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Resumo Abstract
Este trabalho mostra o resultado da aplicação de al- This paper studies and applies some computer
gumas ferramentas computacionais de hidrologia dis- hydrology tools available in a Geographical Information
poníveis em um programa de Sistema de Informação System (GIS) software. They can be able modeling
Geográfica (SIG). Elas possibilitam a modelagem dos
groundwater flow, allowing to predict its dynamics
fluxos de água subterrânea, permitindo prever sua di-
and to simulate the leakage of pollutants. The studies
nâmica e simular vazamentos de poluentes. Os estudos
foram desenvolvidos na região metropolitana de João were developed in the metropolitan region of João
Pessoa (PB), utilizando mapa topográfico digital na es- Pessoa (PB), using digital topographic map at the scale
cala de 1:10.000, com curvas de nível em intervalos de of 1:10,000, with topographic contours in intervals
5 metros e pontos cotados em metros. Os dados de pro- of 5 meters and spot elevations rated in meters. The
fundidade de nível d’água subterrânea foram obtidos water level depth data were obtained from percussion
a partir de furos de sondagem à percussão. Os resul- boreholes. The obtained results provided to evaluate
tados obtidos permitiram avaliar preliminarmente o preliminarily the performance of these tools, which
desempenho dessas ferramentas, que podem ser úteis
can be useful in studies and actions of environmental
em estudos e ações de gestão ambiental dos recursos
hídricos subterrâneos. management of the groundwater resources.
Palavras-Chave: Fluxo hídrico subterrâneo, Sistema de In- Keywords: Groundwater Flow, Geographical Informa-
formações Geográficas – SIG, Ferramentas de Hidrologia. tion System – GIS, Hydrology Tools.
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Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
significativos de água subterrânea passíveis de se- A pesquisa relacionada a este artigo en-
rem explorados pela sociedade são chamadas de volveu a modelagem dos fluxos superficiais e
aquíferos. O estudo dos aquíferos visando à ex- subterrâneos em uma área de estudo contida
ploração e proteção da água subterrânea constitui na região metropolitana de João Pessoa (PB),
1- INTRODUÇÃO
um dos objetivos mais importantes da hidrogeo- perfazendo uma área total de 208,61 km e 13
2
logia (Teixeira et al., 2003). mapas topográficos na escala 1:10.000, com cur-
De maneira
Os aquíferos simplificada, todaemágua
são classificados quedaocupa
função vazios
vas de nívelemem formações
intervalos derochosas
5 metros,ou no regolito é
pontos
cotados em metros e a rede de drenagem carto-
classificada
pressãocomo águaem
das águas subterrânea. A infiltração
suas superfícies limítrofes é o processo de maior importância para a recarga de
superior e inferior, e também em função da capa- grafada nestes mapas.
água no subsolo e o volume e velocidade em que ela ocorre depende de vários fatores. Unidades
O trabalho apresentado neste artigo aplica
cidade de transmissão de água destas camadas.
rochosas ou de sedimentos, porosas e permeáveis, que armazenam e transmitem volumes
O aquífero livre (ou freático) possui como limite e analisa quatro ferramentas de hidrologia sub-
significativos de água subterrânea passíveis de serem explorados pela sociedade são chamadas de
superior uma superfície freática, na qual todos os terrânea disponíveis no Sistema de Informação
aquíferos.
pontosOseestudo dossubmetidos
encontram aquíferosàvisando à exploração
pressão atmos- e proteção
Geográfica – SIG ArcMapda água subterrânea
9.1 (ESRI, constitui um
2010), são elas:
dos objetivos mais&importantes
férica (Feitosa Manoel Filho,da 1) Darcy Flow
hidrogeologia (Teixeira et al., 2003).
2000). (fluxo de Darcy); 2) Darcy Velocity
Particle Track (traçado de
Os aquíferos sãoatravés
O fluxo de água classificados função da(velocidade
ema maioria
de aquíferos, pressão de dasDarcy);
águas3) em suas superfícies limítrofes
partícula); 4) Porous Puff (meios porosos). As mo-
superior e inferior, e também em função da capacidade
dos quais é um meio poroso natural, pode ser
delagens de transmissão
foram realizadas em de uma
águabacia
destas camadas. O
na área
expresso pela conhecida Lei de Darcy, mostrada
aquífero livre (ou freático) possui como limite superior na uma na superfície freática, naconten-
qual todos os
urbana, contida área de estudo descrita,
equação (1) (Todd, 1959), desenvolvida pelo enge-
pontos se encontram submetidos à pressão atmosférica do 26(Feitosa
sondagens & àManoel
percussãoFilho, 2000).durante
realizadas
nheiro francês Henry Darcy, em 1856. Seu experi-
O fluxo
mento de água
se baseou através da
na medição devazão
aquíferos,
de águaa Qmaioria dos quais é um meio poroso natural, pode ser
o período chuvoso da área de estudo, para que os
expresso
compela conhecida
um cilindro Lei por
preenchido de material mostradavalores
Darcy, arenoso, de profundidade
na equação (1) (Todd, de nível d’água
1959), obtidos
desenvolvida pelo
nestas sondagens refletissem a mesma condição
engenheiro francês gradientes
para diferentes Henry Darcy, em 1856.
hidráulicos. O fluxo Seu
de experimento se baseou na medição da vazão de água
pluviométrica, de forma a gerar uma superfície
Q comáguaum pelo
cilindro preenchido
cilindro (definido comopor vazão
material arenoso,
específica para diferentes
condizente gradientes
com a realidade. hidráulicos.
Vale ressaltar que to-O fluxo de
- q) para
água pelo cada gradiente
cilindro (definidofoicomocalculado pelaespecífica
vazão relação das - q) para cada gradiente
as modelagens foi calculado
aplicadas consideraram pela relação
apenas
entre a vazão Q e a área A de seção do cilindro.
entre a vazão Q e a área A de seção do cilindro. o aquífero livre, em função das profundidades de
nível d’água obtidas pelas sondagens a percussão.
Os resultados obtidos permitiram avaliar pre-
(1) liminarmente o desempenho destas ferramentas, (1)
que podem ser úteis em estudos e ações de gestão
ambiental dos recursos hídricos subsuperficiais,
Darcy Darcyconcluiu
concluiuquequeaa vazão
vazão dede escoamento
escoamento especialmente
era proporcional à seção transversal do cilindro, à
em áreas contaminadas. Os estudos
diferença de cargas àhidráulicas
era proporcional entredoos
seção transversal dois pontos
cilindro, realizadosde fizeram
medição parteedeinversamente proporcional a
pesquisas de iniciação
distancias desses dois pontos (Feitosa & Manoel Filho,
à diferença de cargas hidráulicas entre os dois 2000).
científica e de doutorado.
pontos de medição e inversamente proporcional
O fluxo da água na zona saturada (poros totalmente preenchidos por água) depende do potencial
a distancias desses dois pontos (Feitosa & Manoel
hidráulico, e os contaminantes podem espalhar-se 2 Método
Filho, 2000).
por grandes áreas, cobrindo longas distâncias, após
períodos de tempo
O fluxo variável.
da água Caracterizam-se
na zona saturada (poros to-assim as plumas de contaminação com concentrações
variáveis, no preenchidos
talmente espaço e no portempo, dependendo
água) depende 2.1 condições
do po- das Etapas de Trabalho
hidrogeológicas locais (Tressoldi &
Consoni, 1994).
tencial Os mecanismos
hidráulico, que atuam
e os contaminantes no transporte
podem de um
O método poluente
utilizado em um
no presente meiocon-
trabalho poroso são:
espalhar-se por grandes áreas, cobrindo
fluxos advectivo, dispersivo e difusivo; interações longas entre sólido e soluto;etapas:
reações químicas; e
sistiu basicamente nas seguintes
distâncias, após períodos de tempo variável. Ca-
fenômenos de decaimento (Feitosa & Manoel Filho, a)
racterizam-se assim as plumas de contaminação
2000).
Planejamento: nesta etapa foi feita a definição
A pesquisa
com concentraçõesrelacionada
variáveis, noaespaço
este eartigo
no tem- envolveu a modelagem dos fluxos superficiais e
dos objetivos da pesquisa, bem como realiza-
subterrâneos em uma das
po, dependendo áreacondições
de estudo contida na região da
hidrogeológicas uma pesquisade
metropolitana bibliográfica
João Pessoa preliminar e
(PB), perfazendo
2 foi estabelecido o método e as principais ati-
uma área
locaistotal de 208,61
(Tressoldi km e1994).
& Consoni, 13 mapas topográficos na escala 1:10.000, com curvas de nível em
Os mecanis-
mos que atuam no transporte de um poluente em e a redevidades a serem executadas;
intervalos de 5 metros, pontos cotados em metros b)
de drenagem cartografada nestes mapas.
Revisão Bibliográfica: foi realizada a revi-
um meio poroso são: fluxos advectivo, dispersivo
O trabalho apresentado neste artigo aplica são
e difusivo; interações entre sólido e soluto; reações
e analisa
bibliográficaquatro ferramentas
sistemática de hidrologia
sobre os temas
subterrânea
químicas;disponíveis
e fenômenos nodeSistema
decaimentode (Feitosa
Informação
& Geográfica – SIG principais
técnico-científicos 9.1 (ESRI,
ArcMap abordados pelo2010), são
elas: 1) Darcy
Manoel Flow
Filho, (fluxo de Darcy); 2) Darcy Velocity
2000). estudo(velocidade
(conceitos geraisde sobre
Darcy); 3) Particle
a dinâmica da Track
(traçado de partícula); 4) Porous Puff (meios porosos). As modelagens foram realizadas em uma bacia
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na área urbana, contida na área de estudo descrita, contendo 26 sondagens à percussão realizadas
durante o período chuvoso da área de estudo, para que os valores de profundidade de nível d’água
obtidos nestas sondagens refletissem a mesma condição pluviométrica, de forma a gerar uma
Modelagem dos fluxos de água subterrânea na região metropolitana de João Pessoa (pb) utilizando ferramentas de hidrologia em sig
Ferramentas Descrição
Darcy Flow Calcula o balanço de volume residual de água subterrânea (diferença entre o fluxo que entra e o que sai) para
(Fluxo de Darcy) o regime de fluxo constante em um aquífero.
Darcy Velocity
Calcula o vetor velocidade da água subterrânea para cada célula utilizando a Lei de Darcy.
(Velocidade de Darcy)
Calcula o caminho e o tempo de viagem de uma partícula através de um campo de velocidade para um dado
Particle Track
local de início, determinando a sua localização futura. Esta ferramenta gera dados matriciais e vetoriais, pois
(Traçado de Partícula)
gera uma série de segmentos de linhas (vetores) de uma malha de dados (matriz).
Calcula a dispersão bidimensional de um poluente em um meio poroso uniforme, para uma fonte de poluição
Porous Puff instantânea. Utiliza-se da equação de advecção-dispersão (Bear,1972; Freeze e Cherry, 1979; Marsily, 1986). Os
(Meios Porosos) resultados produzidos por essa ferramenta são altamente idealizados e são adequados para uma estimativa
aproximada da direção e características do transporte do poluente.
Fonte: ESRI(2010)
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Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
baseado no campo local de velocidade de fluxo, existente chamada Topo To Raster. O processo é
interpolado do centro da célula mais próxima. semelhante ao da geração de um Modelo Digital
Gerou-se também, um polígono contendo a tra- de Elevação (MDE), a partir da interpolação de
jetória descrita pela partícula. Para utilizar essa cotas topográficas conhecidas. O resultado obtido
ferramenta foi necessário alocarem-se pontos de foi considerado dentro do esperado, com as cotas
interesse, a partir dos quais foi determinado o ca- mais altas do nível freático coincidindo, aproxima-
minho da partícula. damente, com as cotas mais altas do terreno.
Finalmente, aplicou-se a ferramenta Porous Para verificar a consistência do resultado,
Puff que recebe como entrada o arquivo gerado além da análise visual também foi feita uma subtra-
pela ferramenta Particle Track, bem como os ras- ção entre o MDE e a superfície gerada, utilizando
ters de porosidade efetiva e de espessura saturada, a ferramenta Single Map Algebra. Valores negativos
além da massa de contaminante introduzida. Essa representam pontos que o nível d’água encontra-se
ferramenta permite traçar a pluma do contaminan- acima do terreno, isso só deveria ocorrer nas dre-
te em diferentes intervalos de tempo. nagens. De fato, o resultado, exibido na Figura 1
(recorte do mapa gerado), evidenciou que resulta-
dos negativos até valores próximos a um ocorrem
3 resultados e análise
nas proximidades das drenagens, indicando um
resultado consistente com a realidade.
3.1 Darcy Flow (Fluxo de Darcy) Para gerar os arquivos matriciais (rasters)
contendo valores de espessura saturada, poro-
Para gerar o arquivo matricial (raster) conten- sidade efetiva e transmissividade, foi necessário
do informações da superfície freática foram utili- consultar a bibliografia para encontrar valores
zados os dados de nível de água subterrânea de adequados para a formação que se encontra na
furos de sondagem. A partir dos valores de nível área. São elas: a Formação Barreiras e a Formação
d’água dos 26 furos de sondagem existentes na de Depósitos Quaternários. Os valores adotados
área de interesse, foi possível interpolar uma su- desses parâmetros foram sintetizados, conforme
perfície d’água subterrânea utilizando a ferramenta mostra a Tabela 2.
Nota-se que foram utilizados valores médios, foram inseridos na tabela de atributos do tema já
mínimos e máximos encontrados na bibliografia existente “unidades geológicas”, e em seguida foi
a fim de permitir uma comparação entre os re- utilizada a ferramenta Polygon To Raster dentro
sultados obtidos para os diferentes valores. Foi de Conversion Tools para criar o arquivo matricial
também necessário admitir que esses valores são (raster) contendo os valores do parâmetro de in-
constantes ao longo de cada unidade geológica, teresse. Esse procedimento foi feito para todos os
ou seja, que não variam verticalmente ou horizon- valores exibidos na Tabela 2. Criaram-se assim, os
talmente dentro da mesma unidade. Esses valores arquivos matriciais necessários para entrada.
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Modelagem dos fluxos de água subterrânea na região metropolitana de João Pessoa (pb) utilizando ferramentas de hidrologia em sig
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Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
Finalmente, foi possível aplicar a ferramenta entrada são inconsistentes e produzem resultados
Darcy Flow que calculou o volume residual para sem significado.
cada célula do arquivo matricial (pixel). Como Neste caso, o residual obtido foi na maior par-
os cálculos são executados através de cada uma te da área próximo a zero conforme ilustrado na
das quatro paredes da célula independentemen- Figura 2 (recorte do mapa gerado). Se comparados
te, é possível que mais ou menos água flua para aos resultados obtidos por Oliveira & Augusto
dentro ou fora de uma célula, resultando em um Filho (2008), os obtidos na presente pesquisa po-
valor positivo ou negativo de volume residual. dem ser considerados mais consistentes, pois os
Um raster de entrada consistente, sem poços de valores foram mais uniformes em toda a área (e
bombeamento, infiltrações ou vazamentos deve próximos de zero). Tal fato pode ser justificado
produzir pequenos residuais, próximos à zero. pela existência de mais furos de sondagem na
Altos valores residuais indicam que o raster da área modelada nesta pesquisa, que permitiram a
superfície freática não está adequado com o res- obtenção de mais dados de nível d’água, resultan-
pectivo raster de transmissividade, porosidade e do em uma interpolação mais condizente com a
espessura saturada. Se isso ocorrer, os dados de realidade.
Para analisar qualitativamente os resultados obter a vazão que sai de cada pixel, basta multipli-
de residual obtidos, foi feita uma comparação en- car o arquivo com valores de magnitude pela área
tre os valores de residual com o valor da vazão que de cada pixel (no caso 16 m2) utilizando para isso a
sai que cada pixel, que pode ser obtida através do ferramenta Single Map Algebra. Utilizando essa
raster de magnitude de fluxo que foi gerado na fer- mesma ferramenta calculou-se a porcentagem do
ramenta que será descrita no próximo item. Para residual em relação à vazão que sai de cada pixel.
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Modelagem dos fluxos de água subterrânea na região metropolitana de João Pessoa (pb) utilizando ferramentas de hidrologia em sig
Para facilitar a visualização do resultado, foi pode estar causando um desequilíbrio no balanço
utilizada a ferramenta Calculate Areas de modo hídrico do local e serve como base para que estu-
a obter-se a porcentagem em área de cada faixa dos mais detalhados possam ser realizados.
de erro. Observou-se que predominam valores
de erro entre 1 e 5%, e em segundo lugar valo-
3.2 Darcy Velocity (Velocidade de Darcy)
res de erro até 1%, sendo que essas duas faixas
principais somadas ocupam, aproximadamente O fluxo de velocidades é representado por
70% da área total, conforme apresentado na Fi- dois rasters, um de magnitude e outro de dire-
gura 3. Como o fluxo de água subterrânea não ção. Estes dois rasters são os resultados desta fer-
é contínuo e constante, pois existem pontos de ramenta. A fim de melhorar a visualização dos
vazamentos e infiltrações, torna-se impossível resultados, os rasters de magnitude, que pode ser
obterem-se residuais nulos em 100% da área. Tal entendida como vazão específica (em m3/s.m2),
fato justifica as regiões onde o residual foi supe- e de direção (de 0 a 360º) foram combinados, ge-
rior a 5% da vazão de saída. rando um campo de vetores onde o tamanho do
vetor indica a magnitude e sua inclinação indi-
ca a direção de escoamento. Para isso, foi criado
um tema de pontos ao longo de toda a área, e
para este tema foram extraídos os valores da di-
reção e magnitude. Dessa forma, foi possível re-
classificar a legenda de forma a obter o resultado
mostrado na Figura 4, que também apresenta a
superfície freática.
Os valores de entrada que produziram me-
lhor resultado foram os valores médios, apresen-
tados na Tabela 2. De fato, analisando-se a Figura 4
(representando os resultados obtidos utilizando
Figura 3 – Faixas de erro percentual comparadas por área.
os valores médios), verifica-se que este resulta-
do é adequado para a área, pois os fluxos estão
Em pontos de divisores, são formadas áreas se dirigindo dos divisores (áreas de recarga) para
de recarga do aquífero, nesses pontos a infiltra- as drenagens (áreas de descarga). Apresentando
ção é favorecida, e quando não chove o balanço maior magnitude em áreas de maior declividade,
residual será negativo, com mais água saindo do que possuem maior gradiente hidráulico, confor-
que entrando. Já em pontos de drenagens, são me o esperado.
constituídas áreas de descarga do aquífero, nas Novamente, comparando-se estes resulta-
quais o aquífero supre as linhas de drenagem, e, dos com os de Oliveira & Augusto Filho (2008),
conseqüentemente, o balanço será positivo, com nesta pesquisa foram obtidos valores na faixa de
mais água entrando do que saindo. Nesses dois 0,01 a 10 m/dia enquanto que na outra os valo-
casos o valor de residual deverá ser elevado pela res encontraram-se na faixa de 0,001 a 0,1 m/dia.
própria característica hidrológica, e não por um Isso ocorre, pois o material (por qual percola a
caso de inconsistência de dados de entrada. Esse água subterrânea) desta pesquisa é muito mais
resultado mostra que o erro foi baixo, e portanto, arenoso do que o da outra pesquisa, e por isso,
o resultado pode ser considerado consistente, apresenta valores muito maiores de transmissi-
confirmando o que havia sido suposto em função vidade e porosidade, o que favorece o fluxo de
dos valores de residual serem próximos à zero. água subterrânea.
Esta ferramenta permite indicar o balanço
hídrico da água subterrânea e com isso permite
identificar se está ocorrendo acúmulo ou retirada
de água em determinada região. Se isso for veri-
ficado, pode ser um indício de que algum evento
15
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
Esta ferramenta pode ser aplicada em estu- cada partícula são, aproximadamente, 2,8 e 17,7
dos hidrológicos preliminares, pois permite que anos para as partículas 1 e 2, respectivamente.
se obtenha uma noção da dinâmica da água sub- Estes podem ser considerados valores baixos,
terrânea identificando o fluxo da água e serve que se justificam pelo fato do aquífero apresen-
como base para aplicação das próximas ferramen- tar valores altos de magnitude de fluxo de água.
tas que detalham melhor essa dinâmica. Tal fato pode resultar, no caso de um vazamento
de um poluente, que o mesmo se desloque rapi-
damente, contaminando grandes áreas em pouco
3.3 Particle Track (Traçado de Partícula) tempo. Este fenômeno foi mais bem avaliado pela
próxima ferramenta.
A ferramenta retornou um arquivo texto com
a posição da partícula em diferentes intervalos de
tempo. Foi também gerado o traçado mostrando 3.4 Porous Puff (Meios Porosos)
o caminho de cada partícula de forma a facilitar a
Para realizar uma simulação de contaminação
visualização. Esse traçado é exibido na Figura 5.
por vazamento foram considerados os pontos 1 e 2
Pode-se observar que o caminho descrito pe- (utilizados na ferramenta Particle Track) como pon-
las partículas segue tendência do campo de fluxo, tos de vazamento. A ferramenta Porous Puff per-
sendo que uma das partículas caminha até atingir mite calcular a dispersão em massa de um soluto
a drenagem (ponto 1), enquanto a outra descre- introduzido no aquífero, assume que o aquífero é
ve um caminho maior (ponto 2) até chegar a um misturado verticalmente, ou seja, a concentração é
ponto onde os valores de magnitude de fluxo são a mesma pela seção vertical. O que permite a apli-
muito pequenos. Os tempos de percurso total de cação do modelo matemático de dispersão.
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Modelagem dos fluxos de água subterrânea na região metropolitana de João Pessoa (pb) utilizando ferramentas de hidrologia em sig
Os parâmetros de entrada dessa ferramenta Isso justifica o fato da pluma mudar de sen-
são: porosidade do meio, espessura saturada e ca- tido de dispersão nos locais onde havia mudança
minho da partícula (obtidas anteriormente); quan- de sentido da trajetória. A pluma gerada no ponto
tidade do poluente derramado instantaneamente 1 percorre um caminho menor, pois o gradiente
(foi considerado um valor de contaminante dissol- hidráulico é maior na região em que se encontra,
vido igual a 1000 kg); e tempo de dispersão (deve além de existir a drenagem relativamente próxi-
ser menor ou igual ao máximo tempo da trajetória ma ao ponto. Já a pluma que se desloca a partir
da partícula, foram feitas três simulações, uma com do ponto 2, percorre um caminho maior e, conse-
1 mês, outra com 6 meses e outra com 2 anos, para qüentemente, demora um maior tempo para atin-
o ponto 1; e uma com 6 meses, outra com 2,5 anos e gir seu ponto final.
outra com 15 anos, para o ponto 2). Outros parâme- Esse tipo de simulação é importante, pois permi-
tros opcionais como dispersividade longitudinal, te predizer o comportamento de uma pluma de con-
razão de dispersividade, fator de retardamento e taminantes na área, permitindo que no caso de um
coeficiente de decaimento, foram considerados os vazamento, ações mitigadoras sejam tomadas para
valores padrões indicados pela própria ferramenta. evitar-se ao máximo a dispersão do contaminante.
O resultado dessa simulação pode ser visto As duas últimas ferramentas descritas podem
na Figura 5, por terem sido utilizados três tempos servir de grande auxílio nas áreas de recuperação
de dispersão, a visualização do deslocamento da de áreas degradadas e remediação de áreas con-
pluma ficou facilitada. Verificou-se que as plumas taminadas, pois os dados podem ser trabalhados
se deslocam rapidamente pelo aquífero, princi- de forma que resultados de interesse sejam obti-
palmente na área de Depósitos Quaternários pela dos para decidir se é necessário ou não intervir
característica do meio ter elevada porosidade. As em uma área de estudo e qual a emergência dessa
plumas apresentam forma elíptica com eixo cen- intervenção, no caso de deslocamento rápido de
trado na trajetória da partícula. contaminantes.
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Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
18
ANÁLISE FRACTAL PARA O
CÁLCULO DA DENSIDADE DE DRENAGEM
Mateo Arenas-Ríos
Newton Moreira de Souza
UnB – Universidade de Brasilia, Pós-graduação em Geotecnia,
Faculdade de Tecnología –FT; Localização dos Autores:
Universidade de Brasilia, Bloco SG 12, Brasília – DF, Brasil;
E-mail: marenasr@gmail.com, nmsouza@unb.br
RESUMO ABSTRACT
Este trabalho explora o potencial da geometria fractal This paper explores the potential of fractal geometry
para a elaboração de mapas do meio físico, visando en- to produce maps of physical environment expected
contrar relações entre os padrões de drenagem e feições to find relationships between drainage patterns and
do substrato geológico superficial do Distrito Federal do features of geological substrate of the Brazil’s Federal
Brasil (DF). A estimativa da dimensão fractal (Df) foi rea- District (DF). The estimation of the fractal dimension
lizada localmente mediante o método da contagem de (Df) was performed locally using the method of
células em imagens binárias da rede de drenagem do box-counting in binary images of the drainage network
DF numa escala 1:10.000. Estimando a Df localmente em of the DF scale 1:10,000.
todos os pontos da rede de drenagem, conseguiu-se de- Estimating Df locally at all points of the drainage
tectar relação com as unidades pedológicas, assim como network, it was possible to detect the relationship with
segmentar o terreno em termos da densidade de drena- soil units, as well as segment the ground in terms of
gem. Estes primeiros resultados mostram que a análise drainage density. These initial results show that fractal
fractal de redes de drenagem é de utilidade como méto- analysis of drainage networks is useful as an indirect
do indireto para mapear o meio físico. method for mapping the physical environment
Palavras Chave: Geometria Fractal; Cartografia; Densi- Key Words: Fractal Geometry; Cartography; Drainage
dade de drenagem; Distrito Federal do Brasil. Density; Brazil’s Federal District.
1 INTRODUÇÃO
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Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
permeabilidade e apresenta valores altos em regi- ■■ Muito irregulares para ser descritas em ter-
ões de maior escoamento superficial onde os canais mos geométricos tradicionais;
são altamente carregados com material suspenso; ■■ Possuem detalhe em múltiples escalas de ob-
também o mapa de densidade de drenagem será servação;
similar a um mapa mostrando a fragmentação ho- ■■ São auto-similares, quer dizer, as partes se
rizontal do substrato numa região. parecem com o todo em diferentes níveis de
Buscando aprimorar as metodologias para detalhe.
caracterizar o meio físico, tentativas de índices
para expressar a densidade de drenagem são fei- Os conceitos gerais da geometria fractal estão
amplamente divulgados na literatura (Mandelbrot,
tas desde finais do século XIX (Penck, 1894; citado
1982; Takayasu, 1990; Rodríguez-Iturbe & Rinaldo
por Zãvoianu, 1978), ainda tendo propostas con-
2001; Schuller et al, 2001). Os três axiomas anterio-
temporâneas que aplicam técnicas de geoproces-
res são ilustrados na Fig.1 onde se apresenta um
samento (Tucker et al, 2001; Shahzad & Gloaguen, modelo de elevação do terreno de uma porção do
2011a), mas ainda não há conformidade na comu- DF, na qual pode-se perceber a rede de drenagem
nidade científica sobre o método que melhor re- em vários níveis de observação (Fig.1a, Fig.1b e
presenta a densidade de drenagem. Neste campo Fig.1c); observe que para cada nível de detalha-
pouco há feito quantitativamente mediante a utili- mento, as partes se parecem ao conjunto inteiro.
zação dos fractais (Gaudio et al, 2006; Shahzad et al,
2010), objeto deste artigo.
Este trabalho aborda a análise fractal para
obter a densidade de drenagem como apoio a
cartografia do substrato geológico superficial do
Distrito Federal do Brasil (DF). Os itens seguin-
tes abrangerão noções básicas da geometria frac-
tal necessárias para a compreensão do trabalho, e
será introduzido o estudo de caso com os resulta-
dos e conclusões conseqüentes.
20
Análise fractal para o cálculo da densidade de drenagem
Um dos conceitos mais importantes a se en- espaço euclidiano subjacente. Na Fig.2 são ilustra-
tender é o da dimensão fractal (Df), o qual é um dos vários exemplos de conjuntos fractais com a
valor estatístico que quantifica a percepção subje- sua respectiva dimensão fractal.
tiva da densidade com que um fractal ocupa o seu
Figura 2 – Alguns conjuntos fractais clássicos com a respectiva dimensão fractal: Poeira de
Cantor (esquerda), Triângulo de sierpinsky (meio) e Esponja de Menger (direita).
Nessa ordem de idéias, os padrões de dre- Quanto mais perto de dois é a Df, mais sinuoso
nagem podem ser interpretados como entidades o canal em questão ou mais denso será o sistema
fractais com dimensão fracionada entre um e dois; de drenagem. Algumas estimativas da Df em por-
quando se trata de sistemas de lagoas, é possível ções de redes de drenagem do DF são ilustradas
até conceber dimensões fractais entre zero e um. na Fig. 3.
Figura 3 – Padrões de drenagem extraídos do DF, cujas Df são 1.35 e 1.58 respectivamente.
21
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
O DF encontra-se localizado na região central do Brasil (Fig.5) abrange a Capital do País (Brasília)
e as suas cidades satélites, onde moram aproximadamente 2,5 milhões de habitantes.
Figura 5 – Distrito Federal do Brasil destaca-se as 19 regiões administrativas, as zonas urbanizadas e os dois
principais lagos.
22
Análise fractal para o cálculo da densidade de drenagem
Figura 6 – Aspectos hidrográficos do DF. Destaca-se o Lago Paranoá (superior esquerda) e a presen-
ça de padrões de drenagem em treliça (superior direita), dendríticos (inferior esquerda) e paralelos
(inferior direita).
De maneira geral, a geologia do DF se des- 10x10m por pixel; criou-se uma janela móvel
taca pela presença de materiais formados inicial- (Hengl & Reuter, 2009) de 128x128 pixels a qual
mente um ambiente sedimentar e metamorfiza- foi deslocada por toda a rede de drenagem cal-
dos por tectonismo, o qual propiciou a presença culando a Df de maneira local em cada passo do
de dobras e uma forte interferência estrutural ao deslocamento mediante o método da contagem
longo da região. O relevo natural caracteriza-se de células (Fig. 7).
pela presença de planaltos e domos sintetizados
numa topografia ondulada.
A região possui três classes de solos princi-
pais, denominados de latossolo vermelho-amare-
lho (lv), latossolo vermelho-escuro (le) e cambis-
solo (cd), os quais em conjunto correspondem a
85% do território do DF (Arcaya 2007). As classes
restantes correspondem a podzólicos (pv e pe),
solos hidromórficos (hi), terra roxa equivalente
(tre) e areias quartzosas (aq)
23
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
e as células de saída (Df), obtendo um mapa de mapa hipsométrico de uma região, para essa mes-
Df como indicador da densidade de drenagem; ma região estimou-se a densidade de drenagem
quanto mais perto de dois é a Df, maior é a densi- mediante a Df local (Fig.9), e o resultado pode ser
dade de drenagem, e vice-versa. A Fig.8 mostra o comparado com o mapa pedológico (Fig. 10).
24
Análise fractal para o cálculo da densidade de drenagem
Figura 10 – Mapa pedológico: aq: Areias quartzosas; lv: Latossolos vermelho-amarelho; hi: Solos hidromórficos; tre: Terra
roxa equivalente ; cd: Cambissolos; pe: Podzólicos vermelho-escuros; pv: Podzólicos vermelho-amarelho; lv: Latossolos verme-
lho-escuro. Observe-se a semelhança com o mapa de densidade de drenagem da Fig. 9
25
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
control on the multifractal spectrum of river net- and stream profile analysis. Computers & Geo-
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A MATLAB based toolbox for tectonic geomor-
phology, Part 1: Drainage network preprocessing
26
UTILIZAÇÃO DE SENSORIAMENTO REMOTO
ORBITAL PARA DEFINIÇÃO DE CLASSES DE
FRAGILIDADE AMBIENTAL AO DERRAMAMENTO
DE ÓLEO E DERIVADOS EM ÁREAS CONTINENTAIS
Resumo Abstract
Obras lineares tipo multidutos e estradas são instaladas Linear constructions such as multiple pipes and
em áreas com diversidade de relevos, variação litológi- roads are installed in areas with a variety of reliefs,
ca e processos pedogenéticos com estágios de alteração lithological variation and pedogenic processes with
intempérica distintos. Somado a estas características, different stages of weathering. In addition to these
áreas de grandes extensões sofrem processos tectôni- features, large areas suffer tectonic processes with
cos com deformações dúcteis e rúpteis e evidenciam ductile and brittle deformation and they demonstrate
forte cataclase. Neste cenário, desenvolveu-se uma strong cataclasis. In this scenario, it was developed a
sistemática lógica e codificada para se obter classes de logic and codified systematic to obtain environmental
fragilidade ambiental a derramamento de petróleo e fragility classes for oil spill and derivatives for
derivados para ambientes continentais. A metodologia continental environments. The methodology starts
parte da definição de critérios de análise de relevo e from the definition of relief and drainage analysis
drenagem traduzidos pela textura de imagem de saté- criteria translated by the satellite image texture
lite obtendo-se, assim, limites entre zonas homólogas obtaining, thus, boundaries between homologous
que são classificadas de acordo com suas propriedades zones that are classified according to their physical
físicas (Tropia, Permeabilidade, Plasticidade x Ruptibi- properties (Tropy, Permeability, Plasticity x Rupture,
lidade, Alterabilidade e Assimetria). Uma equivalência Alterability and Asymmetry). An equivalence between
entre estas permite obter as Unidades Geoambientais these allows to obtain the Geoenvironmental Units
27
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
que representam espacialmente diferenças do meio físi- which represent spatially differences in the physical
co. A análise de imagem de satélite também possibilita environment. The analysis of the satellite image also
obter informações da tectônica dúctil da área, caracte- enables to obtain information from the ductile tectonic
rizada por altos e baixos estruturais, e da tectônica rú- of the area, characterized by structural highs and lows,
ptil, evidenciada por feições de fraturamento (juntas e and from the brittle tectonic, evidenced by fracturing
falhamentos) das quais derivam em zonas de variação features (joints and faults) from which can be derived
de máximos 1 e 2. As informações citadas foram mape- in maximums of 1 and 2 variation zones. All those
adas e cartografadas em documentos distintos e inte- information mentioned were mapped and charted
gradas em um mapa síntese de classes de fragilidade in different documents which were integrated in a
ambiental a derramamentos de petróleo em uma área synthesis map presenting geoenvironmental fragility
de duto preestabelecida. classes to oil spills in a predetermined pipe area.
28
Utilização de sensoriamento remoto orbital para definição de classes de fragilidade ambiental ao derramamento...
abastecimento de hidrocarbonetos na região me- (Figura 1). Compreende porções de cinco muni-
tropolitana de Curitiba, e pela ocorrência de aci- cípios: São José dos Pinhais, Curitiba, Piraquara e
dentes (vazamentos) de médio e pequeno porte Morretes.
que causaram impactos ambientais negativos, Em relação à geologia são encontrados pró-
prejuízos sócio-econômicos para a população e, ximo à cidade de São José dos Pinhais (a noroeste
consequentemente, para o Estado. da área de estudo), sedimentos colúvio-aluviais
quaternários, denominados Formação Guabirotu-
2 ASPECTOS GERAIS DA ÁREA ba. Na porção leste da área predominam riolitos e
andesitos aflorantes da Formação Guaratubinha.
A área escolhida para o desenvolvimento Afloram também corpos intrusivos de granitos
da metodologia situa-se na porção leste do Esta- subalcalinos e alcalinos e migmatitos e granitos de
do do Paraná entre os Meridianos 48°56’51”W e anatexia que sustentam os espigões locais e cristas
49°12’48”W e Paralelos 25°28’46”S e 25°42’47”S da Serra do Mar.
Quanto ao clima da região, segundo a classi- A área está inserida em duas Bacias Hidro-
ficação de Köppen, seguindo o sentido oeste-leste, gráficas: Bacia do Rio Iguaçu e Bacia Litorânea.
ocorre predomínio do tipo Cfb e associações dos Os principais canais fluviais são os rios Iguaçu,
tipos Cfa/Cfb e Cfb/Cfa. Por Cfb, entende-se cli- Barigui, do Maurício, do Despique e Passauna.
ma temperado com verão fresco, apresentando Nas porções mais elevadas do relevo, a rede de
temperatura média do mês mais frio entre 18 e drenagem apresenta predomínio dos padrões
-3oC e, no mês mais quente abaixo de 22oC, sem dendrítico e sub-dendrítico. Muitos canais flu-
estação seca definida, com chuva em todos os me- viais apresentam-se alterados pela ação antrópica
ses sendo a precipitação média do mês mais seco (retilinização, represamentos, entre outros).
superior a 60 mm. Já a classe Cfa difere da Cfb A área estudada, em sua maioria, encontra-se
na temperatura média do mês mais quente que é na unidade geomorfológica do Primeiro Planalto
superior a 22oC (IAPAR, 2009). Paranaense, que está dividida nas subunidades do
29
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
Planalto de Curitiba, Planalto do Alto Iguaçu, Blo- dos elementos de relevo e de drenagem, das for-
cos Soerguidos e Planícies Fluviais (OKA-FIORI mas resultantes e de suas propriedades. Estes
e SANTOS, 2006). Ocorre também na área, a uni- elementos são analisados por suas características
dade da Serra do Mar que apresenta como única espectrais e radiométricas, refletidas pelo arran-
subunidade morfoescultural, os Blocos Soergui- jo dos elementos tonais na forma de diferentes
dos da Serra do Mar, com modelado de topos texturas.
alongados em cristas.
O princípio metodológico de fotointerpreta-
Solos do tipo Latossolos Vermelho e Argis-
ção usado nesta etapa do trabalho foi proposto
solos Vermelho-Amarelo são predominantes nas
unidades geomorfológicas dos planaltos. Contu- por Guy (1966), adaptado por Soares e Fiori (1976)
do, nessas unidades também ocorrem Cambis- e sistematizado por Veneziani e Anjos (1982). A
solos Háplicos e Latossolos Brunos. Nas áreas sistemática lógica envolve três etapas: a fotolei-
dominadas por planícies aluviais predominam tura, em que são reconhecidos e identificados os
os solos do tipo Gleissolos Melânicos e, subordi- elementos presentes na imagem com os objetos e
nadamente, Organossolos Mésicos. Afloramentos repartição; a fotoanálise, em que se reconhecem
de rocha ocorrem nas áreas dos Blocos Soerguidos as leis e a complexidade de organização dos ele-
(EMBRAPA, 1981). mentos para a caracterização das formas de inte-
resse; e fotointerpretação, que é o estabelecimento
3 MAPEAMENTO GEOAMBIENTAL das relações entre a função e o objeto e/ou suas
feições, ou seja, é o estabelecimento de uma cor-
O mapeamento geoambiental envolve uma relação entre a imagem produzida pelo sensor e o
série de procedimentos fotointerpretativos com a modelo do fenômeno natural, dando um signifi-
finalidade de compartimentar uma determinada cado geoambiental.
região em áreas que apresentam internamente pro- Assim, a sequência lógica de extração de da-
priedades distintas das áreas adjacentes. dos por meio de um método sistemático permite
Tais informações fornecem subsídio para analisar na imagem, as características de textura,
diversos objetivos de pesquisas geoambientais
estrutura e forma do elemento do terreno, e atri-
(MATTOS et al., 2002a). Segundo Soares e Fiori
buir um significado de acordo com o objetivo das
(1976), a fotointerpretação com base nas proprie-
dades do meio físico pode ser aplicada em mape- análises.
amentos geológicos, no planejamento de obras de
engenharia, na localização de áreas de captação 3.2 Zonas homólogas
de recursos hídricos, além de processos geomor-
fológicos, como movimentos de massa, assorea- Na fase de fotoanálise, o relevo e a drenagem
mento de vales, erosão acelerada e áreas sujeitas
são os objetos que dão a partida para todo o ma-
a inundações periódicas.
peamento, pois suas feições definem os elementos
Neste trabalho foi utilizada a imagem ETM+
texturais, a partir dos quais se processam todas as
Landsat 7, banda 8 (pancromático), órbita 220,
ponto 078, de 02 de setembro de 2002; azimute análises posteriores.
solar de 48,127; elevação do sol de 42,9726, com O elemento textural é o elemento primário
a resolução espacial de 15 metros, em escala de de análise na fotointerpretação e foi definido por
1:50.000, com contraste linear. A escolha desta Guy (1966) como “o menor elemento identificá-
banda deve-se a sua resolução espacial. Tanto a vel na imagem, contínuo, homogêneo e passível
banda quanto a escala de trabalho escolhidas per- de repetição”. Esta última característica gera uma
mitiram uma observação e identificação mais efi- densidade textural de imagem e, ao identificar
ciente dos elementos de análise. suas variações, é possível estabelecer uma orde-
nação dos elementos de textura para definir as
3.1 Interpretação das imagens de satélite estruturas, que podem ser em função da intensi-
dade de organização (grau de estruturação) e da
A interpretação das imagens de satélite para complexidade de organização (ordem de estrutu-
caracterização do meio físico é baseada na análise ração) como mostra a Tabela 1.
30
Utilização de sensoriamento remoto orbital para definição de classes de fragilidade ambiental ao derramamento...
Elemento Textural Tipos dos elementos texturais para serem analisados (topografia,
drenagem, forma).
Densidade Textural Quantidade de elementos texturais por unidade de área da imagem (qualitativa).
Disposição dos elementos texturais no espaço, de acordo com um arranjo padrão
Distribuição Textural
(retangular, circular).
Grau de Estruturação Evidência de organização espacial dos elementos texturais de acordo com sua disposição.
Complexa organização dos elementos texturais. É dada em termos de estruturas
Organização da Estruturação
sobrepostas.
31
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
32
Utilização de sensoriamento remoto orbital para definição de classes de fragilidade ambiental ao derramamento...
Figura 2 – Mapa de Unidades Geoambientais da região de São José dos Pinhais (PR).
33
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
mesmos. Este mapeamento procura ainda inter- o reflexo em superfície de falhas de grande
pretar o significado geológico para as diferentes rejeito (centenas de metros) no embasamento
formas ou associações dos elementos de drena- (SOARES et al., 1982).
gem e relevo, admitindo que estes sejam condicio- ■■ Análise das formas anômalas de drenagem
nados por fatores estruturais ou litológicos, atra- (anelares, radiais, assimetrias e lineamentos
vés dos processos morfogenéticos atuando sobre estruturais). As formas anelares representam
o substrato (SOARES et al., 1982; MATTOS et al., o reflexo na superfície de camadas flexuradas,
2002b). geralmente se estabelecendo sobre estruturas
dômicas ou depressões estruturais, concor-
dantes com o acamamento ou com o fratura-
4.1 Extração da Rede de Drenagem mento anelar. As drenagens radiais também
podem ser o reflexo do controle estrutural
A extração da rede de drenagem foi realiza- e indicam o sentido geral do mergulho das
da sobre cartas topográficas nas escalas 1:50.000 e camadas, mas podem ser de expressão pura-
1:25.000 e da mesma imagem do satélite Landsat mente topográfica. Assim, para constatar os
utilizada no Mapeamento Geoambiental, nas ban- altos e baixos estruturais com maior preci-
das 8 e 4. A banda 8 (pancromática) permitiu uma são, recomenda-se que essas formas sempre
melhor definição das formas e padrões de drena- sejam analisadas em conjunto com as for-
gem, devido a sua resolução espacial. Já a banda 4 mas de assimetria de drenagem, que forne-
(infra-vermelho próximo) é um material auxiliar, cem indicações de mergulho convergentes
pois emite melhor resposta espectral para relevo e ou divergentes do acamamento. Por fim, os
corpos d’água no entanto compromete na resolu- lineamentos estruturais são interpretados
ção espacial. como descontinuidades da crosta que podem
O traçado da rede de drenagem foi obtido a representar discordâncias estratigráficas e/
ou estruturais e geralmente representam os
partir da extração dos canais representados nas
grandes falhamentos da área.
cartas topográficas, complementados por meio
■■ Determinação dos altos e baixos estruturais
da disposição da curvas de nível e revisados com
por meio das linhas de contorno estrutural
as imagens de satélite, procurando-se representar
não-cotadas. Resultam da interpretação das
com precisão a sua geometria.
feições anômalas da drenagem, dos padrões
assimétricos da rede de drenagem e de Trends
4.2 Análise da Rede de Drenagem e lineamentos estruturais. As linhas de forma
correspondem à disposição geométrica do
A análise da rede de drenagem tem como acamamento/foliação, assumindo um sig-
objetivo a busca por evidências que possibilitem nificado aproximado de contorno estrutural
a interpretação estrutural e/ou litológica. O con- não-cotado.
trole estrutural é definido pela presença das des- ■■ Análise e cartografia dos traços de juntas,
continuidades, tanto devido ao acamamento ou seus máximos 1 e 2 e delimitação das zonas
foliação como às fraturas. O seu arranjo espacial de variação de máximos 1 e 2. A partir da ex-
tração de elementos de drenagem de 1ª e 2ª
controla a disposição dos elementos de drenagem.
ordem retilíneos e fortemente estruturados
Para a compreensão do arcabouço estrutural
são obtidos traços de juntas. As duas dire-
e tipos de controle foram utilizadas as seguintes
ções preferenciais ocorridas em uma área
análises:
são denominadas de máximo 1 e máximo 2
■■ Análise e delimitação de Trends estruturais
de traços de juntas. As zonas de variação de
(ou zonas homólogas de drenagem unidire-
máximos 1 e 2 são obtidas pela identificação
cional fortemente estruturado). São definidos
das áreas com intersecção entre duas ou mais
a partir da análise da rede de drenagem, onde
os elementos de 1ª e 2ª ordem de drenagem direções dos máximos.
encontravam-se alinhados anormalmente Algumas destas análises ficam comprometi-
segundo duas direções preferenciais. Esses das na área urbana devido a modificações realiza-
feixes (Trends) são interpretados como sendo das na drenagem, como canalização, retilinização
34
Utilização de sensoriamento remoto orbital para definição de classes de fragilidade ambiental ao derramamento...
Segundo Mattos et al. (2002b), áreas de ocor- processos deformacionais pós-ciclo brasiliano.
rência somente de zona de variação de máximo 1 Essas diferentes retomadas dos processos defor-
apresentam alta erodibilidade. Já nas de zona de macionais atuam, em geral, sobre antigas zonas
variação de máximo 2, os processos de erodibili- de fraqueza (descontinuidades), reativando-as. A
dade estão apenas potencializados e não instala- presença das descontinuidades e Trends é mais
dos, pois as formas de relevo estão em equilíbrio marcante na porção leste da área de estudo, local
dinâmico quando não passam por modificações este de domínio de relevo característico do com-
antrópicas, se desestabilizando ao início de qual- partimento fisiográfico Serra do Mar.
quer intervenção humana. Quando se sobrepõem
zonas de variação de máximos 1 e 2, tais áreas
possuem processos erosivos já instalados, caracte- 5 MAPA DE FRAGILIDADE DO MEIO
rizando-as como de muito alta erodibilidade. Na FÍSICO A DERRAMAMENTO DE ÓLEO
área de estudo, pode-se observar a maior freqüên- E DERIVADOS
cia de zonas de variação de máximos na porção
leste, o que demanda mais atenção com relação à Com os materiais obtidos dos mapeamen-
instabilidade do terreno. tos descritos anteriormente, desenvolveu-se um
O mapa de linhas de forma ou de contorno mapa de fragilidade do meio físico ao derrama-
estrutural não-cotado demonstra que na área os mento de petróleo e derivados para a região estu-
altos e baixos estruturais apresentam-se mui- dada. O mapa de fragilidade do meio físico é um
to perturbados por descontinuidades e Trends, mapa síntese gerado da integração dos diferentes
modificando suas configurações e, em alguns ca- documentos obtidos no mapeamento geoambien-
sos, colocando em contato camadas com o senti- tal e morfoestrutural.
do do mergulho inverso. Tais feições reforçam a A maior problemática de derramamento de pe-
hipótese da área ter passado por diferentes tróleo e seus derivados em ambientes continentais
35
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
Tabela 2 – Valores estabelecidos para cada classe das propriedades: Alterabilidade (Resistência à Erosão),
Permeabilidade e Plasticidade x Ruptibilidade para a determinação das Classes de Fragilidade.
36
Utilização de sensoriamento remoto orbital para definição de classes de fragilidade ambiental ao derramamento...
A integração das informações citadas ante- temporalmente pontuais ou contínuos, podem re-
riormente possibilitou desenvolver um mapa sín- presentar um grande problema, pois a contami-
tese, posto que a representação de todas as feições nação pode ocorrer em diferentes intensidades,
dificultaria a interpretação por excesso de infor- levando a prejuízos ambientais, sociais e econô-
mação. micos de diferentes graus.
É importante ressaltar que não se recomen-
da utilizar somente o mapa síntese para a reso-
6 CONCLUSÕES lução de problemas oriundos do derramamento
de petróleo e seus derivados, pois a interpretação
A metodologia desenvolvida torna-se inte- de todas as informações obtidas no Mapeamento
ressante à medida que proporcionou a represen- Morfoestrutural, inclusive aqueles não cartogra-
tação em área das classes de fragilidade e feições fados no mapa síntese de fragilidade ambiental,
agravantes. No entanto, é importante destacar que contribuem para um melhor conhecimento das
estas últimas representam uma área de tendência dinâmicas do meio físico, e consequentemente,
dos respectivos sistemas, e que não se deve con- para uma melhor tomada de decisão.
siderar o limite mapeado como exato e abrupto.
A presença de uma unidade classificada como
muito frágil, de uma superposição de zonas de Agradecimentos
variação de máximos, um alto estrutural e linea-
mento estrutural próximas à região metropolita- Sinceros agradecimentos à PETROBRAS pelo finan-
na é preocupante. No aglomerado urbano há uma ciamento do projeto “Mapeamento do meio físico para
grande ocorrência de acidentes de trânsito que elaboração de mapas de sensibilidade ambiental a
podem ocasionar em tombamento de caminhões derramamento de petróleo e derivados em ambientes
que transportam derivados de petróleo, além da continentais” e ao CEAPLA (Centro de Análise e Pla-
grande concentração de postos de abastecimento nejamento Ambiental - Unesp Rio Claro), pelo auxílio
de combustíveis, que nem sempre estão dentro das técnico e estrutural, sem os quais o presente trabalho
normas ambientais. Estes tipos de derramamento, não seria possível.
37
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
38
EXEMPLO DE APLICAÇÃO DA GEOLOGIA DE
ENGENHARIA NO CONTROLE PREVENTIVO
E CORRETIVO DOS PROCESSOS EROSIVOS
Kátia Canil
Pesq. Drª. do Laboratório de Riscos Ambientais do Instituto de
Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT)
Resumo Abstract
O diagnóstico, prognóstico e controle dos processos The diagnosis, prognosis and control of erosion
erosivos exige o envolvimento de profissionais de di- requires the involvement of professionals from
ferentes áreas do conhecimento, contemplados pela different areas of knowledge contemplated
Geologia de Engenharia, transferindo a esta importante by the Engineering Geology, transferring to it
papel na solução de problemas envolvendo a minimi- an important role in the solution of problems
zação dos impactos ambientais e recuperação do am- relating to minimizing environmental impacts and
biente. Neste artigo, dois estudos de caso foram apre- environmental restoration. In this article, two case
sentados, enfatizando o necessário conhecimento do studies were presented, emphasizing the necessary
funcionamento hídrico voltado ao estudo da erosão, knowledge of the hydric focused to the study of
exemplificando abordagens próprias da Geologia de erosion, exemplifying their own approaches of
Engenharia, que visam o controle preventivo em bacia Engineering Geology, for the preventive control in
hidrográfica e o controle corretivo de boçorocas em área watershed and corrective control of gullies in urban
urbana. Na bacia hidrográfica do Rio São Francisco, im- areas. In the basin of the São Francisco River, a major
portante contribuinte do Pantanal Matogrossense, foi contributor to the Pantanal, morphopedological
aplicada a abordagem morfopedológica, permitindo a characteristics approach was applied, allowing
compartimentação cartográfica de áreas relativamente the partitioning of the relatively homogeneous
homogêneas do meio físico, que foram interpretadas em mapping of the physical environment, which were
relação ao funcionamento hídrico e aplicados critérios interpreted in relation to hydric functioning and
técnicos voltados à determinação da suscetibilidade a applied technical criteria aimed at determining the
erosão laminar e linear. Para a área urbana e periurbana susceptibility to erosion laminar and linear. To the
do município de Franca (SP) foram identificadas e carac- urban area of Franca municipality in the state of São
terizadas trinta e duas feições erosivas de grande porte, Paulo, it was identified and characterized thirty-two
tendo em vista a interpretação da dinâmica e evolução gullies, with a view to interpreting the dynamics
dos processos erosivos lineares, com objetivo de subsi- and evolution of linear erosion, to serve as input
dar a proposição de diretrizes voltadas à concepção de to the proposition of guidelines focused on project
projetos e de obras de contenção. conception and contention works.
Palavras Chave: controle preventivo e corretivo da ero- Key Words: preventive and corrective erosion control,
são, erosão em bacia hidrográfica, erosão em área urbana. erosion in watershed, erosion in urban area.
39
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
40
Exemplo de aplicação da Geologia de Engenharia no controle preventivo e corretivo dos processos erosivos
erosão laminar e linear, de maneira a servir para aproximadamente 80.000 hectares, integrando a
ações preventivas e corretivas. Esta bacia hi- bacia do Alto Paraguai, importante formador do
drográfica, mostrada na Figura 1 compreende Pantanal Matogrossense.
O procedimento básico utilizado foi direcio- campo, procurando observar em cada comparti-
nado para a compartimentação do meio físico, mento morfopedológico as seqüências pedológicas
levando-se em conta as características do substra- existentes ao longo das vertentes, sua disposição
to geológico, do relevo e dos solos, utilizando da- no terreno em relação à topografia, formas das
dos disponíveis (SEPLAN, 2008), interpretação de vertentes e feições significativas do relevo. As
imagens digitais de alta resolução (QUICK BIRD, ocorrências erosivas foram também observadas,
2008) e levantamentos em campo. especialmente em relação à posição mais comum
A análise das ocorrências erosivas em relação na vertente, e presença ou ausência de surgên-
ao substrato geológico, formas de relevo e tipos cias d’água, que pudessem ser relacionadas com
de solos, realizada por sobreposição cartográfica, fenômenos de piping. Dessa maneira, foi possível
interpretação de imagens digitais, e reconheci- validar os critérios usados na definição dos com-
mento em campo, permitiu uma avaliação inicial partimentos morfopedológicos, e sua relação com
a respeito da definição dos compartimentos mor- o desenvolvimento dos processos erosivos.
fopedológicos e sua delimitação cartográfica. Vertentes representativas dos compartimen-
Baseados nas cartas temáticas e no mapa mor- tos morfopedológicos foram, com maior rigor,
fopedológico preliminar, foi realizado trabalho de levantadas em campo por meio de tradagens e
41
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
42
Exemplo de aplicação da Geologia de Engenharia no controle preventivo e corretivo dos processos erosivos
43
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
A suscetibilidade à erosão laminar dos com- Zone 21, e o Datum Samer 69 Brasil. O marco
partimentos morfopedológicos, foi determina- usado foi implantado pelo IBGE, Satélite 91202,
da com base nas relações entre a erodibilidade e INTERMAT/PNUD E SEPLAN/PODEAGRO.
declividade, conforme proposta apresentada por Os solos existentes na área objeto foram cate-
IPT (1989) e por Salomão (1999; 2007). gorizados em classes de erodibilidade, adaptadas
A declividade das vertentes apresentada para de Salomão (2007), conforme mostra o Quadro
os compartimentos morfopedológicos foi deter- 2, permitindo por meio do cruzamento matricial
minada em campo por meio de levantamento to- com quatro classes de declividade determinar as
pográfico em vertentes representativas com GPS classes de suscetibilidade à erosão laminar, apre-
Geodésico L1 e L2, a projeção UTM South America sentado no Quadro 3.
44
Exemplo de aplicação da Geologia de Engenharia no controle preventivo e corretivo dos processos erosivos
Declividade (%)
Erodibilidade I (> 20) II (12 a 20) III (6 a 12) IV (< 6)
1 - Muito Alta I I II II
2 - Alta I II II III
3 - Média II III III IV
4 - Baixa III IV IV V
5 - Não Erodível Não existe Não existe Não existe V
Quadro 4 – Compatibilização entre classes de suscetibilidade à erosão laminar e classes de capacidade de uso da
terra, adaptado de Lepsh (1983) e Salomão (2007).
Classes de
Classes de Suscetibilidade Características dos terrenos e Potencialidades
Capacidade de Uso
à Erosão Laminar e Limitações ao Uso do Solo
das Terras
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Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
Compartimento Relevo e
Solo Funcionamento hídrico Suscetibilidade a erosão
morfopedológico declividade
(Continua)
46
Exemplo de aplicação da Geologia de Engenharia no controle preventivo e corretivo dos processos erosivos
Compartimento Relevo e
Solo Funcionamento hídrico Suscetibilidade a erosão
morfopedológico declividade
3 Controle Erosivo em Área Urbana: de erosões do Estado de São Paulo registrou 670
o exemplo da cidade de Franca (SP) feições erosivas lineares de grande porte somen-
te em áreas urbanas. A lista de municípios que
O acelerado processo de urbanização e o apresentam sérios problemas de erosão em sua
crescimento das cidades, resultantes da migra- área urbana é vasta; podem-se destacar muni-
ção intensa da população rural para áreas urba- cípios das diversas províncias geomorfológicas
nas, principalmente nos últimos quarenta anos, do estado de São Paulo, mas o predomínio dos
mudaram severamente a fisiologia da paisagem, processos erosivos é maior na região do Planalto
marcada por diferentes processos do meio físico, Ocidental Paulista. Inserido neste contexto, o
gerando vários cenários de degradação ambien- município de Franca, embora situado entre a pro-
tal. A ausência de planejamento, infraestrutura víncia geomorfológica da Depressão Periférica e
adequada e crescimento populacional levaram Cuestas Basálticas foi selecionado para estudos
à ocupação irrestrita e desordenada do uso e de prevenção e controle de erosão, por ser um
ocupação do solo urbano. Feições erosivas, de- dos mais críticos do Estado de São Paulo (IPT,
correntes da má gestão do uso do solo e da falta 1995). Os processos erosivos, manifestados sob
de planejamento urbano, provocam degradação a forma de feições erosivas lineares de grande
ambiental, pela produção de sedimentos que vão porte, é um dos principais problemas ambientais
assorear os cursos d’água e, consequentemente, de sua área urbana. Os custos de recuperação de
levar a ocorrência de enchentes, em períodos áreas atingidas por erosões são significativamen-
chuvosos. Quando evoluem rapidamente com- te superiores aos investimentos que deveriam
prometem a infra-estrutura urbana, atingindo ser feitos no planejamento da ocupação. De qual-
moradias, obstruindo ruas, avenidas e rodovias. quer forma, conhecer a dinâmica dos processos
Situações como essas são comuns nas cidades do é fundamental para propor medidas e diretrizes
interior paulista. Segundo IPT (1995) o cadastro para controle e prevenção da erosão (Figura 3).
47
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
FRANCA
ESTADO
DE
SÃO PAULO
LEGENDA
Curso d'água
Limite de município
Limite da área de estudo
Área urbana
A fisiografia da paisagem de cada região leva posição da feição erosiva em relação à vertente e a
à formação de processos erosivos com formas e dinâmica do processo, servindo de referencial para
comportamento diferenciados. Existe uma série a elaboração deste artigo, que tem por objetivo
de mecanismos que atuam na formação dos pro- caracterizar as ocorrências erosivas existentes no
cessos erosivos, sobretudo das boçorocas, uma perímetro urbano de Franca (SP), tendo em vista
vez que constituem feições de maior magnitude a interpretação da dinâmica e evolução dos pro-
e de impacto ambiental. Os mecanismos variam cessos erosivos, de maneira a servir de subsidio à
conforme os condicionantes naturais e também de concepção de projeto e obras de contenção.
sua interação com o papel da ação antrópica. O diagnóstico dos processos erosivos da área
Em 1989, o Instituto de Pesquisas Tecnológi- urbana e periurbana do município de Franca foi
cas do Estado de São Paulo – IPT realizou um ca- elaborado com base no reconhecimento das fei-
dastro de catorze erosões de grande porte na área ções erosivas de grande porte, a partir de fotogra-
urbana de Franca, fazendo uma descrição da feno- fias aéreas e trabalhos de campo.
menologia, avaliação da dinâmica e das condições A identificação das feições de erosão observa-
de evolução, além da proposição de medidas de dos na área de estudo (sulcos, ravinas, boçorocas
controle para tais erosões (IPT, 1989). O mapea- e solapamento de margens fluviais) foi realizada
mento geotécnico da região de Franca, elaborado a partir da análise de fotografias aéreas dos anos
por Zuquette (1995), também consistiu em impor- de 1972 (produzidas pelo IBC) e 1995 (produzidas
tante subsídio na análise dos processos erosivos do pela BASE), com ambos os levantamentos realiza-
município, bem como o trabalho de IPT (1998) que dos na escala 1:25.000.
apresentou um plano de prevenção e controle dos Os anos selecionados para a identificação das
processos erosivos na área urbana do município. feições erosivas caracterizam dois períodos im-
Canil (2000), apresentou um estudo sobre a portantes do estágio de desenvolvimento desses
tipologia das feições erosivas baseado na análise processos. Nos primeiros anos da década de 70
dos condicionantes do tipo de substrato e solo, têm-se um importante incremento no processo de
48
Exemplo de aplicação da Geologia de Engenharia no controle preventivo e corretivo dos processos erosivos
urbanização. Já nos anos 90, esse processo consoli- Para cada erosão foram levantadas informa-
dado revela os problemas ambientais decorrentes ções sobre histórico, dados geométricos, aspectos
de uma ocupação rápida e desordenada, como por relacionados à dinâmica e fenomenologia dos pro-
exemplo, a observação dos fenômenos em momen- cessos atuantes, e eventuais medidas de controle
tos distintos permitindo a análise comparativa da adotadas. A análise realizada a partir dos dados
evolução e/ou estabilização de tais processos. de campo e da interpretação dos condicionantes
Após esta identificação, seguiu-se para o tra- naturais e antrópicos da erosão permitiu classifi-
balho de campo, com o objetivo de levantar dados car as feições erosivas em cinco grupos.
necessários para a caracterização dos processos GRUPO I: Compreende nove feições erosivas
erosivos, principalmente para classificá-los quan- desenvolvidas pela concentração de águas super-
to ao seu estado de estabilidade/ instabilidade e ficiais, situadas a partir da ruptura de declive do
risco que oferece à área urbana. Este trabalho foi terço superior da vertente, em substrato arenítico
baseado no roteiro metodológico de ficha de ca- da Formação Franca. O aprofundamento da ero-
dastro de erosão (IPT, 1989). O trabalho de campo são chega a atingir o lençol freático e provoca a
para a identificação das feições erosivas e investi- instabilidade dos taludes da erosão.
gação dos condicionantes do meio físico, consta- Correspondentes ao substrato arenítico da
tou 32 erosões de grande porte. Formação Franca, as vertentes nas quais se situam
Este cadastro incluiu também as áreas de so- essas erosões são predominantemente convexas,
lapamento de margens fluviais, cuja identificação com rampas longas e declividades acima de 12%.
não foi possível por meio das fotografias aéreas
Nesta situação, a velocidade do escoamento su-
em função da escala.
perficial aumenta significativamente no ponto de
Dos principais aspectos levantados na in-
ruptura de declive do terço superior da vertente
vestigação das erosões destacam-se: os condi-
em direção a jusante. Da linha de ruptura até o
cionantes naturais do meio físico; os processos e
fundo de vale observa-se uma associação de solos
mecanismos que comandam o desenvolvimento e
rasos do tipo Litólico (declividades acima de 20%)
evolução das feições erosivas; fatores da interven-
e Latosssolo Vermelho-Amarelo, textura média.
ção antrópica e todas as formas de impactos as-
As boçorocas tendem a ser mais alongadas, por
sociados a essas erosões, tais como solapamentos
estarem situadas em rampas mais longas.
das margens dos cursos d’água e abatimentos em
O processo descrito anteriormente é acelera-
setores da baixa vertente próximo às drenagens,
trechos de ribeirões e córregos assoreados, e pon- do pela ação antrópica. A história da ocupação e
tos de enchentes. instalação do núcleo urbano destaca a existência
Os processos erosivos, aqui estudados sob a de valos abertos pelos próprios moradores, des-
ótica dos condicionantes naturais e antrópicos, re- viando as águas das ruas de um loteamento recém
ceberam tratamento analítico e integrado a fim de aberto para a cabeceira das erosões ou, no caso,
se estabelecer tipologias com comportamento se- dessas para um ponto de maior fraqueza ou de
melhante quanto à de dinâmica e evolução e como ruptura de declive, capazes de provocar o desen-
estão integradas à área urbana do município. volvimento de uma feição, que terá um porte e
Na área de Franca, é comum encontrar fei- uma dinâmica de evolução de acordo com as ca-
ções erosivas lineares, do tipo boçoroca, tanto racterísticas naturais do terreno.
em vertentes, quanto associadas às cabeceiras No caso dessas erosões, a ordem da gravida-
de drenagem. Nas vertentes, o processo é inten- de dos processos levou a situações de risco. Uma
sificado essencialmente pela ação do escoamento vez que essas erosões já estão incorporadas à área
superficial. Nas cabeceiras de drenagem, tanto as urbana, o monitoramento constante é a medida
alongadas quanto em anfiteatro, a interação dos mais prudente e eficaz de se manter o controle
condicionantes, solo, relevo e substrato rochoso dos processos. Dificilmente haverá uma tendên-
aumentam a suscetibilidade ao desenvolvimento cia à evolução destas feições, pois todas as inter-
e instalação destas feições de erosão. As chuvas venções responsáveis pela dinâmica já levaram ao
intensas aceleram ainda mais os processos, que ápice do desenvolvimento das erosões, que apre-
respondem pela dinâmica e evolução das erosões. sentam hoje um estado maior de equilíbrio.
49
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
Foto 1 – Boçoroca recuperada, por meio de obras de drena- Foto 2 – Cabeceira da erosão parcialmente
gem e contenção dos taludes. Apesar das obras, ainda há aterrada com lixo; inclui também resíduos
algumas moradias em situação de risco. da indústria de couro.
GRUPO II: Compreende três feições erosivas no período chuvoso, com alta capacidade e ener-
desenvolvidas em amplos anfiteatros de gia de aprofundar ainda mais o leito da feição,
cabeceiras de drenagem, em cotas superiores solapando a base das vertentes e provocando des-
a 1000 m. moronamentos (VIEIRA, 1978).
Além do grande volume de água superficial,
Essas erosões desenvolveram-se na parte su- que provoca a retirada das camadas superficiais
perior do Planalto de Franca (cotas entre 1000 e do solo (mais arenosas), parte dela se infiltra e ali-
1025 metros), configurando amplos anfiteatros em menta o lençol freático. O pacote sedimentar, em-
cabeceiras de drenagem, associados aos arenitos bora predominantemente arenoso, apresenta len-
da Formação Franca. Nestas áreas predominam tes de material mais argiloso que funcionam como
solos do tipo Latossolo Vermelho-Amarelo, tex- barreira para a infiltração da água, provocando
tura média a arenosa. São solos bastante desen- muitas vezes a formação de um lençol suspenso.
volvidos e as erosões podem chegar a mais de 25 Dessa forma, a partir do momento em que a ero-
metros de profundidade. são intercepta o lençol suspenso, o processo do
Essas feições erosivas exibem forma circular “piping” é ativado, ou seja, aparecem surgências
ou arredondada, estrangulando-se bruscamente d’água que carreiam de forma lenta e contínua as
a jusante, e afunilando-se na linha do talvegue partículas de areia, silte e argila, formando vazios
(afluente de primeira ordem) para o qual conver- internos (cavernas) no solo. Ao atingir o máximo
gem as águas do escoamento superficial e do aflo- da instabilidade, a parte superior deste vazio des-
ramento do lençol. A existência dessas gargantas, morona e este processo se repete sucessivamente,
desenvolvidas na Formação Franca, está associa- promovendo a evolução lateral e remontante da
da à presença de uma camada argilo-arenosa mais boçoroca. Esta situação é mantida, desde que o len-
resistente que as camadas arenosas superiores. çol freático suspenso permaneça ativo. Os pontos
Uma das hipóteses desse arredondamento de surgências d’água no interior da erosão tam-
das cabeceiras, típico dessas feições, é de que as li- bém provocam solapamento da base dos taludes
nhas de concentração (ou valos), integradas à fei- e conseqüentes escorregamentos, que contribuem
ção, foram se ramificando, até o momento em que significativamente para o processo de reativação
a magnitude do processo levou à interligação dos de cabeceira e alargamento das boçorocas.
diversos ramos, dando origem à forma circular. Essa dinâmica, nesse tipo de feição, ocor-
A ação do escoamento superficial, proveniente re de forma lenta e contínua, por apresentar um
das áreas de montante, contribui, significativamen- substrato mais resistente à ação dos processos
te, para a evolução das feições erosivas que ocor- de evolução. São feições que já existiam antes de
rem nessa situação. Assim, o volume de água que 1972 e cabe lembrar que se desenvolveram em
corre para o interior aumenta, consideravelmente, áreas mais favoráveis (cabeceiras de drenagem).
50
Exemplo de aplicação da Geologia de Engenharia no controle preventivo e corretivo dos processos erosivos
Chegam bem próximas aos limites dos divisores início ao processo de dinâmica descrito anterior-
de suas respectivas bacias de contribuição. mente. Em função do porte dessas erosões, a sua
Aparentemente, parecem ter encontrado o inserção à área urbana sugere monitoramento
seu equilíbrio e apresentam atividade erosiva constante e necessidade de execução de obras de
apenas quando ocorre período de chuvas pro- controle, pois estão muito próximas a residências
longado que favorece a saturação dos solos, e e estrada de acesso, que apresenta trincas e racha-
conseqüente elevação do lençol freático, dando duras no asfalto.
Foto 3 - Vista geral de jusante para montante da boçoroca. Foto 4 - Erosão de grande porte causada pela concentração
Ao fundo da erosão, na linha do talvegue, observam-se de águas superficiais da Rodovia João Traficante. O apro-
diversos pontos de surgências d’água. Notam-se abatimen- fundamento da erosão, ao atingir o nível freático, provoca
tos e escorregamentos nas vertentes da feição erosiva. processo de reativação de cabeceira. A vegetação no interior
da erosão indica estabilidade parcial do processo.
GRUPO III: Corresponde a treze feições erosivas das boçorocas do Grupo II, diferenciando-se basi-
desenvolvidas em cabeceiras de drenagem. camente quanto à forma, além de se localizarem
em cotas que variam entre 975 e 1050 m. Devido
Todas as feições erosivas do Grupo III desen- à maioria das feições serem mais antigas, encon-
volveram-se em cabeceiras de drenagem; apresen- tram-se atualmente estabilizadas pela adoção de
tam forma alongada e sem ramificações. A maio- medidas de controle ou parcialmente estabiliza-
ria delas, existentes desde 1972, reflete o período das, simplesmente pelo desvio da concentração
de consolidação e expansão do núcleo urbano. O de águas superficiais e recomposição natural da
processo de formação e evolução é semelhante ao mata ciliar.
Foto 7 - Boçoroca de cabeceira de drenagem; recebe Foto 8 - Boçoroca de cabeceira de drenagem, aterrada com lixo
contribuição das águas de escoamento superficial. doméstico. Há alguns anos foi transformada no Aterro Sanitário e
atualmente está com sua capacidade quase esgotada.
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Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
GRUPO IV: Corresponde a cinco feições ero- colapsos e solapamento das margens fluviais. Isto
sivas desenvolvidas em cabeceiras de drena- se deve à ocorrência expressiva de surgências
gem e associadas a processos de abatimen- d’água, no contato do solo derivado do arenito
tos e solapamento de margens fluviais. com o basalto alterado e/ ou Hidromórficos.
Esse processo ocorre basicamente pela exis-
As feições erosivas desse Grupo ocorrem nas tência de uma camada impermeável subjacente ao
vertentes do Planalto de Franca, em cotas situa- arenito Franca. A ação direta da água da chuva,
das entre 950m e 975m, em setores suavizados do combinada com o escoamento superficial concen-
relevo e vales um pouco mais abertos, correspon- trado, alimenta o lençol freático suspenso (contato
dendo também aos arenitos da Formação Franca, arenito/basalto). Esta camada torna-se saturada,
próximo ao contato com os basaltos da Formação pelo confinamento das águas subterrâneas; gera
Serra Geral. O perfil pedológico ao longo da ver- pontos de alto gradiente hidráulico nas saídas
tente apresenta solos do tipo Latossolo Vermelho- das linhas de fluxo da água subterrânea e propi-
Amarelo, textura média, associados a hidromórfi- cia a remoção do material arenoso (liquefação de
cos no fundo de vale. areias). Estes vazios no interior dos solos caracte-
Essas erosões são menos profundas do que rizam o “piping”, que provoca o descalçamento e
aquelas localizadas em cabeceiras de drenagem e abatimentos no solo. Quanto maior o número de
terços superiores de vertentes de maior declivida- surgências d’água mais rápido é o processo evolu-
de, porém no processo de formação também atu- tivo e mais difícil seu controle.
am a ação do escoamento superficial (considerada Boa parte dessas boçorocas, a concentração
a deflagradora do processo) e ação do escoamento das águas superficiais provenientes das ocupa-
subterrâneo. A dinâmica da evolução é rápida e a ções urbanas a montante foram as principais res-
magnitude mais intensa, principalmente quando ponsáveis pela deflagração do processo. Uma vez
há um aumento da concentração da água super- ativada esta dinâmica, a tendência é evoluir rapi-
ficial em direção às cabeceiras das boçorocas. No damente até atingir os setores já ocupados, geran-
terço inferior da vertente, próximo ao fundo de do sérios prejuízos.
vale, estão associados processos de abatimentos,
Foto 9 – Detalhe do contato entre litologias diferentes Foto 10 – Boçoroca desenvolvida pela concentração da água
(basalto/arenito). Ao fundo, loteamento em consolidação. superficial. Observa-se o rompimento da adutora de água do
A falta de infraestrutura e sistema de drenagem adequados loteamento em consolidação. Este loteamento apresenta
favorecem a concentração das águas superficiais para o infra-estrutura deficiente (ruas sem pavimentação, sistema
fundo da erosão. de drenagem precário, etc.).
GRUPO V: Contempla apenas duas feições constituem o Grupo V. Uma vez que esses solos
erosivas desenvolvidas pela concentração de são mais resistentes, o processo de deflagração
águas superficiais, situadas a partir da ruptura resulta essencialmente do escoamento superficial,
de declive do terço superior da vertente, em provocado pelas formas de uso e ocupação do solo
basalto da Formação Serra Geral. de montante.
As boçorocas desenvolvidas em solos ar-
gilosos (Latossolo Roxo), derivados do basalto,
52
Exemplo de aplicação da Geologia de Engenharia no controle preventivo e corretivo dos processos erosivos
captadas e conduzidas pelo interior da boçoro- das águas subsuperficiais para impedir a remoção
ca ou desviadas da cabeceira, até um local ade- do solo pelo piping. Os principais tipos de drenos
quado para descarga, onde sua energia possa ser utilizados são: dreno cego, dreno com material
dissipada. Na concepção do projeto, deve-se ter sintético geotextil e drenos de bambu.
como preocupação básica a diminuição gradual Com exceção das duas feições erosivas do
da energia das águas captadas e a sua condução grupo V, as demais erosões de Franca apresentam
controlada, dentro ou fora da boçoroca. As princi- aqüífero freático interceptado pelo aprofunda-
pais estruturas utilizadas para o disciplinamento mento erosivo, manifestando fenômeno erosivo
das águas superficiais são: interno dos taludes. Necessário, portanto, cuida-
a) Estruturas de captação e condução das águas dos especiais com a drenagem das águas do aqüífe-
superficiais; e ro freático no interior das erosões, concebendo-se
b) Estruturas de controle e dissipação da energia drenos profundos. As feições erosivas dos grupos
das águas. II, III, e IV, instaladas em cabeceiras de drenagens
A totalidade das ocorrências erosivas de
apresentam surgências d’água em diferentes po-
Franca foram originadas pela concentração do es-
sições dos taludes no interior das erosões, e com
coamento superficial das águas de chuva, exigin-
gradientes elevados, exigindo projetos específicos.
do obras de drenagem voltadas ao disciplinamen-
(necessário complementar). Nas erosões situadas
to das águas superficiais.
No caso específico das erosões dos grupos I na área periurbana, recomenda-se a instalação de
e V, necessário se faz situar, na bacia de contri- um sistema de drenagem tipo “espinha de peixe”
buição, a linha de ruptura de declive posicionada no interior da boçoroca por meio de drenos en-
à montante das cabeceiras das ocorrências erosi- terrados tipo rachão (no ramo principal) e drenos
vas, e conceber projetos de drenagem voltados à de bambu nos ramos secundários. Em outras si-
captação da totalidade das águas de chuva que se tuações, pode-se também instalar dreno tipo “es-
dirigem para esse setor da vertente. Essas águas, pinha de peixe“, no fundo da erosão, promover
após captação, devem ser conduzidas com ener- a impermeabilização por meio de selo argiloso,
gia controlada para locais adequados. para em seguida efetuar o aterro da erosão.
Com relação às erosões dos grupos II, III, e Com relação às erosões do grupo I, recomen-
IV, instaladas em cabeceiras de cursos d’água, da-se a instalação de drenos profundos especial-
recomenda-se a concepção de estruturas voltadas mente nas porções inferiores das feições erosivas,
à contenção da energia de escoamento das águas nas proximidades dos fundo de vales, onde o
superficiais. Essas estruturas devem contornar os aqüífero freático se manifesta a pequenas profun-
anfiteatros de cabeceiras, e as águas aí acumula- didades e com elevados gradientes hidráulicos. A
das devem ser conduzidas com energia controla- maioria dessas erosões apresenta algum tipo de
da para locais apropriados, preferencialmente a obra que deve, portanto, ser monitorada.
jusante das ocorrências erosivas.
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Exemplo de aplicação da Geologia de Engenharia no controle preventivo e corretivo dos processos erosivos
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Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
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PROPRIEDADES GEOTÉCNICAS DE
EXPANSÃO DE UM SOLO ARGILOSO
COMPACTADO COM E SEM ADIÇÃO DE CAL
Resumo ABSTRACT
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Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
58
Propriedades geotécnicas de expansão de um solo argiloso compactado com e sem adição de cal
Foram realizados ensaios de caracterização A cal utilizada é do tipo CH-I, definida pela
física e química, ensaios de compactação, deter- NBR 7175, segundo Tabela 1:
minação do teor da cal e da sucção matricial, po-
tencial de expansão e pressão de expansão, para
corpos de prova sem e com adição de cal.
59
do tipo CH-I, definida pela NBR 7175, segundo Tabela 1:
Tabela 1 - Composição da cal segundo NBR 7175
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
CH-I CH-II CH-III
Na fábrica ≤5% ≤5% ≤13%
No depósito Embora ≤7%
os tipos de cal hidratada,
≤7% segundo ≤15%
que poderia adicionar mais uma variável ao com-
≤10%não influenciavam
alguns autores, ≤15% consideravel- ≤15%
portamento dos ensaios.
não-voláteis ≥90% ≥88% ≥88%
mente nos resultados, para essa pesquisa foi sele-
cionada essa cal devido à menor presença de CO2,
de cal hidratada, o que diminui
segundo alguns aautores,
influência
não de outras espécies
influenciavam quí- 3.3.3 Determinação
consideravelmente nos do potencial
essa pesquisa foi selecionada
micas além essa cal devido
daquelas à menor presença
relacionadas de CO2da
ao interesse hidrogeniônico (pH)
, o que diminui
utras espécies químicas além daquelas relacionadas ao interesse da pesquisa.
pesquisa.
Com um pH-metro digital procedeu-se à
determinação do pH de uma amostra sem cal e
3.3.2 Dosagem da cal utilizada amostras de solo dosadas com percentuais de 1%
EM DA CAL UTILIZADA
a 10% de cal, variando de 1% em 1%, com base na
Todas as dosagens realizadas com cal e solo,
TM 5-822-14, com algumas adaptações principal-
ns realizadas compara
cal etodos os ensaios,
solo, para todos osforam efetuadas
ensaios, em peso
foram efetuadas em peso seco,
mente devido aos equipamentos disponíveis.
(1) que se segue: seco, segundo equação (1) que se segue:
60
Propriedades geotécnicas de expansão de um solo argiloso compactado com e sem adição de cal
61
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
A moldagem dinâmica foi escolhida por permitir As equações (2) e (3) foram utilizadas como
que os resultados dos ensaios pudessem ser com- curva de calibração para o papel de filtro do ensaio:
paráveis aos dos ensaios de compactação, embora Umidade do papel de filtro (w) ≤ 47%: Sucção
esse tipo de moldagem permita menor controle (kPa) = 10(4,84-0,0622w) (2)
sobre a massa específica aparente seca. Umidade do papel de filtro (w) > 47%: Sucção
Foram realizados ensaios de compactação (kPa) = 10(6,05-2,48logw) (3)
para a determinação da massa específica aparente O tempo de equilíbrio foi de 7 dias, conforme
seca máxima e da umidade ótima com a aplicação orientação de MARINHO (1995).
de energia do próctor normal, sendo o solo cura- Abaixo segue o procedimento para a deter-
do durante 15 dias antes dos ensaios de compacta- minação da sucção e obtenção da curva caracterís-
ção, como medida de diminuição de influência do tica da umidade do solo.
decorrer das reações químicas entre o solo e a cal 1. Os corpos de prova eram umedecidos ou res-
no início das determinações de sucção. secados até que a umidade variasse em torno
Em seguida, foram compactados corpos de de 5%, para os corpos de prova de solo sem a
prova no cilindro de próctor com amostras de solo cal e 3% para os corpos de prova de solo com
sem a cal e com 9% de cal, segundo os parâmetros 9% de cal;
dos ensaios de compactação. Na seqüência, foram 2. Pesaram-se os corpos de prova e em seguida
extraídos e cravados anéis em cada um, sendo um foram adicionados os papéis de filtro, corta-
na porção superior, outro no centro e outro na dos em quatro, sendo um na face em contato
porção inferior. direto com o solo (sucção matricial) e um so-
Após a devida raspagem dos materiais ex- bre dois pedaços de tela circulares, mantendo
cedentes e pesagem, os corpos de prova molda- uma distância em torno de 6 mm. Foram apli-
dos com os anéis foram deixados expostos para cadas várias camadas de filme de PVC, iso-
secagem natural, visando a redução de volume lando o corpo de prova do contato com o ar
por contração, o suficiente para que se descolas- atmosférico e apertando-se bem para manter
sem do anel, com isso, a integridade do corpo de seguro o contato com o papel de filtro;
prova foi mantida, visto que não foi utilizada ação 3. Em seguida foram envolvidos individual-
mecânica para a sua retirada. mente em folhas de alumínio, servido de pro-
A retirada do anel visava à manutenção de teção contra a luminosidade e colocados em
iguais condições de confinamento lateral do cor- uma caixa de isopor de espessura de 30 mm;
po de prova durante acréscimos e decréscimos de 4. Decorridos 7 dias, foram retirados os papéis
teor de umidade visto que, a depender da varia- de filtro rapidamente com uma pinça e pesa-
ção do seu volume, ora o anel proporcionaria con- dos com precisão de 10-4g;
finamento, ora não, o que poderia influenciar nos 5. Lançou-se na curva de calibração de
resultados dos ensaios. CHANDLER et al (1992) para a determinação
Em seguida cada corpo de prova recebeu uma da sucção correspondente a uma dada umi-
camada de fita crepe na superfície lateral que ficara dade do papel de filtro;
descoberta pela ausência do anel, visando manter a 6. Retornou-se à etapa 1 até que se obteve pon-
integridade da amostra e a sua liberdade de varia- tos suficientes para a determinação de curvas
ção de volume, bem como sua identificação. representativas das amostras;
O processo de umedecimento se deu por efei- 7. Após a determinação do último ponto os cor-
to capilar e por uso do aspersor, conforme nível pos de prova foram mantidos na estufa por
de dificuldade. O processo de secagem ocorreu 10 dias para a determinação do peso seco.
com o auxílio da estufa, em que os corpos de pro-
va eram deixados por alguns minutos.
3.3.9 Análises químicas realizadas
O papel de filtro utilizado foi o Whatman
N° 42, de acordo com MARINHO (1995), com 70 mm Foram realizados ensaios químicos de amos-
de diâmetro e a curva de calibração de CHANDLER tras de solos sem a cal e dosados com teores de
et al (1992). 1%, 3%, 5%, 7% e 9% de cal, conforme segue lista:
62
Propriedades geotécnicas de expansão de um solo argiloso compactado com e sem adição de cal
■■ Potencial hidrogeniônico (pH) em água dosagem de cal para se verificar algum indício de
■■ Complexo sortivo (cálcio, magnésio, potássio reação entre o solo e a cal.
e sódio)
■■ Hidrogênio
■■ Alumínio 4 ResultadoS e AnáliseS
■■ Capacidade de troca catiônica (com pH 7,0)
■■ Saturação por bases, alumínio e sódio 4.1 Dosagem do solo expansivo com a cal
■■ Fósforo assimilável
Entre a dosagem e a realização dos ensaios A Figura 2 mostra que o acréscimo de cal
houve um intervalo de 80 dias, permitindo a con- permitiu um aumento considerável no valor de
frontação com os outros ensaios. Utilizou-se a me- pH, obtendo-se valores crescentes até o pico de
todologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agro- 12,42, muito próximo de 12,4 considerado como
pecuária (EMBRAPA) para a realização dos ensaios. o pH que proporciona a maior redução do po-
A determinação da capacidade de troca catiô- tencial de expansão para o teor de cal ótimo,
nica se mostrou interessante pela relação citada segundo a metodologia apresentada por EADS
por diversos autores com o potencial de expansão & GRIM (1966), TM 5-818-7, TM 5-822-14 e a
do solo, bem como com os efeitos da cal utilizada ASTM D 6276.
na estabilização. Essa elevação de pH se deve à liberação de
Já o pH em água poderá ser comparado às íons hidroxila, conforme estudos de ROGERS &
determinações de pH utilizadas inicialmente na GLENDINNING (2000) apud LOVATO (2004).
9
Dosagem de Cal
14
13
12
11
10 11,28 11,66 11,68 12,06 12,20 12,42 12,25
9 9,99
pH a 25°C
8
7
6 7,19
5
4 5,23
3 3,99
2
1
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Teor de Cal (%)
Figura
Figura22-–pH
pHdo
dosolo
solo resultante dasdosagens
resultante das dosagens com
com a cal
a cal
4.2 Caracterização
4.2 Caracterização do solo
do solo semsem a cal
a cal e ecom
com 9% de cal
limites de consistência e a porcentagem de dis-
9% de cal persão para o solo sem e com 9% de teor de cal
estãogranulométricas
As figuras 3 e 4 apresentam, respectivamente, as curvas apresentadosdonasolo Tabela
sem a3.calUtilizando-se
e do solo os
As dosado
figurascom
3 e9%4 apresentam, respectivamen- dados referentes
de cal, com e sem defloculante. A composição à composição
granulométrica, os valores degranulométrica
limites
te, as curvas granulométricas
de consistência do solo de
e a porcentagem sem a cal e para
dispersão o solo sem
e limites e com 9% de segundo
de consistência, teor de calo estão
Sistema de
do solo apresentados
dosado com na9%
Tabela 3. Utilizando-se
de cal, com e semosdeflo-
dados referentes à composição granulométrica e limites
Classificação Unificada de Solos, o solo sem de a cal
consistência, segundo o Sistema de Classificação Unificada
culante. A composição granulométrica, os valores é classificada como MH. de Solos, o solo sem a cal é classificada
como MH.
Tabela 3 - Composição granulométrica, limites de consistência e percentagem de dispersão
90
100
80
que passa
90
70
80
que passa
60
70
50
Porcentagem
60
40
50
30
Porcentagem
40
20
30
10
20
0
0,001
10 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
0 Diametro dos grãos (mm)
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
Com defloculante Sem defloculante
Diametro dos grãos (mm)
100
80
que passa
90
70
80
60
que passa
70
50
60
40
Porcentagem
50
30
40
Porcentagem
20
30
10
20
0
10
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
0
Diametro dos grãos (mm)
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
Com defloculante Sem defloculante
Diametro dos grãos (mm)
Com defloculante
Figura 4 - Curvas granulométricas do solo com 9% deSem
cal, defloculante
com e sem defloculante
Figura
O solo sem 4 -segundo
a cal, Curvas os granulométricas do solo
critérios do Sistema decom 9% de cal,Unificado
Classificação com e sem de defloculante
Solos (ASTM, 1983
Figura
apud 4 – Curvas
OLIVEIRA granulométricas
& BRITO, do solo
1998), é classificado com
como MH.9% de cal, com e sem defloculante
O solo sem a cal, segundo os critérios do Sistema de Classificação Unificado de Solos (ASTM, 1983
apud OLIVEIRA
Conforme definição& BRITO, 1998),
da maioria é classificado como
das classificações MH.
de solos expansivos (CHEN, 1998) o solo analisado
O solo sem possui
a cal,umasegundo os comum
característica critérios doosSis-
a todos analisado
solos expansivos, pois,possui
apresentauma característica
um elevado percentual comum a to-
Conforme
de partículasdefinição
menoresdadomaioria
queSolosdas mm
0,002 classificações de solospode
(52%), conforme expansivos (CHEN, 1998)
ser vistoexpansivos,
na Figura 3. o solo analisado
tema de Classificação Unificado de (ASTM, dos os solos
possui uma característica comum a todos os solos expansivos, pois, apresenta um elevado percentual pois, apresenta um eleva-
1983 apud OLIVEIRA & BRITO, 1998), é classifi- do percentual de partículas menores do que 0,002
de
A partículas
adição de menores
cal permitiudo que
um 0,002
aumento mm no(52%), conforme
percentual de pode ser
partículas visto
de na
texturaFigura
mais 3.
grossa, conforme se
observa na Figura 4, correspondente à curva granulométrica referente ao solo com 9% de cal. Ainda na
cado como MH. Figura
A adição 4 de cal permitiu
observa-se queum aumento
ocorreu no percentual
considerável
mm
de (52%),
partículas
desencontro
conforme
nasdecurvas
textura mais
das
pode
grossa,
amostras
ser visto
conforme
com e sem se na Figura 3.
observa na Figura 4, correspondente à curva granulométrica referente ao solo com 9% de cal. Ainda na
Conforme definição
defloculante no daintervalo
Figura 4 observa-se
maioria das àclassifi-
referente
que ocorreu
fração areia. Tal fatoA pode
adição de
ser explicado calporpermitiu
fenômenos de um aumento no
tambémconsiderávelfraçãodesencontro nasà curvas dascal.
amostras com e sem
cações de solos floculação
expansivos
defloculante
e/ou aglomeração
(CHEN,
no intervalo 1998)ànessa
referente o solo
fração
em decorrência
areia. percentual
Tal fato pode ser
adição de
deexplicado
partículas de textura
por fenômenos de mais grossa,
floculação
Na Tabela e/ou
4 se aglomeração também
observa o efeito nessa fração
da adição em decorrência
de diferentes à adição
percentuais de cal.
de cal ao solo na plasticidade,
sendo evidentes as alterações nas características plásticas do solo.
64 Na Tabela 4 se observa o efeito da adição de diferentes percentuais de cal ao solo na plasticidade,
sendo evidentes as alterações nas características plásticas do solo.
Propriedades geotécnicas de expansão de um solo argiloso compactado com e sem adição de cal
Limite de liquidez
Amostra Limite de plasticidade (%) Índice de plasticidade (%)
(%)
9% cal NL NP NP
7% cal 58,3 44,4 13,9
11
5% cal 58,5 45,9 12,6
3% cal 77,8 4 - Limites de consistência e plasticidade
Tabela 50,2 27,6
1% cal 78,4 de liquidez
Limite 55,4 23,0
Amostra Limite de plasticidade (%) Índice de plasticidade (%)
(%)
0% cal 9% cal
90,9 NL NP
59,7 NP
31,2
7% cal 58,3 44,4 13,9
5% cal 58,5 45,9 12,6
3% cal 77,8 50,2 27,6
Através do confronto entre as composições principalmente, à capacidade da cal em flocular
1% cal 78,4 55,4 23,0
granulométricas e os limites de consistência do e aglomerar as partículas devido ao aumento da
0% cal 90,9 59,7 31,2
solo sem a cal e com 9% de cal, conforme Tabe- concentração eletrolítica e redução da espessura
Através do confronto entre as composições granulométricas e os limites de consistência do solo sem a
la 3 e Figura 5, conclui-se
cal e com 9%que
de cal,aconforme
cal proporcionou
Tabela 3 e Figura 5, da camada
conclui-se que a dupla difusa,uma
cal proporcionou visto que a cal possibilita
alteração
uma alteração considerável na textura do solo e um equilíbrio da deficiência de àcarga elétrica da
considerável na textura do solo e no seu comportamento plástico. Tal fato se deve, principalmente,
capacidade da cal em flocular e aglomerar as partículas devido ao aumento da concentração eletrolítica
no seu comportamento plástico.
e redução da Tal
espessura da fatodupla
camada se deve,
difusa, vistopartícula de argila.
que a cal possibilita um equilíbrio da deficiência
de carga elétrica da partícula de argila.
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
Diametro dos grãos (mm)
FiguraFigura 5 - Curvas granulométricas do solo natural sem a cal versus solo com 9% de cal
5 – Curvas granulométricas do solo natural sem a cal versus solo com 9% de cal
65
12
Limites de Consistência
100 Limite de
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental Liquidez (%)
80 12
Teor de Umidade%)
60 Limite de
Limites de Consistência Plasticidade
40100 Limite
(%) de
Liquidez
Índice(%)
de
20 80
Teor de Umidade%)
Plasticidade
Limite de
0 60 (%)
Plasticidade
0
40 1 2 3 4 5 6 7 8 (%)
Dosagem de Cal (%) Índice de
20
Plasticidade
0 (%)
0 Figura
1 26 - Limite
3 de
4 plasticidade
5 6 e de7 liquidez
8
Dosagem de Cal (%)
Próctor Normal
Próctor Normal
Massa Específica Aparente Seca
1350
Aparente Seca
1300
1350
Solo sem a cal
1250
1300
Solo sem a cal
1250
1200 Solo + 9% Cal
(kg/m³)
Figura 7 –7 Ensaio
Figura
Figura –7 –Ensaiode
Ensaio decompactação
de compactação dosolo
do
compactação do solosem
solo sem
sem ecom
e ecomcom adição
adição
adição calde
dede calcal
66
13
13
Propriedades geotécnicas de expansão de um solo argiloso compactado com e sem adição de cal
13
Aparente
Normal
Massa Específica Aparente Seca Máxima (KN/m³) - Próctor
(KN/m³)
Aparente
13,50
(KN/m³)
13,50 Normal
13,00
Aparente
13,00
(KN/m³)
13,50
Específica
12,50
Máxima
Específica
12,50
13,00
Máxima
12,00
12,00
Específica
Máxima
Seca 12,50
11,50
11,50 0
Massa
12,00 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
SecaSeca
Massa
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
11,50 Dosagem de Cal (%)
Massa
0 1 2 3 4 de 5Cal (%)6
Dosagem 7 8 9 10
50
50 Teor de Umidade Ótima (%) - Próctor Normal
Ótima
40
Ótima
(%)
40
50
30
Umidade
Ótima
30
40
20
Umidade
20
30
10
Umidade
10
20
dede
0
deTeor
100 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Teor Teor
0 1 2 3 Dosagem
4 5 Cal (%)
de 6 7 8 9 10
0
0 1 2 3 Dosagem
4 5de Cal 6(%) 7 8 9 10
Dosagem de Cal (%)
Figura 9 – Variação do teor de umidade ótima em relação ao teor de cal
Figura 9 – Variação do teor de umidade ótima em relação ao teor de cal
Figura 9 – Variação do teor de umidade ótima em relação ao teor de cal
Figura 9 – Variação do teor de umidade ótima em relação ao teor de cal
4.4 Potencial de expansão e pressão de expansão
4.4 Potencial de expansão e pressão de expansão
4.4 Potencial de expansão e pressão de expansão
4.4 Potencial de expansão e pressão de expansão
As figuras 10 e 11 apresentam os resultados dos ensaios de potencial de expansão e de pressão de
As figuras 10 e 11 apresentam os resultados dos ensaios de potencial de expansão e de pressão de
Asexpansão.
figuras 10 e 11 apresentam os resultados dos ensaios de potencial de expansão e de pressão de
expansão.
expansão. figuras 10 e 11 apresentam os resultados dos ensaios de potencial de expansão e de pressão de
As
expansão. 40
40
35
(%) (%)(%)
35
40
30
Expansão
30
35
Expansão
25
25
30
20
de Expansão
20
25
dede
15
15
Potencial
20
10
Potencial
10
15
5
5
Potencial
10
0
50 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0 1 2 3 4 de5Cal (%)6
Teor 7 8 9 10
0
0 1 2 3 Teor
4 de5Cal (%)
6 7 8 9 10
Teor de Cal (%)
Figura 10 - Potencial de expansão relacionada à dosagem de cal
Figura 10 - Potencial de expansão relacionada à dosagem de cal
Figura 10 - Potencial de expansão relacionada à dosagem de cal
Figura 10 – Potencial de expansão relacionada à dosagem de cal
67
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
14
400
Para Para
o solo sem
o solo sema acal
caldeterminou-se
determinou-se umum po- de expansão
potencial c. A cal fornece
de 27,5%cátions para equilibrar
e uma pressão de expansãoa superfí-
tencial dedeexpansão de 27,5% eemuma
213 kPa. Observou-se relaçãopressão sem a cal, a cie
ao solo de dodeargilomineral
partir e, conseqüentemente,
3%, uma diminuição do potencial di-
expansão dedeexpansão
213 kPa.e da pressão de expansão.
Observou-se em relação Paraaoo teor de 1% houveaacréscimo
minuir espessura tanto
da no potencial
camada de difusa,
dupla
expansão quanto da pressão de expansão resultando, respectivamente,diminuindo33,5% e 335 kPa.
a presença Enquanto,
de água.
solo sem apara
cal,o ateor
partir de 3%, uma diminuição do
de 9% de cal, praticamente eliminou a expansão e reduziu a pressão de expansão para 7
potencial kPa.
de expansão e da pressão de expansão. d. A elevação do teor de umidade ótima contribui
Para o teor de 1% houve acréscimo tanto no po- para que o solo já inicie o fenômeno de expan-
Segundo NELSON & MILLER (1992), a cal permite boa reatividade são a partir quando
de umo pHteor
do solo é maior do mais ele-
de umidade
tencial deque
expansão quanto da pressão de expan-
7, o que explica porque o solo estudado aumentou o potencial de expansão e a pressão de
são resultando, respectivamente, vado, bem como com menor sucção. Logo, ele
expansão, para o teor de 1%,33,5% e 335
visto que, kPa. se observa
conforme na Figura 2, o pH é de 5,23, portanto
Enquanto,inferior
para ao o teor
pH quedepermite
9% deboa cal,reatividade.
praticamente iniciará de uma condição mais expandida do
eliminou Pode-se
a expansão e reduziu a pressão de ex- que o solo sem a cal, diminuindo o potencial
explicar a redução no potencial de expansão e nade pressão de expansão
expansão. para teor
Todavia, tal de cal não
fato igual está rela-
pansão para 7 kPa. a 3%, até 9%, pelos seguintes fatores:
ou superior
cionado à diminuição da pressão de expansão,
Segundo NELSON & MILLER (1992), a cal
a. A redução na massa específica aparente seca contribui conforme
para queapresentado por CHEN
as partículas tenham menores(1988).
permite boa reatividade quando o pH do solo é
forças de repulsão. Logo, a pressão de expansão resultante, considerando corpos de prova
maior do que 7, omoldados
que explicacom porque
teores deo umidades
solo estuda-ótimas e as mesmas energias de compactação, sofrerá
do aumentou o potencial
redução. de expansão e a pressão 4.5 Curva característica da umidade do solo
de expansão, para o teor de 1%, visto que, confor-
b. A diminuição da sucção matricial contribui para que o solo tenha menos afinidade por água, o
me se observa naque Figura 2, oapH
diminui é de 5,23,
quantidade de portanto
água disponível paraOs equilibrar
corpos de prova de
a excesso utilizados na determi-
carga elétrica
inferior ao pH que permite
negativa boa reatividade.
da superfície do mineral expansivo. nação da curva característica foram moldados de
Pode-se explicar a redução no potencial de amostras compactadas dinamicamente, tendo o
c. A cal fornece cátions para equilibrar a superfície do argilomineral e, conseqüentemente,
expansão e na pressão ensaio de compactação sido realizado com acrés-
diminuir ade expansão
espessura para dupla
da camada teor de
difusa, diminuindo a presença de água.
cal igual ou superior a 3%, até 9%, pelos seguintes cimo sucessivo de água, semelhante à curva de
d. A elevação do teor de umidade ótima contribui para que o solo
umedecimento já inicie o fenômeno
na determinação de
da sucção. Veri-
fatores:
expansão a partir de um teor de umidade mais elevado,que
ficou-se bemocomo
teor com
de menor sucção.
umidade ótimaLogo,
de 44% cor-
a) A redução na ele massa específica
iniciará de aparente
uma condição seca
mais expandida do que o solo sem a cal, diminuindo o potencial
contribui para que as partículas
de expansão. Todavia, taltenham
fato não me- responde
está relacionado a uma sucção
à diminuição matricial,
da pressão na curva carac-
de expansão,
nores forçasconforme apresentado
de repulsão. poraCHEN
Logo, pressão(1988).
de terística de umedecimento, de aproximadamente
10 kPa, conforme se pode observar na Figura 12.
expansão resultante, considerando corpos de
Observa-se, na Figura 12 que a variação da
prova moldados com teores de umidades óti-
sucção com a umidade do solo sem cal e com 9%
mas 4.5 Curva característica da umidade do solo
e as mesmas energias de compactação,
de cal até 1500 kPa foi muito reduzida porque o
sofrerá redução.
tempo de cura do solo com 9% de cal utilizado na
Os corpos dedaprova
b) A diminuição utilizados
sucção na determinação
matricial contribuida curva característica foram moldados de amostras
determinação do pontocom inicial dasucessivo
curva caracterís-
para compactadas
que o solodinamicamente,
tenha menostendo o ensaio de compactação
afinidade por tica foi de sido realizado
apenas
acréscimo
de água, semelhante à curva de umedecimento na determinação da sucção.21Verificou-se
dias, desteque modo,
o teorodesolo ainda
água, o que diminui a quantidade de água estava submetido à variação de volume. Abaixo
disponível para equilibrar a excesso de car- de 1500 kPa, já com o tempo de cura de aproxima-
ga elétrica negativa da superfície do mineral damente 40 dias a diferença de sucção entre o solo
expansivo. sem e com adição de cal aumentou pois o efeito da
68
15
umidade ótima de 44% corresponde a uma sucção matricial, na curva característica de umedecimento,
de aproximadamente 10 kPa, conforme se pode observar na Figura 12.
Propriedades geotécnicas de expansão de um solo argiloso compactado com e sem adição de cal
Observa-se, na Figura 12 que a variação da sucção com a umidade do solo sem cal e com 9% de cal
até 1500 kPa foi muito reduzida porque o tempo de cura do solo com 9% de cal utilizado na
sucção devido à açãodo
determinação eletrostática
ponto inicial edaà curva
capilaridade
característica foi deEm relação
apenas 21 dias,à deste
expansão
modo, odo
solosolo,
ainda para um
é reduzido devido
estava à presença
submetido da cal.de volume. Abaixo dado
à variação de 1500teorkPa,
de jáumidade,
com o tempo uma desucção
cura demenor im-
aproximadamente 40 dias a diferença de sucção entre o solo sem e com
Na Figura 13 o valor da sucção do solo com plica numa menor afinidade por água. adição de cal aumentou pois o Logo,
efeito da sucção devido à ação eletrostática e à capilaridade é reduzido devido à presença da cal.
9% de cal, até aproximadamente 4000 kPa, é infe- estará menos sujeito a variações de umidade e,
rior ao doNa
solo sem13
Figura cal, isso ocorre
o valor da sucçãoporque
do soloa com
presen- conseqüentemente,
9% de cal, até aproximadamentea4000variações de volume.
kPa, é inferior ao Além
do solo sem cal, isso ocorre porque a presença da cal induz a um aumento na
ça da cal induz a um aumento na granulometria e disso, a menor sucção é resultante também da granulometria e a uma
redução no efeito de adsorção entre as partículas. Como conseqüência, tem-se uma redução de volume
a uma redução no efeito de adsorção entre as partí- contribuição da cal na diminuição da deficiência
por contração no solo sem cal superior a do solo com cal. Somente a partir de 30% de umidade e 4000
culas. Como
kPa conseqüência,
é que o solo passatem-se uma redução
a ter o mesmo de por
comportamento carga de
de variação elétrica
volumedaporsuperfície
contração. do argilomineral.
volume por contração no solo sem cal superior a do Com isso, menos moléculas de água serão neces-
Em relação à expansão do solo, para um dado teor de umidade, uma sucção menor implica numa
solo com cal. Somente a partir de 30% de umidade sárias para alcançar o equilíbrio, o que diminui a
menor afinidade por água. Logo, estará menos sujeito a variações de umidade e, conseqüentemente, a
e 4000 kPavariações odesolo
é que passa
volume. a terdisso,
Além o mesmo
a menorcom-
sucção afinidade
é resultante por água
também da do solo e adaespessura
contribuição cal na da ca-
portamento de variação
diminuição de volume
da deficiência porpor contração.
carga mada dupla
elétrica da superfície difusa.
do argilomineral. Com isso, menos
moléculas de água serão necessárias para alcançar o equilíbrio, o que diminui a afinidade por água do
solo e a espessura da camada dupla difusa.
UMEDECIMENTO
60
Teor de Umidade Gravimétrica
55
50 C002 - 9% Cal -
45 Umedecimento
40 C008 - 9% Cal -
35 Umedecimento
(%)
30
N007 - 0% Cal -
25
Umedecimento
20
15 N015 - 0% Cal -
1 10 100 1000 10000 100000 Umedecimento
Sucção matricial (kPa)
Figura 12 - Curva característica de umidade do solo com e sem adição de cal –trajetória de
Figura 12 – Curva característica de umidade do solo com e sem adição de cal –trajetória de umedecimento
umedecimento
16
SECAGEM
60
Teor de Umidae Gravimétrico
55
50
45
C015 - 9% Cal -
40 Secagem
(kPa)
35
30 C014 - 9% Cal -
25 Secagem
20 N015 - 0% Cal -
15 Secagem
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção matricial (kPa)
Figura 13 - Curva característica de umidade do solo com e sem adição de cal – trajetória de
Figura 13 – Curva característica de umidade do solo com e sem adição de cal – trajetória de secagem
secagem
A Tabela 5 apresenta
A Tabela osos
5 apresenta resultados dacaracterização
resultados da caracterização química
química do solo do soloestudado,
argiloso argilosocom
estudado,
e sem com e sem
adição
adição de cal. de cal.
Saturação por bases (V) (%) 69,00 81,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Saturação por Alumínio (%) 26,86 17,50 0,00 0,00 0,00 0,00
Saturação por Sódio (%) 0,94 1,84 3,32 4,19 5,47 5,42
Determinação do pH
14 12,42 12,25
12,06 12,2
13 11,28 11,66 11,68
12
11 9,99 11,2 11,3
10 10,5
9 7,19
pH a 25°C
8 8,2
7 5,23
6
5 3,99 4,7
4 3,9
3
2
1
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Dosagem de Cal (%)
Figura
Figura 14 14 - pHapós
– pH apósdosagem
dosagem eepH
pHapós
após8080
dias de de
dias cura
cura
A capacidade de troca catiônica está relacionada à estabilidade do argilomineral. Conforme pode ser
observado na Figura 15, ela decresce com o aumento do teor de cal até 9%, resultando na menor
capacidade de troca catiônica, coincidindo com o percentual que resultou em menores valores de
A capacidade de de
potencial troca catiônica
expansão está
e de pressão relacio-
de expansão. Por ter maior afinidade com o argilomineral,
nada à estabilidade do argilomineral. Conforme os2+íons Ca2+ substituem outros íons, como o Na+ e
Por ter maior afinidade com o argilomineral, os íons Ca substituem outros íons, como o Na+ e o K+,
pode ser observado na Figura
de acordo com a carga15,elétrica
ela decresce superfícieodo
negativa dacom
+
, de acordo
Kargilomineral. com adacarga
O aumento elétrica
densidade dos negativa da
o aumento do teor de cal até 9%, resultando na me- superfíciededo
íons diminui a capacidade de troca catiônica, reduzindo o potencial mudança de volume.
argilomineral. O aumento da den-
nor capacidade de troca catiônica, coincidindo com sidade dos íons diminui a capacidade de troca
140
o percentual que resultou em menores valores de catiônica, reduzindo o potencial de mudança de
119,89
cidade de Troca Catiônica
120
m pH neutro (meq/100g)
Por ter maior afinidade com o argilomineral, os íons Ca2+ substituem outros íons, como o Na+ e o K+,
de acordo com a carga Propriedades geotécnicas
elétrica negativa de expansão
da superfície de um soloOargiloso
do argilomineral. aumentocompactado comdos
da densidade e sem adição de cal
íons diminui a capacidade de troca catiônica, reduzindo o potencial de mudança de volume.
140
119,89
5 CONCLUSÕES
71
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
DEPARTMENTS OF THE ARMY USA. TM 5-822- NELSON, J. D. & MILLER, D. J. Expansive soils,
14/AFMAN: Soil stabilization for pavements. New York: John Wiley & Sons, Inc, 1992.
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outubro de 1995.
72
PROPRIEDADES GEOTÉCNICAS DE
EXPANSÃO DE UM SOLO ARGILOSO
COMPACTADO COM E SEM ADIÇÃO DE CAL
Resumo ABSTRACT
57
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
58
Propriedades geotécnicas de expansão de um solo argiloso compactado com e sem adição de cal
Foram realizados ensaios de caracterização A cal utilizada é do tipo CH-I, definida pela
física e química, ensaios de compactação, deter- NBR 7175, segundo Tabela 1:
minação do teor da cal e da sucção matricial, po-
tencial de expansão e pressão de expansão, para
corpos de prova sem e com adição de cal.
59
do tipo CH-I, definida pela NBR 7175, segundo Tabela 1:
Tabela 1 - Composição da cal segundo NBR 7175
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
CH-I CH-II CH-III
Na fábrica ≤5% ≤5% ≤13%
No depósito Embora ≤7%
os tipos de cal hidratada,
≤7% segundo ≤15%
que poderia adicionar mais uma variável ao com-
≤10%não influenciavam
alguns autores, ≤15% consideravel- ≤15%
portamento dos ensaios.
não-voláteis ≥90% ≥88% ≥88%
mente nos resultados, para essa pesquisa foi sele-
cionada essa cal devido à menor presença de CO2,
de cal hidratada, o que diminui
segundo alguns aautores,
influência
não de outras espécies
influenciavam quí- 3.3.3 Determinação
consideravelmente nos do potencial
essa pesquisa foi selecionada
micas além essa cal devido
daquelas à menor presença
relacionadas de CO2da
ao interesse hidrogeniônico (pH)
, o que diminui
utras espécies químicas além daquelas relacionadas ao interesse da pesquisa.
pesquisa.
Com um pH-metro digital procedeu-se à
determinação do pH de uma amostra sem cal e
3.3.2 Dosagem da cal utilizada amostras de solo dosadas com percentuais de 1%
EM DA CAL UTILIZADA
a 10% de cal, variando de 1% em 1%, com base na
Todas as dosagens realizadas com cal e solo,
TM 5-822-14, com algumas adaptações principal-
ns realizadas compara
cal etodos os ensaios,
solo, para todos osforam efetuadas
ensaios, em peso
foram efetuadas em peso seco,
mente devido aos equipamentos disponíveis.
(1) que se segue: seco, segundo equação (1) que se segue:
60
Propriedades geotécnicas de expansão de um solo argiloso compactado com e sem adição de cal
61
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
A moldagem dinâmica foi escolhida por permitir As equações (2) e (3) foram utilizadas como
que os resultados dos ensaios pudessem ser com- curva de calibração para o papel de filtro do ensaio:
paráveis aos dos ensaios de compactação, embora Umidade do papel de filtro (w) ≤ 47%: Sucção
esse tipo de moldagem permita menor controle (kPa) = 10(4,84-0,0622w) (2)
sobre a massa específica aparente seca. Umidade do papel de filtro (w) > 47%: Sucção
Foram realizados ensaios de compactação (kPa) = 10(6,05-2,48logw) (3)
para a determinação da massa específica aparente O tempo de equilíbrio foi de 7 dias, conforme
seca máxima e da umidade ótima com a aplicação orientação de MARINHO (1995).
de energia do próctor normal, sendo o solo cura- Abaixo segue o procedimento para a deter-
do durante 15 dias antes dos ensaios de compacta- minação da sucção e obtenção da curva caracterís-
ção, como medida de diminuição de influência do tica da umidade do solo.
decorrer das reações químicas entre o solo e a cal 1. Os corpos de prova eram umedecidos ou res-
no início das determinações de sucção. secados até que a umidade variasse em torno
Em seguida, foram compactados corpos de de 5%, para os corpos de prova de solo sem a
prova no cilindro de próctor com amostras de solo cal e 3% para os corpos de prova de solo com
sem a cal e com 9% de cal, segundo os parâmetros 9% de cal;
dos ensaios de compactação. Na seqüência, foram 2. Pesaram-se os corpos de prova e em seguida
extraídos e cravados anéis em cada um, sendo um foram adicionados os papéis de filtro, corta-
na porção superior, outro no centro e outro na dos em quatro, sendo um na face em contato
porção inferior. direto com o solo (sucção matricial) e um so-
Após a devida raspagem dos materiais ex- bre dois pedaços de tela circulares, mantendo
cedentes e pesagem, os corpos de prova molda- uma distância em torno de 6 mm. Foram apli-
dos com os anéis foram deixados expostos para cadas várias camadas de filme de PVC, iso-
secagem natural, visando a redução de volume lando o corpo de prova do contato com o ar
por contração, o suficiente para que se descolas- atmosférico e apertando-se bem para manter
sem do anel, com isso, a integridade do corpo de seguro o contato com o papel de filtro;
prova foi mantida, visto que não foi utilizada ação 3. Em seguida foram envolvidos individual-
mecânica para a sua retirada. mente em folhas de alumínio, servido de pro-
A retirada do anel visava à manutenção de teção contra a luminosidade e colocados em
iguais condições de confinamento lateral do cor- uma caixa de isopor de espessura de 30 mm;
po de prova durante acréscimos e decréscimos de 4. Decorridos 7 dias, foram retirados os papéis
teor de umidade visto que, a depender da varia- de filtro rapidamente com uma pinça e pesa-
ção do seu volume, ora o anel proporcionaria con- dos com precisão de 10-4g;
finamento, ora não, o que poderia influenciar nos 5. Lançou-se na curva de calibração de
resultados dos ensaios. CHANDLER et al (1992) para a determinação
Em seguida cada corpo de prova recebeu uma da sucção correspondente a uma dada umi-
camada de fita crepe na superfície lateral que ficara dade do papel de filtro;
descoberta pela ausência do anel, visando manter a 6. Retornou-se à etapa 1 até que se obteve pon-
integridade da amostra e a sua liberdade de varia- tos suficientes para a determinação de curvas
ção de volume, bem como sua identificação. representativas das amostras;
O processo de umedecimento se deu por efei- 7. Após a determinação do último ponto os cor-
to capilar e por uso do aspersor, conforme nível pos de prova foram mantidos na estufa por
de dificuldade. O processo de secagem ocorreu 10 dias para a determinação do peso seco.
com o auxílio da estufa, em que os corpos de pro-
va eram deixados por alguns minutos.
3.3.9 Análises químicas realizadas
O papel de filtro utilizado foi o Whatman
N° 42, de acordo com MARINHO (1995), com 70 mm Foram realizados ensaios químicos de amos-
de diâmetro e a curva de calibração de CHANDLER tras de solos sem a cal e dosados com teores de
et al (1992). 1%, 3%, 5%, 7% e 9% de cal, conforme segue lista:
62
Propriedades geotécnicas de expansão de um solo argiloso compactado com e sem adição de cal
■■ Potencial hidrogeniônico (pH) em água dosagem de cal para se verificar algum indício de
■■ Complexo sortivo (cálcio, magnésio, potássio reação entre o solo e a cal.
e sódio)
■■ Hidrogênio
■■ Alumínio 4 ResultadoS e AnáliseS
■■ Capacidade de troca catiônica (com pH 7,0)
■■ Saturação por bases, alumínio e sódio 4.1 Dosagem do solo expansivo com a cal
■■ Fósforo assimilável
Entre a dosagem e a realização dos ensaios A Figura 2 mostra que o acréscimo de cal
houve um intervalo de 80 dias, permitindo a con- permitiu um aumento considerável no valor de
frontação com os outros ensaios. Utilizou-se a me- pH, obtendo-se valores crescentes até o pico de
todologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agro- 12,42, muito próximo de 12,4 considerado como
pecuária (EMBRAPA) para a realização dos ensaios. o pH que proporciona a maior redução do po-
A determinação da capacidade de troca catiô- tencial de expansão para o teor de cal ótimo,
nica se mostrou interessante pela relação citada segundo a metodologia apresentada por EADS
por diversos autores com o potencial de expansão & GRIM (1966), TM 5-818-7, TM 5-822-14 e a
do solo, bem como com os efeitos da cal utilizada ASTM D 6276.
na estabilização. Essa elevação de pH se deve à liberação de
Já o pH em água poderá ser comparado às íons hidroxila, conforme estudos de ROGERS &
determinações de pH utilizadas inicialmente na GLENDINNING (2000) apud LOVATO (2004).
9
Dosagem de Cal
14
13
12
11
10 11,28 11,66 11,68 12,06 12,20 12,42 12,25
9 9,99
pH a 25°C
8
7
6 7,19
5
4 5,23
3 3,99
2
1
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Teor de Cal (%)
Figura
Figura22-–pH
pHdo
dosolo
solo resultante dasdosagens
resultante das dosagens com
com a cal
a cal
4.2 Caracterização
4.2 Caracterização do solo
do solo semsem a cal
a cal e ecom
com 9% de cal
limites de consistência e a porcentagem de dis-
9% de cal persão para o solo sem e com 9% de teor de cal
estãogranulométricas
As figuras 3 e 4 apresentam, respectivamente, as curvas apresentadosdonasolo Tabela
sem a3.calUtilizando-se
e do solo os
As dosado
figurascom
3 e9%4 apresentam, respectivamen- dados referentes
de cal, com e sem defloculante. A composição à composição
granulométrica, os valores degranulométrica
limites
te, as curvas granulométricas
de consistência do solo de
e a porcentagem sem a cal e para
dispersão o solo sem
e limites e com 9% de segundo
de consistência, teor de calo estão
Sistema de
do solo apresentados
dosado com na9%
Tabela 3. Utilizando-se
de cal, com e semosdeflo-
dados referentes à composição granulométrica e limites
Classificação Unificada de Solos, o solo sem de a cal
consistência, segundo o Sistema de Classificação Unificada
culante. A composição granulométrica, os valores é classificada como MH. de Solos, o solo sem a cal é classificada
como MH.
Tabela 3 - Composição granulométrica, limites de consistência e percentagem de dispersão
90
100
80
que passa
90
70
80
que passa
60
70
50
Porcentagem
60
40
50
30
Porcentagem
40
20
30
10
20
0
0,001
10 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
0 Diametro dos grãos (mm)
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
Com defloculante Sem defloculante
Diametro dos grãos (mm)
100
80
que passa
90
70
80
60
que passa
70
50
60
40
Porcentagem
50
30
40
Porcentagem
20
30
10
20
0
10
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
0
Diametro dos grãos (mm)
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
Com defloculante Sem defloculante
Diametro dos grãos (mm)
Com defloculante
Figura 4 - Curvas granulométricas do solo com 9% deSem
cal, defloculante
com e sem defloculante
Figura
O solo sem 4 -segundo
a cal, Curvas os granulométricas do solo
critérios do Sistema decom 9% de cal,Unificado
Classificação com e sem de defloculante
Solos (ASTM, 1983
Figura
apud 4 – Curvas
OLIVEIRA granulométricas
& BRITO, do solo
1998), é classificado com
como MH.9% de cal, com e sem defloculante
O solo sem a cal, segundo os critérios do Sistema de Classificação Unificado de Solos (ASTM, 1983
apud OLIVEIRA
Conforme definição& BRITO, 1998),
da maioria é classificado como
das classificações MH.
de solos expansivos (CHEN, 1998) o solo analisado
O solo sem possui
a cal,umasegundo os comum
característica critérios doosSis-
a todos analisado
solos expansivos, pois,possui
apresentauma característica
um elevado percentual comum a to-
Conforme
de partículasdefinição
menoresdadomaioria
queSolosdas mm
0,002 classificações de solospode
(52%), conforme expansivos (CHEN, 1998)
ser vistoexpansivos,
na Figura 3. o solo analisado
tema de Classificação Unificado de (ASTM, dos os solos
possui uma característica comum a todos os solos expansivos, pois, apresenta um elevado percentual pois, apresenta um eleva-
1983 apud OLIVEIRA & BRITO, 1998), é classifi- do percentual de partículas menores do que 0,002
de
A partículas
adição de menores
cal permitiudo que
um 0,002
aumento mm no(52%), conforme
percentual de pode ser
partículas visto
de na
texturaFigura
mais 3.
grossa, conforme se
observa na Figura 4, correspondente à curva granulométrica referente ao solo com 9% de cal. Ainda na
cado como MH. Figura
A adição 4 de cal permitiu
observa-se queum aumento
ocorreu no percentual
considerável
mm
de (52%),
partículas
desencontro
conforme
nasdecurvas
textura mais
das
pode
grossa,
amostras
ser visto
conforme
com e sem se na Figura 3.
observa na Figura 4, correspondente à curva granulométrica referente ao solo com 9% de cal. Ainda na
Conforme definição
defloculante no daintervalo
Figura 4 observa-se
maioria das àclassifi-
referente
que ocorreu
fração areia. Tal fatoA pode
adição de
ser explicado calporpermitiu
fenômenos de um aumento no
tambémconsiderávelfraçãodesencontro nasà curvas dascal.
amostras com e sem
cações de solos floculação
expansivos
defloculante
e/ou aglomeração
(CHEN,
no intervalo 1998)ànessa
referente o solo
fração
em decorrência
areia. percentual
Tal fato pode ser
adição de
deexplicado
partículas de textura
por fenômenos de mais grossa,
floculação
Na Tabela e/ou
4 se aglomeração também
observa o efeito nessa fração
da adição em decorrência
de diferentes à adição
percentuais de cal.
de cal ao solo na plasticidade,
sendo evidentes as alterações nas características plásticas do solo.
64 Na Tabela 4 se observa o efeito da adição de diferentes percentuais de cal ao solo na plasticidade,
sendo evidentes as alterações nas características plásticas do solo.
Propriedades geotécnicas de expansão de um solo argiloso compactado com e sem adição de cal
Limite de liquidez
Amostra Limite de plasticidade (%) Índice de plasticidade (%)
(%)
9% cal NL NP NP
7% cal 58,3 44,4 13,9
11
5% cal 58,5 45,9 12,6
3% cal 77,8 4 - Limites de consistência e plasticidade
Tabela 50,2 27,6
1% cal 78,4 de liquidez
Limite 55,4 23,0
Amostra Limite de plasticidade (%) Índice de plasticidade (%)
(%)
0% cal 9% cal
90,9 NL NP
59,7 NP
31,2
7% cal 58,3 44,4 13,9
5% cal 58,5 45,9 12,6
3% cal 77,8 50,2 27,6
Através do confronto entre as composições principalmente, à capacidade da cal em flocular
1% cal 78,4 55,4 23,0
granulométricas e os limites de consistência do e aglomerar as partículas devido ao aumento da
0% cal 90,9 59,7 31,2
solo sem a cal e com 9% de cal, conforme Tabe- concentração eletrolítica e redução da espessura
Através do confronto entre as composições granulométricas e os limites de consistência do solo sem a
la 3 e Figura 5, conclui-se
cal e com 9%que
de cal,aconforme
cal proporcionou
Tabela 3 e Figura 5, da camada
conclui-se que a dupla difusa,uma
cal proporcionou visto que a cal possibilita
alteração
uma alteração considerável na textura do solo e um equilíbrio da deficiência de àcarga elétrica da
considerável na textura do solo e no seu comportamento plástico. Tal fato se deve, principalmente,
capacidade da cal em flocular e aglomerar as partículas devido ao aumento da concentração eletrolítica
no seu comportamento plástico.
e redução da Tal
espessura da fatodupla
camada se deve,
difusa, vistopartícula de argila.
que a cal possibilita um equilíbrio da deficiência
de carga elétrica da partícula de argila.
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
Diametro dos grãos (mm)
FiguraFigura 5 - Curvas granulométricas do solo natural sem a cal versus solo com 9% de cal
5 – Curvas granulométricas do solo natural sem a cal versus solo com 9% de cal
65
12
Limites de Consistência
100 Limite de
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental Liquidez (%)
80 12
Teor de Umidade%)
60 Limite de
Limites de Consistência Plasticidade
40100 Limite
(%) de
Liquidez
Índice(%)
de
20 80
Teor de Umidade%)
Plasticidade
Limite de
0 60 (%)
Plasticidade
0
40 1 2 3 4 5 6 7 8 (%)
Dosagem de Cal (%) Índice de
20
Plasticidade
0 (%)
0 Figura
1 26 - Limite
3 de
4 plasticidade
5 6 e de7 liquidez
8
Dosagem de Cal (%)
Próctor Normal
Próctor Normal
Massa Específica Aparente Seca
1350
Aparente Seca
1300
1350
Solo sem a cal
1250
1300
Solo sem a cal
1250
1200 Solo + 9% Cal
(kg/m³)
Figura 7 –7 Ensaio
Figura
Figura –7 –Ensaiode
Ensaio decompactação
de compactação dosolo
do
compactação do solosem
solo sem
sem ecom
e ecomcom adição
adição
adição calde
dede calcal
66
13
13
Propriedades geotécnicas de expansão de um solo argiloso compactado com e sem adição de cal
13
Aparente
Normal
Massa Específica Aparente Seca Máxima (KN/m³) - Próctor
(KN/m³)
Aparente
13,50
(KN/m³)
13,50 Normal
13,00
Aparente
13,00
(KN/m³)
13,50
Específica
12,50
Máxima
Específica
12,50
13,00
Máxima
12,00
12,00
Específica
Máxima
Seca 12,50
11,50
11,50 0
Massa
12,00 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
SecaSeca
Massa
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
11,50 Dosagem de Cal (%)
Massa
0 1 2 3 4 de 5Cal (%)6
Dosagem 7 8 9 10
50
50 Teor de Umidade Ótima (%) - Próctor Normal
Ótima
40
Ótima
(%)
40
50
30
Umidade
Ótima
30
40
20
Umidade
20
30
10
Umidade
10
20
dede
0
deTeor
100 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Teor Teor
0 1 2 3 Dosagem
4 5 Cal (%)
de 6 7 8 9 10
0
0 1 2 3 Dosagem
4 5de Cal 6(%) 7 8 9 10
Dosagem de Cal (%)
Figura 9 – Variação do teor de umidade ótima em relação ao teor de cal
Figura 9 – Variação do teor de umidade ótima em relação ao teor de cal
Figura 9 – Variação do teor de umidade ótima em relação ao teor de cal
Figura 9 – Variação do teor de umidade ótima em relação ao teor de cal
4.4 Potencial de expansão e pressão de expansão
4.4 Potencial de expansão e pressão de expansão
4.4 Potencial de expansão e pressão de expansão
4.4 Potencial de expansão e pressão de expansão
As figuras 10 e 11 apresentam os resultados dos ensaios de potencial de expansão e de pressão de
As figuras 10 e 11 apresentam os resultados dos ensaios de potencial de expansão e de pressão de
Asexpansão.
figuras 10 e 11 apresentam os resultados dos ensaios de potencial de expansão e de pressão de
expansão.
expansão. figuras 10 e 11 apresentam os resultados dos ensaios de potencial de expansão e de pressão de
As
expansão. 40
40
35
(%) (%)(%)
35
40
30
Expansão
30
35
Expansão
25
25
30
20
de Expansão
20
25
dede
15
15
Potencial
20
10
Potencial
10
15
5
5
Potencial
10
0
50 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0 1 2 3 4 de5Cal (%)6
Teor 7 8 9 10
0
0 1 2 3 Teor
4 de5Cal (%)
6 7 8 9 10
Teor de Cal (%)
Figura 10 - Potencial de expansão relacionada à dosagem de cal
Figura 10 - Potencial de expansão relacionada à dosagem de cal
Figura 10 - Potencial de expansão relacionada à dosagem de cal
Figura 10 – Potencial de expansão relacionada à dosagem de cal
67
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
14
400
Para Para
o solo sem
o solo sema acal
caldeterminou-se
determinou-se umum po- de expansão
potencial c. A cal fornece
de 27,5%cátions para equilibrar
e uma pressão de expansãoa superfí-
tencial dedeexpansão de 27,5% eemuma
213 kPa. Observou-se relaçãopressão sem a cal, a cie
ao solo de dodeargilomineral
partir e, conseqüentemente,
3%, uma diminuição do potencial di-
expansão dedeexpansão
213 kPa.e da pressão de expansão.
Observou-se em relação Paraaoo teor de 1% houveaacréscimo
minuir espessura tanto
da no potencial
camada de difusa,
dupla
expansão quanto da pressão de expansão resultando, respectivamente,diminuindo33,5% e 335 kPa.
a presença Enquanto,
de água.
solo sem apara
cal,o ateor
partir de 3%, uma diminuição do
de 9% de cal, praticamente eliminou a expansão e reduziu a pressão de expansão para 7
potencial kPa.
de expansão e da pressão de expansão. d. A elevação do teor de umidade ótima contribui
Para o teor de 1% houve acréscimo tanto no po- para que o solo já inicie o fenômeno de expan-
Segundo NELSON & MILLER (1992), a cal permite boa reatividade são a partir quando
de umo pHteor
do solo é maior do mais ele-
de umidade
tencial deque
expansão quanto da pressão de expan-
7, o que explica porque o solo estudado aumentou o potencial de expansão e a pressão de
são resultando, respectivamente, vado, bem como com menor sucção. Logo, ele
expansão, para o teor de 1%,33,5% e 335
visto que, kPa. se observa
conforme na Figura 2, o pH é de 5,23, portanto
Enquanto,inferior
para ao o teor
pH quedepermite
9% deboa cal,reatividade.
praticamente iniciará de uma condição mais expandida do
eliminou Pode-se
a expansão e reduziu a pressão de ex- que o solo sem a cal, diminuindo o potencial
explicar a redução no potencial de expansão e nade pressão de expansão
expansão. para teor
Todavia, tal de cal não
fato igual está rela-
pansão para 7 kPa. a 3%, até 9%, pelos seguintes fatores:
ou superior
cionado à diminuição da pressão de expansão,
Segundo NELSON & MILLER (1992), a cal
a. A redução na massa específica aparente seca contribui conforme
para queapresentado por CHEN
as partículas tenham menores(1988).
permite boa reatividade quando o pH do solo é
forças de repulsão. Logo, a pressão de expansão resultante, considerando corpos de prova
maior do que 7, omoldados
que explicacom porque
teores deo umidades
solo estuda-ótimas e as mesmas energias de compactação, sofrerá
do aumentou o potencial
redução. de expansão e a pressão 4.5 Curva característica da umidade do solo
de expansão, para o teor de 1%, visto que, confor-
b. A diminuição da sucção matricial contribui para que o solo tenha menos afinidade por água, o
me se observa naque Figura 2, oapH
diminui é de 5,23,
quantidade de portanto
água disponível paraOs equilibrar
corpos de prova de
a excesso utilizados na determi-
carga elétrica
inferior ao pH que permite
negativa boa reatividade.
da superfície do mineral expansivo. nação da curva característica foram moldados de
Pode-se explicar a redução no potencial de amostras compactadas dinamicamente, tendo o
c. A cal fornece cátions para equilibrar a superfície do argilomineral e, conseqüentemente,
expansão e na pressão ensaio de compactação sido realizado com acrés-
diminuir ade expansão
espessura para dupla
da camada teor de
difusa, diminuindo a presença de água.
cal igual ou superior a 3%, até 9%, pelos seguintes cimo sucessivo de água, semelhante à curva de
d. A elevação do teor de umidade ótima contribui para que o solo
umedecimento já inicie o fenômeno
na determinação de
da sucção. Veri-
fatores:
expansão a partir de um teor de umidade mais elevado,que
ficou-se bemocomo
teor com
de menor sucção.
umidade ótimaLogo,
de 44% cor-
a) A redução na ele massa específica
iniciará de aparente
uma condição seca
mais expandida do que o solo sem a cal, diminuindo o potencial
contribui para que as partículas
de expansão. Todavia, taltenham
fato não me- responde
está relacionado a uma sucção
à diminuição matricial,
da pressão na curva carac-
de expansão,
nores forçasconforme apresentado
de repulsão. poraCHEN
Logo, pressão(1988).
de terística de umedecimento, de aproximadamente
10 kPa, conforme se pode observar na Figura 12.
expansão resultante, considerando corpos de
Observa-se, na Figura 12 que a variação da
prova moldados com teores de umidades óti-
sucção com a umidade do solo sem cal e com 9%
mas 4.5 Curva característica da umidade do solo
e as mesmas energias de compactação,
de cal até 1500 kPa foi muito reduzida porque o
sofrerá redução.
tempo de cura do solo com 9% de cal utilizado na
Os corpos dedaprova
b) A diminuição utilizados
sucção na determinação
matricial contribuida curva característica foram moldados de amostras
determinação do pontocom inicial dasucessivo
curva caracterís-
para compactadas
que o solodinamicamente,
tenha menostendo o ensaio de compactação
afinidade por tica foi de sido realizado
apenas
acréscimo
de água, semelhante à curva de umedecimento na determinação da sucção.21Verificou-se
dias, desteque modo,
o teorodesolo ainda
água, o que diminui a quantidade de água estava submetido à variação de volume. Abaixo
disponível para equilibrar a excesso de car- de 1500 kPa, já com o tempo de cura de aproxima-
ga elétrica negativa da superfície do mineral damente 40 dias a diferença de sucção entre o solo
expansivo. sem e com adição de cal aumentou pois o efeito da
68
15
umidade ótima de 44% corresponde a uma sucção matricial, na curva característica de umedecimento,
de aproximadamente 10 kPa, conforme se pode observar na Figura 12.
Propriedades geotécnicas de expansão de um solo argiloso compactado com e sem adição de cal
Observa-se, na Figura 12 que a variação da sucção com a umidade do solo sem cal e com 9% de cal
até 1500 kPa foi muito reduzida porque o tempo de cura do solo com 9% de cal utilizado na
sucção devido à açãodo
determinação eletrostática
ponto inicial edaà curva
capilaridade
característica foi deEm relação
apenas 21 dias,à deste
expansão
modo, odo
solosolo,
ainda para um
é reduzido devido
estava à presença
submetido da cal.de volume. Abaixo dado
à variação de 1500teorkPa,
de jáumidade,
com o tempo uma desucção
cura demenor im-
aproximadamente 40 dias a diferença de sucção entre o solo sem e com
Na Figura 13 o valor da sucção do solo com plica numa menor afinidade por água. adição de cal aumentou pois o Logo,
efeito da sucção devido à ação eletrostática e à capilaridade é reduzido devido à presença da cal.
9% de cal, até aproximadamente 4000 kPa, é infe- estará menos sujeito a variações de umidade e,
rior ao doNa
solo sem13
Figura cal, isso ocorre
o valor da sucçãoporque
do soloa com
presen- conseqüentemente,
9% de cal, até aproximadamentea4000variações de volume.
kPa, é inferior ao Além
do solo sem cal, isso ocorre porque a presença da cal induz a um aumento na
ça da cal induz a um aumento na granulometria e disso, a menor sucção é resultante também da granulometria e a uma
redução no efeito de adsorção entre as partículas. Como conseqüência, tem-se uma redução de volume
a uma redução no efeito de adsorção entre as partí- contribuição da cal na diminuição da deficiência
por contração no solo sem cal superior a do solo com cal. Somente a partir de 30% de umidade e 4000
culas. Como
kPa conseqüência,
é que o solo passatem-se uma redução
a ter o mesmo de por
comportamento carga de
de variação elétrica
volumedaporsuperfície
contração. do argilomineral.
volume por contração no solo sem cal superior a do Com isso, menos moléculas de água serão neces-
Em relação à expansão do solo, para um dado teor de umidade, uma sucção menor implica numa
solo com cal. Somente a partir de 30% de umidade sárias para alcançar o equilíbrio, o que diminui a
menor afinidade por água. Logo, estará menos sujeito a variações de umidade e, conseqüentemente, a
e 4000 kPavariações odesolo
é que passa
volume. a terdisso,
Além o mesmo
a menorcom-
sucção afinidade
é resultante por água
também da do solo e adaespessura
contribuição cal na da ca-
portamento de variação
diminuição de volume
da deficiência porpor contração.
carga mada dupla
elétrica da superfície difusa.
do argilomineral. Com isso, menos
moléculas de água serão necessárias para alcançar o equilíbrio, o que diminui a afinidade por água do
solo e a espessura da camada dupla difusa.
UMEDECIMENTO
60
Teor de Umidade Gravimétrica
55
50 C002 - 9% Cal -
45 Umedecimento
40 C008 - 9% Cal -
35 Umedecimento
(%)
30
N007 - 0% Cal -
25
Umedecimento
20
15 N015 - 0% Cal -
1 10 100 1000 10000 100000 Umedecimento
Sucção matricial (kPa)
Figura 12 - Curva característica de umidade do solo com e sem adição de cal –trajetória de
Figura 12 – Curva característica de umidade do solo com e sem adição de cal –trajetória de umedecimento
umedecimento
16
SECAGEM
60
Teor de Umidae Gravimétrico
55
50
45
C015 - 9% Cal -
40 Secagem
(kPa)
35
30 C014 - 9% Cal -
25 Secagem
20 N015 - 0% Cal -
15 Secagem
1 10 100 1000 10000 100000
Sucção matricial (kPa)
Figura 13 - Curva característica de umidade do solo com e sem adição de cal – trajetória de
Figura 13 – Curva característica de umidade do solo com e sem adição de cal – trajetória de secagem
secagem
A Tabela 5 apresenta
A Tabela osos
5 apresenta resultados dacaracterização
resultados da caracterização química
química do solo do soloestudado,
argiloso argilosocom
estudado,
e sem com e sem
adição
adição de cal. de cal.
Saturação por bases (V) (%) 69,00 81,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Saturação por Alumínio (%) 26,86 17,50 0,00 0,00 0,00 0,00
Saturação por Sódio (%) 0,94 1,84 3,32 4,19 5,47 5,42
Determinação do pH
14 12,42 12,25
12,06 12,2
13 11,28 11,66 11,68
12
11 9,99 11,2 11,3
10 10,5
9 7,19
pH a 25°C
8 8,2
7 5,23
6
5 3,99 4,7
4 3,9
3
2
1
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Dosagem de Cal (%)
Figura
Figura 14 14 - pHapós
– pH apósdosagem
dosagem eepH
pHapós
após8080
dias de de
dias cura
cura
A capacidade de troca catiônica está relacionada à estabilidade do argilomineral. Conforme pode ser
observado na Figura 15, ela decresce com o aumento do teor de cal até 9%, resultando na menor
capacidade de troca catiônica, coincidindo com o percentual que resultou em menores valores de
A capacidade de de
potencial troca catiônica
expansão está
e de pressão relacio-
de expansão. Por ter maior afinidade com o argilomineral,
nada à estabilidade do argilomineral. Conforme os2+íons Ca2+ substituem outros íons, como o Na+ e
Por ter maior afinidade com o argilomineral, os íons Ca substituem outros íons, como o Na+ e o K+,
pode ser observado na Figura
de acordo com a carga15,elétrica
ela decresce superfícieodo
negativa dacom
+
, de acordo
Kargilomineral. com adacarga
O aumento elétrica
densidade dos negativa da
o aumento do teor de cal até 9%, resultando na me- superfíciededo
íons diminui a capacidade de troca catiônica, reduzindo o potencial mudança de volume.
argilomineral. O aumento da den-
nor capacidade de troca catiônica, coincidindo com sidade dos íons diminui a capacidade de troca
140
o percentual que resultou em menores valores de catiônica, reduzindo o potencial de mudança de
119,89
cidade de Troca Catiônica
120
m pH neutro (meq/100g)
Por ter maior afinidade com o argilomineral, os íons Ca2+ substituem outros íons, como o Na+ e o K+,
de acordo com a carga Propriedades geotécnicas
elétrica negativa de expansão
da superfície de um soloOargiloso
do argilomineral. aumentocompactado comdos
da densidade e sem adição de cal
íons diminui a capacidade de troca catiônica, reduzindo o potencial de mudança de volume.
140
119,89
5 CONCLUSÕES
71
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
DEPARTMENTS OF THE ARMY USA. TM 5-822- NELSON, J. D. & MILLER, D. J. Expansive soils,
14/AFMAN: Soil stabilization for pavements. New York: John Wiley & Sons, Inc, 1992.
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OLIVEIRA, Antonio Manoel dos Santos (Edit.).
FUNDAÇÃO DE APOIO À UNIVERSIDADE FE- Geologia de Engenharia. 1. ed. São Paulo: Asso-
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GOOSEN, F. A. Mattheus; AL-RAWAS, A. A, doviários: mecanismos de reação, parâmetros de
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LOVATO, R. S., 2004. Estudo do comportamento de Viçosa, 167 p.
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los Não Saturados. Rio Grande do Sul, 18 a 20 de
outubro de 1995.
72
TELEVISAMENTO DE FUROS DE SONDAGENS NOS
ESTUDOS DO METRÔ DE SÃO PAULO – PROPOSTA
METODOLÓGICA PARA EXECUÇÃO E ANÁLISE
Resumo ABSTRACT
95
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
Ressalta-se que os serviços de televisamento possuem geotechnical parameters, as the degree of fracturing
caráter complementar aos serviços de sondagens, já and theoretical RQD to core samples.
há muito tempo utilizados como base de investigação It is noteworthy that the optical televiewer services
direta do subsolo, não podendo ser considerados uma should be considered as a complementary service to
substituição deste método tradicional, que permite, drill holes, which has been long used as a basis for direct
além da obtenção de informações relevantes por meio investigation of the subsurface, not being considered a
da análise macroscópica do material, a coleta de amos- replacement of the traditional method, which allows,
tras para ensaios geotécnicos e demais análises. in addition, to obtain relevant information through
macroscopic analysis of the material, collection of
Palavras-Chave – Televisamento, Perfilagem Ótica, samples for geotechnical testing, besides other analyzes.
Descrição e Caracterização de Maciços Rochosos, Me-
trô de São Paulo. Keywords – Optical Televiewer, Rock Massif Characte-
rization, São Paulo Subway
96
Televisamento de furos de sondagens nos estudos do metrô de São Paulo
97
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
98
Televisamento de furos de sondagens nos estudos do metrô de São Paulo
Tabela 1 – Graus de alteração (adaptado de IPT, 1984, apud Serra Junior & Ojima, 1998).
99
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
Figuras 4 e 5 – Diferenças no aspecto de trechos menos e mais alterados (acima e abaixo do veio, na figura 4
e abaixo e acima do veio na figura 5). Fonte: Metrô-SP.
Outras informações de caracterização e até mes- fraturamento e o RQD teórico, através de diversas
mo classificação das descontinuidades no maciço correlações estabelecidas por distintos autores,
rochoso podem ser determinados, como o grau de conforme apresentado mais adiante.
Figura 6 – Exemplo de fratura delimitada digitalmente, com uma linha vermelha (imagem “enrolada” à esquerda e
“desenrolada” à direita), após análise utilizando software de televisamento RGLDIP da câmera OPTV, da Robertson
Geolloging. E exemplo de descontinuidade rugosa, citado no item RUGOSIDADE. Fonte: Metrô-SP.
Todos os parâmetros devem ser descritos e tabela 2 somente para os tipos de estruturas não
anexados como informações tanto no perfil indi- penetrativas, as descontinuidades como fraturas e
vidual de televisamento (PIT, Figura 1) como em falhas, por exemplo, que será feito observando as
uma tabela de dados (Ex.: Tabela 2), que com- imagens geradas no televisamento. As estruturas
plementará as informações inseridas neste per- ditas penetrativas, como foliação, bandamento,
fil. Cada descontinuidade deverá ser enumerada veios, acamamento e xistosidade deverão ser in-
na fase de processamento de dados, incluindo-se dicadas e tratadas separadamente.
como uma das informações presentes no perfil de Após a definição das estruturas descontí-
sondagem. A tabela 2, então, complementará este nuas, estas feições podem ser separadas por sets
perfil com informações sobre a atitude de cada de famílias, que devem ser pré-definidas em fase
estrutura, além de fornecer informações sobre a anterior à da elaboração da tabela 2, utilizando
distribuição do espaçamento para cada família de estereogramas de concentração de polos, caso ne-
descontinuidade. Para isso, sugere-se utilizar a cessário.
101
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
Tabela 2 – Exemplo de tabela com parâmetros complementares de atitude e distribuição de espaçamento, como
informações complementares do perfil individual de televisamento.
102
Televisamento de furos de sondagens nos estudos do metrô de São Paulo
inclusive com distribuição das atitudes de famílias Toda a ocorrência de planos de falha e cisa-
diferente daquelas da encaixante. Portanto, delimi- lhamento deve ser detalhadamente caracteriza-
tar todos esses casos é essencial para compreender da, devido a sua importância na estabilidade do
as mudanças na qualidade do corpo rochoso. maciço rochoso e sua influência nos projetos de
O software permite a definição de camadas, obras de engenharia, especialmente obras sub-
inclusive fornecendo a espessura real desta. Isto terrâneas, barragens e taludes. Sempre que pos-
deverá ser utilizado para a definição de estruturas sível de ser observado, indicar os rejeitos aparen-
e demais feições que impliquem na necessidade tes, como o exemplo da figura 8, ilustrando uma
de definição de espessura (Ex.: abertura e preen- falha de componente normal e rejeito aparente
chimento). de 12 cm.
103
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
104
Televisamento de furos de sondagens nos estudos do metrô de São Paulo
ondulação). A figura 12 foi modificada separando polida. O termo polida só deverá ser utilizado em
os perfis de menor detalhe, inicialmente divididos casos aonde haja uma evidência clara de desloca-
em recortada, ondulada e plana, juntando com os mento em cisalhamento, segundo o definido em
de maior detalhe, sendo possível a caracterização ISRM (op.cit.).
das descontinuidades apenas em rugosa, lisa ou
Figura 11 – Exemplo de plano de fratura lisa. Notar que é quase imperceptível a visualização da fratura devido ao
“encaixe” quase perfeito com a linha de referência em vermelho. Fonte: Metrô-SP.
105
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
Figura 12 – Perfis de rugosidade de Barton et al. (1974). Figura 13 – Adaptação dos perfis de rugosidade de Barton
para aplicação em imagens de televisamento.
106
Televisamento de furos de sondagens nos estudos do metrô de São Paulo
ser visto nas laterais da figura 16. Na figura 17, com fotos do mesmo trecho de um testemunho de
retirada de Baillot et al. (op.cit.), compara-se a ima- sondagem, onde esta mesma fratura aberta já não
gem desenrolada mostrando uma fratura aberta, pode mais ser observada.
107
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
108
Televisamento de furos de sondagens nos estudos do metrô de São Paulo
No caso do preenchimento é factível uma des- vezes, o preenchimento original pode ter sido re-
crição, mesmo que somente visual, deste material. movido pela lavagem durante a perfuração e o
Aconselha-se a diferenciação, sempre que possível, que observamos na imagem é uma abertura que
de materiais que selam as fraturas, como preenchi- se, inicialmente estava preenchida, restam, algu-
mento quartzo-feldspático, de epídoto e carbonáti- mas vezes, apenas resquício do preenchimento
cos, daqueles que são materiais soltos, como areia, então existente, como observado na figura 16 e já
argila e fragmentos de rocha. Exemplos de presen- citado anteriormente.
ça de preenchimento em descontinuidades estão Também é observável evidências de percola-
ilustrados nas figuras 5, 14, 16, 17 e 18. ção d’água, quando existente, como paredes oxi-
Caso haja preenchimento no interior de uma dadas e a própria surgência de água no interior
fratura aberta, este também deverá ser descrito, do furo, fator muito importante para a qualidade
se possível, detalhadamente. Notar que, muitas geotécnica de um maciço (Ex.: Figura 19).
Tabela 4 – Caracterização do preenchimento, modificado de IPT, 1984 (apud Serra Junior & Ojima, 1998).
Figura 18 – Preenchimento
argiloso, coloração esverdeada,
preenchimento típico de fraturas
no gnaisse do embasamento da
Bacia de São Paulo. Fonte: Metrô-SP.
109
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
Tabela 5 – Grau de Fraturamento (IPT, 1984, apud Serra Junior & Ojima, 1998)
O mesmo parâmetro pode ser utilizado nos tes- descontinuidades adjacentes de uma mesma fa-
temunhos virtuais, levando-se em consideração que mília, fator que controlará o tamanho dos blocos
um testemunho de sondagem poderá apresentar em um maciço rochoso.
maior incidência de fraturamento devido a quebras Esta distância entre descontinuidades de um
mecânicas, dependendo das condições na perfura- mesmo set deverá ser medida ortogonalmente a
ção e posterior descrição, podendo haver modifica- estas. Como nem sempre isso é possível, deverá
ções significativas que dependem da experiência da ser realizada uma correção com relação à distân-
equipe técnica envolvida no procedimento. cia aparente e a linha medida, que no caso do te-
O grau de faturamento deverá ser indicado no levisamento, seria a própria direção do furo de
perfil de televisamento, utilizando os parâmetros da sondagem. Esta correção é apresentada detalha-
tabela 5, conforme pode ser observado na figura 1.
damente nos métodos sugeridos da ISRM (op.cit.)
Deverão ser considerados os trechos em que o es-
e apresenta a seguinte relação (equação 1):
paçamento das descontinuidades é homogêneo.
Outro parâmetro essencial a ser descrito é o
S = dm . sena (1)
espaçamento, que corresponde à distância entre
110
Televisamento de furos de sondagens nos estudos do metrô de São Paulo
111
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
112
Televisamento de furos de sondagens nos estudos do metrô de São Paulo
113
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
e unificadas, será viável projetar estruturas de en- for the quantitative description of rock masses.
genharia em rocha reduzindo os gastos e aumen- International Journal of Rock Mechanics and Mining
tando a confiabilidade da interpretação e extrapo- Sciences and Geomechanics Abstracts, vol. 15, n. 6, p.
lação dos resultados. 319-368.
114
RUPTURA DO TALUDE SUDESTE DA MINA
DE N4E – UM ESTUDO DE CASO,
CARAJÁS, ESTADO DO PARÁ
Gilvan Sá
M.Sc. Geólogo VALE S/A, Belo Horizonte, MG, Brasil - gilvan.sa@vale.com
Mestrado Profissional em Engenharia Geotécnica stricto sensu (MPEG) – Programa de Pós-Graduação
em Geotecnia (CAPES), Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP;
Rodrigo P. de Figueiredo
D.Sc. Engenheiro de Minas, Professor Associado, Universidade Federal de Ouro Preto –
UFOP, Ouro Preto, MG, Brasil - rpfigueiredo@yahoo.com.br;
RESUMO ABSTRACT
A mina de minério de ferro de N4E está situada no N4E iron mine is located in the Carajás Mining Complex
Complexo Minerador de Carajás, Estado do Pará, onde in southeast Pará, has a history of large strain strongly
existe um histórico de grandes deformações fortemen- related to the shear contact zone in the footwall slope
te condicionada pela zona de cisalhamento de contato between the Carajás Formation superimposed on
no talude de lapa entre a formação ferrífera da Forma- metabasic rocks of Parauapebas Formation (Grão Pará
ção Carajás sobreposta às rochas metabásicas da For- Group). The failure events have demonstrated a strong
mação Parauapebas (Grupo Grão Pará). Os eventos structural geological conditioning in the metabasic
de rupturas demonstraram um forte condicionamento rocks of footwall slope, which is generally classified
geológico estrutural, nas rochas metabásicas do talu- as planar and circular plan failures showing that a
de de lapa, caracterizando rupturas planares e plano- better understanding is required about the structural
-circulares demonstrando a necessidade de um melhor framework and the potential failure mechanisms. In
entendimento do arcabouço estrutural e dos condicio- this way geomechanical and litho-structural mapping,
nantes de rupturas. Neste sentido, procurou-se, atra- laboratory tests and back analysis were carried
vés de mapeamentos litoestruturais e geomecânicos, out for validations and calibration of the strength
de campanhas de ensaios de laboratório e retroanálises parameters of hematite friable, mafic decomposed and
deste evento, aferir e recalibrar os parâmetros de resis- shear zone, as well as to understand the behavior of
tência da hematita friável, da máfica decomposta e da failure mechanisms in that location. After selecting
zona de cisalhamento e entender o comportamento das the southeastern slope failure this study carried out
rupturas. Após selecionar a ruptura do talude sudeste, back analysis, adjustments and measurements of
foram realizadas retroanálises, ajustes e aferições dos strength parameters and verification of the applied
parâmetros de resistência e métodos aplicados. Os cri- methods. The Mohr-Coulomb failure criterion and
térios de resistência ao cisalhamento utilizado para as Barton & Bandis failure criterion were used in back
retroanálises foram: Critérios de Mohr-Coulomb e Cri- analysis, where those criteria helped in the adjustment
tério de Barton & Bandis, os quais auxiliaram nos ajus- of the parameters obtained from laboratory tests,
tes dos parâmetros a partir dos ensaios de laboratório, showing good applicability to the case study. The
demonstrando boa aplicabilidade ao estudo de caso. Os analysis methods used to calculate the safety factor
métodos utilizados para o cálculo do fator de segurança were Spencer and GLE/Morgenstern Price, due to
foram: métodos Spencer e GLE/Morgenstern Price, their greater accuracy. Previously back analyses were
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Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
aplicados em função de seu maior rigor. Anteriormen- only carried out with Mohr-Coulomb criteria and did
te as análises não contemplavam esta informação e só not cover this information. The final result showed
eram realizadas pelo Método de Mohr-Coulomb. O strength parameters adjusted to the failure conditions
resultado final apresentou parâmetros de resistência presents in the footwall contact, and confirm the large
ajustados às condições da ruptura presente no contato deformation without failure of the mass on the basis of
do talude de lapa, além de confirmar a grande defor- macro-wrinkles at the contact (which helped directly
mação do maciço sem sua ruptura plena em função das the development of this form and confirmed by the
macrorrugosidades no contato de base, a qual corrobo- back-analysis performed). This study also re-calibrates
rou diretamente para o modo e desenvolvimento desta the existing resistance parameters with more accuracy
ruptura, confirmada nas retroanálises realizadas, afe- for future use.
rindo e recalibrando os parâmetros de resistência com
maior precisão para utilizações futuras. Key Words: Slope Stability; N4E Mine, Carajás Mineral
Province; Mining
Palavras-chaves: Estabilidade de Taludes; Mina de
N4E; Província Mineral de Carajás; Mineração
116
Ruptura do talude sudeste da mina de N4e – um Estudo de caso, Carajás, Estado do Pará
A mina N4E é composta por litotipos de idade arqueana, com idades entre 2,8 a 2,5 Ga, atribuídos
ao Grupo Grão Pará, subdivididos nas Formações Parauapebas e Carajás (Tabela 1) e representados no
mapa litoestrutural da Figura 2.
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Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
Figura 2 – Mapa litoestrutural da mina N4E (BVP, 2008 in Sá 2010). Siglas dos litotipos – CQ canga química,
HD hematita dura, HM hematita macia, MBT minério de baixo teor, JP jaspilito, MD máfica decomposta, MSD
máfica semidecomposta, MS máfica sã.
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Ruptura do talude sudeste da mina de N4e – um Estudo de caso, Carajás, Estado do Pará
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Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
e com baixa resistência. Somada a isso, observou-se nesse caso não se verificou uma ruptura plena
a condição de saturação do maciço, o que deve ter com deslocamento abrupto de massa, mas apenas
contribuído para a sua instabilização. abatimentos métricos de topo e soerguimento da
Em 18 de março de 2005 ocorreu nova rea- berma de pé (Figura 9).
tivação da ruptura com surgimento de novas Observou-se na porção superior da instabili-
trincas na face do talude e nos bancos superiores, dade, no banco 530, que a ruptura novamente foi
soerguimento de aproximadamente 1,0 m do pé condicionada pelo plano de cisalhamento do con-
e deslocamento do piso em até 2,40 m. Essa insta- tato de lapa entre a formação ferrífera e a rocha
bilidade não ocorreu de forma abrupta, mas sim máfica sã/decomposta, que se estende por todo
gradualmente. Na foto da Figura 7 é possível ob- o talude que compõe o flanco sul da mina N4E
servar a área instável e o início do retaludamento. (Figura 10).
Trincas e recalques foram observados no banco
superior, com abatimentos da ordem de 2,0 m no
mesmo local (Figura 8).
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Ruptura do talude sudeste da mina de N4e – um Estudo de caso, Carajás, Estado do Pará
Figura 13 – Início do soerguimento lento e progressivo na or- Figura 16 – Fase final do soerguimento no pé da
dem de 0,5m no pé da ruptura - banco 460 (outubro de 2007). ruptura da ordem de 2,5 m
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Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
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Ruptura do talude sudeste da mina de N4e – um Estudo de caso, Carajás, Estado do Pará
Tabela 2 – Quantitativos totais dos ensaios realizados em ambas as campanhas (Sá 2010).
A Tabela 3 apresenta de forma resumida os valores de resistência médios para os litotipos ensaia-
dos e utilizadas nas análises e retroanálises de estabilidade.
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Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
Realizou-se um tratamento estatístico desses dados com a utilização de planilha Excel, chegando-
-se ao valor médio de 15 cm, conforme gráfico apresentado na Figura 19.
(1)
Onde:
JRC = coeficiente de rugosidade das juntas;
JCS = resistência à compressão das paredes da junta;
φr = ângulo de atrito residual.
124
Ruptura do talude sudeste da mina de N4e – um Estudo de caso, Carajás, Estado do Pará
(2)
Os parâmetros de resistência encontrados
para a zona de cisalhamento pelo modelo de Bar-
Onde o JRC0 e L0 estão referidos à escala das leituras e ton & Bandis (1982) estão resumidos na Tabela 4.
JRCn e Ln, a escala cujos valores se quer estimar (dimen-
sões in situ).
Logo, se os valores de: Tabela 4 – Parâmetros de resistência calculados pelo
JRC0 = 20, Modelo de Barton & Bandis e adotados
L0 = 1 m nas análises de estabilidade (Sá 2010).
e Ln = 10 m,
utilizando a equação 2 tem-se um valor corrigido de
JRCn igual a 8.
Figura 22 – Retroanálise da Seção da Ruptura Talude Sudeste – Critério de Morh-Coulomb (Sá 2010).
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Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
Tabela 5 – Resultados (FSs) para a retroanálise com critério de Mohr-Coulomb para os parâmetros da HM (Sá 2010).
Coesão (c) kPa Ângulo de atrito (f) Método Spencer Método GLE
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Ruptura do talude sudeste da mina de N4e – um Estudo de caso, Carajás, Estado do Pará
Tabela 6 – Resultados (FSs) para a retroanálise com o critério de Barton & Bandis para a ZC-MD (Sá 2010).
A Figura 24 apresenta a seção retroanalisada utilizando o critério de Barton & Bandis de melhor
ajuste dos parâmetros para superfície de ruptura representada pela zona de cisalhamento (ZC-MD).
Figura 24 - Retroanálise do Talude Sudeste, melhor ajuste para ZC-MD – Critério de Barton & Bandis (Sá 2010).
Nessa seção, o melhor ajuste para a superfície de ruptura (ZC-MD) foi obtido com JCS = 1.000
kPa: um Fator de Segurança igual a 1,057 pelo Método de Spencer e igual a 0,997 pelo Método GLE/
Morgenstern-Price (Tabela 6).
127
Revista Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
128
Ruptura do talude sudeste da mina de N4e – um Estudo de caso, Carajás, Estado do Pará
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