Você está na página 1de 2

FURTADO, Joana Ferreira (org.).

“Pérolas Negras: mulheres livres de cor no distrito


diamantino”

Tipo de fonte: arquivos cartoriais; Devassas Episcopais

Assunto: busca da compreensão da diversidade dos papéis múltiplos que mulheres negras
libertas assumiram após alcançarem sua liberdade, o texto analisa o universo social em que
viviam as mulheres negras e mulatas forras, na região produtora de diamantes no Brasil, entre
fins do século XVIII e início do XIX.

Ano: 2001

- Na capitania de Minas Gerais, no século XVIII, a atividade mineradora revestiu a conformação


do povoamento com peculiaridades.

- A falta de mulheres, principalmente brancas, fez generalizar a prática do concubinato. –


relação entre senhores e escravas/forras – essas mulheres nunca alcançavam a posição de
esposa (dupla exploração de cunho sexual e racial).

- Na sociedade hierarquizada e excludente da época, o casamento estava encerrado


em regras e condições. A mobilidade constante dos homens e a desigualdade social, racial e de
origem entre os cônjuges eram motivos fortes para dificultar e mesmo impedir os matrimônios
legais.

- À medida que o século XVII avançava, surgiu uma camada crescente de mulatos e negros
forros – miscigenação.

- “A descoberta do ouro nas Minas provocou a desorganização da sociedade, e por sua causa,
cometeram-se os maiores sacrilégios”.

- As alforrias e o enriquecimento rápido que vieram com o ouro permitiram que as mulheres
respondessem por práticas tidas por desabusadas aos discursos misóginos e moralistas da
Igreja e do Estado Português. Mergulhadas em ofícios variados, que lhes asseguravam a
sobrevivência, possuíam uma ética própria para constituir laços familiares e afetivos.

- “O acesso ao mundo livre as fizera (negras alforriadas) mergulhar num universo de


desclassificação que trazia instabilidades e provocava temor nas autoridades”

- Frequentemente, a ascensão dessas mulheres era muito mais econômica do que


social, os espaços abertos conquistados a duras penas, e não raro, os companheiros que
dividiam com elas os mesmos lençóis, preconceituosos, eram os primeiros a condenar o
mesmo comportamento em outro e a ver com desdém uma sociedade em que as hierarquias
de sangue, de raça e de cor tornavam-se cada vez mais fluidas. – pág. 85

MULHERES LIVRES DE COR

- Na região diamantina, durante o século XVIII, havia desproporção entre homens e mulheres.

- Entre os forros, a proporção das mulheres tornava-se majoritária. – Uma vez livres, essas
mulheres oscilavam entre a desclassificação social e a inserção, ainda que desajeitada, no
universo antes restrito aos brancos livres da capitania.

- Chefes de domicílio: proximidade numérica entre homens brancos de mulheres negras forras.

BENS DE SUA AGÊNCIA E TRABALHO


- O alto índice de testadoras sem filhos sugeriu que a motivação que levou essas mulheres a
realizarem seus testamentos foi mais a falta de descendentes diretos do que o montante do
seu patrimônio, o que exigia que elas deixassem seus desejos por escrito, já que sua herança
não teria destino mais comum. – pode-se inferir daí, que existiram outas negras forras com
patrimônio significativo, mas que não se sentiram estimuladas a redigirem testamentos.

- A Terça: Nomeação da própria alma como herdeira – missas e caridades.

- O testamento também servia para o pagamento de favores e proteção devidos, estendendo


para após a morte as cadeias clientelares estabelecidas em vida – pág. 95

PECÚLIOS – soma economizada e reservada em dinheiro para uma eventualidade do futuro

- Escravos, ouro lavrado, jóias, bens imóveis e trastes da casa e de uso (alfaia de pouco valor da
casa)

- Possuir escravos também era condição de sobrevivência e acúmulo de patrimônio. – como


proprietárias de escravos, essa mulheres puderam se agastar do universo do trabalho manual.

Você também pode gostar