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INVESTIGAÇÃO

JORNALÍSTICA
Prof. Maurício Guilherme Silva Jr.
JORNALISMO
INVESTIGATIVO
CONCEITOS
“Aquele que desvenda ou revela
o oculto, a verdade escondida.”

O que é “jornalismo
investigativo”?
“Aquele que denuncia desvios e
causa indignação moral.”
[Seane Alves Melo]

“Um pleonasmo, um rótulo.”


o A investigação deve ser fruto do trabalho

Segundo a de um jornalista.
o O tema da investigação deve ser relevante
instituição IRE para o leitor (espectador, ouvinte etc.).
[Investigative Reporters Editors] o O assunto deve ser algo que alguém está
tentando ocultar do público.
HISTÓRIA
o Era dos Muckrakers, na primeira década dos anos 1900,
Antecedentes nos EUA: revelação, pela imprensa, de casos de corrupção
e desvios em corporações e no governo.
importantes o Por que surgiram? Aumento da competição entre
veículos e sociedade insatisfeita com crescimento das
[Para o conceito e o jornalismo no Brasil] corporações sem regulamentação.
IDA TARBELL
X
ROCKFELLER
Antecedentes o Imprensa norte-americana das décadas de 1960 e 1970:
herdeira do período dos Muckrakers, instaura o

importantes “jornalismo investigativo moderno”.


o Insatisfação popular com o governo.
[Para o conceito e o Brasil]
o Crescimento da TV.
SEYMOUR HERSH
[O MASSACRE DE MY LAI, A 16 DE MARÇO DE 1968]
Há elementos do jornalismo investigativo
norte-americano.
Os cenários, porém, foram (e são) outros:
pouca autonomia, pouca liberdade de imprensa.
Forte partidarização de mídias familiares.

No Brasil
INVESTIGAÇÃO
JORNALÍSTICA &
PRÁXIS DIÁRIA
1. Escolha de tópico

Identifique um assunto relevante e de interesse público.

Defina, claramente, o objetivo da investigação.


2. Coleta de informações iniciais

Reúna informações publicamente Estabeleça bases de conhecimento


disponíveis sobre o tópico. inicial.
Identifique fontes de
informação (especialistas,
testemunhas, documentos,
registros etc.).
3. Definição
de fontes
Garanta ampla diversidade
de perspectivas.
Desenvolva detalhado
plano de pesquisa.

4. Planejamento
& Metodologia Determine a metodologia
a ser usada: entrevistas,
análise de documentos,
pesquisa de campo etc.
Realize entrevistas com
fontes-chave.

5. Coleta de Obtenha documentos e


registros relevantes.
evidências

Faça pesquisas detalhadas.


6. Análise de dados
o Examine, criticamente, todas
as evidências coletadas.

o Identifique tendências,
padrões e contradições.

o Verifique a autenticidade das


fontes.
7. Entrevistas
aprofundadas

Conduza entrevistas
aprofundadas, com
fontes-chave, para obter
informações detalhadas e
verificáveis.
8. Verificação o Valide todas as informações e evidências obtidas.
de fatos o Corrija imprecisões e erros.
Organize os dados de forma
coerente e clara.

9. Construção & Construa narrativa


envolvente e precisa.
Apresentação

Apresente os resultados,
sempre sob o manto da ética.
Reveja, cuidadosamente,
o trabalho, para garantir
10 precisão e coesão.
Revisão
& Edição Edite e busque
melhorar a clareza e a
legibilidade.
Escolha a(s) plataforma(s)
adequada(s) à publicação da
investigação (jornal, site, revista, etc.).

11. Publicação
Considerar os aspectos legais e
éticos da publicação.
12 | Resposta a reações

Monitore reações do público e da Responda, de forma transparente,


comunidade jornalística. a perguntas e críticas.
Continue a cobertura do
tópico, se necessário.
13
Acompanhamento
Atualize a investigação, à
medida que novas
informações surgirem.
14 | Avaliação pós-publicação

Avalie o impacto da investigação.

Reflita sobre o processo e identifique lições aprendidas.


TIPOLOGIAS DE
AÇÃO
Noticiar
[anunciar o fato]

x
Enunciar
[fatos se exibem para o leitor]
DISTINÇÕES
DE AÇÃO Pronunciar
tendências + ironia + humor etc.

Denunciar
(bastidores: o que não se vê)
A) Reportagem de fatos Pirâmide invertida e sucessão por
(Fact-story) ordem de importância

B) Reportagem de ação Do fato atraente ao desenrolar do


(Action-story) acontecimento.

C) Rep. documental Busca contextualização do fato.


(Quote-story)
TIPOS DE Relato documentado (pesquisa).

REPORTAGEM D) Reportagem-conto Destaque ao personagem (revista


Realidade fez muito isso no Brasil).

E) Reportagem-crônica Baseia-se no ofício do “observador”


(flannêur).

F) Livro-reportagem Foco de interesse do público.


APRENDIZADOS
O QUE APRENDEMOS?
É preciso questionar as
próprias certezas.
“Cada história
traz um desafio
Jornalismo é o exercício da
diferente.” dúvida.
[Ciro Barros]
Cada história requer
soluções e condutas
distintas.
Prestar atenção em detalhes e não
ignorar pequenas interrogações que
“Não ignorar a aparecem na mente durante a
apuração.
pulga atrás da
orelha.”
[Laura Scofield] Não se esquecer do “e se”, que
surge a partir de falas, depoimentos,
respiros, frases etc.
Não se satisfazer com pouca
“Juntar o informação.
máximo de
Cavar o máximo de informações,
informações.” em várias fontes de pesquisa.
[Mariama
Correia] Checar várias vezes a mesma
informação.
“Buscar diversidade de perspectivas.”
[Anna Beatriz Anjos]
Pluralidade é muito importante: múltiplas vivências sobre a
mesma história.

Diversidade: apresenta novas fontes, fornece caminhos e abre


olhos para nuances despercebidas no início.

É preciso evitar armadilhas do “preto no branco”.


Olhar detalhes e histórias
únicas, que, ao mesmo tempo,
“Atenção aos se repetem na vida dos
brasileiros.
detalhes.”
[José Cícero da Histórias de pessoas comuns
Silva] são tão importantes quanto a
agenda dos governantes.
Ouvir vozes oficiais é,
sim, fundamental, mas
“Ouvir quem não basta!
sente na pele.”
[Rafael É preciso dar voz a
Oliveira] quem vivencia a
realidade que está sendo
retratada na reportagem.
Em qualquer entrevista, o
significado está nas palavras
verbalizadas, mas, também, nas
pausas, no tom de voz e nos
“Saber ouvir silêncios.
de verdade.”
[Giulia Afiune]
Há pautas incríveis escondidas no
cotidiano de pessoas comuns.
Há tempo, sim, para checar,
refletir, repensar angulações.

“Respeitar o
tempo de cada Há tempo, sim, para
história.” ouvir opiniões.
[Clarissa Levy]
É preciso ressaltar isso,
para não cairmos na vala
da desinformação.
É preciso pensar em dados, além
de provas, números e
documentos.
“Dados são
histórias Códigos escondem pessoas,
codificadas.” histórias, coisas vitais.
[Bianca Muniz]
Esse “véu” pode ser muito
importante para grupos
poderosos.
Colaboração:
chave de horizontes.
“Colaboração é
o futuro do
jornalismo.”
[Caroline Farah] A experiência revela que a
parceria com outros veículos
e a participação da audiência
são fundamentais.
“Bom
Jornalismo sem amarras:
jornalismo se atento às violações dos
faz com Direitos Humanos.
apuração
criteriosa e Jornalismo que amplifica
cautelosa.” vozes, geralmente, abafadas.
[Alice Maciel]
Fazer jornalismo é ser “caixeiro
viajante”.
“Fazer jornalismo “Aprendi que há histórias que são pé no chão, olho no
é retornar, às olho, com sol, mosquito e gente de carne e osso. Já
conversei com moradores angustiados à beira do rio
vezes, de mãos sujo, gente sem teto nos centros das grandes capitais,
cheias; às vezes, de político de chapéu de vaqueiro que tenta resolver
tudo na base do grito e da faca. Mas também aprendi
mãos vazias.” que há muitas histórias em páginas descarnadas de
planilhas, de documentos que exalam um tédio
[Bruno Fonseca] burocrático, mas que movimentam montanhas de
dinheiro, dão rumos ao país e fazem e desfazem
direitos dessas mesmas pessoas de carne e osso que
as outras histórias contam.”
CASE
MUITO OBRIGADO, QUERIDOS E QUERIDAS!

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