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ESCOLA SECUNDÁRIA QUINTA DAS PALMEIRAS / CÓDIGO

404676

Ficha Formativa

Lê e observa com atenção todas as questões e documentos apresentados.


Deves integrar na tua resposta a análise e / ou uso dos documentos apresentados.
Responde com clareza e correção.

1. lê os documentos 1 e 2:

Documento 1 – Corte e mecenato

A corte era uma instituição onde conviviam muitas funções diferentes. Não era ´so a família do soberano, mas também um verdadeiro
instrumento de governação. Para além disso, o facto de o príncipe e os seus companheiros sentirem necessidade de se distraírem à noite com
a poesia ou com a música, ou jogando xadrez ou jogos de azar, ou mesmo inventando anagramas, divisas, adivinhas ou cortejando as damas,
favoreceu a transformação da corte em centro cultural. Daí a convicção de que a literatura teria um valor prático que podemos encontrar em
O Príncipe, de Maquiavel, na Educação do Príncipe Cristão, de Erasmo ( escrito para Carlos V), ou na Educação do Píncipe (escrito para
Francisco I). Na realidade, a importância da novidade e da moda fizeram da Corte , neste contexto, um dos principais centros de
inovação cultural, tanto na Europa medieval como na Europa da primeira Idade Moderna. (…).
Os primeiros anos do século XVI constituíram um período particularmente favorável para o mecenato na literatura, nos estudos e nas artes,
primeiro com os Papas Júlio II e leão X depois graças ao imperador Carlos V e aos seus rivais, Francisco I e Henrique VIII.
Erasmo chegou a definir a Corte de Henrique VIII como a “sede e a cidadela dos estudos humanistas”.
Peter Burke, O Homem do Renascimento, Dir. de Eugénio Garin

Documento 2 – Uma sociedade refinada e polida

O hábito dos cavalheiros desta casa era de dirigirem-se logo após o jantar para a casa da senhora duquesa (Elisabeth Gonzaga
Montefeltre) onde, entre as festas, concertos e danças, haviam um salão onde tanto se discutiam elegantes questões, como se
entregavam aos jogos engenhosos e de sociedade, propostos por um ou por outro, no decurso dos quais muitas vezes sob
disfarces variados, os participantes revelavam alegoricamente os seus pensamentos.
Algumas vezes nasciam debates sobre diversas matérias ou então havia despiques de ditos espirituosos. Tinha-se um enorme
prazer em tais entretenimentos, porque a casa estava cheia de espíritos notáveis. Entre eles contava-se o monsenhor Ottaviano
Fregoso, o monsenhor Frederico, seu irmão, o monsenhor Julião de Médicis, o senhor Pietro Bembo, o senhor César Gonzaga,
o conde Ludovico de Camossa e uma infinidade de outros cavaleiros.
Alguns que não vinham regularmente, passavam aqui contudo grande parte do seu tempo, Bernardo Bibbiena, Pietro Aretino,
João Crisostoforo (…), de modo que sempre apareciam nestes lugares poetas, músicos e todas as espécies de homens notáveis,
os mais excelentes que se podiam encontrar em qualquer género.
Baldassare Castiglione, O Cortesão, 1528

1.1. Salienta a importância do mecenato no quadro conjuntural renascentista.


1.2. Avalia o papel das Cortes modernas enquanto polos dinamizadores de mecenato.
1.3. Mostra, com base nos dois documentos, a ostentação das elites cortesãs e burguesas.

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1.4. Em que medida as situações descritas nos dois documentos eram veículos privilegiados para a transmissão dos ideais
renascentistas.
1.5. Salienta a influência de humanistas como Maquiavel e Erasmo nas Cortes europeias do século XVI.

2.Lê o documento 3.

Documento 3 – Modernidade e classicismo

As armas e os barões assinalados


Que da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca dantes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia e força humana
E entre gente nova edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram

E também as memórias gloriosas


Daqueles reis que foram dilatando,
A Fé, o império, e as terras viciosas
De África e da Ásia andaram devastando;
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando:
- cantarei espalhando por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

Cessem do sábio Grego e do Troiano


As navegações grandes que fizeram,
Cale-se de Alexandre e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre lusitano
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta
Que outro valor mais alto se alevanta,

2.1. Mostra como a consciência da modernidade que caracteriza o novo Homem do Renascimento não descurou a atenção
e o interesse pelos clássicos.

2.2. Destaca o documento 3 como prova evidente da influência da cultura clássica na produção literária do Renascimento.

3. Observa a imagem representada no Lê o documento 4.

Documento 4 – As utopias

As utopias, “descrições (em tom sério) de mundo constituídos segundo princípios diferentes que vigoram no mundo real”(R.
Ruyier), floresceram em grande número na época do Renascimento. São testemunhas do divórcio, muito duramente sentido por
alguns, entre as aspirações dessa época e as suas realidades de todos os dias. O otimismo acerca do futuro – mas de um futuro

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estranhamente longínquo – tinha como compartida uma visão pessimista do presente. A Utopia de Thomas More (1516) é o
melhor reflexo dessa dialética em que certo pensamento humanista se debateu.

Jean Delumeau, A Civilização do Renascimento

3.1. Comenta, criticamente, a opinião de Jean Delumeau, tendo em conta os seus conhecimentos sobre o papel da utopia no
Renascimento.

FIM
Bom trabalho

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