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da gestão escolar
SIMÃO, J. R. O. R.
SST Fundamentos e métodos da gestão escolar / Jalmiris
Regina Oliveira Reis Simão - Florianópolis, 2020.
90 p.
História da gestão escolar
Apresentação
Neste momento vamos discutir, refletir e trocar ideias sobre a gestão escolar. Tudo
que aprendemos ao longo da vida é importante, mas o conhecimento é dinâmico,
pois o que aprendemos anteriormente, não mais atende à demanda do presente.
Vamos, assim, buscar informações na história próxima e mais distante para
desenvolver o nosso conteúdo.
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1. Primeira Revolução Industrial (1780 - 1860)
Segundo Bartnik (2012, p.18), foi quando apareceram “as primeiras fábricas e
cujo foco está direcionado ao produto”. Foi nessa época que surgiu a ideia de
lucro, ao se produzir produtos de boa qualidade. O pensamento de consumo
dependia dessa qualidade. As classes privilegiadas tinham acesso a esses
bens, enquanto as classes desfavorecidas eram privadas disso devido aos
custos.
Já no início do século XX, a partir de 1914, até 1945, surgiu o gigantismo industrial,
quando as técnicas de venda ganharam destaque, bem como ofertas especiais e
descontos nos preços. A partir de 1945, a tecnologia avançou, e se deu a “invenção
de novos materiais e de novas fontes de energia, bem como das maravilhas dos
tempos modernos, como a televisão, o computador, a transmissão via satélite
etc.” (BARTNIK, 2012. p.19). A ênfase estava em apenas produzir, eliminando-se a
preocupação em atender ao consumidor.
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Fases da administração
Observe as fases da história da administração a seguir.
1. Artesanal
2. Desenvolvimento industrial
3. Gigantismo industrial
4. Moderna
5. Globalização
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definindo as melhores estratégias para alcançar os objetivos nas empresas. Traços
desses pensamentos são vistos na gestão escolar.
Essas teorias surgiram nos anos iniciais do século XX, traduzindo concepções
políticas e maneiras de pensar a administração. Elas estão ligadas ao contexto da
Revolução Industrial, tendo em vista as relações em uma sociedade capitalista,
diante da demanda de respostas à administração das grandes fábricas. Diante disso,
não podemos deixar de pensar em Taylor, que foi um expoente da escola clássica
da administração científica. Esse teórico tinha como grande alvo a eficiência e a
eficácia na administração da produção. Ele pensou no controle do tempo dessa
produção, na divisão de tarefas e pensou, primordialmente, em como essas ações
gerariam mais lucro.
Taylor pensava em evitar o desperdício com o uso das máquinas, como também
a realização de tarefas de forma mais eficiente. Esses e outros de seus princípios
objetivavam sempre o lucro. Com a Revolução Industrial, que ocorreu em duas fases,
iniciou-se o uso da energia elétrica, do motor de explosão e a invenção do telégrafo.
A partir disso, surgiu a necessidade da preparação de mão de obra especializada
para utilização das novas tecnologias nas muitas fábricas que surgiram.
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todas as relações, a figura do diretor, autoritariamente dirige a instituição de forma
centralizadora.
Podemos dizer que a gestão escolar busca promover a organização das condições
materiais e humanas, que fazem parte do meio educacional. Foi justamente a
influência da gestão empresarial que levou a criação do termo gestão escolar
visando substituir o enfoque apenas na administração dos estabelecimentos
educacionais. Segundo Menezes (2001), o termo gestão escolar foi constituído
a partir dos movimentos de abertura política do país, que promoveram novos
conceitos e valores, no intuito de:
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• Criar uma autonomia escolar;
• Trazer para a escola a participação da sociedade e da comunidade;
• Criar escolas comunitárias;
• Criar as associações de pais.
Nesse contexto, as escolas passaram a ter uma identidade própria, sendo capazes
de reagir positivamente aos desafios impostos pela sociedade.
Saiba mais
Anacrônico: Significa algo que é oposto ao cronológico; obsoleto,
retrógrado; contrário ao que é moderno.
Vale ressaltar que a gestão escolar é fruto das mudanças presentes na história, que
foram influenciadas pelos movimentos ocorridos na sociedade. De acordo com
Lombardi (2006, p. 17), “a administração deve ser entendida como resultado de um
longo processo de transformação histórica, que traz as marcas das contradições
sociais e dos interesses políticos em jogo na sociedade”. Sendo assim, podemos dizer
que as escolas se organizam e são dirigidas a partir de tais transformações históricas.
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Existem alguns pilares que fazem parte desse processo de gestão e ajudam o gestor
a trabalhar de forma mais efetiva. Podemos citar como exemplo: Gestão Escolar
Pedagógica; Gestão Escolar Administrativa; Gestão Escolar Financeira; Gestão de
Recursos Humanos; Gestão da Comunicação; Gestão de Tempo e Eficiência dos
Processos.
Saiba mais
Para ampliar seu conhecimento sobre os assuntos trabalhados,
sugerimos a leitura do livro “Dimensões da gestão escolar e suas
competências”, da autora Heloísa Luck, disponível em: http://www.
fundacoes.org.br/uploads/estudos/gestao_escolar/dimensoes_
livro.pdf. Acesso em: 07 fev. 2017.
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1 – Fluxo de ideias
2 – Capacidade
3 – Reflexão e análise
4 – Bem-estar
5 – Dignidade e direitos
6 – Democracia
7 – Instituição social
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Dessa maneira, a escola forma para a democracia, em coerência com um dos
princípios e estratégias da educação nacional, apontado na Lei de Diretrizes e Bases
no 9.294/96: a gestão deve ser democrática. Uma gestão que engloba vários aspectos
além do administrativo e financeiro: o político-pedagógico e os recursos humanos.
13
Fechamento
Estudamos como é a gestão da escola, uma instituição de grande importância, dada
a formação disponibilizada para os cidadãos. Buscamos entender as teorias da
administração empresarial, que influenciam a gestão escolar.
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Referências
BARTNIK, Helena Leomir de Souza. Gestão educacional. Série Formação do
Professor. Curitiba: Intersaberes, 2012.
BRASIL. Lei nº 9.394, 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília - DF, 1996.
MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Verbete gestão escolar.
Dicionário Interativo da Educação Brasileira - Educabrasil. São Paulo: Midiamix,
2001. Disponível em: http://www.educabrasil.com.br/gestao-escolar/. Acesso em:
01 fev. 2017.
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Gestão escolar e
contextos
Gestão escolar e contextos
Apresentação
Neste momento, veremos como se dá a organização da escola na contemporaneidade
e suas nuances, considerando seus graus de ensino, seu entorno social e seu público.
Veremos como o estudo dos fundamentos, dos princípios e dos métodos de uma
gestão escolar, pode auxiliar no sucesso das instituições.
17
os princípios da administração científica, que almejavam aumentar a produção e
diminuir os custos.
Taylor fala ainda da seleção científica do trabalho, afirmando que era necessário que
o trabalhador fosse escolhido pelas suas aptidões e que também as habilidades
e a vocação contribuiriam para que, com treino e repetição, houvesse melhor
produtividade.
Monitoramento do tempo
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Henri Fayol (1841-1925) também contribuiu para o pensamento administrativo e
ficou conhecido como o fundador da Teoria Clássica da Administração. Segundo ele,
“as funções administrativas são de nível hierárquico, pois têm ênfase na estrutura
organizacional, pois englobam os seguintes elementos: prever, organizar, coordenar
e controlar” (BARTNIK, 2012, p.22). Neste contexto, veja a seguir as principais
diferenças entre as obras de Taylor e Fayol:
Um dos modernos teóricos dessa área foi Peter Drucker (1909-2005). Ele pensou
nos objetivos organizacionais e nos objetivos dos indivíduos. Para ele a integração
desses objetivos levaria a uma postura mais participativa por parte dos gestores,
promovendo a inovação. Segundo Bartnik (2012, p.23), essa é uma proposta
que abarca “muitos princípios da gestão e métodos de avaliação de resultados,
como mudanças ambientais, definição de objetivos, criação de oportunidades,
desenvolvimento pessoal e descentralização administrativa”.
19
Saiba mais
A APO, ou Administração Por Objetivos, foi desenvolvida nos
anos 1920, do século XX, por Alfred Sloan (1875-1966). Drucker
tomou conhecimento da prática e a denominou de administração
por objetivos; adicionou a ela elementos e deu ênfase à definição
dos objetivos, como também evidenciou uma forma de avaliar
isoladamente cada área de desempenho.
Agora pense comigo: você acha que essas teorias sobre organizações podem ajudar
a entender como ocorre o funcionamento de uma escola? Quais as proximidades e
diferenças entre administração e gestão?
Saiba mais
Para ampliar seus conhecimentos, leia o texto “Taylorismo e
Fordismo”, do site Brasil Escola, disponível em: https://brasilescola.
uol.com.br/historiag/fordismo-taylorismo.htm. Acesso em: 14
mai. 2020.
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e seus assistentes, em um nível intermediário. E existem também órgãos colegiados:
conselhos da escola, associação de pais e mestres e o grêmio estudantil. Paro
(2007, p.83) apresenta o conselho deliberativo como:
A gestão escolar é vista como a maneira que a escola se organiza para alcançar
seus objetivos “com base na distribuição do poder e da autoridade em seu
interior” (PARO, 2007, p.82). Assim, fica clara sua distância em alguns aspectos da
administração empresarial.
Saiba mais
Por exemplo, vejamos a diferença quanto ao processo de
produção de mercadorias nas empresas: vê-se que é algo técnico
e, opostamente, o processo pedagógico requer características
dialógicas e que não esteja alheio à realidade. Não há como
“produzir em série” o aprendizado dos estudantes.
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Assim, fica claro que a qualidade na educação não pode ser abordada dentro
dos mesmos parâmetros e paradigmas da administração empresarial. Não são
treinamentos de ações repetitivas que conduzirão à qualidade tão almejada. Não
há como manter um projeto político-pedagógico sem alterações com o passar dos
anos. Os sujeitos da escola mudam e se transformam, assim os contextos também
mudam, exigindo mudanças em seus planos e projetos. A escola é um espaço para
diferentes formas de pensar, para reflexões e discussões. Para finalizar, vale destacar
as diferenças que existem entre administração e gestão. Observe a tabela a seguir:
Compartilhado e possibilita o
Poder Centralizado e limitado.
crescimento.
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A partir de todos esses conceitos nossos estudos permitem agora que nos
debrucemos sobre as concepções de gestão escolar.
Saiba mais
Para ampliar seu conhecimento, assista ao vídeo Gestão Escolar
Democrática, do professor Vitor Henrique Paro, disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=WhvyRmJatRs. Acesso em:
14 mai. 2020.
23
Saiba mais
O artigo 206 da Constituição Federal Brasileira, de 1988, em seu
inciso VII diz que deve haver “gestão democrática do ensino público
na forma de lei”. Já a Lei das Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDBEN no 9364/96) aborda em seu inciso VIII do artigo 3º
do título II sobre a “gestão democrática do ensino público na forma
dessa Lei e da legislação dos sistemas de ensino” (BRASIL, 1996).
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Fechamento
Estudamos como se dá a organização da escola na contemporaneidade percebendo
detalhes da administração e abordagens específicas. Abordamos os fundamentos,
os princípios e os métodos de uma gestão escolar e como podem auxiliar na
compreensão da razão do sucesso ou do insucesso de algumas instituições.
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Referências
BARTNIK, Helena Leomir de Souza. Gestão educacional. Série Formação do
Professor. Curitiba: Intersaberes, 2012.
BRASIL. Lei nº 9.394, 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília - DF, 1996.
PARO, Vitor Henrique. Gestão escolar, democracia e qualidade do ensino. São Paulo.
Ática, 2007.
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Gestão escolar:
atribuições de papéis e
tarefas
Gestão escolar: atribuições
de papéis e tarefas
Apresentação
Você conhece escolas que são exemplos de sucesso, devido à forma como são
conduzidas por seus gestores? Neste momento vamos refletir sobre esse tema,
debatendo o papel da equipe gestora e a questão do fortalecimento da democracia
na gestão e os desafios da equipe gestora para que ela se efetive. Aprofundaremos
conhecimentos sobre a gestão democrática.
Nessa perspectiva, a gestão escolar, tanto na escola pública quanto nas privadas,
ultrapassa a ideia de um gerenciamento individual, mas requer a participação de
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toda a comunidade, ultrapassando conceitos de autoritarismo e individualidade na
organização escolar.
Assim, vale pensarmos na gestão democrática. Essa gestão faz parte dos
documentos legais em vigor, como a Constituição Federal e a Lei das Diretrizes e
Bases da Educação. Vejamos a seguir o que diz a Constituição Federal de 1988 em
seu artigo 206 sobre os princípios que regem o ensino.
1. Igualdade
2. Liberdade
3. Pluralismo
4. Gratuidade
5. Valorização
6. Gestão
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7. Qualidade
8. Piso
O PNE, que foi aprovado através da Lei no 10.172 de 2001. Nesse plano
encontramos diretrizes, estratégias e metas, tendo em vista a democratização da
educação de forma geral em nosso país.
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As dimensões econômica, pedagógica, política e cultural estão presentes em todos os
tempos e espaços da escola, “do chão da sala de aula até os gabinetes administrativos
das secretarias educacionais”, como afirma Soares (2014, p.76). Segundo o autor,
a cisão entre a prática dos professores e a administração não deve se apresentar
de forma dicotômica, pois há que se refletir em todos os “patamares educativos”.
Essa divisão do trabalho não deve ter características excessivamente formalistas e
burocráticas, que são marcas da racionalidade taylorista/fordista, separando quem
executa de quem decide. A interação entre a administração e o pedagógico se
efetivará como uma prática docente, que contribuirá para a formação dos sujeitos de
maneira crítica e criativa. Dessa maneira, há um fortalecimento da democracia.
Saiba mais
Para ampliar seus conhecimentos, leia a entrevista com Vitor
Paro, professor da Faculdade de Educação da USP sobre a
gestão coletiva. Disponível em: https://gestaoescolar.org.
br/conteudo/387/entrevista-com-vitor-paro-professor-da-
faculdade-de-educacao-da-usp. Acesso em: 14 mai. 2020.
A equipe gestora é formada, em sua maioria, pelos seguintes membros: Diretor, vice-
diretor, coordenador pedagógico ou supervisor pedagógico e orientador educacional.
O comprometimento dessa equipe com os objetivos de uma educação de qualidade,
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com a formação ampla dos estudantes, é fator imprescindível dentro da visão que
hoje se alcançou de gestão escolar.
1. Diretor
2. Vice-diretor
Mobilizar a comunidade escolar para a participação é sem dúvida uma das funções
mais importantes da equipe gestora e as assembleias escolares servem como forma
de trazer a comunidade escolar para dentro das decisões.
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A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica/96 traz muitas indicações da
necessidade de implantação de uma gestão democrática. Nela encontramos dois
princípios desse tipo de gestão, que obrigatoriamente devem ser implementados nas
escolas dos sistemas públicos de ensino. São eles:
Saiba mais
O Ministério da Educação (MEC) criou o programa nacional “Escola
de Gestores da Educação Básica.” Saiba mais sobre o programa
em: http://portal.mec.gov.br/escola-de-gestores-da-educacao-
basica. Acesso em: 14 mai. 2020.
33
Saiba mais
Podemos citar como exemplo de uma gestão democrática,
a definição do Calendário Escolar, que visa contemplar
democraticamente o desejo da maioria quanto à realização de
eventos, atividades didáticas, férias e recessos escolares. Essa
é uma forma de garantir que todos se comprometam com o seu
cumprimento, visando eficácia das ações pedagógicas.
Nessa perspectiva é importante ressaltar que a escola, como elemento dinâmico, carece
do comprometimento e da interação de toda a comunidade escolar, tendo em vista que
pertence a todos e, assim sendo, é responsabilidade de todos. É necessária uma escuta
sensível, reflexões e debates coletivos, pois os frutos, por certo virão em forma de uma
educação de qualidade e índices mais elevados de desempenho dos estudantes.
Por muito tempo a escola foi vista apenas como formadora de mão de obra para o
trabalho. No entanto, ela tem em sua incumbência a formação moral dos sujeitos,
buscando capacitá-los para a cidadania, ou seja, uma formação mais ampla em
diversos aspectos. Sem dúvida, conduzir os estudantes dentro dos processos que
se efetivam na escola, em uma perspectiva de gestão participativa, requer frequente
motivação para o envolvimento de todos os sujeitos. Toda a comunidade escolar
é chamada para essa participação, que de uma maneira mais ampla é parte da
formação para a cidadania.
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“A gestão educacional, especialmente a gestão democrática, entendida
como elemento de contra-hegemonia, opõe-se à implantação direta
e acrítica dos princípios administrativos da gestão empresarial na
organização escolar”.
Fica claro na afirmação da autora que há uma função especial na gestão democrática
nas escolas, e que mesmo sendo influenciada pela administração empresarial, tem em
sua essência uma gama de peculiaridades, próprias da educação.
No sistema capitalista, a administração escolar ainda não tem autonomia, visto que
os gestores não participam da formulação das políticas educacionais e não são
parte da organização de atividades técnico-pedagógicas. Assim, sem desvalorizar
as teorias administrativas, estas não são suficientes para atender às demandas e a
própria legislação no que tange a uma gestão escolar democrática e participativa.
Pensando a escola como espaço que reproduz as relações sociais, mas também
que produz os elementos de sua própria contradição, nela estão sempre presentes
ideologias da classe dominante. Na gestão democrática todos são chamados a
contribuir para uma escola que seja construída pela coletividade. A natureza do
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processo educativo conduz a transformação, que mesmo diante das contradições
da instituição escolar, possibilita a politização dos sujeitos e a democratização do
saber, na qual não há teóricos e executores.
36
Fechamento
Ampliamos aqui nossos conhecimentos sobre a gestão escolar, fortalecendo o
conceito de escola como uma instituição que deve formar cidadãos críticos, que
sejam aptos a intervir na sociedade de forma construtiva. Vimos o quanto a escola
é responsável nesse processo e o quanto é importante investir na formação dos
sujeitos que favoreça a participação coletiva nas decisões.
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Referências
BARTNIK, Helena Leomir de Souza. Gestão educacional. Série Formação do
Professor. Curitiba: Intersaberes, 2012.
BRASIL. Lei nº 9.394, 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília - DF, 1996.
HORA, Dinair Leal da. Gestão democrática na escola: artes e ofícios da participação
coletiva. Campinas: Papirus, 1994.
PARO, Vitor Henrique. Gestão escolar, democracia e qualidade do ensino. São Paulo.
Ática, 2007.
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Indicadores de qualidade
na gestão escolar
Indicadores de qualidade
na gestão escolar
Apresentação
Neste momento falaremos sobre a qualidade educacional. Avaliaremos como a
escola pode favorecer uma prática educacional para todos, identificando as formas
para o fortalecimento de uma prática mais democrática. Assim, apresentaremos
indicadores educacionais, que buscam a efetivação de uma qualidade educativa.
Individual Social
Solicita de cada um seu posicionamento Assume a necessidade de convivência livre,
como sujeito que seja autor, portador entendendo a liberdade como construção
autônomo de vontade. histórica.
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Incluir novos elementos promotores da formação integral, mas também
com a forma democrática de ensinar, por meio da qual se promove a
condição de sujeito do educando, forma essa que, como tal, reveste-se de
notável potencial formador de personalidades democráticas e que, assim,
deve ser entendida também como autêntico conteúdo da educação.
(PARO, 2007, p.34)
Reflita
Reflita sobre os seguintes questionamentos:
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1. Ambiente educativo
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7. Acesso e permanência dos alunos na escola
Saiba mais
Para saber mais sobre os indicadores, leia o texto “Indicadores
de qualidade na educação”, disponível no site do Ministério
da Educação. <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/
Consescol/ce_indqua.pdf>. Acesso em: 15 mai. 2020.
Não há um modelo único para definir uma escola de qualidade, pois é um conceito
a ser revisto e construído cotidianamente pela comunidade escolar. A partir do
levantamento de problemas dentro das dimensões e seus indicadores, definem-se as
ações, bem como o responsável e o prazo para a execução.
Você já deve ter ouvido falar ou lido a célebre frase de Nelson Mandella:
Atenção
A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para
mudar o mundo.
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Essa é uma grande verdade, mas não podemos deixar de pensar que não é qualquer
tipo de educação que alcança essa mudança da sociedade, do mundo. Somente
uma educação de qualidade, pode alcançar esse fim.
Indicadores de qualidade na
educação infantil
A nossa Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 e a nossa
Constituição Federal de 1988, definem como primeira etapa da educação básica a
educação infantil.
Não podemos deixar de pensar na qualidade como algo dinâmico e que vai sendo
reconstruído ao longo do tempo e contexto, necessitando da comunidade sempre
empenhada nessa melhoria. O Ministério da Educação (MEC) também preocupado
com a qualidade na Educação Infantil, lançou um documento chamado “Indicadores
da Qualidade na Educação Infantil” para que cada escola e sua comunidade façam
uma autoavaliação e busquem estratégias expressas em um plano de ação, para
aperfeiçoar o processo de ensino-aprendizagem a partir da avaliação da qualidade
educativa nas instituições.
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importância de compreender as questões fortes e fracas da escola é a possibilidade
de realizar uma intervenção para um trabalho pedagógico e social mais significativo.
45
Saiba mais
Para ampliar seu conhecimento sobre os assuntos trabalhados,
assista ao vídeo “Indicadores de qualidade da educação infantil”
Disponível em: https://player.vimeo.com/video/193696833.
Acesso em: 15 mai. 2020
46
Fechamento
Vimos que a busca de qualidade de ensino deve ser uma ação constante do gestor.
Para dar conta desse princípio devemos utilizar indicadores de qualidade que servem
para avaliar o trabalho da escola, evidenciando informações necessárias para atingir
os objetivos pretendidos.
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Referências
BRASIL. Indicadores da qualidade na educação. Ação Educativa, Unicef, PNUD, Inep-
MEC (coordenadores). – São Paulo: Ação Educativa, 2004. Disponível em: http://
portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/ce_indqua.pdf. Acesso em: 15 mai.
2020.
PARO, Vitor Henrique. Gestão escolar, democracia e qualidade do ensino. São Paulo:
Ática, 2007.
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Planejamento e desafios
do PPP
Planejamento e desafios
do PPP
Apresentação
Neste momento vamos abordar os conceitos relacionados a um documento muito
importante para a escola: o Projeto Político-Pedagógico (PPP), que deve fazer
parte de uma gestão com características democráticas e participativas. Para tanto,
veremos o conceito de Projeto Político-Pedagógico e a sua relação com os demais
projetos educacionais desenvolvidos na escola.
50
Marcos ou atos na elaboração do PPP
51
deve ser democrático, a partir de construções pautadas pelas discussões,
objetivando resolver os conflitos e buscar soluções para os problemas da escola.
Freire nos ajuda a definir como deve ser esse momento do pensar, ao afirmar que
o “pensar que não se dá fora dos homens, nem num homem só, nem no vazio, mas
nos homens e entre os homens, e sempre referido à realidade” (FREIRE, 2011, p.140).
52
Segundo Maia e Costa (2013, p.18), o pensamento é algo de exclusividade dos seres
humanos e não cabe à escola a função de padronizar esse pensar dos sujeitos.
É na diversidade de pensamentos e visões que está a riqueza da formação, das
experiências e o contexto de cada membro da comunidade escolar. Novamente
buscamos em Freire como pensar, com quem pensar e a autoria do pensar. Com
propriedade ímpar, ele afirma que não podemos:
Outro desafio é não fazer da construção do PPP algo apenas burocrático, apenas
em cumprimento da legislação. É de suma importância fazer com que seja um
documento que se torne a essência da organização institucional, com vistas a
alcançar o cumprimento da sua missão e a sua finalidade.
Ser uma ação coletiva é outro desafio na construção do PPP, pois de maneira oposta,
exclui-se o componente democrático da ação. Ao se pensar a escola como espaço
dialógico, o momento da construção desse documento é o momento de definir a
identidade da instituição, a partir da reflexão da comunidade escolar. Para isso,
é importante a criação de espaços para discussões e reflexões coletivas sobre a
realidade da escola, sobre as próprias ações pedagógicas e administrativas. Esse
pensar coletivo torna todos conscientes da importância de sua atuação e imprimirá
o pensamento e os desejos da comunidade no projeto.
Mas vale lembrar que um projeto é passível de mudanças, de alterações; não está
fechado em si mesmo. Assim, após a sua elaboração, não pode estar guardado,
esquecido em gavetas e armários. Deve ser fonte de consultas, estar em local de
fácil acesso, ser reformulado periodicamente e, sempre que necessário, tendo como
alvo o cumprimento das suas metas.
Neste contexto, torna-se necessário de dar voz a todos os segmentos, criando várias
instâncias de discussão coletivas, como assembleias e conselhos escolares por
segmentos, como a associação de pais e mestres e o grêmio estudantil.
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Outro grande desafio é saber o momento de realizar alterações no PPP. Novamente,
toda a comunidade escolar é chamada à reflexão para avaliar o que deve ser mantido
e o que deve ser descartado. Outra questão é o que e quais projetos devem ser
reformulados. A imparcialidade é um critério importante nesse tipo de decisão. As
perguntas quanto à eficácia ou não das ações e projetos elaborados anteriormente
devem ser respondidas com rigor. Caso as metas não tenham sido atingidas
é importante não só descartá-las, mas identificar o motivo do seu insucesso e
questionar sobre novas estratégias ou métodos.
Saiba mais
Um exemplo de não se efetivar o PPP pode estar na atuação dos
conselhos de classe, que é um espaço para reflexão do desempenho
dos estudantes, a priori. Suponhamos que uma determinada turma
da escola esteja apresentando baixo rendimento e o PPP aponta
que uma estratégia para identificar as lacunas quanto ao processo
de ensino-aprendizagem seja a avaliação dos professores nas
reuniões dos conselhos de classe, questionando as estratégias
de ensino, a postura dos estudantes, o material disponível e a
metodologia empregada, que pode ser eficiente em uma turma
e totalmente ineficaz em outra. Apesar disso, a dinâmica das
reuniões se mantém de forma tradicional, apenas se lê e registra
as notas, sem que se detenha os detalhes da prática pedagógica.
Percebe-se com o exemplo apresentado, que o PPP deixou de cumprir seu propósito
e tornou-se meramente burocrático. É nesse momento que os professores podem
identificar os aspectos e conteúdo que devem ser novamente abordados e de que
forma isso deve acontecer.
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Etapas do projeto político
pedagógico
Vamos abordar a seguir, as etapas da construção do Projeto Político Pedagógico.
Mas atenção, essas etapas não são rígidas. Compilamos essa estrutura a partir de
documentos de órgãos oficiais. De qualquer forma, servirão como parâmetro para que
você entenda como se dá o processo e a elaboração e execução do PPP nas escolas.
1. Identificação da escola
Nesta etapa vamos registrar tudo que define a escola, iniciando pelo nome,
localização (área urbana ou na área rural), região (central ou na periférica).
Deve-se ainda registrar a história da escola, o porquê de seu nome, por
exemplo, sua construção, inauguração e demais fatos.
3. Clientela
4. Estrutura organizacional
55
5. Espaço físico
6. Aspectos legais
Esses aspectos devem ser descritos como forma de amparo legal à escola.
Para essa construção é necessário consultar a LDB e a Constituição Federal,
pois nesses documentos estão as finalidades da educação nacional e as
finalidades de cada etapa e modalidade de educação, oferecidas pela escola.
Vale destacar que na fundamentação legal deverá constar, em cada nível de
ensino, ou modalidade educacional, dentro de suas características próprias, a
justificativa, os objetivos, a metodologia, as especificidades e a avaliação, que
sempre serão diferenciados.
7. Aspectos pedagógicos
8. Diagnóstico
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9. Recursos
Devemos também pensar nos recursos que a escola dispõe, seu estado
de conservação, como são utilizados, se necessitam ser renovados, se há
necessidade de novas aquisições. E, falando em aquisições, lembramos das
finanças, que também devem ser abordadas neste bloco. Quais são as fontes
de recursos financeiros? No caso da escola privada, a entidade mantenedora
provê todos os recursos. No caso da escola pública: quais são os programas
que destinam verbas para suprir material escolar, a biblioteca, a merenda,
reparos e reformas? Após a análise de todos os dados é o momento de propor
objetivos, metas e ações, com vistas à solução de problemas e à sugestão de
inovações.
57
Fechamento
Estudamos que Projeto Político-Pedagógico (PPP) é um documento muito
importante para a escola e faz parte de uma gestão com características
democráticas e participativas.
58
Referências
BRASIL. Planejando a próxima década: conhecendo as 20 Metas do Plano Nacional
de Educação [Plano Nacional de Educação 2014-2024]. Brasília/DF: Ministério da
Educação/Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino (MEC/SASE), 2014.
59
Projetos educacionais:
história e contexto
Projetos educacionais:
história e contexto
Apresentação
Neste momento vamos abordar características da cultura de projetos. Vamos definir
e identificar projetos em contextos escolares e não escolares, além de apresentar
a elaboração, o planejamento, a implementação e a avaliação dos projetos
educacionais.
Projetos educacionais
Segundo o PMBOK (2002, p. 3), projeto pode ser definido como um “esforço
temporário para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo”.
Saiba mais
Projeto: Deriva do latim projectum que significa "algo lançado a
frente".
61
Portanto, o que é disponibilizado na escola está distante das demandas dos sujeitos,
tanto dos educandos quanto dos educadores.
Atenção
É importante pensar que no cotidiano “são enredados os
conhecimentos e realizados os currículos” (ALVES; OLIVEIRA,
2008, p. 11). Não se pode deixar de pensar que “para aprender a
“realidade” da vida cotidiana, em qualquer dos espaços/tempos
em que ela se dá, é preciso estar atento a tudo o que nela se passa,
se acredita, se repete, se cria e se inova, ou não”(ALVES, 2008,p.21).
O que vivenciam os estudantes, suas histórias de vida, a história local e tudo que
se passa na escola deve ser discutido, debatido e problematizado nas salas de
aula. Assim, ao pensar as características da cultura de projetos ou da pedagogia de
projetos é importante sublinhar que estas se opõem a um modelo de transmissão
do conhecimento, pura e simplesmente, tendo em vista que esse modelo ocorre
hegemonicamente de forma autoritária, desconsiderando e não visibilizando os
sujeitos que são os “praticantes do currículo” (OLIVEIRA, 2012).
E é nessa perspectiva oposta que os educandos deixam de ser vistos como sujeitos
totalmente passivos, quando a escola abraça o comprometimento com a formação
de cidadãos atuantes. Dessa maneira são reconhecidos como “praticantes do
currículo”, autores de seu conhecimento em uma formação para a cidadania.
62
Percebe-se como isso é totalmente diferente de se aplicar testes e provas com
respostas corretas e de o professor se dar por satisfeito quando seus alunos tiram
“boas notas”.
Sala de aula
A CULTURA DE PROJETOS
Ao pensarmos na pedagogia de projetos, Araújo (2014) nos lembra que ela sempre
remete ao futuro e que há também o intento de algo novo. Além disso, afirma que
nessa prática quem planeja é quem executará. Diferentemente dos livros didáticos,
que muitas vezes apresentam conteúdos mais generalizados.
63
Araújo (2014) nos ajuda a
entender que a pedagogia de
projetos pode ser compreendida
como estratégia para a constru- Nessas visões, a
ção do conhecimento. noção de projetos
educacionais surge
como favorecedora
da participação
ativa do estudante.
ser compreendida
Oliveira (2012) nos faz como estratégia
entender o currículo como para a construção
criação cotidiana e não do conhecimento.
“apenas como o conjunto de
conteúdos de ensino de
diversas disciplinas”. (p.77)
64
Esse princípio fortaleceu a ideia de que não deve existir uma lacuna, e sim
proximidade e significação para o aprendizado dos estudantes; seus interesses, sua
história de vida e demandas gerais devem ser consideradas. Dewey evidenciou que o
que é disponibilizado na escola como conhecimento não condiz com as expectativas
dos educandos.
Dewey também defendia que os estudantes devem ser motivados a ter iniciativa e
participar cooperativamente no grupo, além de defender a democracia e a liberdade
de pensamento. Segundo ele, essas ideias eram necessárias para a manutenção
emocional e intelectual dos alunos.
Assim, podemos ver que Dewey delineou o trabalho com projetos, mas foi um
dos seus discípulos, chamado William Heard Kilpatrick (1871-1965), que em 1918
divulgou a ideia de projetos educacionais como recurso.
Saiba mais
John Dewey foi um filósofo que contribuiu bastante para a
educação. Conheça mais sobre sua a história do autor e suas
contribuições para a comunidade escolar, lendo o material: John
Dewey, o pensador que pôs a prática em foco. Disponível em:
<https://novaescola.org.br/conteudo/1711/john-dewey-o-
pensador-que-pos-a-pratica-em-foco>. Acesso em 23 mai. 2020.
Hoje há uma busca na pedagogia por processos que tragam a realidade dos alunos e
suas demandas para a escola, alinhavando-os aos conteúdos escolares e tornando-
os mais significativos. Neste contexto, veja a seguir alguns pontos de destaque da
pedagogia por projetos:
65
Por ser um planejamento de trabalho construído
com os alunos e no qual o professor é um
coordenador das atividades, os projetos
possibilitam várias aprendizagens.
66
Dessa forma, por ser o projeto educacional uma concepção de ensino, a pedagogia
por projetos:
67
Fechamento
Vimos as características da cultura de projeto e como ele se opõem ao modelo de
transmissão do conhecimento tradicional. Entendemos que os projetos educacionais
são alternativas para se alcançar a qualidade na educação, bem como podemos
pensar em projetos educacionais como uma estratégia de ação que são definidas
pela intenção de mudança da realidade.
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Referências
ALVES, Nilda. Decifrando o pergaminho– o cotidiano das escolas nas lógicas das
redes cotidianas. In: ALVES, Nilda; BARBOSA de OLIVEIRA, Inês (Orgs.). Pesquisa no/
do cotidiano. Sobre redes de saberes. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
MICOTTI, Maria Cecília de Oliveira. Leitura e escrita: como aprender com êxito por
meio da pedagogia por projetos. São Paulo: Contexto, 2009.
69
Fases do projeto
educacional
Fases do projeto
educacional
Apresentação
Neste momento vamos abordar características do trabalho com projetos. Vamos
definir e identificar projetos em contextos escolares e não escolares, além de
apresentar a elaboração, o planejamento, a implementação e a avaliação dos
projetos educacionais.
Vamos discutir as estratégias para a gestão dos projetos escolares e fora da escola
apresentando alguns tipos de projeto que podem acontecer de maneira integrada ou não.
Pedagogia de projetos
A partir de agora, vamos abordar a pedagogia de projetos ou a pedagogia por
projetos, apresentando algumas de suas características. Inicialmente, podemos
afirmar que um projeto educacional com foco na pedagogia por projetos organiza
ações que vão ocorrer na escola, possibilitando uma maneira diferente da
abordagem dos conteúdos, distante da maneira tradicional de aulas expositivas, nas
quais somente o professor fala e os alunos são meros receptores.
71
Alunos debatendo um projeto.
Na verdade, ele tem que ser flexível, pois os percursos para se chegar ao objetivo
final podem ser alterados, dependendo dos sujeitos, de sua visão e de sua
compreensão que podem se alterar, como também o contexto.
Vale ressaltar que as discussões coletivas podem levar à conclusão de que o grupo
deve realizar alterações nas ações e nos itinerários para alcançar os objetivos.
Outro aspecto que não podemos deixar de abordar é que na metodologia por
projetos não se trabalha por temas, e estes também não são selecionados apenas
pelo educador. Nossa preocupação é que mesmo que o educador faça essa escolha
com todo profissionalismo, o tema de sua escolha pode não ser de interesse dos
estudantes. Os estudantes devem ser motivados a partir de algo real de suas
vidas, de questões surgidas na escola, na sala de aula, ou seja, a partir do que lhes
interessam. Assim estarão motivados e poderão discutir, debater, externar suas
opiniões, reconhecendo no que precisam se aprofundar para conhecer e aprender
72
mais. O estudante deve ser protagonista do processo de aprendizagem, imprimindo
seus desejos e demandas, assim se caracteriza uma aprendizagem significativa.
Não podemos negar que muitas mudanças são necessárias e urgentes nas práticas
cotidianas escolares.
Saiba mais
Uma simples, mas necessária mudança que podemos dar como
exemplo é começar pela forma como as carteiras são organizadas.
Assentar-se enfileirados é uma maneira de inibir os estudantes,
que não se sentirão incluídos nas conversas. As carteiras em
círculo podem favorecer as discussões em que todos, olhando-se
nos rostos, têm sua voz e vez garantidas.
A partir de tudo isso que abordamos, podemos concluir que na pedagogia de projetos,
os próprios educandos tecem seu aprendizado, com a ajuda dos colegas e professores.
A interação com seus pares é favorecida e a intervenção consciente do professor
leva em conta a formação e a apreensão de conceitos atitudinais, comportamentais,
sociais e culturais, e efetiva um processo de ensino-aprendizagem com mais qualidade,
favorecendo a formação dos cidadãos críticos e atuantes na sociedade.
Saiba mais
Para ampliar seus conhecimentos sobre projetos educacionais,
assista ao vídeo “A pedagogia de ou por projetos”. Disponível em:
<https://player.vimeo.com/video/193697085>. Acesso em: 23
mai. 2020.
73
Neste contexto, os estudantes devem participar de todas as fases de elaboração
e execução dos projetos e é a partir de então que se inicia a construção do
conhecimento e a formação ampla, pois o projeto tem a ver com a discussão de uma
necessidade concreta.
1. Planejamento:
2. Escolha do tema:
3. Problematização:
74
5. Divulgação
6. Avaliação
75
2. Educação informal: Ocorre em todos os
momentos da vida dos sujeitos, em todos os
espaços sociais, ou seja, nos processos de
socialização. Não há intencionalidade ou vínculo.
Esse tipo de educação se inicia no núcleo familiar e
os pais são os primeiros responsáveis. Os vizinhos,
os colegas de trabalho e todos que convivem
com a pessoa, desde a infância, a adolescência, a
juventude e a vida adulta são partes importantes
nessa educação. Vale destacar que não podemos
deixar de pensar nos meios de comunicação:
televisão, rádio, internet etc. Não é formalmente
organizada, mas se efetiva a partir das vivências.
É onde se aprende a vida em sociedade.
Agora você deve estar se perguntando: Quais são os tipos de projetos nesses
cenários educacionais? Observe a tabela 1 a seguir, que apresenta alguns tipos de
projeto que podem acontecer de maneira integrada ou não.
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Tipologia dos projetos.
Tipos Características
São projetos que têm como objetivo a modificação na estrutura
e/ou na dinâmica de uma instituição. Assim, busca chegar a
Projeto de Intervenção
resultados positivos e pode ocorrer, por exemplo, em instituições
sociais, educacionais e no setor produtivo, comercial etc.
Mas atenção, para a identificação do tipo de projeto que melhor atende a sua
realidade é preciso identificar o seu objetivo maior, bem como sua atividade
predominante. Segundo Moura e Barbosa (2006) essa identificação não impossibilita
que algumas atividades de um tipo de projeto estejam presentes em outros. Por isso
é necessário identificar a atividade principal.
77
Saiba mais
Para ampliar seus conhecimentos sobre o contexto educacional
brasileiro, assista ao vídeo “Roda de conversa – Tema: Espaços
não formais do conhecimento: a escola além da escola– 1/3”, da
Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=JdLKPMCVPEY>. Acesso
em: 17 mai. 2020.
78
Fechamento
Vimos aqui a importância dos estudantes participarem das fases de elaboração e
execução dos projetos que são: planejamento, escolha do tema, problematização,
pesquisa, sistematização e produção, divulgação e avaliação. Estudamos as
características da Pedagogia de projetos ou a Pedagogia por projetos.
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Referências
ALVES, Nilda; OLIVEIRA, Inês Barbosa. Pesquisa nos/dos/com os cotidianos das
escolas. Sobre redes de saberes. Petrópolis: DP et Alii, 2008.
ALVES, Nilda. Decifrando o pergaminho– o cotidiano das escolas nas lógicas das
redes cotidianas. In: ALVES, Nilda; BARBOSA de OLIVEIRA, Inês (Orgs.). Pesquisa no/
do cotidiano. Sobre redes de saberes. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
DEWEY, John. Vida e Educação. Trad. Anísio Teixeira. São Paulo: Nacional, 1959.
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Gestão de projetos na
escola
Gestão de projetos na
escola
Apresentação
Neste momento vamos abordar características da cultura de projetos, analisando os
instrumentos de gestão dos projetos educacionais. Vamos conhecer o ciclo de vida
dos projetos e as características que um coordenador de projetos precisa ter.
A escola, como uma instituição social que tem como função disponibilizar aos
sujeitos os conhecimentos historicamente sistematizados, pode ter na pedagogia
por projetos uma metodologia que atenda a esse objetivo. Segundo Brito e Sabariz
(2011, p.12), um projeto educacional é:
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Ao pensarmos na implementação dos projetos, especificamente de um projeto
educacional, temos que pensar na sua gestão. A gestão, segundo Carvalho Junior
(2012), necessita de técnica e de um profissional para realizá-la, denominado gerente
do projeto; nas escolas é denominado como coordenador de projeto. Na maioria das
escolas, esse papel geralmente é desempenhado do professor, que muitas vezes
idealiza o projeto junto com a sua turma.
Na gestão dos projetos são feitas correções nos trajetos, buscando manter o foco
nos objetivos traçados e havendo necessidade, reestruturando os planos iniciais,
tendo como parâmetros para alterações o que for observado ao desenvolvê-lo.
Assim, podemos dizer também que a gestão é a administração e o direcionamento
das ações do projeto.
83
processos aplicados, visando o desenvolvimento das ações previstas. Apesar de
algumas diferenças, o ciclo de vida de um projeto contar basicamente com quatro
momentos: inicialização, planejamento, execução, encerramento.
1. Inicialização
2. Planejamento
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3. Execução
Por tudo isso, nota-se que os projetos são estratégias de ação que têm como
objetivo mudar uma determinada realidade. Essas estratégias podem também
alterar atitudes e comportamentos dos sujeitos, visando um melhor convívio social e
a sua realização pessoal.
Os projetos podem também ser utilizados em instituições que visem a formação dos
sujeitos de maneira não formal, como curso de qualificação profissional diversos,
que em grande parte são oferecidos por instituições não escolares, além daquelas
iniciativas que envolvem a arte, a cultura e o esporte.
Etapas de um projeto
Mas como elaborar um projeto educacional? Existem vários formatos. Vamos sugerir
um formato, que inclui itens que julgamos necessários.
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1º Etapa – Identificação
2º Etapa – Introdução
É um breve resumo, incluindo o tema que deve ser de interesse dos estudantes
e não só do educador. Nesse item deve-se explicar como foi selecionado o
tema, se a partir de uma situação-problema na escola ou na sala, se a partir
de um fato ocorrido na sociedade ou algo que esteja ocorrendo no bairro. Por
exemplo, bullying contra algum colega, uma gravidez na adolescência ou uma
situação de epidemia.
3º Etapa – Objetivos
4º Etapa – Justificativa
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5º Etapa – Metodologia
7º Etapa – Resultados
8º Etapa – Avaliação
Descreverá como será feita, quais são os critérios, quem será avaliado etc.
Essa etapa não deve ocorrer somente ao final do projeto, mas pode ser
definida uma avaliação processual, pois havendo necessidade, os aspectos do
projeto podem ser verificados e alterados. O coordenador pode fazer registros
de suas observações referentes à atuação de cada estudante e sugerir
mudanças no percurso.
9º Etapa – Cronograma
Esse tópico pode ser inserido em forma de tabela, com especificação das
ações, os prazos para cada uma, como também os responsáveis por elas.
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Esses são os itens que podem fazer parte de um projeto educacional. Vale destacar
que é uma sugestão de tópicos. A partir do contexto em que o projeto educacional
será elaborado e efetivado, eles podem e devem ser adaptados.
88
Fechamento
Compreendemos a escola como uma instituição social que tem como função
disponibilizar aos sujeitos os conhecimentos historicamente sistematizados, sendo
a pedagogia por projetos uma metodologia que pode atender a esse objetivo.
Por fim identificamos que existem vários formatos para elaborar um projeto
educacional e caracterizamos alguns itens essenciais, como a identificação, os
objetivos, a justificativa, a metodologia, os recursos didáticos, a divulgação de
resultados, a avaliação, o cronograma e as fontes de consulta.
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Referências
ALVES, Nilda; OLIVEIRA, Inês Barbosa. Pesquisa nos/dos/com os cotidianos das
escolas. Sobre redes de saberes. Petrópolis: DP et Alii, 2008.
ALVES, Nilda. Decifrando o pergaminho: o cotidiano das escolas nas lógicas das
redes cotidianas. In: ALVES, Nilda; BARBOSA de OLIVEIRA, Inês (Orgs.). Pesquisa no/
do cotidiano. Sobre redes de saberes. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
MICOTTI, Maria Cecília de Oliveira. Leitura e escrita: como aprender com êxito por
meio da pedagogia por projetos. São Paulo: Contexto, 2009.
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