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Enrique Metinides e As Tragédias No Cotidiano - by Alexandre Maia - O Conta-Fios - Medium
Enrique Metinides e As Tragédias No Cotidiano - by Alexandre Maia - O Conta-Fios - Medium
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29/11/2020 Enrique Metinides e as tragédias no cotidiano | by Alexandre Maia | O Conta-Fios | Medium
Enrique Metinides
Tendo suas fotos publicadas desde os 11 anos, El Niño, como era chamado pelos
fotojornalistas mais velhos, já registrou variados motivos dentro das chamadas bloody
news (notícias sangrentas, ou no original mexicano, nota roja): acidentes de carro e de
avião, incêndios, eletrocução… Segundo ele, em depoimento à Vice Portugal, todos os
dias de seus 50 anos de carreira ocorreram acidentes, e ele já clicou ocorrências mais
impressionantes que as que se pode imaginar. Segundo conta, seu interesse por tais
temas vem desde que seu pai, que possuía uma loja onde vendia câmeras e revelava
filmes, lhe deu uma câmera e uma bolsa cheia de rolos. Com essa câmera, uma Brownie,
o garoto de 10 anos começou a clicar acidentes de carro pelo centro da Cidade do
México, onde mora e trabalha até hoje, e assim começou a ter, ainda novo, suas
primeiras visões de corpos e assassinos.
O grande motivo porque sou fã dele, porém, não são as ocorrências em si que já foram
fotografadas por ele, e sim suas fotografias, que já mereceram até exposições no México
e países como Inglaterra, Espanha e até na disputadíssima Nova York. Suas fotos têm um
senso de composição apurado, que demonstram uma certa tensão de cena, mas com a
tranquilidade do fotógrafo acima de tudo, tratando de registrar o fato sem descuidar-se
de mostrar a história e seu contexto. Disse Trisha Ziff, que fez a curadoria de fotos para o
livro 101 Tragedias de Enrique Metinides: “As fotografias de Metinides são criadas com
precisão e estilo cinematográficos, mas sua compaixão pelas vítimas nunca está longe.
Ele sente uma responsabilidade moral profunda para com aqueles deixados para trás.”.
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29/11/2020 Enrique Metinides e as tragédias no cotidiano | by Alexandre Maia | O Conta-Fios | Medium
Em suma, não são fotografias nervosas, e sim registros muito bem feitos da falibilidade
humana.
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Cidade do México, 19/set/85: O Hotel Regis, no centro após o terramoto de 1985. O hotel
era perto da loja que meu pai anos tinha anos antes, quando ele me deu minha primeira
câmera. Não apenas o hotel entrou em colapso, como também lojas, restaurantes e
salões de cabarés nas proximidades, bem como o prédio Salinas y Rocha. Você pode ver
a Torre Latinoamericano em segundo plano.
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Colonia Doctores, Niños heroes, Cidade do México, 1966: Esta mulher não tinha dinheiro
para comprar um caixão para seu filho, que havia morrido quando um ônibus passou
por cima dele. Ela foi a uma loja de caixão perto do hospital e comecei a orar e implorar,
gritando por ajuda. Depois de algum tempo, ela estava cercada por pessoas, que
perguntaram o que aconteceu. Juntas, cada uma dessas pessoas deu um pouco de
dinheiro para ajudá-la. Com isso e um desconto do fabricante de caixões, ela foi capaz de
comprar um caixão e enterrar seu filho com alguma dignidade. Ela teve que caminhar
nove quilômetros com o caixão para sua casa.
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Parque Chapultepec, Cidade do México, 1995: Uma jovem chora enquanto sentada ao lado
de seu namorado, que tinha sido morto em um assalto que deu muito errado. Parece que
ele está dormindo.
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Estrada para Queretorro, set/67: Funcionários da Cruz Vermelha seguram uma jovem,
que estava a caminho de uma festa, da cena de um acidente.
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29/11/2020 Enrique Metinides e as tragédias no cotidiano | by Alexandre Maia | O Conta-Fios | Medium
Cidade do México, 29/abril/79: Adela Legarreta Rivas era uma jornalista mexicana. Ela
tinha uma conferência de imprensa no mesmo dia em que apresentaria seu mais recente
livro. Ela tinha ido ao salão de beleza naquela manhã, onde fez seu cabelo e unhas. No
caminho do salão de beleza para sua casa, ela foi morta, atropelada por um Datsun
branco na Avenida Chapultepec. Esta fotografia não foi a publicada no dia seguinte nos
jornais. Muitas vezes, as fotografias que mais tarde passaram a se tornar importantes
não foram as escolhidas pelos editores para o jornal.
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Caso seja do interesse de algum leitor, o livro 101 Tragedias de Enrique Metinides da
editora Aperture pode já ser adquirido aqui no Brasil em várias lojas.
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