificities. In this context, this paper presents the
result of a preliminary exploratory study about project management approaches on six companies in Brazil.
The empirical data collected allow concluding that the approaches focused on a rational and normative view
of project management are predominant. On the other hand, the data also indicated the presence of adaptive
approach practices in the management of strategic projects suggesting that there is no “one size fits all” approach
to manage projects in the companies studied.
Keywords: Project management. Management approaches.
1 Introdução
No ambiente competitivo dos negócios, os projetos Apesar da importância cada vez maior dos projetos
têm papel importante na gestão estratégica das nas organizações, a maioria dos projetos não cumpre
organizações. Os projetos são os vetores das mudanças, suas metas. Entregar projetos que atendam às metas
da implementação das estratégias e das inovações de prazo, custo e especificações planejadas e que
que trazem vantagens competitivas para as empresas. também atendam aos objetivos de negócio que o
Cleland (1994) já dizia que nenhuma organização justificaram é ainda um desafio a ser superado nas
pode escapar do ritmo incansável das mudanças empresas. Pesquisas indicam que somente 28% dos
geradas por tecnologias de produto e processo que projetos de tecnologia da informação têm sucesso,
mudam rapidamente, por ciclos de vida de serviços que projetos de construção e reforma têm atrasos
e produtos cada vez mais curtos e por tecnologias médios de 103% e que somente um em quatro
da informação em constante evolução. produtos desenvolvidos se torna um sucesso comercial
1
Departamento de Engenharia de Produção, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – USP,
E-mails: luiz.marques@alumni.duke.edu; plonski2@usp.br
Recebido em 27/5/2009 — Aceito em 22/4/2010
Suporte financeiro: Nenhum.
2 Marques Junior et al. Gest. Prod., São Carlos, v. 18, n. 1, p. 1-12, 2011
(CHAOS REPORT, 1995; MARQUES JUNIOR., e o desempenho dos projetos dentro do ambiente
2000; SHENHAR; DVIR, 2007). organizacional. A seguir são apresentados os aspectos
Neste cenário de baixas taxas de sucesso nos que caracterizam a abordagem tradicional de gestão de
projetos, é natural que a abordagem predominante projetos. As abordagens adaptativas ou contingenciais
de gestão de projetos seja questionada. Na revisão são discutidas a seguir. Ao final do tópico é apresentado
da literatura, identificou-se que esta abordagem o modelo teórico utilizado para a pesquisa objeto
predominante, também chamada de abordagem deste trabalho.
tradicional, tem como foco o desenvolvimento de A metodologia utilizada foi uma pesquisa explora
técnicas e ferramentas de planejamento e controle tória com empresas que atuam no Brasil e tenham
que racionalizam e normatizam a gestão dos projetos. projetos complexos e incertos em seus portfólios.
No entanto, argumenta-se que o uso efetivo de tais Inicialmente é feita uma justificativa para o tipo de
técnicas e ferramentas pressupõem um cenário estável estudo adotado, seguido pelos critérios adotados para
e previsível e que tais condições não se verificam mais a seleção das unidades de análise e as limitações
no atual ambiente de negócios, caracterizado pela do estudo.
instabilidade e imprevisibilidade, em que os projetos No item de resultados, é apresentada a tabela dos
são influenciados pelas dinâmicas do ambiente, da resultados obtidos nas entrevistas e feita uma análise
tecnologia e dos mercados (WILLIAMS, 2005; comparativa dos resultados obtidos entre empresas
MAYLOR, 2001). utilizando o modelo teórico definido na revisão da
A contrapartida da abordagem tradicional é a bibliografia. Finalmente, na conclusão, é feita a relação
abordagem adaptativa. O argumento a favor desta dos resultados obtidos com os objetivos propostos
abordagem é que os projetos devem ser reconhecidos no estudo e são feitas recomendações.
como diferentes entre si e que a gestão de cada projeto
deve ser adaptada para contemplar essas diferenças 2 Fundamentos teóricos
em relação aos seus objetivos, tarefas e ambiente.
Com a alta demanda por crescimento e inovação,
A premissa é que a adoção de uma abordagem
os projetos passaram a ter importância cada vez
contingencial aumenta a chance de sucesso dos
maior nas organizações. De acordo com Shenhar
projetos nas organizações.
e Dvir (2007), a globalização dos mercados força
É evidente que as duas abordagens têm pontos a
as empresas a responderem demandas locais e a
favor e contra. A abordagem tradicional, racional e
competirem por baixo custo no mundo todo. Da
normativa, pode trazer padronização e simplificação.
mesma forma, as tecnologias da informação e da
Por outro lado, sua aplicação a qualquer tipo de projeto
Internet provocaram uma revolução de mudanças
é questionável, dadas as diferentes complexidades e
nas empresas que continuam em curso. Os projetos
incertezas de cada projeto no cenário atual de negócios.
são iniciativas únicas, como lançar novos produtos,
A abordagem adaptativa ou contingencial pode ser
novas organizações ou novos empreendimentos,
mais efetiva num cenário instável e imprevisível
ou ainda, melhorar produtos existentes e investir
como o atual, pois a estratégia de gestão de cada
projeto é adaptada às suas especificidades. Por outro na infraestrutura da empresa. Para Cleland (1994),
lado, o grande número de projetos nos portfólios das projetos são os elementos executores de mudanças
empresas pode tornar inviável utilizar uma solução nas organizações que permitem às organizações
para gestão de cada projeto. Além disso, a falta de sobreviver e crescer.
Apesar da importância cada vez maior dos projetos
padronização pode dificultar melhorias nos processos
nas organizações, a maioria dos projetos não cumpre
de gestão de projetos.
suas metas iniciais de prazo, custo, qualidade e
Portanto, considerou-se a premissa de que existe
negócios. Marques Junior (2000) aponta atrasos
uma abordagem predominante de gestão de projetos médios de 103% numa pesquisa com 398 projetos
que utiliza técnicas e ferramentas de planejamento e de construção no setor público. Pesquisa da KPMG’s
controle com propósito de racionalizar e normatizar International 2002-2003 mostra que 61% dos projetos
a gestão de projetos. Este trabalho procurou verificar de TI fracassaram em uma amostra de 176 empresas
se esta premissa se confirma em seis empresas que públicas e privadas do Canadá. O Chaos Report
atuam no Brasil e gerenciam projetos complexos e (1995) aponta que 31,1% dos projetos de tecnologia
incertos. da informação foram cancelados antes de terminarem.
A estruturação do trabalho ficou dividida em Outro número do mesmo relatório mostra que 52,7%
introdução, fundamentos teóricos, metodologia, dos projetos tiveram aumento médio de 189% nos
resultados e conclusões. Na revisão bibliográfica que custos. Shenhar e Dvir (2007) pesquisaram 600
representa o fundamento teórico deste trabalho foi projetos nos setores privado, governamental e terceiro
feita inicialmente uma discussão sobre a importância setor em vários países e constataram que 85% dos
Gestão de projetos em empresas no Brasil: abordagem “tamanho único”? 3
projetos não cumpriram o prazo e orçamento originais, do gerente de projeto e de sua equipe devem ser
com atraso médio de 70% e aumento médio de 60% dirigidos para o uso eficiente de recursos e técnicas
no orçamento. de planejamento e controle (PACKENDORFF, 1995).
As causas apontadas para o não cumprimento das O posicionamento positivista da abordagem
metas dos projetos são diversas. Marques Junior (2000) tradicional pressupõe que a realidade existe e pode
aponta os fatores ligados ao planejamento como a ser observada, permitindo assim definir uma referência
causa mais frequente dos problemas em projetos de de melhores práticas. Segundo Smyth e Morris
construção na área pública. Hartman e Ashrafi (2002) (2007), em pesquisa feita em artigos publicados
definem causas críticas: falta de definição do que seja no ano de 2005 no International Journal of Project
sucesso, falta de apoio da alta administração, falta Management, o positivismo tem sido dominante nas
de métricas para controle e falta de alinhamento dos pesquisas sobre gestão de projetos. O positivismo
interessados com critérios de sucesso. Na pesquisa busca a generalização para estabelecer princípios
KPMG’s International 2002-2003, as causas são ou leis que regem um fenômeno.
o planejamento deficiente, a falta de alinhamento Na década de 1990, o surgimento e disseminação
com o negócio e a falta de envolvimento da alta dos documentos de orientação de boas práticas,
administração. Black (1996), em pesquisa com 70 conhecidos como Bodies of Knowledge-BoKs em
engenheiros, aponta a falta de definição no início do gestão de projetos, contribuiram para renovar o
projeto como a causa principal de atrasos e estouros foco no planejamento e controle dos projetos e
de orçamento. Em projetos de web design, Fichter para reforçar a visão normativa e prescritiva da
(2003) relaciona as principais causas de problemas: gestão de projetos, caracterizada pela premissa
falta de envolvimento do usuário, falta de apoio dos implícita de que basta seguir as melhores práticas
executivos da empresa, falta de definição clara dos que os projetos terão sucesso (PACKENDORFF,
requisitos e planejamento deficiente. 1995; WILLIAMS, 2005). Segundo o guia para o
Historicamente, o combate às causas de insucessos Project Management Body of Knowledge – PMBoK
dos projetos tem foco no desenvolvimento e (PROJECT..., 2004), o sistema de gestão de projetos
aperfeiçoamento de ferramentas e técnicas é formado por processos associados a nove áreas de
de planejamento e controle (MORRIS, 1994; conhecimento que o gerente de projetos deve dominar
PACKENDORFF, 1995; THOMITOCLEOS; para, em conjunto com aspectos comportamentais
WEARNE, 2000; THOMAS, 2000; KLOPPENBORG; (liderança, comunicação interpessoal, gestão de
OPFER, 2002; LEYBOURNE, 2007). Este foco conflitos, etc.), atender às metas do projeto. Os grupos
levou a uma visão predominantemente positivista, de processos são: iniciação, planejamento, execução,
tecnocentrada e racional da gestão de projetos, com controle e encerramento. As áreas de conhecimento
predomínio de teorias normativas. A premissa assumida são: gestão da integração, gestão do escopo, gestão
nestas teorias é que basta aplicar corretamente um do tempo, gestão dos recursos humanos, gestão de
conjunto padronizado de procedimentos, técnicas e custos, gestão das aquisições, gestão da qualidade,
ferramentas para se ter sucesso nos projetos. gestão do risco, gestão da comunicação. O PMBoK
Segundo Packendorff (1995), esta premissa pode (2004) é normativo e positivista, pois pretende servir de
ser observada em casos relatados na literatura. A referência de melhores práticas na gestão de projetos.
maioria deles é de exemplos de sucesso, que mostram A abordagem tradicional pode ser observada na
os benefícios de se usar técnicas e ferramentas de descrição que Cleland (1994) sugere para os passos
planejamento e controle. Os exemplos de fracassos são de uma programação de projetos:
imputados ao uso incorreto ou ao não uso das técnicas • Definir os objetivos, metas e estratégias gerais
e ferramentas de planejamento e controle. Ainda
do projeto.
segundo Packendorff (1995), a predominância da
abordagem tradicional teve impulso com o surgimento • Desenvolver a Work Breakdown Structure – WBS.
dos softwares no início da década de 1980 e o seu • Sequenciar os pacotes de trabalho e atividades.
crescente desenvolvimento, com preços acessíveis e • Estimar os elementos de tempo e custo.
sofisticação, que permitiram aos praticantes da gestão • Revisar a programação máster em face das
de projetos aplicar as técnicas de planejamento numa restrições de tempo do projeto.
ampla escala de projetos. • Reconciliar a programação com as restrições
Na abordagem tradicional de gestão de projetos, de recursos organizacionais.
os processos de planejamento, organização, • Revisar a consistência da programação em
direcionamento e controle da equipe são definidos para
relação aos objetivos de custo e de desempenho
atender a metas e objetivos estabelecidos (CLELAND,
1994). A premissa fundamental é que um projeto técnico do projeto.
tem uma tarefa definida e que, portanto, os esforços • Aprovar a programação junto à gerência sênior.
4 Marques Junior et al. Gest. Prod., São Carlos, v. 18, n. 1, p. 1-12, 2011
De maneira similar, Shenhar e Dvir (2007) mais apropriado de técnicas e ferramentas de gestão
descrevem a abordagem tradicional ou convencional de projetos (PINTO; SLEVIN, 1988).
de gestão de projetos nos seguintes passos: o processo Os estudos sobre abordagens adaptativas de gestão
é iniciado com a criação de uma declaração de escopo, de projetos focam as diferenciações e classificações de
que define o trabalho que precisa ser feito, com os projetos, as práticas adaptativas aos diferentes tipos de
principais produtos/serviços a serem entregues. Este projetos e aos critérios de sucesso (PINTO; SLEVIN,
escopo é então decomposto em pacotes de trabalho, 1988; MORRIS, 1994; PACKENDORFF, 1995;
organizados hierarquicamente numa estrutura analítica ATKINSON, 1999; PICH; LOCH; MEYER,2002;
de projeto – EAP. Com a EAP é construída a estrutura MILLS et al., 2002; JAAFARI, 2003; WESTERVELD,
organizacional do projeto. A partir daí é montada a 2003; SHENHAR; DVIR, 2007; DONK; MOLLOY,
rede de atividades do projeto, sobre a qual são alocados 2008).
os recursos necessários, finalizando com a montagem A abordagem adaptativa sugerida por Shenhar e
do cronograma do projeto. Outros elementos do Dvir (2007) para gestão de projetos nas organizações
plano do projeto são então agregados. O objetivo apresenta um modelo flexível e adaptativo direcionado
do controle dos projetos é garantir a realização do para o sucesso. Os projetos passam de um conjunto
projeto dentro do prazo, dentro do orçamento, e de de atividades a serem entregues no prazo e no custo
acordo com as especificações. para processos relacionados a negócios que devem
As críticas à abordagem tradicional de gestão entregar resultados de negócio. A intenção do modelo
de projetos são concentradas em sua inadequação é disciplinar a análise de benefícios e riscos esperados
para gestão de projetos complexos e incertos nas de um projeto e desenvolver um conjunto de regras e
organizações. Pesquisas têm indicado a inconsistência comportamentos para cada tipo de projeto. Segundo
das premissas de racionalidade das abordagens Shenhar e Dvir (2007), o modelo proposto pode ajudar
tradicionais: os planos de projeto não são estáveis; a atacar a causa raiz dos fracassos dos projetos. O
os procedimentos de planejamento servem mais para resultado de pesquisas realizadas por eles em cerca
legitimar o projeto do que para guiá-lo; ferramentas de 600 projetos foi que os executivos e equipes de
sofisticadas de planejamento raramente são usadas; projetos falham na avaliação inicial das incertezas
planos precisos nem sempre são as ferramentas e complexidades dos projetos e/ou comunicação
gerenciais mais úteis (PACKENDORFF, 1995; dos resultados dessas análises e falham também na
KREINER, 1995; MAYLOR, 2001; MILLS et al., adaptação dos estilos gerenciais à situação específica
2002; MIDLER, 2002; MURIITHI; CRAWFORD, de cada projeto.
2003; JAAFARI, 2003; WILLIAMS, 2005; CICMIL, Shenhar e Dvir (2007) sugerem classificar cada
2006; HALLGREEN; MAANINEN-OLSSON, 2005; projeto conforme seu posicionamento em quatro
LEYBOURNE, 2007; SHENHAR; DVIR, 2007; dimensões: inovação, tecnologia, complexidade e
HARTMAN, 2008). ritmo.
Estas críticas desencadearam a busca de novas • Inovação: representa a incerteza da meta do
abordagens para adaptar a gestão às condições projeto e/ou a incerteza no mercado.
de incerteza e complexidade associadas às metas, • Tecnologia: representa a incerteza tecnológica.
atividades e ao ambiente no qual os projetos estão
• Complexidade: mede a complexidade do produto,
inseridos. Um projeto está submetido a influências
desconhecidas que podem surgir da ambiguidade e tarefa, e organização.
da complexidade do projeto. Ambiguidade se refere • Ritmo: representa a urgência do projeto.
à falta de consciência da equipe do projeto sobre Cada uma dessas dimensões é dividida em
certos eventos ou seus efeitos. Complexidade se graduações. A dimensão inovação é dividida em
refere à dificuldade de avaliar o efeito de uma ação derivativo, plataforma e ruptura. A dimensão da
específica no projeto devido à interação de diferentes incerteza da tecnologia a ser empregada no projeto é
ações com parâmetros de eventos (PICH; LOCH; dividida em baixa, média, alta e superalta tecnologia.
MEYER, 2002). A dimensão complexidade é dividida em montagem,
A ambiguidade e a complexidade dos projetos sistema e grande sistema. Por fim, a dimensão ritmo
trazem implicações para a gestão de projetos, por é dividida em regular, competitivo, crítico e blitz.
exemplo, a necessidade de ciclos de iterações entre O modelo teórico adotado na pesquisa está baseado
projeto de produto e testes no desenvolvimento de fundamentalmente no trabalho de Shenhar e Dvir
novos produtos. Tais iterações são muito importantes (2007), que consolida cerca de 15 anos de pesquisa
em ambientes que exigem tempos curtos de sobre gestão adaptativa de projetos. O modelo teórico
lançamento do produto no mercado (EISENHARDT; utilizado neste trabalho é apresentado na Tabela 1
TABRIZI, 1995). Portanto, como os projetos não e considera tópicos de gestão de projetos divididos
são fundamentalmente iguais, existe a necessidade conforme o ciclo de vida de um projeto: fase de
de identificar características importantes para uso definição, fase de planejamento, fase de execução e
Gestão de projetos em empresas no Brasil: abordagem “tamanho único”? 5
fase de encerramento. Dentro destas fases do ciclo Para selecionar as empresas estudadas, foram
de vida são destacados os tópicos relacionados à utilizados os seguintes critérios:
abordagem adaptativa em itálico negrito. • Empresas que estejam gerenciando ou tenham
gerenciado recentemente projetos com pelo
3 Metodologia menos duas das seguintes características:
Neste estudo foi utilizada a pesquisa exploratória, – Escopo amplo (abrangência, quantidade de
uma vez que o objetivo da pesquisa é verificar a interfaces);
premissa de que a abordagem tradicional de gestão de – Uso de tecnologia pouco conhecida;
projetos é predominante. Para tanto foram analisadas – Produto gerado pelo projeto seja inovador
as práticas de gestão de projetos de seis empresas que para o consumidor (interno ou externo); e
atuam no Brasil para identificar a aderência das práticas – Tempo disponível para implantação seja
à abordagem tradicional e adaptativa, conforme crítico.
definida no modelo teórico apresentado na Tabela 1.
Segundo Gil (2002), as pesquisas exploratórias são • Facilidade de acesso do pesquisador
desenvolvidas com o objetivo de apresentar uma visão Na pesquisa foram utilizados os seguintes instru
geral acerca de um determinado fato, sem a pretensão mentos de coleta de dados: entrevista semiestruturada,
de generalizá-lo, nem tampouco esgotar o assunto. observação direta e pesquisa em arquivos. As entrevistas
Outra característica da pesquisa exploratória é foram concedidas por profissionais das empresas
constituir-se, muitas vezes, de uma primeira etapa selecionadas que tiveram envolvimento na gestão de
de investigação mais ampla em que o tema escolhido projetos complexos e incertos.
é amplo, tornando-se necessário delimitá-lo para Para os procedimentos de campo de uma pesquisa,
que seu produto final passe a ser um problema mais Yin (2005) recomenda que o pesquisador atente
claro, no qual, posteriormente, poderão ser realizados para os seguintes pontos quanto aos procedimentos:
estudos mediante a utilização de procedimentos mais obter acesso a organizações ou entrevistados-chave;
sistematizados. possuir recursos suficientes enquanto estiver no
campo; desenvolver um procedimento para pedir
Neste caso, o estudo apresentado constituiu-se de
ajuda e orientação; estabelecer uma agenda clara
um estudo preliminar sobre abordagens tradicional
das atividades de coleta de dados; preparar-se para
e adaptativa de gestão de projetos, tendo como fator
mudanças inesperadas.
motivador a falta de conhecimento sobre a aderência
A pesquisa que foi feita identificou as empresas
das práticas de gestão de projetos das empresas em
potenciais e as pessoas de contato para a realização
relação às duas abordagens de gestão de projetos do estudo exploratório. Os recursos para a coleta dos
identificadas na literatura. dados foram um bloco de notas e um gravador de voz
Para realizar o levantamento dos dados necessários, para registro das entrevistas. As ajudas e orientações
foi realizado um estudo de campo que, de acordo vieram de conversas com outros professores e colegas.
com Gil (2002), é recomendado para analisar a A coleta de dados foi feita nos meses de outubro,
interação dos componentes de um grupo especifico. novembro e dezembro de 2008. As entrevistas tiveram
O grupo específico é constituído por empresas de duração de 45 minutos até uma hora e meia. Dois
porte médio ou grande que atuam no Brasil e têm terços das entrevistas foram gravados e transcritos
projetos complexos e incertos em seus portfólios. Foi ipsis verbis para posterior análise dos dados.
formulado um roteiro para as entrevistas conduzidas Além das entrevistas, nesta pesquisa, foi utilizada
junto a pessoas dos quadros gerenciais e de supervisão a pesquisa em arquivos para obtenção de dados
de seis empresas que atenderam os critérios de seleção secundários. Esta pesquisa foi feita em web sites
da pesquisa. A Tabela 2 apresenta a lista dos setores das empresas, em publicações sobre as empresas em
econômicos de cada uma das empresas. revistas não acadêmicas e em documentos internos
Tabela 2. Setores econômicos das empresas pesquisadas. Fonte: Elaborado pelos autores.
Empresa Setor Quantidade de entrevistas
1 Bens de consumo 2
2 Siderurgia 1
3 Financeiro 3
4 Mineração 1
5 Bens de consumo 2
6 Agrícola 3
Gestão de projetos em empresas no Brasil: abordagem “tamanho único”? 7
das empresas que foram disponibilizados para o observou-se que os projetos estratégicos seguem uma
pesquisador. Numa etapa anterior às entrevistas metodologia formal de gestão, baseada no PMBoK
foi realizada uma análise de conteúdo das fontes (PROJECT..., 2004), com apoio de escritórios de
secundárias disponíveis, buscando informações que projeto. Os projetos não estratégicos não têm uma
ajudassem na elaboração dos casos. Por exemplo, metodologia padrão e não são monitorados pelos
foram analisados os relatórios de relacionamento escritórios de projeto. No entanto, entre os projetos
com investidores para tentar identificar projetos estratégicos não há diferenciação de aplicação da
com as características de complexidade e incerteza metodologia. O roteiro é o mesmo para todos os
descritas anteriormente. projetos estratégicos. A predominância do uso
Essa pesquisa tem limitantes decorrentes do de estruturas de quebra do escopo (WBS – Work
método de pesquisa utilizado. Primeiro, os resultados Breakdown Structure), de planos de comunicação
e conclusões dessa pesquisa mostram apenas a e organização, de programações e orçamentos
aderência ou não aderência das práticas de gestão detalhados reforça a constatação da existência de uma
de projetos das empresas da amostra à abordagem metodologia comum a todos os projetos estratégicos.
tradicional e adaptativa, não sendo possível generalizar Vale ressaltar que a empresa 3 e a empresa 6 não
os resultados para todas as empresas que atuam no tem uma metodologia padrão para condução de seus
Brasil, ou mesmo para outras empresas dos setores projetos estratégicos.
econômicos estudados. Segundo limitante é a escolha Ainda no planejamento, nos quesitos de gestão
arbitrária do referencial teórico da pesquisa, baseado dos requisitos e de plano de construção do produto,
na abordagem de gestão adaptativa de Shenhar e Dvir
observou-se que as empresas utilizam estratégias de
(2007). Evidentemente, outros modelos de gestão
minimização das incertezas nos projetos estratégicos.
adaptativa poderiam ser usados. Demais limitantes
Predomina entre as empresas a utilização de pilotos
dessa pesquisa foram: a escolha da amostra de
de escala reduzida, pesquisas de mercado e grupos
empresas, com critérios pré-estabelecidos, mas dentro
da conveniência do pesquisador; e a entrevista única foco para entender melhor os requisitos iniciais do
em duas das seis empresas estudadas. projeto estratégico. Predominaram também análises
No entanto, apesar dos limitantes da pesquisa, de incertezas técnicas na construção dos produtos,
os resultados obtidos podem constituir-se em fortes serviços ou resultados do projeto. No entanto, não
indícios para elaboração de futuras pesquisas ou foi percebida a existência de análises formais para
aprofundamentos deste estudo. definir a intensidade de uso destas estratégias entre os
projetos estratégicos. No quesito de gestão de riscos,
observou-se a predominância de análises de risco
4 Resultados
formais entre as empresas estudadas em seus projetos
Os resultados obtidos nas entrevistas nas seis estratégicos. Lembrando novamente que, por não haver
empresas estão apresentados nas Tabelas 3 e 4. Na diferenciação formal entre os projetos estratégicos,
análise dos resultados, foram observadas diferenças e a análise de riscos não é diretamente influenciada
similaridades nas práticas de gestão de projetos, sob pelas diferentes complexidades e incertezas dos
a ótica do referencial teórico baseado em Shenhar
projetos estratégicos.
e Dvir (2007). Na definição do projeto, pode-se
Na execução dos projetos, percebe-se uma divisão
verificar que predomina a formalidade para início
de práticas. Nos quesitos de requisitos do produto e
dos projetos pelos documentos iniciais do projeto.
construção do produto, observou-se a divisão entre
Porém, a diferenciação dos projetos é limitada a
uma classificação entre estratégico e não estratégico. empresas que levam em conta o contingenciamento
Dentro da classificação de projeto estratégico, não foi necessário para eventuais ajustes e correções nos
observada uma diferenciação para posicionamento produtos, serviços ou resultados dos projetos
destes projetos quanto à complexidade e à incerteza estratégicos. Nos requisitos do produto, metade das
envolvida. Na empresa 4, apesar dos projetos serem empresas leva em conta tempos de contingenciamento
classificados em várias dimensões, a diferenciação para eventuais mudanças. Na construção do produto,
de complexidade e incerteza entre os projetos não apenas uma empresa atribui contingenciamentos para
é clara. Ainda na definição do projeto, pode-se mais de um ciclo de design e testes para eventuais
verificar que os projetos são avaliados por critérios correções e ajustes. Ainda na execução de projetos,
multidimensionais. Além do atendimento do prazo, percebeu-se que há preocupação predominante em
custo e especificações, os projetos são avaliados em definir intervalos de controle dos projetos e em
critérios operacionais, de segurança, meio ambiente ter um controle formal de mudanças. Lembrando
e critérios de impacto no negócio. novamente que, por não diferenciar seus projetos
No planejamento, foram constatadas estratégias estratégicos, a intensidade dos contingenciamentos,
predominantes entre as empresas estudadas. No a frequência de controle e o rigor do controle de
quesito de impacto do tipo de projeto na gestão, mudanças são, a princípio, uniformes para qualquer
8 Marques Junior et al. Gest. Prod., São Carlos, v. 18, n. 1, p. 1-12, 2011
projeto estratégico, estando sujeitas à variação por tipo de projeto e a consequente adaptação do estilo
decisão direta do gestor. gerencial antes de iniciar o projeto.
No encerramento dos projetos, as empresas Uma implicação desta constatação é que as
estudadas têm práticas similares. Como a maioria empresas perdem a oportunidade de estabelecer
segue uma metodologia baseada no PMBoK uma gestão de projetos mais efetiva em seus projetos
(PROJECT..., 2004), observou-se a presença de estratégicos. Ao criar diferenciações entre os projetos
relatórios finais de fechamento e avaliação dos estratégicos, as empresas poderiam entender melhor a
projetos. complexidade e incerteza envolvida em cada projeto
e assim identificar riscos importantes dos projetos
5 Conclusões e recomendações logo no início do ciclo de vida. Ao entender melhor
os riscos iniciais, executivos e gerentes de projeto
A análise dos resultados do estudo preliminar
teriam melhores condições de definir estratégias de
com as seis empresas traz dois indícios em relação
implantação que minimizassem ou evitassem riscos.
à verificação da premissa de predominância da
Outra implicação para utilização limitada da
abordagem tradicional de gestão de projetos: um
abordagem adaptativa em projetos estratégicos pode
deles confirmatório e o outro contraditório.
ser a falta de um referencial teórico consistente. As
O indício confirmatório foi a predominância da
práticas tradicionais têm o referencial do PMBoK
abordagem tradicional, baseada no racionalismo e na
(PROJECT..., 2004), predominantemente utilizado
normatização, de acordo com as visões da abordagem
pelas empresas estudadas, mas as práticas adaptativas
tradicional de gestão de projetos sugeridas por Cleland
ainda não têm um pilar referencial predominante.
(1994), Williams (2005) e Shenhar e Dvir (2007).
Neste sentido, Shenhar e Dvir (2007) apresentaram
A evidência mais contundente da predominância
um modelo de gestão adaptativa para projetos, mas
da abordagem tradicional nas práticas de gestão
ainda não há evidências empíricas sobre a efetividade
de projetos nas seis empresas foi a utilização do
da sua utilização.
referencial do PMBoK (PROJECT..., 2004) na
construção das metodologias de gestão dos projetos
nas empresas estudadas. Referências
O indício contraditório foi a verificação da utilização ATKINSON, R. Project management: cost, time and
de práticas contidas na abordagem adaptativa, apesar quality, two best guesses and a phenomenon, it is time
da predominância da abordagem tradicional. Uma to accept other success criteria. International Journal
destas práticas é definição de estratégias diferenciadas of Project Management, v. 17, n. 6, 1999.
de gestão entre projetos estratégicos e não estratégicos. BLACK, K. Causes of project failure: a survey of
professional engineers. PM Network, p. 21-24, 1996.
Os projetos estratégicos têm metodologias próprias
CHAOS REPORT. The Standish Group Report, 1995.
e são acompanhados pelos escritórios de projeto
Disponível em http://www.scs.carleton.ca/~beau/PM/
(Project Management Office – PMO). Outra prática é Standish-Report.html.
a utilização de critérios de sucesso multidimensionais CICMIL, S. Understanding project management practice
para os projetos estratégicos. Isto mostra que as through interpretative and critical research perspectives.
empresas se preocupam em definir o sucesso de seus Project Management Journal, v. 37, n. 2, 2006.
projetos de maneira mais ampla, além do tradicional CLELAND, d. i. Project management: strategic design
triângulo de ferro: prazo, custo e qualidade. Outra and implementation. 2. ed. McGraw-Hill, 1994.
prática observada é a utilização de estratégias DONK, D. P. VAN; MOLLOY, E. From organising as
diferenciadas de gestão de requisitos e construção projects to projects as organizations. International
do produto nos projetos estratégicos. Isto mostra Journal of Project Management, v. 26, p. 129-137,
que as empresas, de alguma maneira, consideram 2008.
as incertezas na definição de requisitos de projetos EISENHARDT, K. M.; TABRIZI, B. N. Accelerating
com maior carga de inovação. adaptive processes: product innovation in the global
No entanto os indícios de utilização da abordagem computer industry. Administrative Science Quarterly,
v. 40, p. 84-110, 1995.
adaptativa são limitados. Entre os projetos conside
FICHTER, D. Why web projects fail. Online, 2003.
rados estratégicos pelas empresas estudadas, não
Disponível em: <http://www.allbusiness.com/science-
há diferenciação formal quanto à complexidade e
technology/standards-measurements/10606809-1.html>.
incerteza. Por não haver diferenciação, a abordagem Acesso em: 05 maio 2008.
de gestão de todos os projetos estratégicos se baseia GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo:
numa metodologia uniforme, única para todos eles. Atlas, 2002.
Shenhar (2001) havia chegado à conclusão similar em HALLGREEN, M.; MAANINEN-OLSSON, E. Deviations,
estudo com empresas ao constatar que, implicitamente, ambiguity and uncertainty in a project-intensive
as empresas utilizam estratégias diferentes para organization. Project Management Journal, v. 36,
diferentes projetos, mas não há uma identificação do n. 3, p. 17-26, 2005.
Gestão de projetos em empresas no Brasil: abordagem “tamanho único”? 11
HARTMAN, F. Preparing the mind for dynamic development projects. International Journal of Project
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Gestão do Conhecimento Corporativo: Um Fator de
Competitividade para as Organizações
Msc. Mônica Da Pieve Antunes
RESUMO
O conhecimento adquirido ao longo dos tempos levou o homem a deixar de ser nômade,
evoluindo processos relacionados à agricultura e pecuária e, com isso, descobriu que poderia
cultivar seus alimentos e domesticar os animais, não precisando mudar de um lugar para outro
para garantir sua sobrevivência. Porém, naquela época, não foi possível documentar o
conhecimento que haviam adquirido e a tecnologia que desenvolveram. Graças ao
conhecimento adquirido pelo homem ao longo dos tempos, temos avançadas tecnologias que
nos proporcionam melhor qualidade de vida e de trabalho. A sociedade contemporânea está se
caracterizando pela velocidade que as mudanças estão ocorrendo no ambiente, ocasionadas
pela globalização e pelo fácil acesso a informação, o que vem gerando constantemente novos
conhecimentos. As organizações dessa nova sociedade devem estar preparadas para essas
constantes mudanças, para que assim se mantenham competitivas e possam se perpetuar no
mercado. À respeito disto, a gestão do conhecimento ganhou notoriedade nas discussões
acadêmicas e organizacionais devido à relevância do assunto como forma de transformá-lo em
fatores competitivos. Desta forma, o presente artigo pretende apresentar e discutir as teorias e
ferramentas pertinentes à criação, disseminação e utilização dos inúmeros conhecimentos
gerados pelas pessoas nas organizações. Este estudo justifica-se pela temática contemporânea
e ainda em fase de desenvolvimento e da importância do referido no cenário globalizado e
competitivo. A metodologia utilizada foi de caráter bibliográfico e as perspectivas geradas pela
discussão giram em torno das ferramentas existentes para a criação e disseminação do
conhecimento organizacional como a universidade corporativa ou a simples adoção de
reuniões expositivas para a geração de idéias voltadas ao cenário das organizações. Além
destas, as organizações podem utilizar sistemas complexos de informação, redes sociais
relacionadas à práticas e educação corporativa continuada. As organizações já se deram conta
que a Gestão do Conhecimento Corporativo não pode ser vista como modismo gerencial, pois o
conhecimento corporativo deve ser tratado como um bem valioso para a perpetuidade das
organizações.
1. INTRODUÇÃO
1
Como o conhecimento pode ser gerado pelas pessoas, as organizações estão
buscando propiciar aos colaboradores novas formas de crescimento profissional e
pessoal, para que assim possam atrair desenvolver e reter o capital intelectual que
agregue valor a organização. Com isso, há o surgimento de novas idéias e soluções,
conseqüentemente aumentando o grau de competitividade organizacional. No entanto, o
grande desafio para as empresas é disseminar e oficializar esse conhecimento, de
maneira que o mesmo não fique retido com um colaborador ou com um setor específico.
A competitividade organizacional, por sua vez, pode ser determinada pelo
conhecimento que as empresas conseguem gerar e difundir. Porém, para se mantê-la,
neste cenário globalizado, o mercado vem exigindo das organizações a renovação de
seus conhecimentos, o que provém de um gerenciamento inteligente do conhecimento
gerado. Dessa forma, o presente artigo objetiva trazer à discussão as teorias, assim
como as diferentes formas para a criação e disseminação do conhecimento gerado pelas
organizações a fim de torná-lo um fator competitivo.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2
por uma série de elementos distintos, como crenças, histórias, mitos, heróis,
tabus, normas e rituais. Dessa forma, estabelece a idéia de que a cultura pode
ser manipulada e controlada por meio da ação sobre essas variáveis.
(ANGELONI, 2003, p.30)
3
(2005, p.158).
4
aceitação. Em vez de antever diferentemente de construir a visão de uma
situação qualquer sozinho, o líder deve procurar compartilhar sua visão
com os demais e criar tal visão junto com eles.
Aprendizagem em equipe: Começa pelo diálogo que representa a
capacidade dos membros de deixarem de lado idéias pré- concebidas e
participarem de um “pensar em conjunto”.
Pensamento sistêmico: É a quinta disciplina, a que integra as outras,
fundindo-as em um corpo coerente de teoria e prática.
Tais disciplinas tornam-se essenciais no processo de aprendizado organizacional
e deve ser amplamente difundido no meio organizacional. Segundo Angeloni (2003), as
organizações que aprendem, constroem, mantêm, melhoram e organizam o
conhecimento e a rotina em torno de suas atividades e culturas, a fim de utilizar as
aptidões e habilidades da sua força de trabalho de modo cada vez mais eficiente.
5
O conhecimento é sustentado por regras: Com o passar do tempo,
criamos em nosso cérebro inúmeros padrões que agem como regras
inconscientes de procedimento para lidar com todo tipo de situação
concebível. ...O conhecimento das regras funciona também como um
conhecimento tácito, isto é, como um tipo de ferramenta. Uma regra é padrão
para a correção. Além do mais, as regras agem como filtros para novos
conhecimentos... A maior dificuldade não está em persuadir as pessoas a
aceitar coisas novas, mas em persuadi-las a abandonar as antigas. (...)
O conhecimento está em constante mutação: O conhecimento não é
estático, mas é continuamente construído e reconstruído na mente das
pessoas. (CHIAVENATO, 2005.p.150,151)
6
compartilhar o conhecimento tácito é elevado porque ele repousa na
comunicação direta face a face. Além disso, sua transferência é pouco
eficiente. (CHIAVENATO, 2005, p.152)
de
Conhecimento
Explícito Internalização Combinação
7
de algumas formas de aprendizado, objetivando a transferência anterior de
ambas as partes, permitindo, assim, associações por meio de contextos
específicos. [...] externalização, processo que relaciona o conhecimento tácito
com conceitos explícitos na forma de metáforas, analogias, conceitos,
hipóteses ou modelos. Os processos de aprendizagem que permeiam a
externalização estão relacionados com a base do conhecimento dos
indivíduos [...] A combinação é um modo de conversão de conhecimento que
envolve a junção de conjuntos diferentes de conhecimentos já explicitados.
Os indivíduos utilizam meios como documentos, telefones, redes de
computadores, conversas e reuniões para combinar conhecimentos
diferentes.[...] A internalização é o processo de incorporação do
conhecimento explícito ao tácito, sendo a aprendizagem uma forma de
efetuar essa conversão. É nessa forma de conversão que a aprendizagem mais
se destaca. Para que as experiências por meio da socialização, externalização
e combinação tornam-se ativos valiosos, elas devem ser internalizadas nas
bases do conhecimento tácito dos indivíduos sob a forma de modelos mentais
ou know-how técnico compartilhado. (ANGELONI, 2003, p.89,90)
3. METODOLOGIA
8
divulgá-las, para refutá-las ou para estabelecê-las; é toda a literatura originária de
determinada fonte ou a respeito de determinado assunto. (RUIZ, 1996, p.58). Diehl
(2004, p. 44) destaca que as vantagens da pesquisa bibliográfica se referem ao fato de
que os documentos constituem fonte rica e estável de dados e de que não exige contato
com os sujeitos da pesquisa. Pode-se considerar que a pesquisa bibliográfica é utilizada
quando se pretende adquirir conhecimentos a partir do emprego predominante de
informações oriundas de diversos materiais e fontes. Desta forma, no presente trabalho
foram utilizadas fontes bibliográficas relacionadas à temática com o intuito de refletir
acerca dos conceitos e da aplicabilidade dos mesmos no contexto organizacional.
As variáveis da pesquisa se limitam ao processo de criação e disseminação do
conhecimento, à gestão deste recurso através das ferramentas citadas pelos autores e às
vantagens competitivas proporcionadas às organizações por meio do conhecimento
gerado por seus colaboradores.
[...] a Gestão do conhecimento já não pode mais ser vista como modismo
gerencial, e, sim, como uma evolução gerencial pela qual as organizações
9
deverão passar como requisito para alcançar estágios avançados de
competitividade e da sua própria sustentabilidade. (PEREIRA, 2006, p.06)
10
muito curto, exigindo das empresas estejam sempre conectadas, para tomarem decisões
acertadas.
11
Fusão: cria-se com o propósito de gerar um ambiente complexo, onde
se espera o surgimento de uma nova sinergia entre pessoas de diferentes
perspectivas a fim de chegar a um objetivo comum;
Recursos dedicados: a finalidade de gerar conhecimento é a formação
de grupos específicos de trabalho, orientados para um único projeto, que será
difundido para a empresa após sua conclusão;
Rede de conhecimentos: o conhecimento gerado de forma não
estruturada ou pelas redes informais, também é de suma importância para a
empresa, dessa maneira, a presença dos facilitadores do conhecimento se faz
necessário para ser gradualmente gerado na organização (DAVENPORT E
PRUSAKM 1998, apud VANTI, 2007, p. 413)
12
concorrentes a ultrapassem no acirrado contexto. Inovação é sinônimo de algo novo e de
utilização da criatividade, pois significa criar algo que ainda não exista e que traga uma
vantagem para o seu criador. A inovação permite que as organizações obtenham novas
oportunidades e se mantenham competitivas no mercado. Desta maneira, buscar
inovação requer um grande portfólio de conhecimentos adquiridos pelas pessoas que
formam a cultura organizacional de empresa.
A inovação está ligada à mudança, pois ela busca criação de novas idéias,
criação de novos produtos e serviços e novos processos organizacionais que facilitem o
desenvolvimento da empresa. Este processo de criatividade leva à identificação de
possíveis vantagens para as organizações.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
13
pensamento sistêmico e da visão compartilhada.
O conhecimento pode ser convertido de diversas formas como a socialização e a
internalização, que permitem aos colaboradores o compartilhamento de experiências
vivenciadas e a incorporação e conseqüente aprendizagem, transformando tais aspectos
em ricos e potenciais meios de difusão e aplicabilidade dos conhecimentos gerados e
adquiridos. Neste contexto, o capital intelectual relativo aos colaboradores e à
organização é variável e intangível, já que não é possível dimensioná-lo e compará-lo
com demais recursos da organização. No entanto, para que haja uma correta
aplicabilidade dos conhecimentos gerados, as organizações deverão proporcionar
ferramentas e programas com o intuito de estimular a criação e a disseminação do
conhecimento gerado. As grandes corporações utilizam recursos como TV ou
universidade corporativa. No entanto, devido à escassez de recursos comuns às
pequenas e médias empresas, tais ferramentas tornam-se inviáveis, fazendo com que as
mesmas se utilizem de recursos modestos e acessíveis como encontros para troca de
idéias e aprimoramento, além de treinamentos específicos e palestras relacionadas aos
negócios da empresa.
De um modo geral, as organizações que detém poucos recursos direcionados às
ferramentas para criação e disseminação do conhecimento deve incentivar a formação e
aprendizado constantes à seus colaboradores, valorizando o desenvolvimento humano, a
aquisição de habilidades e a manutenção das competências profissionais.
Apesar da importância da Gestão do Conhecimento Corporativo para as
organizações modernas elas ainda enfrentam barreiras para sua implantação ligadas,
especialmente, à cultura organizacional e ao comportamento humano. Um dos desafios
para as empresas é a criação de um conjunto de indicadores para se medir os retornos e
benefícios da Gestão do Conhecimento.
Em linhas gerais a Gestão do Conhecimento Corporativo, desde que
adequadamente explorado, proporciona inúmeros benefícios às organizações. E em um
cenário global, onde as mudanças acontecem aceleradamente, e o capital intelectual é
considerado um dos principais fatores de produção das empresas modernas, a
competitividade torna-se a chave para a sobrevivência das empresas, e o conhecimento
corporativo é um fator determinante para aumentar o grau de competitividade das
organizações.
REFERÊNCIAS
CASSAPO, Felipe. Construção coletiva do Saber: Alavancando o valor por meio de redes dinâmicas
do conhecimento. Revista GC Brasil, nº 04, 2007.
14
CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento Organizacional: a dinâmica do sucesso das
organizações. 2º ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2005.
CRUZ, Tadeu. Sistemas, Organizações & métodos: estudo das novas tecnologias de informação - 3.
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DIEHL, Astor Antônio. Pesquisa em ciências sociais aplicadas: métodos e técnicas. São Paulo: Ed.
Prentice Hall, 2004.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar Projetos. 4. ed. São Paulo. Atlas, 2002.
MAXIMIANO, Antonio César Amaru. Introdução à administração. 6. ed. São Paulo, Atlas, 2004.
NAKAGAWA, Masayuki. ABC - Custeio Baseado em atividades. São Paulo, Atlas, 1994.
NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Gestão do conhecimento. São Paulo: Ed. Bookman, 2004.
QUEL, Luiz Felipe. Gestão de Conhecimentos. São Paulo: Ed. Saraiva, 2006.
15
PROCESSO DECISÓRIO: A TOMADA DE DECISÃO
BERTONCINI, Cristine ;
BRITO, Adriana;
LEME, Elisangela;
SILVA, Ismael;
Acadêmicos do curso de Administração da Faculdade de Ciências Jurídicas e Gerenciais (FAEG/ACEG)
SILVA,Thiago Ferreira da
Docente do curso de Administração da Faculdade de Ciências Jurídicas e Gerenciais (FAEG/ACEG)
O processo decisório está presente diariamente nas organizações, ele acontece do chão de
fábrica até os níveis superiores. Com este trabalho pretendemos levantar alguns pontos
básicos e relevantes do processo decisório e da tomada de decisão, através da reflexão teórica
apontando o que autores como Maximiano, Chiavenato e outros, têm a dizer sobre o assunto.
ABSTRACT
The decision process is present every day in organizations, it happens on the factory floor to
the upper levels. With this work we intend to make some basic points and relevant of decision
process and decision making, through theoretical reflection pointing to authors as Maximiano,
Chiavenato and others have to say about it.
Diariamente milhares de decisões são tomadas dentro de uma organização, seja pelos
seus administradores, seja por seus funcionários. Decisões essas que vão desde o mais trivial
até escolhas que poderão afetar todo o andamento da organização, seu papel no mercado
global, sua sobrevivência, expansão ou estagnação.
As decisões são tomadas por pessoas. Pessoas essas que são afetadas pelo meio onde
vivem, por suas percepções, experiências e até mesmo por suas crenças, o que torna o
processo em si extremamente delicado, pois não existe a “decisão perfeita”, o que há é a
busca pela melhor alternativa, aquela que norteará a organização rumo ao sucesso.
Na sequência veremos como alguns autores vêm a Tomada de Decisão, as premissas
básicas, seus pontos mais relevantes e as dificuldades mais frequentes.
2 O PROCESSO DECISÓRIO
Para Maximiano (2009, p.58) decisões são tomadas para resolver problemas ou
aproveitar oportunidades.
1) O tomador de decisão: é a pessoa que faz uma escolha ou opção entre várias
alternativas futuras de ação.
2) Os objetivos: são o que o tomador de decisão pretende alcançar com suas
ações.
3) As preferências: são os critérios que o tomador de decisão usa para fazer sua
escolha.
4) A estratégia: é o curso de ação que o tomador de decisão escolhe para atingir
seus objetivos dependendo dos recursos que pode dispor.
5) A situação: são os aspectos do ambiente que envolve o tomador de decisão,
alguns deles fora do seu controle, conhecimento ou compreensão e que afetam
sua escolha.
6) O resultado: é a consequência ou resultado de uma estratégia.
E é composta por sete etapas, que norteiam todo o processo:
Certo (2005), Chiavenato (2010), Maximiano (2009) e Robbins (2010) ressaltam que o
processo de tomada de decisão é uma atividade passível de erros, pois ela será afetada pelas
características pessoais e percepção do tomador de decisões. Na tentativa de minimizar esses
erros e chegar a um melhor resultado, deve-se efetuar um processo organizado e sistemático,
sugerem algumas etapas a serem seguidas:
Reúna feedback
relacionado ao
problema
Fonte: Certo, 2005
Um processo estruturado não é garantia de sucesso, mas permite uma decisão lógica,
coerente e menos passível de erros.
Para Simon as decisões podem ser divididas em duas categorias: as programadas e não
programadas.
Um obstáculo para atingir um objetivo, uma situação que deva ser corrigida, uma
oportunidade que deve ser aproveitada, tudo isso pode gerar um processo de decisão.
MOTORISTA VEÍCULOS
Causas Efeitos
20% das
Poucas causas causas
significativas 80% dos
efeitos
80% das
Muitas causas causas
insignificantes 20% dos
efeitos
Depois de identificado o problema é necessário partir para a busca de soluções, em
Fonte: Maximiano, 2009, p.63
muitos casos não há alternativas prévias é preciso ter ideias, é onde entra o brainstorming
(tempestade de ideias) e o brainwriting (tempestade de ideias escritas).
Brainwriting é “... quando as pessoas interagem por escrito, sem comunicação verbal”.
Cada participante recebe uma folha onde anota suas sugestões e ideias, depois essas folhas são
trocadas entre si, e por fim as ideias ali descritas são discutidas até que se chegue à melhor
solução. (Maximiano, 2009, p.65).
Figura 4 – Processo de Brainstorming.
As ideias só são
avaliadas
depois que
todas foram
anotadas
E se todos os passos acimas não forem suficientes há algumas técnicas que ajudam o
administrador na hora de tomar a melhor decisão para o problema:
3 CONCLUSÃO
Convivemos com decisões todo o tempo, decidimos o que vamos comer, qual caminho
faremos para ir ao trabalho, que programa de TV veremos, que carro vamos adquirir. Dentro
de uma organização essas decisões se tornam cruciais, pois elas envolvem o futuro da
organização e o de milhares de pessoas.
A decisão não é um fim em si mesmo, é apenas mais uma etapa, pois decisões podem
ocorrer tanto em níveis intermediários como finais, e uma decisão colocada em prática cria
uma nova situação, que pode gerar outra decisão ou processos de resolução de problemas. Ao
contrário do que parece o objetivo do gerente não é apenas enfrentar e resolver problemas na
medida em que vão surgindo, mas sim criar e inovar, estando atento ao rumo que a
organização segue.
Este trabalho não visou responder a todos os questionamentos sobre o assunto, mas
sim relatar como alguns autores o vêm, pois algumas situações exigem que os gerentes tomem
uma decisão, o que podem ter de fazer sem ter experiência, critério ou nenhuma orientação.
Aqui relatamos alguns processos e etapas que podem orientar um gerente que se veja em uma
situação assim.
4.REFERÊNCIAS
Resumo. Gerar idéias é uma questão central da gestão de inovações. Entre as fontes de idéias estão os sistemas
de sugestão desenhados para estimular e captar idéias dos empregados. Este trabalho apresenta uma revisão
bibliográfica sobre este tema e os resultados de estudos em três organizações brasileiras reconhecidas como
inovadoras. O estudo enfatizou a gestão dos sistemas, sua adequação à gestão global da empresa e os resultados
alcançados. Esse estudo trouxe novas considerações sobre estes sistemas, ensejando novas abordagens teóricas
sobre este tema. Dentre elas, a proposição de uma nova classificação de sistemas de sugestões.
Palavras-chave: inovação, invenção, geração de idéias, gestão da inovação, gestão da qualidade, círculos de
controle da qualidade, intra-empreendedorismo, sistemas de sugestões.
1. INTRODUÇÃO
A geração de idéias constitui uma das principais preocupações das organizações que
procuram realizar inovações de modo sistemático. Este artigo se preocupa com uma fonte
específica de idéias, os funcionários da organização e os meios para estimular, captar e gerir
as suas idéias, denominados genericamente de sistemas ou programas de sugestões. Os
sistemas de sugestões tiveram grande destaque no passado e muitos estudos foram feitos sobre
eles, sendo que a maioria faz parte da literatura produzida pelo movimento da qualidade. Os
estudos relacionados à inovação tecnológica deram pouca importância a esses sistemas,
embora as idéias constituem um dos principais insumos das inovações. A partir dos anos
1990, esses sistemas praticamente desaparecem da literatura administrativa, apesar de
existirem em grande quantidade e serem muito ativos. No momento, com os avanços da
gestão do conhecimento esse tema começa novamente a despertar interesse, agora sobre novas
e mais amplas perspectivas.
Inicialmente será apresentada uma revisão teórica sobre as idéias nos processos de
inovações. Em seguida será feita uma analise comparativa das abordagens dominantes para
estimular a geração de idéias por parte dos funcionários. Depois serão apresentados e
discutidos os resultados de uma pesquisa baseada em estudos de casos múltiplos em
organizações brasileiras reconhecidas como inovadoras e que possuam um sistema de
sugestões estruturado. A pesquisa teve como foco a gestão dos sistemas, sua adequação ao
modelo de gestão global da empresa e os resultados alcançados. Esse estudo trouxe novas
considerações sobre estes sistemas, ensejando novas abordagens teóricas sobre este tema.
Dentre elas, a proposição de uma nova classificação de sistemas de sugestões para dar conta
da suas novas atribuições e necessidades de gestão.
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2. IDÉIAS E INOVAÇÕES
O termo idéia apresenta significados diferentes conforme a orientação filosófica de
quem o utiliza. Nesse trabalho, esse termo será usado para indicar um objeto do pensamento,
bem como sua representação ou forma. Nesse sentido, uma idéia se expressa mediante
opinião, ponto de vista, noção, conhecimento ou qualquer outro meio capaz de representar a
concepção mental de algo concreto ou abstrato. A idéia não é apenas representação mental de
um objeto existente, mas também uma possibilidade ou a antecipação de algo. De acordo com
Dewey (1938), a idéia começa como uma sugestão, mas nem toda sugestão é uma idéia. A
sugestão torna-se uma idéia quando examinada com referência a sua possibilidade de resolver
uma dada situação (p. 109-10). De modo diferente, a Japan Human Relations Association
entende que uma sugestão é uma idéia explicitada e comunicada. Primeiro tem-se uma idéia,
que se passa na mente de uma pessoa, depois essa pessoa a comunica, pela fala ou por escrito
para outros (1997; p.24). Nesse trabalho não será feita tal distinção, ou seja, os termos idéia e
sugestão serão usados como sinônimos e entendidos como fontes de inovação enquanto
constituintes do processo de invenção e inovação.
Para Rogers (1995; p. 176), a invenção é o processo de desenvolvimento de uma nova
idéia. Invenção é uma idéia ou sugestão elaborada que se apresenta na forma de planos,
fórmulas, modelos, protótipos, descrições e outros meios que permitam registrá-la e
comunicá-la. A idéia é o embrião da invenção e entre uma e outra há diferentes trabalhos a
serem feitos, constituindo o que se denomina de atividade inventiva, que se caracteriza por ser
um trabalho criativo, cujo resultado se apresenta nas formas exemplificada acima. Segundo
Thomas Alvas Edson, que produziu mais de 1000 invenções patenteadas, o gênio consiste em
1% de inspiração e 99% de transpiração, querendo dizer 1% de idéias e 99% de trabalho
árduo para transformá-las em invenções. Também se atribui a ele a seguinte frase: não há
substituto para o trabalho duro. Essas expressões são atribuídas a esse grande inventor,
embora não se encontram em obras escrita pelo autor, mas dita em entrevistas e citadas pelos
seus biógrafos. Edson queria com isso dizer que o desenvolvimento de uma idéia requer
múltiplas atividades, como pesquisas bibliográficas em documentos técnicos científicos,
delineamento e realização de experimentos em diferentes situações, registros de dados,
análises, comparações, revisões, reformulações e muitas outras até encontrar aquilo que a
idéia antecipara como uma possibilidade.
Inovação é a invenção efetivamente incorporada aos sistemas produtivos. Para Van de
Ven et al. (2000, pg. 32) é a introdução de uma nova idéia e o processo de inovação refere-se
à seqüência temporal de eventos pela qual pessoas se interagem para desenvolver e
implementar suas idéias inovadoras num contexto institucional. Roberts (1.997, pg. 581)
considera que a inovação é a invenção e sua exploração com êxito: a invenção envolvendo
todos os esforços para criar novas idéias e elaborá-las de um modo que possam ter utilidade
práticas; a exploração refere-se aos estágios de desenvolvimento comercial, aplicação e
transferência, incluindo a focalização da idéia da invenção para objetivos específicos,
avaliação desses objetivos, transferências de conhecimentos da pesquisa para os setores
produtivos, entre outras atividades. Gundling (2000. 247, pg. 23) destaca os resultados
esperados das inovações, definindo-as como novas idéias mais as ações ou implementações
que resultem em melhorias, ganhos ou lucros para a empresa.
Em outras palavras, não há inovação que não teve em sua origem uma idéia, pois
como asseveram Freeman e Soete (1.997; pg. 202), a inovação é um processo que começa nas
mentes de pessoas imaginativas. Não é por outra razão que os modelos de inovação sempre
fazem referência às fontes de idéias como uma fase do processo de inovação. Por exemplo,
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no modelo descrito por Rothwell (1.992; p.222-3) as idéias que decorrem de necessidades de
mercado ou de oportunidades tecnológicas identificadas dão origem às atividades de P&D,
design, desenvolvimento de protótipos, manufatura, marketing até alcançar o mercado. No
famoso modelo do funil de Clark e Wheelwright (1.993; p. 293), o processo de inovações
começa com geração de idéias que depois serão selecionadas conforme os objetivos da
empresa e outros condicionantes internos e externos a ela. A boca do funil representa o fato de
que muitas idéias devem ser geradas e quanto mais idéias melhor, pois apenas algumas poucas
serão implementadas.
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desenvolvidos diversos métodos, tais como análise de processo, análise do valor, análise de
falhas, dentre outros. Com o movimento pela qualidade esse tipo de idéia teve uma grande
valorização como forma de assegurar a melhoria contínua em toda as áreas da organização.
Não é de se entranhar, portanto, que as origens desses sistemas e seus posteriores
desenvolvimentos se encontram nas áreas relacionadas com a gestão de produção e operações.
3. SISTEMAS DE SUGESTÕES
Como mostra um texto da JHRA (1997; pg. 217), que se tornou uma das maiores
divulgadoras desses sistemas, a solicitação de sugestões aos funcionários foi usada pela
primeira vez por Willian Denny na Escócia para que seus empregados dessem sugestões de
como reduzir o custo da construção de navios. Um outro exemplo ocorreu com um
funcionário da Eastman Kodak que recebeu um prêmio de dois dólares em 1.898 pela
sugestão de que as janelas fossem lavadas para tornar as áreas de trabalho mais iluminadas.
Henry Ford (1925, pg. 133) estabeleceu um sistema voluntário de informação pelo qual
qualquer operário podia comunicar qualquer idéia e tentar a sua realização. Segundo suas
palavras, com a produção em massa, uma economia de um centavo em cada peça excederia a
milhões de dólares por ano. Nessa fase inicial, estes sistemas requeriam pouca ou nenhuma
atenção do ponto de vista administrativo, inclusive porque não tinham contra indicações, isto
é, se aparecessem idéias, ótimo, se não, também não havia custado nada solicitá-las.
Os sistemas de sugestões acabaram virando moda nos Estados Unidos, tendo sido
adotados por um grande número de empresas antes da 2ª Guerra Mundial, como mostra
Yasuda (1991). Ao final dessa Guerra, observa-se no Japão um crescimento vertiginoso do
número de empresas que passam a adotar sistemas de sugestões, tendo contribuído para isso
de forma especial a Toyota, então uma pequena empresa, que implantou o seu sistema de
sugestões em 1.951 com o nome de Idéia Criativa. Em 1977 o sistema da Toyota atingiu a
marca acumulada de um milhão de idéias; em 1984, 10 milhões e 20 milhões em 1988, com
uma média de 47,7 idéias por funcionário ano Toyota (YASUDA; p. 69-71). Ainda conforme
esse autor, uma situação completamente diferente ocorreu com o sistema de sugestões da Ford
Motor Co, que havia servido de modelo para sistema da Toyota. O sistema da Ford declinou
ano a ano e finalmente desapareceu devido ao fato de que recompensar a idéia com um
percentual do ganho para a empresa teria feito com que crescesse a demanda pelo aumento
dos prêmios por parte dos geradores de idéias. Originalmente essa remuneração era de 10% da
economia anual, mas quando os empregados passaram a exigir um pagamento em dinheiro
equivalente a 50%, a administração da Ford teria perdido o interesse em continuar o sistema
de sugestões (YASUDA; p. 72).
A literatura especializada apresenta duas abordagens aos sistemas de sugestões.
Schuring e Luijten falam em sistema tradicional e sistema no contexto do kaizen: o primeiro é
o sistema da caixa de sugestões que corresponde ao sistema baseado na abordagem ocidental
ou norte-americana pela denominação da JHRA; o segundo, ao sistema de sugestões japonês.
A abordagem denominada tradicional, ocidental ou norte-americana caracteriza-se
pela busca de idéias geniais estimuladas por recompensas econômicas (ideas pay off ou cash
for your idea). A forma de remuneração ao gerador da idéia aprovada pode ser uma quantia
em dinheiro negociada caso a caso ou por meio de um percentual previamente estabelecido
sobre os ganhos da empresa com a implementação da idéia. Nos Estados Unidos a
remuneração costuma representar 10% da economia resultante da sugestão (Yasuda; p.73).
Sua implementação se dá mediante a divulgação da existência de prêmios para as idéias
aprovadas. As idéias são analisadas para verificar se trazem benefícios para empresa e para
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quantificar os benefícios para efeito de remunerar o seu gerador. A aprovação da idéia e a
autorização para sua implementação dependem da alta administração, valendo-se de
comissões para análise das idéias, sempre levando em conta os ganhos econômicos que a
empresa poderá ter com a sua implementação vis-à-vis aos investimentos necessários para
implementá-la. Por isso, os processos para aprovação de uma sugestão e sua implantação
envolvem processos complexos e demorados, pois objetivam verificar a viabilidade técnica e
econômica da idéia sugerida e estabelecer o prêmio ao seu gerador.
Pelo sistema tradicional somente as idéias que geram benefícios importantes e
mensuráveis são consideradas e se aprovadas seguem adiante como qualquer outra idéia
selecionada, ou seja, a sua implementação é feita mediante um projeto de inovação e, como
tal, com recursos, metas e tempos definidos. O chamamento e a captação de idéias não requer
mudanças no modelo de gestão da empresa, embora possa requerer a designação de pessoas
encarregadas para receber as idéias e encaminhar para avaliadores. Como diz Böhmerwald
(1.996; pg. 153), os sistemas baseados na abordagem ocidental são menos exigentes em
termos de gestão, seja pelo menor número de idéias que o sistema gera, seja porque deixa aos
empregados a iniciativa de gerar idéias estímulos por recompensas pecuniárias. Essa
abordagem pode ser implementada sem uma vinculação direta com o modelo de gestão da
organização.
A outra abordagem, denominada japonesa ou oriental, baseia-se na contribuição
voluntária de todos os funcionários. Ao invés de recompensas financeiras, as sugestões são
estimuladas por recompensas simbólicas que reforçam a coesão interna. O que não quer dizer
que eles não visão resultados econômicos, só que esses vem como uma decorrência dessa
coesão que permite aproveitar oportunidades de melhorias de qualquer tipo, inclusive as
minúsculas. Na opinião de Godfrey (2003), ao final os resultados econômicos acabam sendo
superiores aos obtidos pelos sistemas do tipo ocidental que se interessam apenas pelas grandes
idéias. A contrapartida para os empregados geradores de idéias não se restringe aos prêmios
simbólicos. A empresa deve proporcionar recompensas econômicas coletivas como
estabilidade do emprego, distribuição de lucros e resultados, oportunidade de crescimento
profissional, dentre outras. A JHRA (1992) usa a palavra teian (proposta) para denominar o
sistema de sugestões segundo esta abordagem. O objetivo do sistema é produzir um clima
favorável à participação de todos os funcionários na solução dos problemas do dia-a-dia
conduzindo à melhoria continua (kaizen) formando desse modo a expressão teian kaisen.
Quanto maior a participação das pessoas, maior será a acumulação gradual de pequenos
conhecimentos que é a filosofia do kaizen.
Para Imai (1.988), kaizen significa melhoramento contínuo envolvendo todos,
administradores e operários, em todas as instâncias da vida. Esse autor ressalta que o termo
kaizen, enquanto melhoramento é um conceito genérico que se aplica a todas as atividades de
todos (pg. 8). Esse autor distingue o dois tipos de kaizen, um orientado para pessoas e outro
para grupos: o primeiro se manifesta na forma de sugestões individuais e o instrumento para
colocá-lo em prática é o sistema de sugestões; o círculo de controle da qualidade é um
exemplo de kaizen orientado para grupos (IMAI; p. 83 p. 99). Um CCQ é constituído por
pessoas que trabalham na mesma unidade e que se reúnem voluntariamente para resolver
problemas da unidade, sugerindo idéias, avaliando-as, implementando-as ou ajudando a
implementar. Atribui-se à Ishikawa a criação dos CCQ no Japão no início da década de 1960,
porém, desde a década de 1940 já havia em algumas empresas norte-americanas grupos de
trabalhadores organizados de modo voluntário para resolver problemas de qualidade, como
mostra James (1.996; p. 75). Em princípio, cada CCQ deve ser formado por um grupo
pequeno, por isso, é comum observar mais de um CCQ na mesma unidade, principalmente
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quando ela possui diversas áreas operacionais ou muitos funcionários. Entre os seus principais
objetivos estão as melhorias da qualidade, da segurança do trabalho, redução de custo e de
todo tipo de desperdícios, ao mesmo tempo em que melhora as relações interpessoais.
A abordagem japonesa coloca grandes desafios do ponto de vista de gestão. O pessoal
precisa estar permanentemente motivado para dar sugestões de todos os tipos, o que gera
grande quantidade de idéias por mês, que por sua vez exige suporte administrativo específico
para poder dar respostas rápidas e adequadas aos geradores de idéias para não frustrar suas
expectativas. A quantidade de idéias geradas por mês, independentemente do que sejam, é um
importante critério de desempenho do sistema, de modo que quanto mais idéias melhor, pois
indica que o pessoal está motivado e o sistema está sendo bem gerido. A porcentagem de
idéias implementadas é outro critério importante, pois mostra a pertinência das ideais para a
empresa, a motivação do pessoal, o envolvimento das chefias e a flexibilidade que eles
possuem para tomar decisões. Por isso, o sistema de sugestões deve ser bem estruturado e
integrado com o sistema de gestão global da empresa, a partir do comprometimento efetivo da
alta administração, inclusive de modo simbólico, estando sempre presente na gestão do
sistema e estimulando a participação dos empregados. A gestão do sistema é descentralizada,
todos os chefes possuem autoridade suficiente para aprovar e implantar as idéias de seus
subordinados aplicáveis ao seu setor. Tanto o sistema orientado para pessoas quanto para
grupos requerem um estilo de gestão participativo que valoriza os conhecimento dos
funcionários de qualquer área, função ou nível hierárquico. O Quadro 1 apresenta outras
diferenças entre as duas abordagens extraídas dos autores citados.
Quadro 1: Sistemas de Sugestão: Tipos de Abordagens
Abordagens TRADICIONAL JAPONÊS
(outras denominações: ocidental e (outras denominações: oriental, kaizen e
Características norte-americana) teian kaizen)
Captar idéias com alta probabilidade de Ampliação da comunicação e do
gerarem inovações de sucesso. relacionamento entre o pessoal interno e
Objetivo com a diretoria. Instrumento de educação
permanente de todo pessoal mediante o
acúmulo gradual de pequenos
conhecimentos.
Não é importante, mas sim os resultados Muito importante, pois são indicadores de
Número de que podem trazer para a empresa. participação. O declínio do número de
idéias geradas sugestões é sempre visto com preocupação,
pois sinaliza refluxo da participação.
Poucas pessoas, geralmente com elevado Participação do maior número possível de
Participantes grau de instrução ou de capacitação técnica. empregados, independentemente das
funções que ocupam e dos cargos que
exercem.
Premiações em dinheiro de acordo com o Premiações simbólicas. A recompensa
impacto da idéia para os objetivos da econômica é coletiva, obtida pela
Recompensa empresa. Em geral um percentual sobre o estabilidade do emprego, situação
benefício que a empresa irá auferir com a econômica favorável que permite distribuir
implantação da idéia. lucros e resultados etc.
Normas que Sistema regido por normas complexas e Sistema regido por normas simples e pouco
regem o detalhadas, com muitas etapas e diferentes detalhada e aplicadas de forma
sistema critérios para aferir os resultados. descentralizada.
Aprovação das Aprovação da idéia e a autorização para a As chefias possuem autoridade para aprovar
sugestões sua implementação dependem da Alta e implantar as sugestões de seus
Direção. subordinados aplicáveis ao seu setor.
Gestão do Gestão centralizada na Alta Administração, Gestão descentralizada envolvendo todas as
sistema usando comissões para análise das idéias. áreas e níveis da organização.
Fonte: elaboração própria com base nos autores citados nessa seção.
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A PESQUISA
Projeto Simplificação
Com a recessão dos anos 1982 e 1983 a lucratividade do setor caiu como um todo e a
partir daí começa um processo de reestruturação da empresa, com a adoção das técnicas
japonesas de administração participativa em 1985, iniciando com a introdução de práticas just
in time (JIT) do produto em processo (sistema kanban), nas quais o envolvimento e a
participação dos operadores é uma condição indispensável para o seu funcionamento. Isso
tornava necessário abrir canais de comunicação com os funcionários. Nesse momento surge o
sistema de sugestões denominado Projeto Simplificação no final de 1987 como parte de uma
mudança mais ampla na qual os objetivos da empresa foram reescritos de forma participativa,
com a colaboração de diretores, gerentes e supervisores. Definiu-se nesse momento um
relacionamento de longo prazo, estabelecendo para os acionistas uma política baseada na
excelência na lucratividade; para os funcionários, uma política de não demissão; para os
clientes, o contingenciamento nas crises; e para os fornecedores, uma relação de parceria.
O Projeto Simplificação surgiu com o objetivo de criar um canal de comunicação em
duplo sentido entre os funcionários e a cúpula da empresa. É um sistema de sugestões baseado
em premiação simbólica que visa obter coesão interna como forma de fortalecer a empresa
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para atuar num ambiente sujeito a altas turbulências. A recompensa aos geradores das idéias é
coletiva e se dá pela política de não demissão estabelecida em 1988, pelo sistema de
participação dos empregados nos resultados da empresa que vigora desde 1991, implantado
quatro anos antes da Lei que estabeleceu a sua obrigatoriedade. A participação dos
trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa foi instituída em 1994 por meio de Medida
Provisória reeditada dezenas de vezes até ser transformada na Lei 10.101 de 19/12/2000.
O Projeto de Simplificação é administrado em cada uma das três unidades da Brasilata
por uma Equipe que se reporta diretamente ao Diretor Superintendente. A coordenação de
cada Equipe é feita pela pessoa que exerce na sua unidade a chefia da Coordenadoria de
Desenvolvimento Pessoal, setor que trata das atividades típicas de um órgão de Recursos
Humanos. Cada Equipe é composta por um auxiliar técnico, um auxiliar administrativo, um
eletricista e dois mecânicos e conta também com uma equipe indireta composta de 5 pessoas
no mínimo que atuam de modo voluntário. As idéias chegam pelo sistema on line ou pela
coleta nas caixas espalhadas pela unidade e passam por exame formal de validação para
verificar se a sugestão está completa. As sugestões são avaliadas pelos coordenadores das
áreas onde elas se aplicam num prazo máximo de 7. Se a idéia for aprovada a chefia da área
tem 30 dias para implantá-la. Os critérios de para a aprovação são os seguintes: aplicabilidade
da idéia e a relação benefício-custo, segundo as seguintes faixas:
(a) idéias que implicam até R$ 100,00 de custo, o avaliador (que é o responsável pela
área onde a idéia será aplicada) tem autonomia para aprovar;
(b) idéias que impliquem em custos entre R$ 100,01 a R$ 1.000,00 cabe ao gerente
da unidade a aprovação;
(c) idéias acima de R$ 1.000,01 devem seguir o roteiro normal de qualquer gasto
com investimento, respeitando os limites orçamentários da unidade. Em princípio
a relação de retorno em termos de benefício-custo de uma idéia não deve
ultrapassar 3 anos;
(d) idéias corporativas, isto é, as que se aplicam á empresa como um todo são
avaliadas pela Diretoria de acordo com os critérios de segurança, economia,
execução e espaço, nessa ordem de prioridade.
Idéias repetidas ou que não atendem os critérios acima não são aprovadas e as razões
são comunicadas. Para gerir o sistema e dar transparência às suas decisões foi desenvolvido
um software específico. O acesso ao sistema é livre para qualquer funcionário que pode
navegar pelas suas telas para verificar o status das suas idéias, para enviar idéias á equipe,
para obter totalizações das idéias por área, por unidade etc. A Tabela 1 apresenta o número de
idéias geradas nos últimos anos.
O sistema de sugestões da Brasilata apresenta características muito próximas do tipo
japonês orientado para pessoas, conforme denominação de Imai (1988), ou teian kaizen,
segundo a JHRA, no qual espera-se que surjam muitas idéias e com um percentual elevado de
implementações. A experiência da Brasilata confirma o que a literatura consultada coloca
como um ponto central do sucesso desse sistema, que é a resposta rápida ao gerador da idéia,
seja aprovada ou não, bem como a rápida implementação das aprovadas. Para isso, o sistema
tem de ser descentralizado no nível da avaliação e execução e gerido de forma ágil e
transparente. Dar respostas rápidas a milhares de novas sugestões por mês é um dos seus
principais desafios, pois dele depende a possibilidade de manter o pessoal constantemente
motivado para gerar números expressivos de sugestões continuamente. Porém, a motivação
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maior depende do modelo geral de gestão da empresa, envolvendo suas prática e
compromissos, como os que foram citados acima.
Tabela 1: Projeto Simplificação: Número de Idéias e idéias por funcionário/ano (2.001 – 06)
Ano Número de idéias Idéias por funcionário/ano Percentagem de aprovação
2001 2.453 2,7 43%
2002 10.387 11,6 47%
2003 28.940 31,8 43%
2004 31.922 34,3 62%
2005 45.364 48,7 82%
2006 105.402 121,1 90%
Fonte: Relatório interno da empresa
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sugestões relacionadas com as atividades administrativas e operacionais são encaminhadas via
CCQs, esse canal é usado basicamente para reivindicações e outras solicitações, cumprindo
desse modo uma função de canal de comunicação com a diretoria.
A implantação de um CCQ é sempre de caráter voluntário e uma vez criado, por
iniciativa das pessoas que irão compô-lo, deve prevalecer o princípio da não obsessão por
resultado, significando que não pode haver cobrança de resultados. Aliás, este é corolário
daquele, pois a cobrança retira o caráter voluntário da iniciativa. O apoio gerencial e um
ambiente favorável à participação são condições essenciais para o funcionamento adequado
dos círculos. As reuniões de cada CCQs, em geral uma por mês, como mostra a Tabela 2, são
conduzidas por líderes, inicialmente o próprio supervisor da área, depois outros participantes
podem se tornar líderes. Cada grupo tem liberdade de programar suas reuniões e o tempo de
duração. O funcionamento do círculo é formalizado, desde a convocação da reunião até o
encerramento, no qual o grupo deve elaborar uma ata da reunião e enviar ao setor que os
coordena no prazo não superior a 15 dias consecutivos da data da reunião.
Programa Click
Diferentemente das duas anteriores, a Suzano Celulose e Papel optou por um sistema de
sugestões que remunera os geradores de idéias. O Programa de Inovação e Criatividade, ou
Programa Click, surgiu em 2000, inicialmente na unidade localizada no Município de Mucuri,
no extremo sul do Estado da Bahia. Sua criação fazia parte de um conjunto de decisões
estratégicas voltadas para alinhar o modelo de gestão da empresa aos critérios de Excelência
do Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ), para disseminar a cultura da inovação e do intra-
empreendedorismo em uma organização produtora de commodities e ampliar o
relacionamento entre áreas e funções, considerando que a empresa estava migrando de um
modelo hierárquico funcional para um sistema matricial pouco hierarquizado.
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Todos os empregados, estagiários e trainees, exceto diretores e gerentes, podem propor
idéias que, se aprovadas, são premiadas em dinheiro. Vale qualquer idéia desde que vise
solucionar problemas ou melhorar algo que resulte em benefício para a empresa ou para os
empregados. As idéias podem ser de dois tipos: (1) idéias com retorno financeiro mensurável,
que são as que após implantadas trarão benefícios com retorno financeiro ou redução de
custos para a empresa, mensuráveis durante o processo da sua avaliação; e (2) idéias com
retorno não mensurável, que são as que trazem benefícios para os empregados e para o clima
organizacional da empresa sem gerar benefícios econômicos diretamente vinculados a sua
implementação. A partir de meados de 2.005, o prêmio máximo a ser concedido para idéias
do tipo (1) foi fixado em R$ 20.000,00. No início do Programa o limite máximo que um
premio podia alcançar era de R$ 10.000,00. Esse é um problema típico dos sistemas
tradicionais e suas variantes: quando se pretende aumentar o número de idéias, aumentam-se
os valores envolvidos nos prêmios. Com o tempo o valor dos prêmios perde a capacidade de
estimular o surgimento de idéias e a solução é aumentar os valores dos prêmios. Esse foi o
fator que levou a Ford a desistir do seu sistema de sugestões baseado em remuneração
monetária, como mencionado anteriormente.
O processo de avaliação de uma idéia inicia com o seu encaminhamento por escrito
em formulário próprio ou via sistema, na qual o proponente deve responder: o que deve ser
melhorado e como pode ser melhorado. Os gerentes das áreas dos processos relacionados à
proposta avaliam as idéias com base no conhecimento que possuem sobre os processos
envolvidos e as necessidades ou oportunidades de melhoria. Entre os critérios de avaliação
estão os seguintes: impacto nos objetivos estratégicos da organização, abrangência da
aplicação da proposta, redução de custos, benefícios para a qualidade do produto, aumento a
produção e impactos ao meio ambiente, saúde e segurança ocupacional. Uma idéia do tipo (1)
só será paga quando o retorno financeiro for comprovado. Calcula-se 10% do retorno líquido
da idéia em 12 meses como prêmio multiplicado pelo fator pertinente, mostrado na Tabela 3 e
os valores de referência da Tabela 4. Neste aspecto o Programa é aderente ao tradicional ou
ocidental, pois o processo de avaliação de uma idéia percorre um fluxo de atividades bastante
complexo e detalhado para se certificar de que ela trará retorno para a empresa, bem como
para quantificá-lo para efeito de premiação.
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As idéias sem retorno mensuráveis, tipo (2), são avaliadas qualitativamente, seguindo
o esquema apresentado no Quadro 2. A remuneração dessas idéias varia de um mínimo de R$
100,00 até o limite máximo de R$ 600,00, como mostra a Tabela 5, nesse caso se a idéia
obtiver 14 ou 15 pontos, que representa um alto grau de relevância da idéia nos cinco fatores
de avaliação indicados no Quadro 2. Sob este aspecto, o Programa apresenta mudanças em
relação ao tradicional. O Programa Click difere deste também pelo fato de que no sistema
tradicional puro a remuneração é calculada como um percentual do benefício que a empresa
terá, em geral no primeiro ano após a implementação da idéia, ou o que for acordado entre as
partes. Não há limites, como no Programa Click. Porém, mesmo com limites, os efeitos sobre
o pessoal são semelhantes ao tradicional puro: estimula a geração de idéias com alta
relevância para empresa para alcançar uma premiação alta e incentiva a ação individual. As
idéias em geral são apresentadas por um indivíduo apenas, poucas por mais de um. Já nos dois
sistemas de sugestões baseados em recompensas simbólicas estudados, as idéias são geradas
por grupos de pessoas envolvidas formalmente como nos CCQs ou informalmente como no
Projeto Simplificação, em que cerca de 50% das idéias são geradas por dois ou mais
empregados. Outra diferença do Click em relação ao tradicional puro é a possibilidade de
remunerar idéias com retorno financeiro não mensurável.
Quadro 2: Critérios Para Análise de Idéias Com Retorno Financeiro Não Mensurável
Grau de Relevância da Idéia
Fator de Avaliação Baixo Médio Alto
1 ponto 2 pontos 3 pontos
1. Abrangência do A idéia aplica-se a uma A idéia aplica-se a uma ou A idéia aplica-se a todas as
aproveitamento da Divisão de uma certa mais Unidade da SPC. unidades da SPC.
idéia na Suzano Papel Unidade da SPC.
e Celulose (SPC)
2. Contribuição para a A idéia contribui A idéia contribui para o A idéia contribui para o
imagem positiva da positivamente para a fortalecimento da imagem fortalecimento da imagem
SPC imagem da SPC junto a positiva da SPC junto às positiva da SPC em nível
setores e áreas de atividades comunidades próximas a nacional, ou mesmo
internas. uma ou mais Unidade de internacional.
Negócio ou, no máximo, em
nível regional.
3. Sinergia da idéia para A idéia tem alguma A idéia tem média A idéia tem forte correlação
com a visão, a missão, correlação para com a visão, correlação para com a visão, para com a visão, a missão,
os valores, as políticas a missão, os valores, as a missão, os valores, as os valores, as políticas e os
e os códigos da SPC. políticas e os códigos da políticas e os códigos da códigos da SPC.
SPC. SPC.
4. Importância da idéia A idéia tem baixa A idéia tem média A idéia contribui
para com a melhoria contribuição para a contribuição para a decisivamente para a
das relações da SPC melhoria das relações da melhoria das relações da melhoria das relações da
com as partes SPC com a força de SPC com os colaboradores SPC com os colaboradores
interessadas. trabalho ou com ou com comunidades, ou com comunidades,
comunidades, órgãos órgãos governamentais, órgãos governamentais,
governamentais, ONGs, ONGs, clientes, ONGs, clientes,
clientes, fornecedores, fornecedores, governo e/ou fornecedores, governo e/ou
governo e/ou sociedade em sociedade em geral. sociedade em geral.
geral.
5. Facilidade técnico- A idéia, para ser A idéia, para ser A idéia é facilmente
financeira para a implantada, encontra implantada, requer esforço implementável do ponto de
implantação da idéia. obstáculos técnicos e/ou técnicos e/ou investimentos vista técnico e financeiro.
financeiros muito razoáveis (custos x
complexos. benefícios).
Fonte: Documento do Click
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Tabela 5: Equivalência de pontos em valores (R$)
Pontos R$ Pontos R$ Pontos R$
5 100,00 8a9 300,00 12 a 13 500,00
6a7 200,00 10 a 11 400,00 14 a 15 600,00
Fonte: Documento do Click.
DISCUSSÃO
Com base nesse estudo, verificou-se que os tipos de sistemas de sugestões e suas
denominações extraídas da literatura carecem de reparos. A literatura que trata desse assunto
esteve ligado ao movimento da qualidade que teve um forte impulso com o sucesso das
empresas japonesas numa determinada época e, por conseguinte, das suas técnicas gerenciais
e operacionais em contraposição das técnicas desenvolvidas no ocidente. Esse fato foi
amplamente alardeado, sendo um dos motivos porque os sistemas de sugestões receberam
aquelas denominações constantes do Quadro 1.
O que se denomina de sistema japonês ou oriental foi valorizado pelo Movimento de
Relações Humanas e nos estudos sobre qualidade, ambos desenvolvidos no ocidente. Depois,
foi transladado para o Japão no pós-guerra, onde adquiriu uma importância sem precedentes e
muito das suas características atuais. Hoje, este tipo de sistema encontra-se difundido no
mundo todo, o que mostra que não se trata de algo exclusivo ao ambiente japonês. Os
aspectos culturais dos países que deram origem ou a feição dominante do tipo de sistema de
sugestões não tiveram relevância no processo de difusão desses dois tipos de sistemas, pois
ambos foram adotados com êxito em todos lugares, como mostram Basadur (1997, pg. 72) e
Bonache (2000; pg. 38). Dada a difusão universal desse tipo de sistema e sua dupla origem,
talvez a melhor denominação seria sistema de sugestões participativo, no qual o adjetivo
participativo denota uma das suas características essenciais. Outras de suas características
podem estão resumidas no Quadro 3. O Projeto Simplificação e os círculos de controle da
qualidade se enquadram neste tipo.
Quanto ao sistema de sugestões que os textos acadêmicos denominam tradicional,
ocidental ou norte-americano, a primeira denominação seria a mais correta, pelos mesmos
motivos apresentados acima. Porém, na sua forma pura, como a literatura retrata, é um
sistema extinto que não mais se observa na prática enquanto meio para gerar e captar idéias
dos empregados. Idéias remuneradas com base em percentual do benefício gerado pela
empresa podem ocorrer e de fato ocorrem, mas tratam-se de situações esporádicas, senão
raras, de modo que são tratadas caso a caso. Por isso, os esforços para tratar de idéias dessa
forma não constituem um sistema propriamente dito, pois este implica em algum tipo de
gestão específica para dar conta de um certo volume de trabalho de caráter repetitivo. Assim,
na tipologia aqui proposta esse modo de estimular a geração idéias não foi considerado.
O que se observa é uma variante desse sistema que aqui será denominado de sistemas
de sugestões remuneradas, pois é o atrativo proporcionado pela remuneração que induz à
geração de idéias. Portanto, a remuneração é uma característica essencial desse tipo de
sistema. No entanto, ao estabelecer um limite máximo, elimina-se a relação direta entre a
recompensa e o ganho proporcionado à empresa como seria de esperar na abordagem
tradicional. Essa variante difere do sistema de sugestões tradicional, pois este se preocupa
apenas com sugestões que trazem benefícios econômicos mensuráveis, pois quando ele
surgiu, no século XIX, esse era o seu objetivo e a visão de benefícios para a empresa não
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contemplava outra perspectiva que não fosse algo medido em valores monetários. Como visto
no caso do Programa Click, também se remunera idéias que contribuem para melhorar o
ambiente da organização sem que se possa relacioná-la diretamente a ganhos econômicos
mensuráveis. A inclusão desse tipo de idéia é coerente com o estágio atual de valorização dos
ativos intangíveis. Da abordagem tradicional permanecem no sistema remunerado estudado as
seguintes características ressaltada na literatura consultada: são regidos por normas complexas
e detalhadas para efeito de avaliação e premiação, por envolver recursos financeiros orçados e
são geridos com maior grau de centralização comparativamente aos sistemas participativos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os casos analisados mostram que as idéias geradas pelos sistemas de sugestão, via de
regra, geram inovações incrementais, sendo essa uma das razões pela pouca atenção dada a
eles na literatura sobre gestão da inovação, mais interessada em inovações radicais. Nas
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últimas décadas do século passado, as estratégias baseadas em inovações incrementais
ganharam inimigos de pesos. Negroponte, pesquisador do MIT Média Lab, com muita
visibilidade no ambiente empresarial, afirmou que o incrementalismo é o pior inimigo da
inovação, e essa frase foi repetida ad nauseam por Tom Peter, autor de obras bastante
populares nesse ambiente. E não são os únicos. Esse tipo de crítica não é totalmente
desprovido de razão, pois as inovações incrementais voltam-se preferentemente para o que se
está fazendo no momento para fazer melhor e com menor custo, enquanto as ameaças mais
graves para as empresas estão associadas às inovações radicais que introduzem novos
produtos, modificam o modo de competir ou criam novos setores econômicos. Por exemplo, a
injeção eletrônica não veio do aperfeiçoamento do carburador. Por isso, basear a estratégia
competitiva apenas em mudanças incrementais é desaconselhável e sob este aspecto estão
certos os autores citados. Mas isso não elimina a importância das inovações incrementais
enquanto tais. Ao contrário, quanto mais elas são realizadas, mas se aproxima do conceito de
melhoria contínua, talvez um dos conceitos mais importantes desenvolvidos pelo movimento
da qualidade. Os sistemas de sugestões estudados dão uma contribuição significativa para o
aumento vigoroso das inovações incrementais, podendo ser considerados instrumentos para
implementar a melhoria contínua e, desse modo, contribuem para que as empresas realizem
suas atividades de modo mais eficiente.
Muitas idéias estimuladas pelos sistemas de sugestão estudados são geradoras de
benefícios econômicos importantes, bem como inovações radicais. Isso é algo sempre
possível na medida em que a quantidade pode produzir um salto de qualidade, conforme uma
conhecida lei da dialética. Mas deixar para o acaso não é a postura correta. Para Tushman;
O’Reilly III (1998; p. 75), as organizações necessitam tanto das inovações incrementais,
quanto das radicais que produzem descontinuidade. Esses autores criaram a expressão
organizações ambidestras para denominar as que conseguem vantagens competitivas
operando simultaneamente no curto prazo enfatizando a eficiência e, no longo, as inovações
de maior vulto e que envolvem maiores riscos (TUSHMAN; O’REILLY III, 2004; pg 2-3).
Um tipo de inovação não existe sem a outra, as inovações portadoras de novidades radicais
desencadeiam miríades de ajustes, correções e mudanças de pequena monta que são
percebidas após a sua posta em marcha e à medida que sua adoção permite ampliar o
conhecimento sobre ela em termos operacionais e mercadológicos. Não considerar as
inovações incrementais como componentes importantes das estratégias de inovações é uma
espécie de miopia.
Os sistemas de sugestão podem contribuir para a manter um ambiente interno voltado
para a eficiência operacional e receptivo às mudanças, conduzindo ao que Boer e Gertsen
(2.003) denominam de inovações contínuas, definida como a habilidade de combinar a
efetividade operacional com flexibilidade estratégica, ou seja, a habilidade para aperfeiçoar o
que existe e desenvolver novos produtos, mercados e sistemas de gestão (p. 806-7). Em
ambiente altamente competitivo, um sistema de sugestão bem gerido, seja participativo ou
remunerado, conforme as características observadas nos casos estudados e na teoria
revisitada, pode contribuir para esse duplo objetivo. Os sistemas de sugestões estudados têm o
mérito de incentivar o empreendedorismo dos funcionários e com isso estimular o ambiente
interno para as mudanças. A propósito, esse é dos objetivos expressos de um dos sistemas
estudados, como mencionado. Dessa forma, os sistemas de sugestões podem ser propulsores
de um processo para construir esse ambiente complexo que permite que a organização consiga
um ritmo de produção sustentável de inovações.
15/17
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1
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo tipificar e analisar os diferentes perfis de líderes,
demonstrando quais são as competências necessárias para a condução de equipes de alta
performance. Vamos observar, também, como interagem e se comportam os integrantes destas
equipes e qual a relação e importância do líder no contexto de formação, desenvolvimento,
crescimento e superação das mesmas. Com a competitividade empresarial, sempre crescente, a
formação de equipes de alta performance, e um líder capaz de desenvolvê-las, ganha cada vez
mais destaque no cenário mundial, deste modo, é fundamental compreender as vantagens que
essas equipes podem proporcionar às organizações, bem como, qual o papel do líder,
juntamente com sua equipe, no aumento de performance e produtividade, porém, é necessário
que seus integrantes sejam comprometidos com as metas, tenham um relacionamento sinérgico
e apliquem conjuntamente suas competências. Este artigo, fundamentado no método
bibliográfico, vai mostrar que, embora seja indiscutível a relevância do líder, não existe um
modelo de liderança que seja tão mais eficiente que outro, mas sim, que a eficácia do estilo do
líder depende do estímulo utilizado, da situação apresentada, com quais perfis de equipes e em
qual ambiente.
1 INTRODUÇÃO
Discente do curso de MBA Gestão Financeira e Controladoria, da Universidade La Salle – Unilasalle,
matriculado na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso. E-mail: alsazana@yahoo.com.br, sob a orientação
da Prof.ª M.ª Heloísa Helena Oliveira do Amaral. E-mail: heloisa@topcompetence.com.br. Data de entrega: 31
jul. 2017.
2
é comunicar às pessoas seu valor e potencial de forma tão clara, tão forte, onde elas mesmas se
coloquem em movimento sentindo-se capazes de ver, fazer e ser.
Uma grande qualidade de um líder eficaz é saber conquistar o respeito da equipe através
da influência, não pela sua posição, e sim pela sensibilidade do que é adequado e ético, pelo
seu exemplo. O estilo de liderança segundo o qual todos são tratados de forma adequada sempre
cria uma sensação de segurança. Isso é extremamente construtivo e um grande fator de
satisfação no ambiente de trabalho.
Liderar é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente
visando atingir objetivos comuns, inspirando confiança por meio da força do caráter, uma vez
que, liderar, é fazer a coisa certa. Liderança é o oposto de gerência, uma vez que gerência é o
que fazemos e liderança é o que somos.
Um líder conduz as pessoas e as inspira. Ele é conhecido por ser um motivador da sua
equipe, mostrando a direção que devem seguir e, mais importante, ir junto. Os líderes têm
tendência a serem muito respeitados por seus funcionários, e o respeito têm muito mais eficácia
do que o temor. O líder busca não só resultados, mas a melhor maneira para ele e para a equipe
conseguir alcançá-los, já que ele não pensa no poder como algo centralizado e sim uma
autoridade que deve ser dividida.
O líder não costuma dizer que tem subordinados, e sim uma equipe, ou um time. Ele
ouve as pessoas ao seu redor e está sempre disposto a tirar dúvidas. Ele procura trazer o melhor
de cada um à tona e valoriza as habilidades dos indivíduos, respeitando suas dificuldades e
trabalhando junto com a pessoa para ajudá-la a superá-las. O líder se responsabiliza quando
algo não dá certo e divide a glória quando o objetivo é alcançado.
Este artigo, fundamentado em bibliografia sobre os diferentes perfis de liderança, suas
características e influências sobre as equipes e organizações, tem como objetivo mostrar o
impacto das ações do gestor sobre o resultado da organização, bem como, identificar as
características das equipes de alta performance, definir o papel do líder na gestão destas equipes
e caracterizar os tipos de líder.
O sucesso de uma equipe depende, grande parte, de um bom trabalho de seu gestor, pois
a equipe só terá bons resultados se o líder souber conduzir de forma correta seus subordinados.
O gestor que visa obter uma liderança de sucesso, precisa conhecer de perto as
necessidades, o grau de interesse e anseios de cada colaborador. Como a motivação é individual,
o gestor deve saber mobilizar a equipe.
Inúmeras são as competências que o gestor deve desenvolver para manter seus
colaboradores satisfeitos e engajados na organização. Atitudes éticas, respeito e lealdade são
3
2 DESENVOLVIMENTO
Segundo Robbins e Finley (1997), assim como os indivíduos podem ser vistos como
mais ou menos amadurecidos frente a complexidade dos fatos da vida, demonstrando estarem
mais ou menos preparados para enfrentá-los, podemos distinguir o nível de competência e o
grau de disposição para assumir a responsabilidade de dirigir o próprio comportamento frente
a uma tarefa ou função a desempenhar. Neste sentido, pelo modo como se posicionam, as
pessoas demonstram o quanto estão prontas para enfrentar uma situação ou qual o nível de
competência e comprometimento que elas possuem.
Competência refere-se ao quanto a pessoa é capaz (dimensão técnica), e ao quanto ela
sabe, diante de uma determinada situação. Esta capacidade se apresenta com a combinação de
três fatores: conhecimento, experiência e habilidade demonstrada.
conhecimento: são dados e informações que as pessoas possuem de forma
sistematizada e, ainda, as correlações que conseguem fazer com elas;
experiência: É a aprendizagem informal, prática ou empírica que as pessoas
adquirem ao fazer determinada atividade. A medida em que refletem e sistematizam
o conteúdo de uma vivência, ela se transforma em conhecimento adquirido;
habilidade demonstrada: é o modo como usa, sob certas condições, a experiência
anterior e o conhecimento adquirido. É a colocação em prática do todo, ou de parte,
do conteúdo internalizado.
Já o comprometimento refere-se ao quanto uma pessoa está disponível (dimensão
psicológica), e ao quanto ela quer envolver-se com uma dada situação. É função da correlação
de três fatores: autoconfiança, iniciativa e interesse.
autoconfiança: é o sentimento que uma pessoa tem para externar sua energia
(desejo, impulso, necessidade, etc.). É a sensação que a pessoa experimenta, quando
diz a si mesma: "EU POSSO". É a permissão que se dá de assumir um determinado
comportamento;
iniciativa: é a crença que uma pessoa nutre que determinado comportamento
atingirá o objetivo desejado. Ela intui que está trilhando o caminho certo para
chegar ao ponto estabelecido e dedica-se intensamente a ele;
interesse: é o desejo de uma pessoa sentir-se satisfeita ou completada, nas suas
necessidades. A pessoa espera a supressão das suas necessidades e ansiedades pela
relação que mantêm com o ambiente no qual está inserida.
6
Um grupo transforma-se em equipe quando passa a prestar atenção à sua própria forma
de operar e procura resolver os problemas que afetam o seu funcionamento. Em outras palavras,
consegue incorporar à sua dinâmica as habilidades de diagnóstico e resolução de conflitos.
E uma equipe de alta performance é aquela que demonstra elevada competência e
destacado grau de comprometimento. São pessoas realmente alinhadas, que tem em comum
valores, visão, objetivos e engajamento. E ao mesmo tempo tem riqueza, diversidade e
multiplicidade de conhecimentos, habilidades, bagagens, opiniões e ideias.
O segredo para se conseguir esta mágica é relativamente simples: basta ter lideranças
que ajam como ótimos treinadores e mentores. Treinadores quando focam a melhoria contínua
de performance e mentores quando estimulam o autodesenvolvimento e o aprendizado contínuo
dos liderados.
A fórmula geral é montar o time certo, a escalação é o primeiríssimo passo, e aprender
a tirar o melhor de cada um.
E isso se faz reconhecendo e reforçando os comportamentos certos, resultados
expressivos, avanços no desempenho e demonstração de um comprometimento superior,
mostrando para cada membro do time que você realmente se importa com ele, as pessoas
precisam se sentir ouvidas, respeitadas e levadas a sério, e elevando o desafio continuamente,
dando espaços, desafios e oportunidades para que seu time busque continuamente a superação.
Quando todos compreendem o que cada um está buscando, o significado da união
começa a fazer sentido para que, juntos, eles possam produzir um resultado que conduza à
realização geral. É neste momento que o estar junto é importante, que a individualidade deve
ser descartada.
As organizações, mais do que nunca, buscam equipes com diferencial competitivo
evidenciado por sua alta performance para que, desta forma, seus resultados possam ser
alcançados de maneira eficaz e ágil.
As equipes de alto desempenho, segundo Dyer (2011, p. 23), são aquelas compostas de
membros cujas habilidades, atitudes e competências lhes permitem atingir as metas da equipe.
Em equipes de alto desempenho, os membros definem as metas, tomam decisões, comunicam-
se, administram os conflitos e solucionam problemas em uma atmosfera de incentivo e
confiança para atingir seus próprios objetivos. Além disso, os membros desta equipe estão
cientes de suas próprias forças e fraquezas e tem a capacidade de mudar quando necessário para
melhorar o desempenho do grupo. As equipes de alto desempenho desenvolvem a competência
de trabalhar em equipe, onde seus próprios integrantes dirigem e tomam as decisões além de se
alto desenvolverem buscando melhorar o desempenho da equipe. As equipes de alto
7
desempenho são aquelas que ultrapassam as fronteiras tradicionais pelos resultados alcançados.
Seus membros possuem expectativas elevadas e, por isto, funciona como estímulos motivadores
para a alta performance. Buscam padrões de desempenho extremamente altos, e desta forma
seus integrantes precisam ter competências, habilidades e atitudes que correspondam aos
propósitos da equipe. As condições ambientais e a ausência de muitos recursos podem afetar o
desempenho, porém uma equipe de alta performance supera todas as dificuldades ambientais.
Para Tonet (2009, p. 72), para que as equipes desenvolvam a competência do trabalho
em equipe é preciso internalizar três fatores: conhecimento, habilidades e atitudes. Santiago
(2008, p. 84-85) define estes fatores da seguinte maneira:
conhecimentos que favorecem a expressão da competência: administração de
conflitos, comunicação, confiança, cultura organizacional, feedback, gestão do
conhecimento, personalidade, tipos psicológicos, comportamento humano, poder,
trabalho em equipe;
habilidades que favorecem a expressão da competência: capacidade de conviver com
as diferenças, capacidades de identificar os comportamentos do grupo, escutar e
perceber o implícito;
As atitudes são importantes para fortalecer o trabalho em equipe e manter o
dinamismo do grupo, expressando desta maneira os valores e os princípios de seus
integrantes.
Os membros da equipe precisam entender os conflitos e solucioná-los, bem como saber
comunicar-se uns com os outros, estabelecendo elos de confiança, conhecendo os valores e
princípios da organização, dar e receber feedback, gerir os conhecimentos e utilizá-los da
melhor forma possível. Seus integrantes precisam compreender que seu comportamento e
personalidade influenciam nas relações, sendo necessário cada indivíduo se auto administrar e
saber trabalhar em equipe.
Além das competências, as equipes de alto desempenho são reconhecidas por sete
características apresentadas por Blanchard; Carew; Carew (2011, p. 25):
propósito;
empoderamento;
relacionamentos e comunicação;
flexibilidade;
ótimo desempenho;
reconhecimento e apreço;
8
moral.
Os propósitos e as metas são definidos pelos próprios membros da equipe, gerando
conhecimento e compromisso com a realização das atividades, os mesmos sabem qual é a
direção, para onde estão caminhando e o que poderão alcançar, o censo de compromisso é
elevado devido à democratização das decisões tomadas pela equipe. O empoderamento diz
respeito à liberdade que é dada a equipe para decidir sobre as suas ações, desde metas até
decisões mais complexas, investindo-a de autoridade e autogestão. As equipes de alto
desempenho fortalecem e intensificam os relacionamentos e a comunicação entre seus
membros, por isto alcançam níveis de produtividade extraordinários.
A flexibilidade destas equipes é evidenciada tanto por seus membros como por seus
líderes, os mesmos devem ser flexíveis uns com os outros atentando suas diferenças e
competências nas atividades, ao passo que o líder deve adaptar seu comportamento a cada
estágio de desenvolvimento da equipe até alcançarem níveis de alto desempenho. Equipes de
alto desempenho são extremamente produtivas devido as competências, motivação, satisfação
e forte relacionamento entre seus integrantes, buscam objetivos cada vez mais elevados que
possam contribuir com o desenvolvimento da equipe e de seus membros. O reconhecimento e
apreço são fatores essenciais para valorizar o trabalho de cada integrante na equipe, motivando
e atendendo suas necessidades, comemorando e parabenizando cada meta alcançada. Assim, o
moral e a satisfação de seus membros estarão elevados para desenvolver o potencial do trabalho
coletivo.
E para que um grupo de trabalho alcance a performance de uma equipe de alto
desempenho é preciso passar por alguns estágios que norteiam o processo de crescimento e
desenvolvimento do mesmo. Este processo pode ser longo e demanda um grande compromisso
das lideranças das organizações e de seus membros. Os indivíduos de um grupo precisam deixar
os interesses próprios para contribuir uns com os outros e dividir as responsabilidades e serem
comprometidos com os objetivos estabelecidos por seus membros, tornando-se desta forma
uma equipe.
Katzenbach e Smith (1994, p. 91-92) apresentam através da curva de performance da
equipe, cinco estágios que as equipes passam até alcançar o nível de uma equipe de alta
performance:
grupo de trabalho;
pseudo equipe;
equipe potencial;
9
equipe real;
equipe de alta performance.
Um grupo de trabalho é conhecido pela falta de necessidade de performance e propósito
comum, ocorrendo apenas interações entre seus membros como troca de informações, práticas
melhores, e decisões que possam melhorar o desempenho de cada indivíduo na organização. A
pseudo-equipe também não está voltado para interações coletivas, tem foco unicamente na
performance individual de seus integrantes. A equipe potencial procura um propósito comum,
um por que de trabalhar em conjunto, bem como metas e objetivos traçados coletivamente.
Equipes reais são compromissadas com um propósito, metas e trabalho comuns sendo
que seus integrantes compartilham a responsabilidade e desempenho da equipe. As equipes de
alta performance estão profundamente compromissadas com o crescimento e sucesso uns dos
outros, neste nível a equipe supera as demais etapas e contribuem significativamente com os
resultados da organização. Para que estes grupos melhorem seu desempenho e se transformem
em uma equipe de alta performance, é preciso de uma liderança eficaz que satisfaça a
necessidade da equipe e avalie seu progresso.
No contexto atual, definir liderança não é uma tarefa fácil, existem diversas
conceituações cada qual construída sob diferentes pontos de vista, porém, a mesma sempre
esteve ligada a habilidade de influenciar, a comunicação, a integridade, o serviço e a visão.
Maxwell (2008, p. 15), resume a liderança como o processo de exercer influência. Para
Hunter (2004, p. 25), liderança é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem
entusiasticamente visando atingir os objetivos identificados para o bem comum. Este conceito
vai além do papel do líder em alcançar os resultados mediante o trabalho em equipe, mas aborda
a habilidade do líder em influenciar para atingir os objetivos almejados pelo grupo, a habilidade
diz respeito ao ponto forte de uma pessoa, e a mesma é desenvolvida ao longo dos anos, sendo
responsável pela experiência do líder, porém o mais importante é como se dá o processo de
influência na liderança. É por meio da comunicação que o líder influencia para alcançar os
objetivos organizacionais, nada acontece sem haver comunicação, sem diálogo. A comunicação
é o elo para o entendimento seja este expresso verbalmente ou cinestesicamente.
A integridade exprime os valores do líder e decorrente desta o mesmo angaria confiança,
credibilidade e influência, seus liderados analisam seu comportamento e sua relação com cada
indivíduo, quanto mais verdadeiro for este comportamento maior será a consideração e
aceitação do líder pelo grupo. O serviço é a função do líder em atender as necessidades de sua
equipe e acompanhar o desenvolvimento desta e de cada integrante, construindo
relacionamentos e obtendo resultados. A partir do momento que há o entrosamento entre líder
10
e liderados, o líder tem influência suficiente para propor um objetivo maior, a visão, a qual é
focada num futuro melhor. Desde os tempos imemoriais houve a necessidade de uma pessoa
que guiasse, mostrasse o caminho, tomasse decisões certas e trabalha-se com afinco.
Desta maneira Bennis e Nanus (1988, p. 19), reforça que liderar é influenciar, guiar em
direção, curso, ação, opinião. Atualmente a eficácia da liderança é medida pelo desempenho do
líder em atender as necessidades de seus liderados, bem como ser um exemplo e ter um caráter
sublime, visto que para influenciar precisa ter credibilidade, porém isto não é o bastante, o
mesmo deve levar em consideração a relação com os liderados e a situação na qual se
encontram. Desenvolver o potencial de cada indivíduo significa trabalhar com seus pontos
fortes, somente desta forma o desempenho será satisfatório, mas até que atinja o grau máximo
é preciso muito empenho, treinamento e conhecimento do processo. A organização precisa de
funcionários produtivos, com competências que contribuam com os resultados da mesma, visto
que o desempenho da equipe é medido pela agilidade com que seus membros conseguem atingir
as metas e quanto mais conhecimento, habilidade e atitude os integrantes possuírem mais
produtiva será a equipe.
As equipes de alto desempenho promovem vantagem competitiva e agregação de valor
à cadeia produtiva da organização, o desempenho é consequência da maximização do potencial
de cada integrante da equipe, e das competências e capacidade de se adaptar ao ambiente onde
estão inseridos. O papel do líder é essencial para que a equipe se desenvolva e alcance à alta
performance, se os resultados não forem continuamente avaliados a equipe não saberá em que
estágio está e nem as medidas para melhorar seu desempenho. O líder permite o crescimento e
o desenvolvimento da equipe, instiga a solução de conflitos, a cooperação, a
complementaridade de conhecimentos, habilidades e atitudes que provêm de seus membros,
contribuindo para que estas equipes sejam eficazes e se tornem um diferencial competitivo para
a organização.
Um dos grandes desafios dos líderes nas empresas está na construção de equipes de alto
desempenho. Muitas vezes vemos equipes com vários indivíduos de alta performance, mas o
resultado não é o esperado. A soma dos esforços não gera sinergia. Uma coisa é conseguir
resultados individuais. Outra, completamente diferente, é conseguir que o trabalho seja feito
em equipe e com sinergia no processo. Se cada integrante da equipe fizer força para um lado
diferente, não se chega a lugar algum. Muitos líderes se esquecem disso.
Portanto, as organizações precisam adotar um modelo de equipes com foco em
desempenho e um líder capaz de guiar estas equipes rumo a alta performance alcançando
através destes recursos maior produtividade e lucratividade.
11
Diante deste cenário o desafio que se coloca para o líder é estar permanentemente atento
a essas variações. Diagnosticá-las com precisão é uma condição necessária para compatibilizar
os estilos de liderança com os níveis de desenvolvimento dos liderados.
A liderança está presente em todos os momentos e situações, seja na vida pessoal ou
organizacional. No livro O Monge e o Executivo, James Hunter (2004, p. 25) aponta que
liderança é “a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando
atingir aos objetivos identificados como sendo para o bem comum”.
A liderança é um fator importante que gera e aplica a energia das pessoas, lhes
proporciona uma direção e sincroniza seus esforços. Com efeito, representa indicador
fundamental do potencial de uma empresa, diferentemente dos resultados financeiros,
que apenas indicam onde a empresa já esteve. Uma forte liderança faz com que uma
boa empresa seja ainda melhor da mesma forma que, com certeza, uma fraca liderança
reduz o seu potencial e, com o tempo, o destrói. (CHARAN, 2008, p. 9).
Um indivíduo demonstra sua capacidade de liderar não apenas por suas próprias
características pessoais, mas na situação da qual se encontra. O líder é visto pelo grupo como
possuidor dos meios para satisfação de suas necessidades, é um estrategista que direciona as
pessoas para alcançar seus objetivos. Porém, estas capacidades, não estão ligadas ao poder e,
sim, a autoridade, conquistada com amor, dedicação e sacrifício.
A liderança não deve ser confundida com gerência ou chefia. Para ser um líder, não
precisa ser necessariamente um chefe; basta ter conhecimento e habilidades que façam com que
o grupo busque a realização dos objetivos. Segundo Tourinho (1981, p. 58) chefe é alguém que
exerce o poder de mando em virtude de uma autoridade oficial ou oficiosa. Líder é uma pessoa
que, graças à própria personalidade e não a qualquer injunção administrativa, “dirige um grupo
com a colaboração dos seus membros”.
Nessa mesma linha, Bowditch e Buono (1992, p. 132) descrevem o gerente como um
profissional "provido de poder legítimo (autoridade) para dirigir as atividades relacionadas ao
trabalho de, no mínimo, um subordinado". Muitas das vezes, observa-se que o chefe comanda,
ou seja, tem poder autoritário sobre os liderados, pois sua obrigação é defender os interesses da
empresa. Já os lideres servem como “guias”, e possuem influência sobre os membros da equipe.
Pree (1989, p. 65) adverte que o líder deve ficar atento, pois “entre as principais queixas
a respeito dos líderes de equipe estão à inaptidão desses elementos para coordenar boas
reuniões, envolver todas as discussões, resolver conflitos e utilizar eficazmente todos os
recursos humanos da equipe”. De acordo com Cusins (1994, p. 09) “ [...] a gerência assume o
papel de direcionar e conjugar esforços, comunicar, liderar, motivar, avaliar e recompensar as
12
pessoas dentro da organização”. O líder convence as pessoas a seguir suas ideias, o chefe apenas
ordena seus colaboradores a atingir seus objetivos. Abaixo, conforme quadro1, seguem algumas
diferenças entre chefe e líder:
Chefe Líder
Ordena Solicita
É autoritário É democrático
indivíduo venha a deixar o cargo, o poder continua a existir na posição e não pode
seguir o indivíduo;
poder de recompensa: pelo fato dos colaboradores subordinados desejarem a
recompensa, eles são influenciados pela possibilidade de recebê-las como produto de
seu desempenho, exemplo: promoções, elogio de gerentes, status e outros.
Geralmente a gerência acena uma variedade de recompensas para motivar o
desempenho no trabalho;
poder coercivo: está relacionado ao gerente punir o colaborador, podendo ser
manifestado em uma simples advertência, suspensão ou até mesmo o desligamento
efetivo;
poder de especialização: é relacionado com a experiência anterior do indivíduo,
conhecimento, habilidades e talentos especiais;
poder de referência: é o poder de um indivíduo de influenciar outro por sua força de
caráter, este poder podemos observar em um astro do esporte, supostamente leva a
aceitação, mesmo que o atleta tenha poucas credibilidades fora da arena esportiva;
poder de informação: é a posse da informação importante em um momento crítico
quando se faz necessário ao funcionamento da organização, assim sendo a secretaria
de um gerente pode se considerar em uma posição poderosa a partir do momento que
tenha informação importante.
Um bom líder deve ter entusiasmo, ser motivado e participativo, ter espírito de equipe,
saber delegar tarefas e cobrar resultados. SantAnna tipifica 6 diferentes tipos de líderes:
autoritário: o líder autoritário é dominador e determina o que será executado pelo
grupo, o que implica na obediência pelos demais; se assemelha ao antigo “chefe”. É
pessoal nos elogios e nas críticas ao trabalho de cada um. Consequência: o grupo, de
modo geral, reage de forma hostil e agressiva, se distanciando por medo;
indeciso: não direciona o grupo e não assume responsabilidades. Consequência: a
equipe se sente desorganizada, gerando insegurança e até atritos entre os membros;
democrático: este líder se preocupa com a participação do grupo, estimulando e
orientando. Ouve as opiniões da equipe e determina junto com ela os objetivos
16
Liderança não é para qualquer um, pois exige, entre outras coisas, uma enorme
integridade pessoal. Integridade tem custo. Um custo que, é muitas vezes insuportável
para pessoas “comuns”. É por isso que chefes são comuns, líderes são raros. É por
isso que existem muitas empresas de sucesso, mas pouca gente feliz lá dentro.
(NOBREGA, 2006, p. 18).
3 CONCLUSÃO
Este trabalho mostrou que cada estilo de liderança tem suas peculiaridades, vantagens e
desvantagens. O líder poderá utilizar todos os estilos de liderança, de acordo com a necessidade,
a tarefa e as pessoas. Cabe a cada bom líder saber equilibrar estas práticas e quando aplicá-las.
Não existe um estilo ideal, único e definitivo de liderar. O melhor estilo que o líder deve
adotar, com uma pessoa ou um grupo, é o que mais se ajuste ao nível de desenvolvimento das
pessoas que ele deseja influenciar. Uma boa liderança é sempre notada pelos seguidores, se
estes estão motivados e alcançam os objetivos pretendidos, é sinal que há um bom líder
orientando o grupo.
17
ABSTRACT
This article aims to typify and analyze the different profiles of leaders, demonstrating which
are the competencies necessary for the conduction of high performance teams. We will also
observe how the members of these teams interact and behave and what the leader's relationship
and importance is in the context of training, development, growth and overcoming. With ever-
increasing business competitiveness, the formation of high-performance teams, and a leader
18
REFERÊNCIAS
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São Paulo: Harbra, 1988.
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Saraiva, 2011.
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______. Você nasceu para liderar: o maior treinador de líderes da atualidade ensina os
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Janeiro: Record, 1997.
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inovadora. 2. ed. São Paulo: Best Seller, 1989.
ROBBINS, H.; FINLEY, M. Por que as equipes não funcionam. Rio de Janeiro. Campus,
1997.
Teresa Ruão
Assistente
truao@ics.uminho.pt
Universidade do Minho
Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade
Campus de Gualtar
4710-057 Braga
Portugal
∗
RUÃO, T. (1999). “A Comunicação Organizacional e a gestão de Recursos Humanos.
Evolução e actualidade”, Cadernos do Noroeste, vol. 12, nº 1-2, pp. 179-194, CCHS -
Centro de Ciências Históricas e Sociais, Universidade do Minho, Braga
Teresa Ruão A comunicação organizacional e a gestão de
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ABSTRACTS
É amplamente reconhecido que a comunicação é essencial ao funcionamento de
qualquer organização. No entanto, a forma como a maioria destas pensa os seus
sistemas de comunicação é excessivamente redutora. O propósito deste artigo é
reafirmar a importância do desenvolvimento e implementação de políticas globais de
comunicação, que integrem todos os sectores e funções da gestão actual. Destaca-se,
particularizando, o papel de uma comunicação global ou integrada na gestão dos
recursos humanos. Adianta-se a hipótese que esta última será mais eficiente se aplicar e
integrar a política global de comunicação da organização como um todo.
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Discussão de Conceitos
Antes de mais, importa situarmo-nos no campo teórico de análise, identificando os
conceitos a articular. Começaremos por relembrar o conceito de comunicação, partindo
depois para a sua ligação à gestão de recursos humanos.
Comunicar é, como sabemos, tornar comum uma realidade, uma informação, uma ideia,
um pensamento ou uma atitude, através de um qualquer meio efectivo. Como tal exige a
presença de um conjunto de elementos: um emissor ou fonte, um receptor ou
destinatário, uma mensagem, um canal, uma situação ou circunstância e uma intenção,
propósito ou necessidade, (Thayer, 1976).
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codificação -, de forma a que este último lhe atribua um significado. O receptor, que se
encontra no outro extremo do processo, é o destinatário da mensagem. É este que
determina o sucesso de qualquer comunicação, ao “levar em consideração” (Thayer,
1976) aquilo que lhe é enviado. É ainda responsável pela operação de descodificação,
que consiste na reconversão dos sinais recebidos através do canal e sua interpretação. O
canal é o meio usado para fazer passar a mensagem da fonte para o receptor e ainda
para transmitir o feedback, que não é mais do que a resposta do destinatário à
comunicação recebida. A mensagem é o conteúdo da comunicação, que sempre
acontece numa situação ou circunstância que relaciona, intencional ou acidentalmente,
o emissor e o receptor. Importa ainda referir que a comunicação acontece sempre que
por parte dos intervenientes haja uma intenção, propósito ou necessidade.
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Segundo esta nova orientação, a gestão de pessoal deveria ser parte integrante do
trabalho de qualquer gestor, quer se trate de um supervisor de linha, de um gestor de
produção ou de um administrador hospitalar. A sua tarefa é sempre conseguir os
melhores resultados através das pessoas que trabalham na organização. É sua função
planear, organizar, gerir, liderar e controlar o seu trabalho e dos seus subordinados,
(Dessler, 1981).
Em todo este processo, como aliás em qualquer outra área da empresa, a comunicação
tem o seu papel. O desenvolvimento da GRH exige a recolha e difusão de informação
respeitante, mais ou menos directamente, aos seus trabalhadores, o que implica levar a
cabo processos comunicativos. Na hipótese já anteriormente formulada, e numa
primeira análise, podemos dizer que uma comunicação pensada e preparada poderá
contribuir para uma GRH mais efectiva, e consequentemente, para o reforço da posição
competitiva da empresa.
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Perspectiva Histórica
Esta perspectiva funcionalista terá também reflexos ao nível dos RH, que, neste
contexto, serão desvalorizados. Os trabalhadores são apenas um meio para atingir os
objectivos organizacionais, pelo que só lhe devem ser comunicadas as informações
necessárias a um correcto desempenho das suas tarefas. À função de pessoal cabe o
controlo da disciplina, das faltas e da performance de cada trabalhador. A compensação
monetária é encarada como a única forma eficaz de motivação.
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Do ponto de vista dos RH, as inovações, permitidas pela nova escola, constituirão um
grande passo no caminho da modernidade. A Escola das Relações Humanas acreditava
que os homens eram a verdadeira essência da organização social, (Kreps, 1990). Sem
trabalhadores não há organização. E estes não são tão previsíveis, precisos e
organizados como pretendia a teoria clássica. São os próprios membros da organização
que decidem quais os seus papeis e como os desempenham. A motivação passava,
agora, pela auto-realização.
Esta perspectiva defendia que quanto maior a satisfação dos trabalhadores, maior a
produtividade. “Um trabalhador contente é um trabalhador mais produtivo,” dizia-se
(Kreps, 1990).
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A comunicação, por seu lado, tornou-se menos limitada, para satisfazer as novas
exigências organizacionais. Se o sucesso da empresa depende do bem estar do
trabalhador, é preciso manter boas relações com o pessoal. E isso implica, por um lado,
conhecer as necessidades e objectivos dos funcionários e, por outro, dar a conhecer as
necessidades e objectivos da empresa. Ou seja, é necessário proporcionar uma
comunicação em todos os sentidos.
Estes autores decidiram aplicar os conceitos da teoria geral dos sistemas ao fenómeno
organizacional. O resultado é a visão da organização como um conjunto complexo,
composto por partes interdependentes, que interagem e se adaptam continuamente às
transformações do meio ambiente, no sentido de atingirem os seus objectivos. Os
componentes chave do sistema são os indivíduos, os grupos funcionais, e as tecnologias
ou equipamentos. Qualquer alteração num destes componentes afectará inevitavelmente
os restantes, (Kreps, 1990).
Assim, segundo esta perspectiva os RH são encarados como qualquer outro recurso, que
a organização importa do meio ambiente (inputs), com o objectivo de realizar as tarefas
necessárias à produção de bens ou serviços (outputs). Para que todo o processo de
transformação (dos inputs em ouputs) se realize da melhor forma, é necessário encontrar
a pessoa certa para o lugar certo. A ênfase é agora atribuída ao desenvolvimento das
técnicas de recrutamento, selecção e formação do pessoal.
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Cada organização tem a sua própria cultura, que fornece aos seus membros um sentido
comum na interpretação da vivência organizacional. Essa cultura é entendida como um
sistema de conhecimentos, valores, crenças, ideias, leis, discursos, acções e artefactos. E
da forma como estes elementos interagem, resulta a identidade organizacional (Fisher,
1993). A cultura é, assim, o elemento mais marcante e decisivo de qualquer
organização.
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A gestão dos RH é agora entendida como uma gestão pela cultura. É fundamental
seleccionar e integrar os trabalhadores em função da cultura desenvolvida na
organização. A cultura é um fenómeno social muito persuasor, pelo que conduzirá os
trabalhadores no cumprimento dos objectivos organizacionais, (Kreps, 1990). Esta
servirá para informar o pessoal, sobre como interpretar e responder às exigências
internas e externas.
A cultura fornece informações sobre o que é a organização, para onde se dirige, e qual o
papel de cada um dos seus membros, (Kreps, 1990). Usando canais de comunicação
formais e informais, a cultura é um importante suporte da GRH.
Perspectiva Contemporânea
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Durante muito tempo, coube à GRH a responsabilidade de informar o pessoal, algo que
era legitimado pela sua necessidade de conhecimento e relacionamento com os
trabalhadores. Mais recentemente, no entanto, e com o desenvolvimento da noção de
comunicação externa (relativa às acções de comunicação entre a empresa e o meio
ambiente relevante (Kreps, 1990), como os consumidores, os meios de comunicação
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No que diz respeito à comunicação externa, a relação entre esta e os RH não é muito
evidente, embora não deixe de existir. Uma campanha publicitária, a participação numa
feira, uma acção de promoção ou o patrocínio de um qualquer evento não deixam de ter
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reflexos nos “clientes internos” da organização. O seu sucesso ou insucesso não deixará
de se reflectir na imagem que os trabalhadores têm da organização, e,
consequentemente, no seu empenhamento, sentimento de pertença e desempenho. Para
além do facto do recrutamento e selecção de pessoal, duas funções chave da GRH,
recorrerem muito frequentemente a canais de comunicação externa para encontrarem a
mão-de-obra mais adequada às necessidades da empresa.
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individual. E isso requer que digamos às pessoas onde se situam e que sejamos
directos;” (Dessler, 1981).
Para cumprir todas estas funções da melhor forma, a GRH tem à sua disposição diversos
canais de comunicação, que poderão adoptar no sentido de dar a conhecer as suas
políticas e programas de actuação e de recolher informação considerada pertinente.
Parte desses canais são denominados de descendentes e incluem: os canais hierárquicos
formais (como os ofícios ou circulares internas); os documentos institucionais ou legais;
os guias de acolhimento; e outros informativos sobre a vida da empresa, como o jornal
ou a revista, os suportes informáticos ou audiovisuais. Tratando-se apenas alguns
exemplos dos suportes comunicativos que a GRH pode utilizar, em conformidade com a
situação e as características particulares de cada organização.
Alguns dos canais de comunicação ascendente mais usados são: os canais hierárquicos
tradicionais (como os ofícios); os sistemas de recolha de sugestões (como as caixas de
sugestões ou simplesmente os relatórios); os inquéritos de opinião; e as instâncias de
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Assim sendo, é inegável o papel que um sistema de comunicação globalizado pode ter
na mobilização dos RH, pela coerência das mensagens transmitidas com a verdadeira
identidade organizacional. Cabe-lhe assegurar a participação de toda a “inteligência” na
realização dos objectivos da empresa, conduzir todos os esforços na “batalha
económica” em que esta se encontra envolvida. Isto através do desenvolvimento e
utilização coordenada de práticas de comunicação descendente, ascendente e lateral,
formal e informal, directa ou indirecta. Aliás, estudos mostram que “quanto mais alta a
produtividade, maior a precisão das percepções. A boa comunicação e o bom
desempenho caminham juntos”, (Likert, 1961).
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Reflexões Finais
Em conclusão, considero poder dizer que há, de facto, uma forte relação entre uma
gestão de RH eficiente e o desenvolvimento de planos de comunicação integrados. Esta
era a minha hipótese inicial e a ideia que conduziu toda a exploração documental. O
reconhecimento da importância e papel da comunicação na GRH, deve ser
acompanhada da consciência de que é necessário desenvolver verdadeiros planos de
comunicação de GRH e não recorrer a meras acções de comunicação isoladas.
Uma GRH eficiente, aquela que é capaz de encontrar a pessoa certa para o lugar certo e
de conduzir à melhoria da performance dos trabalhadores, exige um desempenho
comunicativo rigoroso. Tal desempenho deve incluir uma recolha de informações e
ideias junto dos ambientes interno e externo, e a preparação cuidada das mensagens a
dirigir aos diversos públicos nesses ambientes. E isso só é possível pela adopção de uma
visão programada e integral da comunicação, tanto numa perspectiva particular da
GRH, como numa perspectiva mais geral da organização como um todo. Na verdade,
um sistema de comunicação da GRH deve fazer parte, como um subsistema, do sistema
global de comunicação da organização. Deve ser coerente com este, apesar das suas
atribuições específicas.
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A natureza da informação com que lida a GRH torna ainda mais pertinente a exigência
de um rigor comunicativo. Trata-se de “informação social”, ou de informação relativa
aos grupos sociais que constituem as organizações. E, apesar da dificuldade em
constituir informação a partir de factores intrapessoais e culturais que interferem com o
comportamento humano, também aqui é necessário desenvolver um esforço no sentido
de criar verdadeiros “sistemas de informação social” (Horts, 1988). A tais sistemas
caberia a tarefa de recolher e tratar informações relativas a diferentes grupos sociais,
que coabitam no interior da organização, e que estarão na base das decisões relativas à
aquisição, estimulo ou desenvolvimento dos RH. Sem essa informação as decisões
“arriscariam a ser totalmente incoerentes ou sobretudo desiguais aos olhos dos
colaboradores”, (Horts, 1988).
A organização deve, pois, consagrar à “informação social” a mesma atenção que dedica
à informação económica, técnica ou comercial. Um erro de julgamento, devido a uma
informação incompleta ou pouco fiável poderá conduzir a resultados desastrosos para a
empresa, pois o seu “corpo social” constitui dos elementos mais difíceis de remodelar.
A necessidade desta “informação social” na prática dos recursos humanos, cruza-se com
o domínio da comunicação organizacional. Para obter e difundir informação com
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qualidade, a GRH precisa dos meios, dos canais, das formas e dos conteúdos que
caracterizam as ancestrais práticas de comunicação humana.
Bibliografia
HORTS, C.-H. Besseyre des, (1988), Gérer les Ressources Humaines dans
L’Entreprise, Paris: Les Editions d’Organization.
JABLIN, F.M., PUTMAN, L.L., ROBERTS, K.H., PORTER, L.W., (1989) Handbook
of Organizational Communication, (2ª edição), USA: Sage Publications.
KREPS, G., (1990), Organizational Communication - Theory and Practice, (2ª edição)
New York: Longman.
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Impacto dos Investimentos em P&D nos Resultados Empresariais:
Um Estudo Laboratorial com Jogos de Empresas
Autoria: Manuella de Oliveira Lima, Antônio Carlos Aidar Sauaia
Resumo
1 Introdução
1
inovação tecnológica são os gastos em pesquisa e desenvolvimento (P&D)”. Cabe, portanto,
uma investigação com a finalidade de conhecer eventual relação existente entre os
investimentos em P&D e os resultados obtidos nas empresas.
Sob influência desta premissa, o presente estudo investe na tentativa de analisar até
que ponto investimentos em P&D impactam nos principais resultados de empresas inseridas
em um modelo de mercado oligopolista, por meio do exame das decisões e dos resultados
obtidos em um jogo de empresas, ambiente do experimento aqui relatado.
Cabe destacar que “os Jogos de Empresas, além de promoverem a integração dos
participantes à realidade empresarial, são uma importante ferramenta de treinamento e
desenvolvimento gerencial para as organizações” (DE PRETTO E ALMEIDA, 2007, p. 2).
Esta informação reforça a crença de que os Jogos de Empresas podem ser utilizados para a
simulação do ambiente gerencial das empresas, de forma didática e com resultados
observáveis para aplicação em posteriores pesquisas.
Os resultados das empresas observados no jogo são semelhantes aos de mercado, dado
que os jogos de empresas buscam retratar, de uma maneira simplificada, a realidade complexa
das empresas, por meio da delimitação de algumas variáveis trabalhadas e da restrição do
impacto de outras variáveis no modelo (ROSAS E SAUAIA, 2006, p. 3). Neste sentido,
acredita-se que a escolha do ambiente de jogos de empresas para a realização desta pesquisa
proporciona a observação do comportamento das variáveis dentro de uma perspectiva de
controle e observação dos efeitos do investimento em P&D nos resultados empresariais.
Esta pesquisa está dividida em três seções, assim arranjadas: 1) Revisão da Literatura
(Introdução, Inovação e Pesquisa e Desenvolvimento, P&D e Desempenho Empresarial,
Jogos de Empresas); 2) Desenvolvimento da Pesquisa (Problema de Pesquisa, Métodos de
Pesquisa, Descrição do Experimento e Coleta de Dados, Análise Descritiva dos Resultados,
Discussão); 3) Considerações Finais (Conclusões, Contribuições e Limitações, Proposições
para Novos Estudos e Referências).
2
Andreassi e Sbragia (2001, p. 1) definem P&D como “o trabalho criativo,
desenvolvido em uma base sistemática visando aumentar o estoque de conhecimento
existente”. De acordo com Jensen et al (2004, p. 663), o termo Pesquisa e Desenvolvimento
(P&D) está fundamentado em três bases, a saber:
Pesquisa básica – trabalho de cunho teórico ou experimental que visa a entender
fenômenos e fatos observáveis, sem se deter a uma explicação em particular;
Pesquisa aplicada – investigação realizada quando se deseja explicar um determinado
fenômeno com um objetivo prático e
Desenvolvimento experimental – aplicação de conhecimentos adquiridos no
desenvolvimento de novas técnicas, processos, produtos, entre outros.
Tendo em vista o conceito de pesquisa e desenvolvimento e as áreas onde a mesma
pode ser aplicada, Brown e Swenson (1988) sugerem um modelo para representação da
atividade de P&D dentro da organização, incluindo seus inputs, o processamento e os
possíveis outputs, como pode ser visto na Figura 01.
3
processos leva a empresa a uma posição competitiva diferenciada. Sob um segundo ponto de
vista, o processo de inovação transforma uma empresa, fundamentalmente, quanto ao
incremento de seus processos internos, o que a torna mais flexível e adaptável às mudanças do
mercado. Independente do tipo de investimento feito, os empresários esperam das empresas
uma só coisa: maior ou melhor desempenho.
Martins (1999, p. 74) destaca que foram publicados alguns estudos com críticas aos
sistemas tradicionais de medição de desempenho – com base apenas em produtividade e em
resultados financeiros – o que trouxe à baila na literatura uma série de proposições de novos
modelos de mensuração de desempenho. Entre eles, o autor destaca os seguintes: Smart –
Performance Pyramid; Sistema de medição de desempenho para competição baseada no
tempo; Balanced socrecard; Modelos de medição para valor adicionado; Estruturas de
indicadores de gestão; Desempenho Quantum; Modelo de desempenho para manufatura
classe mundial; Sete critérios do desempenho; Sistema de medição do desempenho integrado
e dinâmico.
Entre todos estes sistemas citados, o mais utilizado nas empresas, atualmente, é o
balanced scorecard. Segundo Kaplan e Norton (1993, p. 134), seus criadores, o balanced
scorecard traz “uma estrutura compreensiva que traduz os objetivos estratégicos da empresa
em um conjunto coerente de medidas de desempenho”.
Seja no balanced scorecard, ou em qualquer outro dos sistemas de medição, há
diversas formas de se estabelecer as medidas de desempenho que serão mensuradas, de
acordo com critérios que estão ligados ao perfil de cada organização. Um modelo interessante
de determinação das medidas de desempenho é o de Leinonen (2001) apud Mettänen (2005,
181), para o qual são estabelecidos sete passos, a saber: esclarecimento da visão e da
estratégia; descrição do processo; reconhecimento dos fatores de sucesso; definição das
medidas; abordagem top down de disseminação das medidas; definição dos principais
relatórios; determinação de como coletar os dados e como reportar resultados.
Neste sentido, Donnelly (2000) apud Bremser e Barsky (2004, p. 233) destaca
algumas métricas usualmente utilizadas para avaliar gastos com Pesquisa e Desenvolvimento
das organizações, a saber: gastos em P&D como percentagem de vendas, novos produtos
aprovados, número de projetos em desenvolvimento aprovados, total de projetos ativos
suportados, total de patentes, porcentagem de venda atual dos novos produtos, percentual de
recursos do orçamento destinados a investimentos em P&D, mudanças na efetividade de
P&D, percentual de recursos dedicados a sustentar novos produtos, desenvolvimento médio
de custo médio por produto.
Estabelecidas as medidas de desempenho de P&D e o ponto em que a mensuração
deste desempenho será ancorada, avalia-se o impacto existente entre variáveis dependentes e
independentes do processo. Para tanto, buscam-se relações entre o que está sendo investido e
o que resulta destes investimentos, em relação ao desempenho esperado. No âmbito da P&D,
é comum tentar estabelecer relações entre investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento e o
resultado que isso traz para a organização.
Andreassi (2000, p. 66) criou um resumo (Quadro 1) dos principais autores e enfoques
na literatura sobre a relação entre investimentos em P&D e resultados empresariais.
4
no faturamento e gastos em P&D em períodos subseqüentes. Morbey e Reither
(1990) e Brener e Rushton (1989) encontraram correlação positiva e
significativa entre gastos em P&D e crescimento do faturamento em períodos
subseqüentes. Brener e Rushton (1989) não encontraram correlação entre
crescimento do faturamento e gastos em P&D em períodos subseqüentes.
Gastos em P&D e participação Na teoria schumpeteriana as estruturas oligopolísticas facilitam a inovação,.
no mercado Enquanto Matesco (1993) afirma que tal relação é muito influenciada pelo grau
de rivalidade do setor, para Chandler as indústrias tecnologicamente avançadas,
melhoram os produtos e processos para manter e ampliar seu mercado.
Gastos em P&D e novos Wolf (1995) observou forte correlação positiva entre as variáveis.
produtos
Patentes e participação de Scherer (1965) não encontrou correlação significativa.
mercado
Patentes e lucratividade Scherer (1965) não encontrou correlação significativa.
Patentes e faturamento Odagiri (1983) cita os trabalhos de Scherer e Branch, os quais encontraram
correlação positiva e significativa entre patentes e evolução no faturamento.
Fonte: Adaptado de Andreassi (2000, p. 66).
Na maioria dos casos (Quadro 01) não foram encontradas correlações significativas na
literatura, porém, há sinais de relações positivas e significativas, entre gastos em P&D e lucro
líquido (a valores absolutos, segundo Parasuraman e Zeren, 1983), Gastos em P&D e
faturamento (ODAGIRI, 1983), Gastos em P&D e participação de mercado, e entre patentes e
evolução do faturamento (ODAGIRI, 1983).
Em seu estudo, Andreassi (2000, p. 172) afirmou que apenas as variáveis “número de
doutores, mestres e graduados alocados a P&D por número de funcionários” e “percentual de
projetos de inovação finalizados”, como proposto no modelo conceitual, diferenciam as
empresas mais inovadoras das menos inovadoras. O autor destaca ainda que, como a variável
“percentual de projetos de inovação finalizados” pode sofrer variações, dada sua difícil
mensuração, considera-se o número de funcionários alocados a Pesquisa e Desenvolvimento
como sendo o grande diferencial das empresas mais inovadoras, frente às demais empresas.
4 Jogos de Empresas
Para que a essência da pesquisa com jogadores atuando em uma empresa sediada em
um ambiente experimental competitivo possa ser captada, foi delineado um breve histórico
dos jogos de empresa, e trazidos alguns dos principais conceitos que envolvem o tema.
Os autores Keys e Wolfe (1990, p. 309) mencionam o surgimento do uso de jogos com
função educacional em meados de 3.000 anos A.C. Tais jogos eram destinados a simulações
de guerra, com o intuito de treinar os soldados. Um dos mais famosos, nesta época, era o jogo
indiano Chaturanga, o qual se assemelhava a um xadrez dos dias atuais. Porém, um dos mais
bem elaborados jogos apareceu já no século XVIII e era conhecido como New Kriegspiel, de
autoria de George Venturini. Com o aparecimento destas versões, os jogos de guerra
evoluíram para jogos de estratégia, os quais se popularizaram como jogos de empresa. Keys e
Wolfe (1990, p. 309) afirmam ainda que a primeira versão conhecida de Jogo de Empresa foi
denominada de Top Management Decision Simulation, desenvolvida para a Associação
Americana de Gestão. Já o primeiro jogo voltado para estudantes teria sido aplicado pela
primeira vez em 1957, na Universidade de Washington, pelas mãos de Schreiber.
De acordo com Sauaia (1995, p. 9) os jogos de empresa permitem simular situações
gerenciais em empresas de pequeno, médio e grande porte, incluído corporações
internacionais, com a vantagem de se poderem cometer erros sem que os acionistas destituam
os gestores de seus negócios, visando à aprendizagem gerencial.
5
A década de 50 marcou a difusão dos jogos de empresas na América do Norte, com o
surgimento do Monopologs, simulador de fornecimento de materiais para as forças
americanas. Segundo Jackson (1959) apud Rosas (2006, p. 30).
No Brasil, os jogos de empresas chegaram em meados da década de 70, por meio das
universidades. Uma das primeiras dissertações tratando do tema foi concebida no mestrado da
FEA/USP por Tanabe (1973). Desde 2002 o grupo de pesquisas Simulab atua na
FEA/USP/SP, estudando, aplicando e concebendo simulações empresariais (SAUAIA, 2007).
Rosas (2006, p. 41) mencionou que já nos anos 70, podiam ser encontradas pesquisas
na área de jogos de empresa na Escola Politécnica da USP, na Fundação Getúlio Vargas de
São Paulo e, posteriormente, em meados de 80, na Universidade Federal de Santa Catarina.
Em sua dissertação de mestrado, uma das pioneiras no Brasil, Tanabe (1973, p. 24),
define jogo de empresa como sendo um exercício onde se tomam decisões, estruturado em um
modelo que simula uma situação empresarial, onde os participantes têm a tarefa de
administrar as empresas simuladas. Sauaia (1995, p. 8) amplia esta definição na primeira tese
sobre o tema, afirmando que jogo de empresas é “um método de ‘aprendizagem vivencial”.
Tanabe (1973, p. 24) faz uma distinção entre os objetivos da simulação e dos jogos de
empresa. A simulação, segundo o autor, tem como objetivo “obter soluções específicas para
cada problema, em particular”, enquanto o jogo tem como objetivo treinar os participantes,
por meio do ensino de técnicas e cenários para observação de seus comportamentos. Para
autores brasileiros como Tanabe (1973), Sauaia (1995; 2007) e Rosas (2006), os jogos de
empresa possuem duas funções principais: 1) Educação: treinar e desenvolver executivos e
especialistas em empresas, bem como pode ser aplicado em cursos superiores e de pós-
graduação; Pesquisa: servir de laboratório para testar hipóteses de teorias e conhecimento de
campo, em estudos de Administração e afins.
O processo de tomada de decisão em jogos de empresas possibilita aos participantes
atuar em diversos papéis gerenciais, definindo metas estratégicas e funcionais, controlando
suas ações e acompanhando seus resultados (SAUAIA, 1995, p. 42). A vantagem do jogo é
que todos estes processos são realizados sem perda de dinheiro real e geram aprendizado
semelhante ao de uma experiência não fictícia, uma situação vivencial.
5 Problema de pesquisa
6 Método de pesquisa
6
O presente estudo de natureza exploratória baseou-se na análise quantitativa dos
dados referentes a nove empresas concorrentes geridas no contexto de um jogo de empresas,
contendo os históricos de investimentos e resultados empresariais obtidos em um período de
quatro rodadas do jogo, sendo cada rodada correspondente a um trimestre. O jogo foi
conduzido em uma disciplina de pós-graduação stricto sensu na qual o desempenho valia 50%
da nota dos participantes, assegurando o envolvimento responsável de todos os agentes. O
ambiente constituiu-se de um Laboratório de Gestão, conceitualmente caracterizado por
Sauaia (2008) pela conjugação de três dimensões educacionais: as regras econômicas
descritas no manual do simulador; o jogo de empresas decorrente da vivência dos jogadores
em que as decisões são tomadas sob incerteza; a pesquisa aplicada conduzida pelos
participantes com vistas ao teste de hipóteses ou da efetividade de políticas gerenciais.
A pesquisa contou com dados secundários, provenientes de revisão da literatura e
com dados primários referentes às decisões tomadas pelos participantes do jogo e dos
relatórios gerados pelo sistema com os respectivos resultados.
Para análise dos dados, foram utilizadas estatísticas descritivas, representadas em
gráficos de linha, além de correlações bivariadas, com a utilização do índice de Spearman,
para estatísticas de dados não paramétricos (SIEGEL, 1981).
O modelo que serviu de base para a construção da problemática da pesquisa e das
diretrizes do estudo foi proposto por Brown e Svenson (1988) e foi adaptado para os
propósitos desta pesquisa.
De acordo com o modelo, os recursos aplicados em P&D (financeiros e humanos)
são tratados como entradas, enquanto na saída (lucro, faturamento, faturamento gerado por
novos produtos, participação no mercado e redução de custos Advinda de Melhorias no
Processo) são apresentados os resultados obtidos pela empresa. Em meio aos Inputs e
Outputs, encontram-se as atividades de P&D, as quais levam aos efeitos de P&D e estes, por
sua vez, conduzem aos resultados empresariais. Influenciando este sistema estão: o setor de
atividade em que a empresa atua, o porte da mesma e a origem do seu capital.
Na definição de Schiffman & Kanuk (2000, p. 465) um modelo é “uma representação
da realidade destinada a mostrar relacionamentos entre vários elementos de um sistema ou
processo sob investigação”. Dada a simplificação das relações estudadas no modelo do
simulador de empresas utilizado, notou-se que os modelos conceituais de Brown e Sevenso
(1988) e de Andreassi (2000, p. 75) incluem variáveis que não estão contempladas. Desta
feita, buscando uma melhor adequação do modelo, adotou-se a seguinte estrutura (Figura 02):
Figura 02. Modelo conceitual adaptado à pesquisa: relação entre investimentos em P&D e resultados
empresariais no jogo de empresas.
Fonte: Adaptado de: Brown e Svenson (1988); Andreassi (2000, p. 75).
7
7.1 O Ambiente de Pesquisa
8
Os valores foram coletados em formato absoluto, porém, para que fosse obtido um perfil
gráfico mais uniforme e para que os investimentos em P&D pudessem ser comparados com a
Taxa Interna de Retorno e o market share, ambos em formato percentual, adotou-se o valor
relativo de investimentos em P&D, bem como das demais variáveis absolutas (mercado
potencial, volume de vendas, receita bruta e lucro líquido). Os valores relativos foram
calculados segundo o seguinte raciocínio:
VX , pn
VariávelRelativa =
∑Vpn , sendo que,
Vx,tx=Variável x em um período n
∑Vpn=O somatório de todas as variáveis de um período.
Seguindo esta fórmula, obteve-se para o cálculo das correlações e para a construção
dos gráficos, o valor da participação ponderada de cada empresa, em relação ao total do
período, no caso da variável estudada.
Coletados os dados, procedeu-se à construção de uma matriz para sua tabulação no
software estatístico SPSS, com auxílio do Microsoft Excel, para algumas complementações
necessárias. Para o processamento da correlação, considerou-se o primeiro período de
Investimento em P&D. O objetivo foi, portanto, avaliar o investimento feito no primeiro
período em relação aos demais, dado que, segundo Sauaia (2007, p. 25), o investimento em
P&D impacta nos resultados do jogo da seguinte maneira: 20% no curto prazo (o próprio
trimestre), 30% no médio prazo (o segundo trimestre) e 50% no longo prazo (o terceiro
trimestre). Da mesma forma, para análise dos gráficos, foi considerada a evolução dos
resultados a partir do investimento inicial em P&D.
9
Foram examinados os casos extremos, conforme os valores ponderados investidos em P&D,
em relação à média das empresas (Figura 03):
Nota-se na Figura 3 que, considerada a média de investimentos no setor em cada
trimestre, em torno de 11%, as empresas que mais se destacam em relação ao percentual de
investimentos do setor no primeiro trimestre em P&D são:
• a Poliple por ter investido pouco, cerca de 8%, em relação ao total,
• a Jacteus, por ter investido o maior montante, 17% em relação ao todo, no primeiro
trimestre. Estas serão as empresas cujos gráficos serão analisados.
Investindo bem mais que a Poliple em P&D, a empresa Jacteus obteve (Figura 05), no
segundo trimestre, um leve incremento em seus indicadores, com especial destaque para o
lucro líquido, com aumento considerável (35%).
10
Em relação ao mercado potencial, a empresa também teve aumento e, em comparação
com a Poliple, a que menos investiu no primeiro período, a Jacteus gerou, só no segundo
período, um mercado potencial 3,5% maior que sua concorrente (Poliple) analisada neste
artigo, o que, para o setor fragmentado em nove empresas, é um valor considerável.
Observa-se na Tabela 01 que não houve correlação significativa entre as variáveis.
Uma pequena correlação a 5% de significância apareceu entre Investimentos em P&D no
trimestre 01 e o Mercado Potencial no trimestre 03, possível indício de que, em longo prazo,
investir em P&D é fator importante no aumento do Mercado Potencial, em mercados de
tecnologia.
9 Discussão
11
A terceira análise deste artigo comparou Investimentos em P&D e Volume de Vendas.
Não foram encontradas na literatura estudada referências a esta relação, mas optou-se por
incluí-la na pesquisa, adotando-se como premissa a idéia de que, investimentos em P&D
trazem diferencial ao produto e, por conta disso, poderiam gerar um maior volume de vendas
para a empresa que o fizesse.
Por fim, destaca-se a importância de Pesquisa e Desenvolvimento para a geração de
mercado potencial. Porém, sabe-se que, de acordo com o modelo do simulador (Sauaia,
2007), investimentos em P&D exercem impacto determinante na geração de mercado
potencial. Na prática a correlação encontrada entre estas variáveis estudadas foi fraca e
isolada.
A relação entre Investimentos em P&D e Participação de Mercado (Market Share) já
foi estudada. Os estudos teóricos (ver Quadro 01) evidenciaram de que, principalmente em
mercados oligopolísticos, os produtos demandam inovação e investir em P&D é uma das
ferramentas para conquistar e manter mercados. Neste sentido, não foi encontrada correlação
significante entre as variáveis P&D e Market Share, o que pode ser confirmado com a
observação da Tabela 01. Por fim, um outro índice para o qual não foram encontrados
resultados na teoria sobre o impacto dos investimentos em P&D foi a Taxa Interna de
Retorno. Esta taxa, por representar de forma bastante ampla os resultados referentes aos
investimentos feitos na empresa, foi utilizada neste trabalho para que se tivesse uma visão da
influência dos investimentos em P&D sobre os resultados gerais de cada empresa estudada.
Assim como nos demais casos já apresentados, não foram encontradas correlações
significativas para a relação entre essas duas variáveis.
Cabe destacar alguns fatos interessantes, em relação às empresas estudadas. O quarto
trimestre representou para quase todas as empresas, um grande crescimento nos resultados,
sendo que, na maioria dos casos o quarto trimestre foi o que menos recebeu investimentos em
Pesquisa e Desenvolvimento, o que pode sugerir um reflexo, no quarto período, dos
investimentos em P&D acumulados dos três períodos anteriores. Esta afirmativa tem por base
o modelo do simulador, onde os investimentos em P&D afetam os resultados das empresas,
mais significativamente, em médio e longo prazos.
10 Conclusões
Dada sua estrutura simplificada, o jogo possibilitou que a análise controlada fosse
desenvolvida com a observação de uma quantidade menor de variáveis, ao contrário das
pesquisas que antecederam este estudo. Neste sentido, a idéia desta pesquisa foi buscar
correlações entre investimentos em P&D e os indicadores da organização, num ambiente de
jogos de empresa.
Dentro do contexto laboratorial, apenas uma variável indicou a existência de
correlação, o que denota que o impacto das demais variáveis pertencentes ao modelo, além de
Pesquisa e Desenvolvimento, pode ser considerado relevante e dissolver o efeito de
investimentos em P&D nos resultados obtidos pela organização. Em especial, as demais
variáveis do composto de marketing consideradas no jogo (preços e práticas de preços,
promoção e distribuição) podem ter impactado nos resultados do cálculo da correlação. Outro
ponto que deve ser considerado, ainda no âmbito do jogo, é de que forma a conjunção dos
investimentos realizados, considerando-se P&D, máquinas e equipamentos, manutenção entre
outros, pode ter favorecido ou não os resultados finais em cada empresa. A consideração
destes aspectos parte do princípio de que o consumidor do jogo é um ser racional, que age
mediante a comparação das condições oferecidas por cada empresa. No jogo, portanto, não há
12
a idéia de consumidor emocional. A compra do produto é realizada mediante a melhor
combinação de condições de venda que determinada empresa oferece. Desta feita, mesmo
com altos investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento, uma empresa pode não ter obtido
resultados favoráveis, graças aos demais fatores determinantes do consumo, percebidos pelo
consumidor simulado.
Trazendo as conclusões deste estudo para o ambiente organizacional, destaca-se a
importância de estabelecer um papel para Pesquisa e Desenvolvimento na organização, visto
que o fato de não haver uma relação direta entre os investimentos em P&D e os resultados
obtidos pelas empresas, não significa que esta atividade deva ser eliminada das empresas. A
pesquisa de novas tecnologias e o desenvolvimento de produtos e serviços que satisfaçam os
desejos dos consumidores devem estar associados ao perfil de negócio de cada empresa. As
organizações que trabalham com tecnologia, por exemplo, devem desenvolver políticas
focadas em P&D, as quais serão eficazes, desde que os sinais do mercado sejam interpretados
e transformados em outputs que atendam e estimulem o crescimento da demanda. Neste
sentido, a de pender do mercado em que a empresa está inserida e da forma como os
concorrentes estão desenvolvendo suas estratégias, os investimentos em P&D deverão ser
mais ou menos considerados. Em empresas de tecnologia, onde seus produtos e/ou serviços
possuem ciclos de vida cada vez mais curtos, é essencial que se tenha um P&D bem
estruturado e recebendo investimentos consideráveis. Desta feita, pressupõe-se que o impacto
dos investimentos em P&D nos resultados obtidos pela organização estaria ligado ao tipo de
indústria em que esta empresa atua. Ou seja, uma empresa que possui um produto que
demanda baixo grau de inovação, poderá ter seus resultados finais menos afetados por não ter
investido tanto em P&D, que uma empresa da indústria de softwares, por exemplo.
Este estudo, infelizmente, não possibilitou este tipo de análise, visto que o cenário foi
baseado em um oligopólio, com empresas produtoras de um mesmo produto, não sendo as
indústrias, portanto, diferenciáveis.
Por fim conclui-se que investir em Pesquisa e Desenvolvimento não garante,
diretamente, resultados positivos para as organizações. Porém, a necessidade de criar e manter
um setor voltado para o a pesquisa e o desenvolvimento de inovações nas organizações, seja
qual for o negócio, é elemento chave para o sucesso. Neste sentido, dependendo do nível de
inovação exigido pela indústria onde o negócio está inserido, maior deverá ser o nível de
investimento em Pesquisa e Desenvolvimento, para sustentar e criar inovações.
11 Contribuições e Limitações
13
de mercado potencial, voltando-se apenas para os resultados internos, que podem ser
calculados por variáveis controladas pelas organizações.
O desenvolvimento deste experimento num ambiente laboratorial possibilitou o
isolamento de algumas variáveis, aumentou a possibilidade de parametrização e controle, não
examinou as manifestações de cunho emocional no jogo, comumente encontradas em um
ambiente de negócios.
13 Referências
14
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1973.
APÊNDICE 1
15
Total 580871 100 551868 100 1010462 100 1401830 100 3545031 100
Empresas MS01 MS02 MS03 MS04 MS_Médio MS_Soma TIR01 TIR02 TIR03 TIR04 TIR_ANUAL
ALFA SET 12 6 12 13 11 44 3 0 1 2 7
POLIPLE S/A 13 11 8 12 11 44 2 1 2 2 9
BIC SET 12 9 15 1 9 36 2 1 2 1 3
DELTA SET 14 15 13 12 13 53 3 2 2 2 9
JACTEUS 10 12 11 13 12 46 2 2 2 2 10
ANDRÔMEDA 9 13 14 12 12 49 -2 1 2 2 9
CONECTIVA SET 11 9 9 12 10 41 2 0 1 1 4
MARCANTE 10 8 5 11 9 34 1 1 0 1 5
KEEP WALKING 11 14 14 14 13 53 2 2 2 2 10
16
Editor-Chefe: Fauze Najib Mattar | Editor Adjunto: Claudio Alberto de Moraes
Sistema de avaliação: Triple Blind Review | Publicação: Associação Brasileira
de Empresas de Pesquisa (ABEP) | Idiomas: Português e Inglês
Norberto Almeida de Andrade*, Giuliano Carlo Rainatto, Jucilene Moreira de Barros Faria, André Luis da Silva
RESUMO
Conectividade e tecnologia alteraram a maneira como abordamos o marketing. Submissão: 26 junho 2018
O Marketing 4.0 tornou-se a abordagem de marketing mais inovadora até Aprovação: 18 dezembro 2018
então, por conta do imenso volume de dados, Big Data, fluxo de informações e
comportamento de consumo no ambiente digital, assim se constitui o *Norberto Almeida de Andradei
Marketing 4.0 – do tradicional para o digital através da convergência de todos Mestre em Administração pela
estes fatores, centrado no humano. Mais do que monitoramento, métricas, Faculdades Metropolitanas Unidas
plataformas para acompanhar, mensurar e oferecer produtos e serviços tudo é (FMU). Pós-Graduado em
feito para um ser humano e não computadores, o protagonista é o consumidor. Marketing Digital pela Faculdade
Muito tem sido especulado, mas revistas acadêmicas têm publicado pouco de Impacta Tecnologia.
sobre Marketing 4.0. Talvez, porque a total compreensão do Marketing 4.0 Endereço: Rua Baltazar Brum, nº
requer: em primeiro lugar um conhecimento profundo sobre a evolução do 302, Casa 5, Vila Ré, 03667-000,
marketing, e em segundo lugar, uma análise de como uma gama de tecnologia, São Paulo, SP, Brasil.
além da Internet e as mídias sociais podem ser usados para estratégias de E-mail:
marketing no ambiente digital melhorando o relacionamento marca- norbertofatecsp@hotmail.com
consumidor e seus insights para inovação de produtos e serviços. Levando-se
em conta a forma como o comportamento dos consumidores tem mudado com Giuliano Carlo Rainattoii
a Era da Internet, vamos rever conceitos de Marketing, analisando como o Big Pós-Graduado em Direito
Data pode ser usado para melhorar a relação marca-consumidor. Tributário pela Fundação Armando
Alvares Penteado (FAAP) e em
PALAVRAS-CHAVE: Marketing 4.0; Big Data; Web 2.0; Engajamento. Finanças pela Universidade de São
Caetano do Sul (USCS). Mestre
ABSTRACT em Administração pela Faculdades
Metropolitanas Unidas (FMU).
Connectivity and technology have changed the way we approach marketing. E-mail:
Marketing 4.0 is one of the most innovative marketing programs to date, giulianorainatto@yahoo.com.br
because of the volume of data, Big Data, information flow and consumption
behavior without a digital environment, as well as Marketing 4.0 - from Jucilene Moreira de Barros
traditional to digital through the convergence of all of these factors, centered Fariaiii
on the human. More than monitoring, metrics, platforms to monitor, measure Pós-Graduada em Marketing de
and offer products and services to a human being and not, the protagonist and Relacionamento pela Universidade
consumer. Much has been speculated, but academic journals have published São Judas Tadeu (USJT) e
little on Marketing 4.0. Perhaps, because a total understanding of the Mestranda em Administração pela
applicant Marketing 4.0: first a thorough knowledge about a marketing Faculdades Metropolitanas Unidas
development, and second, an analysis of how a range of technology, in (FMU).
addition to the Internet and how social media can be used to the marketing E-mail: jucil.faria@gmail.com
strategy in the digital environment improving the brand-consumer relationship
and its insights for product and service innovation. Taking into account how André Luis da Silvaiv
consumer behavior has changed with an Internet Age, let's review Marketing Mestre em Administração pela
concepts, analyzing how Big Data can be used to enhance a brand-consumer (FMU) Faculdades Metropolitanas
relationship. Unidas.
E-mail: andre22.adm@bol.com.br
KEYWORDS: Marketing 4.0; Big Data; Web 2.0; Engagement.
PMKT – Revista Brasileira de Pesquisas de Marketing, Opinião e Mídia (PMKT on-line) | ISSN 2317-0123 (on-line) | ISSN 1983-9456 (impressa
2008-2013) | São Paulo, v. 11, n. 3, p. 272-287, set.-dez. 2018 | www.revistapmkt.com.br 272
Jornada de engajamento do consumidor por meio do Marketing 4.0 e o Big Data | Norberto Almeida de Andrade, Giuliano Carlo Rainatto, Jucilene
Moreira de Barros Faria, André Luis da Silva
1 INTRODUÇÃO
As empresas buscam novas formas de influenciar as decisões dos consumidores individuais, mas
também de olhar para ganhar os corações e mentes dos consumidores. Um novo contexto tornou-se
aparente, onde as tendências sociais e econômicas emergentes cada vez mais visíveis destacam a
necessidade de formas alternativas e mais sustentáveis de viver, criar e consumir. Nesta última
década, essa necessidade tornou-se mais amplamente reconhecida e tecnologias ao serviço dos
consumidores tornam-se cada vez mais possíveis (Bagozzi, 1995).
O novo consumidor exibe um comportamento de compra e consumo socialmente responsável.
Como este é um consumidor exigente e informado, ele tem mais poder no que diz respeito à
empresa que está sendo consultada, por vezes, ser capaz de participar ativamente no
desenvolvimento de certos processos de negócios. Neste contexto, as empresas devem reconsiderar
como eles interagem com seus clientes (Birkinshaw, Hamel, & Mol, 2008). Desenvolver novas
ações para alcançar a sua participação total e o ativa dos consumidores, bem como o seu
envolvimento emocional, é essencial para a sobrevivência das empresas. A chave pode estar na nova
abordagem de Marketing: o Marketing 4.0 do tradicional para o digital é especialmente crucial para
as empresas, uma vez que eles têm aumentado a compreensão dos seus consumidores (Corstjens &
Lal, 2012). Varejistas on-line podem acompanhar não só o que os clientes compram, mas também o
que mais eles buscam; como eles navegam através do site; o quanto eles são influenciados pelas
promoções, revisões, e layouts de páginas; e semelhanças entre os indivíduos e os grupos (McAfee,
Brynjolfsson, Davenport, Patil, & Barton, 2012). Todo esse fluxo de informações aumenta o poder
de estratégia da empresa, se possuírem as ferramentas certas e também souberem como usá-las.
Mediante este cenário, pretendemos oferecer evidências sobre as maneiras que as empresas utilizam
o marketing para melhorar a sua relação com os consumidores, respectivamente analisaremos como
o Big Data pode ser uma estratégia para conhecer, entender e mensurar as necessidades e
comportamentos dos novos consumidores (Turban, King, Lee, Liang, & Turban, 2015). Vamos
rever a evolução do conceito de marketing de Marketing de 1.0 a Marketing 3.0. Em seguida,
apresentaremos o conceito de Marketing 4.0, como a evolução do Marketing 3.0, quando utilizada
de forma intensiva com a tecnologia. Finalmente, uma vez conceituado o Marketing 4.0 e o Big
Data, analisaremos a filosofia e mudanças estratégicas exibidas por empresas para melhor servir os
seus consumidores. Esta seção termina com algumas conclusões e recomendações chaves de gestão
para as empresas. Por exemplo, as empresas devem saber como o uso de do Big Data tem o
potencial de transformar os negócios tradicionais, oferecendo-lhes oportunidades ainda maiores
para a vantagem competitiva. Os gestores podem medir e, portanto, gerir de forma mais precisa
através de uma análise previa dos dados coletados. Além disso, eles podem fazer melhores
previsões e decisões mais inteligentes, bem como alvo de intervenções mais eficazes, em áreas que
até agora têm sido mais especuladas por instinto e intuição do que por dados e rigor (Hoffman,
Praveen, & Thomas, 2010).
PMKT – Revista Brasileira de Pesquisas de Marketing, Opinião e Mídia (PMKT on-line) | ISSN 2317-0123 (on-line) | ISSN 1983-9456 (impressa
2008-2013) | São Paulo, v. 11, n. 3, p. 272-287, set.-dez. 2018 | www.revistapmkt.com.br 273
Jornada de engajamento do consumidor por meio do Marketing 4.0 e o Big Data | Norberto Almeida de Andrade, Giuliano Carlo Rainatto, Jucilene
Moreira de Barros Faria, André Luis da Silva
vez mais empresas são capazes de analisar rapidamente uma quantidade grande e variada de
dados que eles e seus consumidores geram (Ahuvia, 2005). Em grande medida, essas mudanças são
causadas por conectividade, interatividade e capacidade de processamento de informação,
permitindo assim o uso da tecnologia. As duas primeiras características são mais típicas da
tecnologia da informação e comunicação, e particularmente a Internet, e o terceiro é mais adequado
para determinados tipos de software projetados para a coleta, processamento e análise de dados
(Fotis, 2015).
Pessoas e organizações estão mais interconectados do que nunca. Isso permite que eles
compartilhem um espaço virtual com alcance global, a fim de obter informações, para se comunicar,
interagir e trocar informações, conhecimento ou qualquer outro produto, superando, assim, tempo e
espaço, sem barreiras geográficas (Fortis, 2015; Turban et al., 2015).
Por outro lado, o alto grau de interatividade que é possível por meio das comunicações com essas
tecnologias permite que os diferentes atores envolvidos no processo de criação de valor - em
particular os consumidores - podem desenvolver um papel mais ativo na sua relação com a empresa
(Dholakia, Zwick, & Denegri-Knott, 2010). Nesta linha, Copeland e Malik (2005) mostram que a
nova tecnologia permite a conectividade e interatividade de indivíduos e grupos, bem como facilitar
a propagação do boca-a-boca e compartilhamento de informações. A nova onda de tecnologia
permite que as pessoas mudem de meros consumidores para prosumers. Um prosumer é uma pessoa
que consome e produz mídia. É derivado do "prosumption" (Toffler, 1980), um termo de negócios
ponto-com que significa "produção por consumidores".
Por meio da tecnologia, a web 2.0 e especialmente as mídias sociais tornaram-se uma ferramenta
que permite que os indivíduos se expressem e colaborem com outras pessoas. Nesta situação, as
pessoas podem criar novas ideias, entreter-se e consumir conteúdos dos mais diversos (Botsman &
Roger, 2010). Mídias sociais é um termo amplo e abrange as várias plataformas de comunicação
social, em linhas diferentes. Plataformas de comunicação que incluem sites de redes sociais (por
exemplo, Twiter, Facebook, LinkedIn etc.), Wikis (por exemplo, Wikipedia), sites de
compartilhamento de multimídia (por exemplo, YouTube, Pinterest, Instagram e Flickr), Mundos
Virtuais (por exemplo, o Second Life), (Kaplan & Haenlein, 2010). Estas plataformas de mídia
sociais famosas que são utilizadas para geração, compartilhamento e informações de conteúdo são
coletivamente rotuladas como Web 2.0 (McAfee, 2006). Mídias sociais e Web 2.0 são
freqüentemente usados alternadamente. Na verdade, as mídias sociais e web 2.0 são dois termos e
conceitos distintos. Web 2.0 está relacionada com as aplicações de software on-line; é a tecnologia
baseada na Internet que permite aos usuários mesmo sem nenhum conhecimento técnico
participarem na geração de informação e compartilhamento (Jara, Parra, & Skarmeta, 2012).
Considerando que a mídia social se refere aos aspectos sociais da utilização de aplicações web
2.0, estes usos sociais contemplam a participação, transparência, interação, conversação,
comunidade e conexão (SpannerWorks, 2007). Estes aspectos sociais baseiam-se em quatro
“princípios de abertura (de Padrões e envolvimento externo), a produção de pares, compartilhar e
agir globalmente”. Segundo Tapscott, Williams e Herman (2007) as ferramentas de mídia social
oferecem uma plataforma comum para as pessoas em todas as nações e culturas para gerar e
compartilhar conhecimento, informação, meios de comunicação, ideias, experiências, opiniões e
assim por diante.
As características únicas de mídia social que o diferenciam de mídia tradicional e on-line são: (1)
A mídia social é gerada por usuários e eles têm mais controle sobre a sua geração de conteúdo e
utilização. As ferramentas de mídia social não só permitem aos usuários gerar, publicar e
compartilhar o conteúdo, mas também os permite criticar e classificar o conteúdo on-line (Dickey &
Lewis, 2012).
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Além disso, a mídia social é onipresente na natureza. Ela fornece as oportunidades para
muitas pessoas em todo o mundo e em todas as culturas de interagir uns com os outros e formam
uma comunidade global com base em experiências e interesses comuns (Edwards, 2011).
A tecnologia permite que as organizações possam acessar e gerenciar rapidamente uma grande
quantidade de informações que é a chave para os seus processos de tomada de decisão (McAfee,
2006). A este respeito, há muitas empresas, que têm instalado sistemas de informação para capturar
ordens, processos e comunicar informação de forma eficaz e eficiente. Alguns sistemas, tais como
CRM (Customer Relation Management), permite a empresa monitorar e mensurar o contato com os
seus clientes e com isso automatiza as conexões, de acordo com a informação que detém. Este valor
é adicionado à oferta feita pela empresa, para diferenciar a marca de seus concorrentes e melhorar a
qualidade do atendimento oferecido ao cliente (Brown & Vessey, 2003).
Outros sistemas, como ERP (Enterprise Resource Planning) fornecem informações integrais,
facilitando o fluxo de informações entre departamentos ou atividades da empresa. O ERP é definido
como um software de gestão empresarial, um conjunto de aplicativos integrados, que são usados
para coletar, armazenar, gerenciar e interpretar dados de muitas atividades empresariais diferentes.
Estes incluem: planejamento de produtos e materiais de compra; fabricação ou prestação de
serviços; marketing e vendas; gestão de inventário; e transporte e pagamento. Este sistema
proporciona uma visão integrada dos processos de negócio, muitas vezes em tempo real, utilizando
bases de dados comuns mantidos por um sistema de gerenciamento de banco de dados (Ravald &
Grönroos, 1996).
As aplicações que compõem os dados de parte do sistema através de vários departamentos
(manufatura, compras, vendas, contabilidade, etc.) que fornecem os dados podem ser realizadas
através de um ERP que facilita o fluxo de informações entre todas as funções de negócios e
gerencia conexões com os agentes externos. No entanto, como podemos ver nas próximas seções,
para empresas on-line o principal avanço tecnológico na área de marketing, é o surgimento de
ferramentas de software que em tempo real permitem a captura e análise de informações geradas
pelo comportamento dos consumidores on-line (Maglio e Lim, 2016).
Em resumo, podemos ver que a tecnologia torna possível lidar diretamente com os clientes, bem
como fornecedores e parceiros. As empresas podem até mesmo usar a tecnologia para estabelecer
relações com os clientes diretos e colaborativos. Mas, como veremos, a tecnologia também implica
a perda de poder da empresa no que diz respeito aos consumidores. Assim, o papel dos
consumidores está mudando devido ao uso intensivo de novas tecnologias (Edwards, 2011).
Os consumidores já não são indivíduos isolados: em vez disso, eles estão conectados uns com os
outros. Na tomada de decisões, eles já não são inconscientes, mas informados. Eles não são mais
passivos, mas ativos em dar feedback útil para empresas (Prahalad & Ramaswamy, 2004).
2.3 O novo perfil de consumidor: Por que as empresas precisam de um novo conceito de
marketing?
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Que o número de consumidores com os quais têm uma relação estreita é alto;
Que a relação estabelecida, além de ter uma dimensão comportamental (um comportamento
colaborativo) também tem uma dimensão afetiva.
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Durante as últimas cinco décadas, o marketing tem evoluído através de três etapas que
chamamos de Marketing de 1.0, 2.0 e 3.0. Na última década, uma proporção significativa de
empresas adotou Marketing 3.0, especialmente através do uso de estratégias de Responsabilidade
Social Corporativa (SCR), que fornecem uma grande oportunidade para se adaptar a empresa ao
novo ambiente social e econômico (Kotler, 2011). A nova realidade forçou uma mudança de
estratégia das Companhias e sua concepção do ambiente, assim como uma nova estratégia de
marketing para a compreensão e fornecimento de soluções para os desafios surgiram (Grönroos,
2000). Na mente dos consumidores, muitos produtos tiveram um posicionamento distinto devido ao
fato de que eles eram vistos como diferente e superior do resto dos produtos no mercado. Outras
variáveis, tais como pessoas, processos, provas físicas, a opinião pública ou do poder político teve
que ser considerada em estratégia de marketing (Hoyer, Chandy, Dorotic, Kraff, & Singh, 2010).
Consumidores possuem um papel ativo no seu contexto social e econômico, e as suas preocupações
em relação aos direitos humanos, aos problemas sociais e ambientais levam a procurar soluções
para as suas preocupações com relação a como fazer o mundo globalizado um lugar melhor (Jara et
al., 2012).
Na Figura 1 são apresentadas as principais diferenças entre Marketing 1.0, 2.0, 3.0 e 4.0,
conforme (Kotler, Kartajaya, & Setiawan, 2010; Kotler, 2016).
Como podemos apreciar no Quadro 1, o Marketing 4.0 o conceito de marketing está centrado na
área das aspirações humanas, valores e espírito. Ele propõe que os consumidores são seres humanos
completos cujas outras necessidades e esperanças nunca devem ser negligenciadas (Kotler, 2016).
Esta nova visão de marketing complementa o marketing emocional com o marketing espiritual.
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Ser holístico;
Construir marcas fortes;
Dispor de sistema de informação e comunicação que melhorar o desempenho de construção
de marca através de algumas ações de marketing com base na promoção e liderança
eletrônica.
Os eixos do Marketing 3.0 são assim definidos pelas três mudanças principais que como vimos
anteriormente caracterizam o novo contexto social e econômico: desenvolvimento de novas
tecnologias, a globalização e um novo perfil de consumidor.
É um marketing onde as empresas podem: (a) compreender as questões comunitárias que dizem
respeito ao negócio; (b) definir o que eles são, por que eles estão no negócio e o que eles querem
tornar-se: em outras palavras, qual é a missão da empresa, objetivos e visão; e ter de convidar os
consumidores a participar no desenvolvimento do produto e de comunicação da empresa (Van Zyl,
2009).
As empresas que praticam o Marketing 3.0 com objetivo de mudar o mundo não podem fazer
isso sozinhas. Na economia interligada, devem colaborar entre si, com seus acionistas, com seus
parceiros de canal, com os seus empregados, e com seus consumidores. Como mostrados
anteriormente, co-criação é uma das principais tendências na nova área de marketing, mas, a
colaboração deve ser iniciada com parceiros que compartilham conjuntos semelhantes de valores e
desejos (Hoyer et al., 2010).
Por outro lado, marketing cultural é o segundo bloco de construção de Marketing 3.0. É uma
abordagem que focaliza as preocupações e desejos de cidadãos globais. Empresas que praticam o
Marketing 3.0 devem entender os problemas da comunidade que se relacionam com o seu negócio e
os coloca no centro do modelo de negócios da empresa (O’Hern & Aric, 2009).
De acordo com Kotler e Keller (2013), para alcançar o sucesso, novo marketing deve ser
holístico e construir marcas mais fortes através de desempenho em vez de simplesmente através de
promoção. Elas precisam levar eletronicamente, bem como, através da construção de sistemas
superiores de informação e comunicação.
Marketing 3.0 é a abordagem orientada por valores, onde os clientes são tratados como seres
humanos que estão ativos, ansiosos e criativos. Que envolve um desafio importante para as relações
consumidor-marca, porque os consumidores têm a sua própria voz, opinião e experiência (Kotler et
al., 2010). Eles exigem que as marcas satisfaçam as suas ansiedades e desejos mais profundos e
pedem mais participação na criação de valor. Portanto, é apenas não só focada nas necessidades e
desejos dos clientes tradicionais. As marcas humanizam relacionamentos e criam conversas pessoais
com os seus clientes, incentivando-os a se sentir livres para falar sobre seus sentimentos e
experiências. As mídias sociais tornam-se espaços de interação em que os clientes compartilham
opiniões e experiências e oferecem aos negócios um meio útil onde os consumidores validam,
confirmam e interagem com outros consumidores na sua tomada de decisão de compra (Ghemawat,
2007).
As empresas necessitam de uma nova abordagem de marketing, como marketing 4.0 que integra
o consumidor com a tecnologia e também fornece soluções baseadas na análise da informação dos
consumidores sobre suas preferências, opiniões e necessidades (Biswas & Roy, 2015).
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Jara et al. (2012) mostram que o Marketing de 4.0 é mais que uma simples evolução de
Marketing 3.0. Os autores descrevem que a abordagem baseada em valores evolui para a integração
marca-consumidor graças ao uso intensivo de tecnologias. Mas Dunn (2015), destaca que o
marketing 4.0 transforma as regras de negócio, alterando a interação com os clientes no tempo e no
espaço. Portanto:
Neste cenário, as empresas precisam classificar todas essas peças, a fim de conceber estratégias
de marketing bem-sucedidas. Acessar todas essas peças é fundamental para alcançar uma posição de
mercado bem-sucedida e alto desempenho (Wang, Wan, Zhang, Li, & Zhang, 2016). Mas,
identificar e analisar as informações são apenas o primeiro passo para montar esse quebra-cabeça,
nas seções seguintes abordamos os passos que as empresas precisam tomar para obter os benefícios
do Marketing 4.0 e o Big Data.
Em 2013, a Forbes publicou um artigo intitulado Big Data, Analytics e o Futuro do Marketing e
Vendas. Afirmaram que: “O Big Data é a maior oportunidade de mudança de jogo para marketing e
vendas desde que a Internet entrou para o mainstream (algo que é familiar às massas) há quase 20
anos”. Nos anos seguintes, a revolução do Big Data remodelou muitas práticas de negócios.
Empresas geram vastas quantidades de informações sobre as relações do consumidor com a marca
através de uma multiplicidade de canais que influenciam o seu processo de tomada de decisão. Este
fluxo constante de informações sobre o público consumidor e suas interações é fundamental para
projetar novas práticas de marketing, tais como compra de mídia programática, segmentação de
público, gatilho de marketing em tempo real (McAfee et al., 2012).
Segundo Donnelly, Simmons, Armstrong e Fearne (2015), o Big Data, em suma, vai muito além
do mainstream. Mas isso levanta uma questão importante: Se todo mundo “impulsiona dados”
como as empresas podem obter diferenciação competitiva significativa através da sua utilização de
informações?
É óbvio que este assunto suscita algumas dúvidas e perguntas sobre os desafios e consequências
de como o uso de informação pode influenciar diretamente uma abordagem empresas estratégia de
marketing (Kotler, 2016). Como as empresas podem obter dados? Como podem os dados ser parte
da abordagem de marketing nas empresas? Ou, como pode a análise de dados ajudar a desenvolver
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aplicações de marketing? Todas estas questões são relevantes para a nova abordagem de
Marketing 4.0, também chamado de grande marketing de dados.
4.2 Conceito
Conforme Beyer e Laney (2012) o Big Data descreve as informações, tanto estruturadas e não
estruturadas, que as empresas podem acessar, analisar e utilizar em processos de decisão. Para as
empresas, o volume de dados é importante, mas, análise de dados exige que eles considerem cinco
dimensões de dados:
O Big Data é muito útil na estratégia de marketing, mas existem algumas coisas que cada
organização deve ter em mente para ajudar a garantir que grandes dados levem ao êxito. A gama de
usos possíveis para grandes dados pode parecer esmagadora, por isso, deve-se começar por se
concentrar em alguns objetivos-chave (Chen, Chiang, & Storey, 2012).
Uma vez que a organização identificou quais os dados seriam relevantes, precisam analisar e
relacionar os dados para que obtenham uma leitura coerente do cenário. Além disso, devem
observar que o uso de big data oferece uma exploração profunda de uma realidade medida
(Dumbill, 2013).
Os conhecimentos adquiridos a partir da análise inicial podem ser mais explorados, com insights
mais ricos, mais profundos e emergentes de cada vez. Estes podem ser úteis para desenvolver
algumas estratégias e ações específicas para impulsionar o crescimento. Mas também as empresas
precisam do conhecimento e experiência que os gerentes têm, a fim de iniciar o desenho de uma
estratégia de marketing correta (Strandvik et al., 2013).
O Big Data apoia e reforça o modelo de Marketing 4.0, usando os dados adquiridos de compra
dos clientes faz com que as empresas entendam como aprimorar a experiência de compras do
cliente e como realizar uma abordagem mais personalizada de marketing da marca levando a um
melhor envolvimento do cliente, retenção e fidelização, e otimização de marketing e desempenho
(Kotler, 2016).
Watson, Pitt, Berthon e Zinkhan (2002) e, mais recentemente, Allen (2012), mostram que os
limites de marketing, tais como a separação temporal e espacial de compradores e vendedores, bem
como a fase seqüencial em operações de planejamento de marketing, mudaram. Segundo esses
autores, novos modelos de marketing permitem a concepção de estratégias com base na quantidade
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de informação que as empresas têm, e de acordo com o novo contexto virtual onde as
empresas atuam.
Neste novo contexto competitivo de negócios que está sendo descrito, o uso de Big Data no
Marketing 4.0 torna possível redefinir o significado de ambos os conceitos. Assim, em um mundo
interconectado, o marketing tem a função de ser onipresente, universal, original, e, portanto, a
marca deve rever conceitos e paradigmas para melhorar a experiência e engajamento dos
consumidores (Vargo & Lush, 2004).
Com um grande processo de análise de dados, profissionais de marketing digital podem saber se
uma determinada abordagem de marketing da marca está funcionando e é capaz de envolver e
engajar os clientes. Eles usam esse feedback para a transição de uma abordagem de estratégia de
marketing adequada até encontrar uma que produza uma melhor resposta do cliente e interação de
produtos e serviços (Choo, Detlor, & Turnbull, 2013).
Finalmente, o Big Data fornece informações preciosas para a abordagem do Marketing 4.0, do
tradicional para o digital que não estavam disponíveis antes, tornarão as marcas cada vez mais
sensíveis às demandas do mercado (Donnelly et al., 2015).
6 CONCLUSÃO
Marketing 4.0 é mais do que uma simples evolução do Marketing 3.0. Marketing 3.0 surgiu
como uma resposta a vários fatores: novos desenvolvimentos tecnológicos, problemas causados
pela globalização e pelo interesse das pessoas para expressar sua criatividade, valores e
espiritualidade. Enquanto o Marketing 4.0 é a resposta em um novo contexto de negócios
transformado pela integração onipresente da tecnologia na vida das pessoas. É a evolução do
marketing 1.0, baseado no produto e que apelou para a “razão” do cliente através de argumentos
racionais, o Marketing 2.0 teve como objetivo chegar ao coração dos clientes (relações orientadas
de marketing). Marketing 3.0 teve como objetivo conhecer os seus clientes um a um e se preocupar
com eles (suas emoções, seus sentimentos, suas preocupações) e co-criar produtos com eles.
Agora, as empresas estão se movendo para o Marketing 4.0. As empresas que aplicam
atualmente corretamente Marketing 3.0 são aquelas que têm sido bom em marketing 1.0 e 2.0. O
Marketing do futuro significa que as empresas devem tornar-se uma organização que atua como
parte de uma rede fiel de parceiros, onde as pessoas não são apenas os consumidores, mas "pessoas
inteiras", com "espírito humano" que querem fazer do mundo um lugar melhor.
Em Marketing 4.0, vemos como a tecnologia pode pressionar as empresas de muitas maneiras
diferentes. Por um lado, a utilização de grandes volumes de dados; por outro a mudar seu ponto de
vista do marketing. Marketing de 4.0 encoraja as empresas a procurar metas com base no
engajamento dos consumidores, lealdade e retenção. A nova abordagem de marketing é onipresente,
universal, única e em uniformidade. Ela promove a construção de relações marca-consumidor
fortes.
Por sua vez o uso de Big Data pode ajudar o marketing a alcançar as metas das empresas, uma
vez que torna mais fácil de compreender os comportamentos dos consumidores e, assim, projetar
ações de marketing para personalizar experiência de compra do cliente. Assim marketing 4.0 pode
facilitar uma abordagem mais personalizada para o modelo de marketing da empresa para um
melhor engajamento com o cliente.
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Jornada de engajamento do consumidor por meio do Marketing 4.0 e o Big Data | Norberto Almeida de Andrade, Giuliano Carlo Rainatto, Jucilene
Moreira de Barros Faria, André Luis da Silva
i
Norberto Almeida - Contribuição substancial na concepção e design.
ii
Giuliano Carlo Rainatto - Revisão da literatura e elaboração do manuscrito.
iii
Jucilene Moreira - Revisão crítica do manuscrito com relação à importância do conteúdo intelectual.
iv
André Luís da Silva - Liderança do grupo de pesquisa e Supervisão administrativa, técnica e material.
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Negócios 4.0: a revolução dos pequenos.
1. Introdução
O consumidor muda a cada dia e agora quer soluções personalizadas. A indústria
responde à altura em sua quarta revolução entregando algo único. Esse movimento jamais
observado, batizado na Alemanha como Indústria 4.0, mostra que é possível ser flexível e
atender às necessidades do cliente até os últimos momentos da produção. Aparentemente esse
é um dos poucos caminhos para a sobrevivência do setor. Seria esse também o caminho para os
demais setores? Só restariam as grandes empresas ou os pequenos negócios também podem
sobreviver?
As características da Indústria 4.0, que lhe conferem a capacidade de adaptação às
necessidades dos clientes, também podem ser encontradas em uma determinada configuração
de redes de pequenos negócios suportada por plataformas tecnológicas. Essas munidas de
informação e capacidade de suporte à decisão suficientes para combinar os produtos e serviços
ofertados pelas empresas e prover também uma solução única ao cliente. Entretanto, para que
as redes possam alcançar seus objetivos é necessário o desenvolvimento de cada componente
por meio da evolução de seus processos e tecnologias associadas, garantindo a eficiência e
eficácia em suas entregas e assim o sincronismo e fluidez necessários à rede. Esse é o caminho
para os Negócios 4.0.
2
Com essas características é possível, por exemplo, mudar diversas vezes em um dia a
configuração de uma planta industrial, permitindo, inclusive, alterações durante a montagem de
um produto sobre seu projeto original, de forma a atender a novas solicitações do cliente
demandante.
3
ao se cadastrar, forneça algumas fontes de informação em linguagem natural como
página institucional na Internet, em redes sociais e notícias e que haja algum
processamento posterior para identificar automaticamente os produtos e serviços
oferecidos – ou seja, a empresa deve ser plugável.
Modularidade: para os pequenos negócios, a modularidade ou capacidade de expansão
de funcionalidade, pode ser a identificação de um novo conhecimento necessário à
equipe da empresa ou uma nova ramificação de processo, que podem demandar a
capacitação de alguém, a contratação de um novo membro ou a aquisição de tecnologia
capaz de suportar tal funcionalidade.
Entende-se, portanto, que tal organização dos pequenos negócios assistida com a
tecnologia citada consiga atender de forma precisa e eficiente às necessidades únicas do cliente.
Porém, os pequenos negócios hoje no Brasil carecem de maturidade em alguns aspectos de
gestão e produtividade que os colocam um pouco distantes do modelo ideal citado. Uma opção
para reduzir essa carência é a evolução pelo modelo de maturidade em processos proposto por
Kerremans (2008):
O modelo conta com seis níveis de maturidade cujo esforço para essa evolução pela
empresa corresponde a uma curva S, ou seja, nos dois primeiros e no início do terceiro, com
pouco esforço o avanço é significativo, mas a partir de algumas ações do terceiro nível até o
quinto, é necessário um grande esforço. Para constatar, o autor ressaltou no gráfico que das
empresas avaliadas, grande parte só tinha chegado no primeiro passo do nível 3. Em parte,
entende-se que o grande esforço a partir daí devia-se a falta de acesso à tecnologia em 2008,
4
quando foi apresentado o modelo. Entretanto, as tecnologias de hoje, que suportam a Indústria
4.0, como a Internet das Coisas, Big Data e Inteligência Artificial, além da automação de
processos de negócio, conseguem apoiar essa alavancagem. Como fazer então para se alcançar
o status de Negócio 4.0?
Traduzindo o modelo, em seus níveis 1 e 2, a empresa deve ter seus processos mapeados
e medidos para que, no nível 3, eles sejam controlados de forma integrada por meio de uma
plataforma de automação de processos de negócios – denominada BPMS – e, assim, consigam
realizar sua melhoria contínua através da identificação, mapeamento, medição e correção em
vários ciclos de execução.
No nível 3, a empresa se conhece e consegue evoluir com a gestão adequada de seus
processos a ponto, inclusive, de sua arquitetura organizacional ser orientada por processos.
Conhecendo-se bem, a empresa é capaz de apresentar de forma estruturada o que faz e atender
a característica “Orientação a Serviços” do Negócio 4.0. Para passar do nível 3 ao 4, ela deve
identificar negócios complementares, fornecedores e clientes – também empresas – que
também estejam no mesmo nível, pois nessa nova etapa de maturidade a integração e melhoria
contínua dos processos ocorre além das fronteiras da empresa. Percebe-se aqui o início da rede
empresarial que confere a característica “Interoperabilidade” ao Negócio 4.0. Considerando que
rede já possui nesse estágio seus processos integrados por meio de uma plataforma de
automação de processos, entende-se que estão presentes as características “Virtualização” e
“Operação em Tempo Real”, tendo em vista o monitoramento dos indicadores e a possibilidade
de tomada de decisão durante a execução dos processos.
Já no nível 5, com uma estrutura fluida e síncrona de processos integrados com pares,
fornecedores e clientes, é possível explorar novos caminhos de execução por meio de
simulações e ensaios. Conhece-se, portanto, as possibilidades de expansão ou eliminação de
determinado processo, que é o significado da “Modularidade” nos Negócios 4.0.
Entende-se que até o nível 5 lida-se com o previsível, pois mesmo em simulações aborda-se
situações conhecidas e o sistema de suporte a decisão suficiente para esse estágio é de um nível
mais simples com base em histórico ou caminhos pré-definidos. Então como internalizar a
característica “Descentralização” no nível de autonomia das máquinas da Indústria 4.0 ao
Negócio 4.0?
Por mais que os gestores e executores dos processos dos pequenos negócios possam
tomar decisões rápidas, dada a complexidade do sistema de processos integrados e
automatizados nesse nível, faz-se necessário o apoio de Inteligência Artificial nesse processo.
Para chegar ao nível 6, inclusive, e prover uma estrutura flexível e ágil o suficiente para
responder a mudanças em tempo real da demanda do cliente. O último nível que confere não
ao pequeno negócio, mas à rede a qual ele pertence o status de Negócio 4.0, requer a capacidade
de Processamento de Eventos Complexos (CEP). Pode-se entender como evento algo que
ocorra durante um determinado tempo como uma epidemia, um acidente de trânsito ou um
pedido de um cliente. Complexo por possuir nuances ou variáveis diversas que dificultem a
percepção da ocorrência desse evento por um humano.
O Processamento de Eventos Complexos (CEP) é uma abordagem tecnológica que
confere a resposta em tempo-real a eventos. Assim, ao invés da simulação, a identificação
precoce de eventos complexos por sistemas baseados em inteligência artificial poderá sugerir,
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ou até mesmo realizar, acionamentos ou alterações em processos de alguma empresa que faça
parte da rede para o atendimento a uma demanda. Aqui entende-se que a rápida resposta
autônoma que confere a característica “Descentralização” à máquina da Indústria 4.0 também
pode ser espelhada na capacidade de resposta em tempo-real da rede de empresas por meio do
Processamento de Eventos Complexos e eventualmente inovar negócios, produtos e serviços
por meio da estrutura ágil – nível 6 do modelo de maturidade – fechando o rol de características
dos Negócios 4.0. Assim o modelo de maturidade de processos de negócios proposto por
Kerremans (2008) pode ser um caminho para o alcance da rede de Negócios 4.0, capaz de
atender a demandas únicas do cliente de forma precisa e no menor tempo possível.
5. Conclusão
Este artigo apresentou uma nova realidade que se encontra na economia com a
popularização de algumas tecnologias, como a Internet das Coisas, Big Data e a Inteligência
Artificial. Chega a Indústria 4.0 para acompanhar o novo cliente que deseja o atendimento
completo às suas necessidades e de forma personalizada. Para os pequenos negócios do
comércio e serviços, também é possível atender a essas necessidades e de forma tão eficiente e
precisa quanto a indústria. Essa é a proposta do conceito de Negócios 4.0, que permite o
sincronismo e fluidez entre empresas em uma rede integrada de oferta de produtos e serviços
em composições únicas para o cliente final. Entretanto, a caminhada é árdua, mas fundamental
para a sobrevivência dos negócios nos anos vindouros, devendo as empresas melhorarem seus
processos, ligados internamente e com seus fornecedores, clientes e parceiros e estarem
presentes em uma plataforma digital de serviços integrados. Hoje talvez seja esse o grande
7
desafio, mas as tecnologias em parte já existem. Possivelmente a plataforma será lançada por
empresas de automação de processos, portal de negócios, ERP ou CRM, sendo apenas um
questão de tempo. Sobre os elos tradicionais da cadeia, atacado e varejo, essa integração e
inovação nos modelos de negócios dos setores levará ao fim do atacado de produtos acabados
em alguns segmentos e o comércio varejista tornar-se-á prestador de serviços? Toda atenção
deve ser dada nos próximos anos à 4ª Revolução Industrial ou dos negócios em geral – também
chamada de 4.0 – que parece muito mais rápida e transformadora que as anteriores.
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