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Módulo VI.IV.

- Medicina / Cirurgia — Decisão Terapêutica

Prontuário Terapêutico Personalizado

Ibuprofeno / derivados do ácido propiónico

Grupo  Grupo Farmacoterapêutico: Derivados do ácido propiónico, anti-inflamatórios


farmacoterapêutico e não esteróides (AINEs)
DCI(s)  DCI (Denominação Comum Internacional): Ibuprofeno
Indicações principais  Em reumatologia - Osteoartrose, artrite reumatóide, espondilite anquilosante,
periartrite escapulumeral, reumatismo extra-articular, lesões dos tecidos
moles.
 Analgésico para dor ligeira a moderada - Dismenorreia, dor pós-episiotemia,
dor pós-parto, odontalgias, dor pós-extração dentária, dor pós-cirúrgica,
traumatismos (entorses, contusões, luxações, fraturas), dor associada a
qualquer processo inflamatório.
 Como antipirético - Febre de diversas etiologias, reduzindo a sintomatologia
associada a estados gripais e constipações.
Mecanismos de ação  O ibuprofeno é um AINE que presumivelmente atua inibindo a enzima ciclo-
oxigenase (COX), reduzindo a síntese de prostaglandinas. As prostaglandinas
são mediadores químicos envolvidos na inflamação, dor e febre.
 Tem efeitos deletérios por inibir a COX-1, que é responsável pela integridade
da mucosa gástrica, perfusão renal e inibe a formação de trombos.
 Tem efeitos benéficos ao inibir a COX-2, pois é produzida em resposta a
estímulos inflamatórios.
Aspetos-chave da  Vias de administração: Oral (granulado efervescente, comprimido, cápsula -
posologia e modo de pode ser administrado com ou sem alimentos), intravenosa, rectal ou tópica;
administração  Posologia: A posologia é variável em função do doente, da sua idade e da sua
situação clínica. A dose diária média aconselhada para o adulto é de 1200 mg a
1600 mg, repartida em três tomas com um intervalo de 8 horas. Não é
aconselhável ultrapassar a dose diária de 2400 mg. Nas crianças com idade
superior a 12 anos, a dose recomendada é de 20 mg/kg/dia em doses
divididas. Não se recomenda o uso de Ibuprofeno em crianças com idade
inferior a 12 anos. Os efeitos indesejáveis podem ser minimizados utilizando a
menor dose eficaz durante o menor período de tempo necessário para
controlar os sintomas.
Efeitos adversos e  Efeitos adversos: gastrointestinais (náuseas, dispepsia, vómitos, diarreia,
precauções/contra- obstipação, úlcera duodenal, flatulência, obstipação, perfuração
indicações relevantes gastrointestinal), infeções e infestações (Meningite assética, Rinite), doenças
hematológicas (Trombocitopénia, Agranulocitose, Eosinofilia, Coagulopatia,
Anemia aplástica, Anemia hemolítica, Neutropénia), reações alérgicas,
desequilibros metabólicos (Acidose, Retenção de fluidos, Hipoglicémia,
Hiponatrémia, Diminuição do apetite), exacerbação de inflamação relacionada
com infeção cutânea (fasceíte necrosante, agravamento cutâneo da varicela),
perturbações do foro psiquiátrico, Doenças do sistema nervoso (Tonturas,
Cefaleias, Sonolência, Parestesia, Hipertensão intracraniana benigna), afeções
oculares, afeções do ouvido e labirinto, doenças respiratórias, torácicas e do
mediastino (Asma, Dispneia, Broncospasmo, Epistaxe, Pneumonia eosinofílica);
 Precauções: redução da dose na população pediátrica, doenças respiratórias
(asma), antecedentes de doenças gastrointestinais e hemorragia,
compromisso cardíaco, renal e hepático, hipertensão; atentar ao risco de
mascaramento dos sintomas de infeções subjacentes, inibição da agregação

Elaborado por Joana Figueira Godinho, nº34666, TP3, 23/10 /2023


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plaquetária e meningite assética;


 Contra-indicações: Hipersensibilidade conhecida, insuficiências cardíaca,
hepática e renal graves, situações com tendência aumentada de hemorragia
ou hemorragia ativa, história de hemorragia relacionada com terapêutica
anterior, doença ativa ou história de doença inflamatória intestinal, úlcera
péptica ou hemorragia digestiva, distúrbio congénito do metabolito da
porfirina, alcoolismo crónico, doentes com problemas na hematopoese de
causa desconhecida, terceiro trimestre da gravidez.
Interações clinicamente  Outros AINEs, digoxina, corticosteroides, anticoagulantes, antigregantes
relevantes plaquetários, SSRIs, ácido acetilsalicílico, lítio, anti-hipertensores, beta-
bloqueantes, diuréticos, metotrexato, ciclosporina, tacrolímus, zidovudina,
quinolonas, fluconazol e voriconazol, sulfunilureias, colestiramina,
aminoglicosídeos, gingo biloba, mifepristona.

Aspetos-chave da  Gravidez e aleitamento: Pode causar diminuição da fertilidade feminina,


utilização em reversível com a suspensão do tratamento. Não deve ser utilizado durante a
populações especiais gravidez (aumento do risco de aborto espontâneo, malformações cardíacas e
de gastroschisis -defeito congénito na parede abdominal em que os intestinos
do feto se formam fora do corpo- na sequência da utilização de um inibidor da
síntese das prostaglandinas no início da gravidez). Portanto não deverá ser
administrado durante o 1o e 2o trimestre de gravidez, a não ser que seja
estritamente necessário. Contraindicado no terceiro trimestre da gravidez
(toxicidade cardiopulmonar, disfunção renal e prolongamento do trabalho de
parto). Também não é recomendado em mães a amamentar;
 Condutores de veículos e utilizadores de máquinas: Aconselha-se vigilância
nestas atividades, porque o tempo de reação pode ficar alterado.
Informação aos doentes  Explicar ao doente os motivos do início deste medicamento;
 Quanto à via de administração oral, informar que o efeito é mais rápido com o
estômago vazio, mas é recomendado tomar junto com alimentos em caso de
sensibilidade gastrointestinal. Não ingerir bebidas alcoólicas durante o
tratamento. Tomar os comprimidos inteiros e com líquido;
 Consciencializar sobre os efeitos colaterais mais importantes e, para uso
crónico, devem ser administrados agentes protetores gástricos concomitantes
(por exemplo, misoprostol ou inibidores da bomba de protões). Além disso,
consultar um médico se houver sinais de alteração da função renal (urina
espumosa, oligúria e anúria) ou se as fezes ficarem escuras;
 Alertar contra o uso de ibuprofeno em gestantes e, se necessário, durante a
amamentação (mulheres em idade fértil);
 Alertar quanto à condução e utilização de máquinas e explicar que este
medicamento altera o tempo de reação.
Aspetos-chave da  Monitorar a função renal, controlar a dor, a inflamação e a febre e mascarar os
monitorização (eficácia e sintomas de infecções concomitantes;
segurança)  Verificar se há interações medicamentosas e ajuste a dose ou interromper se
necessário.
Notas adicionais O ibuprofeno está disponível como medicamento genérico e é frequentemente
(incluindo custos e mais acessível em termos de custo. É importante considerar a disponibilidade de
financiamento, formulações de liberação prolongada para minimizar o risco gastrointestinal.
genéricos/biosimilares, Exemplo:
se aplicável)  Ibuprofeno toLife (medicamento genérico) 400mg comprimido revestido por
película, blister 60 unidades: P.V.P. 3,66€, comparticipação 37%;
 Ibuprofeno Bluepharma (medicamento genérico) 600mg comprimido revestido
por película, blister 60 unidades: P.V.P. 5,06€, comparticipação 37%.
Pérolas para a utilização  Utilizar a menor dose eficaz pelo menor tempo possível, especialmente em

Elaborado por Joana Figueira Godinho, nº34666, TP3, 23/10 /2023


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na prática clínica doentes de alto risco.


 Conversar com o doente sobre o risco de efeitos adversos e a importância de
seguir as instruções do médico.
 Verificar interações medicamentosas ao prescrever o ibuprofeno.

Pergunta específica  Uma característica relevante que diferencia o ibuprofeno de outros AINEs é o
sobre estes seu perfil de semi-vida. O ibuprofeno tem uma semi-vida relativamente curta em
medicamentos comparação com alguns outros AINEs. A semi-vida do ibuprofeno varia de 1 a 2
horas em adultos saudáveis. Isso significa que tem uma cinética mais curta,
sendo metabolizado e eliminado do corpo mais rapidamente. Assim tem efeitos
mais rápidos no alívio dos sintomas.
Fontes de informação  Baker, E., Hitchings, A., Lonsdale, D., & Burrage, D. (2014). Top 100 Drugs:
chave Clinical Pharmacology and Practical Prescribing. Elsevier Health Sciences;
 Folheto Informatico – Ibuprofeno 400mg comprimidos revestidos por película:
https://www.pensapharma.pt/documents/ibuprofeno_400mg_site.pdf;
 Mdsaúde: https://www.mdsaude.com/bulas/ibuprofeno/
 Medsafe – Ibuprofen and cardiovascular safety: https://bityli.com/pit2MT.

Elaborado por Joana Figueira Godinho, nº34666, TP3, 23/10 /2023


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Orientações para o preenchimento do Prontuário Terapêutico Personalizado

O prontuário terapêutico personalizado é um instrumento de suporte ao ensino-aprendizagem da utilização


racional e segura de fármacos ou grupos de fármacos de utilização frequente.

A lista de fármacos/grupos de fármacos sugeridos para o prontuário deve ser discutida com os docentes em cada
aula teórico-prática. A lista não é exaustiva e não invalida o conhecimento de outros grupos de fármacos.

Pretende-se que cada ficha sumarize os pontos-chave de cada item relativo à utilização dos fármacos. O conteúdo
é dinâmico e pode ser actualizado ao longo do ano.

Sugerem-se como fontes de informação gerais o(s) Resumo(s) de Caracteristicas do Medicamento e bibliografia
dirigida a cada tema sugerida pelos docentes.

O prontuário é um instrumento pedagógico e não deve ser utilizado como referência para a prática clínica.

A avaliação contínua inclui a revisão e discussão do prontuário, que poderá ser realizada em momentos
específicos das aulas e/ou após submissão do prontuário em data a definir.

Elaborado por Joana Figueira Godinho, nº34666, TP3, 23/10 /2023

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