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Personagens
1. Coronel Felício - Alyson
2. Juninho - Davi
3. Cleiton - Matheus
4. Aninha – Ana Carla
5. Maria – Ana Lívia
6. Mariquinha – faxineira – Ana Clara
7. Zefa – lavadeira - Cris
8. Inspetor Urucu Baca – Polly
9. Urubu – Mini vilão - André
10. Senhorita Tila – Maria Fernanda
11. Dona Marcolina – Larissa
12. Médico – Higor
13. Arthur e Benício – Relógio encantado
CENÁRIO
Sala da casa da fazenda do coronel.
Em lugar de destaque e de frente para o público deve estar um grande e diferente
relógio.
Abre a cortina. Aparece a sala com o relógio na parede. Cena escura. Barulho de
noite: grilos cantando e um tic tac do relógio. Entra o inspetor mascarado e com uma
grande capa, escondendo o rosto. (Ninguém deve ver seu rosto). Para em frente o
relógio, olha atentamente. Vai para a frente do palco (tudo na ponta dos pés), olha
para a plateia e dá uma enorme gargalhada. Percebe que não pode fazer barulho e
disfarça tampando a boca. Pede silêncio. Vai para o relógio, arranca o ponteiro das
horas e sai correndo meio atrapalhado. Para o tic tac. Começa a clarear, galos
cantam.
Vovô- Ué, o meu relógio não bateu às 6 horas hoje ... O que será que aconteceu? (Vai
até o relógio e quando vê que falta um ponteiro fica desesperado). Não! Mil vezes não!
Não pode ser! Socorro! Ajudem! Isso é horrível! Como pode ter acontecido uma coisa
essas? Socorro!
Vovô- Ainda não, mas vou ficar.... Vocês nem imaginam que coisa terrível aconteceu!
Aninha- Já sei: a tia Rute vem nos visitar!
Vovô- Não!
Vovô- Não!
Vovô – Não!
Vovô- Todos são suspeitos! Esse relógio é muito precioso, e agora com um ponteiro a
menos não funciona direito. (Para a plateia). Vocês devem estar curiosos para saber
porque tanto rebuliço por um simples relógio velho, não é? Pois eu lhes digo: esse
relógio é mágico! Ele é capaz de parar e voltar o tempo. Por isso me mantenho tão
conservado ... Todos os anos, no meu aniversário, e volto um ano no relógio, assim
nunca envelheço! Quantos anos acham que eu tenho? Vamos, digam.... Na realidade
deveria ter 96, mas me conservo nos 60 ... (Triste) E agora, o que vou fazer? Vou ficar
velho e morrer ...
Aninha- Calma, vovô, nós vamos descobrir quem é o ladrão e salvar o seu relógio, fique
calmo ...
Vovô- Calma, só quero saber se viram ou ouviram alguma coisa. O bandido deve ter
feito algum barulho ... E por onde entrou? Esqueceram a porta aberta?
Lavadeira- Patrão, na cozinha tem uma janela com a tramela quebrada ... Ele pode ter
entrado por lá!
Lavadeira- É que ele viajou, senhor, está com uma tia doente, lembra?
Vovô- É mesmo! Esse caso está ficando muito complicado.... Acho melhor contratar um
detetive ...
Vovô- (Para as empregadas). Podem ir, se precisar mando chamar vocês. (Elas saem).
Agora preciso me trocar para procurar um detetive na cidade. Fiquem de olho! (Sai)
Juninho- Será que não podemos fazer nada para ajudar o coitado?
Voz- Ó de casa!
Inspetor- Não, mas vim justamente para isso. Soube que ele tem um relógio mágico e
gostaria de vê-lo. O coronel está?
Cleiton- Esta noite roubaram um ponteiro do seu tão estimado relógio ... (Mostra)
Inspetor- (Vê e se espanta exageradamente) Meu Deus, como alguém pode fazer uma
coisa dessas?
Vovô- Muito prazer, mas agora preciso ir até à cidade contratar um detetive para
investigar o roubo de um dos ponteiros do meu super-relógio.
Vovô- Obrigado, sr. Urucu Baca, nesse caso precisamos combinar os seus honorários ...
Inspetor- De maneira nenhuma! Tudo pelo bem da ciência. E vou começar a investigar
já! (Abre a mochila e pega uma lupa enorme e sai olhando tudo, muito desconfiado)
Vovô- O senhor fique à vontade, tenho muito serviço. Meninas, venham se vestir e
tomar café.
Todos saem. O inspetor fica a investigar tudo e a cada olhada diz: Muito suspeito...
Faxineira- Cruz credo, homem, pare com isso! Deixa eu fazer o meu serviço em paz.
Ela vai espanando e ele atrás. Ela muito desconfiada. Limpa logo e sai correndo. Ele
vai até a frente do palco e com a lupa diz para a plateia: Muito suspeito...
Mãe- Chato nada! Só queremos ver o tal relógio, afinal de contas, se ele pudesse te
remoçar uns 10 anos não seria nada mal...
As duas se assustam.
Inspetor- Então são vocês que estão tentando roubar o super relógio?
Tila- (Apavorada). Roubar? O senhor está maluco? Nós não roubamos nada!
Inspetor (Com ar importante). Eu sou o Inspetor Urucu Baca, contratado pelo senhor
Felício para desvendar o misterioso caso do relógio.
Inspetor- Não se façam de desentendidas. Vocês sabem muito bem do que estou
falando. É muito simples: vocês entraram aqui esta noite e levaram o ponteiro das horas
do relógio...
Inspetor- Silêncio! Vocês são as principais suspeitas. Vou comunicar o senhor Felício
agora mesmo. Senhor Felício! (Chamando)
Vovô- Elas? Oh, não, elas são minhas vizinhas, nos conhecemos há anos.... Elas seriam
incapazes de tal barbaridade.
Inspetor- Assim está bom. Vamos ver. (Olha um por um com a lupa, de cima em baixo,
anda em volta e passa para o outro, sempre resmungando. Ao chegar em Tila olha
mais demorado. Ela fia apavorada.)
Tila- Eu não roubei nada! Ai mãe, acho que vou desmaiar ... (Cai) Todos a socorrem.
Vovô- (Para a plateia). Tem algum médico aí? Por favor, é urgente!
Médico- Saiam todos, dêem espaço para que ela possa respirar. (Todos se afastam,
ficando perto só a mãe. Ele a examina e escuta o coração. Ouve-se um barulho
estranho)
Médico- Está com os nervos abalados e precisa descansar. Vamos levá-la para casa.
Médico- (Olhando-a apaixonado). É impossível uma criatura tão doce ter cometido um
crime...
Tila, que estava começando a acordar vê o médico e desmaia de novo. Ele ajuda a
levantar-se e saem devagar junto com a mãe.
Inspetor- (Para a mãe) A senhora é responsável por ela. Não saiam da fazenda. Estou
de olho em vocês!
Vovô- Acho que vou voltar aos meus afazeres. Se descobrir algo realmente importante
me chame. (Vai saindo)
Faxineira- Não sei, não.... Estou muito desconfiada desse inspetor. Para mim ele não é
inspetor coisíssima nenhuma!
Lavadeira- Se bem que ele teria bons motivos para roubar o relógio...
Faxineira- Que é isso, Zefa? Só porque a moça é solteirona? Não deu sorte no amor, ué!
Aninha- Tenho uma idéia. Seja lá quem for que roubou o ponteiro, deve vir buscar o
outro, pois com um ponteiro apenas não fará nada. É só o esperarmos e ...nhact!!
Faxineira- Não. Vamos nos esconder durante a noite aqui na sala. Quando ele for pegar
o ponteiro caímos todas em cima dele. O que acham?
Inspetor- Como eu ia lhe dizendo, acho melhor o senhor pedir para as crianças e as
empregadas não saírem do quarto esta noite, pode ser perigoso! Não sabemos com quem
estamos lidando...
Vovô- Obrigado pela sua preocupação. Vou falar com as crianças agora mesmo. Com
licença.
Sai. O inspetor anda de um lado para o outro, impaciente. Para em frente ao relógio,
olha atentamente.
Inspetor- O que eu vou fazer? Tenho que prender todos no quarto esta noite. (Sai
apressado)
Escurece a cena. Na ponta dos pés entram as crianças e as empregadas em fila, uma
atrás da outra. A última (lavadeira) tropeça fazendo barulho. Todas juntas olham para
trás e fazem o gesto de silêncio. Ela disfarça, sem graça. Andam pelo palco em fila e
vão se escondendo. Cada uma traz a sua arma. As crianças bonecas ou brinquedos; a
faxineira uma vassoura e a lavadeira uma bacia. Escondem-se. Alguém espirra.
Aninha- Sua anta! Já são quase 10 horas. Se o vovô nos descobre, adeus plano.
Silêncio.
Silêncio. Entra o inspetor do mesmo jeito do começo, com a máscara e a capa. Olha
para todos os lados. Vai até o relógio, depois até a frente do palco e dá uma
gargalhada para a plateia. Tira a máscara.
Inspetor- Enganei aqueles idiotas! Agora posso levar os outros ponteiros e todos vão
pensar que foi aquela solteirona boba! Fiz tudo direitinho, sou um gênio! Sou inspetor
coisíssima nenhuma.... Sou na verdade um grande ladrão de relógios. Já roubei relógios
de muita gente famosa, mas esse é especial! Com ele roubarei eternamente, pois nunca
vou ficar velho e morrer. (Gargalhada). Agora é a hora! (Procura na mala, joga um
monte de cacarecos para fora) Droga, esqueci a chave de fenda na cozinha. Vou pegar.
(Sai)
Faxineira- Prestem atenção. Assim que ele erguer o braço para pegar o ponteiro
levantamos e atacamos, certo?
Todos- Certo!
Inspetor- (Entrando todo alegre com a chave de fenda na mão). É agora! (Aproxima-se
do relógio. Ergue o braço. Todas ameaçam levantar, ele abaixa o braço e olha para
todos os lados. Todas escondem-se rapidamente. Esta cena repete-se mais 2 vezes. Na
4ª vez saem todas e começam a bater nele com suas “armas”. Ele grita).
Aninha- Seu sem-vergonha, agora você vai ver o que é bom para a tosse!
Inspetor- Não, parem! Eu entrego o outro ponteiro, mas por favor parem! Minha cabeça
está doendo.
Vovô- (Entrando de pijama e com uma espingarda na mão) Que barulheira é essa?
(Acende a luz)
Vovô- Inspetor??? (Espantado). Agora vai ver só! (Aponta a arma para ele)
Maria- Ele vai entregar o ponteiro que falta e seu relógio funcionará novamente.
Faxineira- Ele não é inspetor não, é ladrão de relógios, ou pelo menos era...
Inspetor – Não, eu não sou ladrão... (Tenta falar mas a Tila o interrompe)
Tila- Por isso me acusou, né? Para livrar a sua cara, seu canalha! (Vai bater nele, o
médico a segura)
Médico- (Segurando-a com carinho). Não ligue, querida, em breve você não será mais
solteirona... (Olham-se apaixonados)
Todos se entreolham- Não será mais solteirona???!!!
Médico- Não, em breve vamos nos casar. Me apaixonei por Tila à primeira vista. Ela é
demais! ...
Tila- E nem precisei usar o relógio para ficar moça e mais bonita, entendi que para amar
e ser amada basta ter coração!
Vovô- Vocês me deram uma lição. Eu sempre vivi preocupado em não envelhecer que
acabei esquecendo de viver, e estou feliz por descobrir isso! Tão feliz que nem vou
entregar o inspetor à polícia, afinal de contas, foi por ele que tudo aconteceu. (Para o
inspetor) O senhor pode ir embora, e vê se aprende a lição! Cleiton, me dê o ponteiro
roubado.
Todos aplaudem.
Assim que o vovô quebra o ponteiro o relógio perde o encanto e o menino começa a se
mexer e sai do relógio.
Inspetor: Meu netinho!!!!!!! (Os três se abraçam. Todos se olham sem entender nada)
Inspetor- Vou explicar. Na verdade, eu nunca fui ladrão. Sou um simples avô
atormentado procurando seu netinho, que há alguns foi encantado pela Cuca com o
feitiço das horas. Desde então nós invadimos casas e roubamos os relógios na esperança
de encontrá-lo. E hoje, graças ao seu gesto de quebrar o ponteiro desfez-se o encanto.
Obrigado coronel Felício! Vou devolver todos os relógios que eu já roubei!
Urubu- Eu estava com muita saudade do meu primo! Obrigado a todos vocês.
Tila- Senhor Felício, quero aproveitar a ocasião e convidá-lo para meu padrinho de
casamento ao lado de minha mãe...
Vovô- Puxa, obrigado pelo convite. Vamos fazer uma grande festa!!!!! O inspetor e
seus netos são nossos convidados!
Mãe - Então acho melhor irmos descansar para amanhã começarmos a preparar as
coisas.
Lavadeira- Eu também. Acho bom descansarmos bem porque teremos muito trabalho
pela frente.
As crianças comemoram.
Juninho – Claro!!!!
Todos saem. Ligeira pausa. Começa a tocar uma música de casamento e logo em
seguida a quadrilha.
FIM