Pêro Vaz de Caminha, navegador e escrivão português,
possivelmente nascido na cidade do Porto em 1450 morre em 1500, na viagem para a Índia na frota de Pedro Álvares Cabral durante o assalto dos Mouros à feitoria portuguesa de Calecut. Caminha era filho de Vasco Fernandes de Caminha, cavaleiro do duque de Bragança. Os seus antepassados eram os antigos povoadores de São Romão de Neiva durante a época do reinado de D. Fernando. Pêro Vaz de Caminha mais conhecido como Cavaleiro da Casa Real era um honrado cidadão do Porto, onde, em 1479, herdou do seu pai o cargo de mestre da Balança da Moeda, isto é, da respetiva oficina monetária. Em 1497 foi escolhido para redigir, na qualidade de Vereador, os Capítulos da Câmara Municipal do Porto, a serem apresentados às Cortes de 1498 realizadas em Lisboa. Em 1500, foi nomeado escrivão da frota de Cabral, sendo o autor da Carta que anunciou ao rei D. Manuel o descobrimento do Brasil. Documento esse que constitui pelo seu rigor um guia precioso que ainda hoje nos permite visualizar no terreno o que então aconteceu. Pêro Vaz de Caminha iniciou a redação da sua carta talvez no dia 24 de abril e concluiu-a na tarde de 1 de maio de 1500, de forma a que ela seguisse no dia seguinte para Lisboa. Da leitura deste documento depreende-se a enorme capacidade expressiva do autor, que conseguiu comunicar com toda a clareza as ações dos portugueses e o relacionamento destes com os nativos, admirados pela sua inocência silvestre, a qual foi insistentemente sublinhada. Na Carta, está descrito, dia a dia, com minuciosa e inteligente observação, a aparência somática e costumes dos Índios, os intuitos, métodos e experiências de contacto por parte dos portugueses, as reações mútuas, e o próprio aspeto geográfico, flora e fauna da terra. Com uma cultura razoável, um estilo ameno e agradável, Caminha demonstrou a sua viva sensibilidade, desperta para a extraordinária curiosidade suscitada pelo encarar de um mundo novo. Por tais motivos, a sua carta é uma das peças mais expressivas da opulenta Literatura Portuguesa da Expansão, situando-se no momento em que, depois da África e da Ásia, o Brasil entrava na órbita europeia.