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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS)

PROFESSOR TERROR
Português p/ Câmara dos Deputados (Analista Legislativo)
(Teoria e questões comentadas)

Aula 9
(Provas comentadas)
Olá, pessoal!
Estamos chegando à reta final do curso. Assim, aplicar os conteúdos
realizando provas MARCANDO O TEMPO DE EXECUÇÃO é muito importante!!!
Vamos começar com duas provas com gabarito de cinco alternativas. Em
seguida, veremos mais duas provas com marcação de certo e errado.
Assim, você vai poder perceber a diferença de postura diante dessas
provas!!!!!
Prova 1

(TRT RJ – 2008 – nível superior)

Formalidade bate recorde


1 Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED)
divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) apontam
para a criação de 554 mil postos de trabalho com carteira assinada no
primeiro trimestre deste ano, o que representa recorde histórico para esse
5 período. A série de dados do CAGED tem início em 1992. Contra os três
primeiros meses de 2007, quando foram criadas 399 mil vagas (recorde
anterior), segundo informações do MTE, o crescimento no número de
empregos formais criados foi de 38,7%. “Esse primeiro trimestre, como
dizem meus filhos, bombou”, afirmou o ministro do Trabalho a jornalistas.
10 Para o ano de 2008 fechado, o ministro manteve a previsão de criação de
1,8 milhão de postos de trabalho com carteira assinada. “Vai ser novo
recorde, apesar da taxa de juros”, disse ele em referência à decisão do
Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central de elevar os juros
de 11,25% para 11,75% ao ano. Em 2007, recorde para um ano fechado,
15 foram criados 1,61 milhão de empregos formais.
Segundo o ministro, a demanda interna permanece “muito
aquecida”. “Esse aumento de 0,5 ponto percentual na taxa de juros, até
chegar ao consumidor, demora. Quem compra fogão, geladeira e carro a
prazo vai perceber um aumento real de juros maior do que 0,5 ponto
20 percentual. Pode haver uma diminuição na escalada de compra de bens
duráveis”, disse ele. Para o ministro do Trabalho, a decisão do COPOM de
subir os juros neste mês, e nos subseqüentes, conforme projeção do
mercado financeiro, pode impactar um pouco a criação de empregos
formais mais para o final de 2008. “Esses próximos três meses vão
25 continuar sendo muito fortes na criação de empregos com carteira
assinada”, avaliou ele.
O ministro do Trabalho classificou a decisão do COPOM de subir os
juros de “precipitada”. “É um erro imaginar que há inflação no Brasil.
Temos alguns produtos subindo de preços, como o trigo e outros produtos,
30 por causa das chuvas, ou falta de chuvas. Os preços dos bens duráveis
(fogões, geladeiras e carros, por exemplo, que são impactados pela

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decisão dos juros) não estão aumentando”, disse ele a jornalistas. O
ministro avaliou, entretanto, que o impacto maior se dará nas operações
de comércio exterior. Isso porque a decisão sobre juros tende a trazer
35 mais recursos para o Brasil e, com isso, pressionar para baixo o dólar.
Dólar baixo, por sua vez, estimula importações e torna as vendas ao
exterior mais caras. Por conta principalmente do dólar baixo, a balança
comercial teve queda de 67% no superávit (exportações menos
importações) no primeiro trimestre deste ano. A criação de empregos
40 formais no primeiro trimestre deste ano cresceu em quase todos os
setores da economia. No caso da indústria de transformação, por exemplo,
foram criadas 146 mil vagas nos três primeiros meses deste ano, contra
110 mil em igual período de 2007.
Tribuna do Brasil, 11/4/2008. Internet: <www.tribunadobrasil.com.br>
(com adaptações).
1. De acordo com o texto,
(A) já foram criados 1,8 milhão de empregos com carteira assinada no
primeiro trimestre de 2008.
(B) a elevação da taxa de juros poderá influenciar negativamente a criação de
novos empregos, segundo o ministro do Trabalho.
(C) os preços dos eletrodomésticos e dos automóveis vão ter um aumento real
de 0,5 por cento em 2008.
(D) a demanda interna aquecida provocará uma diminuição de compra de bens
duráveis pelos consumidores.
(E) a indústria de transformação foi o setor da economia que mais cresceu em
2007.
Comentário: Na alternativa (A), foi afirmado que “Já foram criados 1,8
milhão de empregos com carteira assinada no primeiro trimestre de 2008.”;
porém se observa que, no texto, houve apenas uma previsão para todo o ano,
não apenas para o primeiro trimestre. Observe a linha 6: “Para o ano de 2008
fechado, o ministro manteve a previsão de criação de 1,8 milhão de postos de
trabalho com carteira assinada.”
Na alternativa (B), perceba que a afirmação do segundo parágrafo é
praticamente igual à desta alternativa. Abaixo serão inseridos a frase da
alternativa (B) e o trecho do texto que comprova que esta alternativa está
correta. Compare:
Frase da alternativa B: “a elevação da taxa de juros poderá influenciar
negativamente a criação de novos empregos, segundo o ministro do
Trabalho.”
Texto: “Para o ministro do Trabalho, a decisão do COPOM de subir os juros
neste mês, e nos subseqüentes, conforme projeção do mercado financeiro,
pode impactar um pouco a criação de empregos formais mais para o final de
2008.” (linhas 21 a 24).
Ao confrontarmos os elementos sublinhados, percebemos que eles são
sinônimos contextuais. À época desta prova, alguns alunos perguntaram por
que essa seria a alternativa correta, se no texto se falou “criação de empregos

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formais” e na alternativa (B) está a expressão “novos empregos”. A resposta é
simples: se haverá dificuldade de novos empregos, é lógico que, pelo
contexto, o qual retrata a formalidade, o primeiro a ser afetado é o emprego
formal.
Na alternativa (C), deve-se perceber que, nas linhas 18 e 20 do texto,
temos:
“Quem compra fogão, geladeira e carro a prazo vai perceber um aumento
real de juros maior do que 0,5 ponto percentual.” e a alternativa (C) “os
preços dos eletrodomésticos e dos automóveis vão ter um aumento real de
0,5 por cento em 2008.”
Na realidade, o aumento será maior que 0,5% e será percebido nos juros
somente em compras a prazo.
Na alternativa (D), o que poderá provocar “uma diminuição de compra
de bens duráveis pelos consumidores” é o aumento dos juros e não a
demanda interna aquecida.
Na alternativa (E), não há referência no texto de que a indústria de
transformação foi o setor da economia que mais cresceu em 2007. Este tipo
de alternativa colocada é chamado de extrapolação textual, pois é um dado
que não está inserido no texto, nem por elementos explícitos, nem por
implícitos (subentendidos).
Gabarito: B

2. Assinale a opção que contém uma informação correta a respeito da


estrutura do texto.
(A) O texto representa a transcrição completa da entrevista feita por
jornalistas ao ministro do Trabalho.
(B) Observam-se, claramente, no texto, argumentos em favor do aumento da
criação de postos de trabalho nas indústrias de bens duráveis.
(C) A intercalação entre os dados a respeito do crescimento da oferta de
empregos e as opiniões do ministro do Trabalho sobre esse tema
caracteriza a estrutura do texto.
(D) O texto é introduzido por meio de uma narração, em que são apresentados
o personagem (ministro) e o tempo da narrativa (o primeiro trimestre de
2008).
(E) No segundo parágrafo, é desenvolvido o seguinte tópico frasal: “Dados do
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (...) recorde histórico
para esse período” (linhas 1 a 5).
Comentário: Entrevista é um gênero textual que parte de perguntas e
respostas, muito encontrado em revistas e jornais. Narrativa é um tipo de
texto que conta uma história e deve possuir elementos como personagem,
cenário, tempo (evolução temporal), narrador (alguém que conta a história),
etc. Dissertação é um tipo de texto que considera um tema, fala sobre algo,
podendo aparecer a opinião do autor (dissertativo-argumentativo) ou apenas
o relato de conteúdo, como em um livro didático (dissertativo-expositivo).
Falta agora o texto descritivo, que é uma enumeração de ações ou
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características.
Na alternativa (A), é dito que “O texto representa a transcrição
completa da entrevista feita por jornalistas ao ministro do Trabalho.” Vemos
como é comum nas questões da banca CESPE encontrarmos as palavras
categóricas, palavras que não admitem ressalvas, como “sempre”, “nunca”,
“nada”, “tudo”, “todo”. Normalmente estão nas alternativas para eliminarmos
como errada. E aqui foi utilizado o vocábulo “completa”. Não há uma
transcrição completa da entrevista no texto. Além disso, foi dito que os
jornalistas fizeram uma entrevista ao ministro. Ele não recebeu nenhuma
entrevista, ele concedeu, partiu dele, então seria o ideal a construção
“...entrevista feita por jornalistas com o ministro.”
Na alternativa (B), não se observam claramente no texto argumentos
em favor do aumento da criação de postos de trabalho nas indústrias de bens
duráveis. Pode-se até subentender, mas não está claro.
A alternativa (C) está correta, porque o texto é basicamente informativo
(dissertativo-expositivo) e está estruturado no tema do crescimento do
emprego formal no país e para isso utiliza dados de algumas instituições e as
opiniões do ministro (argumento de autoridade) como fundamento para
comprovar seu tema. Na realidade, o que a banca quer de você é que haja o
entendimento de que todo texto dissertativo possui um desenvolvimento, que
é a parte de análise do conteúdo expresso na introdução do texto. Esse
fundamento é chamado de procedimento argumentativo, que nada mais é do
que o modo como o autor analisa os argumentos para confirmar o que foi dito
na introdução. Vários são os procedimentos, como relação de causa e
consequência, exemplificação, dados numéricos, argumentos de autoridade,
confronto de posições contrárias etc.
Na alternativa (D), o primeiro parágrafo não é uma narração, há apenas
afirmações que envolvem tempo e lugar; além do mais, o tempo não está
concentrado apenas no 1º trimestre de 2008, como foi afirmado na
alternativa.
Na alternativa (E), deve-se entender que tópico frasal é a declaração
inicial de um parágrafo, que logo em seguida será desenvolvido pelos períodos
seguintes. É uma estratégia argumentativa para chamar a atenção do leitor a
respeito do que se fala no parágrafo. Perceba o tópico frasal do terceiro
parágrafo: “O ministro do Trabalho classificou a decisão do COPOM de subir os
juros de ‘precipitada’”. Agora veja o do segundo parágrafo: “Segundo o
ministro, a demanda interna permanece ‘muito aquecida’”. Todos esses
parágrafos desenvolvem argumentos a partir do tópico apresentado. O mesmo
ocorre com o primeiro parágrafo: “Dados do Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (CAGED) divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE) apontam para a criação de 554 mil postos de trabalho com
carteira assinada no primeiro trimestre deste ano, o que representa recorde
histórico para esse período”. O erro é que o desenvolvimento ocorre, na
realidade, no primeiro parágrafo e não no segundo, conforme o descrito
nesta alternativa.
Gabarito: C

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3. Com referência às idéias e às estruturas do texto, assinale a opção correta.
(A) De acordo com a argumentação textual, verifica-se que os dados do
CAGED são produzidos pelo COPOM.
(B) A palavra “Formalidade”, no título do texto, remete aos postos de trabalho
em que é efetuado registro na carteira de trabalho dos empregados.
(C) Na frase que se inicia por “A série” (linha 5), a substituição da forma
verbal no presente pela forma correspondente no pretérito perfeito
alteraria o sentido do texto.
(D) De acordo com a ortografia oficial, a palavra “recorde” admite a grafia
alternativa record, que deve ser lida como palavra proparoxítona, a
exemplo do que ocorre nos textos de muitos telejornais.
(E) Na linha 16, a expressão “demanda interna” refere-se ao aumento de
postos de trabalho de que trata o primeiro parágrafo do texto.
Comentário: Na alternativa (A), não há nenhuma referência de que o COPOM
tenha produzido os dados do CAGED, como se pode observar no primeiro
parágrafo, além de se verificar que Comitê de Política Monetária (COPOM)
nada tem a ver com dados do Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (CAGED).
Na alternativa (B), note que o texto ressalta o crescimento do trabalho
formal, como os dados do CAGED que “apontam para a criação de 554 mil
postos de trabalho com carteira assinada”.
Na alternativa (C), pode-se, contextualmente, trocar o presente do
indicativo pelo pretérito perfeito do indicativo, pois não alteraria o sentido: “A
série de dados do CAGED tem início em 1992.” (linha 5). Isso ocorre porque o
verbo grifado encontra-se no presente do indicativo com valor de presente
histórico. Esse emprego é comum quando se quer contar um fato ocorrido no
passado, mas avivando-o utilizando o presente.
Na alternativa (D), a palavra “recorde” só pode ser lida como palavra
paroxítona, pois a sílaba tônica (mais forte) é “-cor-”. Os telejornais preferem
o uso coloquial mais por questões de pouca afinidade entre emissoras do que
por questões linguísticas. Lembre-se de que um delas chama-se “Record”.
Na alternativa (E), “demanda interna” na linha 16 nada tem a ver com
postos de trabalho, mas sim com o aquecimento do consumo interno.
Gabarito: B

4. O texto, em que foi empregada uma linguagem simples, de fácil


compreensão, apresenta um termo típico da linguagem coloquial no trecho
(A) ‘Esse primeiro trimestre, como dizem meus filhos, bombou’ (linha 9).
(B) “Segundo o ministro, a demanda interna permanece ‘muito aquecida’”
(linha 16).
(C) ‘Pode haver uma diminuição na escalada de compra de bens duráveis’
(linhas 20 e 21).

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(D) “a decisão do COPOM (...) pode impactar um pouco a criação de empregos
formais” (linhas 21 a 24).
(E) “a decisão sobre juros tende a trazer mais recursos para o Brasil” (linhas
34 e 35).

Comentário: Linguagem coloquial é o enunciado aberto, livre dos rótulos


gramaticais. Muitas vezes fere a norma culta, outras vezes simplesmente não
encontra registro gramatical. Assim, o vocábulo “bombou” faz parte da
linguagem coloquial, linguagem falada dos jovens. Por isso a alternativa (A) é
a correta. As demais alternativas, por exclusão, são vistas como registro culto,
por isso não houve necessidade de desenvolver o comentário por alternativa.
Gabarito: A

5. As conjunções destacadas nos trechos a seguir estão associadas a uma


determinada interpretação. Assinale a opção que apresenta trecho do texto
seguido de interpretação correta da conjunção destacada.
(A) “quando foram criadas 399 mil vagas” (linha 6) – proporcionalidade
(B) ‘como dizem meus filhos’ (linhas 8 e 9) – comparação
(C) ‘É um erro imaginar que há inflação no Brasil’ (linha 28) – consequência
(D) “O ministro avaliou, entretanto, que o impacto maior” (linhas 32 e 33) –
oposição
(E) “Isso porque a decisão sobre juros tende a trazer mais recursos para o
Brasil” (linhas 34 e 35) – conclusão
Comentário: Na alternativa (A), “quando” transmite valor de tempo (e não
de proporção). Sabendo isso, nós já partiríamos para a alternativa seguinte,
mas cabe aqui uma observação importante.
O vocábulo “quando”, neste contexto, inicia oração subordinada adjetiva
explicativa. Portanto, é um pronome relativo na função sintática de adjunto
adverbial de tempo.
Não confunda essa estrutura com a oração subordinada adverbial
temporal, pois, na estrutura do texto, pode-se substituir “quando” por “em
que”, “nos quais” (próprios do pronome relativo). A conjunção adverbial de
tempo não possibilita essa troca. Compare:
Isso ocorreu em 2007, quando foram criadas as vagas.
Oração principal + oração subordinada adjetiva explicativa (vírgula obrigatória)

Isso ocorreu quando foram criadas as vagas.


oração principal + oração subordinada adverbial temporal (vírgula facultativa)

Na alternativa (B), a conjunção “como” transmite valor de


conformidade, podendo-se trocar por “segundo”, “conforme”, “consoante”; o
que não ocorre com a comparação. Normalmente, quando a conjunção “como”
tiver valor de comparação, o verbo estará subentendido e a conjunção pode
ser substituída por “tão ... quanto”, “tal qual”. Veja as diferenças:
Comparação: Ele agiu como o pai. (verbo subentendido: agiu / agia)
Ele agiu tal qual o pai. (verbo subentendido: agiu / agia)
Conformidade: Ele agiu como o pai ensinou.
Ele agiu consoante o pai ensinou.

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Na alternativa (C), a conjunção “que” não possui valor semântico, é


apenas relacional e chamada de conjunção integrante, pois inicia oração
subordinada substantiva. O que a banca queria era que você confundisse esse
“que” com o da oração subordinada adverbial consecutiva. Para ser
consecutiva, deve haver a intensificação na oração principal com os vocábulos
“tão”, “tamanho”, “tanto”. Veja os exemplos:
... imaginar que há inflação no Brasil. (que = conjunção integrante)
oração principal + oração subordinada substantiva objetiva direta (imaginar isso)

A inflação é tão grande que causou revoluções políticas internas.


oração principal + oração subordinada adverbial consecutiva
(que = conjunção subordinativa adverbial consecutiva)

Na alternativa (D), a oração iniciada pela conjunção “entretanto” tem


valor coordenado adversativo (oposição). Por isso esta alternativa é a correta.
Na alternativa (E), a conjunção “porque” revela valor de causa, por isso
não pode ser entendida como conclusão. As conjunções especificamente
coordenadas conclusivas são “portanto”, “por isso”, “por conseguinte”,
“então”, “logo”, “assim”, etc.
Gabarito: D

6. As aspas foram empregadas no texto para


(A) realçar ironicamente palavras ou expressões.
(B) destacar termos emprestados de outras línguas.
(C) indicar a interrupção de idéias que o autor começou a exprimir.
(D) marcar suspensões do pensamento, provocadas por hesitação de quem
fala.
(E) destacar as falas do ministro e os termos que ele utilizou na conversa com
jornalistas.
Comentário: É importante ler atentamente a questão, ela pediu o uso das
aspas empregadas no texto. Algumas alternativas se referem ao uso das
aspas corretamente, mas somente uma está de acordo com o contexto.
Outras se referem ao uso das reticências. Abaixo foi colocado um exemplo de
cada uso.
Na alternativa (A), as aspas podem ser usadas para realçar ironicamente
palavras ou expressões: Ele é um à-toa, “adora” um trabalho. Perceba que as
aspas não foram empregadas com esta finalidade no texto.
Na alternativa (B), as aspas servem para destacar termos emprestados
de outras línguas: A renda “per capita” do brasileiro aumentou nos últimos
anos. (essa expressão é emprestada do latim). Perceba que as aspas não
foram empregadas com esta finalidade no texto.
Na alternativa (C), as reticências (e não as aspas) servem para indicar a
interrupção de idéias que o autor começou a exprimir:
O amor... Ah, o amor... Voltemos à vida real!
Na alternativa (D), as reticências (e não as aspas) servem marcar

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suspensões do pensamento, provocadas por hesitação de quem fala:
Você... tão sozinha... Não lhe ocorre, muitas vezes, que se um homem... Não
tem vontade de casar-se...
Na alternativa (E), as aspas servem para destacar as falas do ministro e
os termos que ele utilizou na conversa com jornalista. Perceba que o texto
retirou de uma entrevista os aspectos principais para retratar o tema
formalidade, com isso as falas do ministro estão registradas com as aspas
(discurso direto), além de algumas vezes o autor querer enfatizar os termos
que ele utilizou com os jornalistas, como “precipitada”, “muito aquecida”, etc.
Gabarito: E

7. O texto apresenta uma oração na voz passiva no trecho


(A) “A série de dados do CAGED tem início em 1992” (linha 5).
(B) “o crescimento no número de empregos formais criados foi de 38,7%”
(linhas 7 e 8).
(C) “‘Pode haver uma diminuição na escalada de compra de bens duráveis’”
(linhas 20 e 21).
(D) ‘Os preços dos bens duráveis (...) não estão aumentando’ (linhas 30 a 32).
(E) “No caso da indústria de transformação, por exemplo, foram criadas 146
mil vagas” (linhas 41 e 42).
Comentário: Deve-se lembrar que voz passiva é aquela em que o sujeito é
paciente e sua oração há de ter verbo com transitividade direta. Todas as
outras transitividades (verbo transitivo indireto, verbo intransitivo e verbo de
ligação) fazem parte automaticamente da voz ativa.
Na alternativa (A), “A série de dados do CAGED tem início em 1992”, o
verbo “tem” é transitivo direto, mas o sujeito “A série” é agente. (Voz ativa:
sujeito agente).
Na alternativa (B), a estrutura “o crescimento no número de empregos
formais criados foi de 38,7%” possui verbo de ligação, por isso é voz ativa.
Na alternativa (C), “Pode haver uma diminuição na escalada de compra
de bens duráveis”, o verbo “haver” é transitivo direto, mas no sentido de
“existir” não tem sujeito e não pode ficar na voz passiva.
Na alternativa (D), o enunciado “Os preços dos bens duráveis (...) não
estão aumentando” possui locução verbal intransitiva, por isso ela está na voz
ativa.
Na alternativa (E), o excerto “(...) foram criadas 146 mil vagas” possui
locução verbal transitiva direta. Perceba que o termo “146 mil vagas” sofreu a
ação (sujeito paciente). O agente da passiva está indeterminado (não se quer
dizer ou não se sabe quem criou as 146 mil vagas). Transformando em voz
ativa, o agente da passiva, que é indeterminado, viraria sujeito
indeterminado; o sujeito paciente (146 mil vagas) passaria a objeto direto
(que também é paciente), ficando assim: Criaram 146 mil vagas.
Gabarito: E

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Texto para as questões de 8 a 10

A raça humana

1 A raça humana é
Uma semana
Do trabalho de Deus.

A raça humana é a ferida acesa


5 Uma beleza, uma podridão
O fogo eterno e a morte
A morte e a ressurreição.

A raça humana é o cristal de lágrima


Da lavra da solidão
10 Da mina, cujo mapa
Traz na palma da mão.

A raça humana risca, rabisca, pinta


A tinta, a lápis, carvão ou giz
O rosto da saudade
15 Que traz do Gênesis
Dessa semana santa
Entre parênteses
Desse divino oásis
Da grande apoteose
20 Da perfeição divina
Na grande síntese.

A raça humana é
Uma semana
Do trabalho de Deus.
Gilberto Gil.

8. No texto, que é a letra de uma canção, o verbo ser encontra-se no presente


do indicativo porque o autor pretende
(A) marcar fatos que ocorrerão em um futuro próximo.
(B) expressar ações habituais dos seres humanos que ainda não foram
concluídas.
(C) dar vida a fatos ocorridos no passado, como se fossem atuais.
(D) apresentar uma condição ou situação como permanente.
(E) enunciar fatos que ocorrem no momento em que o texto é escrito.
Comentário: Esta questão cobrou do candidato o conhecimento de emprego
de tempos verbais. O presente do indicativo pode ser empregado em diversos
contextos; porém das alternativas apenas uma corrobora a ideia do texto. Mas
antes veremos exemplos dos empregos do presente do indicativo, conforme o
que segue nas alternativas:

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Na alternativa (A), o presente marca fatos que ocorrerão em um futuro
próximo (Amanhã vou a sua casa.).
Na alternativa (B), o presente expressa ações habituais dos seres
humanos que ainda não foram concluídas (Alfredo come e dorme.).
Na alternativa (C), o presente dá vida a fatos ocorridos no passado,
como se fossem atuais (é o presente histórico visto na questão 3, letra C)
Na alternativa (D), o autor sugere um dado conceitual, isto é, apresenta
uma situação de caráter permanente, como as seguintes passagens do texto:
“A raça humana é uma semana.”; “A raça humana é a ferida acesa”; “A raça
humana é o cristal de lágrima.” Por isso é a alternativa correta.
Na alternativa (E), o presente enuncia fatos que ocorrem no momento
em que o texto é escrito (Estou escrevendo enquanto falo com você.).
Gabarito: D

9. Assinale a opção em que a preposição em apresenta a mesma interpretação


que recebe no verso 11: “Traz na palma da mão”.
(A) Arrumei os livros na estante da sala.
(B) De vez em quando, vamos juntos ao cinema.
(C) A notícia correu de boca em boca.
(D) A cidade entrou em festa.
(E) Cremos na vitória da democracia.
Comentário: Muita gente quando lê essa questão não consegue entender o
que se pede. A tônica da questão é o valor semântico da preposição, que é um
elemento de coesão. Em “Traz na palma da mão”, a preposição “em” inicia
um adjunto adverbial de lugar; portanto seu valor é “lugar”.
Na alternativa (A), a preposição “em” na frase “Arrumei os livros na
estante da sala.” também inicia adjunto adverbial de lugar, por isso é a
alternativa correta.
Na alternativa (B), a preposição “em” na expressão “De vez em quando”
tem valor de tempo.
Na alternativa (C), a preposição “em” na expressão “de boca em boca”
transmite relação entre elementos, ajudando a compor uma ideia de modo.
Na alternativa (D), a preposição “em” inicia adjunto adverbial de modo
“em festa”.
Na alternativa (E), “na vitória” é objeto indireto, pois o verbo “Cremos”
é transitivo indireto.
Gabarito: A

10. A respeito do emprego dos pronomes relativos, assinale a opção correta.


(A) É correto colocar artigo após o pronome relativo cujo (cujo o mapa, por
exemplo).

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(B) O relativo cujo expressa lugar, motivo pelo qual aparece no texto ligado
ao substantivo mapa na expressão “cujo mapa” (v.10).
(C) O pronome cujo é invariável, ou seja, não apresenta flexões de gênero e
número.
(D) O pronome relativo quem, assim como o relativo que, tanto pode referir-
se a pessoas quanto a coisas em geral.
(E) O pronome relativo que admite ser substituído por o qual e suas flexões
de gênero e número.
Comentário: Na alternativa (A), não se pode inserir artigo após o pronome
relativo “cujo”, o correto é “cujo mapa”.
Na alternativa (B), deveria ser informado que “cujo” expressa ideia de
posse (e não de lugar).
Na alternativa (C), o pronome relativo “cujo” é variável em gênero e
número.
Na alternativa (D), o pronome “que” substitui pessoa ou coisa, porém o
pronome relativo “quem” substitui apenas pessoas.
Na alternativa (E), é correto afirmar que o pronome relativo “que”
admite ser substituído por “o qual” e suas flexões de gênero (masculino e
feminino) e número (singular e plural). Perceba que não admite artigo,
funciona como posse (e não como lugar).
Gabarito: E

11. Assinale a opção em que a frase apresenta o emprego correto do acento


grave indicativo de crase.
(A) Isto não interessa à ninguém.
(B) Não costumamos comprar roupas à prazo.
(C) O estudante se dirigiu a diretoria da escola.
(D) Caminhamos devagar até à entrada do estabelecimento.
(E) Essa é a instituição à que nos referimos na conversa com o presidente.
Comentário: Há crase quando o verbo ou nome exige preposição “a” e o
nome posterior admite o artigo “a”:
Obedeço à lei. Sou obediente à lei.
Na alternativa (A), a palavra “ninguém” não admite o artigo “a” por ser
pronome indefinido, então não pode haver crase.
Na alternativa (B), “prazo” é palavra masculina e não aceita artigo “a”,
portanto não pode haver crase.
Na alternativa (C), “se dirigiu” é transitivo indireto e exige preposição
“a”, o substantivo feminino “diretoria” admite artigo “a”, portanto deve haver
crase obrigatoriamente, o que não ocorreu, por isso a alternativa está errada.
Na alternativa (D), em “Caminhamos devagar até à entrada do
estabelecimento”, o acento indicativo de crase é facultativo, pois a

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preposição “até” admite a preposição “a” facultativamente e o substantivo
“entrada” admite o artigo. Então se pode escrever tanto da forma como está
nesta alternativa, quanto “Caminhamos devagar até a entrada do
estabelecimento”, assim como se houvesse substantivo masculino:
Caminhamos devagar até ao pátio do estabelecimento ou Caminhamos
devagar até o pátio do estabelecimento.
Na alternativa (E), o pronome relativo “que” não admite artigo “a”, portanto
não pode haver crase.
Gabarito: D

12. Uma das funções dos parênteses é a de


(A) separar os diversos itens de uma enumeração.
(B) imprimir a um texto um tom coloquial.
(C) indicar que termos foram deslocados na oração.
(D) isolar explicações, indicações ou comentários em geral.
(E) caracterizar um texto como essencialmente didático.
Comentário: Novamente se cobram questões de pontuação e notações
léxicas; porém agora não é contextual como a questão 6.
Na alternativa (A), não são os parênteses que separam os itens de uma
enumeração, mas sim a vírgula e até o ponto-e-vírgula.
Comprei uma casa, uma granja, um carro e até um ônibus.
Posso fazer oposição entre vida, arte; amor, paixão; prazer, trabalho.
Na alternativa (B), não são os parênteses que imprimem a um texto um
tom coloquial, mas sim as aspas e as reticências. (O “Tião” está “voando” por
aí...)
Na alternativa (C), não são os parênteses que indicam que termos foram
deslocados, mas sim a vírgula. (Quando se pensa em atitudes éticas,
pensa-se nele.) O termo deslocado (antecipado) foi a oração subordinada
adverbial temporal.
Na alternativa (D), observa-se que realmente os parênteses servem
para isolar explicações, indicações ou comentários em geral. Isso também
pode ser evidenciado por meio dos travessões e parênteses. Normalmente o
CESPE pergunta sobre a substituição dessas pontuações. Você viu isso
algumas vezes em nossas aulas.
Na alternativa (E), não há associação direta entre um texto didático e a
notação léxica ou pontuação.
Gabarito: D

13. Com referência à ortografia oficial e às regras de acentuação de palavras,


assinale a opção incorreta.
(A) Os vocábulos lágrima e Gênesis seguem a mesma regra de acentuação.
(B) As palavras oásis e lápis são acentuadas pelo mesmo motivo.

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(C) A grafia correta do verbo correspondente a ressurreição é ressucitar.
(D) Apesar de a grafia correta do verbo poetizar exigir o emprego da letra “z”,
o feminino de poeta é grafado com s.
(E) O vocábulo traz corresponde apenas a uma das formas do verbo trazer; a
forma trás é empregada na indicação de lugar (equivale a parte posterior).
Comentário: Perceba que se pede a alternativa incorreta.
Na alternativa (A), os vocábulos lágrima e Gênesis seguem a mesma
regra de acentuação (todas são proparoxítonas).
Na alternativa (B), as palavras oásis e lápis são acentuadas pelo mesmo
motivo (todas são paroxítonas terminadas em “is”).
Na alternativa (C), a grafia correta do verbo que correspondente a
ressurreição não é ressucitar, mas sim ressuscitar.
Na alternativa (D), apesar de a grafia correta do verbo poetizar exigir o
emprego da letra “z”, o feminino de poeta é grafado com s (poetisa grafa-se
com “s”).
Na alternativa (E), “traz” é o presente do indicativo em terceira pessoa
do singular, pois é gerado do infinitivo trazer, que se escreve com “z”. Já
“trás” é advérbio de lugar (parte traseira, posterior).
Gabarito: C

14. Julgue os fragmentos de texto apresentados nos itens abaixo quanto à


concordância verbal.
I De acordo com o respectivo estatuto, a proteção à criança e ao adolescente
não constituem obrigação exclusiva da família.
II Na redação da peça exordial, deve haver indicações precisas quanto à
identificação das partes bem como do representante daquele que figurará
no pólo ativo da eventual ação.
III A legislação ambiental prevê que o uso de água para o consumo humano e
para a irrigação de culturas de subsistência são prioritários em situações de
escassez.
IV A administração não pode dispensar a realização do EIA, mesmo que o
empreendedor se comprometa expressamente a recuperar os danos
ambientais que, por ventura, venham a causar.
V A ausência dos elementos e requisitos a que se referem o CPC pode ser
suprida de ofício pelo juiz, em qualquer tempo e grau de jurisdição,
enquanto não for proferida a sentença de mérito.

A quantidade de itens certos é igual a

(A) 1. (B) 2. (C) 3. (D) 4. (E) 5.


Comentário: Muita gente vacila neste tipo de questão, porque quer encontrar
erro naquilo que não foi pedido. Aqui se pede apenas que se verifique a
concordância verbal. Isso quer dizer que você se aterá apenas à flexão do

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verbo com o seu respectivo sujeito. Assim:
Na frase I, a concordância verbal correta deve ser “constitui”, porque o
núcleo do seu sujeito é “proteção”, que está no singular. O que se encontra
composto é apenas o complemento nominal (à criança e ao adolescente).
A frase II está correta, basta lembrar que a locução verbal “deve haver”
não possui sujeito porque o verbo principal (haver) está no sentido de
“existir”, então deve permanecer no singular.
Na frase III, a concordância correta do verbo de ligação mais o
predicativo tem que ser “é prioritário” tendo em vista que se refere ao núcleo
do sujeito “uso” (singular). Não confunda! O que se encontra composto é
apenas o adjunto adnominal (para o consumo humano e para a irrigação de
culturas de subsistência).
Na frase IV, perceba que a locução verbal transitiva direta “venham a
causar” não se refere a um sujeito no plural. O seu sujeito está elíptico
(subentende-se a palavra “empreendedor”, que está no singular). Portanto, o
verbo deve estar no singular. Note que o pronome relativo “que” retoma a
expressão “danos ambientais”. Porém o pronome relativo não está na função
de sujeito, e sim de objeto direto. Desenvolvendo a oração, teríamos: “O
empreendedor venha a causar danos ambientais”.
Na frase V, outra questão em que o pronome relativo não está na função
de sujeito, e sim de objeto indireto. O verbo “referir-se” deve estar no
singular porque seu sujeito é “O CPC” (que está no singular). Assim, lê-se O
CPC se refere aos elementos e requisitos.
Portanto, apenas a frase II está gramaticalmente correta, e alternativa
correta para a questão é A.
Gabarito: A

Prova 2
(TRE - MA – superior – 2006)

1 Para que a democracia seja efetiva, é necessário que as pessoas se


sintam ligadas aos seus concidadãos e que essa ligação se manifeste por
meio de um conjunto de organizações e instituições extramercado. Uma
cultura política atuante precisa de grupos comunitários, bibliotecas,
5 escolas públicas, associações de moradores, cooperativas, locais para
reuniões públicas, associações voluntárias e sindicatos que propiciem
formas de comunicação, encontro e interação entre os concidadãos. A
democracia neoliberal, com sua idéia de mercado über alles, nunca leva
em conta essa atuação. Em vez de cidadãos, ela produz consumidores.
10 Em vez de comunidades, produz shopping centers. O que sobra é uma
sociedade atomizada, de pessoas sem compromisso, desmoralizadas e
socialmente impotentes.
Em suma, o neoliberalismo é o inimigo primeiro e imediato da
verdadeira democracia participativa, não apenas nos Estados Unidos, mas
15 em todo o planeta, e assim continuará no futuro previsível.
Robert W. McChesney. Introdução. In: Noam Chomsky. O lucro ou
as pessoas? Neoliberalismo e ordem global. Pedro Jorgensen Jr.
(Trad.). 4.ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004 (com adaptações).

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1. Assinale a opção que está de acordo com as idéias do texto I.
(A) O setor econômico da sociedade inibe qualquer iniciativa de se construir
uma cultura política verdadeiramente democrática.
(B) A democracia neoliberal, ao desprezar as ações da sociedade civil
organizada, reduz a condição política do cidadão a um plano mínimo.
(C) É previsível que, em um futuro próximo, o neoliberalismo evolua para uma
democracia extramercado.
(D) A política neoliberal produz um tipo de democracia voltada,
exclusivamente, para a defesa dos interesses do consumidor.
(E) Os sindicatos destacam-se das demais instituições associativas por
promover a interação entre seus associados.
Comentário: Na alternativa (A), há novamente elemento categórico. Então
cuidado! A expressão “qualquer iniciativa” invalida a afirmativa.
Na alternativa (B), para visualizar melhor a resposta, deve-se reescrever
o trecho do texto e da alternativa (B):
Texto: “Uma cultura política atuante precisa de grupos comunitários,
bibliotecas, escolas públicas, associações de moradores, cooperativas,
locais para reuniões públicas, associações voluntárias e sindicatos que
propiciem formas de comunicação, encontro e interação entre os
concidadãos. A democracia neoliberal, com sua idéia de mercado über alles,
nunca leva em conta essa atuação. Em vez de cidadãos, ela produz
consumidores. Em vez de comunidades, produz shopping centers. O que sobra
é uma sociedade atomizada, de pessoas sem compromisso, desmoralizadas e
socialmente impotentes.”
Questão: A democracia neoliberal, ao desprezar as ações da sociedade civil
organizada, reduz a condição política do cidadão a um plano mínimo.
Note que as ações da sociedade civil organizada são as que estão
marcadas em negrito correspondentes às linhas de 3 a 7 do texto. A
alternativa (B) mostra que a democracia neoliberal despreza as ações da
sociedade civil organizada, o que encontra ratificação no texto “nunca leva em
conta essa atuação”. A alternativa continua afirmando que essa democracia
reduz a condição política do cidadão a um plano mínimo, o que é corroborado
pelo texto na passagem “O que sobra é uma sociedade atomizada, de pessoas
sem compromisso, desmoralizadas e socialmente impotentes.”
Na alternativa (C), a relação desta afirmativa está textualmente
equivocada. O texto não mostra uma perspectiva, na visão do autor, otimista.
Não há tendência no texto para uma sociedade extramercado. Note que o
valor semântico de extramercado no contexto é uma sociedade fora (extra)
dos padrões de consumo (mercado).
Na alternativa (D), “Exclusivamente” é outra palavra categórica, isso
invalida a alternativa, haja vista que a política neoliberal não produz um tipo
de democracia voltada somente para a defesa dos interesses do consumidor,
muito pelo contrário.
Na alternativa (E), relação textualmente equivocada. Não houve

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informação no texto de que os sindicatos se destaquem das demais
instituições.
Gabarito: B

2. Assinale a opção correta com referência à tipologia do texto I.


(A) O produtor do texto apresenta, em narrativa concisa, a trajetória
contemporânea da democracia neoliberal em direção a um futuro
previsível.
(B) Trata-se de texto expositivo, de caráter intimista, em que o autor
apresenta suas impressões pessoais a respeito do neoliberalismo e da
influência norte-americana sobre o futuro da humanidade.
(C) Em um texto eminentemente descritivo, o autor estabelece, de modo
subjetivo, um paralelo entre dois tipos de democracia cujas ações
atendem, de modo diferenciado, aos interesses populares.
(D) No texto, identifica-se uma parte narrativa, em que o autor relata o
surgimento da democracia neoliberal, e outra descritiva, por meio da qual
o produtor enumera, objetivamente, as características da democracia
participativa.
(E) O texto caracteriza-se como dissertativo-argumentativo, no qual o autor,
contrapondo dois tipos de sistema político, manifesta-se contra os efeitos
nocivos de um sobre o outro.
Comentário: Esta questão quer explorar seus conhecimentos sobre a
estrutura e tipologia textuais.
Na alternativa (A), deve-se observar que o texto não narra uma
trajetória. Narrativa, como já falamos, é uma história; e esse não foi o
objetivo do texto.
Na alternativa (B), perceba que não se trata de um texto dissertativo-
expositivo, mas sim de um texto dissertativo-argumentativo, pois há
claramente a opinião do autor. Só essa primeira afirmação da alternativa está
errada, o restante está de acordo com o texto. Nele a opinião do autor se
pauta mais pela emoção que pela razão, retratando suas impressões pessoais
a respeito do tipo de sociedade; por isso se pode entendê-lo como ponto de
vista subjetivo ou intimista.
Na alternativa (C), apesar de haver passagens descritivas
(enumerações) no texto, ele é eminentemente dissertativo-argumentativo. A
descrição serviu como fundamento argumentativo para a dissertação.
Na alternativa (D), não há passagens narrativas no texto. O autor
também não relata o surgimento da democracia neoliberal, ele a condena.
Na alternativa (E), perceba que é correta a afirmação de o texto ser
dissertativo-argumentativo, além de trabalhar a oposição entre duas visões da
sociedade: uma ideal (participativa) e outra real (neoliberal). O autor se
mostra altamente inclinado à primeira, inclusive com tons categóricos.
Gabarito: E

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3. Com referência às palavras e expressões empregadas no texto I, há
equivalência de sentido entre
(A) “conjunto de organizações e instituições extramercado” (linha 3) e
“democracia neoliberal” (linha 8).
(B) “concidadãos” (linha 2) e “consumidores” (linha 9).
(C) “efetiva” (linha 1) e “participativa” (linha 14).
(D) “atuante” (linha 4) e “atomizada” (linha 11).
(E) “grupos comunitários” (linha 4) e “shopping centers” (linha 10).
Comentário: Em todas as alternativas, há palavras textualmente em
oposição (neoliberalismo X sociedade participativa). O pedido da questão é a
equivalência, sinônimos contextuais.
Na alternativa (A), a expressão “conjunto de organizações e instituições
extramercado” faz parte da democracia ideal, participativa; enquanto a
expressão “democracia neoliberal” é a capitalista, real.
Na alternativa (B), “concidadãos” faz parte da democracia ideal,
participativa; enquanto “consumidores” é a capitalista, real.
Na alternativa (C), encontram-se sinônimos contextuais “efetiva” e
“participativa” em relação à democracia ideal, participativa. Por isso essa é a
alternativa correta.
Na alternativa (D), “atuante” faz parte da democracia ideal,
participativa; enquanto “atomizada” é a capitalista, real.
Na alternativa (E), ”grupos comunitários” faz parte da democracia ideal,
participativa; enquanto “shopping centers” faz parte da capitalista, real.
Gabarito: C

4. Julgue os itens abaixo, considerando o emprego de estruturas lingüísticas no


texto I.
I Caso a oração adverbial que inicia o texto estivesse imediatamente após a
expressão “é necessário”, não haveria necessidade de emprego da vírgula,
visto que estaria restabelecida a ordem direta do período.
II A substituição da forma verbal “precisa” (linha 4) por prescinde preserva o
sentido original do texto e aumenta a força argumentativa do enunciado
lingüístico.
III Na linha 6, a forma verbal subjuntiva “propiciem” poderia ser substituída,
sem prejuízo da coerência do texto e da correção gramatical, pela forma
indicativa propiciam, desde que fosse empregada a vírgula antes do
conector “que”.
IV Na linha 8, a forma de presente do indicativo “leva”, associada ao emprego
do advérbio “nunca”, confere ao enunciado um tom assertivo, categórico,
que não admite contestação.
V Estariam garantidas a coerência do texto e a correção gramatical se o
período “O que sobra (...) socialmente impotentes” (linhas 10 a 12) fosse

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assim reescrito: Disso resulta uma sociedade atomizada, constituída de
pessoas sem compromisso, desmoralizadas e socialmente impotentes.
A quantidade de itens certos é igual a
(A) 1. (B) 2. (C) 3. (D) 4. (E) 5.

Comentário: Frase I - Se a oração adverbial final “Para que a democracia


seja efetiva” fosse colocada após a oração “é necessário”, precisaria ficar
entre vírgulas, pois estaria entre uma oração principal e uma oração
subordinada substantiva. Veja:
“É necessário, para que a democracia seja efetiva, que as pessoas se sintam ligadas
aos concidadãos...”
Frase II – O que prescinde é aquilo que é dispensável (oposto de
precisa). Veja: imprescindível é algo que se precisa, muito necessário.
Frase III – correta. A oração adjetiva “que propiciem formas de
comunicação” não vem antecipada de vírgula por ser uma característica
restritiva do substantivo “sindicatos” (somente aqueles sindicatos que
propiciem formas de comunicação); porém, ao se colocar a vírgula antes do
“que”, a oração adjetiva passa a ser explicativa, então todas as organizações
e sindicatos “propiciam formas de comunicação”. Perceba que o verbo deixa
de transmitir uma hipótese (presente do subjuntivo) para transmitir uma
certeza (presente do indicativo). Observe, também, que na questão afirma-se
que a troca e a inserção da vírgula preservariam a coerência e a correção
gramatical. Isso está correto. Ficaria errado se fosse afirmado que não
mudaria o sentido, pois a semântica mudou (de valor restritivo para
explicativo). Continua com coerência passando de hipótese para certeza,
segundo a visão do autor, que já foi mostrado ser ele categórico em suas
afirmações. Então para o autor é certeza que essas organizações propiciam
formas de comunicação, encontro e interação entre os concidadãos.
Frase IV – correta. A palavra “nunca” é categórica, não abre condições
de contestação, como já visto nas questões anteriores.
Frase V – correta. Preserva-se o sentido. Para isso, basta reler com as
adaptações.
A alternativa correta, então, é a letra C.
Gabarito: C

5. No texto abaixo, de autoria de Mário Quintana e reproduzido com


adaptações, os itens em algarismos romanos referem-se aos termos em
negrito que os antecedem. Julgue-os com relação ao emprego dos vocábulos e
das expressões quanto à sintaxe de construção do período e à grafia.
O milagre
Dias maravilhosos em que (I) os jornais vêm (II) cheios de poesia e do
lábio amigo brota (III) palavras de eterno encanto. Dias mágicos em que os
burgueses espiam (IV), através das vidraças dos escritórios, a graça gratuíta
(V) das nuvens.

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Estão certos apenas os itens
(A) I, II e IV. (B) I, III e V. (C) I, IV e V.
(D) II, III e IV. (E) II, III e V.

Comentário: (I) “em que” é adjunto adverbial de tempo e inicia a oração


adjetiva restritiva (os jornais vêm cheios de poesia nos dias maravilhosos).
(II) O verbo “vêm” encontra-se no plural porque seu sujeito é “os
jornais”.
(III) O verbo “brota” deve concordar no plural (brotam) porque o seu
sujeito também está no plural: “palavras de eterno encanto”.
(IV) O verbo “espiam” está de acordo com o seu sentido (olhar, ver). A
banca testou seus conhecimentos de ortografia e palavras homônimas:
“expiam” significa “pagar uma culpa”, diferente do contexto.
(V) Não se acentua o “i” em “gratuito” tendo em vista ser ele uma
semivogal.
A alternativa correta, então, é a letra A.
Gabarito: A

Ser cidadão, perdoem-me os que cultuam o direito, é ser como o Estado,


é ser um indivíduo dotado de direitos que lhe permitem não só se defrontar
com o Estado, mas afrontar o Estado. O cidadão seria tão forte quanto o
Estado. O indivíduo completo é aquele que tem a capacidade de entender o
mundo, a sua situação no mundo e que, se ainda não é cidadão, sabe o que
poderiam ser os seus direitos.
Milton Santos. Cidadania e consciência negra. Internet:
<http://geocities.yahoo.com.br>. Acesso em jun./2005.

6. No texto acima,
(A) o sujeito gramatical da oração expressa pela forma verbal “perdoem” (R.1)
está elíptico.
(B) estaria garantida a obediência às regras de regência verbal, caso se
substituísse a expressão “afrontar o Estado” (linha 3) por afrontar-lhe.
(C) caso a locução verbal “poderiam ser” (linha 6) estivesse no singular,
haveria concordância do verbo auxiliar com o sujeito da oração, expresso
na forma pronominal “o”, que a antecede.
(D) a substituição da expressão “capacidade de entender o mundo” (linhas 4 e
5) por capacidade de entendê-lo mantém a coesão e a coerência do
texto, além de conferir ao período maior concisão.
(E) a expressão “é aquele que” (linha 4) é empregada, no período, para realçar
o termo “O indivíduo completo” (linha 4).
Comentário: Na alternativa (A), o sujeito gramatical de “perdoem” é o
pronome demonstrativo reduzido “os” (sujeito determinado simples).

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“...perdoem-me os que cultuam o direito...”


oração principal + oração subordinada adjetiva restritiva
perdoem: verbo transitivo indireto que: sujeito
me: objeto indireto cultuam: verbo transitivo direto
os: sujeito o direito: objeto direto
Na alternativa (B), o verbo “afrontar” é transitivo direto, então só cabe
objeto direto, por isso não se utiliza o pronome “-lhe” (objeto indireto), mas o
pronome “lo” (objeto direto: imposição do “L” pela retirada do “r” final do
verbo). Verifique que esta troca pode ser feita porque a palavra “Estado” já
havia sido expressa no texto.
Na alternativa (C), “poderiam ser” é uma locução verbal de ligação, pois
o verbo principal é o “ser”. Vê-se que a concordância do verbo “ser” é
bastante atípica. Esse verbo, quando se encontra entre termos substantivos,
concorda com o termo mais “enfático” (de maior peso nocional), não
importando ser sujeito ou predicativo.
Pedro sou eu. Eu sou Pedro.
(O termo de maior peso nocional é o pronome pessoal do caso reto “eu”, na
primeira frase é predicativo e, na segunda, é sujeito).
A cama são tábuas retorcidas.
(Entre substantivos comuns, o de maior peso é o plural, podendo também,
dependendo do contexto, ser o singular.)
Nem tudo são rosas.
(Entre pronome indefinido ou demonstrativo e substantivo no plural, o último
é o de maior peso, podendo, vez ou outra, flexionar-se no singular.)
No excerto “... sabe o que poderiam ser os seus direitos.”, “os seus direitos” é
o predicativo, e “que” é o pronome relativo na função de sujeito que retomou
o pronome demonstrativo “o”. O que está errado na alternativa não é a flexão
do verbo “ser”, pois já vimos que essa flexão é admissível, porém o sujeito
daquela oração é o pronome relativo “que”. Note que “o” é objeto direto do
verbo “sabe”.
“... sabe o que poderiam ser os seus direitos.”
oração principal + oração subordinada adjetiva restritiva
sabe: verbo transitivo direto que: sujeito
o: objeto direto poderiam ser: locução verbal de ligação
os seus direitos: predicativo

Na alternativa (D), observe que a expressão “o mundo” é objeto direto


do verbo “entender”. É gramaticalmente correta a substituição; porém,
textualmente, deve-se observar que o recurso de se substituir um substantivo
por um pronome oblíquo ocorre quando esse substantivo está sendo repetido;
no entanto, a palavra “mundo” não havia sido expressa no texto
anteriormente, e sua substituição causaria uma incoerência no texto.
Ficou com dúvida? Pense nessa frase iniciando um texto:
Ela chegou tarde hoje.
Ela quem? Para que esse pronome tenha coesão e coerência no texto, deve
substituir um substantivo escrito anteriormente no texto:

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Margarida saiu às cinco horas da manhã. Ela chegou tarde hoje.
Agora eu sei quem é ela: Margarida.
Na alternativa (E), perceba que, se fosse retirada a expressão “é aquele
que”, o período continuaria coerente. Com o seu uso no texto, observa-se que
houve ênfase. Esse tipo de estrutura é chamado expressão denotativa de
realce ou expletiva. Serve apenas para dar ênfase, mas, se retirada, não traz
mudanças profundas de sentido ou incoerência no texto.
Veja esse exemplo, para entendermos a intenção do autor ao enunciá-lo:
Imagine que você esteja num grupo de turistas em Paris. Nesse grupo
há pessoas de várias nacionalidades e você é o único brasileiro nessa
coletividade.
De repente, alguém quis se passar por brasileiro e tentou pegar sua
promoção. Ao abordar essa pessoa, você diria o quê?
“Eu sou brasileiro!” ?
ou
“Eu é que sou brasileiro!” ?
Você iria querer enfatizar sua brasilidade, para não comprometer sua
estada naquele lugar, você não falaria simplesmente “Eu sou brasileiro!”, pois
este contexto pede ênfase, imposição de seus argumentos, então caberia: “Eu
é que sou brasileiro!”.
O mesmo ocorre no texto, “O indivíduo completo é aquele que tem a
capacidade de entender o mundo...”
Até se poderia escrever sem a expressão expletiva “é aquele que”; mas
perceba a intenção de realce. Por isso essa é a alternativa correta.
Gabarito: E

7. Assinale a opção correta quanto à pontuação.


(A) Promotores representantes da Associação do Ministério Público do Estado
do Maranhão (AMPEM), vão propor à Controladoria-Geral da União (CGU) a
realização de convênio no projeto Contas na Mão. Nascido há cinco anos, o
projeto tem como objetivo, formar comitês de cidadania para fiscalizar
contas públicas em estados e municípios.
(B) Em 2003, o projeto ganhou o apoio do Tribunal de Contas do Estado do
Maranhão. A parceria culminou na instrução normativa que obriga as
prefeituras e as câmaras municipais a colocarem à disposição da
população a prestação de contas municipais. A instrução tem como
amparo a Lei de Responsabilidade Fiscal.
(C) O projeto foi então, adotado pelo Fórum Permanente dos Promotores de
Justiça, “Depois, fizemos com que esses comitês tivessem participação em
todas as atividades do estado, no planejamento do orçamento, na
execução orçamentária e até, na prestação de contas”, explicou o
promotor de justiça.
(D) O projeto Contas na Mão nasceu em 2000, a partir de audiências públicas
no interior do Maranhão. Nesses encontros, os promotores discutiam com
a população, o processo eleitoral e possíveis crimes como: a compra de

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votos. “Depois, achamos necessário que esse trabalho de conscientização
se estendesse para além do período eleitoral”, disse, um promotor de
justiça.
(E) No Maranhão, os comitês são formados por cidadãos, indicados, pelos
promotores de cada comarca do estado. Eles obtêm capacitação por meio
de: cursos realizados na capital São Luís, e também no interior. Tudo é
mantido com recursos da Procuradoria-Geral de Justiça maranhense e por
meio de parcerias com a AMPEM.
Opções adaptadas. Internet: <http://www.cgu.gov.br>. Acesso em 17/6/2005.

Comentário: Na alternativa (A), a vírgula antes de “vão propor” está errada


porque se encontra entre sujeito e predicado. A expressão “como objetivo” ou
fica entre vírgulas, ou não há nenhuma vírgula (por ser adjunto adverbial de
pequena extensão).
Na alternativa (B), perceba que a única vírgula é facultativa por
entendermos a locução adverbial de pequena extensão. O restante do período
está na ordem direta com vários termos substantivos, o que praticamente
elimina a possibilidade de uso de vírgula.
Na alternativa (C), “então” é uma conjunção conclusiva que se encontra
após o verbo, devendo estar entre vírgulas. Além disso, a vírgula após “até”
deve ser retirada, pois “na prestação de contas” é o último elemento da
enumeração, só cabendo vírgula se fosse no lugar da conjunção “e”. Como ela
está presente, a vírgula não pode ser utilizada.
Na alternativa (D), a vírgula antes de “o processo eleitoral” está errada,
porque se encontra entre objeto indireto e direto. Devem-se retirar os dois-
pontos após a palavra “como” e inserir uma vírgula antes dele, pois “como a
compra de votos” é um trecho exemplificativo que deve ficar separado por
vírgula. Após “disse” não pode haver vírgula, porque separaria sujeito de seu
verbo.
Na alternativa (E), “indicados” não pode ficar entre vírgulas porque é
qualidade restritiva de “cidadãos”. Não pode haver dois-pontos entre a
locução prepositiva “por meio de” que inicia o adjunto adverbial e seu núcleo.
Não é possível a vírgula após “São Luís”, porque o adjunto adverbial de lugar
“na capital São Luís e também no interior” é composto, com núcleos somados
pela conjunção “e”, a qual não admite o uso da vírgula.
Gabarito: B

8. Quanto ao emprego do sinal indicativo de crase, julgue os fragmentos


apresentados nos seguintes itens.
I Opinião favorável ou contrária à coligações partidárias.
II Direito a candidatar-se à qualquer cargo eletivo.
III Disposições aplicadas à sítio mantido por empresas públicas.
IV Tema à que se refere a legislação em vigor.
V Submissão às regras da lei eleitoral.

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VI Restrições impostas às rádios e às emissoras de televisão.
VII Características semelhantes às da legislação eleitoral.
O emprego da crase está correto apenas nos itens

(A) I, II e IV.
(B) I, IV e VII.
(C) II, V e VII.
(D) III, IV e VI.
(E) V, VI e VII.
Comentário: Lembre-se de que, para haver crase, deve haver um nome ou
verbo que exija a preposição “a” e um substantivo que admita o artigo “a”.
Na frase I, “coligações” encontra-se no plural. Como o vocábulo “a” está
no singular, ocorreu apenas preposição e o sinal indicativo de crase deve ser
retirado.
Opinião favorável ou contrária a coligações partidárias.
Na frase II, o pronome “qualquer” não admite artigo “a”, por isso não
pode ocorrer crase.
Direito a candidatar-se a qualquer cargo eletivo.
Na frase III, “sítio” é um substantivo masculino. Portanto, não admite
crase.
Disposições aplicadas a sítio mantido por empresas públicas.
Na frase IV, o pronome relativo “que” não admite artigo “a”. Portanto,
não pode haver crase.
Tema a que se refere a legislação em vigor.
A frase V está correta, pois o substantivo “Submissão” exige preposição
“a” e o substantivo “regras” admite o artigo “as”. Portanto, a crase é
obrigatória.
Submissão às regras da lei eleitoral.
A frase VI está correta, pois o adjetivo “impostas” exigiu preposição “a”
e os substantivos femininos “rádios” (estações) e “emissoras” admitiram o
artigo “as”.
Restrições impostas às rádios e às emissoras de televisão.
A frase VII está correta, pois o adjetivo “semelhantes” exigiu a
preposição “a” e o substantivo “características” está subentendido antes da
preposição “da”, por isso há crase.
Características semelhantes às da legislação eleitoral.
Gabarito: E

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PROVA 3
Agente da Polícia Federal / 2009 / nível superior

1 Nossos projetos de vida dependem muito do


futuro do país no qual vivemos. E o futuro de um
país não é obra do acaso ou da fatalidade. Uma
nação se constrói. E constrói-se no meio de
5 embates muito intensos — e, às vezes, até
violentos — entre grupos com visões de futuro,
concepções de desenvolvimento e interesses
distintos e conflitantes.
Para muitos, os carros de luxo que trafegam
10 pelos bairros elegantes das capitais ou os telefones
celulares não constituem indicadores de
modernidade.
Modernidade seria assegurar a todos os
habitantes do país um padrão de vida compatível
15 com o pleno exercício dos direitos democráticos.
Por isso, dão mais valor a um modelo de
desenvolvimento que assegure a toda a população
alimentação, moradia, escola, hospital, transporte
coletivo, bibliotecas, parques públicos.
20 Modernidade, para os que pensam assim, é
sistema judiciário eficiente, com aplicação rápida e
democrática da justiça; são instituições públicas
sólidas e eficazes; é o controle nacional das
decisões econômicas.
Plínio Arruda Sampaio. O Brasil em construção. In:
Márcia Kupstas (Org.). Identidade
nacional em debate. São Paulo: Moderna, 1997, p. 27-9
(com adaptações).
Considerando a argumentação do texto acima bem como as estruturas
linguísticas nele utilizadas, julgue os itens a seguir.

1. Na linha 2, mantendo-se a correção gramatical do texto, pode-se empregar


em que ou onde em lugar de “no qual”.

Comentário: O verbo “vivemos”, na oração subordinada adjetiva restritiva


“no qual vivemos”, é intransitivo. O seu sujeito está oculto (nós) e “no qual” é
o adjunto adverbial de lugar (vivemos em um país). Esse pronome relativo
pode ser substituído por em que, então também pode ser substituído por
onde. Note que isso só foi possível porque o pronome relativo está cumprindo
a função sintática de adjunto adverbial de lugar.
Gabarito: C

2. Infere-se da leitura do texto que o futuro de um país seria “obra do acaso”


(ℓ. 3) se a modernidade não assegurasse um padrão de vida democrático a
todos os seus cidadãos.
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Comentário: A afirmativa da questão (o futuro de um país seria “obra do


acaso” (ℓ. 3) se a modernidade não assegurasse um padrão de vida
democrático a todos os seus cidadãos) induz o leitor a interpretar que, como o
futuro de um país não é obra do acaso, então a modernidade assegura um
padrão de vida democrático a todos os seus cidadãos. Mas não é isso que o
texto informa. Nas linhas 2 e 3, é dito que o futuro de um país não é obra do
acaso. Nas linhas 13 a 15, é feita uma hipótese: “Modernidade seria
assegurar a todos os habitantes do país um padrão de vida compatível com o
pleno exercício dos direitos democráticos”. O verbo “seria” marca a hipótese;
por isso a afirmativa é errada.
Gabarito: E

3. Para evitar o emprego redundante de estruturas sintático-semânticas, como


o que se identifica no trecho “Uma nação se constrói. E constrói-se no meio
de embates muito intensos” (ℓ. 3 a 5), poder-se-ia unir as ideias em um só
período sintático — Uma nação se constrói no meio de embates —, o
que preservaria a correção gramatical do texto, mas reduziria a intensidade
de sua argumentação.

Comentário: A estrutura “Uma nação se constrói. E constrói-se no meio de


embates muito intensos...” utiliza o recurso da redundância para reforçar o
argumento da construção de uma nação. A expressão “muito intensos”
problematiza ainda mais os embates. O que se pede nesta questão é a
retirada de “E constrói-se” e “muito intensas”, algo perfeitamente claro e
gramaticalmente correto. Mas a intenção anterior de reforçar e intensificar os
argumentos deixa de existir, mas não compromete a coerência do texto. Por
isso, está correta.
Gabarito: C

4. Se o terceiro parágrafo do texto constituísse o corpo de um documento


oficial, como um relatório ou parecer, por exemplo, seria necessário
preservar o paralelismo entre as ideias a respeito de “Modernidade” (ℓ. 13,
20), por meio da conjugação do verbo ser, nas linhas 13 e 20, no mesmo
tempo verbal.

Comentário: Deve-se observar que não é obrigatório o uso de paralelismo


em corpo de texto de um documento oficial. Cada verbo (“seria”, “é”) marca
um princípio diferente para a “modernidade”. O verbo “seria” mantém uma
suposição, hipótese da modernidade. Não há relação paralela entre este verbo
e “é”. O segundo verbo sinaliza uma convicção das pessoas que pensam de
acordo com aquela suposição. Por isso cada verbo deve preservar seu tempo
distinto.
Gabarito: E

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5. O trecho “os que pensam assim” (ℓ. 20) retoma, por coesão, o referente de
“muitos” (ℓ. 9), bem como o sujeito implícito da oração “dão mais valor a
um modelo de desenvolvimento” (ℓ. 16,17).

Comentário: A redação do item deixa bem claro o que se busca avaliar:


obviamente não é a classificação dos tipos de sujeito previstos na gramática,
mas o encadeamento coesivo de expressões que remetem ao mesmo
referente. Assim, o sintagma oracional “os que pensam assim” (linha 20)
retoma, por coesão, o referente de “muitos” (linha 9), bem como o sujeito
implícito da oração “dão mais valor a um modelo de desenvolvimento” (linhas
16 e 17). A progressão textual, como se vê, vai atribuindo ao mesmo
referente um pensamento mais crítico sobre sociedade e modernidade.
Gabarito: C

6. O emprego do sinal de ponto e vírgula, no último período sintático do texto,


apresenta a dupla função de deixar claras as relações sintático-semânticas
marcadas por vírgulas dentro do período e deixar subentender
“Modernidade” (20) como o sujeito de “é sistema” (20,21), “são
instituições” (ℓ. 22) e “é o controle” (ℓ. 23).

Comentário: O ponto e vírgula sinaliza, por motivo de clareza, uma divisão


de estruturas maiores e com vírgulas internas. Por isso é utilizado no último
período do texto. Veja o esquema abaixo:
“Modernidade, para os que pensam assim, é sistema judiciário
eficiente, com aplicação rápida e democrática da justiça; são instituições
públicas sólidas e eficazes; é o controle nacional das decisões
econômicas.”
As orações em negrito são formadas por predicados nominais. Perceba
que, na primeira oração, há duas estruturas adverbiais separadas por vírgulas
(“para os que pensam assim”) e (“com aplicação rápida e democrática da
justiça”). Essas vírgulas são chamadas internas, pois fazem parte apenas de
um termo da enumeração (a primeira oração coordenada). Para evitar que o
leitor se confunda, é lícito separar os outros elementos enumerados (no caso,
as outras duas orações coordenadas) por ponto e vírgula.
Pelas setas vistas acima, podemos observar que o sujeito explícito e
subentendido dos predicados nominais é “Modernidade”. Observe que esse
substantivo está no singular e naturalmente leva seus verbos para o singular;
porém um deles está no plural (“são”). Isso ocorre porque o verbo “ser” tem
concordância peculiar. Quando esse verbo se encontra entre dois substantivos
(um é o sujeito e o outro, predicativo) e um deles está no plural, a tendência
natural é o verbo concordar no plural, não importando se é sujeito ou
predicativo. Por isso está correta a afirmativa de que “Modernidade” é o
sujeito de todos esses verbos.
Gabarito: C

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1 Na verdade, o que hoje definimos como
democracia só foi possível em sociedades de tipo
capitalista, mas não necessariamente de
mercado. De modo geral, a democratização das
5 sociedades impõe limites ao mercado, assim
como desigualdades sociais em geral não
contribuem para a fixação de uma tradição
democrática. Penso que temos de refletir um
pouco a respeito do que significa democracia.
10 Para mim, não se trata de um regime com
características fixas, mas de um processo que,
apesar de constituir formas institucionais, não se
esgota nelas. É tempo de voltar ao filósofo
Espinosa e imaginar a democracia como uma
15 potencialidade do social, que, se de um lado
exige a criação de formas e de configurações
legais e institucionais, por outro não permite
parar. A democratização no século XX não se
limitou à extensão de direitos políticos e civis. O
20 tema da igualdade atravessou, com maior ou
menor força, as chamadas sociedades ocidentais.
Renato Lessa. Democracia em debate. In: Revista
Cult, n.º 137, ano 12, jul./2009, p. 57 (com adaptações).

Com base nas estruturas linguísticas e nas relações argumentativas do texto


acima, julgue os itens seguintes.

7. Seria mantida a coerência entre as ideias do texto caso o segundo período


sintático fosse introduzido com a expressão Desse modo, em lugar de
“De modo geral” (ℓ. 4).

Comentário: A expressão Desse modo denotaria no texto uma conclusão


com base no que foi dito anteriormente. E isso não aconteceu no texto. Na
realidade, a expressão “De modo geral” amplia a ideia anterior por meio de
uma explicação, não de uma conclusão. Por isso a questão está errada.
Gabarito: E

8. Preservam-se a correção gramatical e a coerência textual ao se optar pela


determinação do substantivo “respeito” (ℓ. 9), juntando-se o artigo
definido à preposição “a”, escrevendo-se ao respeito.

Comentário: Não se preserva a correção gramatical e a coerência textual ao


optar pela determinação do substantivo “respeito”, pois se trata de uso
adverbial da expressão (a respeito) e a determinação pelo artigo definido não
é possível.
Gabarito: E

9. Na linha 10, a flexão de singular em “não se trata” deve-se ao emprego do


singular em “um regime”.

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Comentário: Verifique que o pronome “se” é índice de indeterminação do


sujeito, pois se liga a verbo transitivo indireto “trata”. Logo, “de um regime” é
objeto indireto. Como já sabemos, esse termo é complemento e não faz com
que o verbo concorde com ele. Resumindo, sempre que tivermos um índice de
indeterminação do sujeito, obrigatoriamente o verbo fica na terceira pessoa
do singular.
Gabarito: E

10. Depreende-se da argumentação do texto que o autor considera as


instituições como as únicas “características fixas” (ℓ. 11) aceitáveis de
“democracia” (ℓ. 2 e 9).

Comentário: Não há base discursiva para afirmar que se depreenda da


argumentação do texto que o autor considera as instituições como as
ÚNICAS “características fixas” aceitáveis de “democracia”. Para ele, como o
desenvolvimento da argumentação deixa claro, nunca há características fixas:
“não se trata de um regime com características fixas, mas de um processo”
(linha 11). E, “apesar de constituir formas institucionais”, essas não precisam,
de acordo com a concepção, ser fixas. Nada no texto remete à aceitabilidade
de que as instituições sejam fixas na democracia.
Gabarito: E

11. Pela acepção usada no texto, o emprego da forma verbal pronominal “se
limitou” (ℓ. 18,19) exige a presença da preposição a no complemento
verbal; a substituição pela forma não-pronominal — não limitou a
extensão —, sem uso da preposição, preservaria a correção gramatical,
mas mudaria o efeito da ideia de “democratização” (ℓ. 18).

Comentário: Para entendermos melhor a questão, é importante transcrever


o excerto:
A democratização no século XX não se limitou à extensão de direitos
políticos e civis.
O verbo “limitou” é transitivo direto e indireto, “se” é pronome
apassivador e o sujeito paciente é “democratização”. O objeto indireto “à
extensão de direitos políticos e civis” obrigatoriamente recebe a preposição
“a”. Perceba, assim, que no texto original “democratização” é paciente, quer
dizer: A democratização não é limitada à extensão de direitos políticos e civis.
(O agente da passiva está indeterminado).
Se o verbo perder o pronome, naturalmente mudará a estrutura
sintática e consequentemente o sentido, pois o verbo será apenas transitivo
direto, e isso fará com que haja a perda da preposição. Assim:
A democratização no século XX não limitou a extensão de direitos
políticos e civis.
Nesse caso, a “democratização” seria agente de "não limitou". A
mudança na transitividade do verbo provoca alteração nas relações
semânticas. Na primeira construção, a democratização é limitada; na
segunda, é ela que limita. Assim, a alteração provocada redireciona a

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argumentação, mas respeita as normas gramaticais. Por isso a questão está
correta.
Gabarito: C

12. Em textos de normatização mais rígida do que o texto jornalístico, como


os textos de documentos oficiais, a contração de preposição com artigo,
com em “da igualdade” (ℓ. 20), deve ser desfeita, devendo-se escrever de
a igualdade, para que o sujeito da oração seja claramente identificado.

Comentário: Esta questão cobra do candidato o uso da contração de


preposição com artigo. Essa contração é utilizada quando há termo
complementar de verbo (Eu pensei no assunto) ou nome (Pensamento no
assunto), bem como adjunto adnominal (Livro do aluno). A banca quis induzir
o candidato a interpretar a contração diante de sujeito (aceita numa
linguagem mais aberta), mas deve ser evitada no discurso formal (Está na
hora de o aluno estudar). Deve-se evitar Está na hora do aluno estudar.
Mas no texto “da igualdade” é apenas um adjunto adnominal, por isso
obrigatoriamente haverá contração.
Gabarito: E

1 A visão do sujeito indivíduo — indivisível —


pressupõe um caráter singular, único, racional
e pensante em cada um de nós. Mas não há
como pensar que existimos previamente a
5 nossas relações sociais: nós nos fazemos em
teias e tensões relacionais que conformarão
nossas capacidades, de acordo com a
sociedade em que vivemos. A sociologia
trabalha com a concepção dessa relação entre o
10 que é “meu” e o que é “nosso”. A pergunta que
propõe é: como nos fazemos e nos refazemos
em nossas relações com as instituições e nas
relações que estabelecemos com os outros?
Não há, assim, uma visão de homem como uma
15 unidade fechada em si mesma, como Homo
clausus. Estaríamos envolvidos,
constantemente, em tramas complexas de
internalização do “exterior” e, também, de
rejeição ou negociação próprias e singulares do
20 “exterior”. As experiências que o homem vai
adquirindo na relação com os outros são as que
determinarão as suas aptidões, os seus gostos,
as suas formas de agir.
Flávia Schilling. Perspectivas sociológicas. Educação
& psicologia. In: Revista Educação, vol. 1, p. 47 (com
adaptações).

Julgue os seguintes itens, a respeito das estruturas linguísticas e do


desenvolvimento argumentativo do texto acima.

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13. Ao ligar dois períodos sintáticos, o conectivo “Mas” (ℓ. 3) introduz a


oposição entre a ideia de um sujeito único e indivisível e a ideia de um
sujeito moldado por teias de relações sociais.

Comentário: A conjunção “Mas” realmente liga opostos: o primeiro e o


segundo período do texto. O primeiro período é resumido pelo sujeito
indivisível, e o segundo é resumido pelo ser humano com capacidades
conformadas pelas teias relacionais.
Gabarito: C

14. A inserção do sinal indicativo de crase em “existimos previamente a


nossas relações sociais” (ℓ. 4,5) preservaria a correção gramatical e a
coerência do texto, tornando determinado o termo “relações”.

Comentário: A inserção do sinal indicativo de crase diante de “nossas


relações sociais” estaria errada gramaticalmente, pois há crase quando se
juntam preposição “a” e artigo “a”. No caso desta questão, não há artigo, mas
apenas preposição, haja vista que o substantivo “relações” está no plural e o
vocábulo “a” está no singular, por isso o “a” é preposição.
A banca pediu nesta questão sua observação de que não é sempre que
temos crase facultativa diante de pronome possessivo. Esse é um caso que
devemos observar.
Se houvesse artigo, a crase seria obrigatória:
previamente às nossas relações sociais
Como não há artigo, não há crase:
previamente a nossas relações sociais
Somente se o substantivo estivesse no singular, haveria crase
facultativa:
previamente à nossa relação social ou previamente a nossa relação social
Gabarito: E

15. Na linha 5, para se evitar a sequência “nós nos”, o pronome átono poderia
ser colocado depois da forma verbal “fazemos”, sem que a correção
gramatical do trecho fosse prejudicada, prescindindo-se de outras
alterações gráficas.

Comentário: Esta questão cobra seu conhecimento de colocação pronominal,


além do significado do verbo prescindir. Aquilo que é imprescindível é algo
muito necessário, então aquilo que prescinde é algo desnecessário.
Na sequência “nós nos fazemos”, pode-se evitar a proximidade dos
pronomes (ressalte-se que não se quer dizer que esteja errado). O erro da
questão está em dizer que não se necessita (prescindindo-se) de outras
alterações gráficas; essas alterações são obrigatórias (retirada do “s” e
inserção do hífen), ficando da seguinte forma: nós fazemo-nos. Perceba que
o pronome “nós” não é palavra atrativa; logo, a ênclise é aceita.

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Gabarito: E

16. O emprego do sinal de dois-pontos, na linha 11, anuncia que uma


consequência do que foi dito é explicitar a pergunta proposta pela
sociologia.

Comentário: Nesta questão, é importante observarmos o excerto:


A sociologia trabalha com a concepção dessa relação entre o que é “meu”
e o que é “nosso”. A pergunta que propõe é: como nos fazemos e nos
refazemos em nossas relações com as instituições e nas relações que
estabelecemos com os outros?
O emprego do sinal de dois-pontos realmente anuncia que uma
consequência do que foi dito é explicitada na pergunta proposta pela
sociologia. Podemos confirmar esta interpretação ao inserirmos um conectivo
de consequência no excerto:
A sociologia trabalha com a concepção dessa relação entre o que é
“meu” e o que é “nosso”. Consequentemente, a pergunta que propõe é:
como nos fazemos e nos refazemos em nossas relações com as instituições e
nas relações que estabelecemos com os outros?
A explicitação da pergunta completa o pensamento do início da oração,
cujo sujeito é textualmente subentendido “sociologia”.
A sociologia trabalha com a concepção dessa relação entre o que é
“meu” e o que é “nosso”. A pergunta que a sociologia propõe é: como nos
fazemos e nos refazemos em nossas relações com as instituições e nas
relações que estabelecemos com os outros?
Assim, a afirmativa da questão está correta.
Gabarito: C

17. O emprego das aspas nos termos das linhas 10, 18 e 20 ressalta, no
contexto, o valor significativo não usual desses termos.
Comentário: As aspas são usadas dentre vários motivos para destacar
significados diferentes do usual, como termos técnicos com novo valor
semântico. Assim, observa-se que “meu”, “nosso” e “exterior” são vocábulos
que marcam, respectivamente, posse e parte de fora. Porém no texto não
são esses os significados: “meu” significa individual, “nosso” significa
coletividade e “exterior” significa aquilo que se absorve da interação
com outros. Verifica-se que o conceito não atende ao senso comum do uso
dos vocábulos. Por isso, essas palavras estão entre aspas.
Gabarito: C

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18. O uso da forma verbal flexionada na primeira pessoa do plural
“Estaríamos” (ℓ. 16) inclui autor e leitores no desenvolvimento da
argumentação, de tal modo que seria coerente e gramaticalmente correto
substituir “o homem vai adquirindo” (ℓ. 20, 21) por vamos adquirindo,
no período seguinte.

Comentário: A banca quis que você prestasse atenção quanto à estrutura


sintática. A troca da terceira pessoa verbal (vai adquirindo) pela primeira do
plural (vamos adquirindo) respeitaria a direção argumentativa e a relação
semântica entre as ideias, pois com esse verbo o texto inclui autor e leitores
como parte dos “homens”, “eles”, objeto da argumentação. A substituição, no
entanto, só seria correta e coerente se os pronomes “suas”, “seus”, “suas”,
que estabelecem a coesão, também fossem trocados pelos de primeira pessoa
do plural. Veja:
Estaríamos envolvidos, constantemente, em tramas complexas de
internalização do “exterior” e, também, de rejeição ou negociação próprias e
singulares do “exterior”. As experiências que o homem vai adquirindo na
relação com os outros são as que determinarão as suas aptidões, os seus
gostos, as suas formas de agir.
Fazendo os ajustes de acordo com a gramaticalidade:
Estaríamos envolvidos, constantemente, em tramas complexas de
internalização do “exterior” e, também, de rejeição ou negociação próprias e
singulares do “exterior”. As experiências que vamos adquirindo na relação
com os outros são as que determinarão as nossas aptidões, os nossos
gostos, as nossas formas de agir.
Gabarito: E

19. Na linha 19, a flexão de plural em “próprias e singulares” estabelece


relações de coesão tanto com “rejeição” quanto com “negociação” e indica
que esses substantivos têm referentes distintos e não podem ser tomados
como sinônimos.

Comentário: Primeiro deve-se observar que “rejeição” e “negociação” não


são sinônimos. A banca quis chamar a atenção quanto à concordância de um
adjunto adnominal após núcleos compostos. A flexão de plural nesses
adjetivos marca a incidência sobre mais de um termo. Assim, a conjunção
“ou” alude à inclusão desses substantivos, além de entendermos que os
adjetivos “singulares” e “próprios” transmitem a ideia de unicidade, cada um
sendo termo a parte. Portanto, esses termos não admitem a interpretação de
que constituam um referente único (sinônimo).
Gabarito: C

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1 O uso do espaço público nas grandes
cidades é um desafio. Sobretudo porque algumas
regras básicas de boa convivência não são
respeitadas. Por exemplo, tentar sair de um
5 vagão do metrô com a multidão do lado de fora
querendo entrar a qualquer preço, sem esperar e
dar passagem aos demais usuários. Ou andar
por ruas sujas de lixo, com fezes de cachorro e
cheiro de urina. São situações que transformam
10 o convívio urbano em uma experiência ruim. A
saída é a educação. Convencidos disso,
empresas e governos estão bombardeando a
população com campanhas de conscientização
— e multas, quando só as advertências não
15 funcionarem. Independentemente da estratégia,
o senso de urgência para uma mudança de
comportamento na sociedade brasileira veio para
ficar.
As iniciativas são louváveis. Caso a
20 população, porém, se sinta apenas punida ou
obrigada a uma atitude, e não parte da
comunidade, os benefícios não se tornarão
duradouros.
Suzane G. Frutuoso. Vai doer no bolsão.
In: Istoé, 22/7/2009, p. 74-5 (com adaptações).

A respeito da organização das estruturas linguísticas do texto acima e da


redação de correspondências oficiais, julgue os itens subsequentes.

20. Respeitam-se a coerência da argumentação do texto e a sua correção


gramatical, se, em vez de se empregar “do espaço público” (ℓ. 1), no
singular, esse termo for usado no plural: dos espaços públicos.

Comentário: O efeito argumentativo pode ser alterado, mas não se incorre


em desrespeito às regras gramaticais, nem se provoca incoerência textual se,
em vez de se empregar “do espaço público”, no singular, esse termo for usado
no plural: dos espaços públicos. As gramáticas validam o uso de palavras
no singular para representar, genericamente, o conjunto. As relações
semânticas estão, assim, preservadas. Como o termo não é núcleo do sujeito,
o verbo não muda a concordância e a correção fica mantida.
Gabarito: C

21. A fragmentação sintática de ideias coordenadas, decorrente do emprego


do ponto final antes de “Sobretudo” (ℓ. 2), de “Ou” (ℓ. 7) e de “São
situações” (ℓ. 9), que é admitida em textos jornalísticos, deve ser evitada,
para facilitar a objetividade e a clareza, na redação de documentos
oficiais.
Comentário: Para entendermos melhor, é importante transcrever abaixo o
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excerto:
O uso do espaço público nas grandes cidades é um desafio.
1 Sobretudo porque algumas regras básicas de boa convivência não
2 são respeitadas. Por exemplo, tentar sair de um vagão do metrô
com a multidão do lado de fora querendo entrar a qualquer preço,
3 sem esperar e dar passagem aos demais usuários. Ou andar por
ruas sujas de lixo, com fezes de cachorro e cheiro de urina.
São situações que transformam o convívio urbano em uma
experiência ruim.
Há fragmentação da estrutura básica do período. O enunciado
explicativo subsequente a “sobretudo” (1) normalmente não viria separado do
enunciado inicial por ponto final; mas, como são orações coordenadas, de
certa forma independentes, há possibilidade de se empregar o ponto final.
Além disso, as exemplificações (2) e (3) são sujeitos oracionais do segmento
“São situações”; por isso não viriam, seguindo-se os preceitos gramaticais,
separados por pontos finais.
Sabe-se que no estilo jornalístico, há certa flexibilidade na linguagem;
por isso, admite-se tal fragmentação; mas esse recurso, de acordo com a
norma culta formal, está incorreto e faz com que o texto perca objetividade e
clareza. Por isso, o Manual de Redação da Presidência da República
recomenda que se evite a fragmentação da estrutura sintática.
Gabarito: C

22. Na relação entre as ideias do texto, subentende-se ao imediatamente


antes de “tentar” (ℓ. 4) e de “andar” (ℓ. 7); por isso, a inserção de ao
nessas posições tornaria o texto mais claro, além de manter a sua
correção gramatical.
Comentário: Para responder a esta questão, deve-se recorrer à questão
anterior:
O uso do espaço público nas grandes cidades é um desafio.
1 Sobretudo porque algumas regras básicas de boa convivência não
2 são respeitadas. Por exemplo, tentar sair de um vagão do metrô
com a multidão do lado de fora querendo entrar a qualquer preço,
3 sem esperar e dar passagem aos demais usuários. Ou andar por
ruas sujas de lixo, com fezes de cachorro e cheiro de urina.
São situações que transformam o convívio urbano em uma
experiência ruim.
Já foi falado na questão anterior que o sujeito do predicado nominal
“São situações” são duas orações reduzidas de infinitivo: “tentar sair...” e
“andar por ruas...”. Ora, o sujeito não recebe preposição e é justamente isso
que a banca quis que o candidato visualizasse nesta estrutura; por isso não
podem os verbos “tentar” ou “andar” receber preposição.
Se você ficou na dúvida sobre o verbo “São” estar no plural com sujeito
oracional, veja o que foi dito na concordância do verbo “ser” na questão 6
desta prova. É o mesmo motivo.
Gabarito: E

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23. Na linha 14, a presença da conjunção “e” torna desnecessário o uso do


travessão, que tem apenas a função de enfatizar a aplicação de “multas”;
por isso, a retirada desse sinal de pontuação não prejudicaria a correção
nem a coerência do texto.

Comentário: Vamos entender com a transcrição do excerto abaixo.


Convencidos disso, empresas e governos estão bombardeando a
população com campanhas de conscientização — e multas, quando só as
advertências não funcionarem.
A retirada do travessão provoca incoerência porque coloca não só
“multas”, como também “campanhas de conscientização” como foco da
condição de advertência. Veja como ficaria se retirássemos o travessão:
Convencidos disso, empresas e governos estão bombardeando a
população com campanhas de conscientização e multas, quando só as
advertências não funcionarem.
Você deve ter achado estranho esse travessão diante da conjunção “e”,
tendo em vista que a conjunção aditiva normalmente não seria antecedida de
uma pontuação. Mas essa pontuação pôde ocorrer neste contexto, assim como
se poderia substituir por vírgula ou inserir parênteses no trecho “e multas,
quando só as advertências não funcionarem”; pois essa estrutura é um
comentário do autor, também chamada de expressão parentética. A retirada
da pontuação antes do “e” deixaria de configurar o comentário do autor e
seria simplesmente uma adição, o que mudaria o sentido, como afirmado
acima.
Gabarito: E

24. A substituição de “Caso” (ℓ. 19) pela conjunção Se preservaria a correção


gramatical da oração em que se insere, não demandaria outras
modificações no trecho e respeitaria a função condicional dessa oração.

Comentário: A substituição de “Caso” pela conjunção Se não preservaria a


correção gramatical da oração em que se insere, pois demandaria outras
modificações no trecho, apesar de respeitar a função condicional dessa
oração. A conjunção “Se” constrói estrutura sintática com o futuro do
subjuntivo (SENTIR), não com o presente do subjuntivo (SINTA), como faz
“Caso”. O resultado da troca seria uma estrutura sintática em desacordo com
as regras gramaticais da norma culta padrão.
Gabarito: E

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Com referência à redação de correspondências oficiais, julgue os itens a
seguir.

25. Documentos oficiais em forma de ofício, memorando, aviso e exposição de


motivos têm em comum, entre outras características, a aposição da data
de sua assinatura e emissão, que deve estar alinhada à direita, logo após
a identificação do documento com o tipo, o número do expediente e a
sigla do órgão que o emite.

Comentário: De acordo com o MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA


REPÚBLICA, documentos oficiais em forma de ofício, memorando, aviso e
exposição de motivos têm em comum, entre outras características, a aposição
da data de sua assinatura e emissão. A assinatura de um documento cria-lhe
o momento do "nascimento", portanto de EMISSÃO. Além disso, a data deve
estar alinhada à direita, logo após a identificação do documento - na qual
constam o tipo, o número do expediente e a sigla do órgão que o emite. Ao
contrário de relatórios e pareceres, que têm a data aposta ao final, antes da
assinatura, esses documentos têm o local e a data de emissão antes do
vocativo ou do corpo do documento, como nos exemplos a seguir:

Ofício Memorando

(...)

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Aviso Exposição de Motivos

Gabarito: C

26. Desconsiderando-se as margens e os espaços adequados, respeitam as


normas de redação de um documento oficial encaminhado por um chefe
de seção a seu diretor o seguinte trecho, contendo o parágrafo final e
fecho de um ofício.

(...)
4. Por fim, por oportuno informamos que as providências tomadas, e aqui
mencionadas, também já são do conhecimento das partes envolvidas.
Atenciosamente
[assinatura]
Pedro Álvares Cabral
Chefe da seção de logística
e distribuição de pessoal (SLDP).

Comentário: Trata-se de avaliar a correta redação de um documento oficial


em seus vários aspectos. Para autoridade de hierarquia superior, o fecho
adequado é RESPEITOSAMENTE. Falta vírgula depois de “Atenciosamente”,
assim como depois da expressão adverbial deslocada “por oportuno”, o que
desrespeita as regras do português padrão culto. A expressão “por oportuno”
é desnecessária e fere o critério de objetividade e concisão. Assim, mesmo se
desconsiderando as margens e os espaços adequados, as normas de redação
de um documento oficial encaminhado por um chefe de seção a seu diretor
estão desrespeitadas neste texto.
A proposta correta seria (sem levar em conta o espaçamento):
(...)

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4. Por fim, informamos que as providências tomadas, e aqui
mencionadas, também já são do conhecimento das partes envolvidas.
Respeitosamente,
[assinatura]
Pedro Álvares Cabral
Chefe da seção de logística e
distribuição de pessoal (SLDP).
Gabarito: E

PROVA 4
Delegado da Polícia Federal / 2004 / nível superior

Texto I – itens de 1 a 5

1 O homem, como ser histórico, é o


construtor da sociedade e o responsável pelo
rumo que ela venha a tomar. Tornamo-nos seres
humanos na dialética mesma da hominização, ao
5 produzirmos e transformarmos coletivamente a
cultura e nos construirmos como sujeitos.
A nossa cultura atual, eivada de violências
físicas e simbólicas, tem levado os seres
humanos à massificação, à desumanização e à
10 autodestruição. Fazendo frente a essa crise, a
Cultura da Paz surge como uma proposta da
ONU que tem por objetivo conscientizar a todos
— governos e sociedades civis — para que se
unam em busca da superação da falência do
15 nosso paradigma atual, conclamando para a
construção de um novo modelo substitutivo,
assentado em ações, valores e princípios
calcados em uma nova ética social, no respeito à
diversidade cultural e na diminuição das
desigualdades e injustiças.
Editorial. Revista da Faculdade de Educação do
Estado da Bahia. Ano 10, n.º 14, jan./jun., 2001
(com adaptações).

Julgue os itens seguintes, acerca do texto acima.


1. O aposto “como ser histórico” (ℓ.1) esclarece ou justifica as razões das
características de homem que o período sintático apresenta a seguir.
Comentário: A expressão “como ser histórico” está entre vírgulas por ser
aposto explicativo. Note que a palavra “como” pode ter vários valores
(conjunção, pronome relativo, advérbio), mas neste caso cumpre o papel de
preposição acidental, com o sentido de “na qualidade de”. Normalmente
vemos o aposto explicativo sem preposição, mas ele pode, a depender de seu
emprego, receber uma. Neste caso, houve mais clareza com o seu emprego.

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Ao dizer que o homem é um ser histórico, compreendemos que por isso é o
construtor da sociedade, produtor e transformador da cultura. Afinal, é
através da história que entendemos a transformação cultural e a evolução da
sociedade. Por isso, a afirmativa está correta.
Gabarito: C

2. A ideia de hipótese que o emprego de “venha” (ℓ. 3) confere ao texto pode


ser alternativamente expressa por porventura vem, sem prejuízo da
argumentatividade e da correção gramatical do texto.

Comentário: O advérbio “porventura” transmite valor semântico de dúvida.


Por isso, o verbo em seguida deve estar no subjuntivo, pois esse é o modo
verbal que transmite incerteza, dúvida. O verbo vem está no presente do
indicativo, transmitindo certeza; assim, a substituição ficaria incoerente com o
texto e com incorreção gramatical.
Gabarito: E

3. Preservam-se a correção gramatical e a coerência do texto ao se substituir


o aposto “eivada (...) simbólicas” (ℓ. 7-8) pela seguinte oração
subordinada: de que foi infectada por violências físicas e simbólicas.

Comentário: Para observarmos se a substituição preserva a correção


gramatical e a coerência, vamos transcrever abaixo o trecho original e depois
faremos a substituição:
A nossa cultura atual, eivada de violências físicas e simbólicas, tem
levado os seres humanos à massificação, à desumanização e à autodestruição.
A expressão “eivada de violências físicas e simbólicas” não é aposto,
mas sim oração subordinada adjetiva explicativa e se encontra reduzida de
particípio, pois não possui pronome relativo. Essa oração adjetiva pode, então,
receber o pronome relativo, sendo desenvolvida da seguinte forma: que está
eivada de violências físicas e simbólicas.
O pronome relativo “que” está na função de sujeito, por isso não pode
receber preposição; “está eivada” é locução verbal passiva e recebe o agente
da passiva “de violências físicas e simbólicas”.
Na reconstrução, equivocadamente, o pronome relativo recebeu a
preposição “de”. Daí o erro gramatical.
A substituição da locução verbal por foi infectada não muda
drasticamente o sentido, pois o particípio “eivada” é sinônimo de infectada,
mas a mudança de verbo “está”, no presente do indicativo, para o verbo foi,
no pretérito perfeito do indicativo, muda o emprego verbal. Porém, isso não
implica incoerência no texto. O agente da passiva pode ser iniciado pela
preposição por ou de, por isso a substituição está correta em por violências
físicas e simbólicas.
Assim, está errada a construção:
A nossa cultura atual, de que foi infectada por violências físicas e
simbólicas, tem levado os seres humanos à massificação, à desumanização e
à autodestruição.
Gabarito: E

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4. A inserção de uma vírgula logo depois de “ONU” (ℓ. 12) respeitaria as


regras gramaticais, mas provocaria ambiguidade de interpretação sobre
quem teria “por objetivo conscientizar” (ℓ.12).

Comentário: O ponto chave da questão é saber qual substantivo é retomado


pelo pronome relativo “que”. Na forma original, sem vírgula, entendemos que
há presença de oração subordinada adjetiva restritiva. Assim, dentre as várias
propostas da ONU, há restrição àquela que tem por objetivo conscientizar a
todos — governos e sociedades civis — para que se unam em busca da
superação da falência do nosso paradigma atual. Veja o esquema abaixo que
confirma a explicação acima:
“Fazendo frente a essa crise, a Cultura da Paz surge como uma
proposta da ONU que tem por objetivo conscientizar a todos — governos e
sociedades civis — para que se unam em busca da superação da falência do
nosso paradigma atual...”

Ao ser inserida a vírgula, passamos a ter a oração subordinada adjetiva


explicativa. Não há mais restrição, mas, sim, qualidade básica do substantivo
que foi retomado pelo pronome “que”. Sabemos que a ONU é uma
organização voltada à união dos povos, todos os seus programas são voltados
para isso. Portanto, com a vírgula, poderíamos entender que é a ONU que
“tem por objetivo conscientizar a todos (...) para que se unam em busca da
superação da falência de nosso paradigma atual”; mas também poderíamos
continuar entendendo que a Cultura da Paz é uma proposta da ONU e existe
com o exclusivo objetivo de “conscientizar a todos para que se unam em
busca da superação da falência do nosso paradigma atual”.
“Fazendo frente a essa crise, a Cultura da Paz surge como uma

proposta da ONU, que tem por objetivo conscientizar a todos — governos e

sociedades civis — para que se unam em busca da superação da falência do

nosso paradigma atual...”

Portanto, é correto afirmar que a inserção de uma vírgula logo depois de


“ONU” respeitaria as regras gramaticais, mas provocaria ambiguidade de
interpretação sobre quem teria “por objetivo conscientizar” (a “ONU” ou “uma
proposta da ONU”: “a Cultura da Paz”?).
Gabarito: C

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5. As expressões “paradigma atual” (ℓ.15) e “novo modelo” (ℓ.16)
correspondem a duas possibilidades diferentes de éticas sociais: a primeira
leva à desumanização e à autodestruição; a segunda busca a superação da
violência pela paz.

Comentário: O texto é claro em duas possibilidades diferentes de éticas


sociais, com as expressões “paradigma atual” e “novo modelo”. Entendemos
que a primeira realmente leva à desumanização (que se encontra na linha 9)
e à autodestruição (que se encontra na linha 10). Notamos que a segunda
busca a superação da violência pela paz pelo próprio nome da proposta da
ONU: “Cultura da Paz”.
Gabarito: C

Texto II – itens de 6 a 16

1 A polêmica sobre o porte de armas pela


população não tem consenso nem mesmo dentro da
esfera jurídica, na qual há vários entendimentos
como: “o cidadão tem direito a reagir em legítima
5 defesa e não pode ter cerceado seu acesso aos
instrumentos de defesa”, ou “a utilização da força é
direito exclusivo do Estado” ou “o armamento da
população mostra que o Estado é incapaz de garantir
a segurança pública”. Independente de quão caloroso
10 seja o debate, as estatísticas estão corretas: mais
armas potencializam a ocorrência de crimes,
sobretudo em um ambiente em que essas sejam
obtidas por meios clandestinos. A partir daí, qualquer
fato corriqueiro pode tornar-se letal. O porte de arma
15 pelo cidadão pode dar uma falsa sensação de
segurança, mas na realidade é o caminho mais curto
para os registros de assaltos com morte de seu
portador.
Internet: <http://www.serasa.com.br/guiacontraviolencia>.
Acesso em 28/9/2004 (com adaptações).
A respeito do texto II, julgue os itens a seguir.
6. Na linha 1, o emprego da preposição por, que rege “população”,
estabelece a relação entre “porte” e “população”.

Comentário: A banca queria que o candidato visualizasse que a preposição


“por”, em contração com o artigo “a”, constituindo “pela”, inicia um adjunto
adnominal (termo agente) do núcleo “porte”, e a expressão “de armas” é o
complemento nominal (termo paciente). Podemos entender da seguinte
forma: a população porta armas. Isso confirma sintaticamente o que se diz na
questão: o emprego da preposição por, que rege “população”, estabelece a relação
entre “porte” e “população”.

... sobre o porte de armas pela população...


núcleo + compl nominal + adjunto adnominal
Gabarito: C
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7. A retirada da expressão “nem mesmo” (ℓ. 2) preservaria a coerência e a
correção gramatical do texto, mas enfraqueceria o argumento que mostra
a fragilidade do consenso.

Comentário: A expressão “nem mesmo” é denotativa de inclusão. O seu


valor contextual é mostrar que até, inclusive (também palavras denotativas
de inclusão) dentro da esfera jurídica, em que se esperava uma certeza a
respeito do tema, não há essa convicção categórica. Essa expressão é
utilizada para reforçar a polêmica em torno do porte de armas. Sua retirada
não implica incorreção gramatical, nem incoerência. Na verdade, não haveria
o reforço, com isso enfraqueceria o argumento que mostra a fragilidade do
consenso, que é a própria esfera jurídica ter dúvida.
Gabarito: C

8. No período de que faz parte, o termo “Independente” (ℓ. 9) exerce a função


de adjetivo e está no singular porque se refere a “debate” (ℓ. 10).

Comentário: A palavra independente pode ser adjetivo, quando se liga a


substantivo; com isso deve se flexionar de acordo com o substantivo a que se
refere, por exemplo:
Os Países pobres estão ficando independentes dos mais ricos aos poucos.
Neste exemplo, criado pelo professor, “independentes” se liga a substantivo,
por isso se flexiona.
O vocábulo “Independente”, na linha 9, é advérbio, transmitindo a
circunstância de modo (Independentemente), porque se liga à oração “as
estatísticas estão corretas”, e não a substantivo. Veja:
Independente de quão caloroso seja o debate, as
estatísticas estão corretas: mais armas potencializam a
ocorrência de crimes, sobretudo em um ambiente em que essas
sejam obtidas por meios clandestinos.
Substituindo um advérbio por outro, teríamos:
Independentemente de quão caloroso seja o debate, as
estatísticas estão corretas: mais armas potencializam a
ocorrência de crimes, sobretudo em um ambiente em que essas
sejam obtidas por meios clandestinos.
Gabarito: E

9. O emprego das aspas indica vozes que representam opiniões


paradigmáticas a respeito do porte de armas.

Comentário: A questão cobrou mais sobre o entendimento da expressão


“opiniões paradigmáticas” do que propriamente o uso das aspas; pois
sabemos que as aspas indicam a citação, a fala, vozes de alguém. Assim,
quanto à pontuação está correta a afirmativa. Resta saber se elas realmente
representam as opiniões paradigmáticas a respeito do tema porte de armas.
Segundo o Dicionário Aurélio, paradigma é:

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“Substantivo masculino. 1. Modelo, padrão, estalão: “D. Luís de Meneses
.... parece constituir o paradigma da síntese ideal .... entre a coragem militar
e o academismo cultural.” (Antônio José Saraiva e Óscar Lopes, História da
Literatura Portuguesa, pp. 455-456).”
Dessa forma, podemos interpretar que não são opiniões pessoais ali
relatadas, mas opiniões tomadas de modelos, padrões legais, constitucionais,
dogmáticos, doutrinários, a favor do porte de armas ou contra ele. Isso
ratifica que a questão está correta.
Gabarito: C

10. De acordo com o desenvolvimento das ideias no texto, o advérbio “daí” (ℓ.
13) marca o momento do debate.

Comentário: O vocábulo “daí” pode, em determinados contextos, ser


advérbio de tempo ou lugar; mas, no caso do texto, esse vocábulo encontra-
se junto a uma locução prepositiva (a partir de) que transmite uma conclusão
com base em uma análise anteriormente dita (após uma consideração). Dessa
forma, a afirmativa da questão está errada.
Gabarito: E

11. Pelo tema, impessoalidade e clareza, o texto poderia constituir parte de um


documento oficial — como, por exemplo, um relatório ou um parecer —,
mas o emprego das aspas lhe confere uma coloquialidade que o torna
inadequado às normas da redação oficial.

Comentário: O texto realmente transmite o tema com clareza e


impessoalidade. Clareza, por não haver ambiguidade, nem considerações
vagas; impessoalidade, por não expor opiniões particulares, mas se basear
em argumentos estruturais. Este texto não se caracteriza como um “Relatório”
ou “Parecer”; mas a banca afirmou que ele poderia fazer parte de um
relatório ou parecer. Isso, sim, pode ser afirmado, pela objetividade e clareza
no texto.
O erro está em afirmar que as aspas transmitem coloquialidade. Em
outras circunstâncias, as aspas podem até transmitir coloquialidade, por
exemplo ao retratar uma discussão entre pessoas, o falar de jovens; mas
neste contexto as opiniões entre aspas sinalizam bases doutrinárias de
pensamento. Por isso, pode ser utilizada em fundamento de um texto de
correspondência oficial.
Gabarito: E

Os itens abaixo apresentam opiniões ou relatos acerca do porte de armas,


extraídos e adaptados de publicações recentes da imprensa nacional. Julgue
cada item como certo se a ideia nele contida enfraquece o argumento
defendido no texto II.

12. O fácil acesso às armas deu um novo status aos pequenos delitos, que
passaram a ser letais, além de aumentar consideravelmente o poderio da
marginalidade frente ao dos policiais.

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Comentário: Da questão 12 à 16, ocorre o mesmo pedido:
Julgue cada item como certo se a ideia nele contida enfraquece o argumento
defendido no texto II.
Para isso, temos que ter claro o argumento defendido no texto.
Primeiro, observe que o tema é o porte de armas:
“A polêmica sobre o porte de armas pela população não tem
consenso nem mesmo dentro da esfera jurídica...”
Agora, percebamos o argumento do autor:
“Independente de quão caloroso seja o debate, as estatísticas estão
corretas: mais armas potencializam a ocorrência de crimes (...). O porte
de arma é o caminho mais curto para os registros de assaltos com morte de
seu portador.
Com base nisso e se lembrando de que a afirmativa correta deve ser
aquela que vai contra o argumento do autor, podemos, então, resolver as
questões de 12 a 16.
Levando-se em conta o argumento do autor de que “mais armas
potencializam a ocorrência de crimes”, a frase “O fácil acesso às armas deu
um novo status aos pequenos delitos, que passaram a ser letais, além de
aumentar consideravelmente o poderio da marginalidade frente ao dos
policiais.” confirma e potencializa a opinião do autor.
Como se deve marcar certo ao que enfraquece o argumento do autor,
esta questão está errada.
Gabarito: E

13. Com o desarmamento civil, irá se conseguir apenas privar a população do


seu legítimo direito à autodefesa, verdadeiro atentado a um princípio
consagrado pela lei natural do homem. Vários países tentaram reduzir o
nível de violência por meio do desarmamento da população, creditando às
armas de fogo portadas pela sociedade civil a responsabilidade final pelo
aumento do número de atentados contra a vida humana. Nada mais
falacioso.

Comentário: “Com o desarmamento civil, irá se conseguir apenas privar


a população do seu legítimo direito à autodefesa, verdadeiro atentado a um
princípio consagrado pela lei natural do homem. Vários países tentaram
reduzir o nível de violência por meio do desarmamento da população,
creditando às armas de fogo portadas pela sociedade civil a responsabilidade
final pelo aumento do número de atentados contra a vida humana. Nada
mais falacioso.”
Note que esta estrutura afirma que a opinião análoga à do autor do
texto (Vários países tentarem reduzir o número de armas para tentar
reduzir o nível de violência) é uma falácia, isto é, uma falsidade, um
engano. Isso nega a opinião do autor do texto, e enfraquece o argumento
dele. Assim, esta questão está certa.
Gabarito: C

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14. Embora as camadas de menor poder aquisitivo sejam mais afetadas pelos
efeitos da violência, é claro que os jovens das classes A e B também não
estão livres dessa ameaça. Na ânsia de dar um basta à situação, a maioria
deles defende medidas como a redução da idade penal para menos de 18
anos e a proibição de venda de armas.

Comentário: “Embora as camadas de menor poder aquisitivo sejam mais


afetadas pelos efeitos da violência, é claro que os jovens das classes A e B
também não estão livres dessa ameaça. Na ânsia de dar um basta à situação,
a maioria deles defende medidas como a redução da idade penal para menos
de 18 anos e a proibição de venda de armas.”
A frase potencializa, confirma a opinião do autor, por defender a
proibição de venda de armas; portanto a questão está errada.
Gabarito: E

15. Menos de duas horas depois da abertura de um posto de recolhimento de


armas, às 9 h, a Polícia Federal já havia recebido 15 revólveres e três
espingardas. Cada pessoa que devolvia uma arma ganhava uma rosa.

Comentário: “Menos de duas horas depois da abertura de um posto de


recolhimento de armas, às 9 h, a Polícia Federal já havia recebido 15
revólveres e três espingardas. Cada pessoa que devolvia uma arma
ganhava uma rosa.”
Esta afirmativa levanta fato que confirma o argumento do autor, no qual
se entende “menos armas, menos violência”. Como não enfraquece a opinião
do autor, está errada a afirmativa.
Gabarito: E

16. “A gente tem de refletir se a arma em casa serve para alguma coisa”,
afirmou o chefe do Serviço Nacional de Armas da Polícia Federal. “Onde os
bandidos compraram essas armas? No mercado negro, que, por sua vez,
roubou das pessoas de bem, porque nenhum ladrão jamais comprou arma
em loja.”

Comentário: “A gente tem de refletir se a arma em casa serve para


alguma coisa”, afirmou o chefe do Serviço Nacional de Armas da Polícia
Federal. “Onde os bandidos compraram essas armas? No mercado negro, que,
por sua vez, roubou das pessoas de bem, porque nenhum ladrão jamais
comprou arma em loja.”
A afirmativa corrobora a opinião do autor, pois se infere que, mesmo a
arma estando com pessoas de bem, é um problema, pois podem ser roubadas
e alimentar o esquema da violência. Por isso a afirmativa não enfraquece a
opinião do autor.
Gabarito: E

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1 O que importa para os proponentes do


desarmamento da população é o sentimento de estar
“fazendo algo” para acabar com a violência, mesmo
que o tal “algo” seja absolutamente inócuo.
5 Desarmar a população só pode trazer dois
resultados. O mais imediato é a continuação e até o
recrudescimento da violência, já que os bandidos vão
contar com a certeza de que ninguém terá como
reagir. O resultado mais remoto — mas nem por isso
10 desprezível — é deixar a população indefesa frente a
aventuras políticas. Quem duvida, procure a seção de
História da biblioteca mais próxima.
Paulo Leite. Desarmamento e liberdade. In: Internet:
<http://www.diegocasagrande.com.br> (com adaptações).

Considerando o texto acima, julgue os seguintes itens.


17. Na linha 5, a locução verbal “pode trazer” está empregada no singular
porque deve concordar com “população”.

Comentário: A locução verbal “pode trazer” não concorda com “população”,


mas com o seu sujeito oracional “Desarmar a população”. Por isso, a questão
está errada.
Gabarito: E

18. Preservam-se a correção gramatical e a coerência da argumentação ao se


substituir os pontos logo depois de “resultados” (ℓ. 6) e de “reagir” (ℓ. 9),
respectivamente, por dois-pontos e por ponto e vírgula, fazendo-se os
devidos ajustes nas letras maiúsculas.

Comentário: Observe a construção original:


1 2
Desarmar a população só pode trazer dois resultados. O mais imediato

é a continuação e até o recrudescimento da violência, já que os

bandidos vão contar com a certeza de que ninguém terá como reagir.
3
O resultado mais remoto — mas nem por isso desprezível — é deixar a

população indefesa frente a aventuras políticas.

A expressão “dois resultados” sugere uma enumeração em seguida, com


as expressões “O mais imediato” e “O resultado mais remoto”. O autor
preferiu utilizar uma estrutura com um enunciado inicial (1) e dois outros
enunciados explicativos em coordenação (2, 3). Essas três informações foram
inseridas como períodos. O que a banca pede é a percepção do candidato,
quanto a esta estrutura ser desenvolvida em orações num só período. Isso

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pode ser feito com o uso dos dois-pontos, marcando o início da enumeração
(que são os dois enunciados coordenados 2 e 3) e com a divisão entre os
enunciados coordenados por ponto e vírgula, haja vista ocorrerem divisões
internas a estes elementos. Com isso, a reestruturação é mais clara e
enfática:
1
Desarmar a população só pode trazer dois resultados: o mais imediato

é a continuação e até o recrudescimento da violência, já que os

bandidos vão contar com a certeza de que ninguém terá como reagir;
3
o resultado mais remoto — mas nem por isso desprezível — é deixar a

população indefesa frente a aventuras políticas.

Gabarito: C

19. Por ser opcional o emprego do sinal indicativo de crase no termo regido
por “frente” (ℓ. 10), sua inserção preservaria a correção gramatical do
texto.

Comentário: Na expressão “frente a aventuras políticas”, o vocábulo “frente”


rege preposição “a” e o vocábulo “aventuras” admite artigo “as”. Como o
vocábulo que aparece é “a” (no singular), ocorre apenas a preposição. Com
isso a crase é proibida. Para haver crase obrigatória, o “a” deveria estar no
plural: frente às aventuras políticas.
Gabarito: E

20. A argumentação do texto leva a inferir que aquilo que se encontrará na


“seção de História da biblioteca mais próxima” (ℓ. 11-12) serão razões
políticas a favor do desarmamento da população.

Comentário: Entende-se do texto que “Desarmar a população só pode trazer


dois resultados” contrários ao desarmamento da população, pois,
segundo o texto, o “mais imediato é a continuação e até o recrudescimento da
violência” e o “resultado mais remoto” é “deixar a população indefesa frente a
aventuras políticas”. O autor quis enfatizar que isso já ocorrera anteriormente
e aquele que duvide disso basta que “procure a seção de História da biblioteca
mais próxima”.
Gabarito: E

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Agora, só as provas e os gabaritos
Prova 1
(TRT RJ – 2008 – nível superior)
Formalidade bate recorde
1 Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED)
divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) apontam
para a criação de 554 mil postos de trabalho com carteira assinada no
primeiro trimestre deste ano, o que representa recorde histórico para esse
5 período. A série de dados do CAGED tem início em 1992. Contra os três
primeiros meses de 2007, quando foram criadas 399 mil vagas (recorde
anterior), segundo informações do MTE, o crescimento no número de
empregos formais criados foi de 38,7%. “Esse primeiro trimestre, como
dizem meus filhos, bombou”, afirmou o ministro do Trabalho a jornalistas.
10 Para o ano de 2008 fechado, o ministro manteve a previsão de criação de
1,8 milhão de postos de trabalho com carteira assinada. “Vai ser novo
recorde, apesar da taxa de juros”, disse ele em referência à decisão do
Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central de elevar os juros
de 11,25% para 11,75% ao ano. Em 2007, recorde para um ano fechado,
15 foram criados 1,61 milhão de empregos formais.
Segundo o ministro, a demanda interna permanece “muito
aquecida”. “Esse aumento de 0,5 ponto percentual na taxa de juros, até
chegar ao consumidor, demora. Quem compra fogão, geladeira e carro a
prazo vai perceber um aumento real de juros maior do que 0,5 ponto
20 percentual. Pode haver uma diminuição na escalada de compra de bens
duráveis”, disse ele. Para o ministro do Trabalho, a decisão do COPOM de
subir os juros neste mês, e nos subseqüentes, conforme projeção do
mercado financeiro, pode impactar um pouco a criação de empregos
formais mais para o final de 2008. “Esses próximos três meses vão
25 continuar sendo muito fortes na criação de empregos com carteira
assinada”, avaliou ele.
O ministro do Trabalho classificou a decisão do COPOM de subir os
juros de “precipitada”. “É um erro imaginar que há inflação no Brasil.
Temos alguns produtos subindo de preços, como o trigo e outros produtos,
30 por causa das chuvas, ou falta de chuvas. Os preços dos bens duráveis
(fogões, geladeiras e carros, por exemplo, que são impactados pela
decisão dos juros) não estão aumentando”, disse ele a jornalistas. O
ministro avaliou, entretanto, que o impacto maior se dará nas operações
de comércio exterior. Isso porque a decisão sobre juros tende a trazer
35 mais recursos para o Brasil e, com isso, pressionar para baixo o dólar.
Dólar baixo, por sua vez, estimula importações e torna as vendas ao
exterior mais caras. Por conta principalmente do dólar baixo, a balança
comercial teve queda de 67% no superávit (exportações menos
importações) no primeiro trimestre deste ano. A criação de empregos
40 formais no primeiro trimestre deste ano cresceu em quase todos os
setores da economia. No caso da indústria de transformação, por exemplo,
foram criadas 146 mil vagas nos três primeiros meses deste ano, contra
110 mil em igual período de 2007.
Tribuna do Brasil, 11/4/2008. Internet: <www.tribunadobrasil.com.br>
(com adaptações).

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1. De acordo com o texto,
(A) já foram criados 1,8 milhão de empregos com carteira assinada no
primeiro trimestre de 2008.
(B) a elevação da taxa de juros poderá influenciar negativamente a criação de
novos empregos, segundo o ministro do Trabalho.
(C) os preços dos eletrodomésticos e dos automóveis vão ter um aumento real
de 0,5 por cento em 2008.
(D) a demanda interna aquecida provocará uma diminuição de compra de bens
duráveis pelos consumidores.
(E) a indústria de transformação foi o setor da economia que mais cresceu em
2007.

2. Assinale a opção que contém uma informação correta a respeito da


estrutura do texto.
(A) O texto representa a transcrição completa da entrevista feita por
jornalistas ao ministro do Trabalho.
(B) Observam-se, claramente, no texto, argumentos em favor do aumento da
criação de postos de trabalho nas indústrias de bens duráveis.
(C) A intercalação entre os dados a respeito do crescimento da oferta de
empregos e as opiniões do ministro do Trabalho sobre esse tema
caracteriza a estrutura do texto.
(D) O texto é introduzido por meio de uma narração, em que são apresentados
o personagem (ministro) e o tempo da narrativa (o primeiro trimestre de
2008).
(E) No segundo parágrafo, é desenvolvido o seguinte tópico frasal: “Dados do
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (...) recorde histórico
para esse período” (linhas 1 a 5).

3. Com referência às idéias e às estruturas do texto, assinale a opção correta.


(A) De acordo com a argumentação textual, verifica-se que os dados do
CAGED são produzidos pelo COPOM.
(B) A palavra “Formalidade”, no título do texto, remete aos postos de trabalho
em que é efetuado registro na carteira de trabalho dos empregados.
(C) Na frase que se inicia por “A série” (linha 5), a substituição da forma
verbal no presente pela forma correspondente no pretérito perfeito
alteraria o sentido do texto.
(D) De acordo com a ortografia oficial, a palavra “recorde” admite a grafia
alternativa record, que deve ser lida como palavra proparoxítona, a
exemplo do que ocorre nos textos de muitos telejornais.
(E) Na linha 16, a expressão “demanda interna” refere-se ao aumento de
postos de trabalho de que trata o primeiro parágrafo do texto.

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4. O texto, em que foi empregada uma linguagem simples, de fácil
compreensão, apresenta um termo típico da linguagem coloquial no trecho
(A) ‘Esse primeiro trimestre, como dizem meus filhos, bombou’ (linha 9).
(B) “Segundo o ministro, a demanda interna permanece ‘muito aquecida’”
(linha 16).
(C) ‘Pode haver uma diminuição na escalada de compra de bens duráveis’
(linhas 20 e 21).
(D) “a decisão do COPOM (...) pode impactar um pouco a criação de empregos
formais” (linhas 21 a 24).
(E) “a decisão sobre juros tende a trazer mais recursos para o Brasil” (linhas
34 e 35).

5. As conjunções destacadas nos trechos a seguir estão associadas a uma


determinada interpretação. Assinale a opção que apresenta trecho do texto
seguido de interpretação correta da conjunção destacada.
(A) “quando foram criadas 399 mil vagas” (linha 6) – proporcionalidade
(B) ‘como dizem meus filhos’ (linhas 8 e 9) – comparação
(C) ‘É um erro imaginar que há inflação no Brasil’ (linha 28) – consequência
(D) “O ministro avaliou, entretanto, que o impacto maior” (linhas 32 e 33) –
oposição
(E) “Isso porque a decisão sobre juros tende a trazer mais recursos para o
Brasil” (linhas 34 e 35) – conclusão

6. As aspas foram empregadas no texto para


(A) realçar ironicamente palavras ou expressões.
(B) destacar termos emprestados de outras línguas.
(C) indicar a interrupção de idéias que o autor começou a exprimir.
(D) marcar suspensões do pensamento, provocadas por hesitação de quem
fala.
(E) destacar as falas do ministro e os termos que ele utilizou na conversa com
jornalistas.

7. O texto apresenta uma oração na voz passiva no trecho


(A) “A série de dados do CAGED tem início em 1992” (linha 5).
(B) “o crescimento no número de empregos formais criados foi de 38,7%”
(linhas 7 e 8).
(C) “‘Pode haver uma diminuição na escalada de compra de bens duráveis’”
(linhas 20 e 21).
(D) ‘Os preços dos bens duráveis (...) não estão aumentando’ (linhas 30 a 32).
(E) “No caso da indústria de transformação, por exemplo, foram criadas 146
mil vagas” (linhas 41 e 42).

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Texto para as questões de 8 a 10

A raça humana

1 A raça humana é
Uma semana
Do trabalho de Deus.

A raça humana é a ferida acesa


5 Uma beleza, uma podridão
O fogo eterno e a morte
A morte e a ressurreição.

A raça humana é o cristal de lágrima


Da lavra da solidão
10 Da mina, cujo mapa
Traz na palma da mão.

A raça humana risca, rabisca, pinta


A tinta, a lápis, carvão ou giz
O rosto da saudade
15 Que traz do Gênesis
Dessa semana santa
Entre parênteses
Desse divino oásis
Da grande apoteose
20 Da perfeição divina
Na grande síntese.

A raça humana é
Uma semana
Do trabalho de Deus.
Gilberto Gil.

8. No texto, que é a letra de uma canção, o verbo ser encontra-se no presente


do indicativo porque o autor pretende
(A) marcar fatos que ocorrerão em um futuro próximo.
(B) expressar ações habituais dos seres humanos que ainda não foram
concluídas.
(C) dar vida a fatos ocorridos no passado, como se fossem atuais.
(D) apresentar uma condição ou situação como permanente.
(E) enunciar fatos que ocorrem no momento em que o texto é escrito.

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9. Assinale a opção em que a preposição em apresenta a mesma interpretação


que recebe no verso 11: “Traz na palma da mão”.
(A) Arrumei os livros na estante da sala.
(B) De vez em quando, vamos juntos ao cinema.
(C) A notícia correu de boca em boca.
(D) A cidade entrou em festa.
(E) Cremos na vitória da democracia.

10. A respeito do emprego dos pronomes relativos, assinale a opção correta.


(A) É correto colocar artigo após o pronome relativo cujo (cujo o mapa, por
exemplo).
(B) O relativo cujo expressa lugar, motivo pelo qual aparece no texto ligado
ao substantivo mapa na expressão “cujo mapa” (v.10).
(C) O pronome cujo é invariável, ou seja, não apresenta flexões de gênero e
número.
(D) O pronome relativo quem, assim como o relativo que, tanto pode referir-
se a pessoas quanto a coisas em geral.
(E) O pronome relativo que admite ser substituído por o qual e suas flexões
de gênero e número.

11. Assinale a opção em que a frase apresenta o emprego correto do acento


grave indicativo de crase.
(A) Isto não interessa à ninguém.
(B) Não costumamos comprar roupas à prazo.
(C) O estudante se dirigiu a diretoria da escola.
(D) Caminhamos devagar até à entrada do estabelecimento.
(E) Essa é a instituição à que nos referimos na conversa com o presidente.

12. Uma das funções dos parênteses é a de


(A) separar os diversos itens de uma enumeração.
(B) imprimir a um texto um tom coloquial.
(C) indicar que termos foram deslocados na oração.
(D) isolar explicações, indicações ou comentários em geral.
(E) caracterizar um texto como essencialmente didático.

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13. Com referência à ortografia oficial e às regras de acentuação de palavras,
assinale a opção incorreta.
(A) Os vocábulos lágrima e Gênesis seguem a mesma regra de acentuação.
(B) As palavras oásis e lápis são acentuadas pelo mesmo motivo.
(C) A grafia correta do verbo correspondente a ressurreição é ressucitar.
(D) Apesar de a grafia correta do verbo poetizar exigir o emprego da letra “z”,
o feminino de poeta é grafado com s.
(E) O vocábulo traz corresponde apenas a uma das formas do verbo trazer; a
forma trás é empregada na indicação de lugar (equivale a parte posterior).

14. Julgue os fragmentos de texto apresentados nos itens abaixo quanto à


concordância verbal.
I De acordo com o respectivo estatuto, a proteção à criança e ao adolescente
não constituem obrigação exclusiva da família.
II Na redação da peça exordial, deve haver indicações precisas quanto à
identificação das partes bem como do representante daquele que figurará
no pólo ativo da eventual ação.
III A legislação ambiental prevê que o uso de água para o consumo humano e
para a irrigação de culturas de subsistência são prioritários em situações de
escassez.
IV A administração não pode dispensar a realização do EIA, mesmo que o
empreendedor se comprometa expressamente a recuperar os danos
ambientais que, por ventura, venham a causar.
V A ausência dos elementos e requisitos a que se referem o CPC pode ser
suprida de ofício pelo juiz, em qualquer tempo e grau de jurisdição,
enquanto não for proferida a sentença de mérito.
A quantidade de itens certos é igual a

(A) 1. (B) 2. (C) 3. (D) 4. (E) 5.

Prova 2
(TRE MA – superior – 2006)

1 Para que a democracia seja efetiva, é necessário que as pessoas se


sintam ligadas aos seus concidadãos e que essa ligação se manifeste por
meio de um conjunto de organizações e instituições extramercado. Uma
cultura política atuante precisa de grupos comunitários, bibliotecas,
5 escolas públicas, associações de moradores, cooperativas, locais para
reuniões públicas, associações voluntárias e sindicatos que propiciem
formas de comunicação, encontro e interação entre os concidadãos. A
democracia neoliberal, com sua idéia de mercado über alles, nunca leva
em conta essa atuação. Em vez de cidadãos, ela produz consumidores.
10 Em vez de comunidades, produz shopping centers. O que sobra é uma

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sociedade atomizada, de pessoas sem compromisso, desmoralizadas e
socialmente impotentes.
Em suma, o neoliberalismo é o inimigo primeiro e imediato da
verdadeira democracia participativa, não apenas nos Estados Unidos, mas
15 em todo o planeta, e assim continuará no futuro previsível.
Robert W. McChesney. Introdução. In: Noam Chomsky. O lucro ou
as pessoas? Neoliberalismo e ordem global. Pedro Jorgensen Jr.
(Trad.). 4.ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004 (com adaptações).

1. Assinale a opção que está de acordo com as idéias do texto I.


(A) O setor econômico da sociedade inibe qualquer iniciativa de se construir
uma cultura política verdadeiramente democrática.
(B) A democracia neoliberal, ao desprezar as ações da sociedade civil
organizada, reduz a condição política do cidadão a um plano mínimo.
(C) É previsível que, em um futuro próximo, o neoliberalismo evolua para uma
democracia extramercado.
(D) A política neoliberal produz um tipo de democracia voltada,
exclusivamente, para a defesa dos interesses do consumidor.
(E) Os sindicatos destacam-se das demais instituições associativas por
promover a interação entre seus associados.

2. Assinale a opção correta com referência à tipologia do texto I.


(A) O produtor do texto apresenta, em narrativa concisa, a trajetória
contemporânea da democracia neoliberal em direção a um futuro
previsível.
(B) Trata-se de texto expositivo, de caráter intimista, em que o autor
apresenta suas impressões pessoais a respeito do neoliberalismo e da
influência norte-americana sobre o futuro da humanidade.
(C) Em um texto eminentemente descritivo, o autor estabelece, de modo
subjetivo, um paralelo entre dois tipos de democracia cujas ações
atendem, de modo diferenciado, aos interesses populares.
(D) No texto, identifica-se uma parte narrativa, em que o autor relata o
surgimento da democracia neoliberal, e outra descritiva, por meio da qual
o produtor enumera, objetivamente, as características da democracia
participativa.
(E) O texto caracteriza-se como dissertativo-argumentativo, no qual o autor,
contrapondo dois tipos de sistema político, manifesta-se contra os efeitos
nocivos de um sobre o outro.

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3. Com referência às palavras e expressões empregadas no texto I, há


equivalência de sentido entre
(A) “conjunto de organizações e instituições extramercado” (linha 3) e
“democracia neoliberal” (linha 8).
(B) “concidadãos” (linha 2) e “consumidores” (linha 9).
(C) “efetiva” (linha 1) e “participativa” (linha 14).
(D) “atuante” (linha 4) e “atomizada” (linha 11).
(E) “grupos comunitários” (linha 4) e “shopping centers” (linha 10).

4. Julgue os itens abaixo, considerando o emprego de estruturas lingüísticas no


texto I.
I Caso a oração adverbial que inicia o texto estivesse imediatamente após a
expressão “é necessário”, não haveria necessidade de emprego da vírgula,
visto que estaria restabelecida a ordem direta do período.
II A substituição da forma verbal “precisa” (linha 4) por prescinde preserva o
sentido original do texto e aumenta a força argumentativa do enunciado
lingüístico.
III Na linha 6, a forma verbal subjuntiva “propiciem” poderia ser substituída,
sem prejuízo da coerência do texto e da correção gramatical, pela forma
indicativa propiciam, desde que fosse empregada a vírgula antes do
conector “que”.
IV Na linha 8, a forma de presente do indicativo “leva”, associada ao emprego
do advérbio “nunca”, confere ao enunciado um tom assertivo, categórico,
que não admite contestação.
V Estariam garantidas a coerência do texto e a correção gramatical se o
período “O que sobra (...) socialmente impotentes” (linhas 10 a 12) fosse
assim reescrito: Disso resulta uma sociedade atomizada, constituída de
pessoas sem compromisso, desmoralizadas e socialmente impotentes.
A quantidade de itens certos é igual a
(A) 1. (B) 2. (C) 3. (D) 4. (E) 5.

5. No texto abaixo, de autoria de Mário Quintana e reproduzido com


adaptações, os itens em algarismos romanos referem-se aos termos em
negrito que os antecedem. Julgue-os com relação ao emprego dos vocábulos e
das expressões quanto à sintaxe de construção do período e à grafia.

O milagre
Dias maravilhosos em que (I) os jornais vêm (II) cheios de poesia e do lábio
amigo brota (III) palavras de eterno encanto. Dias mágicos em que os
burgueses espiam (IV), através das vidraças dos escritórios, a graça gratuíta
(V) das nuvens.

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Estão certos apenas os itens
(A) I, II e IV. (B) I, III e V. (C) I, IV e V.
(D) II, III e IV. (E) II, III e V.

Ser cidadão, perdoem-me os que cultuam o direito, é ser como o Estado,


é ser um indivíduo dotado de direitos que lhe permitem não só se defrontar
com o Estado, mas afrontar o Estado. O cidadão seria tão forte quanto o
Estado. O indivíduo completo é aquele que tem a capacidade de entender o
mundo, a sua situação no mundo e que, se ainda não é cidadão, sabe o que
poderiam ser os seus direitos.
Milton Santos. Cidadania e consciência negra. Internet:
<http://geocities.yahoo.com.br>. Acesso em jun./2005.

6. No texto acima,
(A) o sujeito gramatical da oração expressa pela forma verbal “perdoem” (R.1)
está elíptico.
(B) estaria garantida a obediência às regras de regência verbal, caso se
substituísse a expressão “afrontar o Estado” (linha 3) por afrontar-lhe.
(C) caso a locução verbal “poderiam ser” (linha 6) estivesse no singular,
haveria concordância do verbo auxiliar com o sujeito da oração, expresso
na forma pronominal “o”, que a antecede.
(D) a substituição da expressão “capacidade de entender o mundo” (linhas 4 e
5) por capacidade de entendê-lo mantém a coesão e a coerência do
texto, além de conferir ao período maior concisão.
(E) a expressão “é aquele que” (linha 4) é empregada, no período, para realçar
o termo “O indivíduo completo” (linha 4).

7. Assinale a opção correta quanto à pontuação.


(A) Promotores representantes da Associação do Ministério Público do Estado
do Maranhão (AMPEM), vão propor à Controladoria-Geral da União (CGU) a
realização de convênio no projeto Contas na Mão. Nascido há cinco anos, o
projeto tem como objetivo, formar comitês de cidadania para fiscalizar
contas públicas em estados e municípios.
(B) Em 2003, o projeto ganhou o apoio do Tribunal de Contas do Estado do
Maranhão. A parceria culminou na instrução normativa que obriga as
prefeituras e as câmaras municipais a colocarem à disposição da
população a prestação de contas municipais. A instrução tem como
amparo a Lei de Responsabilidade Fiscal.
(C) O projeto foi então, adotado pelo Fórum Permanente dos Promotores de
Justiça, “Depois, fizemos com que esses comitês tivessem participação em
todas as atividades do estado, no planejamento do orçamento, na
execução orçamentária e até, na prestação de contas”, explicou o
promotor de justiça.

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(D) O projeto Contas na Mão nasceu em 2000, a partir de audiências públicas
no interior do Maranhão. Nesses encontros, os promotores discutiam com
a população, o processo eleitoral e possíveis crimes como: a compra de
votos. “Depois, achamos necessário que esse trabalho de conscientização
se estendesse para além do período eleitoral”, disse, um promotor de
justiça.
(E) No Maranhão, os comitês são formados por cidadãos, indicados, pelos
promotores de cada comarca do estado. Eles obtêm capacitação por meio
de: cursos realizados na capital São Luís, e também no interior. Tudo é
mantido com recursos da Procuradoria-Geral de Justiça maranhense e por
meio de parcerias com a AMPEM.
Opções adaptadas. Internet: <http://www.cgu.gov.br>. Acesso em 17/6/2005.

8. Quanto ao emprego do sinal indicativo de crase, julgue os fragmentos


apresentados nos seguintes itens.
I Opinião favorável ou contrária à coligações partidárias.
II Direito a candidatar-se à qualquer cargo eletivo.
III Disposições aplicadas à sítio mantido por empresas públicas.
IV Tema à que se refere a legislação em vigor.
V Submissão às regras da lei eleitoral.
VI Restrições impostas às rádios e às emissoras de televisão.
VII Características semelhantes às da legislação eleitoral.
O emprego da crase está correto apenas nos itens
(A) I, II e IV.
(B) I, IV e VII.
(C) II, V e VII.
(D) III, IV e VI.
(E) V, VI e VII.
PROVA 3
Agente da Polícia Federal / 2009 / nível superior

1 Nossos projetos de vida dependem muito do


futuro do país no qual vivemos. E o futuro de um
país não é obra do acaso ou da fatalidade. Uma
nação se constrói. E constrói-se no meio de
5 embates muito intensos — e, às vezes, até
violentos — entre grupos com visões de futuro,
concepções de desenvolvimento e interesses
distintos e conflitantes.
Para muitos, os carros de luxo que trafegam
10 pelos bairros elegantes das capitais ou os telefones
celulares não constituem indicadores de
modernidade.

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Modernidade seria assegurar a todos os
habitantes do país um padrão de vida compatível
15 com o pleno exercício dos direitos democráticos.
Por isso, dão mais valor a um modelo de
desenvolvimento que assegure a toda a população
alimentação, moradia, escola, hospital, transporte
coletivo, bibliotecas, parques públicos.
20 Modernidade, para os que pensam assim, é
sistema judiciário eficiente, com aplicação rápida e
democrática da justiça; são instituições públicas
sólidas e eficazes; é o controle nacional das
decisões econômicas.
Plínio Arruda Sampaio. O Brasil em construção. In:
Márcia Kupstas (Org.). Identidade
nacional em debate. São Paulo: Moderna, 1997, p. 27-9
(com adaptações).
Considerando a argumentação do texto acima bem como as estruturas
linguísticas nele utilizadas, julgue os itens a seguir.

1. Na linha 2, mantendo-se a correção gramatical do texto, pode-se empregar


em que ou onde em lugar de “no qual”.

2. Infere-se da leitura do texto que o futuro de um país seria “obra do acaso”


(ℓ. 3) se a modernidade não assegurasse um padrão de vida democrático a
todos os seus cidadãos.

3. Para evitar o emprego redundante de estruturas sintático-semânticas, como


o que se identifica no trecho “Uma nação se constrói. E constrói-se no meio
de embates muito intensos” (ℓ. 3 a 5), poder-se-ia unir as ideias em um só
período sintático — Uma nação se constrói no meio de embates —, o
que preservaria a correção gramatical do texto, mas reduziria a intensidade
de sua argumentação.

4. Se o terceiro parágrafo do texto constituísse o corpo de um documento


oficial, como um relatório ou parecer, por exemplo, seria necessário
preservar o paralelismo entre as ideias a respeito de “Modernidade” (ℓ. 13,
20), por meio da conjugação do verbo ser, nas linhas 13 e 20, no mesmo
tempo verbal.

5. O trecho “os que pensam assim” (ℓ. 20) retoma, por coesão, o referente de
“muitos” (ℓ. 9), bem como o sujeito implícito da oração “dão mais valor a
um modelo de desenvolvimento” (ℓ. 16,17).

6. O emprego do sinal de ponto e vírgula, no último período sintático do texto,


apresenta a dupla função de deixar claras as relações sintático-semânticas
marcadas por vírgulas dentro do período e deixar subentender
“Modernidade” (20) como o sujeito de “é sistema” (20,21), “são
instituições” (ℓ. 22) e “é o controle” (ℓ. 23).

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1 Na verdade, o que hoje definimos como


democracia só foi possível em sociedades de tipo
capitalista, mas não necessariamente de
mercado. De modo geral, a democratização das
5 sociedades impõe limites ao mercado, assim
como desigualdades sociais em geral não
contribuem para a fixação de uma tradição
democrática. Penso que temos de refletir um
pouco a respeito do que significa democracia.
10 Para mim, não se trata de um regime com
características fixas, mas de um processo que,
apesar de constituir formas institucionais, não se
esgota nelas. É tempo de voltar ao filósofo
Espinosa e imaginar a democracia como uma
15 potencialidade do social, que, se de um lado
exige a criação de formas e de configurações
legais e institucionais, por outro não permite
parar. A democratização no século XX não se
limitou à extensão de direitos políticos e civis. O
20 tema da igualdade atravessou, com maior ou
menor força, as chamadas sociedades ocidentais.
Renato Lessa. Democracia em debate. In: Revista
Cult, n.º 137, ano 12, jul./2009, p. 57 (com adaptações).

Com base nas estruturas linguísticas e nas relações argumentativas do texto


acima, julgue os itens seguintes.
7. Seria mantida a coerência entre as ideias do texto caso o segundo período
sintático fosse introduzido com a expressão Desse modo, em lugar de
“De modo geral” (ℓ. 4).
8. Preservam-se a correção gramatical e a coerência textual ao se optar pela
determinação do substantivo “respeito” (ℓ. 9), juntando-se o artigo
definido à preposição “a”, escrevendo-se ao respeito.

9. Na linha 10, a flexão de singular em “não se trata” deve-se ao emprego do


singular em “um regime”.

10. Depreende-se da argumentação do texto que o autor considera as


instituições como as únicas “características fixas” (ℓ. 11) aceitáveis de
“democracia” (ℓ. 2 e 9).

11. Pela acepção usada no texto, o emprego da forma verbal pronominal “se
limitou” (ℓ. 18,19) exige a presença da preposição a no complemento
verbal; a substituição pela forma não-pronominal — não limitou a
extensão —, sem uso da preposição, preservaria a correção gramatical,
mas mudaria o efeito da ideia de “democratização” (ℓ. 18).

12. Em textos de normatização mais rígida do que o texto jornalístico, como


os textos de documentos oficiais, a contração de preposição com artigo,

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com em “da igualdade” (ℓ. 20), deve ser desfeita, devendo-se escrever de
a igualdade, para que o sujeito da oração seja claramente identificado.

1 A visão do sujeito indivíduo — indivisível —


pressupõe um caráter singular, único, racional
e pensante em cada um de nós. Mas não há
como pensar que existimos previamente a
5 nossas relações sociais: nós nos fazemos em
teias e tensões relacionais que conformarão
nossas capacidades, de acordo com a
sociedade em que vivemos. A sociologia
trabalha com a concepção dessa relação entre o
10 que é “meu” e o que é “nosso”. A pergunta que
propõe é: como nos fazemos e nos refazemos
em nossas relações com as instituições e nas
relações que estabelecemos com os outros?
Não há, assim, uma visão de homem como uma
15 unidade fechada em si mesma, como Homo
clausus. Estaríamos envolvidos,
constantemente, em tramas complexas de
internalização do “exterior” e, também, de
rejeição ou negociação próprias e singulares do
20 “exterior”. As experiências que o homem vai
adquirindo na relação com os outros são as que
determinarão as suas aptidões, os seus gostos,
as suas formas de agir.
Flávia Schilling. Perspectivas sociológicas. Educação
& psicologia. In: Revista Educação, vol. 1, p. 47 (com
adaptações).
Julgue os seguintes itens, a respeito das estruturas linguísticas e do
desenvolvimento argumentativo do texto acima.

13. Ao ligar dois períodos sintáticos, o conectivo “Mas” (ℓ. 3) introduz a


oposição entre a ideia de um sujeito único e indivisível e a ideia de um
sujeito moldado por teias de relações sociais.

14. A inserção do sinal indicativo de crase em “existimos previamente a


nossas relações sociais” (ℓ. 4,5) preservaria a correção gramatical e a
coerência do texto, tornando determinado o termo “relações”.

15. Na linha 5, para se evitar a sequência “nós nos”, o pronome átono poderia
ser colocado depois da forma verbal “fazemos”, sem que a correção
gramatical do trecho fosse prejudicada, prescindindo-se de outras
alterações gráficas.

16. O emprego do sinal de dois-pontos, na linha 11, anuncia que uma


consequência do que foi dito é explicitar a pergunta proposta pela
sociologia.

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17. O emprego das aspas nos termos das linhas 10, 18 e 20 ressalta, no
contexto, o valor significativo não usual desses termos.

18. O uso da forma verbal flexionada na primeira pessoa do plural


“Estaríamos” (ℓ. 16) inclui autor e leitores no desenvolvimento da
argumentação, de tal modo que seria coerente e gramaticalmente correto
substituir “o homem vai adquirindo” (ℓ. 20, 21) por vamos adquirindo,
no período seguinte.

19. Na linha 19, a flexão de plural em “próprias e singulares” estabelece


relações de coesão tanto com “rejeição” quanto com “negociação” e indica
que esses substantivos têm referentes distintos e não podem ser tomados
como sinônimos.

1 O uso do espaço público nas grandes


cidades é um desafio. Sobretudo porque algumas
regras básicas de boa convivência não são
respeitadas. Por exemplo, tentar sair de um
5 vagão do metrô com a multidão do lado de fora
querendo entrar a qualquer preço, sem esperar e
dar passagem aos demais usuários. Ou andar
por ruas sujas de lixo, com fezes de cachorro e
cheiro de urina. São situações que transformam
10 o convívio urbano em uma experiência ruim. A
saída é a educação. Convencidos disso,
empresas e governos estão bombardeando a
população com campanhas de conscientização
— e multas, quando só as advertências não
15 funcionarem. Independentemente da estratégia,
o senso de urgência para uma mudança de
comportamento na sociedade brasileira veio para
ficar.
As iniciativas são louváveis. Caso a
20 população, porém, se sinta apenas punida ou
obrigada a uma atitude, e não parte da
comunidade, os benefícios não se tornarão
duradouros.
Suzane G. Frutuoso. Vai doer no bolsão.
In: Istoé, 22/7/2009, p. 74-5 (com adaptações).

A respeito da organização das estruturas linguísticas do texto acima e da


redação de correspondências oficiais, julgue os itens subsequentes.
20. Respeitam-se a coerência da argumentação do texto e a sua correção
gramatical, se, em vez de se empregar “do espaço público” (ℓ. 1), no
singular, esse termo for usado no plural: dos espaços públicos.

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21. A fragmentação sintática de ideias coordenadas, decorrente do emprego
do ponto final antes de “Sobretudo” (ℓ. 2), de “Ou” (ℓ. 7) e de “São
situações” (ℓ. 9), que é admitida em textos jornalísticos, deve ser evitada,
para facilitar a objetividade e a clareza, na redação de documentos
oficiais.

22. Na relação entre as ideias do texto, subentende-se ao imediatamente


antes de “tentar” (ℓ. 4) e de “andar” (ℓ. 7); por isso, a inserção de ao
nessas posições tornaria o texto mais claro, além de manter a sua
correção gramatical.

23. Na linha 14, a presença da conjunção “e” torna desnecessário o uso do


travessão, que tem apenas a função de enfatizar a aplicação de “multas”;
por isso, a retirada desse sinal de pontuação não prejudicaria a correção
nem a coerência do texto.

24. A substituição de “Caso” (ℓ. 19) pela conjunção Se preservaria a correção


gramatical da oração em que se insere, não demandaria outras
modificações no trecho e respeitaria a função condicional dessa oração.

Com referência à redação de correspondências oficiais, julgue os itens a


seguir.

25. Documentos oficiais em forma de ofício, memorando, aviso e exposição de


motivos têm em comum, entre outras características, a aposição da data
de sua assinatura e emissão, que deve estar alinhada à direita, logo após
a identificação do documento com o tipo, o número do expediente e a
sigla do órgão que o emite.

26. Desconsiderando-se as margens e os espaços adequados, respeitam as


normas de redação de um documento oficial encaminhado por um chefe
de seção a seu diretor o seguinte trecho, contendo o parágrafo final e
fecho de um ofício.

(...)
4. Por fim, por oportuno informamos que as providências tomadas, e aqui
mencionadas, também já são do conhecimento das partes envolvidas.
Atenciosamente
[assinatura]
Pedro Álvares Cabral
Chefe da seção de logística
e distribuição de pessoal (SLDP).

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PROVA 4
Delegado da Polícia Federal / 2004 / nível superior
Texto I – itens de 1 a 5

1 O homem, como ser histórico, é o


construtor da sociedade e o responsável pelo
rumo que ela venha a tomar. Tornamo-nos seres
humanos na dialética mesma da hominização, ao
5 produzirmos e transformarmos coletivamente a
cultura e nos construirmos como sujeitos.
A nossa cultura atual, eivada de violências
físicas e simbólicas, tem levado os seres
humanos à massificação, à desumanização e à
10 autodestruição. Fazendo frente a essa crise, a
Cultura da Paz surge como uma proposta da
ONU que tem por objetivo conscientizar a todos
— governos e sociedades civis — para que se
unam em busca da superação da falência do
15 nosso paradigma atual, conclamando para a
construção de um novo modelo substitutivo,
assentado em ações, valores e princípios
calcados em uma nova ética social, no respeito à
diversidade cultural e na diminuição das
desigualdades e injustiças.
Editorial. Revista da Faculdade de Educação do
Estado da Bahia. Ano 10, n.º 14, jan./jun., 2001
(com adaptações).
Julgue os itens seguintes, acerca do texto acima.
1. O aposto “como ser histórico” (ℓ.1) esclarece ou justifica as razões das
características de homem que o período sintático apresenta a seguir.

2. A ideia de hipótese que o emprego de “venha” (ℓ. 3) confere ao texto


pode ser alternativamente expressa por porventura vem, sem prejuízo da
argumentatividade e da correção gramatical do texto.

3. Preservam-se a correção gramatical e a coerência do texto ao se substituir


o aposto “eivada (...) simbólicas” (ℓ. 7-8) pela seguinte oração
subordinada: de que foi infectada por violências físicas e simbólicas.

4. A inserção de uma vírgula logo depois de “ONU” (ℓ. 12) respeitaria as


regras gramaticais, mas provocaria ambiguidade de interpretação sobre
quem teria “por objetivo conscientizar” (ℓ.12).

5. As expressões “paradigma atual” (ℓ.15) e “novo modelo” (ℓ.16)


correspondem a duas possibilidades diferentes de éticas sociais: a primeira
leva à desumanização e à autodestruição; a segunda busca a superação da
violência pela paz.

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Texto II – itens de 6 a 16

1 A polêmica sobre o porte de armas pela


população não tem consenso nem mesmo dentro da
esfera jurídica, na qual há vários entendimentos
como: “o cidadão tem direito a reagir em legítima
5 defesa e não pode ter cerceado seu acesso aos
instrumentos de defesa”, ou “a utilização da força é
direito exclusivo do Estado” ou “o armamento da
população mostra que o Estado é incapaz de garantir
a segurança pública”. Independente de quão caloroso
10 seja o debate, as estatísticas estão corretas: mais
armas potencializam a ocorrência de crimes,
sobretudo em um ambiente em que essas sejam
obtidas por meios clandestinos. A partir daí, qualquer
fato corriqueiro pode tornar-se letal. O porte de arma
15 pelo cidadão pode dar uma falsa sensação de
segurança, mas na realidade é o caminho mais curto
para os registros de assaltos com morte de seu
portador.
Internet: <http://www.serasa.com.br/guiacontraviolencia>.
Acesso em 28/9/2004 (com adaptações).

A respeito do texto II, julgue os itens a seguir.


6. Na linha 1, o emprego da preposição por, que rege “população”,
estabelece a relação entre “porte” e “população”.

7. A retirada da expressão “nem mesmo” (ℓ. 2) preservaria a coerência e a


correção gramatical do texto, mas enfraqueceria o argumento que mostra
a fragilidade do consenso.

8. No período de que faz parte, o termo “Independente” (ℓ. 9) exerce a função


de adjetivo e está no singular porque se refere a “debate” (ℓ. 10).

9. O emprego das aspas indica vozes que representam opiniões


paradigmáticas a respeito do porte de armas.

10. De acordo com o desenvolvimento das ideias no texto, o advérbio “daí” (ℓ.
13) marca o momento do debate.

11. Pelo tema, impessoalidade e clareza, o texto poderia constituir parte de um


documento oficial — como, por exemplo, um relatório ou um parecer —,
mas o emprego das aspas lhe confere uma coloquialidade que o torna
inadequado às normas da redação oficial.

Os itens abaixo apresentam opiniões ou relatos acerca do porte de armas,


extraídos e adaptados de publicações recentes da imprensa nacional. Julgue
cada item como certo se a ideia nele contida enfraquece o argumento
defendido no texto II.

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12. O fácil acesso às armas deu um novo status aos pequenos delitos, que
passaram a ser letais, além de aumentar consideravelmente o poderio da
marginalidade frente ao dos policiais.

13. Com o desarmamento civil, irá se conseguir apenas privar a população do


seu legítimo direito à autodefesa, verdadeiro atentado a um princípio
consagrado pela lei natural do homem. Vários países tentaram reduzir o
nível de violência por meio do desarmamento da população, creditando às
armas de fogo portadas pela sociedade civil a responsabilidade final pelo
aumento do número de atentados contra a vida humana. Nada mais
falacioso.

14. Embora as camadas de menor poder aquisitivo sejam mais afetadas pelos
efeitos da violência, é claro que os jovens das classes A e B também não
estão livres dessa ameaça. Na ânsia de dar um basta à situação, a maioria
deles defende medidas como a redução da idade penal para menos de 18
anos e a proibição de venda de armas.

15. Menos de duas horas depois da abertura de um posto de recolhimento de


armas, às 9 h, a Polícia Federal já havia recebido 15 revólveres e três
espingardas. Cada pessoa que devolvia uma arma ganhava uma rosa.
16. “A gente tem de refletir se a arma em casa serve para alguma coisa”,
afirmou o chefe do Serviço Nacional de Armas da Polícia Federal. “Onde os
bandidos compraram essas armas? No mercado negro, que, por sua vez,
roubou das pessoas de bem, porque nenhum ladrão jamais comprou arma
em loja.”

1 O que importa para os proponentes do


desarmamento da população é o sentimento de estar
“fazendo algo” para acabar com a violência, mesmo
que o tal “algo” seja absolutamente inócuo.
5 Desarmar a população só pode trazer dois
resultados. O mais imediato é a continuação e até o
recrudescimento da violência, já que os bandidos vão
contar com a certeza de que ninguém terá como
reagir. O resultado mais remoto — mas nem por isso
10 desprezível — é deixar a população indefesa frente a
aventuras políticas. Quem duvida, procure a seção de
História da biblioteca mais próxima.
Paulo Leite. Desarmamento e liberdade. In: Internet:
<http://www.diegocasagrande.com.br> (com adaptações).

Considerando o texto acima, julgue os seguintes itens.


17. Na linha 5, a locução verbal “pode trazer” está empregada no singular
porque deve concordar com “população”.

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18. Preservam-se a correção gramatical e a coerência da argumentação ao se
substituir os pontos logo depois de “resultados” (ℓ. 6) e de “reagir” (ℓ. 9),
respectivamente, por dois-pontos e por ponto e vírgula, fazendo-se os
devidos ajustes nas letras maiúsculas.

19. Por ser opcional o emprego do sinal indicativo de crase no termo regido
por “frente” (ℓ. 10), sua inserção preservaria a correção gramatical do
texto.

20. A argumentação do texto leva a inferir que aquilo que se encontrará na


“seção de História da biblioteca mais próxima” (ℓ. 11-12) serão razões
políticas a favor do desarmamento da população.

Gabarito prova 1
1. B 2. C 3. B 4. A 5. D
6. E 7. E 8. D 9. A 10. E
11. D 12. D 13. C 14. A

Gabarito prova 2
1. B 2. E 3. C 4. C 5. A
6. E 7. B 8. E

Gabarito prova 3
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
C E C E C C E E E E
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
C E C E E C C E C C
21 22 23 24 25 26
C E E E C E

Gabarito prova 4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
C E E C C C C E C E
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
E E C E E E E C E E

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