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ELETRÔNICA APLICADA

Vinicius Puglia
SUMÁRIO

1. APLICAÇÕES DA ELETRÔNICA ANALÓGICA E DIGITAL ........................... 3


2. APLICAÇÕES DA ELETRÔNICA NA ÁREA DE AQUISIÇÃO DE DADOS .... 24
3. APLICAÇÕES DA ELETRÔNICA NA ÁREA DE PROCESSAMENTO DE SINAIS
..............................................................................................................43
4. APLICAÇÕES DA ELETRÔNICA NA ÁREA DE ACIONAMENTO E
ALIMENTAÇÃO DE DISPOSITIVOS ............................................................. 63
5. PLATAFORMA ARDUINO .................................................................... 81
6. PROJETO DE PLACAS EM CIRCUITO IMPRESSO ................................. 101

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1. APLICAÇÕES DA ELETRÔNICA ANALÓGICA E DIGITAL

Apresentação
Olá, caro estudante! Nesta disciplina de eletrônica aplicada, você verá a vasta área que
cobre o tema voltado para as aplicações dos dispositivos da eletrônica analógica e digital
em sistemas computacionais, assim como de controle, aquisição de dados e também
acionamentos de dispositivos. Será assim possível analisar o funcionamento de circuitos
eletrônicos complexos dentro de suas respectivas aplicações.
Neste bloco, serão introduzidas as aplicações da eletrônica analógica e da eletrônica
digital. Falaremos sobre suas aplicações tanto no âmbito industrial quanto no
cotidiano, em que podem ser encontradas essas tecnologias.
Veremos também a respeito das memórias, mais especificamente, as memórias RAM e
ROM, elementos que são muito utilizados em microprocessadores e
microcontroladores. Portanto, este é um bloco muito importante para o entendimento
introdutório de toda a tecnologia que cerca a eletrônica.
Vamos lá?!

1.1 Aplicações da eletrônica analógica


Ao falarmos de eletrônica, temos duas variantes em seus aspectos: a eletrônica digital
e a analógica. A tecnologia eletrônica analógica é baseada na manipulação da tensão e
da corrente no circuito para formar um circuito que pode amplificar o sinal, trocar a
máquina e tornar possível a diversificação das telecomunicações, sendo que elas só
podem funcionar com modulação de sinal no início. Os principais componentes do
equipamento eletrônico analógico são chamados de transistores, capacitores,
potenciômetros, resistores, bobinas, circuitos integrados, entre outros.

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A eletrônica analógica é baseada na lei de Ohm, e os especialistas em eletrônica
devem tentar entender essa lei para poderem realizar cálculos em circuitos. O
surgimento dos produtos eletrônicos analógicos se manifestou com a chegada de
novos circuitos de controle. Esses circuitos, trabalhando ou não com grandezas físicas
variáveis, oscilam em baixas ou altas frequências e são utilizados em quase todos os
tipos de equipamentos. Na eletrônica analógica, o número ou valor do sinal que
processamos pode mudar continuamente de escala. O valor do sinal não precisa ser
um número inteiro. Por exemplo, o sinal de áudio analógico muda suavemente entre
os dois extremos, enquanto o sinal digital só pode mudar em um salto. Veja, a seguir,
uma onda de determinado sinal analógico.

Figura 1.1 - Sinal Analógico

Fonte: Autor, 2021.

Dentre os componentes da eletrônica analógica, temos os amplificadores operacionais,


como o próprio nome diz, responsáveis por aumentar o sinal de entrada. Esse
dispositivo possui muitas aplicações como: controle industrial, instrumentação tanto
industrial como médica, telecomunicação, sistema de aquisição de dados e até sistema
de som. Por exemplo, temos um módulo amplificador de som, muito usado em carros

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com o objetivo de potencializar o som, assim como caixa acústica para guitarra, como
vemos na imagem a seguir:

Figura 1.2 - Caixa Amplificadora com guitarra

Fonte: SHUTTERSTOCK. Link <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/amplifier-guitar-


electric-foot-control-buttons-355488569>

Assim, o amplificador tem diversas aplicações na montagem de circuitos eletrônicos;


dentre eles, podemos destacar: Amplificadores DC; Comparadores; Amplificadores
Somadores; Mixers de Áudio; Integradores; Filtros Ativos; Buffers; Circuitos Clipper
Inversores, entre outras aplicações.
O amplificador operacional, como o nome já sugere, é um circuito integrado (CI) capaz
de amplificar o sinal de entrada. Esse amplificador é capaz de realizar operações
aritméticas, seja subtração, adição, multiplicação, e também operações de maior
complexidade, como integral e derivada. Veja a ilustração a respeito de seu
funcionamento:

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Figura 1.3 - Ligação em um Amplificador Operacional

Fonte: Autor, 2021.

Sendo:
• V+: entrada não inversora
• V−: entrada inversora
• Vo: saída
• Vcc+: alimentação positiva
• Vcc−: alimentação negativa

Em que o amplificador diferencial é um amplificador eletrônico que multiplica a


diferença entre duas entradas por um valor constante, definido como ganho
diferencial. O amplificador diferencial é o estágio de entrada da maioria dos
amplificadores operacionais. Os amplificadores diferenciais são encontrados em
muitos sistemas que usam feedback negativo, onde uma entrada é usada para o sinal
de entrada e a outra entrada é usada para o sinal de feedback. As aplicações comuns
são: o controle de motores ou servomecanismos; e aplicações com funções de
amplificação de sinal.

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Ao adentrarmos nos tipos de amplificadores operacionais, segundo suas aplicações,
encontramos uma variedade delas. Destacamos: Amplificador Inversor; Amplificador
Não Inversor; Amplificador Somador; Amplificador Subtrator; Amplificador
Diferenciador; Integrador, entre outros.
Quanto à configuração do amplificador inversor, sua polaridade no sinal de saída é
oposta em relação ao seu sinal de entrada. Veja na imagem a sua representação:

Figura 1.4 - Ligação em um Amplificador Inversor

Fonte: Autor, 2021.

Onde sua fórmula do ganho é dada em:

Enquanto o amplificador não inversor tem sua configuração conforme a imagem a


seguir:

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Figura 1.5 - Ligação em um Amplificador não Inversor

Fonte: Autor, 2021.

E sua fórmula é dada por:

Temos também seu ganho de tensão que é:

Onde,
Uout - Tensão de saída
Uin - Tensão de entrada

Para os outros amplificadores, temos as seguintes fórmulas:


• Amplificador somador:

Onde,
Uout - Tensão de saída
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U1, U2, U3... Um - São as respectivas tensões de entrada

• Amplificador Subtrator:

• Amplificador Diferenciador:

Onde “C” é a capacitância do circuito, e a expressão entre parênteses é divisão da


derivada da tensão de entrada entre a derivada do tempo.

• Amplificador integrador:

Temos também os comparadores de tensão. Apesar de suas similaridades com os


amplificadores operacionais, eles se caracterizam por possuir um alto ganho capaz de
operar de forma funcional com uma simples fonte de alimentação. Essa necessidade
de comparação nos trouxe a importantes famílias lógicas: o LM339 e o LM311. Esses
circuitos consistem em um comparador de tensão de quádruplo com características
que permitem sua utilização também como conversores A/D, funções lógicas,
geradores de formas de onda, entre outras. Veja seu esquema de ligação com as
respectivas imagens:

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Figura 1.6 - Comparador de tensão LM339

Fonte: Pinterest. Link <https://br.pinterest.com/pin/697424692279777175/visual-search/>.

Os Seguidores de Tensão também conhecidos como Buffer correspondem a um


circuito do qual resulta em sua saída exatamente a entrada a qual foi
aplicada. Entretanto, possui um alto ganho na potência devido à impedância de
entrada ser alta e a impedância de saída muito baixa.
O buffer pode ser feito a partir de um amplificador operacional, tornando-o, assim,
amplificador não inversor. Pelo fato de ser um amplificador de ganho unitário, não
oferece ganho na tensão. Ele pode fornecer corrente infinitamente, dentro de suas
limitações, pelo fato de a impedância de saída ser nula. Ocasiona, dessa forma, o
ganho de potência na carga alimentada pelo buffer. Por esse motivo, os seguidores de
tensão costumam ser usados à exaustão em variados circuitos eletrônicos, como uma
maneira simples e de baixo custo, a fim de garantir um acoplamento eficaz de
impedâncias e ganho de potência estável, utilizando de sua alta capacidade à resposta
sobre sua frequência.

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1.2 Aplicações da eletrônica digital
Os circuitos eletrônicos digitais funcionam convertendo informações em bits. Em
circuitos eletrônicos analógicos, essas informações podem ser processadas sem
conversão.
Ao nos referirmos à eletrônica digital, seus dispositivos processam apenas dois níveis
de sinal e combinam entradas e saídas de acordo com sua lógica. Eles usam sinais
elétricos em duas tensões diferentes para representar valores binários. Veja a forma
de se representar graficamente o sinal digital:

Figura 1.7 - Sinal Digital

Fonte: Autor, 2021.

Um exemplo é dado para um circuito operado por pulso. Só podemos processar um


número inteiro de pulsos a qualquer momento no circuito. Não podemos encontrar
“meio pulso” ou “quarto de pulso” em qualquer lugar. Quando nos referimos à palavra
“digital”, associamos a um número, que está relacionado à representação geral. Não
podemos usar nossos dedos para representar meio pulso ou um quarto de pulso.
Assim, diferenciamos a eletrônica digital da analógica devido a algumas características
que fazem com que a tecnologia digital se sobressaia por suas vantagens em relação
aos circuitos eletrônicos analógicos. Assim, podemos citar:
• Possibilidades quase infinitas de programação;
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• Alta resistência a ruídos elétricos;
• Transmissão de sinais a longas distâncias sem interferências;
• Alta capacidade no armazenamento de dados;
• Alta estabilidade e confiabilidade;
• Bom custo-benefício devido à eficiência.

1.2.1 Máquinas de estados finitos


Dessa forma, nos circuitos digitais, temos as máquinas de estados finitos,
representados por um modelo matemático usado para representar programas de
computador ou circuitos lógicos. Assim, podemos tratar tais máquinas como abstratas
e devem estar em um número finito de estados. A máquina está em apenas um estado
por vez, e esse estado é chamado de estado atual. O estado armazena dados sobre o
estado anterior, ou seja, reflete as mudanças ocorridas desde a entrada no estado (do
início do sistema até o momento atual). Uma transição indica uma mudança no estado
e é descrita pelas condições que precisam ser atendidas para que a transição ocorra.
Uma ação é a descrição de uma atividade que deve ser realizada em um determinado
momento.
As máquinas de estado finito podem modelar muitos problemas algébricos, incluindo
automação de projeto eletrônico, projeto de protocolo de comunicação, análise e,
assim, como outras aplicações voltadas para engenharia. Na pesquisa biológica e
inteligência artificial, essas máquinas de estado são utilizadas, às vezes, também para
descrever o sistema nervoso, enquanto na linguística, essas máquinas são usadas para
descrever a gramática da linguagem natural.
Tal estado armazena informações sobre o passo anterior. Assim uma transição indica
uma mudança de estado e é descrita por uma condição que necessita ser realizada
para que essa comutação ocorra. Essa ação é a descrição de determinada atividade a
ser executada em determinado momento. Assim, chegamos a esse diagrama de
blocos:

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Figura 1.8 - Diagrama de blocos de máquinas de estado finito

Fonte: Autor, 2021.

Exercício de aplicação:
Para melhor compreendermos as máquinas de estado, iremos apresentar o sistema de
um semáforo. O passo inicial será montar o diagrama de transição para ver o
funcionamento das luzes:

Figura 1.9 - Diagrama de transição das luzes do semáforo

Fonte: Autor, 2021.


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Uma vez definido seu esquema de transição das luzes, faremos uma tabela com as
variáveis de entrada de acordo com a designação de valores para cada luz. Veja:

Estado Entrada Q1 Entrada Q0 Verde Amarelo Vermelho


Verde 0 0 1 0 0
Amarelo 0 1 0 1 0
Vermelho 1 0 0 0 1
Inválido 1 1 0 0 0

Perceba que a última linha se torna inválida pelo fato de haver apenas 3 luzes, não
existindo um quarto estado onde as duas entradas sejam 1. Na tabela a seguir, está
representada a tabela de transição de estados de acordo com o estado atual e o
seguinte. Veja:

Estado Próximo estado


Q1 Q0 Q1’ Q0’
0 0 0 1
0 1 1 0
1 0 0 0
1 1 0 0

Repare que essa tabela não é nada mais que uma tabela verdade; então,
consequentemente, o próximo passo é o Mapa de Karnaugh. Faremos 5 mapas de
acordo com as entradas e as luzes do semáforo e, respectivamente, suas expressões
booleanas. Acompanhe:

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Fonte: Autor, 2021.

Fonte: Autor, 2021.

Fonte: Autor, 2021.

15
Fonte: Autor, 2021.

Fonte: Autor, 2021.

Uma vez definido o valor das luzes, tabela de transição, mapa de Karnaugh e
expressões booleanas, podemos montar o circuito do semáforo a partir de flip-flops
tipo D. Veja a ligação:

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Fonte: EPUSP. Link
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4203397/mod_resource/content/0/ExemploMEF.pdf>.

1.2.1 PLDs
Encontramos, também, na eletrônica digital, os dispositivos lógicos programáveis,
conhecidos como PLD. São circuitos integrados (CIs) que são capazes de conter grande
quantidade de circuitos lógicos, a partir de uma estrutura que não é fixa. Um PLD é
composto por circuitos lógicos e chaves programáveis, cujas funções são definidas por
meio de operador. Sua lógica interna pode ser configurada e, até mesmo, modificada
por um processo de programação. Veja a seguir o seu organograma de acordo com os
tipos de PLD:

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Figura 1.10 - Organograma do PLD

PROM

Arranjos lógicos
PLA
programáveis

PAL
PLD

FPGA
Arranjos de
portas
programáveis
CPLD

Fonte: Autor, 2021.

1.3 Memórias: ROM e RAM


A memória é um dos principais componentes do equipamento eletrônico digital
sequencial e dos circuitos de microprocessamento ou microcontrole. O sistema
armazena as instruções direcionadas pelo computador ou microcontrolador na
memória e também armazena informações codificadas digitalmente na memória. As
informações nada mais são do que informações relacionadas ao processamento com
resultados de operações matemáticas, variáveis de processo, comandos de operação,
endereços e muitas outras informações relativas ao processo.
Dessa forma, lidamos na eletrônica basicamente com dois tipos de memórias: a
memória RAM (Memória de Acesso Aleatório/Random Access Memory) e a ROM
(Memória Somente Leitura/Ready Only Memory).
A memória RAM é uma tecnologia que permite o acesso aos arquivos armazenados no
dispositivo. Ao contrário da memória HD, a RAM não armazena conteúdo
permanentemente. Ela é responsável pela leitura do conteúdo quando necessário,
perdendo as informações no corte da energia. Ela é conhecida como espaço
temporário de trabalho, pois, quando o trabalho é finalizado, ela remove os itens
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anteriormente armazenados. Essa tecnologia RAM é encontrada em computadores,
impressoras, celulares.
RAM é um chip semelhante a um microprocessador, composto por transistores e
capacitores. Após o carregamento, o sistema lerá de acordo com o famoso código
binário “zero e um”. Cada vez que esse valor é lido como zero ou um, isso significa um
pouco de informação. Essa leitura é muito rápida e pode ser concluída em alguns
milissegundos. É assim que a memória RAM lida com todas as operações realizadas
pelo operador.

Figura 1.11 - Memória RAM

Fonte: Shutterstock. Link <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/photo-ddr-ram-memory-


module-isolated-110320136>.

Já a memória ROM transmite a função de que a memória só pode ser lida,


possibilitando a gravação de dados de forma única, não sendo possível, assim, apagar
ou mesmo editar informações. Com o desenvolvimento da tecnologia, variantes desse
tipo de memória foram desenvolvidas, tornando possível armazenar mais itens e
modificar itens existentes (por exemplo, atualizações do sistema). Assim, nos dias de
hoje a memória ROM é utilizada praticamente como sinônimo de memória interna.
Essa tecnologia ROM é encontrada no BIOS, chip que armazena as configurações mais
básicas do sistema antes de inicializá-lo: acessando dados como data e hora, se o
ventilador do processador está funcionando, se vários periféricos e controladores
estão recebendo tensão e se a memória RAM está pronta, para que, enfim, introduza o
HD na inicialização do sistema operacional de um computador, por exemplo. Essas
instruções e configurações são escritas no software e, em última análise, são a própria
19
ROM. É a analogia do software embutido no dispositivo que estende o conceito de
ROM a vários outros dispositivos e sistemas. Veja, a seguir, a imagem de uma memória
ROM:

Figura 1.12 - Memória ROM de cerâmica

Fonte: Shutterstock. Link <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ceramic-rom-memory-chip-


high-quality-1925237624>.

Esses circuitos integrados eram originalmente na forma de silício, geralmente extraído


da areia. A conversão de silício em chips de memória é um processo muito detalhado
que envolve engenheiros, metalúrgicos, químicos e físicos. Os chips de memória
semicondutores são fabricados em uma sala limpa porque os circuitos são tão
pequenos que uma pequena poeira pode danificá-los. O primeiro passo para converter
o silício em um circuito integrado é criar um cilindro ou lingote de cristal único de
silício puro, que tenha um diâmetro de 330 mm.
Após esse passo, vem uma série de etapas de aplicações de camadas de alumínio e
passivação para que assim chegue no encapsulamento e galvanização. Processo esse
que sua estrutura encapsulada de chumbo é carregada quando imersa em uma
solução de estanho e chumbo. Aqui, os íons de estanho e chumbo são atraídos pela
estrutura de chumbo carregada, que formará uma pilha de chapeamento uniforme,
aumentará a condutividade do chip e fornecerá uma superfície limpa para o chip ser
montado.
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Em suas etapas finais de acabamento e formato, a estrutura de chumbo é inserida na
máquina de acabamento e conformação, onde os contatos são formados e o cavaco é
separado da estrutura. Em seguida, o chip isolado é colocado em um tubo antiestático
para processamento e transportado para a área de teste para o teste final.
Já com os chips de memória produzidos, é hora de dar a eles uma forma de se conectar
à placa-mãe do dispositivo eletrônico. As PCBs vêm ao encontro dessa etapa, de modo
que são acoplados e instalados na placa, onde suas matrizes são separadas em
módulos. Assim, temos os chips de memórias em PCBs prontas paras etapas de
serigrafia que envolve soldagem e fixação, além de um processo que leva o material ao
forno para derretimento da pasta de solda. A partir do resfriamento da solda, é gerada
uma solidificação, a qual cria uma cola permanente entre os chips de memória e a PCB.
Agora, temos nossa memória pronta para ser testada e inspecionada, tanto
visualmente quanto equipamentos que medem sua qualidade e desempenho para que
assim tenhamos uma placa livre de defeitos e totalmente funcional.

Conclusão
Caro estudante, neste bloco, você pôde observar as duas aplicações distintas que
ocorrem na eletrônica. Tanto na eletrônica digital quanto na analógica, o seu uso é
amplo e vasto, não limitado apenas às áreas industriais, mas também muito
encontrado no nosso dia a dia e em elementos comuns de nosso uso.
Por fim, você viu duas memórias muito usadas em dispositivos eletrônicos, sendo a
memória RAM aquela que não armazena conteúdo permanente e é responsável pela
leitura quando necessário. O outro tipo de memória é a ROM, que possibilita a
gravação de dados de forma única, não tornando possível editar ou excluir
informações nela armazenadas. Bons estudos e até a próxima!

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Referências

1. SHUTTERSTOCK. Caixa Amplificadora. Disponível em:


https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/amplifier-guitar-electric-foot-
control-buttons-355488569. Acesso em: 9 mar. 2021
2. EPUSP. Controle de semáforos para cruzamento. Laboratório Digital UPUSP-PCS
versão 2013. Site E-disciplinas. Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4203397/mod_resource/content/0/Exe
mploMEF.pdf. Acesso em: 7 maio 2021.
3. SHUTTERSTOCK. Memória RAM. Disponível em:
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/photo-ddr-ram-memory-module-
isolated-110320136. Acesso em: 9 mar. 2021.
4. SHUTTERSTOCK. Memória ROM de cerâmica. Disponível em:
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ceramic-rom-memory-chip-high-
quality-1925237624. Acesso em: 9 mar. 2021.
5. PINTEREST. Comprador de tensão LM339. Disponível em:
https://br.pinterest.com/pin/697424692279777175/visual-search. Acesso em: 7
maio 2021.

Referências Complementares

1. CRUZ, E. C. A.; CHOUERI, S. Eletrônica aplicada. 2. ed. São Paulo: Érica, 2013.
(e-book Minha Biblioteca).
2. DACHI, E. P. Eletrônica digital. 1. ed. São Paulo: Blucher, 2018. (e-book
Pearson).
3. SZAJNBERG, M. Eletrônica digital: teoria, componentes e aplicações. 1. ed. Rio
de Janeiro: GEN/LTC, 2014. (e-book Minha Biblioteca).

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4. FILHO, E. S. D. da S. et al. Eletrônica. Porto Alegre: SAGAH, 2018. (e-book Minha
Biblioteca).
5. FLOYD, T. L. Sistemas digitais: fundamentos e aplicações. 9. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2007. (e-book Minha Biblioteca).
6. TOCCI, R. J.; WIDMER, N. S.; MOSS, G. L. Sistemas digitais: princípios e
aplicações. 11. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2011. (e-book
Pearson).

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2. APLICAÇÕES DA ELETRÔNICA NA ÁREA DE AQUISIÇÃO DE DADOS

Apresentação
Caro estudante, neste bloco, você aprenderá sobre condicionadores de sinais, seu uso
e aplicações, como, por exemplo: amplificadores operacionais, capazes de realizar
operações aritméticas; e amplificadores diferenciais, muito utilizados em feedbacks
negativos. Além disso, veremos pontes que podem realizar esse processo.
Você verá, também, uma breve introdução sobre sensores, desde o de temperatura
até o de posição, pressão e nível. Por fim, este bloco fará uma ligação dos
condicionadores de sinal, relacionando-os aos sensores, a fim de criar um
conhecimento prático quanto ao uso da eletrônica na aquisição de dados. Vamos lá?!

2.1 Condicionadores de sinal

Um condicionador de sinal é um dispositivo responsável por converter um sinal


eletrônico em outro sinal. Sua principal função é converter sinais de difícil leitura por
instrumentos convencionais em um formato mais fácil de ler. Ao realizar essa
conversão, várias funções são usadas, como amplificação de sinais, conversão de
corrente para tensões, isolamento elétrico, linearização de sinais, entre outras
aplicações.
O tipo mais comum de condicionamento de sinal é a amplificação. Sinais de baixa
intensidade devem ser amplificados para melhorar a resolução e reduzir o ruído. Para
obter maior precisão, o sinal deve ser amplificado de forma que a tensão máxima do
sinal a ser ajustado seja consistente com a tensão máxima de entrada do conversor A /
D.
Quando falamos da conversão de corrente para tensão, tratamos de um dispositivo, o
qual possibilita a conexão entre sensores e atuadores industriais. O sistema de
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automação de diferentes indústrias depende da aplicação do conversor, de forma que
a corrente liberada pelo dispositivo pode ser convertida em tensão, para que os dados
possam ser recebidos por outros dispositivos do mesmo sistema. Esse conversor de
corrente para tensão recebe o sinal de corrente, tendo seu valor variando entre 4 mA
ao máximo de 20 mA. Após receber essas correntes, o conversor converte esses
valores em sinais de tensão variando de 0 a 10 V. Veja a seguir a imagem de um
dispositivo que converte tensão para corrente:

Figura 2.1 - Conversor de tensão para corrente

Fonte: Easytronics. Link <https://www.easytronics.com.br/conversor-de-tensao-para-corrente-4-a-


20ma>.

Os choppers, conhecidos como Conversores CC-CC, são capazes de converter tensão


contínua em propriamente outra tensão contínua com variáveis em sua amplitude.
Podem ser monofásicos, trifásicos ou mesmo n-fásicos, além de serem unidirecionais
ou bidirecionais. Operam com comandos em alta frequência e podem apresentar
correção em seu fator de potência, ou até mesmo, não apresentar essa correção.
Encontramos os choppers em controle de velocidade de motores CC, energias

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alternativas, fontes chaveadas, correção de fator de potência, aplicações veiculares,
carregadores de bateria, adaptação de tensão contínua, entre outras aplicações.
Os choppers variam sua classificação e tipos de acordo com seus níveis de tensão. Veja:
- Step-down (Buck): sua tensão de saída será menor que a de entrada, tendo como
objetivo reduzir sua tensão com eficiência. Com sua fórmula deduzida assim:

- Step-up (Boost): sua tensão de saída será maior que a de entrada, tendo como
objetivo aumentar sua tensão com eficiência, como se fosse um transformador. Com
sua fórmula deduzida assim:

Onde “D” é o valor do diodo.

- Buck-boost: a tensão de saída pode ser menor, igual ou maior. Com sua fórmula
deduzida assim:

Ainda tratando de condicionadores de sinal, temos também a ponte de Wheatstone,


circuito usado para medir resistência desconhecida e seu valor geralmente está
próximo das outras resistências no circuito. Também pode ser usada para medir duas
resistências que mudam de modo espelhado. No momento em que uma resistência
aumenta seu valor, a outra resistência diminui de maneira diretamente proporcional.
Veja a seguir o esquema de ligação dessa ponte:

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Figura 2.2 - Esquema de ligação da Ponte de Wheatstone

Fonte: Autor, 2020.

Para fim de cálculo do valor de suas saídas, obtemos na tensão do ponto B e do ponto
C a partir das resistências e entrada do circuito. Veja:

Enquanto a tensão de saída será a diferença do VB em relação ao ponto VC.


Como sabemos, o extensômetro (strain gauge) é um sensor que usa variantes da
resistência para medir deformações de determinado corpo. A fim de obter a leitura
das deformações, o strain gauge é submetido a um circuito elétrico da Ponte de
Wheatstone, que lê a variação da resistência, causada pela deformação da grade que
compõe o corpo do sensor. A variação da tensão na saída da ponte é processada para
definir a força ativa da peça, obtida por uma calibração direta.

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Com a ponte em equilíbrio, podemos substituir um dos resistores do circuito pelo
extensômetro, assim toda variável de tensão será originada pela extensão do strain
gauge. Dessa forma, encontramos a seguinte fórmula para cálculo:

Onde,
V0 - Tensão de saída
Vex - Tensão de excitação
GF - Fator quantitativo definido pela mudança fracional da resistência elétrica pela
deformação.

ɛ - deformação

E quando utilizarmos os 4 resistores com o strain gauge, temos o circuito de ponte


completa, com esta equação:

Por meio da ponte de Wheatstone, podemos realizar a medição de capacitores.


Também temos a ponte de Schering, que pode realizar tanto medição de capacitância
quanto de indutância, e sua entrada é um gerador de sinais cuja frequência é
selecionada em virtude do valor da capacitância, ou, propriamente, da indutância
mensurada. Outra ponte a ser mencionada é a ponte de Maxwell, considerada uma
forma avançada da ponte de Wheatstone. Ela trabalha de acordo com o princípio de
comparação, ou seja, o valor da indutância desconhecida é determinado comparando-
o com um valor conhecido ou um valor padrão. Podendo realizar essa medição por
meio da variação de resistências e capacitores do circuito.
Alguns sensores ou mesmo transdutores requerem sinais de corrente de tensão
externa ou excitação. Tais módulos de condicionamento de sinal para esses sensores
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costumam gerar tais sinais. Por exemplo, em medições usando o RTDS, uma fonte
atual normalmente é utilizada na conversão dessa variação de resistência em relação à
tensão mensurável. A ponte de Wheatstone pode ter também conectado em seus
terminais o amplificador diferencial, gerando, assim, determinado ganho em sua saída,
como vemos na imagem a seguir:

Figura 2.3 - Esquema de ligação da Ponte de Wheatstone com amplificador diferencial

Fonte: Agusti, 2017.

A partir deste amplificador instalado nesse circuito, calculamos sua tensão de saída de
acordo com as fórmulas a seguir:

Concluímos que se a ponte estiver equilibrada, não resultará em uma amplificação de


sinal.

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2.2 Sensores
Sensor é o dispositivo capaz de realizar a detecção de determinada grandeza física,
respondendo com eficiência a algumas entradas provenientes do ambiente envolvido.
Dessa forma, ao receber esse estímulo de entrada, ele nos fornecerá um sinal de saída
dependendo diretamente do processo em que está contido, seja em um transdutor ou
transmissor, ou simplesmente gerando o valor mensurado, como, por exemplo, em um
termômetro de mercúrio.

2.2.1 Sensores de posição


Os sensores de posição são dispositivos usados para obter medições precisas ou
medições de posição próxima, como, por exemplo, os sensores responsáveis por
detectar variações de inclinação em eixos que necessitam de um alinhamento preciso
e constante. Esse tipo de sensor inclui sensores, codificadores e potenciômetros.
Dependendo do tipo específico de sensor de posição envolvido, a medição pode ser
linear ou angular por natureza e pode ser classificada como relativa ou absoluta.
Os sensores de proximidade são os comuns da área, são responsáveis por determinar a
distância ou mesmo identificar a presença de um corpo em relação a determinado
ponto. Dentre os sensores de proximidades existentes, podemos citar: os sensores
capacitivos, sensores indutivos, sensores infravermelhos, sensores ultrassônicos,
ópticos, fotoelétricos, entre outros. Veja um exemplo de um sensor de proximidade
indutivo, muito usado indústria na linha de produção:

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Figura 2.4 - Exemplo de sensor de proximidade indutivo

Fonte: Shutterstock. Link <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/inductive-proximity-sensor-


switch-installed-on-1106133311>.

A maioria dos sensores de proximidade são de um estado sólido, nomenclatura esta


relacionada ao tipo de componentes utilizados no sensor. No caso dos transistores, são
usados para alterar a saída do sensor após detectar a presença de um corpo.
Encontramos 2 tipos de sensores de 3 fios. São eles: o NPN e PNP. O que os difere é o
seu circuito interno, assim como o tipo de transistor usado. Veja o esquema de ligação
de um sensor de proximidade com os 2 tipos de ligação ao relé:

Figura 2.5 - Ligação do sensor de proximidade NPN e PNP

Fonte: Jefferson. Link <https://www.jefferson.ind.br/conteudo/qual-e-a-diferenca-entre-pnp-e-npn-ao-


descrever-a-conexao-de-3-fios-de-um-sensor.html>

31
Dessa forma, se o sensor possuir característica PNP, o potencial positivo será ligado.
Agora, se o transistor for NPN, a ligação será realizada pelo fio de potencial negativo.

2.2.2 Sensores de velocidade


Quanto aos dispositivos responsáveis por medir velocidade ou mesmo movimentos,
podemos mencionar o Tacômetro. É um sensor capaz de medir rotações de um motor
pela unidade RPM, que significa Rotações Por Minuto. Seu funcionamento inclui a
medição de fenômenos repetitivos, medindo a oscilação e vibração de peças
mecânicas. Podemos exemplificar sua utilização em operações de embalagem, com
intuito de controlar a velocidade de cada motor, utilizando múltiplos tacômetros na
máquina, onde cabe ao controlador a função de manter tacômetros e motores em
sincronia. Num tacômetro digital, a leitura é mostrada em um visor LCD com memória
para armazenamento. Esses aparelhos trabalham com microprocessadores, sendo
adequados para medição precisa e monitoramento de rotação, linearidade, velocidade
de superfície e comprimento total. Os tacômetros digitais são mais comuns hoje em
dia e fornecem leituras digitais em vez de mostradores e ponteiros. Veja a imagem a
seguir:

Figura 2.6 - Exemplo de um Tacômetro Digital

Fonte: Shutterstock. Link <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/digital-photo-tachometer-


new-device-1381048331>

32
Já o encoder é um tipo de sensor que é capaz de fornecer um retorno no motor de
rotação e na posição de um equipamento específico, como parte que gira ou se move
linearmente. Isso significa que o encoder transforma uma posição física no espaço em
um sinal digital. Seu funcionamento se dá por meio de um disco com marcações,
receptor e emissor, de forma que o disco gira e suas marcações vão sendo contadas.
Assim, o sinal enviado é proporcional em relação ao número de giros.
Podemos classificá-lo de duas maneiras: Incremental e Absoluto. O encoder absoluto
envia um valor codificado para a posição, gerando um código binário para cada
unidade de deslocamento, indicando, assim, sua posição absoluta.
Por sua vez, o incremental é um tipo de codificação que converte um movimento
angular ou sua posição do eixo, em código analógico ou digital, a fim de identificar sua
posição ou movimento.
O encoder incremental tem um sistema eletrônico externo para interpretar a posição
com base na contagem de eventos que ocorreram nesse dispositivo. Ele fornece uma
quantidade especificada de pulsos a cada rotação completa do eixo. Essa leitura é
realizada por meio de emissores infravermelhos com sensores do lado oposto. O sinal
de saída pode ter uma única linha de pulsos, ou, até mesmo, duas linhas de pulso que
são compensados para determinar sua rotação. Dessa forma, apontamos sua posição,
velocidade, e, até mesmo, sua velocidade angular. É conhecida como quadratura essa
fase entre os dois sinais.

2.2.3 Sensores de temperatura


O sensor de temperatura é um dispositivo de medição capaz de detectar a
temperatura a partir das características físicas correspondentes do dispositivo, seja a
resistência, campo eletromagnético, ou até mesmo, radiação térmica. O método de
trabalho do sensor de temperatura depende de suas características e constitui a
mesma física.

33
Como exemplo, usaremos os Termopar, pois, além de preciso, é muito sensível a
menores variações de temperatura e pode responder rapidamente a mudanças
ambientais. Podemos citar sua aplicação em prensas de pneus, onde monitora a
qualificação térmica da prensa, ou mesmo, de qualquer evolução relacionada à troca
de calor. Seus resultados possibilitam a definição da duração de cada fase do
cozimento.
É conectado por um par de fios de metal com características diferentes. O par de metal
cria uma diferença de tensão térmica entre suas duas extremidades, que reflete a
diferença de temperatura entre elas. A seguir, vemos um exemplo de um termopar:

Figura 2.7 - Exemplo de termopar

Fonte: Shutterstock. Link <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/thermocouple-heater-


isolated-on-white-background-1385688572>

2.2.4 Sensores de pressão


Um sensor de pressão é um componente que converte a pressão exercida por um gás
ou líquido em sua superfície em dados de saída, e esses dados de saída tornam-se
informações relevantes para a indústria. Seu uso está voltado a diversas aplicações,
como, por exemplo, na detecção de vazamentos em canos, tubos ou silos por meio de

34
queda de pressão. É de grande ajuda todos os dias, pois há conversão desses dados em
sinais elétricos para ajudar no envio para a base de controle.
Dentre os sensores de pressão comumente usados no mercado hoje, podemos citar os
potenciômetros, ressonantes, piezo-resistivos, capacitivos, entre outros.
Temos, como exemplo, o manômetro de tubo Bourdon, também muito usado em
equipamentos industriais, tais como compressores, bombas, equipamentos hidráulicos
e pneumáticos. Seu elemento de medição é frequentemente chamado de tubo de
Bourdon. O engenheiro francês Eugène Bourdon utilizou esse princípio operacional em
meados do século XIX. O conceito é baseado em uma mola elástica e um tubo C9 curvo
com uma seção transversal elíptica. Vemos a seguir um exemplo de um tubo de
Bourdon:

Figura 2.8 - Exemplo de tubo de Bourdon

Fonte: Shutterstock. Link <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/pressure-gauge-range-060-


bar-size-405387529>

2.2.5 Sensores de nível


O sensor de nível é um dispositivo usado para controlar sólidos, líquidos ou elementos
granulares armazenados em tanques de armazenamento, sejam abertos ou
pressurizados, e também silos. Um dos sensores mais conhecidos é o sensor tipo Boia.
35
Quando o nível aumenta ou diminui, o flutuador se move junto e ativa
magneticamente os contatos por meio de uma haste, comunicando o nível do
elemento medido. A seguir, vemos um sensor tipo boia:

Figura 2.9 - Exemplo de um sensor tipo boia

Fonte: Shutterstock. Link <https://www.shutterstock.com/pt/search/water+tank+float+sensor>.

2.3 Aplicações em sistemas sensores


Uma característica comum do condicionamento de sinal é isolar o sinal do sensor em
relação à entrada do conversor para garantir a segurança. O sistema a ser monitorado
pode conter sinais de alta tensão, que podem danificar o inversor. Outra razão para o
isolamento é garantir que as leituras do dispositivo de aquisição não sejam afetadas
por diferenças no potencial de terra ou tensão de modo comum.
Quando o potencial de referência da entrada do sinal obtido pelo dispositivo é
aterrado, podem ocorrer problemas se houver diferença de potencial entre os dois
pontos de aterramento, conhecida como corrente de loop. Essa discrepância pode
levar a um chamado curto-circuito de aterramento, que pode levar a uma
representação imprecisa do sinal adquirido. Ou a diferença pode ser tão grande que
todo o sistema de medição acaba, até mesmo, sendo danificado. Assim sendo, o uso
de módulos de condicionamento de sinal isolados pode eliminar curtos-circuitos de
aterramento e garantir a aquisição precisa do sinal.
36
A excitação também pode ser aplicada em sistemas sensores, mais precisamente em
transdutores. Alguns sensores (transdutores) requerem tensão externa ou sinais de
corrente de excitação. O módulo de condicionamento de sinal desses transdutores
geralmente cria esses sinais. Por exemplo, na medição usando RTD, uma fonte de
corrente é geralmente usada, que pode converter a mudança de resistência em uma
tensão mensurável. Veja o esquema de ligação de um circuito de excitação:

Figura 2.10 - Circuito de excitação

Fonte: Instrumatic. Link <https://www.instrumatic.com.br/artigo/condicionamento-de-sinais-


analogicos-sensores>.

Tomando como exemplo um termopar, apesar de simples, esse sensor requer um


condicionador de sinal de alta qualidade para funcionar. Embora o T / C seja passivo e
não exija excitação ou potência do sensor, ele deve isolar, amplificar e linearizar o
minúsculo potencial que gera no lado do conector do sensor. Além disso, ele precisa
fornecer uma referência para leituras de temperatura absoluta ̶ caso contrário, ele só
pode produzir leituras de temperatura relativa, o que não é muito útil.

37
Para simplificar a ilustração do condicionamento de sinal em relação a alguns tipos de
sensores, temos a tabela a seguir relacionando os requisitos básicos do condicionador.
Veja:

Tabela - Condicionador de sinal em sensores


SENSOR CONDICIONADOR REQUISITOS

Isolação, linearização,
Termopar Tipo termopar compensação de junção a
frio
Isolação, alimentação,
ajuste na detecção,
RTD Tipo RTD
escalonamento na
variedade de RTD
Isolação, múltiplas faixas,
alimentação de sensor de
Acelerômetro Tipo IEPE
corrente, filtragem
selecionável
Isolação, múltiplas faixas,
alimentação,
balanceamento da ponte,
Strain Gauge Tipo Strain Gauge
calibração de shunt, ajuste
da linha de detecção,
filtragem selecionável
Isolação, múltiplas faixas,
LVDT Tipo LVDT alimentação, ajuste de
zero
Fonte: Autor, 2021.

Vale ressaltar que os requisitos como isolação e alimentação devem ser feitos no
hardware, enquanto a filtragem e a linearização serão feitas no software.
Podemos relacionar o uso da ponte de Wheatstone a elementos sensores no caso de
um extensômetro. Veja a aplicação a seguir:

38
Aplicação 1:
Dado o circuito a seguir, consideramos o resistor ajustável com um ajuste linear de 150
Ohms. E temos apenas o valor da resistência do medidor de deformação de 50 Ohms.
Devemos encontrar a porcentagem do cursor deslizante no momento em que a ponte
está em equilíbrio.

Com a ponte em equilíbrio, temos a seguinte equação:

Com isso, podemos prever por meio dos valores de resistência a fração exata da
extensão do strain gauge que no caso acima é de 17,36%.

Aplicação 2:
O circuito a seguir trata de um sensor termopar conectado a um AmOp não inversor a
fim de amplificar o sinal de saída. Temos os dados da tensão de saída (34 V) e as

39
resistências informadas (R1 - 2KΩ e R2 - 1,2kΩ), porém, não conhecemos o valor da
medição do termopar. Dessa forma, devemos saber qual foi o sinal de tensão
detectado pelo sensor.

A partir dessa fórmula, podemos calcular tanto o ganho quanto o valor da tensão de
entrada:

Com isso, concluímos que a tensão de entrada emitida pela detecção do termopar foi
de 21,25 V e foi amplificada por meio do AmOp para 34 V.

Conclusão
Caro estudante, neste bloco você viu o sistema de aquisição de dados eletrônicos por
meio dos condicionadores de sinal. Mostramos a operação no sistema de amplificação,
além das pontes que também são importantes nesse processo: tanto a ponte de
Wheatstone quanto a ponte de Maxwell.
Em seguida, você teve uma breve introdução a respeito dos sensores capazes de medir
diversas grandezas. E, por fim, foi apresentada uma aplicação do condicionador de
sinal funcionando como um isolador ligado à entrada do conversor de determinado
40
sensor para garantir a sua segurança. Além disso, você viu a tabela que mostra o
condicionador de sinal em sensores caracterizados pelo meio condicionador e,
também, os seus requisitos nesse processo. Bons estudos e até a próxima!

Referências

1. EASYTRONICS. Conversor de tensão para corrente. Disponível em:


https://www.easytronics.com.br/conversor-de-tensao-para-corrente-4-a-20ma.
Acesso em: 28 mar. 2021.
2. AGUSTI, C. A. B.; CORRÊA, L. S. Instrumentação A – Relatório de Termometria.
UFRGS, 2017.
3. SHUTTERSTOCK. Sensor de proximidade indutivo. Disponível em:
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/inductive-proximity-sensor-
switch-installed-on-1106133311. Acesso em: 28 mar. 2021.
4. JEFFERSON, Engenharia de Processos Industriais. Qual é a diferença entre PNP e
NPN ao descrever a conexão de 3 fios de um sensor?, 11 fez. 2019. Disponível
em: https://www.jefferson.ind.br/conteudo/qual-e-a-diferenca-entre-pnp-e-npn-
ao-descrever-a-conexao-de-3-fios-de-um-sensor.html. Acesso em: 28 mar. 2021.
5. SHUTTERSTOCK. Tacômetro digital. Disponível em:
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/digital-photo-tachometer-new-
device-1381048331. Acesso em: 28 mar. 2021.
6. SHUTTERSTOCK. Termopar. Disponível em:
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/thermocouple-heater-isolated-
on-white-background-1385688572. Acesso em: 28 mar. 2021
7. SHUTTERSTOCK. Tubo de Bourdon. Disponível em:
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/pressure-gauge-range-060-bar-
size-405387529. Acesso em: 28 mar. 2021.

41
8. SHUTTERSTOCK. Sensor tipo boia. Disponível em:
https://www.shutterstock.com/pt/search/water+tank+float+sensor. Acesso em:
28 mar. 2021.
9. INSTRUMATIC. Circuito de excitação. Disponível em:
https://www.instrumatic.com.br/artigo/condicionamento-de-sinais-analogicos-
sensores. Acesso em: 1 abr. 2021.

Referências Complementares

7. CRUZ, E. C. A.; CHOUERI, S. Eletrônica aplicada. 2. ed. São Paulo: Érica, 2013.
(e-book Minha Biblioteca).
8. ALBUQUERQUE, R. de O.; SEABRA, A. C. Utilizando eletrônica com AO, SCR,
TRIAC, UJT, PUT, CI 555, LDR, LED, IGBT e FET de potência. 2. ed. São Paulo:
Érica, 2012. (e-book Minha Biblioteca).
9. DACHI, E. P. Eletrônica digital. 1. ed. São Paulo: Blucher, 2018. (e-book
Pearson).
10. SZAJNBERG, M. Eletrônica digital: teoria, componentes e aplicações. 1. ed. Rio
de Janeiro: GEN/LTC, 2014. (e-book Minha Biblioteca).
11. FILHO, E. S. D. da S. et al. Eletrônica. Porto Alegre: SAGAH, 2018. (e-book Minha
Biblioteca).

42
3. APLICAÇÕES DA ELETRÔNICA NA ÁREA DE PROCESSAMENTO DE
SINAIS

Apresentação
Caro estudante, chegou a hora de falar sobre aplicação da eletrônica na área de
processamento de dados. Para isso, serão abordados os multivibradores e as suas três
classificações. Em seguida, abordaremos o processamento de sinal analógico, falando
especificamente a respeito dos osciladores.
Por fim, você verá sobre filtros eletrônicos e suas respectivas funções e aplicações:
tanto os filtros analógicos quanto os filtros digitais com suas formas na abordagem de
sinais eletrônicos, além de seus processos passo a passo para uma filtragem. Vamos
lá?!

3.1 Multivibradores: Astáveis, Monoestáveis e Biestáveis


Conhecemos como multivibrador um circuito eletrônico utilizado para programar uma
série de dispositivos como timers, osciladores de relaxamentos e flip-flops. É composto
por dois dispositivos amplificadores, com transistores, tubos de vácuo ou outros
dispositivos, ligado por meio de capacitores ou resistores. Podemos dividir os
multivibradores em 3 classificações. São eles:
• Multivibrador astável: circuito que não possui um estado estável de saída
definido. Esse circuito pode ser usado, por exemplo, na composição de um pisca-
pisca ou mesmo um contador (cronômetro). Assim sendo, a saída oscila
inconstantemente entre seus dois níveis de tensão. O circuito é implementado por
meio de um biestável inversor realimentado por um circuito RC. Ele é formado por
dois transistores bipolares. Por meio desse circuito, chegamos a um sinal

43
retangular com frequência e ciclo ativo, dependendo diretamente do tempo de
condução de cada transistor.

Figura 3.1 - Circuito de um Multivibrador Astável

Fonte: Autor, 2021.

• Multivibrador Monoestável: como o próprio nome já sugere, um circuito


monoestável tem apenas um estado estável. Comumente usado na construção de
circuitos de acionamento temporário, é normalmente encontrado em lâmpadas
de halls ou escadas de condomínios. Assim que os multivibradores dessa
classificação forem acionados, eles se deslocarão, entrarão em um estado instável
e permanecerão por um determinado período de tempo. Ao final desse período,
eles retornarão automaticamente ao estado estável inicial. Em outras palavras,
uma vez acionado o interruptor, o circuito dará um pulso de disparo de curta
duração, para que o ambiente permaneça aceso no período em que a pessoa
estiver no local. Em circuitos digitais, os multivibradores monoestáveis são muito
importantes, pois, em alguns casos, podem gerar pulsos de largura constante
independente da duração do sinal de entrada ou mesmo de sua forma de onda.

44
Figura 3.2 - Circuito de um Multivibrador Monoestável

Fonte: Autor, 2021.

• Multivibrador Biestável: se o multivibrador tem dois estados estáveis, ele é


chamado de estado biestável, e qualquer mudança de um estado para outro só
pode ocorrer por ação externa, e pode permanecer em qualquer estado
indefinidamente. Isso se nenhuma outra ação acontecer. O circuito de um flip-flop
pode ser comparado a um circuito biestável, por isso, sua aplicação é semelhante
ao circuito astável em ligações de lâmpadas alternadamente, por exemplo. É
composto, essencialmente, por meio de dois transistores polarizados nos dois
estados possíveis de chaveamento. Tal sistema é programado de um jeito que,
quando um dos transistores está em saturação, o outro está em corte e, da
mesma forma, na situação inversa.

45
Figura 3.3 - Circuito de um Multivibrador Biestável

Fonte: Junior. Link


<http://www.adjutojunior.com.br/eletronica_basica/69_Multivibrador_Biestavel.pdf>

Com isso, temos o temporizador 555, sendo um circuito integrado amplamente


utilizado em temporizadores, para gerar atrasos de tempo, ou mesmo em osciladores.
Assim como nos multivibradores, esse CI atua nos 3 estados.
No estado monoestável, funciona como um disparador: ele mantém seu estado estável
até que um pulso externo seja introduzido. Nesse modelo, o CI funciona como
um gerador de pulso one-shot, tendo sua aplicação voltada para a produção de atraso
de tempo em sistemas.
No modo biestável, onde o 555 opera como um flip-flop, possui 2 estados
estáveis. Pode ser utilizado na armazenagem de 1 bit de dados. Assim não é
recomendado na implementação de flip-flop. Esse circuito é capaz de produzir ondas
quadradas estáveis em sua saída: saída em baixa e saída em alta, podendo mudar as
larguras da saída desejada.
No estado Astável, o 555 opera como um oscilador contínuo. Sua saída comutará
constantemente entre os níveis alto e baixo, formando um trem de pulso, se tratando

46
de eficiente gerador de onda quadrada. Veja na figura a seguir o temporizador modelo
LM555:

Figura 3.4 - Temporizador LM555

Fonte: Moura, 2017. Link


<https://avant.grupont.com.br/dirVirtualLMS/arquivos/arquivosPorRange/0000000424/texto/c4da2f7b
aacf078f99637ada0cdf6bb8.pdf>

Deduzimos sua fórmula em relação à frequência de oscilação desta forma:

Podemos calcular também o ciclo de trabalho, variando esse valor de 0 a 1, dado em


porcentagem. Esse valor equivale ao tempo em que o sinal de saída estará em nível
baixo e o restante da porcentagem equivale ao tempo em que o sinal estará em nível
alto. Veja a fórmula:

47
Exercício de aplicação 1:
Vamos determinar a frequência de oscilação em um temporizador astável em um
circuito no qual apresenta os seguintes dados: Ra - 1,2kΩ Rb - 2kΩ e seu capacitor de
100 nF.
Primeiramente, usaremos a fórmula da frequência dada por:

Substituindo os valores, temos:

Temos, então, uma frequência de oscilação de 2,7 kHertz.

Exercício de aplicação 2:
De acordo com o circuito da aplicação 1, vamos apresentar o ciclo de trabalho deste
circuito:

Ciclo de trabalho:
Substituindo os valores, temos:

O ciclo de trabalho é de 0,38.


Com isso, podemos concluir que o circuito fica 38% do tempo em nível baixo e 62% em
nível alto.

48
3.2 Processamento de sinais analógicos
O processamento de sinal inclui o uso de teorias básicas, aplicações e algoritmos para
analisar, ou até mesmo, modificar o sinal a fim de extrair informações do sinal e torná-
lo aplicável para determinadas situações específicas. Assim, é definido como todo e
qualquer tipo de processamento de sinal realizado em sinais analógicos, usando
respectivamente meios também analógicos. O valor analógico, geralmente, é
representado pela tensão, corrente e carga nos componentes do dispositivo
eletrônico. O processamento do sinal analógico é executado em sinais que ainda não
foram digitalizados, como rádio, radar, telefone e outros sistemas.
Ao tratarmos desse processamento, nos deparamos com dois tipos de sinais: Contínuo
e Discreto. O último não pode ser trabalhado diretamente em sistemas analógicos;
logo, sinal discreto só pode ser armazenado e processado em elementos digitais,
enquanto sinais contínuos são diretamente ligados ao sistema analógico.

3.2.1 Osciladores
Nesse contexto de processamento de sinais analógicos, os osciladores são circuitos
essenciais em inúmeras aplicações eletrônicas. Sempre que precisamos de um sinal de
frequência e forma de onda específica, seja um simples injetor de sinal, uma sirene ou
mesmo um rádio transmissor, recorremos a um circuito oscilador. Uma das
características conhecidas de um sinal é a sua frequência, que, em outras palavras, é
definida como a velocidade com que ele comuta seu sentido ou diversifica sua

49
intensidade. Tal velocidade é mensurada em termos de variações por segundo,
apresentada com Hertz (Hz).
O oscilador é, em sua essência, um sistema em que temos um elemento para
complementar a energia perdida (perda esta inerente ao circuito) para gerar
oscilações, e o circuito sintonizado determina a frequência do sinal que deve ser
reproduzido, cabendo, até mesmo, a um amplificador, o elemento responsável pela
reposição da energia em um sistema de realimentação positiva. Veja, a seguir, o
circuito que o representa. Nesse esquema, é possível vermos o sistema oscilador
realimentando a entrada do amplificador, causando, assim, a excitação no sistema:

Figura 3.5 - Circuito oscilador com realimentação positiva

Fonte: Autor, 2021.

Na imagem a acima, o oscilador opera a partir de uma realimentação. Assim, temos


um Oscilador de Desvio de Fase com Realimentação Resistor/Capacitor. Tal desvio de
fase se dá pela diferença entre dois sinais de mesma frequência (dado em graus
angulares). Quando uma segunda onda está atrasada em relação à primeira forma de
onda, temos a seguinte expressão a fim representarmos esse desvio angular:

50
A figura a seguir mostra as variáveis dessa expressão representada nas formas de onda
em função do tempo. Veja:

Figura 3.6 - Desvio de fase em função do tempo

Fonte: Museu das Comunicações. Link


<http://www.cmm.gov.mo/por/exhibition/secondfloor/MoreInfo/2_17_4_Oscillators.html>

Com o objetivo de o Oscilador fornecer um bom desempenho dentro do circuito, seu


desvio de fase deve ser de 360º. O Amplificador, por si só, fornece um desvio de 180º,
enquanto cada circuito Resistor/Capacitor é projetado no circuito para fornecimento
de um desvio de fase de 60º, como é demonstrado na figura a seguir:

51
Figura 3.7 - Circuito com diagrama de blocos do Oscilador com desvio de fase

Fonte: Museu das Comunicações. Link


<http://www.cmm.gov.mo/por/exhibition/secondfloor/MoreInfo/2_17_4_Oscillators.html>

A fim de calcularmos a frequência dessa oscilação, temos a seguinte expressão:

Onde “RC” é produto das resistências e capacitâncias do circuito.


Assim, temos R=R1=R2=R3 e C=C1=C2=C3.

Exercício de aplicação 1:
Vamos calcular o desvio de fase angular de determinado circuito oscilador.
Consideramos o tempo total do ciclo da onda de 4 segundos enquanto seu atraso se dá
por 58 milissegundos.
No cálculo do desvio de fase angular, usaremos a seguinte fórmula:

52
Substituindo temos:
Com isso, temos um desvio de fase de 5,22° de uma onda em relação à outra.

Exercício de aplicação 2:
Dado determinado circuito oscilador, determine o valor da frequência de oscilação.

A partir desta equação, calculamos a frequência:


Lembrando que RC é a multiplicação das resistências do circuito pelas capacitâncias.

53
3.3 Filtros: Analógicos e Digitais
Os filtros eletrônicos são dispositivos dentro de um circuito eletrônico capaz de
realizar funções de processamento de sinal, especialmente para reduzir as
características prejudiciais de frequência do sinal de entrada, ou até mesmo, destacar
seus elementos necessários. Encontramos dois tipos de filtros eletrônicos: Analógicos
e Digitais.
Para podermos adentrar no campo do dimensionamento desses filtros, há necessidade
de uma introdução a conceitos básicos como a reatância capacitiva que se dá pelo fato
de uma oposição à passagem de corrente elétrica imposta por um campo elétrico por
meio de um capacitor. E a reatância indutiva referente à mesma oposição à passagem
de corrente elétrica devido a uma indutância no circuito elétrica. Veja as respectivas
fórmulas:

Podemos montar, por exemplo, um filtro passa-baixa a partir de um resistor e um


capacitor ligado em série. Veja:

54
Figura 3.8 - Circuito de filtro passa-baixa RC

Fonte: Autor, 2021.

A partir do circuito acima, podemos identificar a tensão de saída do filtro por meio
desta fórmula:

Assim, também podemos calcular a frequência do filtro passa-baixa RC a partir de sua


conhecida fórmula:

Ao tratamos dos filtros passa-baixa RL com indutor ligado em série com a fonte de
alimentação, temos o seguinte circuito:

55
Figura 3.9 - Circuito de filtro passa-baixa RL

Fonte: Autor, 2021.

Assim, temos a sua respectiva fórmula da frequência, lembrando que Indutância (L) é
dado em Henry (H):

Encontramos também o filtro ativo passa-baixa com um Amplificador Operacional


Inversor, dado a partir do circuito a seguir:

Figura 3.10 - Circuito de filtro ativo passa-baixa com AmOp Inversor

Fonte: Autor, 2021.


56
Assim, temos a sua respectiva fórmula da frequência, assim como a fórmula do ganho
do amplificador AmOp. Veja:

Para finalizar os filtros passa-baixa, veremos o circuito do filtro ativo passa-baixa com
Amplificador Operacional Não Inversor. Veja:

Figura 3.11 - Circuito de filtro ativo passa-baixa com AmOp Não Inversor

Fonte: Autor, 2021.

Veremos agora suas respectivas fórmulas da frequência e do ganho do amplificador


AmOp. Acompanhe:

57
Os filtros passa-alta possuem as mesmas fórmulas de acordo com os respectivos
circuitos. Há mudanças nas fórmulas referentes aos filtros passa-banda (passa-faixa).
As fórmulas a seguir estão de acordo com o filtro passivo passa-banda, filtro ativo
passa-banda com Amplificador Operacional Inversor, e o filtro ativo passa-banda com
Amplificador Operacional Não Inversor:

E em relação aos ganhos:


Filtro ativo passa-banda com Amplificador Operacional Inversor:

E, por fim, o filtro ativo passa-banda com Amplificador Operacional Não Inversor:

3.3.1 Filtros Analógicos


Os filtros analógicos utilizam em seus circuitos eletrônicos elementos analógicos
compostos de indutores, capacitores, resistores e entre outros componentes para
produzir o efeito de filtragem desejado. Esse circuito de filtro é amplamente utilizado
em aplicações como redução de ruído em sistemas de alta fidelidade e muitos outros
campos, principalmente nas áreas de áudio e vídeo, como mixadores e equalizadores.

58
Existem técnicas predeterminadas na projeção desses circuitos de filtro analógico para
aplicações específicas. Assim sendo, em todas as fases do projeto, as características
mais importantes no circuito do filtro são a tensão, corrente e a precisão de seus
componentes. Ele é capaz de permitir a passagem de sinais em certas frequências
enquanto modera sinais em outras frequências.
Com isso, as propriedades funcionais dos circuitos de filtro analógico são afetadas por
mudanças de temperatura, mudanças de valor causadas pela estrutura dos
componentes usados no circuito e outros parâmetros que dependem do projeto e
aplicação.
Podemos dividir tais filtros entre ativos e passivos. Os filtros ativos utilizam alguns
elementos passivos na sua construção relacionados a certos elementos ativos. Dessa
forma que esses filtros podem atuar como fonte de energia, por exemplo, em
transistores e amplificadores operacionais.
Tais filtros possuem classificação de acordo com sua resposta em relação ao ganho da
amplitude. A imagem a seguir traduz e ilustra as classificações em virtude da sua
frequência. Veja:
Figura 3.12 - Classificação de Amplitude/frequência

Fonte: ARNDT. Link <https://wiki.sj.ifsc.edu.br/wiki/images/d/d6/FiltroAnalogico2.pdf>

59
3.3.2 Filtros Digitais
Filtros digitais são aqueles que usam processador digital para processar sinais digitais
para realizar os cálculos necessários para a filtragem. Além de usar técnicas
matemáticas como as transformadas de Fourier e Hilbert, o valor de entrada é
multiplicado por uma constante, tendo o resultado da soma convertido para o valor
amostrado do sinal de entrada. Essencialmente, suas funções estão voltadas para
separação e restauração de sinais.
Pelo fato de esses filtros serem programáveis, sua operação é determinada por um
programa armazenado na memória do processador. Isso significa que o filtro digital
pode ser facilmente substituído sem afetar seu circuito eletrônico (hardware).
Podemos dizer que os filtros digitais, apesar de mais custosos, têm maior aplicação e
benefícios em relação aos circuitos analógicos. Veja na imagem a seguir o diagrama de
blocos representando o processo de filtragem:

Figura 3.13 - Diagrama de filtragem digital

Fonte: Autor, 2021.

O primeiro bloco é conversor A/D, responsável por converter o sinal de tempo


contínuo x(t) numa sequência x[n]. Em seguida, o filtro digital processará a sequência
x[n], ocasionando numa outra sequência y[n], onde representa o sinal filtrado no seu
aspecto digital. A partir daí, temos já um sinal digital y[n] que será convertido para um
sinal de tempo contínuo por meio de um conversor D/A, reestruturado através de um
filtro passa-baixa, cuja saída é o sinal y(t), representando, assim, a versão filtrada do
sinal x(t).

60
Sua resposta apresenta a informação completa sobre o filtro, sendo que cada tipo de
resposta é capaz de ser convertida em outra. Matematicamente falando, sua resposta
ao degrau é a integral da resposta ao impulso, enquanto a resposta à frequência é a
transformada de Fourier da resposta ao impulso.
Assim como os filtros analógicos, os filtros digitais têm sua classificação voltada para
sua resposta em relação à amplitude/frequência. E tem como padrão os filtros passa-
baixa, enquanto outros filtros como passa-alta, passa-faixa e corta-faixa provêm de
derivações do filtro passa-baixa.

Conclusão
Caro estudante, neste bloco você aprendeu sobre os multivibradores e suas
respectivas classificações, conhecidas como astável, monoestável e biestável. Em
seguida, o processamento de sinal analógico foi definido com o uso de teorias básicas
para aplicações de algoritmos, para fins de análise ou mesmo para modificação e
determinação de sinais. Para isso, usamos os osciladores como base para fim de
demonstração de dispositivos que realizam essa função.
Por fim, foram apresentados os filtros eletrônicos, que definimos como dispositivos
dentro de um circuito eletrônico capaz de realizar funções de processamento de sinal,
especialmente para reduzir as características prejudiciais de frequência do sinal de
entrada, ou, até mesmo, destacar seus elementos necessários, se diferenciando de
acordo com o sinal eletrônico utilizado: Analógico ou Digital. Bons estudos e até a
próxima!

Referências
1. JUNIOR, A. Série de Eletrônica. SENAI, p 12. Disponível em:
http://www.adjutojunior.com.br/eletronica_basica/69_Multivibrador_Biestavel.p
df. Acesso em: 1 abr. 2021.

61
2. MOURA, A. F. Eletrônica II. Brasília: NT Editora, 2017. p. 15. Disponível em:
https://avant.grupont.com.br/dirVirtualLMS/arquivos/arquivosPorRange/0000000
424/texto/c4da2f7baacf078f99637ada0cdf6bb8.pdf. Acesso em: 1 abr. 2021.
3. MUSEU DAS COMUNICAÇÕES. Osciladores. Disponível em:
http://www.cmm.gov.mo/por/exhibition/secondfloor/MoreInfo/2_17_4_Oscillato
rs.html. Acesso em: 1 abr. 2021.
4. ARNDT, D. M. Filtragem analógica. Instituto Federal de Santa Catarina, 2016.
Disponível em: https://wiki.sj.ifsc.edu.br/wiki/images/d/d6/FiltroAnalogico2.pdf.
Acesso em: 1 abr. 2021.

Referências Complementares

12. CRUZ, E. C. A.; CHOUERI, S. Eletrônica aplicada. 2. ed. São Paulo: Érica, 2013.
(e-book Minha Biblioteca).
13. DACHI, E. P. Eletrônica digital. 1. ed. São Paulo: Blucher, 2018. (e-book
Pearson).
14. SZAJNBERG, M. Eletrônica digital: teoria, componentes e aplicações. 1. ed. Rio
de Janeiro: GEN/LTC, 2014. (e-book Minha Biblioteca).
15. FILHO, E. S. D. da S. et al. Eletrônica. Porto Alegre: SAGAH, 2018. (e-book Minha
Biblioteca).
16. FLOYD, T. L. Sistemas digitais: fundamentos e aplicações. 9. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2007. (e-book Minha Biblioteca).
17. TOCCI, R. J.; WIDMER, N. S.; MOSS, G. L. Sistemas digitais: princípios e
aplicações. 11. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2011. (e-book
Pearson).

62
4. APLICAÇÕES DA ELETRÔNICA NA ÁREA DE ACIONAMENTO E
ALIMENTAÇÃO DE DISPOSITIVOS

Apresentação
Caro estudante, neste bloco serão introduzidos os amplificadores. Assim, faremos uma
abordagem sobre os amplificadores valvulados, os transistorizados e os operacionais.
Em seguida, falaremos sobre as fontes de alimentação, se dividindo entre linear e
chaveada. Além disso, demonstraremos, por meio de uma tabela, sua eficiência,
regulagem de tensão, complexibilidade, interferência, entre outros fatores. Por fim,
abordaremos especificamente as fontes chaveadas, estudando mais a fundo o seu
conceito, funcionabilidade e aplicação. Vamos lá?!

4.1 Amplificadores
O amplificador é um dispositivo eletrônico usado no controle de determinada
quantidade de energia. Tal relação dada entre entrada e saída opera em função da
frequência de entrada em que é gerada a função de transferência, assim como a
magnitude de tal função, conhecida como ganho.
Assim, consideramos que os amplificadores eletrônicos se tornaram cada vez mais
comuns por seu uso em transmissores, receptores de rádio e televisão, dispositivos de
alta definição, entre outros dispositivos digitais. Podemos classificar os amplificadores
em três categorias:
Amplificadores valvulados: utilizam tubos a vácuo, conhecidos como válvulas, para
amplificar os sinais de instrumentos eletrônicos, principalmente, guitarras. Quando
você aumenta o volume do amplificador, essas válvulas vão saturar, criando uma
distorção natural.

63
Figura 4.1 - Amplificador Valvulado

Fonte: Shutterstock. Link <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/small-electric-guitar-


amplifier-619898783>

Amplificadores transistorizados: não usam válvulas, mas usam uma combinação de


transistores para obter seu ganho. Assim como os de válvula, esses amplificadores
também produzem distorção quando seu volume é aumentado, porém, tal distorção é
muito mais leve em relação ao valvulado.
Esses sistemas transistorizados, como o nome sugere, usam transistores e outros
dispositivos não ativos, e sua saída é um sinal semelhante e amplificado do sinal
aplicado à sua entrada. Esse tipo de amplificador foi projetado para substituir o
amplificador valvulado e pode-se dizer que é uma substituição perfeita e vantajosa
para o amplificador valvulado. Algumas de suas maiores aplicações são em sistemas de
áudio, mp3, receptores de rádio, sistemas de comunicação, entre outros. Podemos,
também, compor tais amplificadores por meio de transistores bipolares, MOSFETs ou
mesmo circuitos integrados. Veja, na imagem, o exemplo de um transistor MOSFET:

64
Figura 4.2 - Transistor MOSFET

Fonte: Shutterstock. Link <https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/isolated-220-mosfet-


electronic-package-3d-1177573819>

Amplificador Operacional: além de amplificar o sinal de entrada, esse amplificador é


capaz de realizar operações aritméticas, seja subtração, adição, multiplicação, e
também operações de maior complexidade como integral e derivada.
A funcionalidade do amplificador operacional é de fácil compreensão, podendo assim
ser identificado por meio de dois terminais de entrada: o terminal inversor,
identificado por um sinal negativo (-); o outro terminal é um não inversor, apontado
por um sinal positivo (+); há também um terminal de saída e os outros dois terminais
se dividem em uma fonte de alimentação positiva (Vcc +) e uma fonte de alimentação
negativa (Vcc -). Na imagem a seguir, está ilustrada sua funcionalidade:

65
Figura 4.3 - Ligação em um Amplificador Operacional

Fonte: Autor, 2021.

Ainda sobre os circuitos amplificadores, temos o circuito PWM, abreviatura em inglês


para Modulação por Largura de Pulso. A tecnologia PWM pode substituir outras
tecnologias de controle de energia, como a tecnologia liga/desliga, modulação de
frequência, ou mesmo a tecnologia de uso de resistores variáveis em série.
Para melhor exemplificar, imaginemos uma chave voltada para acionamento
eletrônico: 100% da tensão e da potência são aplicados à carga; quando a chave está
desligada, a tensão é zero, logicamente sua potência também. Já ao controlarmos o
tempo de ativação da chave, assim como seu período desativado, podemos controlar a
potência média entregue a ela. Em outras palavras, acompanhe o exemplo: o switch
fica em 50% ativado e 50% desativado, o que significa que, em média, temos 50% do
tempo com passagem de corrente e 50% do tempo sem a sua passagem. Desse modo,
a potência média aplicada à carga é a própria tensão média, ou seja, 50%. Logo,
quanto mais tempo na maior potência conectada à carga, menor será o tempo de
operação.
Enquanto isso, o SCR é um dos componentes mais importantes em aplicações que
envolvem o controle de cargas elétricas de alto valor da rede. Sua principal aplicação
está voltada para conversão e controle de grandes quantidades de potência em

66
sistemas CC/CA, fazendo o uso de uma pequena quantidade de potência para seu
controle. Como uma chave eletrônica voltada para acionamento, pode facilmente
exceder seu desempenho mecânico devido à sua velocidade, sensibilidade e
capacidade de trabalhar sob alta tensão e alta corrente. Devido às suas características,
os SCR possibilitam que o transistor seja utilizado como elemento amplificador de
sinais, contando com uma pequena corrente aplicada em sua base, fazendo com que
circule determinada corrente com maior intensidade em seu coletor.
O SCR possui três terminais: ânodo, cátodo e gate (ou gatilho). Esse gatilho determina
a corrente entre os terminais principais do tiristor (ou seja, entre o ânodo e o cátodo).
Se o gatilho não for acionado, o tiristor não conduzirá. Quando ativado, se a corrente
flui do ânodo para o cátodo, o SCR conduzirá. Em corrente alternada, com a
alternância de cada meio ciclo de tensão, o SCR altera seu estado. Quando o tiristor
para de conduzir, ele comuta e retorna ao estado de bloqueio atual até que seja
acionado novamente. Em corrente contínua, o circuito deve ser bloqueado à força;
caso contrário, o circuito deve ser interrompido.
Se o tiristor estiver em um estado de corrente alternada, o pulso no gate deve durar
um certo tempo ou repetido várias vezes. Nesse caso, atrasando ou avançando o pulso
de disparo pode-se controlar a fase da corrente ao passar pela carga. Uma vez iniciada,
a tensão da porta pode ser cancelada e o tiristor continuará a conduzir até que a
corrente de carga seja inferior à corrente de manutenção e diminua. Isso ocorre na
prática quando a onda senoidal atinge zero.
Para dimensionamento dos SCR, temos a seguinte fórmula a fim de calcularmos sua
corrente de disparo. Veja:

Onde:
Ico - Corrente de fuga (A) Valor fornecido pelo fabricante

67
α1 - Ganho do primeiro transistor
α2 - Ganho do segundo transistor

Dessa forma, encontramos o TRIAC, dispositivo de comutação bidirecional.


Consideramos seu funcionamento semelhante aos SCRs, com grande diferença em sua
condução de corrente em ambas as direções. Ele é considerado como um componente
obtido pela conexão de dois SCRs opostos, que possuem um eletrodo de disparo em
comum, conhecido como gate. Veja a seguir seu símbolo, estrutura e o componente
físico:

Figura 4.4 -Triac

Fonte: Pereira. Link <https://docente.ifrn.edu.br/jonathanpereira/disciplinas/eletronica-aplicada/slide-


scr-triac>

Dessa forma, cada SCR constituinte do TRIAC já tem sua função conhecida, podendo,
então, atuar como uma espécie de interruptor bidirecional, conduzindo corrente nos
dois sentidos, para que essa corrente possa ser aplicada aos seus componentes do
tubo de pressão através do acionamento do sinal.
Para dimensionamento do TRIAC, temos a seguinte fórmula a fim de calcularmos a
dissipação da potência. Veja:

68
Onde:
Us - Tensão de saturação (V)
Id - Corrente direta (A)

4.2 Fontes de Alimentação


A fonte de alimentação é parte integrante de um equipamento eletrônico, que serve
para converter a energia elétrica que chega à corrente alternada em uma corrente
contínua. Exemplificando com números, a partir do recebimento de tensão 110 V ou
220 V, há a conversão de voltagem adequada ao funcionamento do aparelho, seja 5 V,
9 V, 12 V ou outras tensões relacionadas.
Enquanto algumas fontes de alimentação podem aumentar ou diminuir o nível de
tensão, outras podem apenas isolar o circuito da rede, sendo ainda um importante
protetor contra picos de energia e instabilidade, o que é muito comum no Brasil.
Encontramos dois tipos amplamente usados de fontes de alimentação em corrente
contínua: as lineares e as fontes chaveadas. Os dois elementos usam tecnologias
diferentes para alcançar o mesmo resultado que seria a conversão de CA em CC.
A fonte de alimentação linear utiliza a voltagem alternada, seja 110 V ou 220 V, e
reduz sua tensão especificada na fonte de alimentação por meio de um transformador,
de 12 V, por exemplo. Essa tensão, ainda em corrente alternada, passa por um circuito
retificador composto por uma série de iodo, que converte a tensão CA em uma tensão
pulsante. Então, após a filtração, a tensão pulsante é convertida em um estado quase
contínuo, e normalmente deve ser ajustada com a ajuda de um transistor de potência
para torná-la estável.
As fontes de alimentação lineares são muito adequadas para aplicações de baixa
energia, como telefones sem fio. No entanto, as fontes de alimentação lineares
costumam ser muito grandes quando mais energia se faz necessária. Isso ocorre

69
porque quanto menor a frequência da tensão CA, maior será o tamanho do
componente. Assim, sua utilização não se torna viável para equipamentos portáteis
devido a seu tamanho; a partir daí, surgiram as fontes chaveadas.
Em uma fonte de alimentação chaveada, a tensão de entrada aumentará a frequência
antes de entrar no transformador. Conforme a frequência aumenta, os
transformadores e os capacitores eletrolíticos se tornam menores. Por esse motivo,
tais fontes são comumente usadas em dispositivos eletrônicos de menor tamanho,
como computador, celulares, notebooks, entre outros. Vale ressaltar que o termo
“chaveado” está ligado a uma chave de alta frequência, e não a uma fonte com uma
chave on/off como parece sua nomenclatura. Veja, na imagem a seguir, uma tabela de
comparação entre os dois tipos de fontes:

Tabela - Comparação entre fontes chaveadas e lineares

Metros Fonte de alimentação Fonte de alimentação


linear chaveada
Eficiência Baixa Alta
Regulação de tensão Regulação é feita pelo Regulação é feita pelo
regulador feedback do circuito
Ruído e interface Imune a ruídos e interface O efeito do ruído e da
eletromagnética eletromagnética interferência
eletromagnética é bastante
significativo, portanto, são
necessários os filtros de EMI
Resposta à Transiente Rápida Lenta
Interferência RF Sem interferência RF O chaveamento produz mais
interferências RF
Complexibilidade Menos complexa Mais complexa

Fonte: adaptado de Getrotech. Link


<https://www.getrotech.com.br/loja/Artigos/diferenca_fonte_de_alimentacao/>

70
4.2.1 Fontes Retificadoras, Pontes Retificadoras e Diodos Retificadores
Enquanto as fontes retificadoras são projetadas para converter corrente alternada em
corrente contínua, no caso da corrente alternada, há uma variação com o tempo; já na
corrente contínua, não há tal variação com o tempo. Nesse contexto, introduzimos o
diodo retificador, sendo o principal componente do circuito que converte a corrente
alternada em corrente contínua. Como esse circuito é amplamente utilizado em
produtos eletrônicos, os diodos retificadores são amplamente utilizados em aplicações
de energia. Além disso, os diodos retificadores também podem ser usados para fins
gerais, principalmente, quando necessários, no caso de alta corrente. A principal
característica de um diodo retificador é suportar, em seus terminais, correntes e
tensões máximas.
O diodo elimina o semiciclo da corrente alternada, entretanto, sua forma de onda
resultante não é estável, mas sim formada por pulsos, que, apesar de já ser corrente
contínua, não possui uma tensão constante, sendo necessário utilizar os dois
semiciclos para assim formarmos uma fonte de corrente contínua com a tensão mais
estável que pudermos. A Ponte Retificadora pode solucionar esse problema. É formada
a partir de 4 diodos, sendo que cada par deles é responsável por retificar um semiciclo
da onda senoidal. Os diodos D1 e D2 são encarregados de conduzir no semiciclo
positivo, enquanto os diodos D3 e D4 conduzem no semiciclo negativo. Na intenção de
deixar a tensão ainda mais estável, adicionamos um capacitor depois do circuito da
ponte retificadora, de modo que o capacitor carrega sua energia no topo da onda, e
quando a tensão diminui, o capacitor se descarrega estabilizando a tensão do circuito.
Veja a seguir o circuito da Ponte Retificadora:

71
Figura 4.5 - Circuito Simples da Ponte Retificadora

Fonte: Usinainfo. Link <https://www.usinainfo.com.br/pontes-retificadoras-459>

Em relação à retificação dos sinais, essas fontes usam diodos para tal função. O
retificador meia onda permite a passagem de meio-ciclos de onda, com isso a outra
metade do ciclo não é aproveitada. Temos, também, os retificadores de onda
completa que utilizam os dois semiciclos, onde cada lado deve ter a tensão esperada
na saída da fonte, em que a ondulação da corrente de saída é menor que a do circuito
de meia onda. Veja a imagem que representa essa onda sendo aproveitada nos dois
semiciclos:

Figura 4.6 - Retificador de onda completa

Fonte: Autor, 2021.

72
Entretanto, se o circuito requerer uma tensão constante, o filtro sozinho não será
capaz de garantir a estabilidade no sistema. A partir disso, usamos um transistor em
série com a carga. O diodo Zener gera uma tensão de referência constante inserida na
faixa predeterminada. Essa tensão constante, junto com a tensão variável de saída, é
aplicada ao circuito controlador, que compara as duas e polariza a base do transistor.
Exemplificando, se a corrente de carga aumenta, a tensão de saída tende a diminuir, e
o circuito de controle ajusta a polarização da base do transistor para condução de mais
corrente, restaurando, assim, o valor de antes.
A fonte que opera dessa forma é chamada de fonte linear, pois o transistor em série
com a carga atua como um regulador linear aproximado. Na verdade, ele usa um
resistor variável e o valor do resistor variável é ajustado automaticamente para
compensar as mudanças na carga. Uma desvantagem importante dessa estrutura é
que o consumo de energia no transistor é igual ao produto de sua queda de tensão
pela corrente. Em outras palavras, o processo de condicionamento gera calor, o que
reduz a eficiência do circuito, perdendo energia nesse processo.

4.2.2 Funcionamento do LED


A lâmpada LED é um dispositivo formado por um conjunto de LEDs. Denominamos
como um diodo emissor de luz, componente eletrônico o qual emite luz visível por
meio da transformação da energia elétrica em energia luminosa, em um processo
conhecido como eletroluminescência. Sua composição se dá a partir de materiais
semicondutores. Com a substituição de alguns dos seus átomos por outros em um
processo chamado de dopagem, podemos controlar a cor emitida, como, por exemplo,
o fosfato de gálio que nos fornece luz verde.
Voltando para as lâmpadas, suas principais características se dão pelo fato de não
esquentarem e são iluminadas pelos constantes movimentos dos elétrons localizados
no material semicondutor. A vida útil média de um LED é de aproximadamente 50.000

73
horas, superando assim a vida útil das lâmpadas incandescentes muito comuns
antigamente.
O LED faz isso por meio de uma junção PN, formada esta por um semicondutor do tipo
P, que possui portadores carregados positivamente, e também um semicondutor do
tipo N, portador de elétrons. A junção entre os dois tipos de semicondutores é
chamada de “junção P-N”. Tais junções são os blocos de construção de cada dispositivo
eletrônico do semicondutor.

Figura 4.7 - Junção P-N de um LED

Fonte: Autor, 2021.

Os LEDs são modificados a fim de produzir uma forma de radiação luminosa, e os


elétrons de semicondutores do tipo N conectam aos portadores do semicondutor tipo
P. Essa energia flui de forma unidirecional; dessa maneira, só é possível o fluxo de N
para P, e não o contrário.
A partir da formação da junção, os elétrons localizados no diodo alteram seu estado e
iniciam a emissão de fótons. Os elétrons mudam sua órbita movimentando-se de uma
órbita mais alta para outra mais baixa; ao fazerem isso, eles automaticamente
“perdem” energia na forma de luz.
Assim, temos as lâmpadas com o conjunto de LED; em sua grande maioria, as
lâmpadas LED possuem uma forma arredondada que visa focar a luz em direções
determinadas. Segue assim a tendência da evolução, na substituição das lâmpadas

74
fluorescentes em lugar das lâmpadas incandescentes, e agora a substituição das
lâmpadas de LED em lugar das fluorescentes.

4.2.3 Drive de potência


Definimos drive de potência como um elemento amplificador de potência composto a
partir de dispositivos eletromecânicos (relés) e semicondutores como diodos,
transistores e circuitos integrados de variadas potências. Sua principal função se dá
pelo acionamento de equipamentos cujas especificações de tensão e corrente sejam
superiores ao do controlador. Os drives de potência são amplamente usados em
projetos de acionamento de motores de passo, de corrente contínua e alternada,
como também em automação residencial e predial etc.
No caso do acionamento de um motor de corrente contínua, apresentaremos um drive
simples responsável por essa função. Por meio de alguns elementos, podemos montar
esse drive para acionar um motor CC, através de um transistor de efeito de campo
(MOSFET), um diodo para proteção do motor e um resistor pulldown que mantém o
gate do transitor em 0 V e uma chave para interrupção ou continuidade do circuito.
Veja o circuito de acionamento a seguir:

Figura 4.8 - Circuito com drive de acionamento

Fonte: Autor, 2021.

75
No mesmo circuito, é possível a inclusão de determinados elementos capazes de
realizar o controle da potência desse motor, desde um pulso PWM a ser aplicado na
entrada de um transistor NPN e, posteriormente, à entrada de um PNP. Tudo isso
ligado a um circuito dobrador de tensão, responsável por permitir o controle de altas
cargas desse motor.

4.3 Fontes chaveadas


O conceito de chavear tensão para regular a tensão e até permitir que seu valor seja
alterado é muito antigo. Em carros antigos, em meados da década de 1930 e 1940, o
rádio ainda estava aberto e exigia alta pressão para ser polarizado. Essa alta tensão era
obtida por um circuito de comutação eletromecânico, conhecido como vibrador.
Através do uso de transformadores e outros recursos, ligar e desligar uma linha de 6 V,
por exemplo, pode-se obter um sinal de pulsação que é facilmente alterado.
No entanto, tecnologias de alto desempenho para comutação e alteração de tensão
foram desenvolvidas para usar dispositivos de estado sólido de alta eficiência, como
transformadores com núcleos de ferrite, como MOSFETs de energia. Trabalhando em
uma frequência muito alta, o transformador pode ser pequeno e o rendimento é alto.
É realizado o processo de conversão de tensão ligando e desligando um circuito de
chaveamento (oscilador), que é composto de semicondutores que podem dissipar
energia através da oscilação de frequência. Em outras palavras, eles não convertem o
excesso de energia elétrica em calor, mas geram ondas de alta frequência no oscilador.
As fontes chaveadas, primeiramente, retificam a tensão do circuito. Então, o transistor
de potência liga e desliga a tensão retificada através do enrolamento primário do
pequeno transformador por milhares de vezes por segundo. Veja na imagem a seguir
uma exemplificação de uma fonte chaveada:

76
Figura 4.9 - Fonte chaveada

Fonte: Iluminim. Link <https://www.iluminim.com.br/fonte-chaveada-24v-5a-para-led>

Nesse contexto, a evolução dessas fontes nos trouxe as fontes chaveadas de


temporização voltadas para aplicações industriais que requerem o uso de fontes
chaveadas de alta qualidade combinadas com funções de temporização. Esse tipo de
fonte de sinal pode ser conectado a sensores e pode ser usado com atuadores
mecânicos.
Tal fonte possui um microprocessador interno para identificar a ativação do sensor
inicialmente. Em seguida, prepara funções pré-programadas e controla o estágio de
saída, que consiste em relés de contato reversíveis. Os parâmetros e funções podem
ser visualizados na tela do display, de forma que o dispositivo possa ser parametrizado
e a contagem do tempo, em que a função é programada, seja exibida. A fonte
chaveada temporizada é aplicável no interfaceamento de sensores de corrente
contínua que são responsáveis pelo acionamento de cargas indutivas, como solenoides
e contatoras.
Com princípio de funcionamento na corrente contínua, sua estrutura é formada a
partir de relés que fornecem energia para capacitores, indutores, sensores

77
fotoelétricos etc. Todo o processo ocorre no circuito interno, que detecta o
acionamento do sensor e transfere energia para o relé de saída. O funcionamento é
indicado por um LED, e de acordo com o tipo de sensor, seu desempenho será
indicado por cores diferentes. Veja o exemplo de uma fonte temporizada a seguir:

Figura 4.10 - Fonte chaveada temporizada

Fonte: Wesen. Link <http://www.wesen.com.br/fonte-chaveada-temporizada#group1-4>

Conclusão
Caro estudante, anteriormente havíamos visto a respeito dos amplificadores
operacionais e, neste bloco, conhecemos também os valvulados e transistorizados,
assim como suas funções dentro da eletrônica.
Os dois últimos tópicos foram responsáveis por tratar das fontes de alimentação:
enquanto no segundo tópico tratamos de maneira genérica essas fontes e a sua forma
de conversão de voltagem de corrente alternada em corrente contínua, no terceiro
tópico, focamos especialmente nas fontes chaveadas ligadas diretamente ao seu
conceito de chavear tensão, de modo que houve muitos anos de estudo procurando
sua constante evolução, pois se trata de um conceito antigo. Trazendo para os dias de

78
hoje, a sua evolução está relacionada com as fontes chaveadas temporizadas, de
maneira que todo o processo ocorre no circuito interno, que detecta o acionamento
do sensor e transfere energia para o relé de saída. Bons estudos e até a próxima!

Referências
1. SHUTTERSTOCK. Transistor MOSFET. Disponível em:
https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/isolated-220-mosfet-
electronic-package-3d-1177573819. Acesso em: 26 ar. 2021
2. SHUTTERSTOCK. Amplificador valvulado. Disponível em:
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/small-electric-guitar-amplifier-
619898783. Acesso em: 26 mar. 2021
3. PEREIRA, Jonathan. Tiristores. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
(RN). Disponível em:
https://docente.ifrn.edu.br/jonathanpereira/disciplinas/eletronica-aplicada/slide-
scr-triac. Acesso em: 26 mar. 2021.
4. GETROTECH. Comparação entre fontes chaveadas e lineares. Getrotech, 28 set.
2020. Disponível em:
https://www.getrotech.com.br/loja/Artigos/diferenca_fonte_de_alimentacao.
Acesso em: 26 mar. 2021.
5. USINAINFO. Pontes retificadoras. Disponível em:
https://www.usinainfo.com.br/pontes-retificadoras-459. Acesso em: 26 mar.
2021.
6. ILUMININ. Fonte chaveada. Disponível em: www.iluminim.com.br/fonte-
chaveada-24v-5a-para-led. Acesso em: 26 mar. 2021.
7. WESESN. Fonte chaveada temporizada. Disponível em:
http://www.wesen.com.br/fonte-chaveada-temporizada#group1-4. Acesso em: 26
mar. 2021.

79
Referências Complementares

18. CRUZ, E. C. A.; CHOUERI, S. Eletrônica aplicada. 2. ed. São Paulo: Érica, 2013.
(e-book Minha Biblioteca).
19. SCHULER, C. Eletrônica II. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. (e-book Minha
Biblioteca).
20. DACHI, E. P. Eletrônica digital. 1. ed. São Paulo: Blucher, 2018. (e-book
Pearson).
21. SZAJNBERG, M. Eletrônica Digital: teoria, componentes e aplicações. 1. ed. Rio
de Janeiro: GEN/LTC, 2014. (e-book Minha Biblioteca).
22. FILHO, E. S. D. da S. et al. Eletrônica. Porto Alegre: SAGAH, 2018. (e-book Minha
Biblioteca).
23. FLOYD, T. L. Sistemas digitais: fundamentos e aplicações. 9. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2007. (e-book Minha Biblioteca).
24. TOCCI, R. J.; WIDMER, N. S.; MOSS, G. L. Sistemas digitais: princípios e
aplicações. 11. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2011. (e-book
Pearson).

80
5. PLATAFORMA ARDUINO

Apresentação
Caro estudante, este bloco é voltado especialmente para o Arduino, e apresenta uma
abordagem completa de tal ferramenta. Você aprenderá sobre seu hardware e
software; os diferentes tipos de Arduino encontrados hoje; e como é feita a sua
programação. Em seguida, será abordada a sua montagem, ligada, diretamente, à sua
análise virtual, em que será apresentado o software conhecido como Arduino IDE. Por
fim, será feita uma conexão com a teoria, num exemplo prático de suas aplicações,
seja no ramo industrial residencial ou comercial.

5.1 Hardware e Programação


O Arduino é uma placa de desenvolvimento de protótipo eletrônico de código aberto,
incluindo hardware e software livre, com o objetivo de fornecer uma ferramenta
adaptável de baixo custo para a criação de projetos interativos com diferentes ordens.
Sua criação foi dada em 2005 por cinco pesquisadores: David Cuartielles, Massimo
Banzi, Tom Igoe, David Mellis e Gianluca Martino. O objetivo era projetar um
dispositivo de baixo custo, funcional e fácil de programar, para que estudantes e
designers amadores pudessem usá-lo. Além disso, o conceito de hardware livre é
adotado, o que significa que qualquer pessoa pode começar a partir do mesmo
hardware básico para montar, modificar, aprimorar, podendo, até mesmo, customizá-
lo. Podemos encontrar uma variedade relacionada a seus modelos e tecnologias.
Conheça os tipos a seguir:
• Arduino Uno: o mais comum dos Arduinos. Possui uma boa quantidade de portas
disponíveis, alta compatibilidade com os shields encontrados no mercado. Tem um
81
processador ATMEGA328 de 14 portas digitais, com 6 dessas portas possuindo a
capacidade de saídas PWM, e outras 6 portas analógicas. Sua alimentação provém
tanto da conexão USB quanto do conector para alimentação externa, podendo ser
alimentada de 7 V a 12 V.

Figura 5.1 - Arduino Uno

Fonte: Shutterstock (Adaptado). Link <https://www.shutterstock.com/pt/image-


photo/ljubljana-slovenia-april-29-2013-photo-190713134>

• Arduino Mega 2560: esse Arduino vem equipado com um


microcontrolador ATmega2560, além de ter 54 portas digitais; 15 dessas portas
têm a capacidade de saída PWM, e conta com 15 portas analógicas. Possui
também o Clock de 16 MHz, conector de alimentação externa e conector USB.
Aplicável para projetos de maior complexidade que requerem alta quantidade
entradas e saídas.

82
Figura 5.2 - Arduino Mega 2560

Fonte: Arduino. Link <https://store.arduino.cc/usa/mega-2560-r3 >

• Arduino Leonardo: esse Arduino vem equipado com um


microcontrolador ATmega32u4, além de ter 20 portas digitais; 7 dessas portas têm a
capacidade de saída PWM, e conta com 12 portas analógicas. Possui também o Clock
de 16 MHz, conector de alimentação externa e conector micro USB para conexão ao
computador. Outra função é o chip de conexão USB integrado ao microcontrolador,
eliminando, assim, a necessidade de um chip de comunicação adicional no cartão e
permitindo que o Arduino Leonardo seja reconhecido pelo computador como um
mouse, ou mesmo, um teclado, em vez de ser usado como uma porta serial, o que
também é possível.
Figura 5.3 - Arduino Leonardo

83
Fonte: Arduino. Link <https://store.arduino.cc/usa/leonardo>

• Arduino Due: esse é considerado o Arduino que possui maior poder de


processamento, baseado em um microcontrolador ARM de 32 bits e 512 Kb de
memória totalmente disponível para programação, assim como outras aplicações. Já
vem com bootloader gravado originalmente em uma memória ROM. Esse Arduino
vem equipado com 54 portas digitais, em que 12 dessas portas têm a capacidade de
saída PWM, e conta com 12 portas analógicas. Conta com 4 chips controladores de
portas seriais, conector de alimentação externa e conector USB. Sua tensão de
operação é de 3,3 V.

Figura 5.4 - Arduino Due

Fonte: Arduino. Link <https://store.arduino.cc/usa/due>

• Arduino Mega ADK: esse Arduino vem equipado com um


microcontrolador ATmega2560, além de ter 54 portas digitais; 15 dessas portas têm a
capacidade de saída PWM, e conta com 16 portas analógicas. Possui, também, 4 chips
para comunicação serial, Clock de 16 MHz, conector de alimentação externa e
conector USB, voltado este para a ligação de dispositivos operacionais Android (muito
usados em smartphones).

84
Figura 5.5 - Arduino Mega ADK

Fonte: Eletrofun. Link <https://www.electrofun.pt/arduino/arduino-mega-adk-android-compativel-


cabo-usb>

• Arduino Nano: esse Arduino vem equipado com um


microcontrolador ATmega328 (32 Kb de memória) ou ATmega168 (16 Kb de
memória). Na mão contrária das outras placas, não conta com conector para
alimentação externa, sua alimentação é dada por meio de um conector USB Mini-B. A
partir de seu reduzido tamanho com medidas de 4,3 cm x 1,85 cm, se torna uma
ótima opção para projetos compactados que requerem constante atualização em seu
software.

Figura 5.6 - Arduino Nano

Fonte: Arduino. Link <https://store.arduino.cc/usa/arduino-nano?queryID=undefined>

85
• Arduino Pro Mini: esse Arduino vem equipado com um
microcontrolador ATmega168, além de ter 14 portas digitais; 6 dessas portas têm a
capacidade de saída PWM, e conta com 8 portas analógicas. Não conta com conector
de alimentação externa e conector USB, podendo ser adicionado um módulo de USB à
parte, para comunicação com o computador. Torna-se aplicável para projetos fixos,
que não exijam alto poder de processamento ou atualizações constantes.

Figura 5.7 - Arduino Pro Mini

Fonte: Arduino Br. Link <https://br-arduino.org/2015/02/arduino-pro-mini-conhecendo-o-


modelo-economico.html>

• Arduino Esplora: com sua geometria similar a um controle de videogame, essa


placa se difere de todas as outras placas da série Arduino, principalmente por possuir
múltiplos sensores em sua construção. Esse Arduino vem equipado com um
microcontrolador ATmega32u4, Clock de 16 MHz, 32 Kb de memória e conexão micro
USB. A placa inclui um buzzer, potenciômetro deslizante, joystick, sensores de
temperatura e luz, led RGB, acelerômetro, microfone e 4 botões. Conta ainda com
entrada para painéis LCD. Essa placa já vem praticamente pronta, necessitando
apenas se concentrar em sua programação.

86
Figura 5.8 - Arduino Esplora

Fonte: BotnRoll. Link <https://www.botnroll.com/pt/arduino-controladores/673-arduino-esplora.html >

O trabalho não é composto apenas pelo hardware; assim, temos também o software,
de código aberto, por sinal, onde podem ser modificados de acordo com as
necessidades do usuário. É necessário apenas usar o software Arduino para
programação direcionar, ao dispositivo, a ordem a ser executada. Quanto ao software,
ele é desenvolvido na linguagem C e C++, criado a partir de um ambiente gráfico
escrito em Java. Trazendo, assim, um firmware embutido, carregado este na memória
ROM da placa.
Nos programas de computador (softwares), podemos definir seu conceito como uma
sequência de instruções que são enviadas para determinada máquina. Cada tipo de
microprocessador compreende um conjunto de instruções diferentes, em outras
palavras, a linguagem de máquina.
No caso, precisamos fazer com que a máquina entenda o que queremos dizer, e para
isso, devemos falar com ela da única forma que ela entende. É aí onde entra a
Linguagem de Programação, pois a partir dela podemos encontrar uma grande
variedade. Porém, como falamos de Arduino, tratamos da linguagem de programação
C++, que seria uma linguagem de programação de alto nível.
87
Dentro da programação C++, muito comum em softwares para programação de
Arduinos, temos alguns pilares que formam o modo de escrever o código. Veja a seguir
esses pilares da construção de um código:
• Variável: definimos como o recurso usado no armazenamento de dados
em um programa. Como toda máquina conta com uma memória, a variável
representa uma região da memória usada nesse armazenamento. A partir
de uma declaração de variável, informamos ao programa a quem estamos
nos referindo, seja um número, um texto ou um caractere. Além da
variável, informamos também o tipo de informação a ser armazenada. Veja
a lista dos dados que podemos incluir:
- boolean: valor verdadeiro (true) ou falso (false);
- char: um caractere;
- byte: um byte, ou sequência de 8 bits;
- int: número inteiro de 16 bits com sinal;
- unsignedint: número inteiro de 16 bits sem sinal (0 a 65535)
- long: número inteiro de 16 bits com sinal;
- unsignedlong: número inteiro de 16 bits sem sinal;
- float: número real de precisão simples (ponto flutuante);
- double: número real de precisão dupla (ponto flutuante);
- string: sequência de caracteres;
- void: tipo vazio (não tem tipo).

Veja um exemplo de um dado com variável: “int led;”


• Atribuição: podemos atribuir determinado valor para uma variável, isso
significa armazenar esse valor para que possa ser usado posteriormente.
Utilizamos o “=” para tal atribuição, como no caso de precisar atribuir um
valor para determinado LED. Fazemos desta forma: “int led = 10;”

88
• Operador: conhecemos como conjunto de um ou mais caracteres que são
responsáveis pela representação de operações sobre uma ou mais
variáveis ou constantes. Além das 4 operações aritméticas, temos também
as operações lógicas. Veja:

• Função: seria uma sequência de comandos, que pode ser reutilizada


diversas vezes ao longo de um programa. Dessa forma, é preciso fazer uma
declaração de função. No caso do Arduino, funções como “setup( )” e
“pinMode( )” já são previamente chamadas em programações do Arduino
IDE. Podemos chamar a função quantas vezes quisermos durante o
programa, uma vez definida sua função. Quando a função é executada, ela
automaticamente retorna ao valor inicial como um loop, por meio da
função “return”, como também pode ser “void”, significando que não
retorna a nada.
• Parâmetro: esse recurso tem o sentido de enviar dados para a função
quando acionada. Como, por exemplo, o parâmetro soma: “intsoma(int a,
int b)”. No caso, nomeamos a função de “a” e “b”. Assim, quando
chamarmos a função soma, devemos fornecer valores a sua variável. Veja:
“x = soma(1+2);”.

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• Comentário: podemos fazer comentários no programa sem que isso
interfira no código de programação. Usamos “//” na linha, para inserir um
comentário; “/*” para iniciar um comentário no bloco; e “*/” para finalizar
o comentário.
• Estruturas de controle: conhecemos como bloco de instruções, capazes
de alterar o fluxo de execução do código. A partir delas, é possível executar
comandos diferentes de acordo com uma condição, ou mesmo repetir uma
série de comandos várias vezes. Temos algumas palavras que representam
essa estrutura como: “while”, “for”, “if”, “else”.
• Biblioteca: por fim, temos a biblioteca formada a partir de códigos fonte
adicionais, os quais podemos inserir ao projeto por meio do
comando “include”. A biblioteca do Arduino, por exemplo, se caracteriza
por uma ou mais classes que possuem funções, métodos para acionamento
de dispositivos, configurações ou até executar outra tarefa.

5.2 Montagem e análise virtual


A montagem de uma placa de Arduino é simples e intuitiva. A partir de terminais e
conexões, é possível ter um projeto em mãos de forma objetiva. Muitas vezes, se faz
necessário o uso de uma placa protoboard que auxilia em testes e montagem. Uma vez
que está consolidada a programação, podemos utilizar placas de circuito impresso que
viabilizam a montagem final do circuito. É possível encontrarmos o Arduino vendido
em conjunto com a placa protoboard como na imagem a seguir. Veja:

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Figura 5.9 - Arduino na protoboard

Fonte: Eletrogate. Link <https://www.eletrogate.com/base-acrilica-para-fixacao-arduino-uno-e-


protoboard-400-
furos?utm_source=Site&utm_medium=GoogleMerchant&utm_campaign=GoogleMerchant>

Entretanto, em relação ao Arduino, a maior complexidade está em sua programação.


Para tanto, se faz uso de softwares responsáveis, por isso, no próprio site
<https://www.arduino.cc/> é possível encontrar tudo sobre a ferramenta, desde os
hardwares, documentação e informações de compras até do software, para ser
baixado ou mesmo ser usado online.
Trata-se do software Arduino IDE que, segundo o próprio site, é descrito da seguinte
forma:
O Arduino Software (IDE) de código aberto facilita a escrita de
código e o upload para a placa. Ele roda em Windows, Mac OS
X e Linux. O ambiente é escrito em Java e baseado em
Processing e outros softwares de código aberto. Este software
pode ser usado com qualquer placa Arduino.
(Fonte: disponível em:
https://www.arduino.cc/en/Guide/Introduction. Acesso em:
maio 2021).

91
Além do fato de esse programa ser compatível com a grande maioria dos sistemas
operacionais, o Arduino IDE programa todos os modelos da placa Arduino e, caso o
projeto tenha algum problema em sua configuração, ou mesmo, em seu código, ele irá
gerar uma notificação e listar os possíveis problemas, tornando seu uso didático e que
dificilmente resultará em erros à sua programação (desde que o usuário tenha
conhecimento técnico quanto à sua linguagem).
O Arduino IDE conta com um layout muito rico, fácil de navegar, além de ter opções
bem divididas de acordo com suas respectivas funções, implementando, também, os
mais diversos processos de forma direta e simples. Para aqueles que possuem
dificuldade na língua inglesa, ele pode ter suas funções traduzidas ao português. Veja
na imagem um exemplo do layout do Arduino IDE online:

Figura 5.10 - Layout do software Arduino IDE

Fonte: Autor, 2021.

Nesse contexto, também temos o Tinkercad. É um software que conta com uma
coleção online e gratuita de ferramentas que nos permite criar, projetar e simular.

92
Conta também com designers de modelos 3D em CAD, além da simulação de circuitos
elétricos analógicos e digitais, desenvolvida pela Autodesk.
A interface é bem similar ao do Arduino IDE, com espaço para colocar códigos fonte,
alteração das propriedades dos componentes, seja a resistência do resistor, a cor dos
leds, tensão da fonte, entre outros. A adição dos componentes é simples: basta buscar
em uma lista totalmente ilustrada e cheia de informações.
A seguir, mostraremos um circuito simples para acionamento de um led por meio de
um botão com o software Tinkercad. Veja a disposição dos elementos:

Figura 5.11 - Circuito no Tinkercad

Fonte: Autor, 2021.

Por meio desse circuito, é possível simular com o mouse, pressionando o botão e
vendo o LED acender, assim como temos o código do programa para que efetue esse
acionamento. Veja a programação a seguir, a qual o programa também permite baixar
esse código para poder ser colocado em qualquer máquina:

93
Figura 5.12 - Código do programa no Tinkercad

Fonte: Autor, 2021.

5.3 Exemplos de aplicação


Projetos de automação residencial, comercial e industrial podem ser executados por
meio do Arduino. Conectando motores, luzes e um grande número de sensores a essa
ferramenta, podemos alcançar um número muito alto de aplicações. Mesmo com o
tamanho pequeno de sua placa, podemos adaptar o hardware em locais de difícil
acesso e pequenos espaços de alocação.
É possível conectar sensores, motores e milhares de dispositivos que interagem entre
si por meio da placa. Dessa forma, podemos, por exemplo, automatizar toda uma
residência. O Arduino pode controlar a lâmpada a partir do sinal enviado pelo celular

94
via Bluetooth, ou mesmo, WiFi. Assim, a domótica é uma das áreas, entre muitas, que
privilegiam sua utilização.

Aplicação 1:
Podemos exemplificar um circuito por um módulo relé Arduino, que pode auxiliar
nesse processo. O relé é tido como um elemento eletromecânico capaz de realizar o
acionamento de cargas elétricas por meio de um circuito de comando de baixa
potência, sendo, nesse caso, um sinal digital gerado pelo Arduino. Veja o esquema de
ligação apresentado pelo Tinkercad composto pelo Arduino Uno, módulo relé, fonte de
alimentação (bateria 9 V) e lâmpada:

Figura 5.13 - Esquema de acionamento de uma lâmpada

Fonte: Autor, 2021.

Após a montagem, vem a hora de programar o circuito para realizar a operação, em


que serão determinados a pinagem de ligação, o tempo de acionamento, a forma
como será ligada (se será piscante ou estática), o loop, entre outras funções que
cabem ao programador definir e alimentar o microcontrolador com essas informações,
definindo, assim, um projeto que vai da separação de insumos, montagem,
programação e execução, a fim de se chegar ao objetivo do processo, que, nesse caso,
será o acionamento simples da lâmpada por meio do Arduino. Veja o código de
95
programação do circuito executado para permanecer 3 segundos em nível alto (ligada)
e 3 segundos em nível baixo (desligada):

Figura 5.14 - Código de programação

Fonte: Autor, 2021.

Aplicação 2:
Vamos exemplificar aqui uma lógica de controle, a qual será capaz de ler o sinal
analógico do potenciômetro, assim convertendo esse sinal em um valor digital de
frequência. Frequência esta que varia entre 0 e 120 kHz. A fim de demonstrar o sinal
digital gerado, usaremos um monitor de osciloscópio para visualização da forma de
onda. Veja a imagem do circuito montado no Tinkercad:

96
Figura 5.15 - Esquema de conversão de sinal

Fonte: Autor, 2021.

O código a seguir será escrito para que você possa criar esse circuito no Tinkercad e
analisar a forma de onda formada pelo sinal analógico na entrada e sua respectiva
onda no sinal digital gerada na saída:

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Conclusão
Caro estudante, para fim de estudo dessa ferramenta tão importante no ramo
industrial, você aprendeu, neste bloco, sobre os tipos de Arduino encontrados hoje,
mais especificamente, sobre seus oito tipos. Em seguida, lhe foi apresentado um
pouco mais a respeito de sua montagem física e a utilização de uma placa protoboard
muito útil para testes. Além disso, você viu sobre a sua simulação e projeto que pode
ser feito virtualmente por meio de softwares online, ou mesmo, aqueles que possuem
licença que precisa ser adquirida.
Por fim, foi feita uma relação com a placa Arduino no exemplo prático de domótica,
onde foi apresentado o esquema de acionamento de uma lâmpada por meio de um
Arduino e também um relé, mostrando, de forma dinâmica, uma aplicação muito
comum usada residencialmente dessa ferramenta. Bons estudos e até a próxima!

Referências

1. SHUTTERSTOCK. Arduino Uno. Disponível em:


https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ljubljana-slovenia-april-29-2013-
photo-190713134. Acesso em: 27 mar. 2021.
2. ARDUINO. Arduino Mega 2560. Disponível em:
https://store.arduino.cc/usa/mega-2560-r3. Acesso em: 27 mar. 2021.

98
3. ARDUINO. Arduino Leonardo. Disponível em:
https://store.arduino.cc/usa/leonardo. Acesso em: 27 mar. 2021.
4. ARDUINO. Arduino Due. Disponível em: https://store.arduino.cc/usa/due. Acesso
em: 27 mar. 2021.
5. ELETROFUN. Arduino Mega ADK. Disponível em:
https://www.electrofun.pt/arduino/arduino-mega-adk-android-compativel-cabo-
usb. Acesso em: 27 mar. 2021.
6. ARDUINO. Arduino Nano. Disponível em: https://store.arduino.cc/usa/arduino-
nano?queryID=undefined. Acesso em: 27 mar. 2021.
7. ARDUINO, Br. Arduino Pro Mini. Disponível em: https://br-
arduino.org/2015/02/arduino-pro-mini-conhecendo-o-modelo-economico.html.
Acesso em: 27 mar. 2021.
8. ROLL, B. Arduino Esplora. Disponível em: https://www.botnroll.com/pt/arduino-
controladores/673-arduino-esplora.html. Acesso em: 27 mar. 2021.
9. ELETROGATE. Arduino na protoboard. Disponível em:
https://www.eletrogate.com/base-acrilica-para-fixacao-arduino-uno-e-
protoboard-400-
furos?utm_source=Site&utm_medium=GoogleMerchant&utm_campaign=Google
Merchant. Acesso em: 27 mar. 2021.

Referências Complementares

25. CRUZ, E. C. A.; CHOUERI, S. Eletrônica aplicada. 2. ed. São Paulo: Érica, 2013.
(e-book Minha Biblioteca).
26. SCHULER, C. Eletrônica II. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. (e-book Minha
Biblioteca).
27. DACHI, E. P. Eletrônica digital. 1. ed. São Paulo: Blucher, 2018. (e-book
Pearson).

99
28. SZAJNBERG, M. Eletrônica digital: teoria, componentes e aplicações. 1. ed. Rio
de Janeiro: GEN/LTC, 2014. (e-book Minha Biblioteca).
29. STEVAN JR, S. L. Automação e instrumentação industrial com Arduino: teoria e
projetos. 1. ed. São Paulo: Érica, 2015.
30. FILHO, E. S. D. da S. et al. Eletrônica. Porto Alegre: SAGAH, 2018. (e-book Minha
Biblioteca).
31. FLOYD, T. L. Sistemas digitais: fundamentos e aplicações. 9. ed., Porto Alegre:
Bookman, 2007. (e-book Minha Biblioteca).
32. TOCCI, R. J.; WIDMER, N. S.; MOSS, G. L. Sistemas digitais: princípios e
aplicações. 11. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2011. (e-book
Pearson).

100
6. PROJETO DE PLACAS EM CIRCUITO IMPRESSO

Apresentação
Caro estudante, neste bloco você irá conhecer as placas eletrônicas conhecidas como
PCB e PCBA, que nos ajudam a montar circuitos eletrônicos. Em seguida, será
apresentado um pouco sobre as placas protoboards, que seriam placas de protótipo,
apresentando sua montagem física, bem como a sua funcionalidade técnica.
Por fim, este bloco abordará os softwares voltados para impressão de circuitos em
placas eletrônicas, além de apresentar uma vasta lista delas, falando um pouco de um
software específico, conhecido como Fritizing e fazendo uma abordagem a respeito de
seu layout e funcionamento. Vamos lá?!

6.1 Placas PCB e PCBA


PCB provêm da sigla em inglês Printed Circuit Board (ou PCI, em português, Placa de
Circuito Impresso). É uma placa fina feita de fibra de vidro, resina epóxi composta ou
outros materiais laminados. Caminhos condutores são registrados (impressos) na
placa, conectando diferentes componentes na placa de circuito impresso, como
resistores, transistores, capacitores, diodos, circuitos integrados, entre outros
componentes.
Esses componentes são muito usados em computadores desktop e notebooks, tablets,
televisores, consoles, controles, entre outras infinidades de aplicações. Eles são a base
para muitos componentes internos do computador, como placas de vídeo, placas
controladoras, placas de interface de rede e placas de expansão. Todos esses
componentes são conectados à placa-mãe, que também é uma placa de circuito
impresso.

101
A formação dessas placas vem de alguns materiais responsáveis pelo seu
funcionamento. Veja os três principais itens:
- Placa virgem: constituída e revestida por material isolante, podendo ter em sua
construção fibra de vidro, fibra de poliéster, fenolite ou polímeros que possuem
propriedades isolantes;
- Fios de metal: responsável pela condução de energia no circuito, fazendo o caminho
da corrente no circuito;
- Folha de cobre: implantada na superfície da placa de circuito, encarrega-se das
ligações entre componentes do circuito.

Veja na imagem a seguir um exemplo de placa PCB:

Figura 6.1 - Placas PCB

Fonte: Shutterstock. Link <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/multiplied-printed-circuit-


boards-pcb-isolated-1522150469>

Enquanto isso, PCBA provêm de Placa de Circuito Impresso Assembleia. Essa placa é
obtida após toda soldagem e impressão na placa PCB, em conjunto com toda a

102
montagem de uma variedade de componentes, seja resistores, circuitos integrados,
capacitores e quaisquer outros componentes. PCBA é, geralmente, aquecida em um
forno de refluxo para estabelecer uma conexão mecânica entre o PCB e o
componente. Veja um exemplo de uma placa de rede PCBA que pode ser usada em
notebooks e computadores:

Figura 6.2 - Placa de rede PCBA

Fonte: Michigan. Link <https://www.michigan.com.br/redes/switches-e-roteadores/placa-


pcba-engenius-esr-1221-sem-pigtail>

6.2 Placa Protoboard


Placa de protótipo, matriz de contato, ou propriamente placa protoboard, consiste em
uma placa com orifícios e placas de conexão. Usada para prototipar circuitos elétricos
e eletrônicos para teste e experimentação. A vantagem oferecida é que, como não há
necessidade de solda, os componentes podem ser usados sem concessões, não só
podem ser reaproveitados quando necessário, mas também o circuito montado pode
ser rapidamente modificado simplesmente removendo o circuito nele montado antes.

103
A placa Protoboard é formada por duas faixas: a Faixa de Terminais e a Faixa de
Barramentos.
A Faixa de Terminais é composta de dois conjuntos de faixas verticais de cinco pontos,
separados por uma faixa vazada centralizada, que existe na placa do protótipo. Cada
coluna é composta por cinco pontos, que são conectados internamente por um
condutor metálico que pode ser acessado através de orifícios na estrutura plástica da
placa protótipo, de forma que quaisquer terminais ou condutores componentes
presentes na tira serão conectados entre si.
Já a Faixa de Barramento é composta por uma coleção de duas faixas apresentadas nas
extremidades laterais da matriz de contato e geralmente são usadas para distribuir o
sinal de potência do circuito montado nela, normalmente com uma faixa azul que
simboliza aterramento ou sinal de energia negativa para o circuito, e uma faixa
vermelha usada como sinal de tensão da fonte de alimentação positiva para o circuito.
Veja a imagem representando tal esquema:

Figura 6.3 - Placa Protoboard

Fonte: Shutterstock (Adaptado). Link <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/protoboard-


electronic-devices-prototyping-273509480>

104
Assim também, o uso de protoboard traz consigo algumas limitações, como a
existência de capacitância indesejada, resistência elétrica e circuitos integrados que
não podem acomodar componentes de superfície sem o uso de um adaptador, bem
como mau contato devido a encaixes não muito precisos.
Vejamos um exemplo na montagem de um circuito simples na protoboard.
Realizaremos o acendimento de uma LED, com um resistor e um botão. Acompanhe o
circuito a seguir:

Figura 6.4 - Circuito de acionamento de um LED

Fonte: Autor, 2021.

Agora com os elementos em mão e o circuito apresentado, usaremos a placa


protoboard onde colocaremos os dispositivos de forma que não serão necessários
circuitos impressos ou mesmo soldas. Dessa maneira, apenas encaixando os elementos
da maneira correta, será possível plotar o circuito, acionando para fazê-lo funcionar.
Veja na imagem a seguir como ficaria a disposição dos elementos na placa:

105
Figura 6.5 - Circuito na Placa Protoboard

Fonte: Robocore. Link <https://www.robocore.net/tutoriais/como-utilizar-uma-protoboard>

6.3. Software para impressão de circuitos


Agora que já sabemos o que são as placas de circuito impresso, precisamos saber
como passar o projeto para a placa em questão. A partir de softwares, conseguiremos
processar a conectividade dos elementos para gerar o processo do projeto a ser
manufaturado. Para isso, contamos com uma lista de softwares responsáveis por essa
criação, para que depois uma Prototipadora realize a impressão dos caminhos de
conexão. Segue uma lista de alguns principais softwares capazes de realizar a criação
de PCBs:

• AutoDesk Eagle
• CometCAD
• EasyEDA - Programa Online
• DesignSpark PCB
• PCB Artist
• DipTrace

106
• Fritzing
• gEDA (Linux)
• Osmond PCB (Macintosh)
• ZenitPCB
• KiCad EDA
• BSch3V
• ExpressPCB
• PCB123
• PCB Layout Tool
• FreePCB

Dentre tais softwares, podemos destacar o Fritizing. Tal software possibilita a criação
simples e rápida de layouts de circuitos eletrônicos. Esses layouts permitem que
pesquisadores, designers, artistas e amadores registrem esquemas e criem o circuito
desejado. Cabe muito bem ao uso de circuito impresso, além de ser muito usado
também em programação de Arduinos.
Segundo o próprio site fritizing.org, o software se autodenomina da seguinte forma:
Fritzing é uma iniciativa de hardware de código aberto que
torna a eletrônica acessível como um material criativo para
qualquer pessoa. Oferecemos uma ferramenta de software,
um site de comunidade e serviços no espírito
de Processing e Arduino, promovendo um ecossistema criativo
que permite aos usuários documentar seus
protótipos, compartilhá-los com outras
pessoas, ensinar eletrônica em uma sala de aula e fazer o
layout e fabricar PCBs profissionais (FRITIZING, 2021).

O Fritizing apresenta, virtualmente, a montagem física em protoboard, assim também


o circuito elétrico do projeto na placa. Conta graficamente com vários elementos que
107
usamos na criação de circuitos eletrônicos, se tornando acessível com seu layout
simples e seu designer intuitivo.
Vejamos o layout de uma placa PCB criada e projetada pelo Fritizing, mostrando todos
os elementos dispostos no projeto:

Figura 6.6 - Projeto de placa PCB (Fritizing)

Fonte: Fritizing. Link <https://forum.fritzing.org/t/messed-up-pcb-after-reloading/402>

Reparem, no circuito acima, os elementos na placa e suas respectivas conexões, onde


as linhas laranja representam as partes de cobre da placa que irão percorrer o caminho
da energia e os pontos verdes representando as ligações dos componentes que
integram o circuito, formando, assim, um projeto pronto para execução e impressão
na Prototipadora. Lembre que esse software não conta com a função de simulação;
para isso, é necessária bastante atenção na hora de projetar, evitando, assim, a
queima de elementos, ou mesmo, a perda da placa.
Veja o exemplo de um circuito com temporizador 555 para acionamento de um LED. A
partir de programa Fritizing, é possível desenhar o circuito numa protoboard para que
108
assim passe para uma futura placa PCB. O programa é bem didático em seu layout e de
fácil montagem. Acompanhe na imagem a seguir seu layout, assim como o circuito
montado a partir de resistores, capacitores e propriamente o CI 555:

Figura 6.7 - Layout e circuito no Fritizing

Fonte: Autor, 2021.

Veja mais de perto o circuito projetado inicialmente na placa protoboard:

109
Figura 6.8 - Layout e circuito no Fritizing

Fonte: Autor, 2021.

Após a execução da montagem do circuito, a partir das opções que o software nos
fornece, podemos visualizar seu projeto propriamente na placa PCB e, posteriormente,
fazer o roteamento das conexões, para, enfim, exportar o projeto da placa PCB no
objetivo de importá-la na impressora ou Prototipadora que realizará a impressão do
circuito. Veja na imagem a seguir as opções que ele oferece na visão da placa PCB
como o autorroteamento das conexões e exportação da placa para impressão:

110
Figura 6.9 - Layout de exportação da placa PCB no Fritizing

Fonte: Autor, 2021.

Conclusão
Caro estudante, este último bloco da disciplina Eletrônica Aplicada apresentou as
placas de circuito impresso, conhecidas como PCBs. Você pôde ver as placas formadas
pelo conjunto de soldas e toda a montagem de componentes da PCB, conhecida como
placa PCBA. Além disso, aprendeu, também, sobre a placa protoboard e sua forma de
funcionamento a partir de suas faixas tanto de barramento quanto terminais, que têm
seu uso voltado para prototipação e montagens provisórias.
Por fim, foi apresentada uma relação dos softwares responsáveis pela impressão de
circuitos eletrônicos e os principais softwares encontrados hoje na internet. E foi
abordado, mais especificamente, o software Fritizing, responsável por apresentar
virtualmente a montagem física tanto em placas protoboard como sua montagem em
placas de circuito impresso.
Com isso, chegamos ao final da disciplina Eletrônica Aplicada, confira as Referências e
continue se aprimorando. Bons estudos!

Referências

1. SHUTTERSTOCK. Placas PCB. Disponível em:


https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/multiplied-printed-circuit-boards-
pcb-isolated-1522150469. Acesso em: 27 mar. 2021.

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2. MICHIGAN. Placa de rede PCBA. Disponível em:
https://www.michigan.com.br/redes/switches-e-roteadores/placa-pcba-engenius-
esr-1221-sem-pigtail. Acesso em: 27 mar. 2021.
3. SHUTTERSTOCK. Placa Protoboard. Disponível em:
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/protoboard-electronic-devices-
prototyping-273509480. Acesso em: 27 mar. 2021.
4. FRITIZING. Projeto de placa PCB. Disponível em:
https://forum.fritzing.org/t/messed-up-pcb-after-reloading/402. Acesso em: 27
mar. 2021.
5. ROBOCORE. Como utilizar uma protoboard. Disponível em:
https://www.robocore.net/tutoriais/como-utilizar-uma-protoboard . Acesso em: 7
maio 2021.

Referências Complementares

33. CRUZ, E. C. A.; CHOUERI, S. Eletrônica Aplicada. 2. ed. São Paulo: Érica, 2013.
(e-book Minha Biblioteca).
34. SCHULER, C. Eletrônica II. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. (e-book Minha
Biblioteca).
35. DACHI, E. P. Eletrônica digital. 1. ed. São Paulo: Blucher, 2018. (e-book
Pearson).
36. SZAJNBERG, M. Eletrônica digital: teoria, componentes e aplicações. 1. ed. Rio
de Janeiro: GEN/LTC, 2014. (e-book Minha Biblioteca).
37. FILHO, E. S. D. da S. et al. Eletrônica. Porto Alegre: SAGAH, 2018. (e-book Minha
Biblioteca).

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