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USO DA ENTREVISTA NA

PESQUISA SOCIAL

Prof. Dr. Gilberto Ferreira da Silva


Unilasalle
Entrevista

Busca por meio de fontes orais, o


registro histórico a partir da
memória de cada indivíduo,
contemplando o período
contemporâneo da história.
Pressupostos

• Entrevistas não são a única forma de


fazer pesquisa qualitativa.
• O uso da entrevista não é adequado a todo
tipo de objeto de estudo.
•Ter claro o objetivo da entrevista,
no caso o problema ou o foco da pesquisa.
Entrevistas são fundamentais quando desejamos mapear
práticas, crenças, valores e sistemas classificatórios
de universos sociais específicos.

“Quando bem realizadas elas permitem ao pesquisar um mergulho


em profundidade, coletando indícios dos modos como cada
um daquelas sujeitos percebe e significa sua realidade,
levantando informações consistentes que lhe permitam
descrever e compreender a lógica que preside as relações que se
estabelecem no interior daquele grupo (...)” (DUARTE, 2004, p. 215).
A realização de uma boa entrevista exige:

a) que o pesquisador tenha muito bem definidos


os objetivos de sua pesquisa (e introjetados);

b) que ele conheça, com alguma profundidade, o contexto


em que pretende realizar sua investigação
(a experiência pessoal, conversas
com pessoas que participam daquele universo,
leitura de estudos precedentes são requisitos
fundamentais para a
entrada do pesquisador no campo);
c) a introjeção, pelo entrevistador, do roteiro
da entrevista;

d) segurança e auto-confiança;

e) algum nível de informalidade, sem jamais perder


de vista os objetivos que levaram a escolher
este sujeito específico como
fonte de material empírico para sua investigação.

(DUARTE, 2004, p. 216)


•Pesquisa bibliográfica sobre o tema/foco
Escolhido para amparar preliminarmente o pesquisador

•Procurar e selecionar textos que


trabalhem com noções, conceitos, definições
centrais do propósito da entrevista/pesquisa.
Roteiro da entrevista

Entrevista sem roteiro e definição tende a ser


demasiado subjetiva e sem dados realmente fundamentais
para a pesquisa.

O roteiro não é aplicado de


forma rígida, pois muitas questões vão
surgindo naturalmente no discurso do depoente.

Obs: Deve-se evitar a entrega antecipada do roteiro


para o entrevistado
Roteiro

 Inicie com perguntas fáceis, servindo para


“aquecer” o contato.

 Pode-se trabalhar com questões a


partir de blocos temáticos.
Tipos de perguntas e seus efeitos
Se o objetivo é registrar histórias,
opte por:

Descritivas:
Como era a casa de
sua infância?

Que evocam movimento:


O que você fez depois
que saiu de sua casa?

Avaliativas:
O que você mudaria na sua
história de vida?
Perguntas de
Efeito inverso

Perguntas genéricas:
Como foi sua infância?

Perguntas com pressupostos:


Quais as situações de exclusão
que o senhor vivenciou?

Perguntas puramente informativas:


Qual era exatamente o nome
da praça?

Perguntas controversas?
Porque o senhor não reagiu
à ditadura?
A entrevista deverá sempre
ser gravada
por meio de equipamento
eletrônico
A entrevista e suas estratégias
de condução

Contato inicial

Assegurar ao entrevistado o direito de não responder

Não interferir na fala

 Manter-se atento, interessado



 Não
Não emitir
emitir opinião
opinião pessoal
pessoal sobre
sobre oo
assunto;
assunto;


 Construir
Construir uma
uma empatia
empatia com
com oo
entrevistado
entrevistado ee procurar
procurar estabelecer
estabelecer
cumplicidade;
cumplicidade;


 AsAs perguntas
perguntas devem
devem servir
servir para
para
estimular
estimular oo depoente;
depoente;
 Exercitar
Exercitar oo gesto
gesto
(sorriso,
(sorriso, afirmação
afirmação comcomaa
cabeça),
cabeça),
tais
tais movimentos
movimentos servem
servem dede
estímulo
estímulo para
para oo entrevistado
entrevistado
continuar
continuar narrando.
narrando.
Local da entrevista

Deve ser determinado pelo entrevistado,


possibilitando que ele se sinta à vontade.

Duração da entrevista

Recomenda-se que não ultrapasse


duas horas
Procedimentos pós-entrevista
Transcrição e conferência: deve-se tentar
garantir o máximo da originalidade e a
espontaneidade da entrevista.

Pode-se suprimir palavras repetidas


e vícios de linguagens (quer dizer, por
exemplo, entendeu?, realmente, assim, aí,
sabe, não é?, então).
Observação:
Geralmente para transcrever uma
entrevista de 1 hora de duração
se necessitam 6 horas de trabalho.
Questões éticas e legais

A entrevista transcrita deverá ser devolvida


para o depoente para que possa corrigir
possíveis equívocos da transcrição.

O depoente deverá assinar um termo de doação


do depoimento à instituição onde o projeto
foi desenvolvido.
Elementos a serem considerados na
análise da entrevista

Memória

Ainda que a memória pareça ser algo


exclusivamente individual
ela deve ser também compreendida como
um fenômeno social e coletivo
Características semelhantes a
ambas as instâncias, tais como:

a mutabilidade,
a inconstância,
a flexibilidade
e a fluidez.
Elementos constitutivos da memória

Acontecimentos

vividos pessoalmente, em primeiro lugar.


Em segundo lugar, são os acontecimentos que eu
chamaria de ‘vividos por tabela’,
ou seja, acontecimentos vividos pelo grupo
ou pela coletividade à qual a pessoa
se sente pertencer” (Pollack, 1992, p.202).
Personagem:

“(...) falar de personagens realmente


encontradas no decorrer da vida,
de personagens freqüentadas
por tabela, indiretamente, mas que,
por assim dizer, se transformaram quase
que em conhecidas, e ainda de personagens
que não pertenceram necessariamente
ao espaço-tempo da
pessoa” (Pollak, 1992, p.202).
Lugares

Existem lugares da memória, lugares particularmente


ligados a uma lembrança, que pode ser uma lembrança pessoal,
mas também pode não ter apoio no tempo cronológico.
Pode ser, por exemplo, um lugar de férias na infância,
que permaneceu muito forte na memória da pessoa,
muito marcante, independentemente da data
real em que a vivência se deu. Na memória mais
pública, nos aspectos mais públicos da pessoa,
pode haver lugares de apoio da memória,
que são os lugares de comemoração (1992, p. 202-203).
A memória é seletiva
A própria memória é seletiva na designação do que
é “necessário lembrar” ou “precisa ser esquecido”
no sentido de instituir credibilidade.
A dimensão seletiva da memória, antes de
estar associada a um sentido de deturpação,
ou perda de autenticidade, supõe que ela não se
separa de processos sociais e práticas efetivadas
por agentes ou porta-vozes. No âmbito dessa assertiva,
a memória é fundamentalmente política.
As memórias (e é importante pensá-las no plural)
afirmam grupos, identidades e denegam
outros pela omissão ( Barreira, 2007. p. 104).
 Referências

 BARREIRA, Irlys. A eficácia simbólica da


memória e seus limites. Revista Brasileira de
Ciências Sociais, vol. 22 nº 63. 2007. p. 93-105

 POLLAK, Michael. Memória e identidade social


(Tradução Monique Augras). Estudos
Históricos, Rio de Janeiro, vol. 5, n. 10, 1992, p.
200-212.
MUITO
OBRIGADO!

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