Você está na página 1de 10

Reciclagem de pavimentos com adição de cimento Portland: Proposição de

um método de dosagem
Jorge Augusto Pereira Ceratti, Washington Peres Núñez, William Fedrigo,
Thaís Radünz Kleinert, Ângela Gaio Graeff, Luiz Carlos Pinto da Silva Filho
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Everton Cesar Souza, Guilherme Sampaio Gonçalves, Paulo Machado Filho
ECO101/ECORODOVIAS

Resumo
A reciclagem profunda com adição de cimento Portland é uma técnica de recuperação
estrutural e funcional de pavimentos empregada há muitos anos no país, devido a vantagens
técnicas, econômicas e ambientais. Contudo, a difusão mais ampla da técnica esbarra na
carência de normas e procedimentos nacionais, o que resulta na adoção de variados critérios
nos projetos que incluem reciclagem com cimento, o que pode comprometer sua eficácia.
Neste contexto, desenvolveu-se uma ampla pesquisa cujo objetivo foi desenvolver um método
de dosagem de misturas recicladas com cimento, considerando os principais materiais de base
usados em pavimentos brasileiros. No presente artigo é apresentado o programa experimental
de pesquisa, assim como os resultados de ensaios de comportamento mecânico (erodibilidade,
resistência à compressão simples e à tração por compressão diametral) e volumétrico (retração
por secagem, absorção, expansão e ascensão capilar) de misturas compostas de fresado
asfáltico, diferentes materiais de base (brita graduada simples, brita graduada tratada com
cimento e solo-cimento) e cimento. Globalmente, conclui-se que o método de dosagem de
materiais estabilizados com cimento da Austroads pode ser usado como modelo para um
método de dosagem para a reciclagem de pavimentos com adição de cimento, sendo
necessárias pequenas complementações ou adaptações.
Palavras-chave: pavimentos, reciclagem, cimento, dosagem.

Abstract
Full-depth reclamation with Portland cement (FDR-PC) is a technique used for structural and
functional rehabilitation of pavements and has been used in Brazil for many years, especially
because its technical, economical and environmental advantages. However, a larger diffusion
of the technique has been inhibited by the lack of national standards and procedures, resulting
in the adoption of different design criteria, which sometimes leads to a low efficiency of the
FDR-PC. In this context, an extensive research was carried out with the objective of
developing a mix design method for FDR-PC mixtures containing base materials typically
used in Brazil. This paper presents the employed experimental design, as well as the tests
results of mechanical (erodibility, unconfined compressive strength and indirect tensile
strength) and volumetric (drying shrinkage, absorption, swell and capillary rise) behavior of
mixes made of reclaimed asphalt pavements, different base materials (graded crushed stone,
cement-treated crushed stone and soil-cement) and cement. Generally, it can be concluded
that the Austroads mix design method for cement-stabilized pavement materials may be used
as a model for the development of a mix design method for FDR-PC, being necessary only a
few additions or adaptations.
Key-words: pavements, recycling, cement, mix design.
1 Introdução
Nos últimos anos, o desenvolvimento econômico e a marcada predominância do
modal rodoviário ocasionaram uma crescente demanda das rodovias, com aumento tanto do
número de veículos que as trafegam quanto das cargas que estes transportam. Em resposta,
têm-se dimensionado pavimentos flexíveis com revestimentos asfálticos cada vez mais
robustos. Embora isto possa assegurar ao pavimento uma longa vida de fadiga, aumentam os
riscos de rupturas por cisalhamento, como afundamentos nas trilhas de roda e trincas de cima
para baixo. Isto também reflete em maior custo e consumo de recursos naturais não
renováveis, não sendo considerada uma prática sustentável.
Além de gerar a necessidade de se dimensionar revestimentos mais espessos, o
aumento das solicitações do tráfego também ocasiona a degradação precoce destes
pavimentos. Assim como a construção de novos pavimentos com revestimentos robustos, as
práticas tradicionais de restauração rodoviária, como recapeamentos, são igualmente
onerosas, causam impactos ambientais e nem sempre proporcionam o desempenho esperado.
Entretanto, pavimentos devem ser dimensionados, construídos e restaurados para
durar. Assim, observa-se que nos países com avançada tecnologia em pavimentação é usual a
inclusão de camadas artificialmente cimentadas nos pavimentos, com os pavimentos flexíveis
dando lugar a pavimentos semirrígidos ou invertidos.
Nesta perspectiva, a reciclagem profunda de pavimentos com adição de cimento
Portland aparece como uma alternativa às intervenções tradicionalmente utilizadas na
restauração de pavimentos, principalmente pelo fato da técnica gerar uma base rígida,
resistente e durável, pela rapidez executiva e pela preservação ambiental. A técnica
proporciona a reconstrução parcial do pavimento através da reutilização dos materiais de
camadas existentes (geralmente, o revestimento e a base) após sua estabilização com cimento.
No Brasil, a reciclagem de pavimentos com cimento vem sendo aplicada há algumas
décadas; entretanto, a documentação técnica para orientar a realização deste tipo de serviço é
escassa. Este fato acaba por se tornar um limitador ao pleno emprego da técnica e faz com que
perdurem dúvidas acerca de seu uso.
Dentre as lacunas deixadas pela documentação nacional, destaca-se a inexistência de
um procedimento de dosagem de misturas recicladas com cimento, o que resulta na adoção de
variados métodos e critérios nos projetos de misturas recicladas, às vezes, comprometendo
sua eficácia. Deste modo, fica explícita a necessidade de desenvolver-se um método para
dosagem e, assim, proporcionar ao meio técnico um procedimento que seja, simultaneamente,
exequível e qualificado, do ponto de vista científico.
Essa pesquisa foi conduzida a fim de estabelecer as bases para a proposição de um
método de dosagem para a reciclagem profunda de pavimentos utilizando cimento Portland.
Para isso, foi desenvolvido um amplo programa experimental, baseando-se no método de
dosagem da Austroads para materiais estabilizados com cimento.

2 Programa experimental
O programa experimental foi elaborado para avaliar a aplicabilidade do método de
dosagem da Austroads para materiais de pavimento estabilizados com cimento (Austroads,
2002) para misturas compostas de materiais brasileiros, a fim de estabelecer um método de
dosagem de reciclagem profunda de pavimentos com adição de cimento Portland.
Os ensaios realizados no presente estudo são divididos em dois grupos: caracterização
mecânica e volumétrica. A caracterização mecânica é composta por ensaios de resistência à
compressão simples (DNIT, 1998), resistência à tração na compressão diametral (DNIT,
2010) e erodibilidade (RTA, 1994). A caracterização volumétrica compreende os ensaios de
ascensão capilar, absorção e expansão (STANDARDS AUSTRALIA, 1996) e retração por
secagem (STANDARDS AUSTRALIA, 1992).
As variáveis independentes consideradas foram: teor de cimento (2, 4 e 6%, em
massa), porcentagem de fresado (20% e 50%), tipo de material de base (brita graduada
simples, BGS; brita graduada tratada com cimento, BGTC; e solo-cimento, SC) e tempo de
cura. A energia de compactação empregada foi equivalente à Modificada do ensaio de Proctor
e foram empregados diferentes tempos de cura, de acordo com cada ensaio (apresentados
juntamente com os resultados). As curvas granulométricas das misturas (fresado + base)
foram enquadradas nos limites propostos para reciclagem com cimento pela Wirtgen (2012).

3 Resultados
Nesta seção são apresentados os resultados do programa experimental executado.
Salienta-se que não foi realizada uma análise dos resultados detalhada, já que esse não é o
objetivo principal deste artigo. Uma análise adequada dos resultados pode ser verificada em
Fedrigo (2015) e Kleinert (2016). Além disso, alguns resultados de misturas contendo BGTC
e SC foram obtidos a partir de modelos de regressão desenvolvidos por Kleinert (2016).
Os resultados de resistência à compressão simples (RCS), resistência à tração na
compressão diametral (RCD) e erodibilidade são apresentados nas Tabelas 1, 2 e 3,
respectivamente. Nas Tabelas 4, 5, 6 e 7 podem ser observados os resultados de ascensão
capilar, expansão, retração por secagem e absorção, respectivamente.

Tabela 1. Resultados de resistência à compressão simples (MPa)


Teor de Porcentagem Tempo de cura (dias)
Material de
cimento de fresado
base 3 7 14
(%) (%)
BGS 2 20 2,33 2,65 3,14
BGS 2 50 1,61 2,63 2,65
BGS 4 20 3,35 4,77 6,08
BGS 4 50 2,61 4,43 4,83
BGTC 2 20 1,33 2,47 2,51
BGTC 2 50 1,27 1,89 2,04
BGTC 4 20 2,95 3,57 3,72
BGTC 4 50 2,62 3,18 3,09
BGTC 6 20 4,76 5,38 5,53
BGTC 6 50 3,81 4,44 4,59
Solo-cimento 2 20 2,41 2,91 3,17
Solo-cimento 2 50 1,67 2,29 2,44
Solo-cimento 4 20 3,35 3,97 4,12
Solo-cimento 4 50 2,07 2,64 3,52
Solo-cimento 6 20 5,16 5,78 5,93
Solo-cimento 6 50 4,22 4,84 4,99
Tabela 2. Resultados de resistência à tração por compressão diametral (MPa)
Teor de Porcentagem Tempo de cura (dias)
Material de base cimento de fresado
(%) (%) 3 7 14
BGS 2 20 0,48 0,48 0,70
BGS 2 50 0,34 0,42 0,51
BGS 4 20 0,78 0,9 1,00
BGS 4 50 0,65 0,74 0,79
BGTC 2 20 0,29 0,33 0,51
BGTC 2 50 0,21 0,34 0,39
BGTC 4 20 0,41 0,59 0,75
BGTC 4 50 0,32 0,54 0,59
BGTC 6 20 0,62 0,82 1,02
BGTC 6 50 0,55 0,71 0,83
Solo-cimento 2 20 0,22 0,33 0,58
Solo-cimento 2 50 0,26 0,43 0,57
Solo-cimento 4 20 0,40 0,63 0,88
Solo-cimento 4 50 0,45 0,63 0,83
Solo-cimento 6 20 0,62 0,87 1,14
Solo-cimento 6 50 0,60 0,80 1,00

Tabela 3. Resultados de erodibilidade (g/min)


Porcentagem
Material de Teor de Tempo de
de fresado
base cimento (%) cura de 7 dias
(%)
BGS 2 20 1,07
BGS 2 50 0,92
BGS 4 20 0,38
BGS 4 50 0,31
BGTC 2 20 1,06
BGTC 2 50 0,65
BGTC 4 20 0,44
BGTC 4 50 0,17
BGTC 6 20 0,11
BGTC 6 50 0,05
Solo-cimento 2 20 1,25
Solo-cimento 2 50 0,71
Solo-cimento 4 20 0,72
Solo-cimento 4 50 0,46
Solo-cimento 6 20 0,42
Solo-cimento 6 50 0,32
Tabela 4. Resultados de ascensão capilar (%)
Teor de Porcentagem Exposição à água
Material de base cimento de fresado
(depois de 7 dias de cura)
(%) (%)
24 horas 72 horas
BGS 2 20 79,42 89,31
BGS 2 50 73,80 82,83
BGS 4 20 15,71 17,94
BGS 4 50 18,60 21,70
BGTC 2 20 87,80 100,00
BGTC 2 50 85,44 95,34
BGTC 4 20 68,30 83,20
BGTC 4 50 53,46 77,46
BGTC 6 20 33,39 58,38
BGTC 6 50 35,92 50,82
Solo-cimento 2 20 100,00 100,00
Solo-cimento 2 50 85,65 100,00
Solo-cimento 4 20 73,52 88,42
Solo-cimento 4 50 70,54 86,52
Solo-cimento 6 20 70,48 91,21
Solo-cimento 6 50 41,14 56,04

Tabela 5. Resultados de expansão (%) (apenas para bases de BGS)


Teor de Porcentagem Exposição à água
Material
cimento de fresado
de base (depois de 7 dias de cura)
(%) (%)
24 horas 72 horas
BGS 2 20 0,01 0,04
BGS 2 50 0,22 0,35
BGS 4 20 0,09 0,15
BGS 4 50 0,45 0,85

Tabela 6. Resultados de retração por secagem (μm) (apenas para bases de BGS)
Teor de Porcentagem Tempo de cura (dias)
Material
cimento de fresado
de base 4 7 14 21
(%) (%)
BGS 2 20 44 56,5 86,7 108,3
BGS 2 50 47,4 73,7 112,7 142,2
BGS 4 20 51,4 86,5 143,5 146,2
BGS 4 50 43,2 72,7 147,3 146,3
Tabela 7. Resultados de absorção (%)
Teor de Porcentagem Exposição à água
Material de
cimento de fresado
base (depois de 7 dias de cura)
(%) (%)
24 horas 72 horas
BGS 2 20 2,69 3,00
BGS 2 50 2,37 2,65
BGS 4 20 0,89 1,08
BGS 4 50 0,96 1,18
BGTC 2 20 3,52 4,52
BGTC 2 50 2,77 3,39
BGTC 4 20 2,48 3,10
BGTC 4 50 1,61 2,30
BGTC 6 20 1,60 2,12
BGTC 6 50 0,67 1,30
Solo-cimento 2 20 4,61 5,17
Solo-cimento 2 50 3,29 3,91
Solo-cimento 4 20 3,00 3,62
Solo-cimento 4 50 2,07 2,83
Solo-cimento 6 20 2,48 3,50
Solo-cimento 6 50 1,20 1,82

4 Proposição de um método de dosagem para reciclagem de pavimentos com cimento


A Figura 1 apresenta uma sugestão de método de dosagem para reciclagem de
pavimentos com adição de cimento, considerando-se como referência o método de dosagem
da Austroads (2002) adaptado para materiais de base tipicamente brasileiros de acordo com os
resultados obtidos na seção anterior. Notas para o método de dosagem proposto:
1. Os limites granulométricos da Wirtgen (2012) são sugeridos para verificar se as
granulometrias das misturas são adequadas para a reciclagem com cimento
Portland;
2. Os resultados de RCS e/ou RCD para 7 dias de cura apresentados nas Tabelas 1 e 2
são sugeridos como valores mínimos aceitáveis. Sugere-se verificar a taxa de ganho
de resistência entre 7 e 14 (e/ou 28) dias de tempo de cura;
3. São sugeridos teores de cimento abaixo de 4%, já que maiores teores podem
provocar problemas de retração exacerbada. Contudo, maiores teores aumentam a
resistência à água e são indicados para casos em que o pavimento possa sofrer
exposição à água em excesso;
4. Na compactação das misturas, sugere-se a energia Modificada, pois esta eleva a
resistência à água, permitindo o uso de menores teores de cimento;
5. Para a determinação da RCS e/ou RCD recomenda-se as normas DNER-ME 091
(DNIT, 1998) e DNIT-ME 136 (DNIT, 2010), respectivamente. Algumas sugestões
com respeito a estes ensaios:
 Três amostras devem ser ensaiadas para cada mistura e tempo de cura;
 O critério de aceitação para o teor de umidade é o valor ótimo ± 0,5% e para o peso
específico aparente seco é o valor máximo ± 0,2 kN/m³;
Figura 1. Método de dosagem para reciclagem com cimento

 As amostras devem ser curadas preferencialmente em câmara úmida com


temperatura de 23°C ± 2°C e umidade relativa acima de 95%;
 A resistência da mistura deve corresponder ao valor médio de 3 amostras ensaiadas.
A resistência individual não deve variar mais do que 10% do valor médio;
 Taxa de carregamento constante de 0,25 MPa/s para determinação da RCS;
 Taxa de deslocamento constante de 50 mm/min para determinação da RCD;
6. Utilizar a norma AS 1012.13 (STANDARDS AUSTRALIA, 1992) para a
determinação da retração por secagem. A Austroads (2002) sugere um limite
máximo de retração igual a 200 μm.
Os ensaios apresentados no fluxograma da Figura 2 são imprescindíveis quando a
realização da reciclagem ocorrer em localidades onde possa existir influência da água na
camada reciclada, ou seja, locais em que o lençol freático se encontre próximo da superfície,
locais onde existam problemas de drenagem e quando da existência de fluxo lateral (seções
em corte). Na sequência são apresentadas notas correspondentes ao fluxograma da Figura 2:

Figura 2. Ensaios adicionais ao método de dosagem proposto


1. Usar a norma AS 1141.53 (STANDARDS AUSTRALIA, 1996) para a
determinação da ascensão capilar. A Austroads (2002) sugere um limite de 25% da
altura total para corpos de prova expostos a uma lâmina d’água de 1 cm de altura
por 24 horas. Como observado na Tabela 4, até para teores de cimento elevados é
difícil manter os valores de ascensão capilar abaixo do limite da Austroads, mas a
aplicação de maiores teores de cimento (acima de 6%) certamente acarretará
problemas de retração por secagem;
2. Empregar a norma AS 1141.53 (STANDARDS AUSTRALIA, 1996) para
determinar a expansão. É aconselhado que misturas com expansão superior a 1%
após 72 horas de exposição à lâmina d’água de 1 cm de altura, sejam ensaiados
conforme o método para verificação da expansão descrito na norma DNER-ME 049
(DNIT, 1994). Assim, considerando que a camada reciclada será a base do
pavimento restaurado, pode-se limitar esta expansão em valor igual a 0,5%;
3. Utilizar a norma AS 1141.53 (STANDARDS AUSTRALIA, 1996) para verificação
da absorção. Nenhum limite é especificado para a absorção. Contudo, as mesmas
considerações realizadas para a ascensão capilar devem ser consideradas;
4. Para o ensaio de erodibilidade, deve-se usar a norma TM-T186 (RTA, 1994). Não é
especificado um limite para a erodibilidade. A Austroads (2002) indica que o uso de
material não-erodível é geralmente considerado como sendo o método mais efetivo
de redução da erosão. No entanto, pode não ser possível alcançar tal condição, já
que o aumento no teor de cimento, que reduz a erodibilidade, pode causar, por
exemplo, fissuras geradas por retração e acentuar o potencial de erosão ao permitir
umidade adicional dentro da estrutura do pavimento.

5 Conclusões
A principal conclusão desta pesquisa é que o método de dosagem de materiais
estabilizados com cimento da Austroads pode ser usado como modelo para o
desenvolvimento de um método de dosagem para reciclagem de pavimentos com adição de
cimento, sendo necessárias pequenas complementações ou adaptações. O método sugerido é,
ao mesmo tempo, simples o suficiente para ser empregado em laboratórios de canteiros de
obra e amplo o bastante para identificar as propriedades mecânicas e volumétricas que devem
ser avaliadas ao elaborar-se um projeto de mistura reciclada com cimento.
Outras conclusões podem ser tiradas a partir dos dados apresentados neste artigo:
 A resistência das misturas (RCS e RCD) aumenta com a elevação do teor de
cimento e com a redução da porcentagem de fresado. Misturas contendo BGS como
material de base apresentaram as maiores resistências, seguidas pelas misturas
contendo solo-cimento.
 Os valores referentes às propriedades relacionadas à água (ascensão capilar,
expansão, absorção e erodibilidade) reduzem com o aumento do teor de cimento.
Não são observadas tendências marcantes para a porcentagem de fresado e o tipo de
material de base.
 A retração por secagem aumenta com o aumento do teor de cimento e não parece
ser afetada pela quantidade de material fresado presente na mistura.
 Todas as variáveis independentes e seus efeitos nas propriedades devem ser
considerados quando da dosagem de uma mistura para reciclagem de pavimentos
com adição de cimento. Por exemplo, dependendo do local do pavimento
considerado para reciclagem, a análise das propriedades relacionadas à água é tão
importante quanto à análise da resistência da mistura.

Agradecimentos
Os autores agradecem a valiosa contribuição de técnicos e alunos dos Laboratórios de
Pavimentação (LAPAV) e de Ensaios e Modelos Estruturais (LEME) da UFRGS.

Referências
AUSTROADS. Mix design for stabilised pavement materials: Austroads Publication AP-
T16. Sydney, 43p. 2002.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES.
Concreto – ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos: DNER-ME 091/98. Rio
de Janeiro, 6 p. 1998.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES.
Concreto – ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos: DNER-ME 091/98. Rio
de Janeiro, 6 p. 1998b.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES.
Pavimentação – Reciclagem profunda de pavimentos “in situ” com adição de cimento
Portland – Especificação de Serviço: DNIT 167/2013 – ES. Rio de Janeiro, 11 p. 2013.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES.
Pavimentação asfáltica – Misturas asfálticas – Determinação da resistência à tração por
compressão diametral – Método de ensaio: DNIT 136/2010 – ME. Rio de Janeiro, 6 p.
2010.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES. Solos
determinação do Índice de Suporte Califórnia utilizando amostras não trabalhadas:
DNER-ME 049/94. Rio de Janeiro, 14 p. 1994.
FEDRIGO, W. Reciclagem de pavimentos com adição de cimento Portland – Definição
das bases para um método de dosagem. 2015. Dissertação (Mestrado em Engenharia) –
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, UFRGS, Porto Alegre.
KLEINERT, T. R. Reciclagem de pavimentos semirrígidos com adição de cimento:
contribuição ao desenvolvimento de um método de dosagem. 2016. Dissertação (Mestrado
em Engenharia) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, UFRGS, Porto Alegre.
ROADS AND TRAFFIC AUTHORITY. Determination of the Erodibility of Stabilized
Materials: Test Method T186 Draft. Roads and Traffic Authority, Sydney, 7p. 1994.
STANDARDS AUSTRALIA. Determination of the drying shrinkage of concrete for
samples prepared in the field or in the laboratory: AS 1012.13-1992. Standards Australia,
Strathfield, New South Wales, 13p. 1992.
STANDARDS AUSTRALIA. Method for sampling and testing aggregates: method 53:
absorption, swell and capillary rise of compacted materials: AS 1141.53-1996. Standards
Australia, Strathfield, New South Wales, 8p. 1996.
WIRTGEN. Reciclagem a frio: Tecnologia de reciclagem a frio Wirtgen. Windhagen,
Alemanha, 2012.

Você também pode gostar