Você está na página 1de 59

SEGURANÇA DO TRABALHO

FUNDAMENTOS DE PROTEÇÃO CONTRA


CHOQUES ELÉTRICOS

PROF.ª LETICIA CHAVES


Riscos elétricos

CHOQUE ELÉTRICO:
Geraldo Kindermann define o choque elétrico da seguinte maneira: “É a perturbação de natureza e efeitos diversos que se
manifesta no organismo humano ou animal quando este é percorrido por uma corrente elétrica”.

O choque elétrico pode ocorrer pelo contato com um circuito energizado, por meio de um corpo carregado eletricamente ou
por uma descarga atmosférica.

20
Riscos elétricos
INCÊNDIOS
POR
SOBRECARGA

ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA - ESTATÍSTICAS DESCARGAS


ATMOSFÉRICAS CHOQUES
ESTATÍSTICAS BRASILEIRAS ELÉTRICOS

INCÊNDIOS
CHOQUES
39%
ELÉTRICOS
56%

Número total de acidentes de origem elétrica (2020) Acidentes de origem elétrica (2020) 21
Riscos elétricos

ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA - ESTATÍSTICAS


ESTATÍSTICAS BRASILEIRAS

Número de mortes por região (2020) 22


Riscos elétricos

ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA - ESTATÍSTICAS


ESTATÍSTICAS BRASILEIRAS
Os ambientes residenciais (somatória de unifamiliar + multifamiliar + sítios e
fazendas) registram 203 mortes e os acidentes que envolvem as redes aéreas
de distribuição, 237 mortes. Esses números juntos representam quase 65%
dos acidentes ABRACOPEL, 2021)
Pouco mais de 50% das moradias contam com condutor de proteção (fio
terra) instalado e apenas 27% dessas edificações têm DR, um dispositivo de
proteção que interrompe a fuga de corrente e reduz o risco de choque
elétrico.
Em 90% dos casos, o acidente se dá por absoluta falta de conhecimento,
distração, descaso, e até crime, como nos casos de roubo de cabos
(ABRACOPEL, 2020).

23

Mortes por choque elétrico por tipo de edificação (2021)


Riscos elétricos

ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA -


ESTATÍSTICAS
ESTATÍSTICAS BRASILEIRAS

Os acidentes fatais por choques elétricos vitimaram quase uma


centena de agricultores. Muitas dessas mortes ocorreram em
decorrência do manuseio, instalação e manutenção de bombas
de poços artesianos e bombas de sucção.
Entre os pedreiros e os pintores, as causas mais comuns de
acidentes com as vítimas são a desatenção com o manuseio de
materiais metálicos (barras de ferro ou extensores dos rolos)
próximo às rede de energia elétrica. Ao tocarem a rede, acontece
a fatalidade.
Crianças e adolescentes por não possuírem profissão determinada
são classificados, metodologicamente, como estudantes.
24

Total de choques elétricos por tipo de ocupação (2021)


Riscos elétricos

ORIGEM DOS CHOQUES ELÉTRICOS


ESTÁTICO DINÂMICO DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

Provocado pela eletricidade estática Provocado pelo contato com parte viva Ocorre ao ser atingido diretamente por
presente em certas superfícies, do sistema elétrico. O efeito será uma descarga atmosférica, ou
decorrentes de atritos ou efeitos permanente até que a fonte de indiretamente, por meio de tensão de
capacitivos. Por ter curta duração alimentação seja desligada. Trata-se do passo ao estar próximo de onde
normalmente não oferece maiores choque mais convencional e também o ocorreu a descarga.
riscos mais perigoso, tanto pela intensidade
quanto pela duração do contato. 25
Riscos elétricos

ORIGEM DOS CHOQUES ELÉTRICOS


TENSÃO DE TOQUE TENSÃO DE PASSO

26
Riscos elétricos

ORIGEM DOS CHOQUES ELÉTRICOS


CHOQUE ELÉTRICO DINÂMICO OCASIONADO POR TENSÃO DE TOQUE:
Para haver o choque elétrico não basta ter
contato com um material energizado.

Devem existir, também, condições para que a


corrente tenha um caminho de retorno à rede.

Este retorno pode se dar através da terra ou de


material energizado com tensão distinta.

27
Riscos elétricos

CONSEQUÊNCIAS DO CHOQUE ELÉTRICO


O choque elétrico pode causar diferentes reações no organismo de uma pessoa ou animal, podendo ser fatal (eletrocussão)
normalmente por fibrilação ventricular ou causar queimaduras graves, tetanização (contração muscular
involuntária), formigamento ou até mesmo ser imperceptível.
QUEIMADURA:

Todo condutor ao ser percorrido por corrente elétrica aquece. Este efeito é conhecido como Efeito Joule e é calculado a partir
da seguinte equação: 𝐸 = 𝑅. 𝑖². ∆𝑡 O calor liberado aumenta a temperatura da parte atingida do corpo
𝐸 = 𝑃. ∆𝑡 𝑃 = 𝑅. 𝑖² humano, podendo produzir vários efeitos e sintomas, tais como:
𝐸 = 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 (𝑘𝑊ℎ);
• Queimaduras de 1º, 2º ou 3º graus nos músculos do corpo;
𝑃 = 𝑝𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 (𝑊);
∆𝑡 = 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 (ℎ); • Aquecimento podendo provocar derretimento dos ossos e
cartilagens, e do sangue, com sua consequente dilatação;

• Queima das terminações nervosas da região atingida. 28


Riscos elétricos

CONSEQUÊNCIAS DO CHOQUE ELÉTRICO


FIBRILAÇÃO VENTRICULAR:
A fibrilação ventricular é o estado de tremulação
(vibração) irregular e desritmada das paredes dos
ventrículos, com perda total da eficiência do
bombeamento do sangue e a pressão arterial cai a
zero.

A fibrilação ventricular é irreversível

espontaneamente. Por isso deve-se utilizar o


desfibrilador elétrico para reverter o processo de
fibrilação.

29
Riscos elétricos

CONSEQUÊNCIAS DO CHOQUE ELÉTRICO


TETANIZAÇÃO:
Tetanização é o estado de contração muscular provocada pela circulação da corrente através
dos tecidos nervosos. Este efeito sobrepõe-se ao comando cerebral. A partir de certo valor a
corrente provoca a contração total do músculo, impedindo, por exemplo, que algum objeto que
esteja sendo segurado possa ser largado, motivo de ser conhecido como limiar de não largar.

39
Riscos elétricos
FATORES DETERMINANTES DA GRAVIDADE DO CHOQUE ELÉTRICO
A gravidade do choque elétrico depende de um conjunto de fatores, entre eles pode-se destacar: intensidade da corrente e da
tensão elétrica, a duração do choque elétrico, a frequência da corrente elétrica e o caminho percorrido pela corrente elétrica
no corpo humano.

CAMINHO PERCORRIDO PELA CORRENTE ELÉTRICA

31
Riscos elétricos
FATORES DETERMINANTES DA GRAVIDADE DO CHOQUE ELÉTRICO
DURAÇÃO X INTENSIDADE DA CORRENTE ELÉTRICA NO CORPO HUMANO: Zonas Efeitos Fisiológicos
Percepção possível, mas geralmente não causa
AC-1
reação.
Provável percepção e contrações musculares
AC-2 involuntárias, porém sem causar efeitos
fisiológicos.
Fortes contrações musculares involuntárias,
AC-3 dificuldade respiratória e disfunções cardíacas
reversíveis.
Efeitos patológicos graves podem ocorrer
AC-4 paradas cardíacas, respiratórias e queimaduras.
Probabilidade de fibrilação ventricular.
Probabilidade de fibrilação ventricular
AC-4.1
aumentada até aproximadamente 5%.
Probabilidade de fibrilação ventricular
AC-4.2
aumentada até aproximadamente 50%.
Probabilidade de fibrilação ventricular acima de
AC-4.3
Zonas de efeito da corrente alternada (15 - 100 Hz) em uma pessoa, cuja 50%.
corrente atravessa seu corpo entrando pela mão esquerda e saindo pelo pé 32
Riscos elétricos
FATORES DETERMINANTES DA GRAVIDADE DO CHOQUE ELÉTRICO
TENSÃO E FREQUÊNCIA ELÉTRICA:
IEC 60990
Fibrilação
Classificação dos níveis de tensão. Norma UL101
ventricular
Extra Baixa Tensão ≤ 50 VCA / 120 VCC
Baixa tensão

Corrente elétrica (mA)


≤ 1 kVCA / 1,5 kVCC Limiar de
não largar
Alta Tensão > 1 kVCA / 1,5 kVCC

𝑼 = 𝑹. 𝒊 Limiar de
𝑈 = 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜(𝑉); percepção

𝑅 = 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 (Ω);
𝑖 = 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 (𝐴);

60
Frequência (Hz) 33
Riscos elétricos

RISCOS ADICIONAIS AO CHOQUE ELÉTRICO


Segundo a NR-10, os riscos adicionais são definidos como “todos os demais grupos ou fatores de risco, além dos elétricos,
específicos de cada ambiente ou processos de trabalho que, direta ou indiretamente, possam afetar a segurança e a saúde
no trabalho”. Os principais riscos adicionais aos choques elétricos são:
• altura (NR-35);
• ambientes confinados (NR-33);
• áreas classificadas;
• campos elétricos e magnéticos;
• umidade;
• condições atmosféricas;
• fauna e flora.

34
Riscos elétricos

RISCOS ADICIONAIS AO CHOQUE ELÉTRICO


TRABALHO EM ALTURA
Considera-se trabalho em altura toda atividade executada acima de 2,00 m (dois metros) do nível inferior, onde haja risco de
queda.

Todo trabalho em altura deve ser planejado, organizado e executado por trabalhador capacitado e autorizado.
Considera-se trabalhador autorizado para trabalho em altura aquele capacitado, cujo estado de saúde foi avaliado, tendo
sido considerado apto para executar essa atividade e que possua anuência formal da empresa.

Cabe ao empregador avaliar o estado de saúde dos trabalhadores que exercem atividades em altura, garantindo que:
• os exames e a sistemática de avaliação sejam partes integrantes do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional -
PCMSO, devendo estar nele consignados;
• a avaliação seja efetuada periodicamente, considerando os riscos envolvidos em cada situação;
• seja realizado exame médico voltado às patologias que poderão originar mal súbito e queda de altura, considerando
também os fatores psicossociais. 35
Riscos elétricos

RISCOS ADICIONAIS AO CHOQUE ELÉTRICO


TRABALHO EM ESPAÇO CONFINADO
Espaço Confinado é qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana contínua, que possua meios limitados
de entrada e saída, cuja ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou
enriquecimento de oxigênio. RISCOS EM ESPAÇO CONFINADO
Podem ser considerados espaços confinados:
• Dutos de ventilação;
• Tanques em geral;
• Minas e túneis;
• Silos;
• Cisternas e poços de inspeção.

36
Riscos elétricos

RISCOS ADICIONAIS AO CHOQUE ELÉTRICO


TRABALHO EM ÁREAS CLASSIFICADAS

A NR-10 define Área Classificada como “local com potencialidade de ocorrência de atmosfera explosiva”.

ATMOSFERA EXPLOSIVA CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS


A NR-10 define como: “mistura com o ar, sob condições A classificação das áreas é definida em função do grau de
atmosféricas, de substâncias inflamáveis na forma de gás, probabilidade da presença de atmosfera explosiva.
vapor, névoa, poeira ou fibras, na qual após a ignição a Zona 0 – A mistura explosiva é encontrada permanentemente
combustão se propaga”. ou na maior parte do tempo.
Zona 1 – A mistura explosiva é provável durante a operação
normal e, se ocorrer, será por tempo limitado;
Zona 2 – A mistura explosiva é só é provável em caso de falhas
do equipamento ou processo.
37
Riscos elétricos

RISCOS ADICIONAIS AO CHOQUE ELÉTRICO


CAMPOS ELÉTRICOS E MAGNÉTICOS
Cargas elétricas estáticas geram campo elétrico e cargas elétricas em movimento, campo magnético, sendo assim, todo
condutor ao ser percorrido por corrente elétrica gera em torno de si campo magnético. Quanto maior a corrente maior o
campo magnético. Se esse campo magnético for variável no tempo ele é capaz de induzir corrente elétrica em outros
materiais condutores próximos, podendo provocar choques elétricos ou queimaduras.

38
Riscos elétricos

RISCOS ADICIONAIS AO CHOQUE ELÉTRICO


UMIDADE
A umidade do ar quando excessiva diminui a capacidade do mesmo como isolante elétrico, tornando-o um meio propício
para a condução de corrente elétrica, o que aumenta os riscos de acidentes com eletricidade.
Sendo assim, deve-se considerar que todo serviço envolvendo eletricidade só deve ser iniciado com boas condições
meteorológicas, não sendo permitido trabalhos sob chuva, neblina densa ou ventos fortes.

RESISTÊNCIA ELÉTRICA DO CORPO HUMANO


PELE SECA – Entre 100 kΩ e 600 kΩ
PELE ÚMIDA – Entre 1 kΩ e 20 kΩ.

RESISTIVIDADE ELÉTRICA DO CONCRETO


CONCRETO SECO – Na ordem de 1000 kΩ.m
CONCRETO ÚMIDO – Entre 30 Ωm e 90 Ωm.
39
Riscos elétricos

RISCOS ADICIONAIS AO CHOQUE ELÉTRICO


CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS
Nos trabalhos envolvendo máquinas, equipamentos
e instalações elétricas, mesmo que desenergizadas,
devem ser levadas em consideração as condições
atmosféricas, principalmente no que tange às
descargas atmosféricas (raios).
As descargas atmosféricas são resultantes do
acúmulo de cargas elétricas nas nuvens que, ao
atingir determinada diferença de potencial, rompe a
rigidez dielétrica do ar gerando um arco elétrico,
chamado de raio, a fim de equalizar os potencias
entre nuvens e entre nuvem e terra. 40
Riscos elétricos

RISCOS ADICIONAIS AO CHOQUE ELÉTRICO


CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS

Os efeitos das descargas atmosféricas podem ser diretos ou indiretos:


• O efeito direto é quando o raio cai diretamente sobre as edificações e/ou instalações elétricas, provocando sobretensão
nas linhas elétricas e de sinais, incêndios e danos estruturais;
• O efeito indireto é quando o raio cai em um ponto e a sobretensões induzida por meio de ondas eletromagnéticas chega
até as instalações elétricas.

Descarga atmosférica sobre linha Sobretensões por indução de Indução de ondas eletromagnéticas no
aérea condutora (elétrica ou de sinal). ondas eletromagnéticas. solo (pode provocar tensão de passo). 41
Riscos elétricos

RISCOS ADICIONAIS AO CHOQUE ELÉTRICO


FAUNA E FLORA
Fauna e flora devem ser levados em consideração nos trabalhos envolvendo máquinas, equipamentos
e instalações elétricas, já que animais como ratos e maritacas, por exemplo, podem comer a isolação
dos condutores, retirando assim sua proteção básica contra choques elétricos. Outros animais como
cobras e lagartos costumam procurar abrigos em quadros de distribuição, provocando curtos-
circuitos, o que pode levar a incêndios.

42
Proteção contra choques elétricos

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
As pessoas e os animais devem ser protegidos contra choques elétricos, seja o risco associado a contato acidental com parte
viva perigosa (contato direto), seja a falhas que possam colocar uma massa acidentalmente sob tensão (contato indireto).

De modo geral, a proteção contra choques elétricos compreende dois tipos de proteção:

• Proteção básica
• Proteção supletiva

MASSA: é a parte condutora que pode ser tocada facilmente e que


normalmente não é viva, mas que pode tornar-se viva em condições de
faltas ou defeitos. Como exemplos de massa podemos citar as carcaças e
invólucros metálicos de equipamentos, os condutos metálicos, etc;

43
Proteção contra choques elétricos

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
PROTEÇÃO BÁSICA: Meio destinado a impedir o contato com partes vivas perigosas em condições normais. Basicamente,
significa a proteção contra contatos diretos em partes vivas sob tensão. Exemplos de proteção básica:

• Isolação ou separação básica;

• Uso de barreiras ou invólucro;

• Limitação de tensão;

• Colocação fora de alcance.

44
Proteção contra choques elétricos

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
PROTEÇÃO SUPLETIVA: Meio destinado a suprir a proteção contra choques elétricos quando massas ou partes condutivas
acessíveis tornam-se acidentalmente vivas. Basicamente, significa a proteção contra contatos indiretos com massas que
ficam sob tensão devido a uma falha da isolação básica. Exemplos de medidas de proteção supletiva:
• Equipotencialização e seccionamento
automático da alimentação;

• Isolação suplementar;

• Separação elétrica.

45
Proteção contra choques elétricos

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
ATERRAMENTO ELÉTRICO:
A terra é considerada um condutor natural por onde uma corrente elétrica pode se difundir. A sua resistividade varia muito
em função de sua composição, região, temperatura, etc. Um bom solo condutor é aquele cuja resistividade elétrica varia
entre 50 e 100 Ωm. Apenas para efeito de comparação, a resistividade média do cobre é 1,7.10-8 Ωm.
Denomina-se aterramento a ligação intencional de um sistema elétrico com a terra, seja por meio de condutor elétrico, seja
por meio de uma impedância ou resistência inserida no caminho da corrente. Há três tipos de aterramento:
• Aterramento funcional
• Aterramento de proteção
• Aterramento de trabalho

46
Proteção contra choques elétricos

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
ATERRAMENTO FUNCIONAL: Consiste na ligação de um dos condutores do sistema elétrica á terra, normalmente o neutro,
com o objetivo de garantir segurança e confiabilidade à instalação.

O aterramento funcional assegura uma melhor estabilização da tensão da instalação em relação à terra durante seu
funcionamento normal e limita as sobretensões que surgem devido a manobras, descargas atmosféricas e contatos acidentais
com fases de tensões mais elevadas.

Quanto ao tipo de aterramento funcional um sistema pode ser classificado em:

• Diretamente aterrado;

• Aterrado por impedância;

• Não aterrado ou isolado.

47
Proteção contra choques elétricos

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
ATERRAMENTO DE PROTEÇÃO: Trata-se de ligação das massas, isto é, das estruturas metálicas de eletrodomésticos e outros
elementos condutores que não pertencem à instalação elétrica, à terra por meio de um condutor de proteção, com o
objetivo de proteger os usuários de choques elétricos por contato indireto.

Em um sistema elétrico, o aterramento de proteção limita a diferença de potencial entre as massas, entre as massas e outros
elementos condutores estranhos à instalação e entre ambos e a terra, de modo que seus valores sejam suficientemente
seguros em condições normais e anormais de operação.

48
Proteção contra choques elétricos

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
ATERRAMENTO DE TRABALHO: É a ligação provisória de partes do sistema elétrico à terra com o objetivo de fornecer
segurança às atividades de manutenção.

49
Proteção contra choques elétricos

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO DA ALIMENTAÇÃO:
A NBR 5410 – Instalações Elétricas de Baixa Tensão, estabelece, em seus princípios fundamentais, que “as pessoas, os
animais e os bens devem ser protegidos contra os efeitos negativos de temperaturas ou solicitações eletromecânicas
excessivas resultantes de sobrecorrentes (sobrecarga ou curto circuito) a que os condutores vivos possam ser submetidos”.

CORRENTE NOMINAL CORRENTE DE SOBRECARGA CORRENTE DE CURTO CIRCUITO

50
Proteção contra choques elétricos

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO DA ALIMENTAÇÃO
Os condutores vivos (FASES) devem ser protegidos, por um ou mais dispositivos de seccionamento automático contra
sobrecargas e contra curtos-circuitos. Tais dispositivos podem ser:
DISJUNTORES FUSÍVEIS

51
Proteção contra choques elétricos

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO DA ALIMENTAÇÃO
NORMAS TÉCNICAS:
No Brasil, encontram-se em vigor duas normas técnicas para disjuntores de baixa tensão:
• NBR NM 60898:2004 - Disjuntores para proteção de sobrecorrentes para instalações domésticas e similares;
• NBR IEC 60947-2:2013 - Dispositivos de manobra e comando de baixa tensão - Parte 2 - Disjuntores
PRINCIPAIS DIFERENÇAS:
ABNT NBR IEC 60947-2: Destina- ABNT NBR NM 60898: Destina-se
se aos disjuntores direcionados a aos disjuntores para uso em
projetos de instalações elétricas projetos de instalações elétricas
que sejam executados, instalados residenciais e comerciais,
e manipulados somente por podendo ser manuseados de
profissionais qualificados em forma segura por pessoas sem
eletricidade, tais como nas treinamento ou qualificação em
instalações industriais. eletricidade.
52
Proteção contra choques elétricos

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO DA ALIMENTAÇÃO
DISJUNTOR - DEFINIÇÃO:
Dispositivo de manobra e proteção capaz de estabelecer,
conduzir e interromper correntes em condições normais

LÂMINA BIMETÁLICA do circuito, assim como estabelecer, conduzir por tempo


(SOBRECARGA) especificado e interromper correntes em condições
anormais especificadas do circuito, tais como as de
CÂMARA DE EXTINÇÃO
DO ARCO VOLTAICO
sobrecarga e as de curto circuito.
FUNÇÕES:
DISPARADOR
MAGNÉTICO
As funções básicas de um disjuntor são:
(CURTO-CIRCUITO) • Proteger os cabos contra sobrecargas e curto-circuito;
• Abrir e fechar um circuito à corrente nominal;
• Garantir a segurança da instalação e dos utilizadores. 53
Proteção contra choques elétricos

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO DA ALIMENTAÇÃO
DISPARO TÉRMICO:
A lâmina bimetálica é formada por dois metais com coeficiente de dilatação diferente. Em
regime normal e à corrente nominal do dispositivo a lâmina bimetálica não dilata,
consequentemente não há deflexão.
Quando uma corrente de sobrecarga circula pela lâmina, acontece um aquecimento acima do
normal. Um material dilata mais do que o outro provocando a deflexão.

54
Proteção contra choques elétricos

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO DA ALIMENTAÇÃO
DISPARO MAGNÉTICO:
A forte variação de intensidade da corrente que atravessa as espiras de uma bobina produz - segundo as leis do
eletromagnetismo - uma forte variação do campo magnético. O campo assim criado desencadeia o deslocamento de um
núcleo de ferro que vai abrir mecanicamente o circuito e, assim, proteger a fonte e uma parte da instalação elétrica.

55
Proteção contra choques elétricos

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO DA ALIMENTAÇÃO

CORRENTE CONVENCIONAL DE ATUAÇÃO – É a corrente necessária para


provocar o acionamento do disparador térmico do disjuntor.

CORRENTE CONVENCIONAL DE NÃO-ATUAÇÃO – É a corrente os quais o


disjuntor deve suportar, por um determinado tempo, sem provocar o
acionamento do disparador térmico do disjuntor.
Temp. Tempo
Norma Técnica In (A) Ina Ia
Ambiente Convencional
≤ 63 1h
NBR NM 60898 30° 1,13.In 1,45.In
> 63 2h
≤ 63 1h
NBR NM 60947-2 30° 1,05.In 1,30.In
> 63 2h
56
Proteção contra choques elétricos

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO DA ALIMENTAÇÃO
Corrente convencional de não-
atuação!

Corrente convencional de
atuação!

Corrente = 3 x In
O disjuntor deve atuar entre
4,5 s e 38 s
Se a corrente estiver acima de
1,13 x In o disjuntor deve atuar
em menos de 1 h (In até 63A).

Acima de 1,45 x In o disjuntor


deve atuar dentro do tempo
estabelecido pelas duas curvas. 57
Proteção contra choques elétricos
MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS
O termo medida é usado para designar expressamente providências que atendem à regra geral da proteção contra
choques, isto é, são capazes de prover a proteção básica mais proteção supletiva, pelo menos.

A NBR 5410 estabelece as seguintes medidas como proteção contra choques elétricos:

• Equipotencialização e seccionamento automático da alimentação

• Isolação dupla ou reforçada

• Uso de separação elétrica individual

• Uso de extra baixa tensão: SELV e PELV


A proteção contra choques elétricos é assegurada, no mínimo, pelo provimento conjunto de proteção básica e de proteção
supletiva, mediante a combinação de meios independentes ou mediante a aplicação de uma medida capaz de prover ambas
as proteções simultaneamente.
58
Proteção contra choques elétricos
MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS
EQUIPOTENCIALIZAÇÃO E SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO:
• A proteção básica dever assegurada por isolação das partes vivas. Exemplo: utilização de cabos isolados;
• A proteção supletiva deve ser assegurada, conjuntamente, por equipotencialização e pelo secionamento automático da
alimentação (Através de disjuntor, fusível e/ou dispositivo diferencial residual*).

EQUIPOTENCIALIZAÇÃO:
• Todas as massas de uma instalação devem estar ligadas a condutores de proteção;
• Todo circuito deve dispor de condutor de proteção, em toda sua extensão. Um condutor de proteção pode ser comum a
mais de um circuito, desde que observadas algumas condições;

SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO:
• Um dispositivo de proteção deve seccionar automaticamente a alimentação do circuito ou equipamento por ele protegido
sempre que houver uma falta (entre parte viva e massa ou entre parte viva e condutor de proteção) no circuito ou
equipamento. O dispositivo de proteção apropriado vai depender do esquema de aterramento utilizado. 59
Proteção contra choques elétricos
MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS
EQUIPOTENCIALIZAÇÃO E SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO – ESQUEMA TT:
O esquema TT possui um ponto da alimentação diretamente No esquema TT, o seccionamento automático visando
aterrado, normalmente o neutro, estando as massas da instalação proteção contra choques elétricos, deve ser realizado
ligadas a um eletrodo de aterramento independente do eletrodo por dispositivos a corrente diferencial-residual.
de aterramento da alimentação, conforme figura abaixo.

60
Proteção contra choques elétricos
MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS
EQUIPOTENCIALIZAÇÃO E SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO – ESQUEMA IT:
No esquema de aterramento IT não há nenhum ponto de No esquema IT, o seccionamento automático visando
alimentação diretamente aterrado ou é aterrada por uma proteção contra choques elétricos, deve ser realizado
impedância de valor elevado, como pode ser visto na figura por dispositivos a corrente diferencial-residual.
abaixo.

61
Proteção contra choques elétricos
MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS
EQUIPOTENCIALIZAÇÃO E SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO – ESQUEMA TN-C:
No esquema TN-C os condutores neutro e de proteção (PE) são No esquema TN-C, o seccionamento automático
comuns, passando a ser denominado PEN, como mostrado na visando proteção contra choques elétricos, deve ser
figura abaixo. realizado por disjuntores ou fusíveis.

PEN

62
Proteção contra choques elétricos
MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS
EQUIPOTENCIALIZAÇÃO E SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO – ESQUEMA TN-S:
No esquema TN-S os condutores neutro e de proteção (PE) são No esquema TN-S, o seccionamento automático
separados, como mostra a figura abaixo. visando proteção contra choques elétricos, pode ser
realizado por disjuntores, fusíveis e DR.

63
Proteção contra choques elétricos
MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS
EQUIPOTENCIALIZAÇÃO E SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO – ESQUEMA TN-C-S:
O esquema TN-C-S é um sistema de aterramento misto, no qual No esquema TN-C-S, o seccionamento automático,
parte da instalação recebe um condutor PEN, parte recebe os pode ser realizado por disjuntores, fusíveis e DR, mas
condutores neutro e PE separados, como mostra a figura abaixo. o DR deve ser instalado no trecho “S”.

PEN

64
Proteção contra choques elétricos
MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS
ISOLAÇÃO DUPLA OU REFORÇADA:
• A proteção básica é provida por uma isolação básica e a proteção supletiva por uma isolação suplementar;
• As proteções básica e supletiva são providas simultaneamente por uma isolação reforçada entre partes vivas e partes
acessíveis;
• A isolação dupla ou reforçada pode ser provida de origem (já se adquire o equipamento ou componente com isolação
dupla ou reforçada) ou pode ser provida durante a execução da instalação.

65
Proteção contra choques elétricos
MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS
SEPARAÇÃO ELÉTRICA INDIVIDUAL:
• A proteção básica, no circuito separado, dever ser assegurada por isolação das partes vivas, não se excluindo
também a isolação dupla ou reforçada;
• As proteções supletiva dever ser assegurada pelo preenchimento conjunto das três condições seguintes:
- separação entre o circuito objeto da medida (circuito
separado) e qualquer outro circuito, incluindo o circuito
primário que o alimenta, na forma de separação de proteção
(com transformador apropriado);

- isolação (básica) entre o circuito separado e a terra;


- limitação da carga alimentada (pelo circuito separado) a um
único equipamento.
66
Proteção contra choques elétricos
MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS
EXTRABAIXA TENSÃO – SELV E PELV:
• A proteção básica é proporcionada por limitação da tensão ou isolação básica ou uso de barreiras ou invólucros (as partes
vivas de um sistema SELV ou PELV não precisam necessariamente ser inacessíveis desde que respeitada determinadas
condições estabelecidas na NBR 5410);
• As proteções supletiva é assegurada por:
- separação de proteção entre o sistema SELV ou PELV e quaisquer outros circuitos que não sejam SELV ou PELV;
- isolação básica entre o sistema SELV ou PELV e outros sistemas SELV ou PELV;
- Especificamente no caso de sistemas SELV, isolação básica entre o sistema SELV e PELV.
•A tensão nominal do sistema SELV ou PELV não pode exceder 50 V em corrente alternada ou 120 V em corrente contínua.
Nota: Os circuitos SELV não têm qualquer ponto aterrado nem massas aterradas. Os circuitos PELV podem ser aterrados ou ter massas
aterradas.

67
Proteção contra choques elétricos
PROTEÇÃO ADICIONAL CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS
Meio destinado a garantir a proteção contra choques elétricos em situações de maior risco de perda ou anulação das
medidas normalmente aplicáveis, de dificuldade no atendimento pleno das condições de segurança associadas a
determinada medida de proteção e/ou, ainda, em situações ou locais em que os perigos do choque elétrico são
particularmente graves. Ex.: Equipotencializações suplementares, proteção diferencial-residual.

EQUIPOTENCIALIZAÇÃO SUPLEMENTAR: A ligação equipotencial suplementar constitui uma medida compensadora, que deve
ser realizada quando as condições de proteção por seccionamento automático da alimentação não puderem ser atendidas.

Ela pode ser necessária, por exemplo, nos esquemas TN e IT (com massas interligadas), quando a impedância do percurso da
corrente de falta fase-massa é suficientemente elevada (caso típico de circuitos muito longos), para não permitir a atuação do
dispositivo de proteção no tempo prescrito.

Seu objetivo, entretanto, não é o de reduzir o tempo de atuação do dispositivo, mas sim, o de reduzir a tensão de contato a
um valor não perigoso, ou seja, igual ou inferior à tensão de contato limite UL.
68
Proteção contra choques elétricos
PROTEÇÃO ADICIONAL CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS
PROTEÇÃO DIFERENCIAL-RESIDUAL: O uso de dispositivos de proteção a corrente diferencial-residual com corrente
diferencial-residual nominal IΔn igual ou inferior a 30 mA é reconhecido como proteção adicional contra choques elétricos.

A proteção adicional provida pelo uso de dispositivo diferencial-


residual de alta sensibilidade visa casos como os de falha de
outros meios de proteção e de descuido ou imprudência do
usuário.

A utilização de tais dispositivos não é reconhecida como


constituindo em si uma medida de proteção completa e não
dispensa, em absoluto, o emprego de uma das outras medidas
de proteção estabelecidas.

69
Proteção contra choques elétricos
PROTEÇÃO ADICIONAL CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS
PROTEÇÃO DIFERENCIAL-RESIDUAL: A somatória vetorial
das correntes que passam pelos condutores ativos no núcleo
toroidal é praticamente igual a zero (Lei de Kirchhoff).

Quando houver uma corrente de fuga a somatória será


diferente de zero, o que irá induzir no secundário uma
corrente residual que provocará, por eletromagnetismo, o
disparo do Dispositivo DR.

Conforme norma ABNT NBR NM 61008 o DR deve operar entre 50% e 100% da
corrente nominal residual - IΔn).
70
Proteção contra choques elétricos
PROTEÇÃO ADICIONAL CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS
CASOS EM QUE O USO DO DR É OBRIGATÓRIO:

• Circuitos que alimentam pontos de utilização situados em locais com chuveiros e banheiras;

• Circuito de tomadas localizadas em áreas externas à edificação;


• Circuitos de tomadas localizadas internamente à edificação, mas que possam a vir a alimentar equipamentos no
exterior;

• Em locais de habitação, os circuitos que alimentam pontos situados em cozinha, áreas de serviço, copa-cozinhas,
lavanderias, garagens, churrasqueiras e outras dependências internas molhadas em uso normal ou sujeitas a
lavagem;

• Em edificações não-residenciais, os circuitos que alimentarem pontos situados em cozinha, áreas de serviço, copa-
cozinhas, lavanderias, garagens, churrasqueiras e outras dependências internas molhadas em uso normal ou sujeitas

a lavagem 71
Proteção contra choques elétricos
GRAU DE PROTEÇÃO IP (INDEX PROTECTION)
“Grau de Proteção” são medidas aplicadas ao invólucro de um
equipamento elétrico, visando:
• Proteção de pessoas contra o contato a partes energizadas sem
isolação e proteção contra a entrada de corpos sólidos;

• Proteção do equipamento contra o ingresso de água em seu interior.

72
Proteção contra choques elétricos
CLASSES DE ISOLAMENTO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
O nível de proteção contra choque elétrico de qualquer equipamento elétrico é classificado pela norma internacional IEC
61140 (Protection against electric shock - Common aspects for installation and equipment). Ele é usado para diferenciar os
diferentes métodos/tipos de conexão entre a proteção do equipamento e a terra. Os níveis são separados por classes, a
saber:

CLASSE 0: Não existe condutores de proteção (PE) fazendo a conexão entre a terra e as partes metálicas do
equipamento/aparelho elétrico. A proteção contra choques elétricos é dada pela própria isolação do equipamento/aparelho
elétrico, como podemos citar os eletrodomésticos (ventiladores, televisores, rádios portáteis, etc.)

Em muitos países, a venda de produtos classificados na Classe 0 é proibida atualmente, pois uma simples falta pode causar
um choque elétrico ou danos materiais. A IEC (International Electrotechnical Commission) está em processo de remover de
seus padrões o uso da classe 0 por parte dos equipamentos elétricos. Espera-se que o conceito de Classe 0 desapareça,
dando lugar a produtos contendo proteção de Classe II.
73
Proteção contra choques elétricos
CLASSES DE ISOLAMENTO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CLASSE I: Para essa classe, o chassis do equipamento/aparelho elétrico deve ser conectado à terra utilizando um condutor de
proteção (PE) identificado pela cor verde ou verde/amarela.

Uma falha no isolamento do dispositivo que cause um contato elétrico entre um condutor vivo e o chassis do equipamento irá
gerar uma corrente elétrica que irá passar através do condutor de proteção (PE). Essa corrente de falha deve passar também
por um dispositivo de proteção contra sobrecarga (fusíveis ou disjuntores) ou um DR (dispositivo a corrente diferencial-
residual) que irá cortar o fornecimento de energia elétrica ao dispositivo.

Equipamento classe I

74
Proteção contra choques elétricos
CLASSES DE ISOLAMENTO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CLASSE II: Um equipamento/aparelho Classe II ou de "isolamento dupla" é um dispositivo concebido para não necessitar o
uso de um condutor de proteção (PE) ligado para à terra.

A exigência básica é que qualquer simples falha não cause perigosas tensões elétricas expostas nos equipamentos/aparelhos
elétricos (as quais podem causar choques elétricos), sem a necessidade de um condutor (PE) ligado à terra.

Isso é geralmente realizado utilizando, no mínimo, duas camadas de material isolante nas partes "vivas" (energizadas) dos
equipamentos/aparelhos elétricos, sendo também possível a utilização de isolamento reforçado. Um equipamento de duplo
isolamento deve possuir a informação "Classe II", "isolação dupla" ou possuir o símbolo de duplo isolamento (um quadrado
dentro de outro quadrado).

Equipamento classe II 75
Proteção contra choques elétricos
CLASSES DE ISOLAMENTO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CLASSE III: Equipamentos/aparelhos contendo isolamento Classe III são dispositivos alimentados com extra baixa tensão. A
alimentação desses dispositivos é baixa o suficiente (sob condições normais de uso) que uma pessoa pode entrar em contato
com uma parte "viva" de maneira segura e sem risco de choques elétricos, como por exemplo, na iluminação de piscinas.

Proteções extras exigidas nas Classes I e II não são requeridas. Porém, para dispositivos médico-hospitalares, não consideram
dispositivos de Classe III contendo proteção suficiente para tais aplicações.

Equipamento classe III

76
Bibliografia
ABNT. NBR 5410:2004 – Instalações Elétricas de Baixa Tensão. Brasil.

2005. MTE. NR 6 – Equipamento de Proteção Individual. Brasil. 2017.

MTE. NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade. Brasil.


2016. MTE. NR 12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos.
Brasil. 2011. MTE. NR 16 – Atividades e Operações Perigosas. Brasil. 2015.

KINDERMANN, G. Choque Elétrico. Porto Alegre. 1° Edição. Sagra-Luzzato. 1995.


GUSSOW, Milton. Eletricidade Básica. Ed. Bookman, 2° Edição,

2008. MORENO, H e COSTA, P. F. Aterramento Elétrico.

Procobre. São Paulo.

BARRROS, B. F. et al. NR 10 Guia prático de análise e aplicação. Érica Saraiva. 4° Edição, São Paulo, 2018.

157

Você também pode gostar