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PLUFT CONTRA A CAPITÃ

PERNA DE PAU
Adaptação da obra Pluft, o fantasminha de Maria Clara Machado.

Texto: Régis Di Soller.

PERSONAGENS:
PLUFT: (FANTASMINHA BOM)
MÃE DE PLUFT
GERÚNDIA: (FANTASMA TIA DE PLUFT)
MARIBEL
JOÃO: (MARINHEIRO)
JULIÃO: (MARINHEIRO)
SEBASTIÃO: (MARINHEIRO)
PERNA DE PAU: (CAPITÃO)

XISPA: (PRIMA PESSIMISTA DE PLUFT)

CÍLIO AZUL (BRAÇO ESQUERDO DO CAPITÃO)

TRANÇA ROXA (BRAÇO DIREITO DO CAPITÃO)

(Os três marinheiros entram em cena. Observam o horizonte. Um deles reconhece um


lugar à frente. Os três caminham em direção à esse lugar e saem de cena).

Pluft – (entrando em cena) Mãe, mãe...

Mãe – (sentada lendo uma revista) Que foi, meu filho?

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Pluft – Gente existe?

Mãe – Claro, Pluft. Existe sim!

Pluft – Então... eu acho que eu vi! Lá embaixo! Eu vi três pessoas!

Mãe – Já falei pra não espiar pela janela!

Pluft – Desculpa, mas eu vi! São três!

Mãe – Eu devia te deixar de castigo!

Pluft – (assustado) Eu tenho medo de gente!

Mãe – Fantasma não tem medo de gente. Gente que tem medo de fantasma!

Pluft – É que eu sou um fantasma muito fofinho. Ninguém vai ter medo de mim. Eu que
vou ter medo de todo mundo!

Mãe – (brava) Ahh... Se eu seu pai fosse vivo, ia dar uma chinelada na sua bunda! Pare
de ser medroso!

Pluft – (assustado) Não, mãezinha (protege o bumbum).

Mãe – (plateia) Onde já se viu? Um fantasma com medo de gente!

Pluft – (alerta) Olha, mãe.

Mãe – O que, meu filho!

Pluft – (do sussurro para gritos histéricos) Tem gente aqui... tem gente aqui... tem gente
aqui... tem gente aqui...

Mãe – (tampando a boca de Pluft) Fica quieto, menino! Vamos nos esconder! (saem de
cena. Entram os três marinheiros cantando)

Marinheiros – “Bonança é um bom companheiro, Bonança é um bom companheiro...


Bonança é um bom companheiro... Ninguém pode negar!”

João – Pega o mapa, Julião!

Julião – Tá com ele!

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Sebastião – Tá com ele (aponta para ninguém. Pega o mapa do bolso).

Julião – Tá vendo alguma casa?

Sebastião – Não.

João – Tá de cabeça pra baixo!

Julião – (pegando o mapa) Me dá isso! É uma casinha branca, perto da praia. (tempo)
Um passo pra frente, um pra esquerda, um pra frente. Mais um pra frente. Outro pra
frente. E outro. E mais outro.

Sebastião – Deve ser aqui!

João – Pega a Luneta!

Julião – Luneta!

Sebastião – Luneta! (aponta para ninguém. Pega uma garrafa de água ao invés da
luneta) Tô vendo um mar calmo. Água muito limpa!

João – Isso não é a luneta, seu desastrado! (pega a luneta) É ali! Ali! Achei! Vamos!

Julião – Vamos!

Sebastião – (Olha para os lados e acompanha os amigos. Saem de cena)

Perna de Pau – (entrando em cena) Eu sou a Capitã Perna de Pau. (para a plateia) É
agora que vocês dizem “Uau”. (espera a reação da plateia) Chega! Eu raptei a neta do
Capitão Bonança. Ela sabe onde o tesouro está escondido. Há anos eu procuro o
tesouro!

Trança Roxa – (entrando em cena) Perna de Pau. Não consegui encontrar o tesouro!

Perna de Pau – Procurou direito?

Trança Roxa – Procurei sim!

Perna de Pau – (irritada) Procure melhor! (saem de cena)

Pluft – (entrando) Eu sabia! As pessoas são más! Que medo! Que medo! Que medo! (sai
de cena)

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Perna de Pau – (entrando com Maribel) Anda logo, sua chorona!

Maribel – Me solta, sua malvada!

Perna de Pau – Fica quieta, sua tagarela irritante! Senão vou tampar a sua boca! Fica
quietinha aqui. Eu acho que vi uma coisa... (sai de cena e esquece Maribel).

Maribel – João, Julião... Sebastião... Meus amigos, socorros!

Pluft – (entrando em cena) É gente! É gente! (toca o ombro de Maribel, que desmaia).

Mãe – Pluft , o que você fez?

Xispa – (entrando em cena) Pluft, você matou a menina!

Pluft – Eu matei?

Xispa – Aham!

Mãe – Não matou ninguém! Ela só desmaiou.

Xispa – Mas podia ter morrido, né tia? Vai saber!

Mãe – Xispa, você é muito pessimista! Vamos pegar um copo de água pra essa menina!

Xispa – Eu acho que a água gelada acabou. (saem de cena).

Maribel – (acordando) Quem é você?

Pluft – Você é gente?

Maribel – Sou. Você é fantasma?

Pluft – Sou. Mas tenho medo de gente.

Maribel – E eu de fantasma.

Pluft – Mas eu não sou mal. Eu sou bonzinho!

Maribel – Eu também! Me chamo Maribel.

Pluft – Eu me chamo Pluft.

Maribel – A Capitã Perna de Pau me sequestrou. Ela quer o tesouro que está escondido
aqui! Me ajuda!
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Perna de Pau – (fora de cena) Maribel! Não esqueci de você Maribel.

Pluft – A capitã doida! (sai de cena)

Perna de Pau – Muito estranho. Tem algo errado com esse lugar. Tá muito frio aqui!
(para Maribel) Vamos, sua remelenta. Preciso achar o tesouro. (saem de cena)

Mãe – (entrando) Cadê a menina, Pluft?

Pluft – A Capitã Perna de Pau levou! Ela quer roubar o tesouro que tá aqui!

Mãe – Precisamos chamar sua tia Gerúndia! Ela sabe como agir em situações difíceis!
(saem. Os marinheiros entram em cena)

João – Segundo o mapa, esse é o lugar!

Julião – Pobre Maribel!

Sebastião – Pobre Maribel! E o que a gente faz?

João – Vamos salvá-la! Avante!

TODOS – Avante! (cada um vai pra um lado. Depois, vão para a mesma direção).

Pluft – Tia Gerúndia! Preciso de ajuda!

Gerúndia – O que foi, Pluft?

Pluft – Uma menina está em perigo. Queremos ajudá-la.

Gerúndia – Então temos muito o que fazer. Mas primeiro, preciso comer! Não dá pra
salvar vidas de barriga vazia. A propósito... quem está em perigo?

Pluft – Maribel.

Gerúndia – O quê? A neta do capitão Bonança?

Pluft – Isso!

Gerúndia – Não acredito! Trabalhei com ele por muitos anos! Depois que eu me
aposentei da ópera, fui trabalhar no navio dele.

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Xispa – (entrando) Sem querer sem chata, mas temos que nos apressar! Tem três
pessoas entrando na casa.

Gerúndia – Pluft, vá fazer o lanche pra mim. Penso melhor de barriga cheia.

Xispa – Eu acho que acabou o pão! (saem de cena)

Maribel – Eu preciso me livrar dessa Perna de Pau e da Trança Roxa.

Trança Roxa – (entrando) Falando sozinha?

Maribel - Não te interessa!

Trança Roxa – Só vamos te deixar em paz, quando o tesouro aparecer!

Cílio Azul – (entrando) Você sabe onde a Perna de pau tá?

Trança Roxa – Não tenho ideia.

Cílio Azul – A gente precisa achar esse tesouro. Tô ficando com medo desse lugar!

Trança Roxa – Eu também!

Maribel – Esse lugar é mal assombrado! Vocês não sabiam?

Cílio Azul – Pare de besteira, menina! Nem pense em sair daqui. Nós trancamos todas
as portas! Vamos achar esse tesouro! (saem)

Julião – (entrando) Vejam! O que é aquilo?

João – Parece um baú!

Sebastião – Vamos abrir! (os três abrem o baú).

TODOS – (espantados) É o tesouro do Capitão Bonança!

João – Estamos ricos!

Julião – Muito ricos!

Sebastião – Exageradamente muito ricos!

João – Precisamos tirar esse tesouro daqui, antes que a Perna de Pau e as piratas o
encontrem! (pegam o baú e saem de cena).

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Perna de Pau – Pelas barbas do Capitão Gancho! Tem algo muito errado acontecendo
aqui! Alguém está tentando me assustar! Mas eu não tenho medo de nada.

(Pluft e Gerúndia entram em cena)

Pluft – É ela tia! É ela que sequestrou a Maribel!

Gerúndia – Vamos executar o plano! (sobram na direção de Perna de Pau)

Perna de Pau – Por mil tubarões! Que arrepio é esse? (sopram novamente) Pelas barbas
de Netuno. Da onde vem esse vento? As janelas estão fechadas, as portas também!
(tempo) Tá escurecendo! (acende a lanterna, mas Pluft apaga) Agora nem a lanterna
acende! (tira uma espada) Quem tá aí? Apareça e lute, se tiver coragem!

Julião – (fora de cena) Mais força!

Pluft – Tem mais gente, tia!

Gerúndia – Calma, Pluft. São os amigo de Maribel!

(os marinheiros esbarram na Perna de Pau)

Perna de Pau – (risada maldosa) Então vocês acharam que poderiam enganar a “Grande
Capitã Perna de Pau?” (risada maldosa).

TODOS – Capitã Perna de Pau.

Perna de Pau – “en garde”.

Sebastião – O quê?

Perna de Pau – Significa “em guarda”. Vamos duelar.

João – Vai você.

Julião – Vai o Sebastião.

Sebastião – Tô com dor de barriga, vai você.

Perna de Pau – Quer saber? Por que não vem os três? (tempo) Eu vou derrotar vocês, e
depois (tempo e risada maldosa)... vou pegar o tesouro e jogar Maribel aos tubarões!

(Cílio Azul e Trança Roxa entram com Maribel)

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TODOS – Isso nunca!

Maribel – Tenham cuidado.

Pluft – Se eu fosse vivo, eu ia morrer de medo!

Mãe – Pare de ser medroso, Pluft.

Cílio Azul – Quem disse isso?

Maribel – Foi o Pluft e a mãe dele.

Trança Roxa – Por mil tubarões! Tem fantasmas aqui!

MARINHEIROS – Fantasmas!

Maribel – Calma! São meus amigos! Pluft, a mãe dele, a Xispa e a Gerúndia são
fantasmas, mas são bonzinhos.

Cílio Azul – Eu nunca ouvi falar em fantasma bonzinho!

Trança Roxa – Eu também não! (saem correndo)

Perna de Pau – Onde vocês vão, suas covardes? Voltem aqui. Não me deixem sozinha
com esses esquisitos! (tempo) Eu ein! (sai correndo).

Mãe – Não precisam ter medo de nós!

Xispa – Temos bom coração!

Gerúndia – Espantar a Perna de Pau e sua gangue me deu uma fome!

Pluft – Me deu fome também!

Mãe – Então eu vou fazer uma deliciosa macarronada!

MARINHEIROS – (passam a mão na barriga)

Xispa – Eu acho que acabou o macarrão! (os marinheiros lamentam)

Maribel – Pluft, obrigado por me ajudar, mesmo sem me conhecer!

Pluft – Obrigado por não ter medo de mim! Obrigado por mostrar que existem pessoas
boas, como você e seus amigos!

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Maribel – E como você e sua família! Afinal, agora vocês também são meus amigos!

Mãe – Então viva a amizade!

TODOS – Viva!

(Música ao fundo. Todos os personagens vão até o proscênio para agradecer o público.
Fim do espetáculo).

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