A Interpretação Jornalística: conceitos e técnicas

Textos-base:
- BELTRÃO, Luiz. Jornalismo Interpretativo. Porto Alegre: Sulina, 1976.
- LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas Ampliadas. Barueri: Manole, 2004;
- COTTA, Pery. Jornalismo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Rubio, 2005;
- LAGE, Nilson. Teoria e Técnica do Texto Jornalístico. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2005;
- ERBOLATO, Mário. Técnicas de Codificação em Jornalismo. 5.ed. São
Paulo: Ática, 2006.
A Interpretação Jornalística: conceitos e técnicas

O que busca o Jornalismo Interpretativo?

“Busca não deixar a audiência desprovida de meios para compreender o seu

tempo, as causas e origens dos fenômenos que presencia, suas conseqüências
no futuro. Vai fundamentar sua leitura da realidade na elucidação dos aspectos
que em princípio não estão muito claros. Almeja preencher os vazios
informativos”.
(LIMA: 2004, p.20)

“No jornalismo interpretativo as linhas de tempo e espaço se enriquecem:

enquanto a notícia fixa o aqui, o já, o acontecer, a reportagem interpretativa
determina um sentido desse aqui num circuito mais amplo, reconstitui o já no
antes e depois, deixa os limites do acontecer para um estar acontecendo
atemporal, ou menos presente”.
(LEANDRO & MEDINA apud LIMA: 2004, idem)
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JORNALISMO INTERPRETATIVO:

• Interesse maior pelo aspecto qualitativo das informações.

“O leitor de hoje não quer apenas saber o que acontece à sua volta, mas
assegurar-se de sua situação dentro dos acontecimentos. Isto só se
consegue com o engrandecimento da informação a tal ponto que ela
contenha os seguintes elementos: a dimensão comparada, a remissão
ao passado, a interligação com outros fatos, a incorporação do fato a
uma tendência e a sua projeção para o futuro.” (Alberto Dines)
• Criação de uma série de recursos gráficos e editoriais que resultem num jornal
extremamente fácil e atraente de se ler.

• SANAR OS VAZIOS INFORMATIVOS E APROFUNDAR O TEMA.

MAPEAMENTO
INVESTIGAÇÃO

INTERPRETAÇÃO
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O trabalho redacional da matéria interpretativa depende de três etapas:

1) Identificação da ocorrência (objeto)

Deve-se avaliar:
i) Proximidade no tempo;
ii) Proximidade no espaço;
iii) Número e qualidade das pessoas envolvidas;
iv) Valor material e/ou ideológico.
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2) Processamento da Documentação

Investigar para sanar qualquer vazio informativo. Compreende dois

momentos:
a) Decomposição da ocorrência em seus elementos básicos (causas e
efeitos);
b) Investigação dos valores e aspectos opacos da ocorrência e sua coleta
para posterior estruturação no corpo da matéria.
Lead + causas +
efeitos
DOCUMENTAÇÃO

Investigação + estruturação
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3) Redação e Edição

São idênticas às etapas homônimas no jornalismo informativo, tendo o

cuidado, entretanto, de bem explicitar as causas e efeitos do ocorrido,
procurando sanar os vazios informativos.

É levado ao público “um documento completo, sintético, ordenado e

equilibrado, com relação à atualidade (...) suficiente para julgar e tomar
posição consciente a respeito do acontecimento (...) que satisfaça até
onde possa ser satisfeito o direito à informação de todo membro da
sociedade”.
(BELTRÃO: 1976, p. 89)
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Deve-se ter sempre em mente quando se propõe uma matéria

interpretativa:
i) O contexto;
ii) Os antecedentes;
iii) O suporte especializado;
iv) A projeção;
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Investigação

1) Registro da realidade:

• Buscar sempre desvelar com um olhar crítico as diferentes linguagens

que se entrelaçam e constroem a realidade ao redor do fato noticioso
que se pretende investigar.

• Os antecedentes dos fatos devem ser conhecidos.

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Investigação
2) Determinação do mapa de relações:
• O mapa de relações é um instrumento utilizado na investigação
jornalística que facilita a organização da informação em nível interno e
externo.

O que há por trás? Como?

Por quê?

Quais interesses
econômicos e FATO Que circunstâncias
políticos o os rodeiam?
sustentam?
Quais os
Quem se beneficia? antecedentes?

Quem são os
O que representam
afetados?
os envolvidos?
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investigação
3) O valor das fontes:
• Deve-se tomar o cuidado que algumas fontes tornam-se vedetes e não
mais contribuem para a investigação;

• A fonte sempre possui suas inclinações políticas para com o fato: por
isso deve-se sempre considerar o lugar de fala de onde ela se coloca
(não deixar-se manipular);

• Deve-se duvidar da fonte SEMPRE. Para tanto, deve-se estar sempre

munido de informações na hora da entrevista (poder de barganha).
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A Pauta - Aspectos primários:

1) O fato/acontecimento (descrito e/ou narrado);

2) Pessoas envolvidas / possíveis fontes (mínimo 5 entrevistáveis);
3) Local e data de ocorrência;
4) Antecedentes do fato/acontecimento;
5) Contexto (atualidade);
6) Possíveis conseqüências;
7) Abordagem do tema (trágico, cômico);
8) Enfoque/angulagem (qual item interessa? Como explicitá-lo?)
9) Abordagem editorial.
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A Pauta: Aspectos secundários:

1) Determinação de valores;
2) Dados que podem ser agregados;
3) Diagrama de relações;
4) Descrição e importância das fontes (0,1,2,3...), nome, idade, profissão,
relação com o acontecimento;
5) Seqüência de pistas.
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A Pauta: Aspectos terciários:

1) Número de laudas (cada lauda possui 1200 caracteres);

2) Número de fotografias, ilustrações, infográficos, etc;
3) Boneco gráfico;
4) Sugestão de abertura;
5) Enquadramento redacional (fatos, ação ou documental).