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USO RACIONAL DE

ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS


AINEs

Profa. Dra. Andréia de Haro Moreno


CONSIDERAÇÕES SOBRE A INFLAMAÇÃO

Inflamação processo útil e benéfico para o organismo, compensando


quebras de homeostasia e repondo normalidade tissular.

 processo de defesa e reparação

 sinais clínicos: calor, rubor, tumor, dor

 somente deve ser combatido quando:


• as manifestações clínicas agudas são intensas e desconfortáveis
• adquire maior repercussão sistêmica (caráter subagudo ou crônico)
• manifestações sintomáticas incapacitantes
• danos tissulares cumulativos
FONTE: www.pathology.com.r
CARACTERÍSTICAS GERAIS DA INFLAMAÇÃO

FONTE: www.consultadeenfermagem.com
CONSIDERAÇÕES SOBRE A INFLAMAÇÃO

Do ponto de vista farmacológico, deve haver cautela no tratamento


da inflamação.

 processos inflamatórios localizados e autolimitados


• medidas sintomáticas não medicamentosas
• medidas analgésicas

 comprometimento sistêmico
• fármacos AINEs e AIEs
FÁRMACOS AINES
Grupo de fármacos quimicamente heterogêneos, mas que compartilham
propriedades analgésica, antitérmica, anti-inflamatória e antitrombótica.

Possuem apenas efeito sintomático nas doenças ou processos inflamatórios


em que estão indicados.

Úteis no manejo de manifestações musculoesqueléticas em pacientes com:


• artrite reumatoide
• polimiosite
• lupus eritematoso sistêmico
• esclerose sistêmica progressiva
• poliarterite nodosa
• granulomatose de Wegener
• espondilite anquilosante
• gota aguda
• osteoartrose
• fibrose cística
CLASSIFICAÇÃO QUÍMICA DOS FÁRMACOS AINES

Inibidores não seletivos da COX


Salicilatos: AAS, salicilato de sódio, salsalato, diflunisal, sulfassalazina, olsalazina
Derivados do p-aminofenol: acetaminofem
Ácido indol acético: indometacina, sulindaco
Ácido heteroaril acético: diclofenaco, tolmetino, cetorolaco
Ácido arilpropiônico: ibuprofeno, naproxeno, flurbiprofeno, cetoprofeno, fenoprofeno.
Ácido antranílico: ácido mefenâmico, ácido meclofenâmico
Ácido anólico: piroxicam, meloxicam, tenoxicam
Alcanonas: nabumetona

naproxeno
Inibidores seletivos da COX2
Celecoxibe
Etoricoxibe
Valdecoxibe
Nimesulida nimesulida
FONTE: www.pathology.com.br
FÁRMACOS AINES

Não são recomendados:


• dores leves e moderadas em geral
• dores intensas (injetável)
• traumas e infecções naproxeno

Prescrição de coxibes:
• finalidade anti-inflamatória e analgésica
• custo mais elevado
• menor segurança cardiovascular
nimesulida
REAÇÕES ADVERSAS DOS AINEs

Manifestações adversas – AAS e AINEs


Gerais Reações anaflactoides, anafilaxia, síndrome de Reye (AAS).
Gastrintestinais Gastrite, úlcera péptica.
Cutâneas Urticária, angioedema, púrpura, fotodermatite, eritema polimorfo.
Respiratórias Rinoconjuntivite, rinossinusite eosinofílica crônica, asma, febre,
tosse, infiltrados pulmonares.
Hematológicas Eosinofilia, citopenias, discrasias sanguíneas.
Renais Edema, retenção hídrica, hipercalemia, nefropatia.
Outras Hepatite, fechamento prematuro do ducto arterioso.
Interações Anti-hipertensivos, antiácidos, anticoagulantes orais e heparina,
diuréticos tiazídicos, fenotiazina, corticosteroides, lítio.

FONTE: Brunton et al., 2012; Emerson et al., 2004; Falcão et al., 2010; Gennaro, 2004; Katzung, 2006; Kester et al.,
2008; Marques, 2005; Martindale, 2006; Rang et al., 2012; Thomas, 2003; Wells et a., 2007.
CUIDADOS NA UTILIZAÇÃO DE AINEs

IDOSOS
• cautela
• sangramento gastrintestinal
• perfurações
• manifestações fatais

CRIANÇAS
• uso restrito
• síndrome de Reye

 exceção: ibuprofeno intravenoso (sol. inj. 5 mg/mL) para


recém-nascidos prematuros para fechamento
da patência do ducto arterial.
CUIDADOS NA UTILIZAÇÃO DE AINEs

GESTANTES
• não são recomendados
• suspender antes do parto (30 semanas) = complicações
• trabalho de parto prolongado
• hemorragias pós-parto
• fechamento intrauterino do ducto arterioso
• diminuição do líquido amniótico
• AAS x ibuprofeno
• risco de aborto espontâneo
• defeitos congênitos = fechamento do septo cardíaco
CUIDADOS NA UTILIZAÇÃO DE AINEs

ULCERAÇÃO PÉPTICA
contraindicados
 20-40% dos pacientes em uso de AINEs = lesão na mucosa gastroduodenal
 risco gastrintestinal dos AINEs:
• baixo (ibuprofeno)
• intermediário (diclofenaco, naproxeno, indometacina e piroxicam)
• alto (azapropazona)
 medidas de proteção gástrica
• antagonistas H2 = úlcera duodenal x úlcera gástrica
• misoprostol = náuseas, diarreia e dor abdominal
• dose dobrada de ambos = redução de úlcera gástrica e duodenal
• inibidores da bomba de prótons
• omeprazol 20 mg/dia = tratamento de úlceras
 estudos de custo-efetividade em pacientes
CUIDADOS NA UTILIZAÇÃO DE AINEs

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA GRAVE E CARDIOPATIA ISQUÊMICA

• avaliação individual do risco cardiovascular


• evitar uso de AINEs, principalmente coxibes
• risco de indução de infarto
• risco de acidente vascular encefálico
• aumento na PA em 5-6 mmHg
• interfere com a eficácia de alguns anti-hipertensivos
• ibuprofeno x naproxeno

OBSERVAÇÃO: 1999-2004 = > 25.000 mortes por coxibes


> 85.000 hemorragias digestivas
> 9.000 mortes

FONTE: ANVISA, 2010.


CUIDADOS NA UTILIZAÇÃO DE AINEs

DISFUNÇÃO HEPÁTICA OU RENAL

 evitar o uso de AINEs


 inibição de prostanoides vasodilatadores
 comprometimento do fluxo sanguíneo renal (lesões isquêmicas)
 associação entre AINEs e IRA
• aumento de 3% no risco relativo em usuários correntes
• diclofenaco x ibuprofeno
 acompanhamento dos efeitos adversos
 uso evitado:
• depuração de creatinina < 20 mL/min
• uso concomitante de fármacos nefrotóxicos
CUIDADOS NA UTILIZAÇÃO DE AINEs

DISFUNÇÃO HEPÁTICA OU RENAL

 pacientes com IR moderada:


• usar a menor dose efetiva
• monitorar a função renal

 lesões renais mais comuns induzidas por AINEs:


• IRA mediada hemodinamicamente e piora da IRC
• nefrite intersticial aguda
• hipertensão
CUIDADOS NA UTILIZAÇÃO DE AINEs

HIPERSENSIBILIDADE

• reação urticária generalizada


• angioedema
• edema de glote
• laringoespasmo
• rinite
• dermatite
• hipotensão e choque anafilático
• resposta: após 1 hora de uso (lacrimejamento, rinorreia)
• hipersensibilidade cruzada = AAS
SELEÇÃO DOS AINEs

Depende de fatores de risco individuais, da resposta terapêutica desejada e


de preferências pessoais.

Coxibes e AINEs x paracetamol = doenças musculoesqueléticas ???

Pacientes não responsivos = substituição por grupo diferente

Eficácia similar = critérios de escolha:


• toxicidade relativa
• conveniência de administração para o paciente
• custo favorável
• experiência de emprego
PRESCRIÇÃO DE AINEs

Dobrar a dose de AINEs???

Efeitos adversos:
• uso oral
• AINEs tópicos = alívio da dor em 50%

Intervalo de dose = 6 horas

Dose-dependente = aumento da meia-vida.

Exemplos

CRIANÇAS
 AAS = não recomendado
 ibuprofeno = 5-10 mg/kg/dose
REFERÊNCIAS

ANDRADE FILHO, A. et al. Toxicologia na prática clínica. 2. Ed. Belo Horizonte: Folium, 2013. 700p.
ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 2010.
BRUNTON, L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C. (Org.). As Bases farmacológicas da terapêutica de
Goodman & Gilman. 12. ed. Rio de Janeiro: AMGH, 2012. 2079 p.
FALCÃO, L.F.R.; COSTA, L.H.D.; AMARAL, J.L.G. Emergências: fundamentos e práticas. São Paulo: Martinari,
2010. 1139p.
GENNARO, A. R. (Ed.) Remington: a ciência e a prática da farmácia. 20. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2004. p. 1584-1589.
KESTER, M.; VRANA, K.E.; QURAISHI, S.A.; KARPA, K.D. Farmacologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 263p.
KATZUNG, B. G.(Ed.). Farmacologia básica e clínica. [Basic and clinical pharmacology]. Tradução: Penildon
Silva. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. 991 p.
KLAASSEN, C. D.; WATKINS, J. B. Fundamentos em Toxicologia. 2. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. 460p.
MARQUES, L.A.M. Atenção farmacêutica em distúrbios menores. São Paulo: Medfarma, 2005. 232p.
MARTINDALE: guía completa de consulta farmaco-terapéutica. 2nd. ed. Barcelona: Pharma Editores, 2006.
RANG, H. P et al. Rang & Dale: Farmacologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 829 p.
RANG, H. P. et al. Rang & Dale: Farmacologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. 778 p.
THOMAS, G. Química Medicinal. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. 413p.
WELLS, B. G. et al. Manual de farmacoterapia. São Paulo: McGraw-Hill, 2007. 952p.

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