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Autor:
Prof. William D’andrea Fonseca, Dr. Eng.
5 de outubro de 2022
Sumário
Sobre o documento 1
1 Introdução 2
1.1 Transdutores eletroacústicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Alto-falantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
2 Princípios 4
2.1 Um pouco de história . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.2 Alguns problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.3 Fundamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.3.1 Propagação da onda sonora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.3.2 Impedância mecânica e acústica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.4 O alto-falante a bobina e cone móvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.4.1 A resposta combinada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.4.2 Equivalentes mecânicos, analogia com a elétrica . . . . . . . . . . . . 15
2.5 Cargas resistivas, reativas e suas potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.6 Valor eficaz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.6.1 Circuito R–R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.6.2 Circuito R–C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.6.3 Circuito R–L . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.6.4 Analogia eletroacústica e o conceito de Fator de Intensidade . . . . . . 26
2.7 Reprodução sonora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Referências bibliográficas 29
i
Sobre o documento
Este é um documento em desenvolvimento pelo Professor William D’Andrea Fon-
seca para auxílio no estudo da disciplina de “EAC 1026 - Caixas Acústicas” do curso de
Engenharia Acústica da UFSM. Ele contém:
1
1 Introdução
O estudo de caixas acústicas e alto-falantes é uma tarefa complexa devido a quantidade
de temas e princípios distintos envolvidos. Desde os fundamentos da equação da onda até
os sofisticados modelos numéricos.
1.2 Alto-falantes
Alto-falante1 é um transdutor que converte energia elétrica em energia mecânica, que
é convertida em energia acústica, que por sua vez, é radiada até atingir os sistema auditivo.
2
1.2. Alto-falantes 3
4
2.1. Um pouco de história 5
(d) Ernst Wener von Siemens (e) Sir Oliver Joseph Lodge
Figura 2.1: Pioneiros do alto-falante: Rice e Kellog (acima); Ernst Wener von Siemens e Sir
Oliver Joseph Lodge (abaixo).
SPL (dB)
Gilbert Briggs, fundador da Wharfde-
dal Loudspeakers, escreveu em seu livro de
A
1955 que a construção de um alto-falante
para operação entre 80 Hz a 8 kHz é relati-
vamente simples, porém, ao estender essa
faixa de frequências para 30 Hz a 15 kHz,
problemas surgirão como: ineficiência em
baixas frequências devido à baixa resistên-
f [Hz]
cia radiação; enquanto que a massa do sis-
20 30 80 8k 15k 20k
tema vibrante reduz a eficiência em altas
Figura 2.2: Faixas de frequência discutidas frequências.
por Gilbert Briggs em 1955 (faixa O problema relativo às baixas foi (e
audível em amarelo). continua sendo) que como o cone está se
movendo relativamente devagar, o ar em
contato com ele se mantém em movimento
“fora do caminho” e retorna somente quando o sentido do cone é revertido. Desse modo,
ondas sonoras relativamente fracas e de baixa eficiência são propagadas. Os únicos modos
Capítulo 2. Princípios 6
Figura 2.4: Radiola Model 104 (1925), um dos primeiros “alto-falantes” (ou loudspeaker).
2.3 Fundamentos
Ondas acústicas são essencialmente pequenas mudanças no meio em que uma onda
se propaga a uma velocidade finita. No caso de alto-falantes, a fonte é o movimento do
diafragma e, desse modo, o estudo sobre a propagação sonora se inicia por um radiador
simples (ou diafragma simplificado).
Figura 2.5: Geração e propagação de onda sonora dentro de um tubo uniforme (retirado
de Borwick [1]).
Pistão Vibrante a
Figura 2.6: Pistão circular e vibrante de raio a (Ponto A no eixo e Ponto B fora do eixo).
Considere a Figura 2.6, o som das diferentes partes do pistão chegam substancial-
mente em fase no Ponto A (no eixo). No Ponto B, fora do eixo, o caminho de propagação
difere consideravelmente, logo obtendo um espectro diferente do Ponto A. Os efeitos de in-
terferência fora do eixo dão origem as direcionalidades na Figura 2.7. No entanto, diferente
do pistão da Figura 2.6, alto-falantes montados em caixas, diretamente radiando em um
recinto (isto é, sem a utilização de cornetas), não acoplam efetivamente com o ar. O cone
encontra “empurrando” o ar, com grande parte de sua carga potencial sendo perdida em
2.4. O alto-falante a bobina e cone móvel 11
Observe que na Figura 2.7 a direcionalidade de um pistão circular vibrante devido aos
efeitos de interferência fora do eixo (off-axis) em diferentes frequências. Note que o lóbulo
principal fica mais delgado com o aumento da frequência.
Figura 2.7: Direcionalidade de um pistão circular vibrante para diferentes valores de ka.
Quando o som propaga da bobina através do material do cone (de forma radial a
sua frente), as diferentes velocidades do som podem causar interferências entre as ondas
sonoras trafegando até a borda do cone e a radiação frontal no ar (gerada pelo movimento
de pistão do cone alimentado pela bobina). Ressonâncias também podem aparecer dentro
do próprio cone. Uma das tarefas da suspensão na borda do cone é absorver ondas que se
propagam radialmente no material do cone, de modo a prevenir que elas sejam refletidas
de volta e causem mais interferência.
1A dica é lembrar que nessa analogia, no desenho, “molas mecânicas” são como “molas indutores” (lem-
brando que o indutor parece uma mola, quando desenhado).
Capítulo 2. Princípios 14
Velocidade do diafragma
Frequência fundamental
de ressonância
Figura 2.9: Demostração gráfica da resposta plana acima da frequência de ressonância para
um pistão idealizado no sonofletor infinito (para o Ponto A no eixo).
bobina
corrente força pressão
resistência reatância
rigidez massa
fonte de
tensão Bl:1 1:S
1
resist. carga de
radiação
equivalente é um resistor em série com o indutor e o capacitor, desse modo, a corrente que
flui produzirá calor e amortecerá a oscilação.
Figura 2.11: Circuitos equivalentes mecânicos para LC e RLC (a seta indica a troca de
energia) [1].
R t2
Lembrete: o Efeito Joule é dado por Q = R t1 i2 dt, em que Q é o calor gerado por uma
corrente i. Para corrente constante tem-se que Q = R ∗ I 2 ∗ t, em que t representa o tempo.
(a) R–R
(b) R–C
(c) R–L
2. Condições iniciais
f
= 1 kHz
R1 = R2 = 100Ω
√
v(t) = (10 2 ) cos(2π f t + 0◦ ) (2.4)
Vpk ≈ 14, 14 0◦
Vrms = 10 0◦
• P = Irms
2 ·Z = I 2
rms · Vrms = Vrms /Z
• Voltando ao problema...
Se Irms = 0, 05 0◦ A e Irms = 10 0◦ V, logo
= 100 · 0, 05 = 5 V(rms) e
VAB
VBC = 100 · 0, 05 = 5 V(rms) ou (2.7)
= R2 · R1V+ACR2 (divisor de tensão) .
VBC
Assim,
(VAB-rms )2 52
25
P = · cos(θ = 0◦ ) = ·1 = = 0, 25 watt
1
R1 100 100
(2.8)
)2 52
(VBC-rms 25
· cos(θ = 0◦ ) = = 0, 25 watt
P2 = ·1 =
R2 100 100
e também
2 · R = (0, 05)2 · 100 = 0, 25 watt
P1 = Irms
(2.9)
P2 = Irms · Vrms = (0, 05) · (5) = 0, 25 watts .
A reatância capacitiva é
1 1
Xc = = ≈ 99, 47 Ω ≈ 100 Ω . (2.10)
2π f c 2π · 1000 · 1, 6 · 10−6
Assim,
Ztotal = ZR + Zc ≈ 100 − j 100 Ω
VAC-rms
= VAB-rms + VBC-rms
(2.12)
VAB-rms = VR = R · Irms
= Vc = Zc · Irms
VBC-rms
então
10 = Ztotal · Irms
(2.13)
Irms = 10/(100 − j 100) .
p
√ Logo, o valor exato seria | Z | = 1002 + 99, 472 ≈ 141, 05 Ω ou ainda aproximado
1002 + 1002 ≈ 141, 42 Ω. O ângulo é então
−0, 7828 rad
X
θ = arg ( Z ) = arctan ≈ . (2.15)
R −44, 85◦
e a tensão no capacitor é
VC-rms = Zc · Irms = (− j 100)(0, 05 + 0, 05 j)
. (2.18)
VC-rms ≈ 5 − 5 j ≈ 7, 07 −45◦ V
VAC-rms = VR + VC ≈ (5 + 5 j) + (5 − 5 j) = 10 V . (2.19)
VR-rms-horizontal ≈ 7, 01 · cos(45◦ ) ≈ 5
(2.20)
VR-rms-vertical ◦
≈ 7, 01 · sen(45 ) ≈ 5
e
≈ 7, 01 · cos(−45◦ ) ≈ 5
VC-rms-horizontal
. (2.21)
VC-rms-vertical ≈ 7, 01 · sen(−45◦ ) ≈ −5
Parte real = 5 + 5 = 10
Parte imaginária = 5 − 5 = 0 . (2.22)
VAC-rms = 10 V
2.6. Valor eficaz 23
J E (energia) J Q (carga) C
W= , V= , A= , (2.24)
s Q (carga) C t (tempo) s
logo
J C J
VA = · = (2.25)
C s s
assim como em W. Observação: o SI não reconhece o VA, mas ele é comumente usado.
. (2.28)
P 2 · R = V · I · cos( ϕ )
= Irms
p
|S| = P2 + Q2
ϕR = 45[VR ] − 45[ I ] = 0◦
= Vrms · Irms · cos(ϕ) ≈ 7, 07 · 0, 0709 · cos(0◦ ) ≈ 0, 5 W
P
R
2 · R · cos( ϕ ) ≈ (0, 0709)2 · 100 · cos(0◦ ) ≈ 0, 5 W . (2.30)
PR = Irms
= Vrms · Irms · sen(ϕ) ≈ 7, 07 · 0, 0709 · sen(0◦ ) = 0 VAr
Q
R
| {z }
=0
No capacitor temos
ϕC = (−45[VC ]) − 45[ I ] = −90◦
PC = Vrms · Irms · cos(ϕ) ≈ 7, 07 · 0, 0709 · cos(−90◦ ) = 0 W
, (2.31)
PC 2 · R · cos( ϕ ) ≈ (0, 0709)2 · 100 · cos(−90◦ ) = 0 W
= Irms
2 /X · cos( ϕ ) ≈ (7, 07)2 /100 · cos(−90◦ ) = 0 W
PC = Vrms
C
ou seja, toda potência real é dissipada no resistor. No entanto, vamos ver a potência reativa
QC = Vrms · Irms · sen(ϕ) ≈ 7, 07 · 0, 0709 · sen
(−90◦ ) ≈ −0, 5 VAr
. (2.32)
| {z }
=−1
C = Irms · R · sen( ϕ ) ≈ (0, 0709) · 100 · sen(−90 ) = −0, 5 VAr
2 2 ◦
Q
Nesse circuito simples, toda a potência reativa está no capacitor (elemento reativo). Ainda,
se fizermos
2
S = Irms · ZT ≈ (0, 0709)2 · (100 − 100 j) ≈ 0, 5[W] − j 0, 5[VAr] ≈ 0, 707 −45◦ VA .
(2.33)
Logo, FP= 0, 5/0, 707 ≈ 0, 707.
2.6. Valor eficaz 25
A reatância indutiva é
ZL ≈ j 100 Ω . (2.35)
Assim,
Ztotal = ZR + ZL ≈ 100 + j 100 Ω
VAC-rms = VAB-rms + VBC-rms (2.36)
I
= IR = IL
então
10 = Ztotal · Irms = (100 + j 100) · Irms
(2.37)
Irms = 10/(100 + j 100) ≈ 0, 05 − 0, 05 j A ≈ 0, 0707 −45◦ .
(2.38)
VL-rms = XL · Irms = (100 j)(0, 05 − 0, 05 j) ≈ 5 − 5 j ≈ 7, 07 +45◦ .
Capítulo 2. Princípios 26
QR = VAB-rms · Irms · sen(−45 − (−45)) = 0 VAr
| {z }
0◦ ⇒ 0
= VL-rms · Irms · sen(+45 − (−45)) = 0, 5 VAr
QL
| {z }
90◦ ⇒ 1
= Irms · ZT = (0, 0707)2 · (100 + j 100) ≈ 0, 5 + 0, 5 j VA = 0, 707 +45◦ VA ,
S
(2.39)
o sinal positivo em Q indica circuito indutivo.
V (tensão) =⇒ P (pressão)
I (corrente) =⇒ U ou Q (vel. de part. ou volume*)
, (2.40)
Ze (impedância) =⇒ Za (impedância)
P (potência) =⇒ I (intensidade acústica)
com isso, podemos usar e adaptar as ferramentas já estudadas. O Fator de Potência (elé-
trico, FP) seria Fator de Intensidade (acústico, FI= cos(ϕ)), veja a Figura 2.16 . Assim, na
acústica ϕ é a diferença de fase entre pressão e velocidade de partícula. Logo, tem-se que a
intensidade complexa é
3. O FI quanto mais perto de UM mais teremos a parte ativa (ou real) da intensidade
sonora complexa, e, em consequência, possivelmente estaremos no campo distante.
2.6. Valor eficaz 27
Elétrica Acústica
Potência aparente
P
Pot. ativa
Int. ativa
P IRe
Figura 2.16: Relação entre potência parente e potência ativa (elétricas) e intensidade acús-
tica complexa e ativa (em analogia com a Ruffles).
Podemos ainda conectar alguns conhecimentos de PDS nesse contexto. Para um SLIT
(Sistema Linear Invariante no Tempo) temos que
P( f ) = Z ( f ) · Q( f ) , (2.43)
Pa· s Rayl
P( f )
Z( f ) = em = . (2.44)
Q( f ) m3 m2
F{ z ( t ) ou r• (t)} = Z ( f ) = R( f ) + j X ( f ) (2.45)
logo
assim,
Pa· s
P( f )
Za,e ( f ) = em = Rayl · (2.48)
U( f ) m
De modo semelhante
F{ ze ( t ) ou re • (t)} = Ze ( f ) = Re ( f ) + j Xe ( f )
(2.49)
F−1 { Z ( f )} = z (t)
e e ou re • ( t ) .
[2] William D’Andrea Fonseca. Beamforming Considering Acoustic Diffraction over Cylin-
drical Surfaces. Dissertação de doutorado, Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, SC, Brasil, Maio 2013. ISBN 978-8591677405.
(Citado na página 1)
29