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Por mais que a estética das paisagens de Paul Cézanne lembre ou se assemelhe à do
impressionismo, por meio de pinceladas marcadas muito características nas pinturas do
movimento, o artista opta por distanciar-se do impressionismo.
Cezanne, por sua vez , buscava não atacar os sentidos do observador, mas sim, ser fiel
à natureza. Porém, o artista procurava essa representação de forma não convencional.
Ao invés de representar uma janela da realidade, o artista propunha-se a se aproximar da
imaginação e da abstração que a acompanha.
Cabe mencionar tambem que era contra as técnicas da escola barroca que exigiam
pacientes rachuras e valorizavam a representação do movimento através de precisos
toques justapostos. Em resumo, não era adepto ao realismo clássico.
As paisagens de Cezanne são, por exemplo, semelhantes àquelas que me vem à
cabeça quando penso no quintal de casa. Não consigo reproduzir, em minha mente, uma
imagem precisa de todos os elementos lá presentes, porém, isso não deixa de ser uma
reprodução da realidade, uma vez que me lembro de uma quantidade significativa de
elementos, como cores e alguns objetos específicos. Cézanne buscava transmitir, em
suas obras, esta abstração da realidade, enquanto os impressionistas procuram uma
apresentação menos fiel à realidade e mais idealizada.
Enquanto a pintura impressionista foge de tons terrosos e escuros, de contornos bem
marcados Cezanne não hesitava ao utilizar tais elementos. O pintor buscava retratar
objetos passando a sensação de solidez ao iluminá-los surdamente em seus interiores,
conforme afirma o filósofo Merleau-Ponty em “A Dúvida de Cézanne”. O texto menciona a
extrema ansiedade e falta de auto confiança que acompanhou o artista em, pelo menos,
grande parte de sua trajetória. Em uma fase de sua vida, Cezanne encontrava-se em uma
espécie de reclusão social, que ocorreu em decorrência de todos os problemas
psicológicos que enfrentava. Merleau-Ponty mostra a sensibilidade do pintor, que buscava
na natureza um refúgio e ,talvez por isso, procurasse sempre representá-la baseando-se
no que ela realmente é.
É muito comum nas artes que, a partir da insatisfação de artistas acerca de determinados
elementos de um movimento, venham a existir vertentes que, enquanto se assemelham à
estética do movimento original, em um determinado ponto, se afastam completamente de
alguns de seus padrões, criando assim, um novo movimento. Este é o caso da obra de
Cézanne.