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Nova Diplomacia e Perspetiva Wilsoniana vs.

Leninista

R.: A Nova Diplomacia surgiu, originalmente, como resposta aos acontecimentos e


consciência desenvolvida no pós-Grande Guerra. Antes desta, a “velha” diplomacia
era ainda fiel aos princípios estabelecidos e moderados pelo Concerto da Europa, de
1815, motivado por estratégias militares e políticas associadas a secretismo, alianças
militares, e também um certo entusiasmo de participar numa guerra com a perspetiva
de ser um condutor de orgulho nacional. Desta forma, o desespero que influenciou os
anos finais da 1º Guerra Mundial pediu, da parte de políticos e governadores, novas
respostas a como lidar com as dinâmicas do Sistema Internacional.

Dessas respostas, surgiram duas vozes em particular que dividiram a esfera política: o
internacionalismo liberal de Wilson e o revolucionismo de Lenine.

Lenine surge no movimento político russo como um libertador da guerra. Liderava os


bolcheviques, uma fação minoritária revolucionista socialista russa, que tinham como
objetivo tirar a Rússia da Grande Guerra e estabelecer um novo modelo político,
económico e de organização social. Escreve o Decreto sobre a Paz, em 1917, cujo
principal objetivo era justificar a saída da Rússia da Grande Guerra. Ele dirige a sua
mensagem não só à sua população, classes sociais mais baixas, e trabalhadores, como
também às principais potências europeias, que na sua ótica era as responsáveis pela
guerra: Alemanha, Grã-Bretanha e França. Ele acredita que todas elas têm
características em que comum, que motivaram ao acontecimento da guerra,
particularmente, o seu caráter imperialista e capitalista. Na sua perspetiva, esta
insatisfação por poder e violência de anexação de território é o principal problema
dos regimes ocidentais e, portanto, apela a uma nova forma de diplomacia, sustentada
pela ideologia política futuramente conhecida como marxismo-leninismo. Defende no
decreto a promulgação de uma paz democrática e justa, afirmando a igualdade de
todos.

Wilson, em 1918, responde a Lenine através do seu artigo 14 Pontos. Ele concorda
com Lenine no sentido em que a dinâmica política internacional pede mudanças e
novas formas de governação. No entanto, ele aponta culpas ao funcionamento do
sistema internacional político, particularmente, ao sistema de equilíbrio de poder
ditado pelo Concerto da Europa. No seu artigo, ele introduz o conceito de
internacionalismo liberal, chamando a atenção às potências europeias,
particularmente a Entente (Reino Unido, Rússia e França), da problemática de criar
alianças militares secretas, que excluem outras potências relativamente inferiores. Ele
apoia a criação de uma Liga das Nações. Defende também uma diplomacia
transparente, uma paz democrática e justa, a liberalização das economias mundiais, e
apoia a independência de colónias e a emancipação proveniente da descolonização.

Wilson e Lenine encontram-se num meio termo, dado que concordam ambos sobre a
erradicação do secretismo político, a necessidade de controlar as intenções
imperialistas totais dos Estados, e o apelo à autodeterminação dos povos.

No entanto, as diferenças a nível básico que estruturam cada uma das mentalidades
(internacionalismo liberal vs. revolucionismo; capitalismo vs. marxismo-leninismo)
irão, eventualmente, manifestar-se num conflito ideológico que perdurará durante o
resto do século XX, e que será responsável pelo surgimento e fomentação da Guerra
Fria.

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