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Resumir um texto significa criar um novo texto mais curto, utilizando somente as
informações mais importantes do texto original. Sobre esta questão há, entretanto,
algumas divergências: quando o jornal L'Espresso (Elogio do resumo, 17/10/1982)
pediu a doze escritores, jornalistas e críticos literários que resumissem em quinze linhas
datilografadas uma obra literária de sua escolha, alguns apresentaram efetivamente só os
fatos principais do texto, criando uma ficha parecida com as que se encontram nas
enciclopédias e nos manuais de literatura. Outros, ao contrário, apresentaram
pouca coisa do conteúdo do texto e escreveram um comentário critico. Nenhum
dos escritores expôs uma teoria do resumo, mas é possível per ceber que tinham
concepções diferentes sobre ele. Umberto Eco, autor de uma breve introdução da
pesquisa, observa que o resumo de um romance é sempre pessoal porque, neste
caso, não se trata só de selecionar fatos, mas de pronunciar implicitamente um
juízo critico.
Calvino, em La Repubblica (Pouco papo! 22/10/1982) comparou os resumos dos
doze escritores e inaugurou uma discussão: existe diferença entre resumo e
comentário? Ao selecionar as informações que consideramos mais impor tantes,
não estamos fazendo um comentário? Um resumo deve se r fi e l à l i ngua ge m e a o
estilo do texto original? É preciso citar apenas os fatos muito gerais ou convém
apresentar também algum detalhe que lembre a atmosfera do texto?
Calvino distingue claramente o comentário do resumo. O primeiro enfoca
principalmente o julgamento que quem escreve formula do texto; é um breve ensaio
critico. O segundo deve conservar também os aspectos form a i s e e st i l í st i c os do texto
original. A utilidade do resumo, segundo Calvino, reside no fato de que ele, ao
contrário do ensaio, nos obriga a deixar de lado as facilidades do l é x i c o
i n t e l e c t u a l e a o b s e r v a r o s textos internamente antes de defini-los de fora.
J á q u e u m a s e l e ç ã o d e e l e m e n t o s d o t e x t o é n e c e s s a r i a mente fruto de uma
certa arbitrariedade, é possível concluir que um resumo e um comentário não
devem ser considerados como dois tipos de textos totalmente diferentes, mas como dois
extremos de um continuum, que apresenta cada vez menos elementos d o t e x t o
o r i g i n a l e c a d a v e z m a i s e l e m e n t o s q u e m o s t r a m a personalidade de quem
escreve. Portanto, veremos o resumo como um texto que reelabora o texto
1
Fonte: SERAFINI, Maria Teresa. Como escrever textos. 9. ed. São Paulo: Globo, [entre 1995 e 2000]
original, reduzindo seu comprimento. Neste caso, o autor se coloca em segundo
plano e se esforça para ser objetivo, no intuito de criar uma síntese coerente e
compreensível.
2
Adaptado de: www.todamateria.com.br. Acesso em 10/02/2017
deixando-a permanecer no trabalho.
Macabéa mora em uma pensão e divide o quarto com três moças, as “três Marias”:
Maria da Penha, Maria da Graça e Maria José, que são balconistas das Lojas Americanas.
Mesmo destituída de beleza, Macabéa consegue encontrar um namorado, o nordestino
metalúrgico ambicioso Olímpico de Jesus Moreira Chaves. O namoro termina quando Glória, o
contrário de Macabéa, bonita e esperta, rouba seu namorado.
Macabéa vai à cartomante impostora chamada Madame Carlota, que a encanta com um
lindo e promissor futuro. Muito contente pelas palavras que acabara de ouvir, a protagonista
atravessa a rua, sem prestar atenção no trânsito, e é atropelada.
Margaret Atwood, 56, é uma escritora canadense famosa por sua literatura de tom feminista.
No Brasil, é mais conhecida pelo romance "A mulher Comestível" (Ed. Globo). Já publicou 25
livros entre poesia, prosa e não-ficção. "A Noiva Ladra" é seu oitavo romance.
O livro começa com uma página inteira de agradecimentos, procedimento normal em
teses acadêmicas, mas não em romances. Lembra também aqueles discursos que autores de
cinema fazem depois de receber o Oscar. A escritora agradece desde aos livros sobre guerra,
que consultou para construir o "pano de fundo" de seu texto, até a uma parente, Lenore Atwood,
de quem tomou emprestada a (original? significativa?) expressão "meleca cerebral".
Feitos os agradecimentos e dadas as instruções, começam as quase 500 páginas que
poderiam, sem qualquer problema, ser reduzidas a 150. Pouparia precioso tempo ao
leitor bocejante.
É a história de três amigas, Tony, Roz e Charis, cinqüentonas que vivem infernizadas
pela presença (em "flashback") de outra amiga, Zenia, a noiva ladra, inescrupulosa
"femme fatale" que vive roubando os homens das outras. Vilã meio inverossímel - ao
contrário das demais personagens, construídas com certa solidez -, a antogonista Zenia não se
sustenta, sua maldade não convence, sua história não emociona. A narrativa desmorona,
portanto, a partir desse defeito central. Zenia funcionaria como superego das outras, imagem do
que elas gostariam de ser, mas não conseguiram, reflexo de seus questionamentos internos - eis
a leitura mais profunda que se pode fazer desse romance nada surpreendente e muito óbvio no
seu propósito.
Segundo a própria Atwood, o propósito era construir, com Zenia, uma personagem
mulher "fora-da-lei", porque "há poucas personagens mulheres fora-da-lei". As intervenções do
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Fonte:http://pucrs.br/gpt/resenha.php. Acesso em 10/02/2017
discurso feminista são claras, panfletárias, disfarçadas de ironia e humor capengas. A
personagem Tony, por exemplo, tem nome de homem (é apelido para Antônia) e é professora de
história, especialista em guerras e obcecada por elas, assunto de homens: "Historiadores homens
acham que ela está invadindo o território deles, e deveria deixar as lanças, flechas, catapultas,
fuzis, aviões e bombas em paz".
Outras alusões feministas parecem colocadas ali para provocar riso, mas soam apenas
ingênuas: "Há só uma coisa que eu gostaria que você lembrasse. Sabe essa química que afeta as
mulheres quando estão com TPM? Bem, os homens têm essa química o tempo todo". Ou então,
a mensagem rabiscada na parede do banheiro: "Herstory Not History", trocadilho que indicaria
o machismo explícito na palavra "História", porque em inglês a palavra pode ser desmembrada
em duas outras, "his" (dele) e story (estória). A sugestão contida no trocadilho é a de que se
altere o "his" para "her" (dela). As histórias individuais de cada personagem são o costumeiro
amontoado de fatos cotidianos, almoços, jantares, trabalho, casamento e muita "reflexão
feminina" sobre a infância, o amor, etc. Tudo isso narrado da forma mais achatada possível, sem
maiores sobressaltos, a não ser talvez na descrição do interesse da personagem Tony
pelas guerras.
Mesmo aí, prevalecem as artificiais inserções de fundo histórico, sem pé nem cabeça,
no meio do texto ficcional, efeito da pesquisa que a escritora - em tom cerimonioso na página de
agradecimentos - se orgulha de ter realizado
D a m o s a g o r a a l g u m a s r e g r a s p a r a a r e a l i z a ç ã o d e u m resumo simples.
São regras de tipo analítico que podem ser aplicadas a um texto bem simples e
restrito e utilizadas com o s alunos como um primeiro instrumento para exercitar resumos.
Entretanto, na realização de um resumo complexo como , o de um romance, por
exemplo, não é possível empregar somente estas regras. Tomemos como exemplo o seguinte
trecho:
Mário e Luiza foram ontem à noite jantar no restaur ante da esquina. Sentaram-se à mesa
logo na entrada. Mário comeu pizza com cogumelos, um calzone recheado e uma fatia de
torta de nozes; Luiza comeu creme de espinafre, berinjelas ao forno e salada de agrião.
Depois, saindo do restaurante, andando depressa con tra o vento frio da noite,
atravessaram a rua e volta ram para casa. Procuraram a chave de casa, abriram a porta
do prédio, verificaram se havia correspondên cia para eles e chamaram o elevador;
finalmente, se sentaram no sofá de casa, justamente a tempo de curtir, num lugar
quentinho, um filme de Gary Grant que a charam muito bom. (117 palavras)
Eis um exemplo de resumo:
Ontem a noite, apesar do frio, Mário e Luiza foram comer fora. Mário fez uma
refeição à base de base de farináceos ; Luiza, de vegetais. Depois voltaram a pé para
casa a tempo de ver um filme de Gary Grant. (38 pa lavras)
Vejamos quatro regras de base utilizadas no resumo ante rior (Marcello, 1983);
(Caffi, 1982) e (Corno, 1982):
(1) Cancelamento: é possível cancelar as palavras que se referem a detalhes, -
quando esses não são necessários à compreensão de outras partes do texto. No
resumo, esta regra foi utilizada para cancelar sentaram-se na mesa logo à entrada,
já que este particular não tem nenhuma importância para o todo do texto.
(2) Generalização: é possível substituir alguns elementos por outros mais
gerais que os incluam. No resumo, o termo farináceos substitui pizza, calzone e torta e o termo
vegetais substitui espinafre, berinjela e agrião.
(3) Seleção: é possível eliminar todos os elementos que expressam detalhes
óbvios e normais no contexto apresentado. No resumo, deixou-se de lado saindo
do restaurante porque é óbvio que, para voltar para casa depois de ter jantado no
restaurante, é preciso antes sair dali.
(4) Construção: é possível substituir um conjunto de orações por uma nova que
a inclua, se elas representam elementos óbvios no contexto. No resumo,
voltaram a pé para casa substitui andando depressa contra o vento frio da noite,
atravessaram a rua e voltaram para casa .
Enquanto que, com o cancelamento e a generalização, uma parte da informação
não é mais recuperável, com a seleção e a construção, a informação abandonada é
parcialmente recuperável através de nossos conhecimentos.
O primeiro resumo é constituído por trinta e oito palavras. mas pode ser
posteriormente abreviado para vinte:
Depois de jantar fora, de chinelos, vendo Gary Grant: foi assim a noite de ontem de
Mário e Luiza. (20 pa lavras)
4.1 EXERCÍCIOS
1. falta de título;
2. problemas com a introdução do texto;
3. problemas com a identificação do assunto/tema do curta-metragem;
4. problemas com a conclusão do texto;
5. presença de detalhes irrelevantes (exemplos, explicações, justificativas...);
6. falta de informação relevante para o fluxo da narrativa;
7. problemas com a ordem dos fatos da narrativa;
8. narração do enredo, da sequência das ações;
9. informação não de acordo com o original;
10. problema com o tempo verbal;
11. problema de inadequação vocabular;
12. falta de reformulação das informações através de termo genérico;
13. problemas de expressão escrita;
14. análise sob ponto de vista técnico;
15. descrição do curta-metragem;
16. presença de interpretação;