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09hepatotoxicidade de Plantas Medicinais e Produtos Herbais
09hepatotoxicidade de Plantas Medicinais e Produtos Herbais
JOSSANA ALVES DOS SANTOS PINHEIRO1, DANIEL BALDUINO ALVES2 XISTO SENA PASSOS3,
YARA LÚCIA MARQUES MAIA4
1. Acadêmico do curso de Nutrição da Universidade Paulista – UNIP; 2. Acadêmico do curso de enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Goiás-
FESGO 3. Docente do curso Nutrição da Universidade Paulista. 4. Docente dos cursos de Farmácia e Nutrição da Universidade Paulista e Docente do
curso de Farmácia da Faculdade Estácio de Sá de GOIÁS – FESGO.
* Yara Lúcia Marques Maia: Rua C-241 Qd 542 Lt 13 Jardim América, Goiânia-Go, CEP 74.290-160. yaramaia.science@gmail.com
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Esta pesquisa teve por objetivo relatar a toxicidade da finalidade, riscos e benefícios (FEITOSA et al.,
de plantas medicinais, drogas vegetais e seus derivados 2016).
com foco na hepatotoxicidade e destacar a importância Segundo Silva et al., (2015) é importante que o
do profissional nutricionista em relação à orientação profissional de saúde esteja atento ao desenvolvimento
sobre o uso de plantas medicinais, seus cuidados e de ações que levem à sensibilização da população
riscos. quanto aos riscos associados ao uso sem distinção de
plantas medicinais. A resolução do Conselho Federal de
2. MÉTODOS Nutricionistas - CFN N° 599 de 2018, regulamenta a
prescrição fitoterápica pelo nutricionista na forma de
O presente artigo é uma revisão bibliográfica, plantas frescas in natura, ou como droga vegetal nas suas
descritiva, qualitativa, que teve como fonte de pesquisa diferentes formas farmacêuticas (NUTRICIONISTAS,
sites de busca e bases de dados, Scientific Eletronic 2018).
Library Online (SciELO), Google Acadêmico, LILACS Para que o profissional exerça o direito de prescrever
e NCBI Pubmed, e livros do acervo da Biblioteca da fitoterápicos, é fundamental que busque um profundo
Faculdade de Medicina – IMES/FAMEVAÇO. conhecimento científico na área, através de pós-
Foram utilizados os seguintes descritores: graduações e cursos especializados, visto que várias
Toxicidade em plantas medicinais, Hepatotoxicidade em plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos
produtos naturais, Uso de plantas medicinais, apresentam efeitos indesejáveis e até mesmo interações
Intoxicação por plantas medicinais, Utilização de com nutrientes e medicamentos (PEREIRA, 2013).
plantas medicinais no tratamento de patologias, Em geral, as plantas produzem muitas substâncias
Registros de intoxicação no Brasil, toxicity, phytoterapy, químicas que constituem seu fitocomplexo (CAETANO
plant preparations, plants or herbs, publicados de 2010 a et al., 2015). Nele estão presentes os princípios ativos,
2019, relacionados às palavras-chave. Ao final do responsáveis pela ação farmacológica, bem como outros
levantamento bibliográfico, foram efetivamente princípios que podem desencadear toxicidade,
utilizados 30 artigos, selecionados conforme a qualidade lembrando que os próprios ativos farmacológicos
e relevância com o tema proposto. também podem desenvolver toxidade dependendo da
dose, tempo de uso e interações. Souza e Rodrigues
(2016) esclarecem que o conhecimento e o uso de
3. RESULTADOS plantas medicinas é adquirido de geração a geração, de
maneira empírica, e embora utilizado desde os
As plantas medicinais compreendem todos vegetais primórdios da civilização para cuidar da saúde,
que possuem substâncias que podem ser usadas in numerosas plantas medicinais carecem de comprovação
natura com fins terapêuticos, na fabricação de fármacos científica de suas ações farmacológicas, bem como da
semissintéticos ou serem modelos para a síntese de segurança de seu uso.
moléculas farmacologicamente ativas (BRASIL, 2016). A mídia possui papel importante em influenciar a
Medicamento fitoterápico é todo medicamento obtido e população quanto ao uso de plantas medicinais.
produzido através do uso exclusivo de matérias-primas Anúncios e propagandas que visam a venda de ervas
vegetais, com finalidade profilática, curativa, com e/ou fitomedicamentos costumam garantir vida longa e
benefício para o usuário, sendo caracterizado pelo saúde, baseados em argumentos não evidenciados de
conhecimento da eficácia e dos riscos do seu uso que as plantas são seguras. Diante deste apelo, a
(BRASIL, 2016). população costuma utilizar estes medicamentos sem a
Já a fitoterapia consiste no uso de plantas medicinais devida precaução que é devida quanto ao uso de uma
em suas diversas formas, não sendo utilizadas substância química, mesmo que esta seja um
substâncias ativas isoladas, mesmo que sejam de origem fitoquímico (CAETANO et al., 2015).
vegetal. Dessa forma, as plantas medicinais podem ser Segundo Lee at al., (2019) a medicina tradicional à
usadas de diversas maneiras: como planta medicinal in base de plantas mantém a saúde dos povos asiáticos há
natura, planta medicinal seca (droga vegetal), milhares de anos, o que gerou um sistema médico
fitomedicamentos (fórmulas individuais manipuladas) e baseado no conhecimento acumulado de forma empírica
medicamentos fitoterápicos (VEIGA et al., 2005). pelos cidadãos. Este é um exemplo de que o uso de
A fitoterapia tradicional consiste no uso de plantas plantas ocorre em diversos lugares. Mesmo que a
medicinais tanto cultivadas em ambientes domésticos tradicionalidade no uso de plantas medicinais aconteça
quanto extraídas, o que ocorre em uma prática baseada por muitos anos e em todo o mundo, necessário que
no conhecimento popular, e na maioria das vezes, ocorra uma orientação quanto à sua administração, pois
repassado de geração para geração constituindo todas plantas possuem um potencial tóxico, podendo
informações terapêuticas que foram sendo acumuladas atuar farmacologicamente e/ou toxicologicamente, e
durante séculos, apesar de nem sempre terem seus desencadear uma série de complicações no organismo
constituintes químicos conhecidos (LACERDA et al., do indivíduo que podem evoluir até mesmo ao óbito.
2013). Já, a fitoterapia médica consiste na utilização de Jamshidi-kia et al., (2018) afirmam que devido ao
produtos naturais associados à assistência médica e de aumento da demanda e aceitação das plantas medicinais
profissionais capacitados levando à utilização segura, é importante obter informações acerca destas que por
eficaz e de qualidade onde existe o conhecimento prévio
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vez fazem parte do cotidiano de muitos. profissionais da saúde, sendo adquiridas livremente em
Neste texto foi evidenciado que mesmo que sejam ervanarias ou feiras populares.
utilizadas para a saúde, as plantas medicinais podem Apesar de todos os benefícios das plantas
também prejudicar órgãos e sistemas. Existem plantas medicinais, elas não estão isentas de efeitos colaterais
que podem desencadear diferentes ações no organismo, como náuseas, vômitos, diarreia, efeitos hepáticos entre
como a popular unha de gato que causa hepatite aguda outros (CAETANO et al., 2015). Dessa forma, na tabela
tipo hepatocelular (MEIRELLES, 2011) e a valeriana 1 são apresentadas algumas espécies de plantas usadas
responsável por desencadear hepatite aguda (FARAH et com frequência no Brasil, com seus respectivos efeitos
al., 2019) ambas muito usadas sem orientação de hepáticos.
Tabela 1: Informações sobre espécies vegetais que causam toxicidade hepática humana.
Nome Efeitos hepático da
Nome popular Uso popular Referências
científico intoxicação
Cáscara Rhamnus Usada como laxante estimulante
Hepatite colestática Meirelles, (2011)
sagrada purshianus (devido a presença de antraquinonas)
Doença hepática aguda
colestática; também foi
Resfriados comuns, infecção pelo
descrita evolução para
Larrea HIV, infertilidade, reumatismo, Meirelles (2011)
Chaparral cirrose hepática e hepatite
tridentata artrite, diabetes, vesícula biliar e Arteaga et al., (2005)
fulminante
pedras nos rins, dor e inflamação
com necessidade de
transplante do fígado
Bebida consumida com efeito Lesão hepática geralmente
antioxidante, anti-inflamatório, é do tipo
Camellia anticâncer, antienvelhecimento, anti- hepatocelular, de evolução Meirelles (2011)
Chá-verde
sinensis diabético, anti-obesidade, benigna, mas também foi Xu et al. (2019)
cardioprotetor e descrita
atividade neuroprotetora hepatite fulminante
Symphytum Destruição dos
Confrei Anti-inflamatório, analgésico Medicine (2019)
officinalis L. hepatócitos
Erva de São Indicada para diminuir os sintomas da Doença hepática
Cimicifuga
Cristovão; menopausa, artralgias, mialgias, autoimune, insuficiência Meirelles, (2011)
racemosa
Black Cahosh bronquite e obesidade hepática grave
Fedegoso; Cassia
Anti-inflamatório, analgésico Afecção hepática crônica Caetano et al. (2015)
Crista-de-galo ocidentalis L.
Vários relatos de hepatite
Tratamento de ansiedade, fadiga e aguda, alguns com
Piper Meirelles, (2011)
Kava-Kava insônia, alívio de dor e indução ao evolução grave para
methysticum Pantano et al. (2016)
sono transplante hepático e
mesmo para a morte
Mentha Hepatite aguda e
Poejo Usado contra gripe e resfriado Meirelles, (2011)
pulegium L fulminante
Croton Usada no tratamento de obesidade e Hepatite aguda, crônica e
Sacaca Meirelles, (2011)
cajucara hipercolesterolemia mesmo fulminante
Responsabilizada por
Cassia Usada como laxante estimulante
Sene hepatite aguda em Meirelles, (2011)
angustifolia (devido a presença de antraquinonas)
paciente
Uncária Tratamento de artrites, dores de Hepatite aguda tipo
Unha de gato Meirelles, (2011)
tomentosa coluna e gota hepatocelular
Ansiedade, insônia, sedativo,
Valeriana Meirelles, (2011)
Valeriana antisséptico, anticonvulsivante e Hepatite aguda
officinalis Farah et al. (2019)
analgésico
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bastante expressivo. Porém, para este estudo foram resultados imediatos. Os pacientes que utilizam o Chá
selecionadas apenas 12 plantas medicinais, que são Verde para com a finalidade de emagrecimento
algumas das usadas com maior frequência pela constituem a população mais susceptível ao
população brasileira. desenvolvimento de lesões hepáticas.
A Cáscara sagrada (Rhamnus purshianus) além de O Confrei (Symphytum officinalis) é uma planta
ser usada extensivamente como laxante, possui efeitos medicinal utilizadas há muitos séculos como anti-
biológicos antineoplásicos, anti-inflamatórios e inflamatório e analgésico por ser de fácil cultivo e
antifúngicos (MEIER et al., 2017), porém seu acesso pela população. Devido à sua finalidade,
metabolismo ainda não é bem estudado. Diante de seu pesquisas mostram que a planta é utilizada topicamente
amplo uso, foram realizados alguns estudos que como preparações aquosas ou em cremes e pomadas
demonstraram seu efeito hepatotóxico devido à para dor após episiotomia e mamilos doloridos e
administração inadequada. Muitas vezes a população se rachados (MEDICINE, 2019). Diante desse fato, tem
atenta apenas aos efeitos positivos, não se preocupando sido contraindicado para mulheres que amamentam,
com efeitos adversos como a hepatite colestática. Além pois além da contaminação materna pode ocorrer a
da Cáscara sagrada, o Sene (Cassia angustifólia) contaminação do bebê pela ingestão do princípio ativo
também possui a mesma finalidade laxante e efeitos (que é altamente tóxico) desencadeando assim efeitos
hepatotóxicos semelhantes. Ambos possuem como a destruição dos hepatócitos.
antraquinonas, que são responsáveis pela ação laxante. A popular erva São Cristovão (Cimicifuga
O sene foi responsabilizado por hepatite aguda em um racemosa) tem sido muito utilizada para diminuir os
paciente que o utilizava em doses elevadas sintomas de menopausa entre outras patologias
(MEIRELLES, 2011). (MEIRELLES, 2011). É importante ressaltar que quatro
O Chaparral (Larrea tridentata) é uma planta em cada cinco mulheres sofrem de sintomas nessa fase
comum das regiões áridas do norte do México e do da vida, o que explica a crescente busca pelos benefícios
sudoeste dos Estados Unidos, popularmente utilizado da planta. Ainda não existe comprovação de seus efeitos
por toda a população para tratar resfriados comuns, hepatotóxicos, apesar de alguns estudos relatarem
infecção pelo HIV, infertilidade, reumatismo, artrite, alguns casos de toxicidade, enquanto outros não. Estes
diabetes, pedras na vesícula biliar e nos rins, dor e casos são apresentados na pesquisa de Henneicke-Von
inflamação. É uma planta usada desde 1950 como Zepelin (2017). Pôde ser observado que a intoxicação
conservante de alimentos e como preservativo de fibras vai depender de vários fatores, não apenas da planta
naturais. A partir de então, passou a ser usada com administrada, mas do tempo de administração, dosagem,
finalidades terapêuticas, o que conduziu a vários relatos interação medicamentosa e constituição genética do
de toxicidade no início dos anos 60. Segundo o The paciente.
National Academies (COMMITTE ON THE O Fedegoso (Cassia ocidentalis ou Senna
FRAMEWORK FOR EVALUATING THE SAFETY ocidentalis), usado como anti-inflamatório e analgésico,
OF THE DIETARY SUPPLEMENTS, 2005) o possui uma vasta literatura na área veterinária
chaparral é vendido em várias apresentações, abordando seu aspecto tóxico devido à ocorrência
principalmente como droga vegetal, composta de folhas ingestão acidental por animais de criação,
secas, caules verdes e pontas finas dos galhos rasurados, principalmente frangos, bovinos e porcos. As
que podem ser preparados como chá (extrato aquoso). informações sobre a toxicidade em humanos são
Muitas vezes a população não sabe a dosagem correta a escassas, mas há uma associação significativa entre a
ser usada (quantidade de planta por volume de água), a síndrome da encefalopatia infantil e a intoxicação
forma de preparo mais adequada (infusão ou decocção) acidental pela planta (CAETANO et al., 2015).
e o tempo de uso, o que pode levar à intoxicação A Kava-kava (Piper methysticum) é uma planta
hepática devido ao uso inadequado. muito utilizada no tratamento da ansiedade. Por ser um
O Chá Verde (Camellia sinensis), apresenta produto natural e seu uso não desencadear dependência,
propriedades antioxidantes confirmadas em várias tem sido muito administrada como auxiliar do
pesquisas científicas, além de efeito inibitório no tratamento de emagrecimento (MEIRELLES, 2011;
desenvolvimento de células cancerígenas de ovário PANTANO et al., 2016). Porém, por mais que seja um
humano, colorretais e outras neoplasias (JIA et al., 2017; produto natural, é necessário que a dosagem e o tempo
ESGHAEI et al., 2018). Porém, apesar dos vários de administração ocorram de forma controlada, pois
fitoconstituintes benéficos à saúde, o Chá Verde também existem vários relatos de efeitos hepatotóxicos,
contém constituintes hepatotóxicos, podendo observados por Oakley (2013). O autor mostra ainda que
desenvolver lesões no fígado quando administrado em a Kava-kava possui propriedades mutagênicas, que
grande quantidade, por tempo muito longo ou em contra-indicam o uso indiscriminado.
indicação inadequada. Além disso, conforme mostrado O Poejo (Mentha pulegium) é uma planta muito
por Santana et al. (2015), o Chá Verde tem sido uma das utilizada para tratamento de gripes e resfriados,
bebidas mais utilizadas no mundo com a finalidade de principalmente de bebês. No entanto, possui um
auxiliar no processo de emagrecimento (termogênico), constituinte tóxico, a pulegona. Este metabólito é
indicação que leva muitas vezes ao consumo exagerado biotransformado no sistema enzimático CYP2E1 e pode
e sem acompanhamento clínico, devido à busca de produzir hepatite aguda e mesmo hepatite fulminante.
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Deve ser usado por pouco tempo e se for desencadeada desconhece a relação entre a dosagem, o tempo de
a toxidade hepática, o tratamento é o mesmo da administração e a forma de preparo. Estes fatores,
intoxicação por paracetamol (um analgésico e adicionalmente aos efeitos biológicos dos princípios
antitérmico também com elevada hepatotoxicidade), o ativos, podem desencadear efeitos hepatotóxicos.
seja, a administração de n-acetilcisteína que contribuirá Este estudo não esgota questões referentes ao risco
para a formação das enzimas antioxidantes hepáticas hepático do uso de plantas medicinais, sendo necessário
(MEIRELLES, 2011). dar continuidade à pesquisa para descrever os efeitos
Em relação à Sacaca (Croton cajucara), que é uma tóxicos de outras plantas de uso popular. É importante a
planta encontrada na Amazônia brasileira, as infusões de divulgação para a população das informações sobre os
sua casca e folha têm sido popularmente usadas para fins cuidados durante a administração de plantas medicinais,
médicos e estão associadas ao aparecimento de pois estas sempre serão usadas nas comunidades, quer
inúmeros casos de efeitos colaterais, muitos dos quais isoladamente no tratamento de determinada patologia,
relacionados à hepatotoxicidade devido à ingestão ou como uso complementar a medicamentos alopáticos
continuada. Este fato é comprovado pela pesquisa de instituídos por tratamento clínico.
Rodrigues et al., (2010), que descreveram alterações
hepatocelulares em animais. Alguns apresentaram 6. REFERÊNCIAS
necrose hepatocelular semelhante à hepatite aguda, o
que levou os autores a concluírem que a toxicidade do [1] ARTEAGA, S.; ANDRADE-CETTO, A.; CÁRDENAS, R.
Sacaca é dependente da dose. Larrea tridentata (Creosote bush), an abundant plant of
A Unha-de-Gato (Uncária tomentosa), segundo Mexican and US-American deserts and its metabolite
Zevallos-Pollito et al., (2010), é um nome popular que nordihydroguaiaretic acid. Journal of Ethnopharmacology,
representa aproximadamente 60 espécies, distribuídas v. 98, n. 3, p. 231–239, 2005.
principalmente nas Américas, podendo também ser
[2] BRASIL, M. DA S. Política e Programa Nacional de
encontrada na África e Ásia. Devido à grande
Plantas Medicinais e Fitoterápicos Política e Programa
quantidade de espécies disponíveis e às diversas formas Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. 2016.
de preparo, muitas vezes a população é exposta a
cometer erros de identificação da planta, levando muitas [3] CAETANO, N. L. B.; FERREIRA, T. F.; REIS, M. R. O.;
vezes à utilização errônea da mesma pelas diversas NEO, G. G. A.; CARVALHO, A. A. Plantas medicinais
opções encontradas. De acordo com a pesquisa de utilizadas pela população do município de Lagarto- SE, Brasil
Mendes et al. (2014) a Unha-de-Gato apresentou –Ênfase em pacientes oncológicos. Revista Brasileira de
toxicidade hepática em camundongos que utilizaram o Plantas Medicinais, v. 17, n. 4, p. 748–756, 2015.
extrato da planta por 90 dias.
Em relação ao uso de Valeriana (Valeriana [4] CHAN, T. Y. K.; TANG, C. H.; CRITCHLEY, J. A. J. H.
officinalis), existem ainda limitações quanto à indicação Poisoning due to an over-the-counter hypnotic, Sleep-Qik
e à dosagem adequada. Muitas vezes as reações tóxicas (hyoscine, cyproheptadine, valerian). Postgraduate Medical
Journal, v. 71, n. 834, p. 227–228, 1995.
não são imediatas após o uso, mas seus efeitos podem se
refletir anos após a administração. Segundo Chan et al.,
[5] COMMITTE ON THE FRAMEWORK FOR
(1995) para estabelecer o risco de hepatotoxicidade em EVALUATING THE SAFETY OF THE DIETARY
usuários a longo prazo e naqueles que tomam uma SUPPLEMENTS, NATIONAL RESEARCH COUNCIL.
grande dosagem de valeriana, são necessários estudos Dietary Supplements: A Framework for Evaluating Safety.
maiores, de longa duração com testes seriados da função 2005.
hepática.
Observa-se através do estudo que plantas medicinais [6] ESGHAEI, M.; GHAFFARI, H.; ESBOEI, B. R.; et al.
são utilizadas para diversas finalidades, como laxante, Evaluation of anticancer activity of Camellia sinensis in the
anti-inflamatórios, para resfriados, para diminuir Caco-2 colorectal cancer cell line. Asian Pacific Journal of
sintomas de menopausa, tratamento de ansiedade, perda Cancer Prevention, v. 19, n. 6, p. 1697–1701, 2018.
de peso, insônia entre muitos outros fins. Sendo assim,
o uso demasiadamente incorreto das plantas medicinais, [7] FARAH, G. J.; FERREIRA, G. Z.; DANIELETTO-
ZANNA, C. F.; LUPPI, C. R.; JACOMACCI, W. P.
produtos herbais e seus derivados pode desencadear
Assessment of Valeriana officinalis l. (Valerian) for Conscious
efeitos indesejáveis e tóxicos, tais como Sedation of Patients During the Extraction of Impacted
hepatotoxicidade. Mandibular Third Molars: A Randomized, Split-Mouth,
Double-Blind, Crossover Study. Journal of Oral and
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Maxillofacial Surgery, p. 1–8, 2019. American Association
of Oral and Maxillofacial Surgeons.
Conclui-se que a hepatotoxicidade das plantas
medicinais e dos produtos herbais é muito prevalente. [8] FEITOSA, M. H. A.; SOARES, L. L.; BORGES, G. A.;
Por meio desta pesquisa pôde-se observar o quão ANDRADE, M. M.; COSTA, S. DE M. Inserção do Conteúdo
Fitoterapia em Cursos da Área de Saúde. Revista Brasileira
importante são os profissionais da saúde, como o de Educação Médica, v. 40, n. 2, p. 197–203, 2016.
nutricionista, para orientação quanto ao uso adequado
das plantas, visto que grande parte da população [9] HE, S.; ZHANG, C.; ZHOU, P.; et al. Herb-Induced Liver
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Pinheiro et al. / Rev. Ref. Saúde- FESGO
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