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ARTIGOS

DE
OPINIÃO
Refere-se ao Art. de mesmo nome, (I)1 - Opinião, 15-43, 1991 OPlNIAO
Rev. Bras. Cresc. Des. /Hum.
ATIJALJCZAÇÃO
S. Paulo, I(1), 1991
OPINlON / CURRENT COMENTS

1 FATORES AMBIENTAIS DO CRESCIMENTO DA CRIANÇA

Eduardo Marcondes 1

INTRODUÇÃO
O crescimento é um atributo indelével dos
A Pediatria tem sido definida como a par- organismos jovens, sejam seres humanos, animais
te da Medicina que estuda o ser humano em cres- ou plantas. Na espécie humana, depende da
cimento e desenvolvimento, desde Q nascimento interação homem/ambiente, aquele representado
até a adolescência, inclusive. A ciência que estu- pela sua constituição (“existência de modos indi-
da o crescimento (auxologia) é, pois, integrante viduais genéticos de ser e de reagir”) e este pela
da própria doutrina pediá~ica e a vigilância do totalidade dos fatores que cercam o indivíduo,
crescimento e desenvolvimento é a mais impor- bióticos, abióticos e psicossociais. Poder-se-ia di-
tante ação do pediatra. zer que o homem possui a capacidade genotfpica
O crescimento, encarado globalmente, é a ou constituirão individual e que, de sua interação
solfataria de fenómenos celulares, bioqu~nicos, com os fatores ambientais, resulta a capacidade
biofísicos e morfogenéticos, cuja integração é feita fenotfpica ou vitalidade.
segundo um plano predeterminado pela herança De acordo com as normas do Departamen-
e modificado pelo ambiente. O estudo do cresci- to de Pediatria da Faculdade de Medicina da Uni-
mento da criança é, atualmente, versidade de São Paulo, a estatura normal é a que
~^un^daI^x^lenta^lmente antropológico e, como se localiza entre os percentis 2,5 e 97,5 segundo o
tal, não considera o individuo objeto de estudo referencial adotado (“Padrão Santo André”). O
como padrão est~tico no tempo e no espaço, mas, canal de vigilancia para baixa estatura é delimita-
sim, trata de pôr em destaque suas diferenças, do pelos percentis 10,0 e 2,5.
esmerando-se por estabelecer grupos naturais As causas da baixa estatura são múltiplas e
definidos de acordo com suas características, pro- podem ser distribuidas em três grupos:
curando averiguar o significado biopsicossocial 1. Baixa estatura de causa familiar.
de cada grupo. 2. Baixa estatura decorrente de doenças li-
Embora não se conheça ainda a intimida- gadas aos fatores intrínsecos, organicos ou indi-
de do fenómeno crescimento, os dados viduais do crescimento: doenças genéticas
antropométricos são de grande valia em Pediatria (gênicas ou crornossômicas), neuro-endócrinas e
como indicadores de saude, pois: primárias do esqueleto.
a) Sem serem o fenômeno, podem 3. Baixa estatura decorrente de agravos li-
representá-lo; gados aos fatores extrínsecos, ambientais ou
b) São passíveis de expressão numérica; populacionais do crescimento: agravos nutricio-
c) Suas principais limitações são conhe- nais e psicossociais, doenças que comprometem
cidas; e a economia corpórea como um todo (baixa esta-
d) Podem ser obtidas por pessoal não-mé- tura visceral) e baixa estatura ao nascer.
dico. A presente publicação, em sua versão ori-
Do ponto de vista social, a estatura dos ginal, diz respeito a dois importantes aspectos do
indivíduos de uma comunidade é um bom indi- crescimento: fatores ambientais e rnonitorização.
cador do estado de saúde de toda a população; Os fatores arnbientais do crescimento são
índice melhor, segundo Tanner, do que o produto da máxima importancia; pode-se dizer que o cres-
bruto nacional. Estatura é status, o cartão de visi- cimento da criança é enfaticamente ambiente-de-
ta biológico do indivíduo e a baixa estatura pode pendente. Como os fatores organicos são normais
ser considerada co» um desastre biológico. ao nascimento na quase totalidade dos recém-nas-
1 Professor titular de Pediatria (aposentado) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, integrante do Grupo de
Assessoria Pedagógica da FMUSP e coordenador do Programa de Avaliaço Curricular..

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cidos, pode-se afirmar que o desastre biológico, antropossistema m~ximo), os únicos vegetais
citado antes a propósito da baixa estatura, é so- existentes são omamentais e os únicos an~nais
são cachorros, gatos e algumas aves e os que
bretudo um desastre ecológico no vasto campo até agora sobreviveram à matança do homem:
da ecologia humana. roedores e uns poucos artrópodes.
A monitorização do crescimento é uma das
ações básicas de saúde no atendimento primário
à criança, juntamente com o aleitamento mater-
no, as imunizações e a terapia de reidratação oral
(Alma Ata, 19^?8).
É um procedimento indispensável e
insubstituível na assistência à criança, pois per-
mite acompanhar, avaliar e controlar o crescimen-
to da criança com vistas à promoção da saúde, do
desenvolvimento humano e da qualidade de vida.

ASPECTOS GERAIS DA ECOLOGIA

Ecologia é o ramo das ciências humanas


que estuda a estru lura e o desenvolvimento das
comunidades humanas em relações com o meio-
ambiente e sua consequente adaptação a ele, as-
sim como novos aspectos que os processos
tecnológicos ou os sistemas de organização so-
cial possam acarretar para as condições de vida
do homem.
O ambiente é constituído pela totalidade
dos fatores bióticos (os animais e as plantas),
abióticos (de natureza fundamentalmente físico-
qu~nica, como a atmosfera, a água, o solo, o cli-
ma, a geomorfologia e outros) e psicossociocul-
turais. Com esses elementos, estrutura-se a
unidade de estudo~em ecologia - o ecossistema -
, definido como a totalidade de fatores que se inter-
relacionam em um determinado lugar da biosfera.
A ecologia humana estuda os fenómenos
ambientais em função do indivíduo e das comu-
nidades humanas: além dos fatores bióticos e
abióticos, ela enfatiza os fatores psicossociocul-
turais relacionados com a organização da socie-
dade, surgindo, então, a valorização das abstra-
ções, dos simbolos, das crenças e dos valores.
Como escreve Carcavallo, o homem não só mo-
dificou profundamente os ecossistemas, como
sobretudo criou o seu próprio sistema, o
antropossistema:
A ecologia humana preocupa-se tanto com
... distinto e antagónico em relação aos ante- o ecossistema como com o antropossistema, pois,
riormente formados pela natureza. Ignora as para a saúde do homem, aí bos se completam, para
características que definem um ecossistema
e os substitui por campos de monoprodução; o bem ou para o mal. A doença é conseqüência da
mata todas as espécies vegetais e animais de inexistência, insuficiência ou ineficiência dos
uma área e semeia uma única espécie; quei- mecanismos adaptativos do indivíduo ou do gru-
ma uma selva de mil espécies de reino natu- po a que pertence, o que pode ser analisado à luz
ral para reflorestá-la (se é que o faz!), com
uma única espécie de rápido rendimento ma-
de alterações na entrada do sistema ~i~u~3, no
deireiro; inumda enormes extensões da manejo ou incorporação do agente e/ou da infor-
biosfera para obter quilowatts de energia elé- ma mação, na saída (output) e no retromunicia-
trica para suas indústrias; nas cidades (o mento (feedback). O esquema é válido para a do-

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ença de um individuo ou de populapões. Alguns mente verdade que os níveis normais de


exemplos: hemoglobina no homem sejam de 15,0 g por 100
- A distrofia por carência se deve a uma mi de sangue somente porque são os valores cons-
insuficiente en~ada de material nutricional e/ou tantes nos Tratados de Medicina: se for verdade,
mau aproveitamento ou má distribuição do mes- como fica a situação das pessoas que vivem em
mo e/ou excesso de saída. Sabe-se que, nesse caso, um nicho ecológico especial, o altiplano bolivia-
ão fundamental é a presença de falares sociais e no? Monge afirma:
económicos que não permitam a corveta distri-
buição do material alimentar dentro do sistema (o Se aceitamos o conceito ecológico de saúde,
antropossistema comprometendo a viabilidade do devemos nos perguntar como proceder para
definir um nível satisfatório de saúde para u
ecossistema). n determinado nicho ecológico e o que fazer
- A delinquência juvenil é uma doença so- para atingir ese nível. E claro que nem o mé-
cial devida a um desajuste adaptativo individual dico, nem o sanitarista ou qualquer outro pro-
em relação ao ambiente. Do ponto de vista ecoló- fissional da saúde está preparado para, sozi-
nho, assumir a tarefa. Assim, impõe-se uma
gico, trata-se de anomalia de fluxo de informa- equipe multiprofissional: sociólogos, antro-
ção, com ingresso superior à capacidade de pólogos, profissionais da saúde, autoridades
metabolização, pelo indivíduo e pela sociedade. políticas, líderes religiosos e outros devem
A publicidade e a propaganda promovem a valo- especificar e regular as atividades de saúde
rização de bens de consumo que acabam por cons- dentro de uma determinada comunidade cujos
limites são definidos em termos ecológicos.
tituir-se em simbolos de condição social.
- A comunicação ambiental é a incapaci- Assim vai o ser humano interagindo no
dade sistêmica de metabolizar um fluxo (não obri- decurso de sua existência com o conteúdo biótico,
gatoriamente aumentado) de matéria, ou de ener- abiótico e psicossociocultural de variados nichos
gia, ou de informação (respectivamente, DDT, ecológicos. Melhor será substituir, então, a co-
resíduo atómico e ruido, como exemplos). nhecida relação honzenz/ambien~e por outra re-
Nem mesmo o homem-físico é o mesmo lação, um pouco mais trabalhada:
em todas as latitudes e longitudes, embora possa-
mos admitir que as variabilidades biológicas se-
jam de pequena amplitude. Diferentes genótipos, HOMEM
constituição NICHO ECOLÓ-
resistências e vulnerabilidades específicas e a GICO
eventual presença de tais ou quais doenças não (modo de ser e de reagir)
ligadas ao ambiente fazem com que o indivíduo,
sempre que possfvel, deva ser considerado como E como fica a criança nesse contexto?
ele mesmo. Penso que o relacionamento da criança com
E que dizer da variabilidade do ambiente, o seu ambiente tem uma importância que trans-
a soma dos agentes bióticos, abióticos e psicos- cende a verificada para o adulto, tendo em vista a
socioculturais? A compreensão das combinações característica ímpar dos seres vivos jovens, o cres-
possíveis escapa à capacidade da mente humana! cer e o desenvolver, a partir de um ponto de vul-
Contudo, o médico há de se esforçar, na assistên- nerabilidade máxirna, decrescente ao longo do
cia prestada para detectar tais ou quais fatores processo de crescimento, mas relevante por mui-
ambientais, estes favoráveis e aqueles desfavorá- tos anos. Quanto mais jovem a criança, mais de-
veis, uns devendo ser preservados pelo que re- pendente do ambiente: o adulto reage, briga, foge
presentam de proteção ao indivíduo e outros ou mata na busca de sua adaptação e a criança é
minimizados o quanto possível por constituírem muitas vezes inerme em relação ao meio. Se
agravos à saúde. Robinson Crusoé fosse criança, sua história seria
A tarefa poderá ser facilitada à medida que bem curta!
prevalecer o conceito de nichos ecológicos, isto Reproduzo as palavras de Pedro de
é, um conjunto de falares asno bientais referente Alcantara ao discutir a forma da dependência da
a um espaço reduzido, porém marcante, para a criança em relação ao meio e as conseqüentes res-
saúde do indivíduo. Para cada nicho ecológico ponsabilidades da sociedade.
urge estipular os melhores padrões de saúde para Na gestação normal, a criança de equipa-
aquelas condições. Monge chama a atenção para mento genético favorável vive em condições ím-
esse aspecto, questionando inclusive o conceito pares de segurança: inércia respiratória, digesti-
que ele chama de “normalidade internacional” va, de absorção intestinal, de eliminação de
(como referido nos livros) com desconhecimento escórias, de termorregulação; limitação de movi-
das características do nicho ecológico, sejam elas mentos; proteção quase completa contra os trau-
físicas ou psíquicas. Pergunta o autor se é real- mas físicos; ausência de traumas psíquicos.

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Mas a vida, como a saúde, resulta do valor


da relação entre a resistência do organismo e os
obstáculos ou agravos que ele tem que enfrentar.
Acabada de nascer a criança, seu impulso vital
tem a mesma intensidade imediatamente anterior,
mas agora vai funcionar em condições de vida
muito diferentes e, com frequência, adversas.
Grande número de funções, até então em condi- Wolanski também lembra a existência de
ções potenciais, é convocado ao trabalho. A di- uma verdadeira interfase entre a heranca e o am-
versidade das novas condições de vida, aliada à biente: é o modo de vida, o ponto de encontro de
inércia anterior dos mecanismos de adaptação, cria muitos traços herdados com muitas característi-
o grande caráter da criança, sua vulnerabilidade, cas ambientais. Atividades motores, tempo de
a qual exige peculiaridades assistenciais que pro- sono, postura, engorda. Explicitando: há famílias
movam sua adaptaçao àquelas condições. de insones (herança), mas o pouco dorrnir é in-
Essa adaptação pode ser esquematizada nos tensificado pelo assistir TV (ambiente); há faz ias
seguintes setores: de atletas (herança), mas 0 viver com pouca ativi-
1. Função nutritiva, atuante na vida intra- dade física pode ser decorrência de falta de local
uterina quanto ao metabolismo celular, mas para práticas esportivas, coisa frequente nas gran-
inoperante quanto à preensão dos alimentos, à sua des cidades (ambiente); há pessoas com predis-
digestão e absorção e à eliminação de escórias— posição para engordar (herança), mas só o farão
tudo isso se fazendo através da placenta. se houver generosa oferta de alimentos associada
2. , cujo componente afetivo é altamente a maus hábitos alimentares (ambiente). Enfatiza-
vulnerável desde o nascimento e sujeito, a partir se a postura que, quando incorrera, ocasiona dis-
de então, a nocivos sofrimentos pela perda das túrbios das vísceras, hipóxia cerebral e retardo do
regalias da vida intra-uterina, pela inibição edu- desenvolvimento físico: uma criança pode apre-
cativa dos impulsos instintivos, pelas contradições sentar importantes problemas em decorrência da
que a criança tem que enfrentar, pelas emoções má postura na escola (onde ela passa várias horas
súbitos e penosas que decorrem de falares am- por dia, um nicho ecológico de grande importân-
bientais fortuitos e pelos erros de conduta dos cia) em virtude de mobiliário inadequado.
adultos que criam ou intensificam esses falares O esquema apresentado a seguir deve ser,
de sofrimento. então, aceito como uma visão mais abrangente dos
3. Função imunitária, para a qual a crian- falares do crescimento, muito útil para o propósi-
ça nasce dotada apenas de imunidade inespecífica, to deste artigo.
proporcional à sua resistência constitucional, e de
imunidade especifica passiva transplacentária e
transitória, apenas para algumas poucas infecções.
4. Ambiente físico, cujos caracteres (tem-
peratura, umidade, ventilação, luminosidade, ruí-
dos, odores) apresentam variações por vezes brus-
cas, intensas e frequentes, bem como valores A ecossensibilidade é variável de pessoa
permanentes muito acentuados, tudo muito diver- para pessoa bem como para uma mesma pessoa
so da “monotonia” ambiente da vida intra-uterina. em função do tempo. As evidências mostram que
5. Oportunidades de acidentes, para os a maior sensibilidade ocorre quando o processo
quais a criança é, no início, totalmente auto- de crescimento e desenvolvimento é mais rápido
indefesa. e/ou quando a atividade metabólica dos tecidos é
A importância da mãe na ecologia da mais intensa: decorrência natural, os momentos
criança é de tal magnitude que Wolanski a con- de maior ecossensibilidade para o ser humano
ceitua como falar paragenético (genes não trans- parecem ser os primeiros quatro ou cinco anos de
mitidos), não só em função da influência dos vida e a puberdade.
traços constitucionais da mãe sobre a forma- Outro aspecto-muito importante: admite-
ção da personalidade do filho, mas também em se (segundo Wolanski) que os organismos
relação às características metabólicas do orga- homozigotos (ou, melhor dito, as características
nismo da mãe capazes de influir no crescimen- determinadas em um dado indivíduo por genes
to fetal. homólogos) são menos sensíveis aos estímulos
Assim, a tradicional divisão dos fatores do ambientais do que os heterozigotos. Assim, de-
crescimento em genéticos (ou intrínsecos) e am- monstra-se que a progenia heterozigosidade é mais
bientais (ou extrínsecos), alta do que a progenia homozigótica, em iguais

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condições de nutrição. E é forçoso reconhecer que mite inferior da população favelada mostra si-
o fenómeno da heterozigosidade em nível tuação desalentadora. A situação referente ao
populacional está crescendo, como resultado das peso é mais animadora, o que sugere baixa es-
correntes migratórias e a minimização das comu- tatura residual com eventual supuração dos
nidades isoladas. Portanto, vemos um aumento da fenómenos da fase acuda da desnutrição.
ecossensibilidade, em função do crescente A população que encontramos espalhada
apequenamento do nosso mundo. pelas favelas estudadas é fruto de fluxo rural-urba-
Quais as perspectivas ecológicas para as no. Hoje, essa população, normalmente designada
crianças que estão nascendo agora? por “população marginal”, corresponde aos resulta-
Para a reflexão dos leitores, sugere-se o dos de uma situação nas áreas rurais, a que os
seguinte: demógrafos chamam de “repulsiva” e que, no qua-
1. Aumento absoluto de estimulas ambien- dro da sociedade brasileira, se faz presente a partir
tais independente de sua qualidade (benéfica ou dos momentos de~crise que afetaram o processo
maléfica). monocultor regional ao longo da história do período
- estímulos físicos, através do aparecimen- colonial, dando origem à chamada “plebe rural”.
to de novas substanciar químicas e da crescente Essa população, caracterizada por uma
poluição do ar, da água e do solo, bem como do tópica marginalidade em relação à vida
resíduo atômico; económica, sócio-cultural e politico-institucio-
- estímulos psicossocioculturais, através do nal, agrupa-se em torno de um conjunto
avanço das comunicações, das redefinições polí- subnormal de habitações instaladas em terre-
ticas e sociais e da cruscente permissividade. nos abandonados ou em litígio, ou de proprie-
2. Aumento da ecossensibilidade. dade do poder público, geralmente insalubres,
- crescente taxa de heterozigose na popu- aparecendo a madeira, a lata, o zinco e o pape-
lação; lão como materiais de construção.
- urbanização. A saúde é um estimulante fundamental para
3. Diminuição progressiva das atividades o crescimento; consequentemente, o mau funcio-
mataras em decorrência da automação, da namento do organismo como um todo, ou através
monitorização e do confinamento, do que resul- dos principais territórios de sua economia, é uma
tará uma vida sedentário cada vez mais presente causa importante de baixa estatura, constituindo
e uma diminuicão do potencial de resistência do o grupo assim chamado visceral. O nome é bas-
organismo. tante sugestivo no sentido de não incluir as doen-
4. Controle de alguns fatores ambientais ças das glandulas endócrinas (pois não são consi-
bióticos. deradas vísceras) e do esqueleto, bem como os
5. Conseqüências ainda imprevisíveis da agravos diretos à nutrição da criança.
energia nuclear e das viagens interplanetárias. Inúmeras doenças de origem ambiental
comprometem o crescimento da criança, sobretu-
do por agentes físicos bióticos.
FATORES AMBIENTAIS Os mecanismos através dos quais uma doen-
ça visceral compromete o crescimento são comple-
Os fatores ambientais que influenciam o xos e vários tipos de agravos podem atuar concomi-
crescimento são incontáveis e em contínua varia- tantemente. Os seguintes conjuntos são importantes:
bilidade, o que obriga o indivíduo a uma constan- 1. Comprometimento direto dos músculos,
te adaptação fisiológico. ossos e articulações.
Variáveis sócio-econômicas exercem im- - doenças primárias da musculatura,
portante influência no crescimento: renda par - infecções (miosites, artrites e
capita, idade dos pais, tamanho da família, con- osteomielites),
dições de habitação e de saneamento, escolari- - poliomielite,
dade e cultura dos pais. Uma investigação do - traumatismos.
Instituto da Criança de São Paulo com 1.010 2. Comprometimento indireto na nutrição
crianças faveladas de zero a doze anos de ida- (prejuízo da deglutição, digestão, absorção,
de mostra claramente a devastação que as más metabolizaçáo, consumo e excreção de nutrientes).
condições sócioeconômicas de vida determinam - infecções,
em relação ao crescimento das crianças. Os - parasitoses intestinais,
dados referentes à altura revelam grave situa- - neoplasias,
ção. Sobretudo a partir dos dois anos de idade, - intoxicações.
a média aritmética da estatura bordeja o limite 3. Prejuízo da oxigenarão dos tecidos.
inferior da normalidade e, por outro lado, o li- - anemias,

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- cardiopatias, tal é o “máximo objetivo a ser atingido”. As pre-


- pneumopatias. dições com base no segmento superior
4. Obrigatoriedade de repouso prolongado. (ecorresistente) parecem anunciar as diferenças
5. Obrigatoriedade de determinados trata- entre classes sócio-econômicas.
mentos, como, por exemplo, cortisonoterapia. A seguir serão analisados três delatores
Estudo em crianças guatemaltecas mostrou ambientais de grande iinportancia auxológica:
que a freqüência e a intensidade de episódios nutrição, estimulação biopsicossocial e atividade
diarréicos guarda relação com palrados de física. E no final, comentários sobre a variação
desaceleração do crescimento, o que não foi ob- secular do crescimento.
servado em relação a doenças respiratórias:
enfatizam mais estes aspectos em relação à im- Nutrição
portância social da síndrome diarréica. Tolentino Como todo esforço, o crescimento conso-
propõe a lei da prevalência, segundo a qual o or- me energia: 40% das calorias fornecidas Normal-
ganismo, em situação de emergência pela presen- mente à criança no primeiro ano de vida são des-
ça de processo infeccioso, deriva calorias para o tinadas ao crescimento. No final do primeiro ano,
combate à infecção em prejuízo do crescimento. essa cifra baixa a 20%. A dieta deve ser suficiente
Suprimido o processo mórbido causador da em calorias e equilibrada em suas proporções, sem
interrupção do crescimento, a criança apresentará o que não haverá crescimento normal.
um período de crescimento acelerado, a fim de re- Deve-se fornecer energia a uma criança
tomar seu padrão anterior à doença. O cresc~mento para atender as necessidades de:
é como um projétil teleguiado, sob o controle de a) metabolismo basal;
complexos sistemas que se enquadram definitiva- b) ação dinaâmico-especíica dos alimen-
mente na cibernética. Uma questão totalmente a tos;
resolver é a maneira pela qual o organismo sabe c) atividade muscular; e
quando desacelerar a fase do crescimento intensa d) crescimento.
após um período crítico de desaceleração decor- O metabolismo banal consome proporcio-
rente de inúmeros agravos. A capacidade dos indi- nalmente menos calorias conforme a criança au-
víduos em crescimento de retomarem seus padrões menta de idade. o “custo calórico” dos alimentos
evolutivos quando deles afastados, deu-se o nome (ação dinâmico-específica) varia com a dieta, sen-
de homeorrese (rhe-fluir). do proporcionalmente mais elevado quando au-
Marshall, analisando as variações geográ- menta a taxa de proteínas da dieta, mas é impor-
ficas e étnicas do ser humano, comenta as varia- tante lembrar que proteína incorporada para o
ções das proporções corpóreas, como, por exem- crescimento está livre da ação dinamico-especffica
plo, o comprimento dos membros inferiores e as A parte referente à atividade muscular varia mui-
diferenças de distancias bio-acromiais e bi-cris- to de indivíduo para indivíduo, em diferentes ida-
tais ilíacas. des e conforme o sexo. A taxa calórica reservada
Sabe-se que o segmento superior é mais ao crescimento varia com a idade, tendo em vista
ecorresistente do que o segmento inferior. Predi- a desaceleração do mesmo. Nos prematuros, as
ção da altura final em função do segmento supe- necessidades calóricas para o crescimento podem
rior é o “mínimo potencial genético da estatura ser duas vezes as do recém-nascido normal. Na
final”; já a predição em função do segmento infe- Tabela 2 estão as necessidades calóricas médias
rior é o “máximo dano ambientar possível de ser por quilo de peso para os diferentes setores em
sofrido” e a predição considerando a estatura to- diferentes idades.

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Tem-se dito que “crescer é sinônimo de tubular de aminoácidos. Na carência de vitamina


proteinizar”, isto é, reter nitrogênio. A proteína é D ocorre fundamentalmente uma desarmonia en-
o material único insubstituível e fundamental do tre as cifras de calcemia e fosfatemia, com produ-
crescimento e da reconstrução incessante: a to cálcio e fósforo inferior a 40; nessas condições,
albumina leva em si a excelência do crescimento. não há deposição da hidroxiapatita sobre a matriz
O nitrogénio como elemento específico de cres- 6ssea, ocorrendo maior estimulação da atividade
cimento não se acumula em depósito como ocor- osteoblástica da qual resulta a formação excessi-
re com os hidratos de carbono e as gorduras, mas va de tecido osteóide e o aumento da atividade da
destina-se em sua quase totalidade para a fosfatase alcalina.
histogênese. Cada 30 g de aumento de peso A vitamina C exerce influência marcante
corpóreo necessitam 6,25 g de albumina, que cor- sobre o crescimento. É tão importante sua fun-
respondem a 1 g de nitrogénio. ção, que se pode estabelecer um paralelismo en-
As gorduras, além de serem fonte podero- tre atividade metab61ica dos 6rgãos e seu con-
sa de energia, constituem material indispensável teúdo de ácido ascórbico. E indispensável para a
para a constituição de protoplasma (como manutenção da substancia intercelular do tecido
fosfolípides, por exemplo), são veículos de vita- conetivo, ossos e dentes. Sua carência determina
minas lipossolúveis (vitaminas A, D, E e K), con- alteração da osteogênese endocondral e nos estu-
tribuem para o sabor da dieta e a sensação de dos graves de carência há interrupção do cresci-
saciedade, são essenciais para a síntese de mento, já que nessas condições os osteoblastos
esteróides. Os ácidos graxas não saturados são são incapazes de formar matriz 6ssea. Demons-
essenciais, visto que o organismo não os sinteti- tra-se, então, urna rarefação 6ssea, substituição
za. Dietas normais, exceto pelo baixo teor de gor- da medula óssea por tecido fibroso e desprendi-
duras, falharam em promover um crescimento e mento do periósteo.
desenvolvimento normais. Provou-se em experi- A Tabela 3 informa sobre as necessidades
mentação animal que o ácido linoléico (algumas nutricionais diárias de crianças e adolescentes.
vezes referido como vitamina F) é essencial para Em seguida, apresentam-se alguns dados
o crescimento. sobre a baixa estatura de causa nutricional com
Quanto aos minerais, a criança necessita ênfase na desnutrição (distrofia carencial protêico-
de pelo menos 12 minerais em quantidade ade- energética primária).
quada para a formação de novos tecidos. Entre- Além da dieta carente, há agravos am-
tanto, seis deles tom uma ação mais direta: cál- bientais importantes representados principal-
cio, fósforo e magnésio pela contribuição mente por infecções e infestações graves e re-
importante e fundamental-na formação de tecido petidas. O abandono psicossocial pode ser tão
ósseo, influenciando por isso na altura do indiví- grave que alguns autores sugerem a existência
duo; potássio por ser elemento intracelular e in- de dois tipos de desnutrição primária. O pri-
dispensável na formação protoplasmática; ferro meiro, dito sócio-econômico, resultante da mi-
por ser indispensável na formação de hemoglobina séria e do analfabetismo e o segundo tipo, dito
e, finalmente, iodo, que participa de um dos sócio-cultural, devido a condições culturais
harmónios mais diretamente ligados ao crescimen- adversas, prevalente em comunidades
to, o harmónio tireoidiano. pseudoindustrializadas que retiveram em parte
Todas as vitaminas são indispensáveis para os valores culturais de uma vivência agrária em
o crescimento, mas as vitaminas A, D e C têm ação choque permanente com os valores decorren-
mais evidentes sobre o crescimento e desenvolvi- tes da urbanização caótica e da industrializa-
mento; todo o complexo B também alua sobre o ção, do que resulta a desagregação familiar com
crescimento, porém de maneira menos direta. ruptura do equilibrio bioecológico.
A vitamina A participa ativamente no cres- Inicialmente, o prejuízo da estatura é
cimento pois é um falar estimulante das células menos intenso do que o do peso em decorrên-
endoteliais da zona de ossificação e regulador da cia da utilização dos escassos nutrientes, se-
atividade osteoblástica. Na zona de cartilagem gundo uma hierarquia de modo a certos teci-
epifisária não há alinhamento normal das células dos e certas funções serem preservadas mais
quando falta vitamina A, o que determina altera- tempo. Assim, a perda de peso inicial consti-
ção de ritmo de crescimento. tui a homeosta~e irnediata, a desaceleração
Basicamente a vitamina D favorece a ab- ulterior do ganho de altura é a homeostase
sorção intestinal de cálcio, a reabsorção tubular mediata e a diminuição do metabolismo basal,
de fósforo e a formação de matriz 6ssea; além dis- a hipotermia, a imobilidade e a hipotrofia, se-
so, provoca a mobilização do cálcio a partir dos guida de atrofia de tecidos e 6rgãos, é a
ossos e influencia positivamente a reabsorção homeostase tardia (Ramos Galvan).

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Refere-se ao Art. de mesmo nome, (I)1 - Opinião, 15-43, 1991 Rev. Bras. Cresc. Des. Hum. S. Paulo, I(1), 1991

O auxograma do desnutrido grave tem as b) pouca fireqüência de raquitismo,


segumtes características: c) diminuição da atividade da fosfatase
a. Idade-altura comprometida com déficit alcalina.
relativo à idade cronologica de 50%;
b. Idade-peso inferior à idade-altura com 3. Sinais de parada do crescimento e de-
déficit relativo à idade cronológica de 75%; no senvolvimento.
marasmo, a idade-peso pode ser inferior ao nas- a) imagens radiológicos de “linhas de pa-
cimento do que resulta—no tempo—um “peso rada do crescimento”,
negativo”; b) atraso na idade óssea.
c. Idade-óssea acompanhando os parâme-
tros somáticos e localizando-se entre as idades-
altura e peso; o atraso da idade-óssea sugere que Estimulaçao Biopsicossocial
a maturação assoa também está atrasada com con-
servação do potencial de crescimento; Os falares psicológicos e de estimulação
d. Idade-desenvolvimento atrasada sobre- social de há multo são considerados de grande
tudo nos setores pessoal-social e da linguagem importância no desenvolvimento neuro-
no teste de Gesell. psicomotor e intelectual da criança. Mais recen-
O comprometimento ósseo na desnutrição temente, foi reconhecida a importância dos refe-
traduz-se através dos seguintes aspectos: ridos fatores também para o crescimento físico.
A carência afetiva estudada, entre outros
1. Sinais de homeostase deficiente de cál- autores, por Bakwin, Bowlby e Spitz, consiste na
cio e fósforo. falta de carinho e de solicitação afetiva materna.
a) tendência à hipocalcemia e A necessidade instintiva de receber afeto, aten-
hipofosfatemia, ção e contato físico agradável não é satisfeita e
b ) tendência para manifestações tetamcas. surge assim uma síndrome carencial complexa;
as crianças tornaram-se irritadiças e choronas, per-
2. Sinais de deficiente formação de matriz dem peso, não têm apetite, seu desenvolvimento
óssea. neuro-psicomotor se retarda e o crescimento
a) osteoporose, desacelera.

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Durante algum tempo essa síndrome só foi realidade, um forte impulso para a atividade físi-
estudada em instituições (hospitais, creches e asi- ca por parte das crianças, sobretudo pré-escola-
los) e dai o termo hospitalismo. Posteriormente, a res: eles simplesmente não conseguem permane-
síndrome foi evidenciada em falências de nível cer quietos se algo não prender fortemente sua
sócio-econômico baixo e, mais recentemente, tam- atenção (esse algo tem sido—cada vez mais—o
bém em famílias de nível médio ou superior. assistir TV). Em segundo lugar, considere-se a
A baixa estimulação biopsicossocial deter- atividade física programada, a assim chamada
mina, em associação à desaceleração do crescimen- prática esportiva: é aqui que o pediatra, com
to, variada gama de distúrbios da conduta: alimen- frequência, é solicitado a opinar quanto à conve-
tar (ruminação, bulimia, polidipsia), do sono (insónia, niência de a criança praticar continuadamente al-
vagar pela casa à noite) e de outros selares (enurese, guma modalidade de esporte, sob supervisão.
agressividade, crises intensas de birra). De uma maneira mais abrangente, a edu-
Para explicar os efeitos da carência cação física (ginástica, jogos, esportes, dança e
psicossocial sobre o crescimento físico, Patton e competição) contribui para o desenvolvimento de:
Gardner enumeram as seguintes possibilidades: a. Qualidades puramente físicas como for-
a. Baixa de ingestão de dieta adequada, não ça, flexibilidade, resistência, equilíbrio, velocidade,
obrigatoriamente por carência económica, mas b. Qualidades fisico-psiquicas, como ca-
sim por problemas afetivos que inclui, entre ou- pacidade de contração e de relaxamento, bem
tros fatores, a negligência, como coordenação, e
b. Redução do apetite pela depressão, c. Qualidades psicossociais, como força de
c. Diminuição do ácido cloridrico gástrico, vontade, disciplina, domínio de si mesmo, cora-
d. Stress emocional interferindo no apetite, gem, confiança, solidariedade, respeito às leis.
digestão, absorção e metabolismo intermediário, A educação física é, pois, um auxiliar vali-
e. A produção de harmónios da hipófise oso para o aprimoramento do crescimento e do
anterior está sob influência de centros desenvolvimento da criança, nos seus aspectos
hipotalamicos que, por sua vez, recebem estimu- morfofisiopsicológicos.
lação do córtex cerebral e de outras estruturas li- A motivação da criança para a prática con-
gadas às emoções. Na síndrome da baixa estimu- tinua e programada de esportes é muito impor-
lação psicossocial, a hipófise não responde aos tante. Até 10 anos, predomina a motivação base-
estímulos habituais no sentido de liberar hormônio ada no prazer e no cantata social com amigos;
de crescimento. após essa idade, começa a haver uma preocupa-
O tratamento da carência afetiva consiste ção com a competição em si mesma, a busca de
sobretudo na orientação da família no sentido de sensações cinestésicas ligadas à movimentação do
garantir para a criança segurança afetiva. Em corpo, não se excluindo a relação do esporte corr
muitos casos, será necessária a psicoterapia dos impulsos sexuais, o esparto desempenhando um
pais, principalmente a mãe, e nos casos graves papel importante no processo de sublimação pró-
pode ser necessário conseguir para a criança uma prio da idade. Se o pediatra foi chamado a opinar,
mãe substituia que dê à criança carinho e apoio ele deve evitar a antiga posição de consideras apto
emocional. No caso de instituições, o pessoal de- quem não é inapto e tentar levantar os falares li-
verá ser adequadamente treinado e orientado para gados à criança (quais suas necessidades e dese-
criar laços afetivos permanentes com as crianças. jos? o que acha da prática desportiva? que esparto
Coloca-se, aqui, a situação de milhares de prefere?), à família (que expectativa áxis te? o que
lactentes que permanecem 4 a 8 horas em creches pensam das atividades competitivas?) e ao local
enquanto suas mães trabalham. Embora a creche (distan aia, segurança, supervisão).
possa ser considerada uma boa solução para es- É de consenso que “um mínimo de ativi-
sas fartarias, é importante refletir sobre as condi- dade muscular e essencial para a obtenção de um
ções de estimulação biopsic^qssocial dessas crian- crescimento nonnal e a integridade protoplas-
ças e a responsabilidade dos pais em promovê-la, mática dos tecidos: o que esse anónimo represen-
supletivamente se for o caso, em seus lares. ta em termos de intensidade e duração não está
estabelecido”, amém certamente decorre de forte
impulso para atividade física que todas as crian-
Atividade Fisica ças apresentam, impulso esse que parece ser uma
das grandes necessidades da vida. As crianças
A atividade física deve ser encarada sob hipoativas podem ter prejuízo do seu crescimen-
dois aspectos. Em primeiro lugar, a atividade físi- to, bem como redução de seus potenciais na
ca não programada, própria das crianças saudá- adulticia, tendência à obesidade e níveis altos de
veis e que diz respeito a todas as idades. Há, na risco de doenças arteriais por toda a vida. Mas,

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em contrapartida, também pode haver problemas A ausência de suporte de peso corpóreo re-
físicos e mentais, se a criança, desde a idade es- tarda a restauração de ossos fraturados. O pessoal
colar, for submetida a treinamento físico intenso da missão espacial Gemini, por causa da falta de
competitivo. gravidade, apresentou perda de densidade 6ssea por
No que se refere às ações da atividade físi- desrnineralizaçao. As pessoas imobilizadas apre-
ca sobre o crescimento e desenvolvimento do es- sentam elevadas perdas urinarias de cálcio e
queleto, há aspectos importantes. nitrogénio e consequente diminuição da densida-
A forma básica do osso é determinada pela de 6ssea. A situação reverte-se com a remobilização
herança e está estabelecida embriologicamente na do paciente, mas a correção final do desbalanço
cartilagem. Sabe-se, hoje, que o comprimento do pode levar muito tempo. O desuso leva, pois, à
osso está sob forte controle de fatores intrínsecos osteoporose, do que resulta a afirmação seguinte:
do crescimento e que o diâmetro é muito mais o suporte do peso corpóreo e a contração muscular
sensível aos fatores ambientais, entre os quais o são importantes para a higidez do esqueleto. Al-
exercício físico. guns autores lembram que permanecer de pé seja
Experimentação animal revela dados inte- talvez mais importante do que alguns exercícios
ressantes. Os ossos dos membros inferiores de físicos realizados na posição deitada. Enfim, em
animais imobilizados e denervados mostraram-se termos de manter a mineralização óssea, caminhar
mais leves, com menor teor mineral e maior con- é mais importante do que beber leite.
teúdo hldrico, porém mais compridos e mais fi- Conclui-se que a compressão energética
nos do que o observado em grupos controles. intermitente, a força da gravidade, o suporte de
Radiológica e embriologicamente havia sinais de peso corpóreo e a contraçãa muscular são indis-
atividade aumentada na zona epifisária. O aumen- pensáveis para o crescimento 6sseo adequado: o
to em comprimento foi atribuido à ausência de excesso parece ser prejudicial. Contudo, não está
forças compressivas inibidoras do crescimento, e esclarecido o exato mecanismo através do qual a
a maior delgadez à remoção dos tendões muscu- atividade física promove um melhor crescimento
lares que constituem um notável estimulo para o 6sseo: contração muscular, mecanismos neurais
crescimento lateralizado dos ossos. ou fatores circulatórios? Mas os pesquisadores
Um dos melhores exemplos de que o cres- aceitam a existência de um fator de crescimento
cimento fissão também depende do stress ósseo “exercício-mediado” durante os anos de
mecanico, é o caso da criança que nasceu sem a crescimento da criança.
sabia em uma das pernas: com a idade de 2 anos, A idade 6ssea, como índice de avaliação
os ortopedistas mudaram a posição do perônio, da maturidade, tem sido muito estudada entre pré-
colocando-o mais no meio da perna, a fim de adolescentes e adolescentes praticantes de espor-
melhor distribuir o peso corpóreo. Pois bem, 18 tes. A maior parte dos praticantes do sexo mascu-
meses após a operação, o perônio tinha o aspecto lino apresenta idade 6ssea avançada em relação à
de tíbio A falta da líbia foi um acontecimento li- idade cronoló gica, o que permite especular em
gado à herança (fator intrínseco) e a “tibi~lização” relação à estatura final desses jovens em compa-
do perônio deveu-se ao stress mecanico (fator ração aos não praticantes. Quanto às meninas, os
extrínseco). Esse caso, publicado por Houston, é dados são menos conclusivos, mas a literatura
citado por Bailey. Segundo Evans (citado por sugere (tanto em relaçao à idade da menarca quan-
Molina) a função—cornpressiva ou tensional—é to à idade óssea) haver relação entre maturidade
“o real estímulo pata a formação e o crescimento atrasada e desempenho atlético, sobretudo em re-
fissão”. A situação pode ser assim suir~rizada: lação à natação e ginástica. Outros autores afir-
a. Dentro dos limites de tolerância, o au- mam que a relaçao entre idade óssea e desempe-
mento das forças de pressão e tensão determinam nho ffsico é mais estreita do que entre idade
formação de novo tecido fissão deu de que atuem cronológica, ou altura, ou peso com o desempe-
sobre superfícies adaptadas para resistir à pres- nho: sugerem que o parametro para dividir em
são e à tensão, grupos praticantes de espertos entre 10 e 16 anos
b. Aumento de pressão ou tensão além dos deve ser a idade 6ssea e não a idade cronológica,
limites de tolerancia leva à destruição óssea atra- principalmente no sexo masculino.
vés da reabsorção, Emerge, então, a questão crucial da idade
c. Sempre que a pressão - contínua ou in- mínima a partir da qual as crianças podem parti-
termitente - interferir com a circulação sangüínea cipar de atividades físicas programadas competi-
do osso, haverá uma reabsorção osteoblástica do tivas, o assim chamado esporte agonístico. Negrão
mesmo, chama a atenção para os inúmeros campeonatos
d. Os citados limites de tolerância não são entre crianças, as conhecidas categorias fraldinha,
conhecidos. dentinho, dente-de-leite, pré-mirim, mirim, infan-

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til, e que—promovidos por federações esportivas des do aprendizado escplar, repetição de cursos,
of iciais, bem como por clubes e associações— transtornos do caráter e a síndrome do medo do
esses campeonatos podem envolver crianças de insucesso.
até cinco anos de idade. Um exemplo claro e atual: A idade cronológica não é um bom critério
o voleibol, esporte de popularidade crescente em para a decisão de permitir ou não que uma deter-
função do sucesso da seleção brasileira em cam- minada criança participe de competições esporti-
peonatos internacionais. Ainda citando Negrão, o vas: crianças “grandonas” não são obrigatoriamen-
voleibol envolve, em sua prática competitiva, um te amadurecidas. Melhor será um critério de ordem
componente predominantemente anaeróbico biológica, sendo certo a impossibilidade
lático, isto é, atividade em débito de oxigénio, le- operacional de submeter as crianças a variadas
vando, conseqüentemente, seu praticante a atin- provas funcionais. Dai, a valorização, por muitos
gir níveis elevados de lactacidermia nos múscu- autores, como referido antes, da idade 6ssea que
los e na circulação sangüinea, bem como alta nunca deverá ser inferior a 14 anos. Tatafiore su-
taquicardia: isso implica em esforços de alta in- gere como “sinal verde” o aparecimento do osso
tensidade, entre 80% e 100% da condição física sesamóide do dedo mínimo.
máxima, com duração entre 45 segundos e três Finalizando, cite-se Parizková. Nas atuais
minutos, para os quais a criança não está devida- condições ecológicas e com o presente padrão de
mente preparada. A atividade anaeróbica lética vida e de trabalho em muitos paises, encontra-se
provoca liberação de catecolaminas e consequente uma permanente restrição de atividade fisica, isto
vasoconstrição, do que resulta aumento da força é, uma hipocinesia prolongada, com seqüelas
de contração do coração, situação que crianças i^inportantes como a obesidade e defeitos orto-
de baixa idade não superam. A persistência do tra- pédicos, sobretudo durante a inf~ncia e o início
balho anaeróbico Ático nas crianças pode provo- da adolescencia. Há quem afirme que a vida
car uma hipertrofia precoce da musculatura car- contemporanea não exige maiores aptidões fisicas;
díaca, o que limitará o potencial físico máximo entretanto, vale a pena mencionar que um nivel
da criança, além de poder predispô-la a uma futu- mais elevado de aptidão física e capacidade
ra hipertensão arterial. Crianças e adolescentes aeróbica do organismo leva a uma menor
pré-púberes devem participar de atividades físi- fadigabilidade, uma sensação -de bem-estar e, fi-
cas de média intensidade e longa duração (ativi- nalmente, à prevenção de várias situações que
dade aeróbica, na qual predomina o consumo de criam condições para o desenvolvimento de di-
oxigénio, com utilização entre 40% e 80% da con- versas doenças, particularmente as do sistema
dição física máxima e duração superior a três mi- cardiovascular. O homem contemporaneo está
nutos) e não de alta intensidade e curta duração exposto ao stress emocional e, sob sua influên-
(atividade anaeróbica). cia, a reação de alarma desenvolve-se no organis-
Tatafiore* lembra que a criança se encon- mo: ele é a vitima dos anacronismos emocionais
tra entre duas situações: a primeira constituída e dos estímulos internos que foram indispensá-
pelas normas sanitárias em relação ao preparo fí- veis para a sobrevida no passado primitivo. Estão
sico pré-agonistico e ao inicio do agonismo; e a envolvidos velhos mecar ismos filogenéticos fi-
segunda representada pelas “lisonjas dos xos que, sob condições contemporaneas, levam a
organizadores incompetentes de competições in- uma resposta inoportuna (liberação de
fantis, que estimulam o agonismo até os mais pe- catecolaminas, freqüência cardíaca aumentada,
quenas”, com apoio de autoridades públicas (as- débito cardiaco aumentado, elevação da pressão
pecto politico) e dos próprios familiares (aspecto arterial, mobilização maior de ácidos graxos) que
social). O agonismo precoce pode levar a criança constituem a preparacão para a luta ou fuga, isto
a um conjunto de alterações somatopsíquicas, os é, trabalho muscular. Pelo falo desse Irabalho
danos do esporte. No campo somático têm sido muscular não ser executado, desenvolve-se situa-
descritas modificações irreversíveis da relação ções desarmônicas no organismo que são a base
tronco-membros, hipertrofia cardíaca, pseudo- das doenças de civilização. Nesse sentido, a ati-
nefrite atlética, enfisema e um cortejo de lesões vidade física de tipo aeróbico pode ser considera-
esqueléticas traumáticas. No campo psíquico, cite- da como fator compensador de alterações meta-
se o aparecimento de tiques, enurese, dificulda- bólicas resultantes de situações estressantes.

* Tatafiore lembra que cavalos de raça jamais são treinados para competir antes dos dois anos de idade e somente com três amos
participam dos páreos (três amos de cavalo correspondem a 15 anos para o ser humano). Pois bem, a nmguém ocorre submeter
potrinhos a esforços imcompatíveis com sua idade, mas, em relação a crianças é um verdadeiro vale-tudo, sob a responsabilidade,
ou melhor, sob a irresP^°^Dsabilidade de autoridades, treinadores e familiares.

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Refere-se ao Art. de mesmo nome, (I)1 - Opinião, 15-43, 1991 Rev. Bras. Cresc. Des. Hum. S. Paulo, I(1), 1991

A importância de um bom esquema para pós-guerra significa não somente modificações do


as crianças em rãlação à atividade física, um dos corpo, mas também uma definitiva aceleração na
mais importantes falares ambientais na garantia maneira de encarar e sentir o meio-ambiente, do
de 6tirno desenvolvimento da função e da saúde, que resulta ser essa nova criança capaz de adqui-
já foi explicitada há muito tempo: rir experiências de um modo muito diferente do
observado nas crianças em épocas anteriores. A
Quanto mais a criança está dedicada a algu- esse conjunto de influências, Takai reserva a de-
ma coisa, brincando com liberdade, ocupada nominação trauma da urbanização, capaz de mo-
em fazer algo, tanto mais suave o seu sono,
mais fácil sua digestão, mais precioso seu dificar a sensibilidade dos 6rgaos efetores aos
crescimento, tornando-se forte e desenvolven- estimulos do crescimento, através—talvez—do
do-se tanto corporal como mentalmente, de- sistema límbico. Contudo, a resposta favorável em
vendo-se protegê-la exclusivamente de lesões. termos de aceleração do crescimento to sé existi-
Para essa finalidade, deve-se procurar e en-
contrar um lugar seguro onde a criança possa
rá se houver adequado aporte nutricional.
correr livremente e exercitar-se, devendo-se
mostrar um modo inofensivo para tais exer-
cícios. (Escrito por John Amos Comenius, no COMENTARIOS FINAIS
ano de 1632).
Wolanski refere que o crescimento é um
processo formativo de estruturas e funções con-
Variação Secular do Crescimento forme certas leis da genética, bem como das con-
dições de vida: o conjunto ambientar consiste de
Possivelmente, como resultado conjunto um complexo de fatores biogeográficos, modifi-
dos fatores ambição tais, tem sido possível com- cado, no homem, pelas condições sócio-econô-
provar uma nítida tendência, com o correr dos micas. É sob a influência de fatores genéticos es-
anos, para a aceleração do crescimento e desen- pecíficos e do seu meio-ambiente que o homem
volvimento, tanto no selar físico (estatura cada atinge, primeiro, sua maturidade individual e, em
vez mais elevada para uma determinada idade) seguida, a maturidade da espécie, isto é, a capaci-
como na maturidade biológica (por exemplo, dade reprodutora. A antrolologia talvez possa re-
menarca em idades cada vez mais precoces). solver alguns dos problemas fundamentais da
A causa da aceleração secular do cresci- auxologia:
mento ainda não foi definitivamente esclarecida. 1. Estabelecimento de diferentes respostas
Metedith relaciona as seguintes: maior participa- de individuos genotipicamente diferentes (com
ção em atividades esportivas, menor rnorbidade, definidos fenótipos) aos mesmos fatores ambien-
urbanização, imigração, diminuição do trabalho tais, ou vice-versa, as reações de indivíduos
do menor, melhoria da higiene da comunidade e genotipicamente iguais e diferentes condições
das habitações, vestuário menos restritivo, aumen- arnbientais;
to da ingestão de nutrientes, melhoria dos cuida- 2. Estabelecimento das condições ambien-
dos médicos, mudanças na umidade e temperatu- tais ótimas em relação à especificidade genotípica,
ra do planeta, tendência evolucionista para os isto é, integração coordenada dos fatores endóge-
organismos de um pkyl~m aumentarem o seu ta- nos e exógenos (compatibilidade molecular entre
manho, expressão curnulativa da heterose, dimi- os determinantes paternos e maternos, e a influên-
nuição do tamanho das famílias. cia ambiental na produção de enzimas, por exem-
Os dados na literatura sugarem fortemente plo); e
que a aceleração do crescimento tem algo a ver 3. Estabelecimento das modificações da sen-
com a urbanização, pois ela é mu~to mais intensa sibilidade tissular responsável pelas diferentes res-
nos centros urbanos do que na zona rural. Não há postas em diferentes periodos do crescimento.
dúvida que a urbanização está modificando a or- As combinações ambientais que podem
ganização psicobi^o^lógi^ca do ser humano, e a influenciar o crescimento são inimigas (figura 1).
ciência que deve assumir as responsabilidades de A partir do tecido uterino que cerca o ovo nidado,
clarear o assunto é a antropologia. Ela nos infor- o ambiente expande-se continuamente por força
ma sobre a aceleração mental determinada pelos da necessidade que o homem tem de explorá-lo,
estímulos urbanos; a “desnaturalização biológi- sendo certo que, no presente momento, a explo-
ca” que se processa na forma,cão das comunida- ração ambiental já atingiu o despacho sideral.
des urbanas; a dilatação da vida fértil (menarca A partir de uma certa idade, variável de in-
mais precoce e menopausa mais tardia); a divíduo para indivíduo, o meio-ambiente começa
tipificação do homem nas grandes cidades. A in- a retrair-se e o homem, em sua velhice, busca a
tensificação do crescimento que foi verificada no segurança de sua cidade, e depois de sua casa e

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de seu dormitóno. Nossa última morada, o túmulo, BIBLIOGRAFIA


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