Você está na página 1de 34

ABORDAGEM QUALITATIVA

Estudos de Caso, Pesquisa


Etnográfica/Netnográfica, Pesquisa-Ação e
Pesquisa Participante.
Abordagem Qualitativa

Não emprega um instrumento estatístico. Tem


como foco o processo/significado, visa qualificar os
dados.

Investigadores e investigados são agentes. Há


interação dinâmica, e talvez, emocional entre eles.

É no campo da subjetividade e do simbolismo que


se afirma a abordagem qualitativa.
A abordagem qualitativa apresenta uma postura
dialética, que atua em nível dos significados e das
estruturas, com o entendimento que estas últimas são
como ações humanas objetivadas e, logo, portadoras
de significado.

3
Esta abordagem deve ser empregada para a
compreensão de fenômenos específicos e
delimitáveis. Não sendo útil para compor grandes
grupos populacionais, mas pode acompanhar um
problema levantado e abrir variáveis a serem
trabalhadas, posteriormente, em estudos
estatísticos – quantitativos.

O estudo qualitativo apresenta maior


representatividade, por revelar condições
históricas, socioeconômicas e culturais específicas
por meio de um porta-voz.
4
Na pesquisa qualitativa, temos os seguintes
elementos fundamentais em um processo de
investigação:

1) a interação entre o objeto de estudo e


pesquisador;
2) o registro de dados ou informações coletadas;
3) a interpretação/ explicação do pesquisador

5
Tem por objetivo investigar em
profundidade uma realidade
específica. É basicamente realizada
Pesquisa por meio da observação direta das
atividades do grupo estudado e de
etnográfica entrevistas com informantes para
captar as explicações e
interpretações do que ocorre
naquela realidade.

Algumas características:
- Caráter holístico: descreve os fenômenos de maneira
global, aceitando o cenário complexo e a totalidade da
realidade investigada.
- Condição naturalista: o etnógrafo estuda as pessoas em
seu hábitat natural.
- O problema pode ser redescoberto no campo; o
etnógrafo evita a definição rígida e antecipada de
hipóteses.
é uma forma especializada de
etnografia e utiliza comunicações
mediadas por computador como
Pesquisa fonte de dados para chegar à
compreensão e à representação
netnográfica etnográfica de um fenômeno
cultural na Internet. Sua
abordagem é adaptada para
estudar fóruns, grupos de notícias,
blogs, redes sociais etc.

Algumas características:
- Caráter holístico: descreve os fenômenos de maneira
global, aceitando o cenário complexo e a totalidade da
realidade investigada.
- Condição naturalista: o etnógrafo estuda as pessoas
em seu hábitat natural.
- O problema pode ser redescoberto no campo; o
etnógrafo evita a definição rígida e antecipada de
hipóteses.
Exploratória, descritiva e causal
Estudo de caso Com análise qualitativa

é uma história de um fenômeno passado ou


atual, elaborada a partir
de múltiplas fontes de provas, que pode incluir
dados da observação direta e entrevistas
sistemáticas, bem como pesquisas em arquivos
públicos e privados)
Permite investigar, em
profundidade, o desenvolvimento,
as características e demais
aspectos constitutivos de qualquer
Estudo de caso unidade social: um indivíduo; um
núcleo familiar; um grupo social;
uma empresa pública ou particular
etc.

Algumas características:
- Particularista (uma situação, um evento, um programa ou um
fenômeno em particular)
- Descritivo (variedade de fontes de informação)
- Heurístico (sequência de etapas que podem levar ao
replanejamento do objeto de estudo – análise sistemática /
relatórios parciais)
Estudo de caso

Deve apresentar os
seguintes itens:

(a) questão principal da pesquisa;


(b) objetivo principal;
(c) Temas da sustentação teórica;
(d) definição da unidade de análise;
(e) potenciais entrevistados;
(f) período de realização;
(g) local da coleta de evidências;
(h) obtenção de validade internas, por meio de múltiplas fontes de
evidências;
(i) síntese do roteiro de entrevista.
A pesquisa-ação está localizada na metodologia da
pesquisa orientada à prática educacional. Nessa
perspectiva, a finalidade essencial da pesquisa não é
o acúmulo de conhecimento sobre o ensino ou a
compreensão da realidade, mas, fundamentalmente,
contribuir com informações que orientem a tomada
Pesquisa-ação de decisões e os processos de mudança para a sua
melhoria. Justamente, o objetivo prioritário da
pesquisa-ação consiste em melhorar a prática em vez
de gerar conhecimentos; por isso, a produção e a
utilização do conhecimento se subordinam a esse
objetivo fundamental e estão condicionadas por ele
(ELLIOT, 1993 apud ESTEBAN, 2010, p. 167).

O processo de pesquisa-ação é definido ou caracterizado como


uma espiral de mudança. A característica fundamental dessa
metodologia é a natureza cíclica e flexível do processo, que
apresenta quatro fases com tarefas bem definidas.
Pesquisa-ação Identificação
de uma
preocupação
temática e
abordagem do
problema

Reflexão,
interpretação
Elaboração de
e resultados -
um plano de
replanejament
atuação
o

Desenvolvime
nto do plano e
coleta de
dados sobre
sua
implantação
Pesquisa-ação Algumas características

Envolve a Parte da
É uma É realizada
transformação
pesquisa que pelas pessoas prática, de
e melhoria de
envolve a envolvidas na problemas
uma realidade
colaboração prática que se práticos.
educacional
das pessoas. pesquisa.
e/ou social.

Envolve
uma
O elemento de “formação” é essencial e
reflexão
fundamental no processo de pesquisa-ação.
sistemática
na ação.
INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
ELEMENTOS FUNDAMENTAIS
1) a interação entre o objeto de estudo e pesquisador;

2) o registro de dados ou informações coletadas;

3) a interpretação/ explicação do pesquisador.


PROCESSOS DE INVESTIGAÇÃO
IMPORTANTE

A CONSTRUÇÃO DO(S) INSTRUMENTO(S) SÓ


PODERÁ SER REALIZADA, DEPOIS, DA
CONSTRUÇÃO DO REFERENCIAL
TEÓRICO/ESTADO DA ARTE.
DIÁRIO DE CAMPO
Devem ser registradas as percepções diárias do pesquisador, seja de
forma escrita, seja de forma gravada. Devem-se registrar conversas
informais, observações de comportamento, falas e impressões pessoais
(que normalmente vão se modificando com o tempo) sobre as
categorias ou pontos a serem investigados. Exemplos:
descrições dos sujeitos (aparência, maneira de vestir, modo de falar e
agir, particularidades dos indivíduos);
• falas dos sujeitos (diálogos, palavras, gestos, expressões faciais,
pronúncias);
• descrição do espaço físico (organização, desenho espaço, concretos);
• descrição de atividades dos sujeitos (detalhamento corporal e registros
de entes concretos);
• relatos de acontecimentos (forma como aconteceram e natureza das
ações);
ENTREVISTA

Levanta informações consistentes que lhe permitam


descrever e compreender a lógica que preside as relações que se
estabelecem no interior daquele grupo, o que, em geral, é mais
difícil obter com outros instrumentos de coleta de dados

Entrevistas são fundamentais quando se precisa/deseja mapear


práticas, crenças, valores e sistemas classificatórios de universos
sociais específicos, mais ou menos bem delimitados, em que os
conflitos e contradições não estejam claramente explicitados.
ENTREVISTA
Tome menos tempo na fase preparatória
do que a elaboração de questionários ou ckeck lists por exemplo,
mas para serem realizadas de modo a que forneçam material
empírico rico e denso o suficiente para ser tomado como fonte de
investigação, demandam preparo teórico e competência técnica
por parte do pesquisador.
Exige:
a) que o pesquisador tenha muito bem definidos os objetivos de
sua pesquisa;
b) que ele conheça, com profundidade, o contexto em que
pretende realizar sua investigação;
c) a introjeção, pelo entrevistador, do roteiro da entrevista;
d) algum nível de informalidade.
ENTREVISTA

A subjetividade, elemento constitutivo da


alteridade presente na relação
entre sujeitos, não pode ser expulsa, nem
evitada, mas deve ser admitida
e explicitada e, assim, controlada pelos
recursos teóricos e metodológicos.
ENTREVISTA
Há alguns procedimentos importantes a serem adotados
na preparação de entrevistas para a análise. O primeiro
deles diz respeito à transcrição: entrevistas devem ser
transcritas, logo depois de encerradas, de preferência
por quem as realiza. Depois de transcrita, a entrevista
deve passar pela chamada conferência de fidedignidade:
ouvir a gravação tendo o texto transcrito em mãos,
acompanhando e conferindo cada frase, mudanças de
entonação, interjeições, interrupções etc.
GRUPO FOCAL
O grupo focal, como técnica de pesquisa, utiliza sessões grupais
de discussão, centralizando um tópico específico a ser debatido
entre os participantes.
São grupos de discussão que dialogam sobre um tema em
particular, ao receberem estímulos apropriados para o debate.
Essa técnica distingue-se por suas características próprias,
principalmente pelo processo de interação grupal, que é uma
resultante da procura de dados.
A formação do grupo focal é intencional e pretende se que haja,
pelo menos, um ponto de semelhança entre os participantes.
GRUPO FOCAL
1. Determinar os participante (normalmente através de um
questionário)
2. Determinar o número de encontros (depende da amplitude
do tema)
3. Determinar o número de participantes. (Entre 06 a 12)
4. Preparar o ambiente
5. A pesquisadora deve senta-se de forma a observar todos os
participantes.
IMPORTANTE GRAVAR AS REUNIÕES
GRUPO FOCAL
Papel do Mediador
• introduzir a temática a ser discutida e manter a discussão acessa;
• esclarecer que não existem respostas certas ou erradas;
• garantir a palavra a cada um dos participantes;
• buscar as chamadas “deixas” para propor aprofundamentos;
• estabelecer relações com participantes para garantir,
individualmente, respostas e comentários relevantes;
• observar a comunicação não verbal (gestos, fisionomias, posturas
corporais quem fornecem significados);
• monitorar o ritmo do grupo.
OBSERVAÇÃO
• Visam entender o contexto a realidade do
local de pesquisa.
• Precisa ser direcionada, a partir das
relações/interferências encontradas na
literatura.
• a observação exige que o pesquisador utilize
todos os seus cinco sentidos
para examinar uma realidade a ser investigada
OBSERVAÇÃO
Tipos de observação: a participante e a não participante.
. observação não participante é indicada quando pesquisador
considera que o êxito na coleta de dados depende de sua
capacidade de resguardar sua identidade. Nesse caso, o
pesquisador assume uma postura de simples espectador dos
eventos observados ou do cotidiano de um grupo.

. observação participante é recomendada quando o


pesquisador julgar que sua participação direta no evento ou
fato a ser observado gerará maior profundidade na
compreensão do mesmo, além de possibilitar uma intervenção
por parte do pesquisador no fenômeno, fato ou grupo.
OBSERVAÇÃO
Planejamento
a) Aproximar-se do grupo a ser observado: aproximação do
pesquisador ao grupo social em estudo. Precisa trabalhar com
as expectativas do grupo e garantir aceitação e confiança.

b) Conhecer o grupo a ser observado: o pesquisador deve


procurar adquirir uma visão de conjunto do grupo.
.
c) Sistematizar e organizar os dados: essa é a fase final, ou seja,
a fase em que a pesquisa revela seus resultados.

.
PREPARAÇÃO PARA ANÁLISE
a) Transcrição de materiais gravados (áudio ou vídeo): no
documento escrito, inserir um cabeçalho identificando o
material (Lembrar da questão ética)

b) Na organização do material, registrar sempre a pergunta feita,


tópico ou variável observada, e a resposta dada ou informação
coletada. Sugere-se pergunta/tópico em negrito e
resposta/informação sem destaque gráfico.

c) Registrar o comentário anotado pelo pesquisador durante a


coleta de dados.
d) Após organização preliminar do material, separar o que será
relevante para a análise.
TÉCNICAS DE ANÁLISE
Categorias de análise
Uma maneira de analisar é fragmentar o todo e
reorganizar os fragmentos a partir de novos
pressupostos. Trata-se, nesse caso, de segmentar a fala
dos entrevistados em unidades de significação.

Nessa perspectiva, a interpretação exige que as


unidades de significação (oriundas da fragmentação das
entrevistas) sejam articuladas umas às outras a partir
de categorias de análise.
TÉCNICAS DE ANÁLISE
Análise de conteúdo
A análise de conteúdo é uma técnica de tratamento de
dados coletados, que visa à interpretação de material de
caráter qualitativo, assegurando uma descrição objetiva,
sistemática e com a riqueza manifesta no momento da
coleta dos mesmos.
A análise de tem a intenção de destacar o conteúdo
expresso na mensagem, e suas representações, (BARDIN,
2009). A mais utilizada é a análise temática.
Envolve: a pré-análise; a exploração do material; e, por fim,
o tratamento dos resultados: a inferência e a interpretação.
TÉCNICAS DE ANÁLISE
Análise do discurso
É uma técnica muito usada no campo da linguística e
das ciências sociais. O objetivo desta análise é
compreender as condições de produção e apreensão dos
significados dos textos a serem analisados.

Essa técnica se aplica aos estudos que pretendem


analisar a linguagem, tanto de senso comum como de
discursos políticos, e se fundamenta no materialismo
histórico, na própria linguística e na teoria do discurso.
TÉCNICAS DE ANÁLISE
Análise do discurso
Pressupostos
a) o sentido de uma palavra não existe em si mesmo,
pois expressa ideologias existentes no contexto sócio-
histórico em que a palavra ou expressão foi produzida;

b) todo discurso dissimula sua relação com as


ideologias, à medida em que se propõe transparente
TÉCNICAS DE ANÁLISE
Análise do discurso

Para realização da análise do discurso, é preciso que o pesquisador


realize algumas ações.

a) Primeiro, deve-se estudar as palavras do texto: quais são os seus termos


constituintes, adjetivos, substantivos, verbos e advérbios, até que se compreenda a
construção das frases.

b) Em seguida, cada frase deve ser dividida em proposições. Isso exige operações
linguísticas para restabelecimento de ordem, reagrupamento de termos e explicitação
de proposições latentes. O pesquisador deve, em termos práticos, refazer o discurso,
para que as proposições possam ir sendo reduzidas a unidades mínimas.

c) As unidades mínimas são possíveis em função dos mecanismos de produção dos


discursos, pois estes envolvem a “repetição do idêntico”, de formas diferenciadas. Ou
seja, busca-se, por trás de variações, a unidade que dá sentido ao conjunto.

d) Por fim, elabora-se a análise, considerando a produção social do texto como


geradora de seu sentido.

Você também pode gostar