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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC

CENTRO DE DESPORTOS – CDS


DEF 5826 – METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

PROCEDIMENTOS DE ENTREVISTA NA PESQUISA


EM EDUCAÇÃO FÍSICA

PROFª. DRA. CAROLINA FERNANDES


PROFª. Mª. ANA FLÁVIA BACKES
O QUE É A ENTREVISTA NA PESQUISA
CIENTÍFICA?
CONCEITUANDO A ENTREVISTA

Técnica em que o investigador se apresenta


frente ao investigado e lhe formula perguntas,
com o objetivo de obtenção dos dados que
interessam à investigação.

Gil (2008), Marconi e Lakatos (2017)


CONCEITUANDO A ENTREVISTA

Dois ou mais indivíduos engajam-se ativamente


na (re) construção conjunta de suas próprias
experiências e do mundo social à medida que
interagem por meio de uma série de sentidos e em
um determinado contexto.

Sparkes e Smith (2014)


CONCEITUANDO A ENTREVISTA

Uma conversa com um propósito delimitado


previamente, em que o entrevistador busca acessar
as perspectivas, opiniões, sensações, emoções,
experiências e os significados destas
experiências para o indivíduo investigado.
Creswell (2013)
VANTAGENS X DESVANTAGENS DAS ENTREVISTAS
Vantagens Desvantagens
Riqueza informativa (contextualizada e
Fator tempo
personalizada) sobre aspectos da vida social
Maior flexibilidade, com possibilidades de Disposição do entrevistado em fornecer as
esclarecimento e indagação de diferentes formas informações necessárias
Maior oportunidade para avaliar atitudes,
Complexidade nas etapas de preparação e
condutas, podendo o observado ser observado
condução
naquilo que fala e como fala
Possibilidade de o entrevistado ser
Acesso à informações de difícil observação
influenciado pelo pesquisador
Não exige que a pessoa entrevistada seja A formulação das perguntas, pode levar a uma
alfabetizada falsa interpretação pelo entrevistado
Exigência de conhecimento profundo por parte
Obtenção de informações mais precisas,
do entrevistador e maior exigência do
podendo ser comprovadas de imediato
entrevistado
Gil (2008), Marconi e Lakatos (2017)
TIPOS DE ENTREVISTAS

• Estruturada
Nível de • Semiestruturada
Estruturação • Não Estruturada

Número de • Individual
participantes • Grupo (Focus Group)

Rosa e Arnoldi (2007), Gil (2008), Sparkes e Smith (2014)


TIPOS DE ENTREVISTA
Tipo/ Carac. Estruturada Semi-estruturada Não estruturada

Respostas curtas e objetivas Questionamento mais profundo e Relato oral que coleta
Características São quantificadas (análise subjetivo. informações.
gerais quantitativa). Entrevista “especial”

Informações sobre fatos, Interpretação e avaliação de Coletar concepções, opiniões,


comportamentos, crenças, crenças, sentimentos, valores, sentimentos... Sobre um tema
Objetivo
sentimentos... atitudes, motivos (acompanhados de amplo sem referência particular.
fatos)
Formalmente elaboradas, Questões para que o sujeito Não há uma lista de perguntas.
sequência padronizada e lógica. discorra, verbalize pensamentos, Diferentes para cada sujeito, a
Questões reflexões e concepções sobre o sequência é do sujeito a medida
tema. que ele recorda dos fatos.
Tópicos, flexíveis e sequência
mais natural
Exigência do pesquisador para Reciprocidade e confiança Pesquisador pouco interfere na
Relação obter as informações esperadas. fala do sujeito
Pesquisador Relação mais “fria”. O pesquisador faz uma classificação
x mental das informações
entrevistado

Richardson (1999), Rosa e Arnoldi (2007), Gil (2008), Sparkes e Smith (2014), Marconi e Lakatos (2017)
TIPOS DE ENTREVISTA
TIPOS DE ENTREVISTA
TIPOS DE ENTREVISTA
Tipo/ Carac. Individual Grupo (Focus Group)

Respostas obtidas a partir da Respostas obtidas a partir da


Características percepção de um indivíduo. discussão em grupo. O número
gerais de participantes varia entre 6 e 12
pessoas

Objetiva conhecer fatos, Serve para medir a opinião de


comportamentos, crenças, um grupo social, a partir de
Objetivo sentimentos de um indivíduo diferentes percepções em
sobre determinado tema/objeto relação a sobre o objeto
investigado
Relação O pesquisador atua como
Pesquisador O pesquisador atua como moderador/mediador da
x entrevistador do indivíduo discussão. Há uma negociação de
Entrevistado(s) significados entre os
participantes.

Rosa e Arnoldi (2007), Gil (2008)


COMO PLANEJAR A ENTREVISTA NA
PESQUISA CIENTÍFICA?
PLANEJAMENTO DA OBSERVAÇÃO
Previsão de formas
Contextualização e
de Cuidados éticos
objetivos
acompanhamento

Critérios para Definir a forma de


Estudo piloto
seleção dos registro e
e/ou treinamento
entrevistados transcrição

Construção do Definir, quando e Formas de análise


Roteiro por quanto tempo dos dados

Rosa e Arnoldi (2007), Gil (2008), Marconi e Lakatos (2017)


ESTRUTURA E CONTEÚDOS PARA A ENTREVISTA
 Não deve ser muito extensa;
 Deve recorrer ao fluxo de informações particulares de
cada entrevistado;
 Deve proporcionar um relato coerente e organizado
para o pesquisador e para o entrevistado;
 As questões devem contemplar o tema de investigação,
porém não devem sugerir opções de respostas;
 As perguntas devem conter informações precisas e
adequadas à capacidade e condições dos sujeitos em
respondê-las;
Rosa e Arnoldi (2007), Gil (2008), Marconi e Lakatos (2017)
TIPOS DE PERGUNTAS
 Questões descritivas: para identificar tópicos e situações que
o entrevistado percebe como importante.
“Você poderia descrever como iniciou seu envolvimento na prática esportiva?”

 Questões estruturais: para obter informações detalhadas


sobre um determinado tópico identificado.
“Você mencionou antes que o convívio com seus amigos de bairro foi importante para
iniciar a prática esportiva. O que vocês faziam quando estavam juntos? ”

 Questões contraste: serão empregadas para esclarecer e


distinguir tópicos e situações.
“Qual a diferença entre a influência do convívio com seus amigos de bairro e seu
professor de Educação Física? ”

Triviños (1987)
RECURSOS PARA A ENTREVISTA
 De conveniência do entrevistado
 Reservado (silêncio)
Local  Agradável para o entrevistado (assento confortável)
 Seguro
 Familiar ao entrevistado (que o faça recordar dos fatos)

 Termo de consentimento
 Orientações para entrevista (orientações ao pesquisador)
 Roteiro da entrevista
Materiais  Gravador (2 se possível) e caderno
 Água
 Relógio
 Caneta

 Não ultrapassar 1h e 30 minutos


Tempo  Aproveitar “bem” o tempo
 Indicar o tempo que será utilizado ao entrevistado
 Monitorar o tempo
Rosa e Arnoldi (2007), Gil (2008), Marconi e Lakatos (2017)
COMO DESENVOLVER A ENTREVISTA
NA PESQUISA CIENTÍFICA?
PAPEL E COMPETÊNCIAS DO PESQUISADOR
 Se expressar de modo claro, breve e objetivo;
 Escutar e não interromper a entrevista;
 Guiar o diálogo com cuidado;
 “Animar” a entrevista;
 Improvisar durante a realização da entrevista, formas de
comportamento verbal e não verbal, quando a situação exigir;
 Controle emocional e físico;
 Capacidade de arguição;
 Antecipar-se a possíveis questionamentos;
 Fazer perguntas cujas respostas sejam de relevância.
Rosa e Arnoldi (2007)
CONDUÇÃO DA ENTREVISTA (Início)

 Apresentação pessoal e contato inicial de forma cordial;


 Colocar materiais a disposição;
 Explicar objetivos e procedimentos;
 Garantir ao entrevistado o segredo de suas confidências e de sua
identidade;
 Testar e ligar os gravadores, quando houver.

Rosa e Arnoldi (2007), Gil (2008), Marconi e Lakatos (2017)


CONDUÇÃO DA ENTREVISTA (Ciclo de Interação)

Intervenção do
pesquisador (solicita o
que precisa)

O entrevistado interpreta
O pesquisador codifica o solicitado e emite uma
e qualifica essas resposta filtrada por sua
informações vontade e capacidade de
(relevantes ou não) transmiti-la
CONDUÇÃO DA ENTREVISTA (Final)

 Prolongamento da conversa, mais informal. Possibilita


informações adicionais e motiva para entrevistas futuras;

 Término da entrevista deve ser de forma cordial, para que se


necessário, o pesquisador possa voltar e obter novos dados;

Rosa e Arnoldi (2007), Gil (2008), Marconi e Lakatos (2017)


COMO GARANTIR CIENTIFICAMENTE A
VALIDADE DAS ENTREVISTAS?
CRITÉRIOS DE GARANTIA CIENTÍFICA DA ENTREVISTA

 Checagem pelos participantes;


 Dominar a linguagem dos participantes;
 Checagem interpesquisadores, comparando as interpretações;

Dezin e Lincoln (2008), Marconi e Lakatos (2017)


REFERÊNCIAS
CRESWELL, J. W. Qualitative inquiry and research design: Choosing among five approaches.
3nd ed. Thousand Oaks: Sage Publications, 2013.

DENZIN, N.K.; LINCOLN, Y.S. O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens.


2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2008.

MARCONI, M.; LAKATOS, E. Técnicas de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2017.

RICHARDSON, R. J. Pesquisa social, métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1989.

ROSA, M.V.F.; ARNOLDI, M.A.G. A entrevista na pesquisa qualitativa: mecanismo para a


validação de resultados. São Paulo: Editora Autêntica, 2007.

SPARKES, A. C.; SMITH, B. Qualitatve research methods in sport, exercise and health: from
process to product. London: Routledge, 2014.

TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa


em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

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