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Louise Little, mãe de Malcolm, aos 34 anos assumiu o sustento dos seus oito filhos. Por
ter sido concebida do estupro de uma mulher negra por um homem branco, ela possuía
pele clara e arrumava empregos domésticos. Os empregos duravam até descobrirem que
ela era de origem negra. Louise também passou a receber dois cheques, um pensão de
viúva, outro da assistência social. Este dinheiro não era suficiente, e com seu
desemprego frequente a família tornou-se praticamente indigente. As assistentes sociais
do governo tentavam convencer Louise a encaminhar seus filhos para lares adotivos, ao
que ela se opunha. Posteriormente passaram a questionar sua sanidade mental. Louise
passou por intensas pressões que a levaram a um colapso nervoso e foi internada em um
hospital para doentes mentais. Nessa altura, Malcolm já havia sido adotado e, em 1937,
viu sua família ser separada.
Os dois irmãos mais velhos, Wilfred e Hilda foram deixados à própria sorte: Philbert foi
levado para casa da família em Lansing; Reginald e Wesley foram viver com a família
Williams; Yvone e Robert com a família McGuire.
Na escola, Malcolm era o que se considerava um bom aluno e geralmente tirava notas
altas. E assim foi até o dia em que disse a um professor que desejava ser advogado. Este
lhe disse ser absurdo a ideia de um negro ser advogado e que o máximo que ele poderia
chegar era carpinteiro. Esta declaração mudou seu comportamento fazendo com que se
transformasse de um "bom aluno" em um "garoto problema". Quando terminou a oitava
série, Malcolm foi morar em Boston na casa de sua meia-irmã Ella. Fez amizade com
Shorty e por influencia deste e de outros boêmios de Boston ele esticou os cabelos,
passou a beber, fumar, usar roupas extravagantes, jogar cartas, jogo dos números e
aprendeu a dançar muito bem. Um efeito colateral do produto que Malcolm e outros
usavam para esticar o cabelo era o de deixa lo vermelho. Sua melhor parceira era Laura,
uma jovem negra que morava com a avó e sonhava formar-se na universidade. Ele a
conheceu na sorveteria onde ela trabalhava e a namorou, levou-a aos bailes. Numa
destas festas, a deixou por uma mulher branca chamada Sophia. Laura, no futuro
próximo, cairia na prostituição. Malcolm confessou: “Umas das vergonhas que tenho
carregado é o destino de Laura..., tê-la tratado da maneira como tratei por causa de
uma mulher branca foi um golpe forte demais”. Malcolm entre outros empregos, a
exemplo de engraxate, trabalhou na ferrovia. Nesse emprego ele conheceu vários
lugares, entre eles o Harlem, lugar que ele passou a visitar sempre que podia. Nas noites
do Harlem ele conheceu muita gente, entre os quais varios musicos (muito deles
famosos) e criminosos. Ali, suas roupas de cores fortes e o cabelo esticado e vermelho
chamavam a atenção naqueles ambientes mais sobrios e ele logo passou a ser conhecido
por "Red". Apaixonado pelo Harlem ele resolve se mudar para lá. Alugou um
apartamento onde várias das inquilinas eram prostitutas. Sophia ia de Boston para o
Harlem visitá-lo. Algum tempo depois, Sophia casou com outra pessoa e manteve
Malcolm como amante. No Harlem, Malcolm também morou na casa de Sammy, um
amigo cafetão, e entrou para a “vida do crime”, tornou-se traficante. Aproveitou o
bilhete que ganhou, quando trabalhou na ferrovia, e foi traficar nos trens. Estava cada
dia mais difícil vender nas ruas, a polícia estava “fechando o cerco”, os artistas que
conhecia – seus clientes – adoraram a ideia. Naquele tempo, temia três coisas: cadeia,
emprego e o exército. Fingiu-se de louco para se livrar do serviço militar.
Depois do término das viagens traficando, perdeu a conta dos golpes que deu no
Harlem. Não podia mais vender maconha, a polícia já o conhecia. Passou a praticar seus
primeiros assaltos, e se preparava para esses trabalhos com drogas mais fortes. Era
viciado no jogo dos números, quando ganhava, convidava Sophia para passar alguns
dias em Nova York. Sua vida marginal levou-o a se meter em tantas encrencas no
Harlem que acabou ficando num “beco sem saída”, estava “jurado de morte”. Sammy
ligou para seu velho amigo Shorty vir buscá-lo, levá-lo de volta para Boston. Em
Boston, foi morar com Shorty em seu apartamento. Quase todos os dias assim que o
amigo saia para trabalhar, como saxofonista, Sophia encontrava-se com Malcolm, e ele
arrancava-lhe todo o dinheiro. O marido de Sophia havia arrumado emprego de
vendedor, e viajava constantemente.
Para sair da inatividade Malcolm propôs a Shorty que assaltassem casas. Formaram um
grupo com a participação de Rudy, amigo de Shorty, Sophia e sua irmã. Sophia havia
apresentado sua irmã para Shorty e os dois passaram a namorar. O primeiro trabalho foi
um sucesso, e depois vieram outros e outros. “Todo ladrão espera o dia em que será
apanhado”. Chegou o dia inevitável de Malcolm, Shorty e Sophia e sua irmã, somente
Rudy conseguiu escapar. As duas mulheres tiveram penas reduzidas, pegaram de um a
cinco anos. Malcolm disse: “Apesar de serem ladras eram brancas”. Quanto aos dois
negros, seu próprio advogado de defesa confessou: “Vocês não deviam ter se metido
com mulheres brancas”. Shorty pegou de oito a dez anos, e Malcolm onze anos.
Em sua auto biografia Malcolm revela que, nesse período da sua vida, nunca chegou a
matar ninguém e que poderia tê-lo feito para escapar da policia.
A importância da leitura
Malcolm X em 1964
Na prisão por causa de sua atitude rebelde e antirreligiosa, Malcolm ficou conhecido
como Satã. Philbert escreveu-lhe uma carta dizendo que descobrira a verdadeira religião
do homem negro. Ele pertencia a Nação do Islã, Malcolm respondeu a carta com
palavrões. Dias depois recebeu outra carta, desta vez escrita por seu irmão mais novo,
Reginald: “Não coma carne de porco e pare de fumar que eu lhe mostrarei como sair da
prisão”. Estas palavras ficaram em sua cabeça. Reginald sabia como funcionava a mente
marginal do irmão, havia passado uma temporada com ele no Harlem. Quando foi
visitá-lo Malcolm estava ansioso para saber como não comendo carne de porco livrar-
se-ia da prisão. Afinal qual golpe havia tramado, e passou a ouvir Reginald falar sobre
Elijah Muhammad. Seu irmão contou que: Alá viera para a América e se apresentou a
um homem chamado Elijah – um homem negro – afirmando que o homem branco é o
demônio.
Quando Reginald voltou, viu o efeito que suas palavras haviam provocado em seu
irmão, e falou mais sobre o demônio que é o homem branco. Seus outros irmãos
também passaram a escrever, a falar sobre o honrado Elijah Muhammad. Todos
recomendaram seus ensinamentos que classificavam como o verdadeiro conhecimento
do homem negro. Malcolm titubeou, no entanto, acabou se convertendo ao islã, tornou-
se muçulmano negro.
Graças aos esforços de Ella, Malcolm conseguiu ser transferido para uma prisão colônia
de Norfolk que era de reabilitação profissional, muito melhor do que as outras por onde
havia passado, e a biblioteca era um de seus elementos principais. Para responder as
cartas, e se corresponder com Elijah Muhammad começou a ler muitos livros, tornou-se
um leitor voraz, em seus anos de prisão, leu desde os clássicos aos mais populares.
Sobre os filósofos fez o seguinte comentário: “Conheço todos, não respeito nenhum”,
disse também: “A prisão depois da universidade é o melhor lugar para uma pessoa ir, se
ela estiver motivada, pode mudar sua vida”; “as pessoas não compreendem como toda a
vida de um homem pode ser mudada por um único livro”. Além da leitura, copiou um
dicionário inteiro para compreender melhor os livros.
Em 1952, Malcolm foi libertado e saiu em caravana para visitar o Templo Número
Dois, como eram chamadas as mesquitas. Ele finalmente ia ouvir Elijah Muhammad
que ao final de sua fala chamou Malcolm, pediu que ficasse em pé, e diante dos olhares
de cerca de duzentos muçulmanos, contou uma parábola a seu respeito.
A partir de então, Malcolm passou a colaborar com Templo Número Um, ele
participava da “pescaria” que era atrair os jovens, e se saia muito bem, afinal, conhecia
a “linguagem dos guetos”. Recrutava nos bares, nos salões de bilhar e esquinas dos
guetos, o Templo Número Um, de Detroit, em três meses triplicou o número de fiéis.
Malcolm já havia recebido da Nação do Islã o seu “X” que significava seu verdadeiro
nome de família africana que Deus lhe revelaria. Para ele o “X” substituía o Little, o
pequeno, herança escravocrata.
Em meio a sua vida agitada, Malcolm passou a reparar em uma moça chamada Betty, o
interesse era recíproco. Consultou Muhammad e casou em janeiro de 1958. Mal se
casou, e Malcolm estava, em toda parte, trabalhando pelo crescimento da Nação do Islã.
Em suas polêmicas diárias o que mais o irritava, eram certos líderes negros os quais
acusava que: “suas organizações tinham corpo negro com cabeça branca”.
Elogio e traição
Malcolm fundou um jornal chamado “Muhammad Fala” que levou revistas mensais a
darem reportagens de capa sobre os muçulmanos negros. Não demorou muito para que
Malcolm fosse convidado para participar de mesas redondas de rádio, televisão e
universidades, entre elas Harvard, para defender a Nação do Islã, enfrentando
intelectuais negros e brancos.
Elijah Muhammad disse para Malcolm: “Quero que você se torne muito conhecido, pois
você se tornando conhecido, também me tornará conhecido”. Malcolm tornou-se
realmente conhecido, tornou-se uma personalidade americana que muitas vezes chamou
a atenção do cenário mundial, mais do que Martin Luther King e o presidente John F.
Kennedy.
O seu destaque gerou ciúmes no próprio Elijah que não possuía a coragem e perspicácia
de Malcolm para discutir, por exemplo, com professores universitários. A intensa
exposição e repercussão da figura de Malcolm X contribuíram para alimentar entre os
enciumados muçulmanos negros o boato que ele tentaria tomar o controle da Nação do
Islã.
Ele que tanto se dedicou e com certeza foi uns dos principais (senão o principal
responsável) pelo crescimento da Nação do Islã, foi afastado. Malcolm em seu trabalho
árduo, praticamente, não adquiriu bens materiais. Bens que poderiam gerar algum
conforto à sua família, no caso de sua falta, porém sempre acreditou que se alguma
fatalidade lhe ocorresse, os muçulmanos negros cuidariam de sua família.
Viagem a Meca
Patrocinado por Ella, Malcolm viajou para Meca com o objetivo de conhecer melhor o
Islã. Agora admitia que Elijah Muhammad havia deturpado esta religião nos Estados
Unidos. Ao voltar de sua viagem, estava para iniciar uma nova fase em sua vida. Em
uma entrevista coletiva, perguntaram-lhe: “Você ainda acredita que os brancos são
demônios?” E ele respondeu: “Os brancos são seres humanos na medida em que isto for
confirmado em suas atitudes em relação aos negros”.
Movido por suas novas ideias, Malcolm fundou a Organização da Unidade Afro-
Americana: Grupo não religioso e não sectário – criado para unir os afro-americanos –,
contudo, em 21 de fevereiro de 1965, na sede de sua organização, Malcolm recebeu 16
tiros calibre 38 e 45, a maioria deles atingiu o coração. Malcolm foi assassinado – com
apenas 39 anos – em frente de sua esposa Betty, que estava grávida, e de suas quatro
filhas. Escreveu MS Handler: “Balas fatais acabaram com a carreira de Malcolm X
antes que ele tivesse tempo para desenvolver suas novas idéias”.
Ideias defendidas
Ver artigo principal: Mensagem a Grass Roots
Malcolm X numa Conferência em 1964.
Malcolm X com o outro importante ativista americano Martin Luther King Jr..
Apesar da religião ter sido a porta de entrada para Malcolm X perceber todos os
problemas sociais enfrentados pelos negros, pouco a pouco, ele percebeu a questão do
negro não era uma questão apenas de carácter teológico, mas sim, uma questão política,
econômica e civil. Foi a partir daí que os meios de comunicação exploraram suas
declarações mais ácidas. Malcolm percebeu que a violência não era uma forma de
barbárie, mas um meio legítimo de conquistas, pois todas as mudanças históricas se
deram de maneira violenta. A violência proposta era, portanto, uma metodologia de
transformação e não uma barbárie gratuita.
Malcolm X foi um dos maiores representantes na defesa dos direitos dos negros nos Estados
Unidos.
Malcolm Little, que ficou conhecido como Malcolm X, tornou-se um bom aluno. Mas,
após ser desacreditado por um professor, mudou-se para Boston e assumiu uma vida
boêmia. Teve uma companheira negra chamada Laura, mas a trocou por uma mulher
branca de nome Sophia. Mesmo após Sophia se casar com um homem branco, Malcolm
continuou sendo seu amante. O jovem Malcolm fingiu-se de louco para evitar o serviço
militar e teve vários empregos, frequentou ambientes de crime e prostituição. Não
tardou para que ele também se tornasse traficante e cometesse os primeiros assaltos.
Malcolm foi jurado de morte no Harlem e um amigo seu providenciou para que voltasse
a Boston. De volta a esta cidade, formou um grupo com o amigo que morava, Shorty, e
Sophia e sua irmã para assaltar casas. As primeiras investidas foram favoráveis ao
grupo, mas eles foram descobertos e presos. Coube a Malcolm a maior pena entre eles,
onze anos de cadeia.
Malcolm era conhecido como Satã na prisão por apresentar uma postura rebelde e anti-
religiosa. Mas, por influência do irmão Reginald, converteu-se ao islamismo. Foi
transferido, então, para uma cadeia de reabilitação profissional e tornou-se um leitor
faminto de sua biblioteca. Recebeu da Nação do Islã o “X” para o seu nome que teria
sido revelado por Deus como nome verdadeiro de sua família, ficando conhecido como
Malcolm X. Teve um crescimento muito rápido dentro da Nação Islã e foi nomeado
ministro do principal templo estadunidense, o de Nova York.
Malcolm X se destaca na história dos Estados Unidos no século XX por ser um negro
de grande repercussão e que defendeu os direitos da comunidade negra. Adepto ao
islamismo, acreditava que a violência poderia ser usada para se defender. Percebeu que
a questão do negro não estava ligada apenas a um fator religioso, mas tinha relação com
a estrutura do capitalismo. A organização que fundou passou a assumir o socialismo e
foi muito influente nas ações do movimento negro da década de 1960.
Lamentavelmente, Malcolm X foi assassinado no dia 21 de fevereiro de 1965 ao receber
16 tiros no peito na sede de sua própria organização. Malcolm tinha apenas 39 anos,
possuía quatro filhos e sua esposa estava grávida de mais um.