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Profª. Erika
Aula 2
Adaptado a partir do roteiro original elaborado pelos professores Márcia e Humberto
Experimento 2 – Metalografia, medição de dureza, tratamento térmico e termoquímico de aço
Parte 1 – Metalografia
Introdução
Metalografia
Preparação Metalográfica
A preparação metalográfica visa obter amostras com superfícies polidas, atacadas ou não,
para a análise microestrutural por meio de técnicas de microscopia (óptica e eletrônica),
microdureza, microanálise química (espectroscopia por dispersão de energia, EDS, ou de
comprimento de onda, WDS), análise por difração de raios X (quando a deformação plástica é
importante na análise, por exemplo), entre outras.
Embora haja diferentes procedimentos, uma preparação metalográfica básica pode envolver
as seguintes etapas:
i) corte de uma seção escolhida de análise a partir de uma peça ou produto;
ii) embutimento da amostra;
iii) desbaste por uma sequência de lixamento;
iv) polimento superficial por uma sequência de polimento;
v) ataque controlado da superfície para revelação de microconstituintes;
vi) manuseio e armazenamento adequados para preservação da amostra preparada.
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Bordas
arredondadas amostra
15 mm
embutimento
30 mm
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uma lixa mais grossa para uma mais fina deve ser realizada quando os riscos profundos e a camada
encruada da lixa anterior (ou do corte) forem eliminados. A Figura 2 apresenta esquematicamente as
camadas deformadas por corte e lixamento, mostrando que a profundidade destas camadas
depende do material e de sua dureza. Ao final do lixamento, a amostra deverá ter riscos (sulcos) e
camada deformada apenas da lixa mais fina utilizada. Para o caso de medição de macrodureza (por
exemplo, Rockwell B ou C e Brinell), que é realizada com força de indentação relativamente alta, a
superfície da amostra lixada até uma lixa fina (por exemplo, grana 600) geralmente é suficiente, pois
a impressão de dureza é profunda e a pequena camada encruada pouco afeta a medição.
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solução pode ser retornar para a lixa mais grossa e diminuir a pressão de lixamento para
gerar sulcos menos profundos;
iv) A superfície lixada deve apresentar apenas um plano. Se ocorrer de formar mais de um
plano, mantenha-se na lixa em uso até obter apenas um plano ou retorne a uma lixa
mais grossa para aplainar a superfície. A formação de mais de um plano pode ocorrer
devido à inabilidade do operador em pressionar homogeneamente a amostra sobre a
lixa;
v) limpe a amostra em água corrente sempre que for trocar de lixa, para evitar contaminar
ou transferir partículas grosseiras de uma lixa mais grossa para outra mais fina.
Como se nota, há diversos procedimentos para obtenção da superfície polida e nem todos
seguem as sequências acima indicadas, pois há vários meios de se alcançar uma superfície polida em
diversos materiais e no mesmo material. Além disso, os fabricantes e fornecedores de equipamentos
e consumíveis metalográficos estão continuamente desenvolvendo novos produtos. Por exemplo, no
lugar de panos de polimento, podem-se empregar pratos metálicos ranhurados, assim como existem
placas com partículas abrasivas incrustadas para realizar o desbaste inicial, no lugar do lixamento. O
importante é obter uma superfície especular isenta de defeitos, ou se não for possível, saber
reconhecer os artefatos de preparação, para não interpretá-los erroneamente como características
microestruturais. A fotomicrografia da Figura 2b mostra artefatos de preparação (bandas negras)
decorrentes do encruamento de lixamento (mostrado na fotomicrografia da seção transversal da
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Figura 2a), que não foram removidas no polimento. Já a fotomicrografia da Figura 2c, da mesma
região da Figura 2b, não apresentam estes artefatos em decorrência de polimento adequado.
20 µm 50 µm 50 µm
Figura 2 – Micrografias ópticas de latão 70-30 recozido (liga 70%Cu-30%Zn): (a) seção transversal mostrando as
camadas sub-superficiais da superfície desbastada com lixa de SiC de grana 220; (b) superfície polida após
remoção de 5 µm de material da superfície desbastada com lixa de SiC de grana 220; (c) idem (b), mas com
remoção de 15 µm de material da superfície. As marcas de bandas negras em (b) são artefatos de abrasão e em
(c) é mostrada a microestrutura verdadeira. Nota: Em (a) o aumento na vertical é significativamente maior
(~4.000 x) do que na horizontal (~500 x) para mostrar os detalhes sub-superficiais. 1
Outro tipo de artefato de polimento comum é o que chamamos de “cometas”, que são
manchas escuras que ocorrem ao redor de poros ou partículas de segunda-fase na forma que se
assemelha à cauda de um cometa. Estas manchas ocorrem apenas de um lado destes
microconstituintes e ficam alinhadas. Neste caso, um rápido polimento com movimento giratório da
amostra elimina estas manchas. Em geral, desconfie de um aparente microconstituinte que se
apresente alinhado em uma amostra isotrópica. Por exemplo, poros alinhados em uma única linha
observados em uma amostra isotrópica podem ser decorrentes de um risco profundo, o qual foi em
sua maioria eliminado no polimento, mas os sulcos mais profundos deste risco remanesceram
parecendo poros. Mas, cuidado para tirar conclusões rápidas e erradas, pois em estruturas
conformadas mecanicamente há uma tendência de ocorrer alinhamento dos microconstituintes
(formação de uma “textura”) conforme o perfil da peça. Por exemplo, é comum encontrar em chapas
de aço laminadas alinhamento de sulfetos na direção de conformação (laminação). Isto mostra a
importância de se conhecer o histórico de produção da peça e o conhecimento básico dos diferentes
processamentos para se ter uma visão crítica sobre a qualidade da preparação metalográfica.
Quando necessário, para elucidar se uma característica é um microconstituinte ou é um artefato de
preparação, deve-se preparar a amostra em diferentes condições e sequências de lixamento e
polimento para verificar se ela é persistente (neste caso deve ser um microconstituinte) ou se surge
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esporadicamente (neste caso pode ser um artefato). Outro artefato comum observado por
microscopia óptica são as manchas de secagem, que aparecem como “bolinhas” (gotículas de
líquido) ou manchas com franjas coloridas, principalmente ao redor de poros. Neste caso, deve-se
limpar a superfície com algodão embebido em álcool (ou acetona) e secá-la com um jato de ar
quente.
O ataque da superfície polida é realizado para revelação dos microconstituintes e pode ser
realizado de várias formas, como ataque químico, ataque térmico, ataque eletrolítico e crescimento
de camada de óxido (para visualização com luz polarizada). O contraste pode ser decorrente de
relevos superficiais causados pela diferença de cinética de dissolução (ataque químico ou eletrolítico)
ou de evaporação (ataque térmico), ou, ainda, de “tingimento” diferenciado entre as fases. O
contraste depende da técnica de microscopia empregada. Contrastes de cor decorrentes da
interferência da luz para microscopia óptica podem não ser observáveis em microscopia eletrônica.
Para um mesmo material, há diferentes ataques para revelar diferentes microconstituintes.
Desenvolver um método de ataque pode ser árduo e dispendioso. Geralmente recorre-se à
literatura, como a referência 1, para se verificar o ataque mais adequado para o propósito da análise
microestrutural.
Por fim, deve-se atentar para o manuseio e armazenamento adequados para preservação da
amostra preparada. A superfície polida (atacada ou não), muitas vezes difícil ou demorada de se
preparar, é sensível ao risco e, por isso, deve ser manuseada com cuidado. As amostras susceptíveis à
corrosão atmosférica, como são muitas ligas ferrosas, devem ser armazenadas em ambiente seco.
Assim, para proteger a superfície preparada, a amostra pode ser recoberta com um chumaço de
algodão e armazenadas em um dessecador. Deve-se evitar limpar amostras com um pano ou algodão
sujo, pois as partículas (poeiras) podem causar riscos nas superfícies das amostras, principalmente de
metais de baixa dureza. O contato da superfície com a mão também deve ser evitado, também para
não ocorrer corrosão.
Análise Microestrutural
2. Objetivos do Experimento
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3. Roteiro experimental
Materiais principais:
(b) Lixas # 180, 320, 400, 600 e manta de polimento montadas nas politrizes;
(e) Papel de limpeza, pissetas com água e álcool e secador serigráfico (ou de cabelo);
(g) Becker;
(j) Nital (solução HNO3 3%) para ataque químico das amostras polidas de aço;
(k) Luvas cirúrgicas para realização do ataque químico e luvas térmicas para manuseio da
embutidora;
Procedimento experimental
As etapas descritas a seguir devem ser realizadas sob orientação do professor e dos técnicos
de materiais do laboratório. Preste atenção durante as explicações de uso e na dúvida sempre
pergunte ao professor ou ao técnico. Usar luvas e óculos de segurança.
1. Posicione o cilindro aço na cortadeira (Cut off) Erios, de modo a retirar uma seção transversal da
barra, conforme instruções a serem passadas pelo técnico. É importante a mangueira do líquido
refrigerante ser direcionada na região do corte;
2. Limpe bem a amostra cortada para retirar qualquer resíduo de óleo com água e detergente na pia.
Cuidado no manuseio para não cortar as mãos com possíveis rebarbas. Retire as rebarbas utilizando
a lixa mais grossa na lixadeira em baixa rotação.
(b) Embutimento
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2) Adicione o pó de baquelite com a quantidade indicada pelo técnico de forma a cobrir a amostra e
evitar o contato da mesma com a parte superior da prensa, o que pode ocasionar dano à mesma e
um embutimento precário (poroso);
3) Feche a embutidora e ligue o equipamento. Neste processo deve-se controlar a temperatura (que
amolecerá o baquelite – em torno de 170 OC) e a pressão necessárias para a compactação e
polimerização do baquelite. O técnico programará a máquina com o tempo e pressão necessários;
4) Deve-se monitorar sempre a pressão indicada pelo técnico durante o processo, acionando a
alavanca de forma a aumentá-la quando a mesma diminuir;
5) Retire a amostra da embutidora quando a temperatura diminuir para menos de 100 OC aliviando
inicialmente a pressão do sistema e espere esfriar ao ar livre – lembre-se de usar luvas térmicas e
óculos de segurança para o manuseio.
Estas etapas, apesar do uso da lixadeira e da politriz, são procedimentos manuais e vários cuidados
são necessários para alcançar o polimento desejado da amostra. É interessante que as etapas do
lixamento e polimento sejam acompanhados por meio de observações no microscópio óptico. Releia
as dicas da página 4 para ajudar no processo.
1) O lixamento deve ser iniciado com a lixa mais grossa # 180; primeiro retire o excesso de baquelite
nas laterais da amostra para segurança e para não estragar a lixa. Em seguida, fixe manualmente
uma posição na lixadeira e inicie o lixamento; deve-se tentar lixar a amostra sempre no mesmo
sentido. Lixe até retirar os defeitos de corte e aplainar a superfície. Mantenha a amostra
pressionada de forma homogênea para evitar formar mais de um plano na superfície. Inicie
sempre com a menor velocidade de rotação;
2) Faça o lixamento com a lixa seguinte # 320 (lembre-se de lavar a amostra antes!!!!) e não se
esqueça de posicionar a amostra para que lixe as ranhuras anteriores a aproximadamente 90°;
3) Repita o processo para as lixas # 400 e 600, girando sempre 90° em relação aos riscos anteriores;
4) Faça o polimento da amostra lixada utilizando pasta de alumina na politriz até perceber que a
superfície ficou espelhada;
5) Observe a superfície no microscópio óptico e observe se os riscos sumiram – caso negativo repita
o procedimento de polimento.
6) Registre uma imagem no microscópio ótico com aumentos de 100 e 500x para verificar a
presença de defeitos, impurezas ou artefatos de preparação;
9) No relatório deve-se tentar quantificar as fases presentes e o teor de carbono da liga através das
imagens obtidas.
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Referências
1. ASM Handbook, v. 9 – Metallography and Microstructures. Ed. K. Mill set al. Materials Park: ASM International,
1985.
2. Coutinho, T. A. Metalografia de Não-Ferrosos: Análise e Prática. São Paulo: Edgard Blucher, 1980.
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