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1
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1
ÍNDICE:
1. Introdução 07
2. Conceito de prova 07
3. Classificação da prova 10
3.1. Critério: objeto 10
3.2. Critério: sujeito 10
3.3. Critério: forma 11
3.4. Critério: preparação 11
4. Objeto da prova 13
4.1. Fatos notórios, incontroversos e presunções 14
4.2. Prova do direito 15
4.4. Prova de fato negativo 17
5. Generalidades sobre os meios de prova 18
5.1. Prova emprestada 18
5.2. Provas ilícitas 20
6. Ônus da prova 23
6.1. Ônus subjetivo e ônus objetivo 24
6.2. Distribuição do ônus da prova 26
6.2.1. Inversão do ônus da prova 30
6.2.1.1. Inversão convencional 30
6.2.1.2. Inversão judicial 31
6.2.2. Inversão do ônus da prova no Código de Proteção e
Defesa do Consumidor 34
6.2.3. Momento da inversão do ônus da prova 35
7. Indícios, presunções legais e máximas de experiência 38
7.1. Indícios 38
2
7.2. Presunções legais 39
7.3. Máximas ou regras de experiências 40
8. Momento da prova 42
8.1. Generalidades 42
8.2. Estágios da prova 42
8.3. Produção antecipada de prova e direito autônomo de prova 44
8.3.1. CPC de 1973 44
8.3.2. CPC de 2015 46
8.3.2.1. Generalidades 46
8.3.2.2. Discovery e disclosure na Inglaterra e nos
Estados Unidos 48
8.3.2.3. Fundamentos do direito de prova 50
8.3.2.4 “Caráter não contencioso” do procedimento e o
devido processo legal 57
8.3.2.5. Procedimento 60
9. Valoração da prova 70
9.1. Sistema de livre apreciação ou convicção íntima do juiz 70
9.2. Sistema de prova legal ou tarifada 70
9.3. Sistema de persuasão racional do juiz 72
10. Dever de colaboração com a Justiça 75
11. Poderes investigatórios do juiz 79
3
II – Provas em espécie
4
15.4.2. Falsidade ideológica 107
15.4.3. Falsidade material 108
15.4.4. Objeto do incidente (falsidade cabível) 109
15.4.4.1. Impugnação de assinatura 112
15.4.5. Ação autônoma 114
15.4.6. Incidente processual e ação declaratória incidental 115
15.4.7. Direito penal 118
15.5. Produção da prova documental 120
15.5.1. Documentos eletrônicos 120
16. Exibição de documento ou coisa 124
16.1. Generalidades 124
16.2. CPC/1973 127
16.3. CPC/2015 128
16.3.1. Direito autônomo 129
16.3.2. Urgência na exibição 131
16.3.3. Dever de exibição e suas escusas 134
16.3.4. Procedimento 147
16.3.4.1. Procedimento em face da “parte” 149
16.3.4.2. Procedimento em face de “terceiro” 158
16.3.5. Requisição judicial de certidões 160
17. Prova testemunhal 162
17.1. Generalidades 162
17.2. Incapacidade, impedimento e suspeição da testemunha 163
17.3. Admissibilidade e valor da prova testemunhal 170
17.4. Proposição, deferimento e produção 172
18. Prova pericial 183
18.1. Generalidades 183
18.2. Perito e órgão técnico ou científico 185
18.3. Modalidades de perícia 190
5
18.4. Prova técnica simplificada 193
18.5. Perícia consensual 194
18.6. Produção da prova pericial 195
19. Inspeção judicial 205
19.1. Generalidades 206
19.2. Procedimento 210
6
Teoria Geral das Provas
1. Introdução
2. Conceito de prova
2
Zivilprozessrecht, p. 263, edição portuguesa: Direito Processual Civil, Almedina, 2002.
7
procedimento; (iii) atividade lógica de conhecer o fato; e (iv) resultado
desta atividade.3
3
Lezioni di diritto processuale Napoli: Jovene editore, 2012, p. 404.
8
Modernamente, aponta-se as partes também como
destinatárias da prova, cujo fundamento reside no direito autônomo de
prova, o qual não se liga, necessariamente, ao direito de influenciar no
resultado do processo, haja vista a possibilidade de nenhum conflito de
interesses ser deduzido em juízo para o exercício do direito de prova.4
4
Ver amplamente item 8.3.2.1. Neste sentido, Enunciado nº 50: “Os destinatários da prova são aqueles
que dela poderão fazer uso, sejam juízes, partes ou demais interessados, não sendo a única função influir
eficazmente na convicção do juiz.” (Forum Permanente dos Processualistas Civis - FPPC).
9
3. Classificação da prova
10
3.3. Critério: forma
6
Portugal, CPC/2013: “Art. 415. Princípio da audiência contraditória. 1 - Salvo disposição em
contrário, não são admitidas nem produzidas provas sem audiência contraditória da parte a quem hajam
de ser opostas. 2 - Quanto às provas constituendas, a parte é notificada, quando não for revel, para todos
os atos de preparação e produção da prova, e é admitida a intervir nesses atos nos termos da lei;
relativamente às provas pré-constituídas, deve facultar-se à parte a impugnação, tanto da respetiva
admissão como da sua força probatória.”
11
está formado antes de surgir a necessidade de o utilizar (v.g., prova
documental e provas produzidas antecipadamente)”.7
7
Código de processo civil anotado, Lisboa: Ediforum, 22ª Ed., 2009, p. 786. No mesmo sentido, na
doutrina portuguesa: Jorge Augusto Pais de Amaral, Direito processual civil, Coimbra: Almedina, 2001,
pp. 212/3.
8
Corso di diritto processuale civile, Torino: G. Giappicheli Editore, 2013, vol. II, pp. 120/2.
9
Sobre o direito autônomo à prova e a produção antecipada de prova, ver item 8.3.
10
R. Lawrence Dessem afirma que 95% das causas cíveis federais são resolvidas até a fase de discovery
(investigatória/probatória), ou seja, sem ingressar na fase do procedimento para o julgamento (trial).
(Pretrial litigation, p. 6). O trial é realizado, em regra, sob presidência de um juiz togado e com a
participação de um júri, perante os quais são produzidas as provas, e, ao final proferidos o julgamento e
decisão. V. ainda, Stephen Yeazell, Civil procedure, p. 481.
12
4. Objeto da prova
11
João Batista Lopes, A prova no direito processual civil, pp. 32/3.
12
Vicente Greco Filho, ob. cit., p. 182.
13
4.1. Fatos notórios, incontroversos e presunções legais
13
Ob. cit., p. 344.
14
extrajudicial, quando a parte admite a verdade de um fato, contrário ao seu
interesse e favorável ao adversário”.14
14
Sobre confissão, ver item 13.
15
Sobre presunção legal, ver item 7.3.
15
adstrito aos fatos, contudo, devendo emprestar-lhes o correto substrato
jurídico, a despeito das alegações das partes.
16
Greco, ob. cit., p. 182.
17
Amaral Santos sugere o uso de pareceres de jurisconsultos versados no tema a justificar a vigência da
lei, ob. cit., p. 348.
16
Deve ser enfatizado que a norma não faz referência ao
direito federal, o qual deve ser de conhecimento do magistrado.
18
Marcelo Abelha Rodrigues, ob. cit., pp. 311/2.
19
Ob. cit., p. 34.
20
Greco, ob. cit., p. 190; Amaral Santos, p. 343.
17
5. Generalidades sobre os meios de prova
21
Ob. cit., p. 183.
22
Rios Gonçalves, p. 437/8.
18
O art. 372, do CPC, inovou trazendo para o seu corpo a
previsão da prova emprestada, in verbis:
19
“Enunciado 30 – É admissível a prova emprestada, ainda que não haja
identidade de partes, nos termos do art. 372 do CPC.”
20
A interpretação literal da Constituição Federal conduz a
que todo e qualquer modo ou meio de prova ilícita é proibido no processo,
haja visto o disposto em seu art. 5º, inciso LVI:
“Art. 5º (omissis)
LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meio
ilícitos”.
23
Neste particular, consultar, Nelson Rodrigues Netto, Tutela jurisdicional específica: mandamental e
executiva ‘lato sensu’, p. 160.
21
Há precedentes do Supremo Tribunal Federal que
adotaram a ‘teoria dos frutos da árvore contaminada’ para impedir os meios
de prova realizados a partir de provas obtidas ilicitamente. O excesso
estaria, como apontado por Cândido Rangel Dinamarco, na impossibilidade
de oitiva de testemunhas, cujos nomes foram obtidos a partir de
interceptação telefônica ilícita, por exemplo.24
24
Instituições de direito processual civil, São Paulo: Malheiros, 2004, v. 3, pp. 50/1.
22
6. Ônus da prova
23
6.1. Ônus subjetivo e ônus objetivo
24
Ao apreciar as provas produzidas, ao magistrado não
interessa saber quem as produziu, apenas deve apreciá-las para proferir seu
julgamento.
27
Ob. cit, p. 273.
25
lo como o princípio da comunhão da prova ou da aquisição processual da
prova que, atualmente, vem explicitado no art. 371, do CPC.
(ii) por outro lado, é regra para o julgamento, posto que o juiz, à luz dos
fatos provados, independentemente de qual parte os tenha
produzido, decidirá apresentando as razões de seu
convencimento, aplicando se necessário a regra do ônus da prova,
tendo ou não havido sua distribuição de modo diverso da regra
geral que incumbe ao autor provar o fato constitutivo de seu
direito e ao réu a prova de fato impeditivo, modificativo ou
extintivo de tal suposto direito.
26
Os fatos constitutivos são aqueles que provados levam à
conseqüência jurídica pretendida pelo autor e prevista na lei. A relevância
de um dado fato é dada pelo direito material.
27
lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos
costumes e aos princípios gerais de direito”. Não há dúvida que
remanescem válidos, posto que são instrumentos de integração aplicáveis a
qualquer ramo do ordenamento jurídico (material ou processual), e por isso
mesmo, estão dispostos no art. 4º, da Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro (Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942).28
(ii) art. 16, da Lei nº 7.347, de 24.07.1985 (Lei da Ação Civil Pública -
LACP30; e,
28
A ementa da lei foi corrigida, uma vez que era erroneamente nomeada de lei de introdução ao código
civil.
29
“Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível erga omnes, exceto no caso de haver sido a
ação julgada improcedente por deficiência de provas; neste caso, qualquer cidadão poderá intentar outra
ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova”.
30
“Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão
prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que
qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova”.
31
“Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este Código, a sentença fará coisa julgada:
I – erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que
qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova, na
hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;
II – ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por insuficiência
de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do parágrafo
único do art. 81;
(omissis)”.
28
Provado que esteja o fato, pouco importa quem tenha
produzido a respectiva prova; por força do princípio da aquisição
processual, o juiz o valorará e proferirá o julgamento (art. 371, do CPC),
não precisando se valer da norma do art. 373, do CPC.
32
Ob. cit., p. 44.
33
Ob. cit., p. 189.
29
6.2.1. Inversão do ônus da prova
34
Marinoni-Arenhart-Mitidiero, Curso de processo civil, v. 2, p. 266.
35
Alexandre Freitas Câmara, O novo processo civil brasileiro, p. 232.
30
O modal deôntico é o proibido, de sorte que, as partes
poderão alterar a regra do ônus da prova contida no caput do art. 373,
desde que não incidam nas proibições dos incisos I e II do seu §3º.
31
Resulta claro que quem faz a distribuição do ônus da
prova, de modo diverso daquela prevista na lei, é o juiz. A sua
fundamentação será a excessiva dificuldade ou impossibilidade de uma
parte se desincumbir do ônus, ou, à maior facilidade de obtenção da prova
do fato contrário.
36
Alteramos em parte, neste ponto, posição anteriormente externada: O direito fundamental de facilitação
da defesa em juízo dos consumidores, Revista de Processo. São Paulo: RT, nº 193, mar/2011, p 101-128,
especialmente, pp. 114/5.
32
publicidade e etc.) o ônus de provar as alegações de fato sobre a verdade, e
correção, da informação ou comunicação publicitária de um dado produto
ou serviço.
33
6.2.2. Inversão do ônus da prova no Código de Proteção
e Defesa do Consumidor.
37
Rios Gonçalves, ob. cit., p. 429/430; Nery-Nery, Comentários ao Código de Processo Civil [1973], 4ª
ed., nota 15, p. 1805.
38
Kazuo Watanabe, Código Brasileiro de Defesa do Consumidor comentado pelos autores do
anteprojeto, p. 617; Vicente Greco Filho, ob. cit., p. 191.
34
O dispositivo legal está embasado no princípio
constitucional da isonomia (art. 5º, caput, da C.F.), que no plano
infraconstitucional e do processo é erigida como norma fundamental (art.
7º, do CPC) e capitulado no art. 139, I, pelo qual o juiz dirigirá o processo
atendendo aos dispositivos legais e assegurando às partes igualdade de
tratamento.
35
O limite temporal máximo, que já vinhamos defendendo,
é até a fase de saneamento e organização do processo, propriamente, no
momento anterior à prolação da decisão de saneamento. Isto porque no
saneamento do feito é que o juiz deverá, entre outras condutas pertinentes,
definir a distribuição do ônus da prova, quer alterando, ou não, a regra legal
(art. 358, III, do CPC).
39
Ob. cit., p. 431.
40
Batista Lopes, ob. cit., pp. 51/2. Nery-Nery entendem ser essa a regra a ser seguida, todavia, admitem a
possibilidade do juiz alertar o fornecedor na preparação da fase instrutória da possibilidade de inversão do
ônus da prova, Código [1973], p. 1806.
36
Em que pese exacerbada variação de entendimento no
seio do Superior Tribunal de Justiça, prevalece a primeira posição
apontada.41
41
Ver o nosso, O direito fundamental de facilitação da defesa em juízo dos consumidores, pp. 122/6.
37
7. Indícios, presunções legais e máximas de experiência
7.1. Indícios
42
Greco, ob. cit., p. 193.
38
Os indícios são circunstâncias de fato das quais o juiz
extrai a convicção do fato principal. São sinais, vestígios ou circunstâncias
que isoladamente não demonstram a verdade do fato probando, a qual é
atingida pela análise e raciocínio do juiz.43
43
Marcelo Abelha Rodrigues, ob. cit., pp. 327/9; Batista Lopes, ob. cit., pp. 66/7.
44
Ob. cit., p. 193.
45
“Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: I - nascidos cento e oitenta
dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal; II - nascidos nos trezentos dias
subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do
casamento; III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido; IV - havidos,
a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial
39
Por outro lado, haverá presunção absoluta, que não
admite prova em contrário (presunção iuris et de iure), em casos de fraude
de execução como o do art. 792, I, do CPC.
homóloga; V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do
marido.”
40
As regras de experiência não estão colocadas nos planos
dos fatos, portanto, não estão sujeitas ao ônus da prova, devendo o juiz
aplicá-las de ofício.46
46
Idem, ibidem, p. 194.
47
Idem, ibidem, p. 196.
41
8. Momento da prova
8.1. Generalidades
48
Ver item 3.4.
42
A proposição da prova deve ser feita na fase
postulatória, em linha de princípio, na petição inicial (art. 319, VI, do
CPC) e na contestação (art. 336, do CPC).
49
Humberto Theodoro Jr., Curso de Direito Processual Civil, v.I, p. 385.
43
recair a prova, por se trataram de fatos controvertidos, e especificando os
meios de prova admitidos (art. 357, II, do CPC).
44
O Código disciplinava nos arts. 846 a 851 o
procedimento cautelar específico da produção antecipada de provas.
50
Comentários ao CPC, vol. VIII, p. 367.
45
caducidade pelo não exercício tempestivo da ação principal (arts. 806 cc
808, I, do CPC).51
8.3.2.1. Generalidades
46
Rigorosamente, a locução “produção antecipada de
prova” nunca retratou com fidelidade o fenômeno que está a regular. A
pretensão na “produção antecipada de prova” sempre foi a de segurança da
prova, vale dizer, de assegurar a produção da prova que poderá ser
realizada em outro processo.53
53
Marinoni-Arenhart-Mitidiero, ob. cit., p. 307/8 e 311.
54
Flávio Luiz Yarshell, Antecipação da prova sem o requisito da urgência e direito autônomo à prova,
passim. Neste sentido, ver item 2.
47
sentido, a obtenção de prova pode ter como destinatário a parte no contexto
de uma relação jurídica de direito material.55
55
Enunciado nº 50: “Os destinatários da prova são aqueles que dela poderão fazer uso, sejam juízes,
partes ou demais interessados, não sendo a única função influir eficazmente na convicção do juiz.”
(Forum Permanente dos Processualistas Civis - FPPC).
56
Friedenthal-Kane-Miller, Civil procedure, p. 386.
48
questões que são controvertidas entre as partes; e, (iii) obtenção de
informações que poderão levar a produção de provas sobre pontos ou
questões controvertidas.57
57
Idem, ibidem, p. 387.
58
James-Hazard-Leubsdorf, Civil procedure, p. 287/8, e ainda, 290 e ss.
49
(iv) auxiliar o juízo em determinar de modo adequado os fatos para o
julgamento do mérito.59
59
Neil Andrews, Andrews on civil processes, vol. I, p. 263 e 71 e ss.
50
O legislador praticamente repetiu a redação constante do
art. 849, do CPC/1973, sem especificar a referência à prova pericial, de
modo a tornar a regra mais ampla permitindo que, no caso concreto,
qualquer meio de prova possa ser utilizado, desde que presente a urgência
na verificação do fato.
60
Daniel Amorim Assumpção Neves, Novo CPC, Metodo, 2016, item 33.8, p. 284.
51
deve ser confundida com a tutela cautelar disciplinada na Parte Geral do
Código.
61
Em sentido contrário, Graciela Marins, Código de processo civil anotado (coord. José Rogério Cruz e
Tucci), AASP/OAB/PR, p. 615.
52
(c) quando o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o
ajuizamento de ação (art. 381, inciso III, do CPC)
62
Flávio Yarshell, ob. cit., p. 327 e ss.
53
que o termo cautelar seja empregado para representar a urgência, no caso
do inciso I, do art. 381, do CPC.
63
Theodoro Jr., ob. cit., p. 686.
54
É oportuno esclarecer que a enumeração do art. 301,
indubitavelmente exemplificativa, somente faz sentido mediante uma
interpretação histórica, já que o legislador adotou um regime atípico de
tutela cautelar, sem descrever medidas e procedimentos específicos, de
sorte que se faz necessário obter alhures o significado jurídico para arresto,
sequestro, arrolamento de bens e etc.
55
A previsão ainda é válida para o CPC atual, sendo lícito
que a prova obtida pela justificação seja utilizada em processo judicial ou
procedimento administrativo. É nesta toada, que a manifestação correntia
do caráter de jurisdição voluntária deve ser analisada com mais vagar e
profundidade.
64
Theodoro Jr., ob. cit., pp. 693/4.
65
Art. 88. Poderão os Juízes togados admitir justificação para o assento de óbito de pessoas desaparecidas
em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer outra catástrofe, quando estiver provada a sua
presença no local do desastre e não for possível encontrar-se o cadáver para exame. O exemplo é de Nery-
Nery, Código [2015], 17ª Ed., p. 1172.
66
A união estável para justificar relação jurídica é exemplo de Alexandre Freitas Câmara, ob. cit., p. 238.
56
estável, e, ao outro interessa declarar a sua inexistência). Na mesma linha,
os comuníssimos casos de justificação de tempo de trabalho para o serviço
público, em que o interesse jurídico é do servidor, assim como da
administração pública ou do órgão público.
67
Antonio Carlos Marcato, Procedimentos especiais, 10ª ed., pp. 337/8.
57
homologatório (não julgamento), existência de coisa julgada formal (não
coisa julgada material).68
68
Em virtude da inexistência de coisa julgada material é sempre possível a revisão da sentença proferida
em procedimentos de jurisdição voluntária, independentemente de ação rescisória. Regra explícita
constava do CPC/1973: “Art. 1.111. A sentença poderá ser modificada, sem prejuízo dos efeitos já
produzidos, se ocorrerem circunstâncias supervenientes.”
58
concernente à uma relação jurídica, por exemplo, uma suposta união
estável. Neste último, a produção da prova será realizada, se e quando, for
proposta uma demanda sobre essa relação jurídica, contudo, ambos os
supostos companheiros têm interesse processual de participar da ação de
justificação.
69
Cassio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual, 2018, p. 414.
59
É neste sentido que devem ser entendidas as expressões
“não contencioso” utilizadas na lei.
8.3.2.5. Procedimento
(a) competência
60
juízo da produção antecipada de prova. O juízo sobre a admissibilidade e
valor da prova é feito pelo juiz na ação em que a lide for posta.
70
O Superior Tribunal de Justiça fixou em sede de recursos especiais repetitivos (Tema nº 648) a
necessidade de conduta pré-processual para preenchimento do interesse processual para a ação de
exibição de documentos bancários. Ver item 16.3.4.1 infra.
61
(c) citação
71
Ver o nosso: Breves Apontamentos sobre os Requisitos de Admissibilidade para o Julgamento de
Mérito. Prisma Jurídico, São Paulo: Uninove. Vol. 1, set/2002, p. 147-162.
72
Conforme, previsão do art. 256, I, do CPC. Ver, ainda, Assumpção Neves, ob. cit., p. 287.
73
O raciocínio é válido, por exemplo, em caso de litisconsórcio necessário passivo, onde o juiz determina
a emenda da petição inicial para incluir litisconsorte que também deva ser citado (art. 115, parágrafo
único, do CPC). A ausência de citação gera a nulidade da decisão de mérito, se o litisconsórcio for
62
(d) manifestação dos interessados
63
de legitimidade para a causa e interesse processual para provocar a
jurisdição para obtenção da prova.
64
(e) valor da causa e sucumbência
65
de ofício, eventuais distorções a respeito (RT 498/194).”
(destacamos)76
76
Comentários ao código de processo civil, Vol. VIII, Tomo I, nº 56, p. 242, Rio de Janeiro: Forense, 9ª
Ed., 2006.
77
Ver item (d) supra.
66
custas processuais devem ser rateadas entre os interessados, na medida do
interesse de cada um. Desse teor, o art. 88, do CPC: “Nos procedimentos
de jurisdição voluntária, as despesas serão adiantadas pelo requerente e
rateadas entre os interessados”.
67
sucumbência quando houver resistência da parte requerida ao
atendimento do pedido, o que não ocorreu na hipótese dos autos.
4. Agravo interno não provido.” [AgInt no AgInt no AREsp nº
1751492 – PR (2020/0222045-9), 3ª T., v.u., rel. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, j. 11/05/2021, DJe 24/05/2021].
(f) encerramento
68
produção antecipada de prova é meramente terminativa (processual),
proferida com base no art. 485, inciso X, do CPC. O parágrafo único, do
art. 866, do CPC/1973 esclarecia que “o juiz não se pronunciará sobre o
mérito da prova, limitando-se a verificar se foram observadas as
formalidades legais”.
69
9. Valoração da prova
70
As provas são taxativamente relacionadas e contendo
uma prévia valoração. É conhecido o brocardo latino testis unus, testis
nullus, aniquilando o valor da prova testemunhal se realizada apenas por
uma testemunha.
71
9.3. Sistema de persusão racional do juiz
72
informação” – redação dada pela Emenda Constitucional nº 45/2004 -
destacamos).
78
Ver item 6.1.
73
Em acréscimo, a doutrina costuma reconhecer o
princípio da verdade formal no preceito legal que determina que a
apreciação e o convencimento do juiz ficam restritos ao material probatório
produzido nos autos.79
79
Greco, ob. cit., p. 198.
74
10. Dever de colaboração com a Justiça
75
e coerções processuais sem uma nítida distinção entre sua natureza e, via
de consequência, o âmbito e o limite de sua aplicação.
76
A novidade do art. 139, IV, do CPC, foi trazer as
medidas coercitivas atípicas para demandas cujo objeto seja uma obrigação
de pagar quantia, completando a esfera da tríade de pretensões processuais
não satisfativas. Para as obrigações de fazer e não fazer, na década de 90, o
art. 461, do CPC/1973 sofreu alteração pela Lei nº 8.952/94, com este
objetivo, e, posteriormente no ano de 2002, a Lei nº 10.444, criou o art.
461-A, para as obrigações de entregar coisa.80
80
As regras contidas nos artigos referidos no texto constam, atualmente, dos arts. 497 e 498, do
CPC/2015, respectivamente.
77
b) litigância de má-fé - conjuga multa (sanção) entre 1% a 10% do
valor da causa + indenização (sanção) pelos prejuízos sofridos pela
parte; aplicadas inclusive de ofício pelo juiz ou tribunal (art. 81, do
CPC); e,
81
Sobre o tema, com desenvolvimento, Nelson Rodrigues Netto, A Fase Atual da Reforma Processual e a
Ética no Processo. Revista de Direito Processual Civil. Curitiba: Genesis, nº 31, jan/mar, 2004; Revista
de Direito do Trabalho. Curitiba: Genesis, nº 136, abr/2004; Revista Forense. Rio de Janeiro: Forense, nº
373, mai/jun, 2004, p. 449-458.
78
11. Poderes investigatórios do juiz
82
Semelhantemente, no CPC/1973: “Art. 130. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte,
determinar as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente
protelatórias.”
83
Amaral Santos, ob. cit., p. 356; Arruda Alvim, Manual de direito processual civil, 6ª ed., v. 2, p. 455.
79
julgamento e não apenas de procedimento, vale dizer, de produção de
prova.84
84
Ver item 6.1.
80
acareação entre testemunhas ou em relação à parte (art. 461, II); d)
realização de nova perícia (art. 480); e, realização de inspeção judicial (art.
481).
85
Sobre ônus da prova, ver item 6.
81
Provas em Espécie
86
CF - “Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do
Poder Público. §1º Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários,
dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.
§2º Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos praticados
pelos serviços notariais e de registro. §3º O ingresso na atividade notarial e de registro depende de
concurso público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura
de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses.”
82
portanto, a norma prescrita no art. 405, do CPC, e exigindo-se declaração
judicial de falsidade para cessar sua fé, conforme art. 427, do CPC.
83
13. Depoimento Pessoal
13.1. Generalidades
13.2. Interrogatório
84
VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das
partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não
incidirá a pena de confesso.”
13.3. Procedimento
85
procedimento da inquirição de testemunhas, regra que era expressa no
CPC/1973, art. 344.87
87
CPC/1973 – “Art. 344. A parte será interrogada na forma prescrita para a inquirição de testemunhas.”
88
Sobre “ações de estado”, ver item 16.3.3.
86
No caso do depoimento pessoal não há vedação de a
parte depor por estar sujeita à imputação de responsabilidade penal por
violação de sigilo profissional. O fundamento repousa na circunstância
de que é o direito da própria parte que se encontra em conflito, de modo
que lhe é lícito revelar fatos conhecidos no âmbito de sua profissão.
87
14. Confissão
14.1. Generalidades
14.2. Classificação
89
Ver item 2.
90
CC – “Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser provado
mediante: I – confissão.”
88
Por seu turno, a confissão judicial pode ser provocada
ou espontânea. A confissão provocada é aquela obtida pela inquirição da
parte, em depoimento pessoal, quando devidamente intimida, sob pena de
confesso (art. 390, §2º, do CPC). A confissão espontânea, realizada pela
própria parte ou por mandatário com poderes especiais devendo ser tomada
a termo em juízo (art. 390, §1º, do CPC).
91
Sobre a divergência relativa a prova do contrato de seguro, Nelson Rodrigues Netto, comentários ao art.
758, do CC, in, Comentários ao Código Civil Brasileiro, v. VII, pp. 181/7.
89
A confissão realizada por um dos litisconsortes não
prejudica os demais (art. 391, do CPC), sendo que quando se tratar de
litisconsórcio unitário, é de ser considerada válida contra o confitente, mas,
ineficaz com relação aos litisconsortes, como por exemplo, os casos
previstos no art. 391, parágrafo único, do CPC.
90
Trata-se de direito personalíssimo que somente pode ser
exercido pelo confitente, todavia, constituíndo norma especialíssima haverá
sucessão da parte por seus herdeiros (e não extinção do processo ex vi da
regra geral do art. 485, IX, do CPC) em caso de morte do confitente
pendente a ação (art. 393, p.u., do CPC).
91
15. Prova documental
15.1. Generalidades
92
Theodoro Jr., ob. cit., p. 407.
93
Amaral Santos, ob. cit., pp. 403/4; Cassio Bueno, Manual, p. 423/5; Marinoni-Arenhart-Mitidiero, ob.
cit., pp. 364/6.
92
15.2.1. Público ou particular
93
15.2.4. Autêntico, autenticado e não autêntico.
94
Ver item 15.3.3.
95
Ob. cit., p. 366.
96
Art. 1º, §2º, III, da Lei 11.419/2006 – Lei do Processo Eletrônico.
94
considerado original (art. 11, da Lei 11.419/2006 – Lei do Processo
Eletrônico), e, autenticado na forma do art. 411, II, do CPC. A presunção
de autenticidade somente cede espaço se judicialmente provada sua
falsidade (arts. 427, do CPC, c.c. 11, §§1º e 2º, da Lei nº 11.419/2006).
97
Amaral Santos, ob. cit., p. 403.
95
15.3. Força probante dos documentos
98
Arruda Alvim, ob. cit., p. 457.
99
Ver item 9.2. Sistema de prova legal ou tarifada.
96
Reputa-se autor do documento particular: a) aquele que
o fez e o assinou; b) aquele, por conta de quem foi feito, estando assinado;
e, c) aquele que, mandando compô-lo, não o firmou, porque, conforme a
experiência comum, não se costuma assinar, como livros comerciais e
assentos domésticos (art. 410, do CPC). A norma disciplina, destarte,
documento autógrafo no primeiro caso e heterógrafos nos demais.
100
. Theodoro Jr., ob. cit., p. 411, Greco, ob. cit., p. 212, Araújo Cintra, Comentários ao Código de
Processo Civil, p. 107.
101
No direito anterior, Moacyr Amaral Santos afirmava que as demais formas de reconhecimento de
firma não permitiam considerar autêntico o documento, ob. cit., p. 414.
97
O reconhecimento de firma, ou seja, da assinatura do
autor, gerando a autenticidade do documento, é ato de competência
exclusiva dos tabeliães de notas (art. 7º, IV, da Lei nº 8.935/94 – Lei dos
Cartórios). Há uma presunção relativa da autenticidade do documento, que
pode ser infirmada por outros meios de prova, v.g., demonstrar que alguém
se fez passar pelo autor do documento, mediante carteira de identidade
falsa, e o assina copiando-lhe a assinatura.102
102
Sobre presunções legais, ver item 7.2.
98
veículo automotor, do número do Registro Nacional de Veículos
Automotores – RENAVAM, do nome do comprador, do seu número
de inscrição no CPF e da data da transferência.” (negritamos)
103
“189. Para o reconhecimento de firma por semelhança poder-se-á exigir a presença do signatário,
munido do documento de identificação.”
99
15.3.4. Data do documento
104
Nesse sentido Araújo Cintra, ob. cit., 107.
105
. Theodoro Jr., ob. cit., p. 413.
100
O juiz pode exigir a exibição parcial dos livros e
documentos comerciais (arts. 421, do CPC). O dispositivo do CPC é uma
norma de exceção para a vedação da exibição de livros, conforme previsto
no art. 1190, do CC.106
106
“Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer
pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária
observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei.”
107
“Art. 1.191. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando
necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à
conta de outrem, ou em caso de falência. §1º. O juiz ou tribunal que conhecer de medida cautelar ou de
ação pode, a requerimento ou de ofício, ordenar que os livros de qualquer das partes, ou de ambas, sejam
examinados na presença do empresário ou da sociedade empresária a que pertencerem, ou de pessoas por
estes nomeadas, para deles se extrair o que interessar à questão. §2º Achando-se os livros em outra
jurisdição, nela se fará o exame, perante o respectivo juiz.”
101
Pela redação do §1º, do art. 1.191, do CC, verifica-se
que o interesse processual pode se limitar ao mero “exame” sem que a
exibição integral dos livros constitua-se em produção de prova.108
15.3.6. Cópias
102
propositura de ação rescisória, e, quanto à cópia de título executivo
extrajudicial ou outro documento relevante à instrução do processo, o juiz
poderá determinar o seu depósito em cartório ou secretaria (art. 425, §§1º e
2º, do CPC).
103
15.4. Argüição de falsidade documental
15.4.1. Generalidades
109
Reputando dispensável o artigo, Daniel Neves, ob. cit., p. 300.
104
Logo, é facultado à parte ao se manifestar sobre
documento juntado, em primeiro lugar, impugnar a admissibilidade da
prova documental (art. 436, I). O meio de prova pode ser impertinente em
relação ao fato probando, ou, pode ter sido produzido de modo
deslealmente intempestivo, ou, obtido por meio ilegal ou imoral, violando o
preceito do art. 369, do CPC, por exemplo. Outro exemplo: se para
verificação do fato há necessidade de pessoa com conhecimento técnico ou
científico especializado, indispensável realização de perícia.
105
ser autêntico (= certo seu autor) e falso por formado com declarações não
verdadeiras, na forma do art. 427, I, do CPC.
110
Afirmando que a falsidade pode retratar documento formalmente autêntico, de modo que não se
confundiriam os dois incisos, Nery-Nery, Código [2015], p. 1218. Em sentido contrário, Renato Montans
de Sá, Manual de direito processual civil, p. 461; Daniel Neves, ob. cit., p. 300.
111
Ver item 15.4.4.1.
112
Neste sentido, João Paulo Hecker da Silva, Código de processo civil anotado (coord. José Rogério
Cruz e Tucci), AASP/OAB/PR, p. 704; Elpídio Donizetti, Curso didático de direito processual civil, p.
581.
106
prova documental (inciso I) e o ataque ao seu conteúdo, ou seja, as
declarações dele contantes (inciso IV).
107
anos, e cujos termos iniciais estão elencados na lei, conforme o art. 178, I e
II, do CC.113 114
113
CC – “Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio
jurídico, contado: I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; II - no de erro, dolo, fraude contra
credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico.”
114
Theodoro Jr., ob. cit., p. 416; Luiz Rodrigues Wambier et alli, Curso avançado de direito processual
civil, v 1, p. 469.
108
Nesse sentido, a lei prescreve que a falsidade consiste
em formar documento não verdadeiro ou alterar documento verdadeiro, de
acordo com o art. 427, parágrafo único, I e II, do CPC. Vale notar que o
inciso II, do art. 427, está ligado ao art. 428, II, do CPC, que preceitua que
“cessa a fé do documento particular quando assinado em branco, for
abusivamente preenchido”.
109
“Art. 427. Cessa a fé do documento público ou particular sendo-lhe
declarada judicialmente a falsidade.
Parágrafo único. A falsidade consiste em:
I - formar documento não verdadeiro;
II - alterar documento verdadeiro.”
110
(b) corrente ampliativa
115
Marinoni-Arenhart-Mitidiero, ob. cit., p. 387.
116
Ob. cit., pp. 513/4.
111
19.920/PR, 4ª T., rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, j.
15.09.1993, DJ 25.10.1993)
................................................
“RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. INCIDENTE DE
FALSIDADE. NOTAS FISCAIS. FALSIDADE IDEOLÓGICA.
DOCUMENTOS NARRATIVOS. CABIMENTO. PRECEDENTES.
1. A instauração de incidente de falsidade é possível mesmo quando se
tratar de falsidade ideológica, mas desde que o documento seja
narrativo, isto é, que não contenha declaração de vontade, de modo
que o reconhecimento de sua falsidade não implique a desconstituição
de relação jurídica, quando será necessário o ajuizamento de ação
própria. 2. Recurso especial provido.” (REsp 1.637.099 / BA, 3ª T.,
rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 26.09.2017, DJe 02.10.2017)
112
Confirma-se, destarte, o raciocínio expendido sobre a
razão de se prever dois preceitos diferentes na lei. Com efeito, a mera
impugnação da assinatura está lastreada no inciso II, ao passo que a
arguição de falsidade documental se encontra fundamentada no inciso III,
ambos do art. 436, do CPC. Tirando a novidade do art. 436, do CPC, a
disciplina do tema não sofreu alteração.
117
“Art. 388. Cessa a fé do documento particular quando: I - lhe for contestada a assinatura e enquanto
não se Ihe comprovar a veracidade.”
118
“Art. 389. Incumbe o ônus da prova quando: II - se tratar de contestação de assinatura, à parte que
produziu o documento.”
119
Araújo Cintra, ob. cit., pp. 113/4.
113
15.4.5. Ação autônoma
120
Ver item 15.4.1.
114
15.4.6. Incidente processual ou ação declaratória incidental
121
“Art. 5º. Se, no curso do processo, se tornar litigiosa relação jurídica de cuja existência ou inexistência
depender o julgamento da lide, qualquer das partes poderá requerer que o juiz a declare por sentença.”
122
“Art. 325. Contestando o réu o direito que constitui fundamento do pedido, o autor poderá requerer, no
prazo de 10 (dez) dias, que sobre ele o juiz profira sentença incidente, se da declaração da existência ou
da inexistência do direito depender, no todo ou em parte, o julgamento da lide (art. 5 o).”
123
Neste sentido, Cassio Bueno, ob. cit., p. 426; Câmara, ob. cit., p. 249; Nery-Nery, Código [2015], p.
1213. Contra, Marinoni-Arenhart-Mitidiero, ob. cit., pp. 384/5.
115
efetivo, portanto, inaplicável em caso de revelia; e, (iv) o juízo não for
absolutamente incompetente para resolvê-la como questão principal.
124
Teresa Arruda Alvim Wambier, Os agravos no CPC brasileiro, passim.
125
Greco, ob. cit., p. 214.
126
Nery-Nery, Código [1973], p. 870.
127
Nesse sentido, Arruda Alvim, ob. cit., p. 526, Marcos Vínicius Rios Gonçalves, ob. cit., p. 449.
116
Atualmente, a falsidade pode ser suscitada na
contestação, na réplica, ou, de forma geral, no prazo de 15 dias da
intimação da juntada do documento aos autos (art. 430, do CPC), sob pena
de preclusão. Preclusão é um fenômeno endoprocessual, de sorte que ao
interessado continuará aberta a alternativa de propor uma ação autônoma
para declaração da falsidade documental.
128
Ver item 6.2.1.2.
117
suficiente para a manutenção do resultado não será cabível a rescisória por
não ser eficiente para alterar a conclusão da decisão rescindenda.129
129
Barbos Moreira, Comentários ao Código de Processo Civil, vol. 5, 11ª Ed., p. 133.
130
“Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público
verdadeiro: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. § 1º - Se o agente é funcionário público, e
comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. § 2º - Para os efeitos penais,
equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou
transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular.
§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: I – na folha de pagamento ou em documento
de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a
qualidade de segurado obrigatório; II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em
documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que
deveria ter sido escrita; III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as
obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter
constado. § 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3 o, nome do
segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de
serviços.”
131
“Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular
verdadeiro: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.”
132
“Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele
inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar
direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: Pena - reclusão, de um a
cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, de quinhentos mil
réis a cinco contos de réis, se o documento é particular. Parágrafo único - Se o agente é funcionário
público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento
de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.”
118
133
“Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função pública, firma ou letra que o não
seja. Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público; e de um a três anos, e multa,
se o documento é particular.”
119
15.5. Produção prova documental
120
convencional. A prática eletrônica de atos processuais vem disciplinada nos
arts. 193 a 199, do CPC.
121
Deste modo, o art. 10, §1º, da MP nº 2.200-2/2001,
estabece que “as declarações constantes dos documentos em forma
eletrônica produzidos com a utilização de processo de certificação
disponibilizado pela ICP-Brasil presumem-se verdadeiros em relação aos
signatários”. Há inclusive referência à regra geral do atual dispositivo
contido no art. 219, do CC. Trata-se de presunção relativa que admite
prova em contrário.
134
João Paulo Hecker da Silva, ob. cit., p. 709.
122
parte contrária a que produziu um documento eletrônico deve dispor de
meios para conhecê-lo, examiná-lo, e confrontar sua autentiticade e
veracidade.135
135
Idem, ibidem, p. 710.
136
Ob. cit., p. 251.
123
16. Exibição de documento ou coisa
16.1. Generalidades
“Art. 396. O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa
que se encontre em seu poder.”
137
Amaral Santos, ob. cit., p. 431.
138
A doutrina italiana confere uma noção muito ampla a documento e coisa, abrangendo aquilo que
comporta ser apresentado em juízo, cf. A. Cairo et alii, Codice di Procedura Civile Operativo, Ed.
Simone, 2016, p. 639.
124
Semelhantemente, o arranjo brasileiro prevê dentro do
Capítulo XII – Das Provas, uma seção para a exibição de documento ou
coisa (Seção VI), e outra distinta para a prova documental (Seção VII).
139
Jorge Augusto Pais de Amaral, Direito processual civil, Almedina, 2001, p. 215.
125
assim provar um fato, ao passo que a prova documental é destinada a
regência da produção da prova pela parte interessada em demonstrar um
dado fato, não nos parece ter relevância suficiente para destacar o tema
como uma diferente espécie de prova.
140
Ver item 19.
126
exercer as faculdades a que se refere o número anterior, devendo a
notificação ser requerida dentro do prazo em que pode ser oferecido o
rol de testemunhas.
3 - A prova por apresentação das coisas não afeta a possibilidade de
prova pericial ou por inspeção em relação a elas.”
16.2. CPC/1973
141
Ver item 18.1.
142
Nesse sentido, Greco, ob. cit., 2º v, p. 207; Abelha Rodrigues, ob. cit., 368.
127
845, do CPC/1973143; e, a ação de exibição, mediante processo incidental
na fase probatória do processo. Parcela da doutrina defendia existir o
exercício do direito de ação e, por conseguinte, a formação de um processo
incidental, recusando-lhe natureza de incidente processual.144
16.3. CPC/2015
143
Arruda Alvim apontava que a ação dos arts. 844/845, do CPC, não precisaria necessariamente ser
cautelar, ob. cit., p. 528. Parece-nos que seria, então, a hipótese da ação autônoma, que deveria seguir o
procedimento comum.
144
Assim, expressamente, Theodoro Jr., ob. cit., p. 400; Amaral Santos, p. 433.
145
Moacyr Amaral Santos: “A exibição de coisa, ou documento, pode ter por finalidade: a) a
apresentação de coisa corpórea necessária para o exercício dos direitos relativos à própria coisa, como
quando alguém pede a exibição de várias coisas, em poder de outrem, a fim de conhecer suas qualidades e
habilitar-se para o exercício do direito de escolha que porventura tenha: b) a apresentação de coisa
corpórea, ou documento, com finalidade probatória.” (destaques no original, ob. cit., p. 434).
146
Ver item 8.3.
128
O ponto que nosso raciocínio se distingue da
classificação de Amaral Santos refere-se à possibilidade de, mesmo na
pendência de uma ação, a parte ter o direito à exibição somente para
verificação do documento ou da coisa, sem que necessariamente seu
requerimento vise à prova de um fato.
147
Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, Nova Fronteira, 2ª Ed., verbete exibir, p. 740.
148
Ob. cit., p. 658.
129
A exibição de coisa ou documento está, na sistemática
atual do CPC, abrangida pela possibilidade do exercício do direito de
prova, direito de obtenção de prova, ou, direito autônomo de conhecer e
examinar um documento ou coisa.
149
Sobre os diferentes fundamentos da produção antecipada de provas, ver item 8.3.2.3.
150
Ver item 15.3.5
130
Os requisitos para o requerimento, a natureza do
procedimento e a eficácia da decisão serão analisadas nos tópicos
seguintes.
131
Esta situação é patente no tocante ao arrolamento
quando tiver por objetivo apenas a documentação dos bens e não a
apreensão dos bens (art. 381, §1º, do CPC). O arrolamento com a
finalidade de apreender bens para resguardar o resultado útil de outro
processo é cautelar (art. 301, do CPC). A invasão da esfera jurídica do
demandado é que dá o tom da diferença entre ambos. Lembre-se que no
CPC/1973, o arrolamento cautelar impunha a nomeação de depósitário
para os bens (art. 858).
151
Ver item 8.3.2.3, letra (a).
132
De tal sorte, concordamos com as conclusões da II
Jornada de Direito Processual do Conselho da Justiça Federal no que tange
à possibilidade de ação autônoma de exibição de documento ou coisa,
fundamentada nas hipóteses do art. 381, do CPC (“produção antecipada de
prova” – Enunciado nº 129). Todavia, discordamos quanto ao
procedimento: entendemos que sempre será adotado o procedimento
especial, exatamente, porque há disposição em contrário no CPC para
afastar o procedimento ordinário, conforme a regra do art. 318, do CPC.152
152
Diversamente, quanto à adoção do procedimento especial, o Enunciado nº 119, da II Jornada de
Direito Processual do Conselho da Justiça Federal: “É admissível o ajuizamento de aão de exibição
autônoma, inclusive pelo procedimento comum do CPC (art. 318 e seguintes).”
153
Antes da fixação de entendimento pelo Superior Tribunal de Justiça, por exemplo: “TUTELA
CAUTELAR EM CARÁTER ANTECEDENTE. Julgamento como ação de exibição de documentos.
Procedência. Ação de exibição de documentos. Autonomia não contemplada na nova sistemática
processual. Possibilidade apenas de ajuizamento de ação de produção antecipada de provas, tutela
cautelar antecedente, com posterior aditamento, ou pedido incidental em ação de conhecimento. Pleito da
parte autora que visa tão somente a compelir a ré a lhe apresentar os documentos que lhe possibilitem
verificar a existência de eventuais cláusulas ilegais. Inexistência de emenda da petição inicial para
adequação da tutela pretendida à nova sistemática processual que implica a extinção do processo, sem
exame do mérito, com atribuição das verbas sucumbenciais à parte postulante. Sentença modificada.
Extinção do processo. RECURSO PROVIDO.” (TJSP. Apelação Cível nº 1018040-77.2018.8.26.0003,
23ª Cam. Dir. Priv., v.u, rel. Des. Sebastião Flávio, j. 26/03/2019, registro nº 2019.0000218506)
133
“PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO
ESPECIAL. AÇÃO DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS.
PRETENSÃO DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS. CPC/2015.
POSSIBILIDADE. INTERESSE E ADEQUAÇÃO. HARMONIA
ENTRE O ACÓRDÃO RECORRIDO E A JURISPRUDÊNCIA DO
STJ.
1. Ação de produção antecipada de provas para exibição de
documentos.
2. Admite-se o ajuizamento de ação autônoma para a exibição de
documento, com base nos arts. 381 e 396 e seguintes do CPC, ou até
mesmo pelo procedimento comum, previsto nos arts. 318 e seguintes
do CPC, ou seja, o cabimento da ação de exibição de documentos não
impede o ajuizamento de ação de produção de antecipação de provas.
Precedentes.
3. Agravo interno no recurso especial não provido.” (destacamos)
(AgInt nos EDcl no Resp nº 1867001 - CE (2020/0063491-0), 3ª T.,
v.u., rel. Min. Nancy Andrighi, sessão virtual de 04/08/2020 a
10/08/2020)
134
documento ou da coisa, ou, no dever geral de colaborar com a Justiça no
descobrimento da verdade, de acordo com o art. 379, do CPC.154
154
Ver item 10.
155
Na ordem citada no texto: CPC - “Art. 380. Incumbe ao terceiro, em relação a qualquer causa: II -
exibir coisa ou documento que esteja em seu poder.” “Art. 5º. Aquele que de qualquer forma participa do
processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.” “Art. 6º. Todos os sujeitos do processo devem
cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.”
156
“Art. 379. Preservado o direito de não produzir prova contra si própria, incumbe à parte: (omissis).”
135
Em acréscimo, o princípio exsurge no Código de
Processo Penal quando do interrogatório judicial do acusado, como
retratado abaixo:
157
Vitor de Paula Ramos, Código de processo civil anotado (coord. José Rogério Cruz e Tucci),
AASP/OAB/PR, pp. 612/3; Marinoni-Arenhart-Mitidiero, ob. cit., pp. 348/9.
158
Traduçao livre: “Nenhuma pessoa será compelida, em qualquer ação penal, a testemunhar contra si
mesma”.
136
processual, como se verifica dos enunciados aprovados e a seguir
reproduzidos:
.....................................................
137
As regras estão, em certa medida, relacionadas a outros
meios de prova, como os depoimentos das partes e as oitivas de
testemunhas, e são fundamentadas na garantia constitucional de proteção à
intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas (art. 5º, inciso
X, da Constituição Federal).
159
“Art. 388. A parte não é obrigada a depor sobre fatos: (omissis). Parágrafo único. Esta disposição não
se aplica às ações de estado e de família.”
160
“Art. 447. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou
suspeitas. (omissis). § 2º São impedidos: I - o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descendente em
qualquer grau e o colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes, por consanguinidade ou afinidade,
salvo se o exigir o interesse público ou, tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder
obter de outro modo a prova que o juiz repute necessária ao julgamento do mérito.”
161
Marcos André Franco Montoro, Código de processo civil anotado (coord. José Rogério Cruz e Tucci),
AASP/OAB/PR, p. 663.
138
Estas são ações de estado, especificamente,
concernentes ao estado familiar. Daí a correição técnica do CPC ao falar
em ações de família.
139
A prescrição normativa é direcionada ao requerido na
exibição. O requerido tem um dever de honra em relação à outra pessoa
(física ou até jurídica), e por isso, está legalmente autorizado a não exibir a
coisa ou documento, em juízo.
140
coisa puder implicar em desonra do terceiro (parente ou não do requerido),
o juiz deve vedar a exibição.
141
Com efeito, quanto ao depoimento pessoal, estipula o
art. 388, inciso III, do CPC:
142
De outro turno, o parentesco por afinididade se dá
quando um cônjuge ou companheiro se alia aos parentes do outro (art.
1.595, do CC).
143
(d) sua exibição acarretar a divulgação de fatos a cujo respeito, por
estado ou profissão, devam guardar segredo (inciso IV)
162
Silvio de Salvo Venosa, Direito Civil – Parte Geral, Atlas: 2002, p. 193.
163
Maria Helena Diniz, Curso de Direito Civil Brasileiro – 1. Teoria geral do direito civil, Saraiva: 2008,
pp. 214/5.
164
Ver comentários sobre “ações de estado” na letra (a).
165
Venosa, ob. cit., pp. 194/5; Diniz, ob. cit., p. 216.
144
O estado individual abrange: (i) idade (maior ou menor);
(ii) sexo (feminino ou masculino); e, (iii) saúde mental e física (plena
capacidade civil, ou, incapacidade absoluta ou, relativa para certos atos da
vida civil).
166
Deve ser notado que a Emenda Constitucional de Revisão nº 03, de 1994, alterou o inciso II, do §4º,
do art. 12, da CF, explicitando hipóteses de “dupla nacionalidade”.
145
Comumente tais normas prevêem a possibilidade do
levantamento do sigilo por aquele que lhe aproveita, como do paciente em
relação a seu médico. O próprio Código Penal, ao capitular o crime de
violação do segredo profissional, ressalva a possibilidade de existir justa
causa, a autorizar a revelação do fato, descaracterizando o fato típico, como
vemos abaixo:
146
O legislador reconhece que a casuística fática é ampla
para, “segundo o prudente arbítrio do juiz”, autorizar escusa em face de
“outros motivos graves”, demonstrados no caso concreto. O adjetivo não
deixa dúvidas: o motivo deve ser grave, não basta um mero desconforto,
uma leve importunação ou um pequeno constrangimento.
16.3.4. Procedimento
167
Admitindo poder adotar ambas as feições, Cassio Bueno, ob. cit., p. 419. Reconhecendo apenas mero
mecanismo de obtenção de elementos de prova, Marinoni-Arenhart-Mitidiero, ob. cit., p. 346.
147
art. 400, paragrafo único, do CPC, ponto que surge como diferencial na
disciplina dos procedimentos entre os dois diplomas codificados.
148
“terceiro” nunca será sujeito passivo de uma ação a ser proposta, em
virtude do resultado da ação de exibição.
(b) petição
149
procedimento da exibição. Confira-se o teor do art. 397, do CPC, que
reproduz literalmente o art. 356, do CPC/1973.
150
provar com a coisa ou o documento. O objetivo do requerente pode, em
primeiro lugar, ser exatamente de examinar a coisa ou documento para
saber se é hábil a provar um fato, ou, viabilizar uma autocomposição, ou
ainda, justificar ou evitar o ajuizamento de uma ação, consoante o art. 381,
II e III, do CPC.
151
comprovação de prévio pedido à instituição financeira não atendido
em prazo razoável, e o pagamento do custo do serviço conforme
previsão contratual e normatização da autoridade monetária”.168
168
Precedente do Tema nº 648, do Superior Tribunal de Justiça: “PROCESSO CIVIL. RECURSO
ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. EXPURGOS
INFLACIONÁRIOS EM CADERNETA DE POUPANÇA. EXIBIÇÃO DE EXTRATOS BANCÁRIOS.
AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS. INTERESSE DE AGIR. PEDIDO PRÉVIO
À INSTITUIÇÃO FINANCEIRA E PAGAMENTO DO CUSTO DO SERVIÇO. NECESSIDADE. 1.
Para efeitos do art. 543-C do CPC, firma-se a seguinte tese: A propositura de ação cautelar de exibição de
documentos bancários (cópias e segunda via de documentos) é cabível como medida preparatória a fim de
instruir a ação principal, bastando a demonstração da existência de relação jurídica entre as partes, a
comprovação de prévio pedido à instituição financeira não atendido em prazo razoável, e o pagamento do
custo do serviço conforme previsão contratual e normatização da autoridade monetária. 2. No caso
concreto, recurso especial provido” (Resp 1.349.453/MS, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, Segunda Seção,
j. em 10/12/2014, DJe 02/02/2015).
152
(c) resposta do requerido
153
Ao requerido incumbe provar qualquer das escusas do
art. 404, do CPC.
(e) decisão
154
(iii) se o documento, por seu conteúdo for comum às partes (art. 399,
III, do CPC).
155
relação de direito material controvertida (ou passível de tornar-se
controvertida), indicar qual o fato que pretende provar, a decisão de
procedência pode assumir uma eficácia declaratória.
156
São quatro medidas, a exemplo do preconizado na
norma geral dos poderes-deveres do juiz, consoante o art. 139, IV, do
CPC.
169
Sobre classificação das tutelas jurisdicionais, ver o nosso, Classificação das tutelas jurisdicionais
segundo a técnica processual empregada para satisfação do direito. Revista de Processo. São Paulo: RT,
nº 186, ago/2010, p 31-65.
157
conhecimento do teor/conteúdo/atributos do documento ou da coisa, de
maneira que é necessário o exercício do poder jurisdicional para compelir o
requerido a realizar a exibição.170
170
Câmara, ob. cit., p. 244.
158
Os pedidos correrão em simultaneus processus, não se
justificando mais a autuação da exibição em separado, o que resultava da
previsão do art. 361, do CPC/1973, que estipulava ser sentença o ato
judicial para resolução do pedido e a apelação como recurso cabível.171
Como explicitado pelo art. 402, do CPC, a resolução da ação se faz por
“decisão” interlocutória, impugnável por agravo de instrumento (art.1.015,
VI, do CPC).
171
Nery-Nery, Código [1973], nota 2 ao art. 360 e, novamente, nota 2 ao art. 361, p. 652.
159
respectivo depósito da coisa ou documento, no cartório ou em outro lugar
designado no prazo de cinco dias.” As despesas correm por conta do
requerente.
172
Código Penal - “Desobediência. Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público: Pena -
detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.”
173
Ver, Nelson Rodrigues Netto, ob. ult. cit., p. 61.
174
Neste sentido, já no direito anterior à luz de norma semelhante ao art. 396, do CPC, Barbosa Moreira,
Novo processo civil brasileiro, p. 62, e, Theodoro Júnior, ob. cit., 39ª ed., v I, p. 394, nota 40.
160
Assim, complementa a exibição judicial, a requisição
judicial às repartições públicas, em qualquer tempo ou grau de jurisdição,
de certidões necessárias à prova das alegações das partes, ou de
procedimentos administrativos nas causas em que forem interessados a
União, o Estado, o Município, ou as respectivas entidades da administração
indireta, quando serão extraídas certidões ou cópias de peças, inclusive
podendo ser fornecidos por meio eletrônico (art. 438, do CPC).
175
Nery-Nery, justificam o raciocínio expendido no texto invocando o art. 5º, XXXIV, da CF, pelo qual é
garantido a todos, independentemente de pagamento de taxas, o direito de petição e de obtenção de
certidões em repartições públicas, Código [2015], p. 1220.
161
17. Prova testemunhal
17.1. Generalidades
162
O dever de testemunhar cede espaço a situações de
escusa, que guardam relação de simetria com as do depoimento pessoal da
parte e da exibição de documento ou coisa.176
176
Aplicável às escusas de depor, ver a análise detida das escusas para exibir documento ou coisa no item
16.3.3.
177
Sobre o crime de violação de sigilo profissional, ver item 16.3.3 letra (d).
163
É comum em ambos os diplomas codificados – civil e
processual civil - a incapacidade dos que tiverem menos de 16 anos (arts.
228, I, CC, 447,§1º, I, do CPC).
164
sua integralidade, à incapacidade genérica para a prática de atos da vida
civil. É ato específico consistente na transmissão de um fato apreendido
pelos sentidos da testemunha, e que é relatado em juízo.
165
A revogação das hipóteses do Código Civil da
capacidade de depor como testemunha, e principalmente, da capacidade
civil genérica para atos da vida civil, exigem uma interpretação sistemática
com toda a nova disciplina do instituto da curatela, adaptado ao “Estatuto
da Pessoa com Deficiência”. Tais alterações são, todavia, plenamente
compatíveis com a interpretação dos casos de incapacidade para
testemunhar em juízo.
166
Em sede de prova testemunhal, é certo que o deficiente
que possa capturar e transmitir os fatos controvertidos, por seus sentidos,
inclusive, mediante “tecnologia assistiva” ou “ajuda técnica” (art. 3º, III, do
Estatuto), estará apto a depor em juízo. É nesta senda que segue o
parágrafo 2º, do art. 228, do CC, inserido pelo “Estatuto”, como podemos
conferir abaixo:
167
confiança, pela possibilidade de não conseguir ser imparcial em seu
depoimento.
178
Sobre as regras de parentesco, ver item 16.3.3 letra (c).
179
Ver itens 13 e 14.
168
Por último, há um vínculo jurídico, de natureza material
ou processual, entre a parte e o terceiro, assim descrito: “o que intervém em
nome de uma parte, como o tutor, o representante legal da pessoa jurídica,
o juiz, o advogado e outros que assistam ou tenham assistido as partes”
(inciso III).
169
O interesse no litígio, como exemplifica Moacyr Amaral
Santos, surge em relações como a “do fiador, na causa do afiançado; do
cedente, na causa do cessionário; do vendedor, sujeito à evicção, na causa
do comprador”.180
170
Não subsiste no diploma atual a regra de que a prova
exclusivamente testemunhal somente é admissível em contratos cujo valor
seja inferior a dez vezes o salário mínimo, ao tempo de sua constituição
(art. 401, do CPC/1793), tendo sido revogada norma idêntica contida no
art. 227, caput, do Código Civil.
171
Fique claro que a prova exclusivamente testemunhal é
da “simulação”, ou, de outro “vício de consentimento”; a obrigação que se
exige prova escrita, deve por este meio ser demonstrada.182
(b) produção
182
Pela sistemática do código civil revogado, o tema “vícios dos negócios jurídicos” englobava todos os
atuais defeitos do negócio jurídico e também a simulação. Como leciona Venosa: “No novo Código, sob a
epígrafe “defeitos do negócio jurídico”, regula o erro ou a ignorância, o dolo, a coação, o estado de
perigo, a lesão e a fraude contra credores. No novo sistema legal, a simulação situa-se no campo da
nulidade do negócio jurídico.”, ob. cit., p. 405.
172
audiência de saneamento, quando esta for determinada pelo juiz; ou, (ii) em
prazo fixado pelo juiz, comum e não superior a 15(quinze) dias (art. 357,
§§ 4º e 5º, do CPC).
173
Atualmente, incumbe ao advogado da parte informar ou
intimar a testemunha arrolada do dia, da hora e do local da audiência
designada, dispensando-se a intimação do juízo (art. 455, do CPC).
174
(iii) figurar no rol de testemunhas servidor público ou militar, hipótese em
que o juiz o requisitará ao chefe da repartição ou ao comando do corpo em
que servir; (iv) a testemunha houver sido arrolada pelo Ministério Público
ou pela Defensoria Pública; e, (v) a testemunha for alguma das autoridades
públicas que são inquiridas em sua residência ou onde exercem sua função
(art. 455, §4º, do CPC).
175
(ii) local e momento processual
183
A oitiva na sede do juízo é norma que segue a regra geral de que os atos processuais, de ordinário, são
praticados na sede do juízo art. 217, do CPC.
176
(iii) do Poder Judiciário: ministros do Supremo Tribunal Federal;
dos Tribunais Superiores, do Conselho Nacional de Justiça;
desembargadores dos Tribunais de Justiça, Tribunais Regionais Federais,
Tribunais Regionais do Trabalho e Tribunais Regionais Eleitorais;
(iv) do Ministério Público e da Advocacia Pública: o procurador-
geral da República e os conselheiros do Conselho Nacional do Ministério
Público; os procuradores-gerais de Justiça; os procuradores-gerais dos
Estados; os procuradores-gerais dos Municípios; o defensor-público geral
federal e os defensores-públicos gerais dos Estados;
(v) da Diplomacia: o embaixador de país que, por lei ou tratado,
concede idêntica prerrogativa a agente diplomático do Brasil.
177
(iii) inquirição da testemunha
178
instrução, do fundamento da escusa. Acolhida a escusa, a testemunha será
dispensada; caso contrário, deverá depor, ficando sujeita à eventual sanção
penal por falso testemunho.
184
CP - “Falso testemunho ou falsa perícia. Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar
a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou
administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbItral: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro)
anos, e multa. §1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante
suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal,
ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta. §2º O
fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se
retrata ou declara a verdade.
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito,
contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em
depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: Pena - reclusão, de três a quatro anos, e
multa. Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é cometido com
o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que
for parte entidade da administração pública direta ou indireta.”
179
Outra novidade em relação à prova testemunhal diz
respeito à forma de inquirição. As perguntas serão feitas pelas partes (seus
advogados) diretamente à testemunha (art. 459, caput, do CPC).
180
somente será digitado quando for impossível o envio de sua documentação
eletrônica” (art. 460, §§1º e 2º, do CPC).
185
Código de processo civil anotado (coord. José Rogério Cruz e Tucci), AASP/OAB/PR, p. 739.
181
alterariam seus depoimentos, haja vista não incorrerem em falso
testemunho, todavia, estando sujeito às sanções por litigância de má-fé.186
186
Batista Lopes, idem, ibidem.
182
18. Prova pericial
18.1. Generalidades
187
Amaral Santos, ob. cit., p. 481.
188
Theodoro Jr. ob. cit., p. 533.
189
Amaral Santos, ob. cit., p. 483.
190
William Santos Ferreira, Código de processo civil anotado (coord. José Rogério Cruz e Tucci),
AASP/OAB/PR, p. 741. Neste sentido, a jurisprudência do STJ: Resp. 1.549.510-RJ; AgRgAResp-RN
184.563; Resp 1324681-SC; AgRgAResp-RS 1.396.201.
183
A principal diz respeito à observância do princípio do
contraditório e da ampla defesa.191 Sendo o processo construído por todos
os sujeitos do processo, a prova destina-se tanto ao juiz, quanto às partes.192
A participação das partes na elaboração da prova pericial é consectário
deste princípio. A atuação efetiva das partes na perícia dá-se desde a
indicação de assistententes técnicos, incluindo, formulação de quesitos,
acompanhamento dos trabalhos e diligências, apresentação de críticas,
solicitação de esclarecimentos, dedução de quesitos suplementares e etc.
191
Nery-Nery, Código [2015], nota 2 ao art. 156, p. 746.
192
Ver itens 2 e 8.3.2.1.
193
Ernane Fidélis dos Santos, ob. cit., p. 573.
194
Marinoni-Arenhart-Mitidiero, ob. cit., p. 397.
184
a prova é elemento do processo e não dos sujeitos processuais, partes ou
juiz.195
185
Uma das novidades do CPC/2015 é a possibilidade da
perícia ser realizada tanto por profissionais legalmente habilitados, quanto
por órgãos técnicos ou científicos, ambos devidamente inscritos em
cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado (art. 156, §1º
do CPC). No último caso, o órgão deverá informar ao juiz, os nomes e
qualificação dos profissionais que executarão a perícia para que seja
possível averiguar a ausência de circunstâncias para seu impedimento ou
supeição (art. 156, §4º do CPC).
186
inscritos, ou, que estes não detenham conhecimento necessário para a
realização da perícia (art. 156, §5º do CPC).196
196
Renata Polichuk Marques, Código de processo civil anotado (coord. José Rogério Cruz e Tucci),
AASP/OAB/PR, p. 278.
197
Nery-Nery, Código [2015], nota 5 ao art. 157, p. 750.
187
sob pena de renúncia ao direito de alegá-lo (art. 157, caput, e §1º, do
CPC). Por se tratar de conceito vago, o juiz deverá decidir,
fundamentadamente, sobre a procedência da escusa.
188
Ao juiz incumbe também informar o tribunal e órgão
responsável pela formação do cadastro de peritos do fato ocorrido para as
providências devidas, na forma dos arts. 156, §3º, e 158, do CPC.
189
A inabilitação não impede a aplicação de outras sanções,
civis, processuais ou criminais previstas em lei, v.g., incorrer no crime de
falsa perícia (arts. 342 ou 343, do CP).198
198
O preceito legal penal está transcrito na nota 178.
199
Ver item 16.1.
190
Indeferir significa rejeitar o requerimento feito pela
parte, assim como, deixar de determinar, de ofício, a realização da perícia,
em razão dela ser logicamente incabível.
200
Os dois últimos exemplos são de Ernani Fidélis dos Santos, ob. cit., p. 575.
201
Theodoro Jr., ob. cit., p. 535.
191
prontuários médicos, entrevistar pessoas do convívio do falecido, em ações
de nulidade de testamento, fundadas na alegação de incapacidade do
testador.
202
Cassio Bueno, ob. cit., p. 433.
192
Situações desse jaez têm sido reconhecidas pelos
tribunais, autorizando, por exemplo, apresentação de três orçamentos de
oficinas mecânicas de veículos para ações de reparação de danos, ou, de
avaliações realizadas por corretores, devidamente credenciados por órgão
de classe, em demandas envolvendo imóveis.
193
assistentes técnicos, com o fim de esclarecer ponto controvertido de menor
complexidade (art. 464, §§ 2º e 3º, do CPC).
194
Deste modo, as partes devem indicar os respectivos
assistentes técnicos, formular quesitos, e, o juiz fixará prazo para a entrega
do laudo e dos pareceres (art. 471, §§ 1º e 2º, do CPC). Nada impede,
contudo, que as partes também submetam ao juiz, na forma do art. 191, do
CPC, calendário para a entrega do laudo e dos pareceres, e, em sendo o
caso, de audiência de instrução e julgamento para esclarecimento de
quesitos suplementares.
195
As partes poderão se manifestar, no prazo comum de
cinco dias sobre a proposta de honorários do perito (art. 465, §3º, do
CPC).
196
Considerando que a decisão que arbitra os honorários
periciais não está elencada dentre aquelas sujeitas a recurso de agravo de
instrumento (art. 1.015, do CPC), em princípio, a sua intimação tem o
condão de comunicar o ato processual e propiciar sua impugnação na forma
do art. 1.009, §§1º e 2º, do CPC.203
203
Apontamos o não cabimento do recurso de agravo de instrumento, em princípio, uma vez que o STJ
fixou a tese jurídica de que o rol do art. 1.015, do CPC, é de “taxatividade mitigada”, autorizando
interposição do recurso em casos omissos quando verificada a “urgência decorrente da inutilidade do
julgamento da questão no recurso de apelação” (Resp. 1.704.520-MT). Sobre a “utilidade” como requisito
para conhecimento de agravo de instrumento, já válido no regime do CPC/1973, e ainda plenamente
aplicável ao CPC/2015, ver o nosso “O vai e vem do recurso de agravo: uma nova modalidade de sua
interposição - o agravo nos autos do processo”. Revista Dialética de Direito Processual. São Paulo:
Oliveira Rocha, nº 94, jan/2011, p. 89-98.
197
O dispositivo inova ao estipular uma preferência na
ordem dos trabalhos dentro do órgão público em favor de demandas de que
participem beneficiários da justiça gratuita, admitindo, ainda, a
prorrogação do prazo fixado para a sua conclusão, desde motivadamente
requerida (art. 478, §§1º e 2º, do CPC).204
204
O art. 95, §§3º a 5º, do CPC, disciplina detalhadamente a forma de custeio das perícias requeridas por
beneficiário da justiça gratuita.
198
(c) assistentes técnicos e quesitos
199
(d) laudo pericial e pareceres
200
A produção da prova pericial, que engloba o laudo do
perito e os pareceres dos assistentes, deve procurar apreender da melhor
forma possível o objeto de análise, e, igualmente, transmití-lo ao juiz e às
partes. Logo, perito e assistentes podem se valer “de todos os meios
necessários”, contando com rol exemplificativo no §3º, do art. 473, do
CPC.
201
partes, pelo juiz ou pelo representante do MP, ou, (ii) divergente dos
pareceres dos assistentes técnicos (art. 477, §2º, do CPC).
202
Exatamente por isso que a segunda perícia não substitui
a primeira e “rege-se pelas disposições estabelecidas para a primeira”,
incumbindo ao juiz avaliar ambas (art. 480, §§2º e 3º, do CPC). Repita-se,
seu objetivo é corrigir omissão ou inexatidão dos resultados apresentados
pelo primeiro perito, circunstâncias que impediram a adequada avaliação
pelo juiz dos fatos objeto da prova técnica.
205
Ver item 9.3.
203
A motivação específica é mais pungente na prova
pericial, em virtude da exigência de pessoa com conhecimento técnico ou
científico especializado para apuração do fato probando.
206
Neste sentido: STJ, Resp. nº 1.599.405.
204
19. Inspeção judicial
19.1. Generalidades
207
Greco, ob, cit., p. 245; Abelha Rodrigues, ob. cit., p. 421.
208
Como por exemplo: argentino (CPC, arts. 479 e 480); chileno (CPC, arts. 403 a 408); mexicano (CPC,
arts. 161 a 164); português (CPC, arts. 490 a 493), italiano (CPC, arts. 258 a 262), espanhol (CPC, arts.
353 a 359); francês (CPC, arts. 179 a 183); alemão (CPC, arts. 371 a 372); e, suíço (CPC, arts. 181 e 182).
209
Greco, ob, cit., pp. 245/6; Abelha Rodrigues, idem, ibidem.
205
(a) meio de prova
210
Ver item 13.2.
211
Greco, ob, cit., p. 246.
206
Embasado no poder instrutório do juiz de inspecionar
pessoas e coisas, a doutrina italiana, costumeiramente, refere-se a um poder
discricionário para a inspeção judicial.212
212
Neste sentido Satta- Punzi fundamentados no art. 118, do CPC italiano, Diritto processuale civile,
Padova: Cedam, 2000, p. 327 a 321.
213
Ob. cit., p. 530.
214
Codice di procedura civile operativo, Napoli: Simone, 2013, nota ao art. 258, do CPC italiano, p. 723.
215
Ob. cit., p. 845.
207
Esta é a razão pela qual preferimos reconhecer um
caráter subsidiário à inspeção judicial, de sorte a considerá-la um meio de
prova complementar.216
216
Arruda Alvim, ob. cit., pp. 529/530; Amaral Santos, ob. cit., p. 501; Ivan Aparecido Ruiz, Código de
processo civil anotado (coord. José Rogério Cruz e Tucci), AASP/OAB/PR, p. 770.
208
Expressões utilizadas na lei, no Brasil e no exterior,
como: “pode” (art. 481, do CPC); “sempre que o julgue conveniente” (art.
490, do CPC de Portugal); “quando se estime necessária” (art. 403, do CPC
do Chile); “seja necessário ou conveniente” (art. 353, Ley de
Enjuiciamiento Civil da Espanha); não tem o condão de conferir ao juiz um
poder discricionário, permitindo que, por conveniência ou oportunidade, tal
qual o ato administrativo, possa arbitrariamente realizar ou não a inspeção
judicial.
217
Nery-Nery, Código [2015], nota 6 ao art. 481, p. 1269.
218
Amaral Santos, ob. cit., pp. 500/1.
209
caberá a inspeção judicial. Inviável ou insatisfatória a inspeção judicial, o
sistema processual faz aplicar as regras dos ônus da prova e suas
consequências para a resolução do conflito de interesses.
19.2. Procedimento
(a) iniciativa
219
Ver itens 3.1 e 3.4.
210
(b) objeto
220
Utilizando expressamente a palavra “lugar”: art. 479, nº 1, do CPC argentino e o art. 258, do CPC
italiano.
211
É no caso concreto que se verificará se há um
requerimento da parte para exibição da coisa, ou, trata-se de situação em
que o juiz deverá inspecionar dita coisa. E, acrescente-se, nada impede a
realização dos dois meios de prova.
(c) local
212
(d) auxílio de perito
221
Ver item 18.6. letra (d).
213
assistir à inspeção, prestando esclarecimentos e fazendo observações que
considerem de interesse para a causa.”
214
parcialmente, no local, deixando suas conclusões para serem lançadas no
ofício judicial, se for o caso.222
222
Ob. cit., p. 544.
215