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ANCO
,..,
OBSERV AÇOES
SITUA.~ OMIC
A. C. HEREDIA
~
" , . LISBOA
1888
pÀmNA r~ BI!ANCO
~ITUA~ÃO ELONOMI~A DA ILHA DA MADEIRA
1. PARTE
A
Remedios.
São muitos os remedios de que se póde lançar mão, mas nenhum
é muito facH, como o seria cada um de per si se administrações pre·
videntes tivessem opportunamente e successivamente amparado a agri-
cultura e o commercio que, sem 'sombras de duvida, caminhavam pre·
cipitadamente para a mais lamentavel das situações; porque todos es-
ses remedios, todas as providencias a adoptar dependem agora, mais
ou menos, uns dos outros, para que possam todos combaler effieaz-
mente e promptamente, o mal gravissimo, composto de tanlos, males
despresados, que arremessa violentamente para o abysmo aquella po-
bre terra, em tudo indicada pela natureza para ser rica e feliz, com a
só condição de caber a mãos de homens que soubessem aproveitai-a,
ou tivessem olhos de vêr o que d'ella se podia fazer.
Felizmente, se é tarde para os que cansados e eihaustos, teem
atravessado todas as crises, e soffrido todas as consequencias da in-
curia governativa, que, desde longa data. tem respondido ás reelamaçõ~s
sempre zelosas de todos os representantes da Madeira, taxando de ques-
tões de campanario verdadeiras questões economicas, que devi.m 'ter
sido resolvidas sem procrastinações, ainda é tempo de preparafum
futuro risonho para os que apenas começam a conbecer as vicissiludes
da vida ; e de que o governo actual sinceramente deseja8Qtrar no bom
tO
'*
'* '*
E' de absolula necessidade suspender, em quanto se não opera
esta transformação da propriedade. a lei do imposto ou direitos de trans-
missão por titulo oneroso, lei anti·economica a lodos os respeitos, sem-
pre ilIudida e sempre apesar d'isso vexatoria em todos os tempos e em
toda a parte, e que absorvendo toda a propriedade que fosse 9 ou tO
vezes vendida, lornaria impossível muito antes d'esse seu resultado fi-
nal, o grande e rapido movimento que tem de operar-se nas duas pro-
priedades-lerra e bemfeitoria-para em toda a parte as unir, e cons-
tituírem, unificadas, propriedade logica, normal, acceitavel como campo
susceptível detrabalbos ou explorações regulares, e de esperançoso fu-
turo· agricola.
Com a suspensão dos direitos de transmissão, a criação do credito
raral.
Mas temos - dir·se-ha - a Sociedade Geral de Crpdito Prf!dial.
De credito predial !
Que nom,e tão bonito e tão esperançoso pozeram á maior das ca-
sas de prego que tem o paiz f
Para arrancar d'este sorvedoiro a propriedade do reino e ilhas que
ali está sacrificada por grandes necessidades e por grandes impreviden-
eias, deveria o estado adoptar medidas promptas e energicas, que por
não ser~m faceis ninguem dirá que sejam impossiveis nem de extrema
diffi~tlldade. Mas eu não me occupo aqui senão da ilha da Madeira, e
não teria forças para indicar os meios de derribar aquelle monstro pre-
dialcom fóros de instituição economica, por que queria matai-o sem
matar nem ferir interesses legitimamente criados ou adquiridos á som-
bra d'elle, que é filho da monstruosidade da nossa legislaç.ão economica,
que por monstruosa não deixa de ser legislação, na qual os capitaes
confiaram.
Não é com capitaes a juro de fi nem mesmo de 5 % que se pó de
,accudir á agricultura; quem vai buscai-os por esses preços vai impel-
lido por uma necessidade, por uma crise qualquer, momentanea, que
conta resolver de prompto, subtrabindo-se sem demora ruinosa ao jugo
de um jllro que, sendo permanente, não correspunderia aos interesseS
que tem em vista proteger. Mas se uma vicissitude qualquer impede o
pagamento do capital mutuado, o sacrificio torna-se enorme, embara-
çosa a situação do mutuario, os reditos que deviam augmenlar não au-
gmentam ou diminuem, as difficuldades crescem a lodos os momentos,
t5
e com ellas começa e cresce o atraso das prestações por conta de jo-
ros, e quando tres ou quatro prestações esUo em divida sem qoe a sf-
tuação agricola tenha melborado, póde dizer-se consumada a roina, por-
que a amorlisação tem sido insignificaotissima, e vem a expropriaçlo
salvar o credito da Sociedade instituída para criar o do proprielario, I
quem involuntariamente arruina !
O'este resultado não é. não póde ser ninguem livrado peto cuida·
do, cordura. boa vontade e muita benevolencia com que os adminis-
tradores e lndos os empr~gados da Sociedade procuram tornar menos
dura a sorte dos que lá eahem, no numero dos quaes me conto. O de-
feito é da in--tituição imprevidente ou traiçoeira, que em ~ez de cuidar
de juros pequenos e amorlisações grandes, inverteu as idéas economl-
cas e estabeleceu amorlisação pequeníssima para iIludir os incautos, e
juro ~rande. di~farçado eom a modicidade da amorlisação, tanto mafs
pe411ella, tanto mais aUrahente. isto é. tanto mais ruinosa quanto maior
é o praso do emprestimo.
E não contente com isso, a instituiçãosinba armou-se logo contra
o mutuario previdente ou bom adminislrador, que quizesse pagar ante-
cipadamente o capital mutuado ou parte d'elle, porque Ibe probibiu de
o fazer sem que pague ao mesmo tempo a 0/0 sobre a importancia an-
tecipadamente paga! ..~ e~panloso. Uma multa de a 0/\1 a quem quizer
desonerar-se. a quem qnizer libertar-se, a quem quizer pagar o que
deve antes de desfazer-se em juros!
A Sociedade de credito não quer que lbe paguem em quanto ella
sente d'onde tirar os seus juros; quando estes começam a estar em
risco ,"em então a expropriação beneficiar o devedor fortificando-
lhe o credito pela ruina. A monstruosidade é tamanba que ultima·
mente sofIreu moditicações, mas sómente com relação aos novos em-
preslimos de 5 %. Heconbeceu·se o absurdo, a violencia, mas dei-
xa-se subsistir de qualquer modo. Quem quizer pagar antecipadamente
ba-de pagar mais do que deve; este é o principio.
Mas olhemos um pouco mais para dentro da Sociedade geral de
credito predial.
A benefica insliluição cc meça logo por exigir. a quem vae oITere-
cer-lhe a caueça, um deposito de determinada quantia, a titulo de des-
pezas de avaliação, registos, etc., e até ahi não ha que estranbar; mas
quer o emprestimo se faça quer não, quer as despezas tenham moota-
do á importancia do deposito quer não, chegando-se ou não ás de re-
gisto, ele., o deposito não é restituido, nem no todo nem tJm parte, ao
infeliz que realisou ou não realisou o emprestimo que pretendia! € co-
t6
sões de lerreno que não possam ter outra applicação, e em que a sua
cultura possa ser alternada, para dar resultados vantajosos. O tabaco
reduz a tabaco a terra em que é cultivado sem interrupção, e na Ma-
deira não ba terrenos sufficientes, nem que se aproximem dos que
bastam, não digo já para alternar com outras a cultura do tabaco, mas
mesmo para darem pela extensão o interesse que é impossivel tirar em
limitados tratos de lerra. Pôde-se com tudo, com cultura mui cuida-
dosa, obter algumas pequenissimas porções de tabaco de qualidade
superior.
Os pomares de laranjeiras, que nunca cbegaram a ter importancia
senão em mui poucos pontos da ilha, desappareceram por etreito da
molestia que em toda a parte os teem atacado; os de castanheiros tam-
uem não teem sido poupados pela doença, mas ainda produzem em al-
gumas freguezias alimento valioso para os colonos; assim tambem os
de nogueiras, pouco vastos, proporcionam interesses ao productor. Um
dos males das laranjeiras era o da falta d'agua de irrigação, falta que
poderosamente contribuiu para as destruir.
É abundante em fructas a ilha da Madeira, posto que ali as arvo·
res de frueto geralmente nasçam e se criem ao acaso; mas poucas são
as que produzem receita importante, especialmente desde que pouco a
pouco teem desapparecido do porto do Funchal as embarcações que o
demandavam para resfrescarem, e onde davam um movimento annual
de cem mil passageiros, que, pelo menos, dispendendo uma libra cada
um, deixavam todos os annos na terra cem mil libras, que se distribuiam
pelos fornecedores não só de fruclas, mas tambem de hortaliças finas,
carne, peixe, gallinhas, ovos, e de mil objectos de qequenas industrias,
taes como obra de vimes, de marceneiro, bordados, etc., e por tantos
outros individuos em pagamento de difIerentes serviços que lhes eram
prestados, de barcos, cavallos, carros, redes, boteis, etc., ficando por-
tanto aql1ella importante quantia espalhada entre os que d'ella mais
necessitavam, e que por isso não deixava de chegar em parte aos pro-
prielarios que, com alguns de taes interesses ou lucros eram em-
bolsados do preço ou de parte do preço dos seus arrendamentos aos
colonos.
Tudo ou quasi tudo se perdeu em honra e proveito do fisco, que
está aproveitando agora as bonras e lucros da miseria publica.
Entre as fructas que se exportam com vantagem, e que tinham
um consumo prompto por bons preços a bordo dos navios, figuram as
bananas, as anonas e os mangos. A mais geral e a mais importante d'es-
tas fructas é a banana; mas a cultura das bananeiras, isto é, a sua maior
extensão, depende da questão d'aguas de irrigação, o que não quer di-
zer que não dependam lambem da resolução d'essa questão as outras ar-
vores de fructo mais ou menos interessantes para o productor.
Mas as duas culturas verdadeiramente e altamente importantes da
Madeira são a da vinha, e a da canna d'assucar, que a da beterraba, e
a do sorgo, ambas interessantes, mas que lambem exigem irrigação, em
caso nenhum poderiam substituir com vantagem. A canna de assucar
produz em i8 mezes, sendo depois annual a sua producção.
A cultura das vinhas não poderá por ventura restabelecer-se nas
proporções em que antigamente existiu, mas é susceptível de grande
desenvolvimento com a plantação de cepas resistentes.
Emquanto á cultura da canna, mostra já a experiencia que terrenos
cansados e planta degenerada, e já atacada do mal proveniente em parte
do empobrecimento da terra, são a causa do aniquilamento d'essa cul-
tura, que começou por dar producções cada anno mais escassas, até
que, exigindo-se sem cessar de planta cada vez mais enfesada, tirada
da canna, por tantas causas enfraquecida e viciada, se chegou ao mo-
mento de a encontrar improductiva e podre, tendo contribuído para
este resultado não só a ignorancia dos lavradores. mas tambem, princi-
palm~nte. a falta de meios, que obrigava a procurar rendimento na re-
producção incessante da mesma planta, que por sua naturesa a tal se
não prestava.
A cultura da canna reviverá porém, como já em muitos pontos da
ilha está revivendo, reconhecido que seja em toda a parte quaes os ele-
mentos de fertilidade que para ella faltam ao solo, e dando-lb'os. alter-
nando-a em terrenos adquados, bem adubados, talvez de preferencia
com os adubos para esta cultura indicados por mr. Bloudeau, abundan-
temente regados, e com planta de outros paizes, já experimentada com
bom exito por agricultores previdentes, não eivada do nenhuma moles-
tia e em todo o seu vigor.
'*
'* ,.
Já se vê, portanto quão grande é a importancia da questão de
aguas de irrigação na ilba da Madeira, e até onde as culturas e as in-
dustrias apontadas, protegidas, auxiliando-se e desenvolvendo-se simul-
tanea e reciprocamente, podem constituir uma verdadeira riqueza, de
que o estado tirará opportunamente valiosos recursos, largamente com-
pensadores dos adiantamentos com que agora a fomentar.
25
:II: •
'* '*
A hypothese do começo de epidemias ignoradas pelos passageiros
DOS paizes d'onde vão para a Madeira, e a das que podem desenvol-
ver-se a bordo durante a viagem, devem estar prevenidas, porque Dlo
o estando, como não estão, acontecerá, como tem~acontecido em algu-
mas estações, não irem á Madeira doentes que ali costumam ir, re·
ceiando que as quarentenas os obrigue a seguirem do Funchal para
outro dos portos de escala onde toquem os navios em que embarcam.
Ua um lazareto no Funchal, mas creio que mal situado, mal edificado
e mal organisado; é indispensavel estabelecei-o em condições de para
elle entrarem os passageiros, sem repugnancias, e com as commodida..
des que se podem ter em estabelecimentos d'esta ordem; ediftcado
dentro de uma espaçosa quinta murada e ajardinada, e com boleI per-
feitamente montado, disfarçando de todos os modos possiveis o facto
de clausura, proporcionando mesmo distracções que nlo deixem sen-
tir amargamente o tempo da quarentena=
1 Vi, um anIlO depois, apresentada esta idéa COlHO cousa nova n'um relatorio
da alfandega de consumo.
48
dos directores das alfandegas, ao extremo, peior ainda, de lhe dar uma
iodependencia complela. com acção de invadir a administração interna
das alfandegas. era urgentíssima uma reforma racional n'este importan-
tíssimo ramo de serviço. E tendo exposto o qne era a fiscalisação ex-
terna, a origem dos sem; males, a natureza d'esles, e os meios de os
remediar. insisti em '188i, como havia indicado em 1875, que se dés-
se organisação e commandos geraes militares aos corpos da fiscalisa-
ção, retribuindo melhor us guardas empregados no seniço da raia e
da costa. garantindo-lbes, e ás familias, a sllbsbtencia quando se inu-
tilisassem ou morressem no serviço e por efr~itú do serviço, e promo-
vendo immediatamente os que prestassem serviços importantes e arris-
cados.
23. 0 Que fosse adoptado () projecto de penalidades, com definição
de contrabando, descaminho de direitos e transgressões que em 1884-
formulei, o qual julgo conveniente dar em appendice n'este folheto, pa-
ra ser comparado com o decreto n. o ~), qne o tomou por base.
24.. 0 Que as multas por descaminho de direitos (ossem applicadas
na sua totalidade aos apprehensores e descobridores, evitando-se com-
tudo o premio demasiado ao denunciante.
'2!5. o Que se extinguissem as coro panhias de trabalhos braçaes das
alfandegas, seLdo de com missão os logares de fiscaes, de chefes de
trabalho e fieis de deposito, desempen hados por empregados escolhidos
entre terceiros ofliciaes e aspirantes. e\'itando os desaguisados e confli-
clos constantes entre os ehefes das repartições e os de uma corpora-
ção de trafego com visos de independencia; creando logares de fieis de
balança, torlos retribuidos pelo tbesouro, constituindo os impostos por
salarios receita do estado, cobrada pelo thesoureiro da alfandega; refor-
mando a labella dos salarios, tomando por base d'estes o pezo dos vo-
lumes, e evitando uma tão extensa como complicada e ridicula pauta
como a que tem vigorado sobre o assumpto.
26. 0 Que nas alfandegas só podessem despachar despachantes en-
cartados, exceptuando d'esta regra sómenle os passageiros pelo que
respeitasse ás suas bagagens, dando as vantagens e designando as ha-
bilitações. fiança e responsabilidades dos mesmos despachantes para
com o commercio e para com a alfandega, em ordem a tornar res-
peitavel, utll a si e ao publico esta classe. da qual, bem constituída,
podiam sair os melbores verificadores praticos, que são sempre de fa-
cto os primeiros.
27. o Que se estabelecesse o despac ho por declarações de volumes
que contivessem mercadorias bomogeneas.
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QUADROS
Alfandegas de Lisboa e Porto
i81 49:5605000
Gratificações por parte do governo aos primeiros verifica-
dores que fizerem o serviço de reverificações ...... . t :2005000
50:7608000
E sendo a despeza actual de •.............•........ 52:2208000
Haverá n'este caso reducção de despeza de .......... . i:~608000
58
Alfandega do Consumo
~. os officiaes actuaes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . 22
Ditos do novo quadro... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.&.
DifIerença para mais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . • • . . . . . 2
aos quaes teem de se:' promovidos '2 terceiros officiaes.
3.oS otlil'.iaes actuaes. . . . ... ... . . . .. .... .... .. . ..• . ....• •. 27
Promovidos a 2. os ••••••••••••• '. • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 2
25
3. o, offidaes do nov(J quadro.............................. 70
45
Directores e todos os empregados das alfandegas dos grupos 3. 0
e 4.° que teem ordenados de 3006000 réis. . • . • . . . • . . • • • 23
Reslam ..................•. ~ • . . • . • . . . . . . . . . . . • . . . • . . • • • 22
para os quaes teem de ser promovidos 22 aspirantes dos quadros
acluaes das alfandegas de Lisboa, Porto e Consumo:
Aspirantes actuaes....................................... t 22
Promovidos a 3. os officiaes... . . . • . . . . . . . . . . • . . • . • • . . . . • . • • 22
tOO
Novo quadro, t. a classe •.....•..••.••....•.••.•••.••••••• 136
Restam . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . • • . . . . . . . . . • . . • . • . . • • • . . • • 36
para os quaes entrarão os empregados das alfandegas dos grup(:s
3.° e 4.° que teem ordenados inferiores a 300~000 réis, com
excepção dosaspirantes, e que são tambem exactamente 36.
Os logares de aspirantes de 2. a classe do novo quadro são 70, e
de 70 é o numero dos aspirantes das alfandegas dos grupos 3. 0 e 4. 0
que para elles teem de entrar J e assim tudo aqui se completa.
6i
VENCIMENTOS
Ordenados e emolumentos
Parece-me assás ridículo, todo este processo, que sobre ser ridi-
culo, demora o expediente para fazer-se em cada bilhete de despacho
a contagem dos tantos por cento que sobre os direitos paga cada
mercadoria, e depois, fóra do bilbete, a do que pertence ao estado e
aos empregados.
E porque não !la razões perfeitas que determinem a retribui-
ção. parcial apenas, do empregado, por meio de emolumentos;
por que. quanto mais depender· a boa retribuição do empregado
da melhor cobrança da receita publica, maior vigilancía será exer-
cida sobre esta, e mais zeloso será o serviço. proponbo que, in·
cluidos todos os addicionaes para emolumentos nos direitos geraes,
sejam os empregados retribuídos com uns tantos por milbar sobre a
receita geral, correspondentes á media dos vencimentos 3ctuaes, po-
dendo o governo reduzil·os, esses tantos por milbar, sempre que as-
sim o indique um augmento desproporcional de receitas. Ficará assim
tudo simplifieadíssimo.
A quota para o monte-pio das alfandegas na importancia de réis
2:7006000, e as despezas do expediente. passarão a ser pagas pela
verba de despezas eventuaes, o que n'este caso não augmenta nem di·
minue a despeza para o estado, por que os tantos por milbar para os
empregados são calculados segundo a importancia que elles recebiam,
liquida d'aquelles encargos.
Quando porém possa haver duvidas, que não tenho, sobre a con·
veniencia de incluir nos direitos geraes os addicionaes para emolumen-
tos, e sobre o pagamento dos actuaes ordenados e emolumentos, por
meio de uns tantos por milbar sobre a receita das alfandegas, poderá
ser adoptado o mesmo systema com relação sómenle aI) prodl1cto de
todos os emolumentos de 3 %. .
Aposentações
o mal para o estado não está em ser mais ou menos longo o pri-
meiro periodo de aposentação; estã em aposentar quem não deve ser
aposentado; o remedio não consiste na injustiça que encerra o despreso
de t 4. annos de bom serviço, mas sim na moraadade dos actos do go-
verno.
Adoptado porém que seja o systema que proponho para a retri·
buição dos empregados em etIectivo serviço, o vencimento dos aposen-
tados tem de ser pago pela mesma fórma, mas em todo o caso sempre
proporcional ao tempo de serviço.
CONCURSOS E EXAMES
Isto não póde ser; é incôngruente, injusto, sem utilidade real nem
apparente, e por fim irrisorio.
HabilItações para admissão aos concursos, iguaes para todos; pro-
grammas para os concursos, racionaes, modestos, muito praticos, de
possivel desempenho, e especiaes para as ditTerentes classes; pontos fei-
tos pelos examinadores; exames perante empregados competentes; e,
embora os exames de verificadores sejam feitos perante o conselbo su-
perior das alfandegas~ façam parte do jury tres ou quatro verificadores
de La ordem além dos que são do conselho. Classificações só dllas-
«bom ou inslI/fidente.;-mais do que isto é pôr a nomeação nas mãos
do examinador. E' preciso, corno jã n'outra occasiãn escrevi. que a con-
sciencia do examinador não tenha onde refugiar-se. que não possa fazer
meia justiça a uns para proteger outros com a conhecida contradança
de B. B. e JJ. AJ. B. B.
Assim, e não bastando para a lIomeação ou promoção do emprega-
do a approvação no exame sem informação explicita do conselho de di-
recção sobre o merecimento real do concorrente, voto pelus concursos,
que obrig!lm a estudar, e ficam equilibrados pelo parecer do conselho
de direcção, que hade ser sempre competentissimo e insuspeílo, res,
peitador da justiça que deve aos interessados, que teem de o apreciar
de perto, e fundado no conhecimento do serviço e do trato de todos os
dias, que é o mais importante.
Na promoção respeitada a antiguidade sómente em igualdade de
circumstancias, entendendo-se por igualdade de circumstancias compe-
teneia igual no desempenbo pratico do serviço. De outra sorle eterni-
zar-se-bia a incompetencia ou ignorancia nos logares superiores das al-
fandegas. Como já tive oecasião de dizer em outros documentos offi-
ciaes, sem tirar a promoção á incapacidade. sem dar á inditIerénça, á
indo!encia e á má vontade, que manteem a ignorancia, o castigo do es-
tacionamento. nenhuma reforma de seniço póde n'esta parte dar resul-
tados promptos e satisfatorios.
Despachantes
'*
'* III
Reentrados
o serviço de armazens e despacho de volumes a reentrar e reen..
trados, é melindroso; eu segural-o-ia com as seguintes disposições:
L a - Nenhum volume sabido de um armazem pode voltar para o
mesmo armazem em que primitivamente entrou.
2. a - O volume que reentra, intacto ou não, é sempre sellado, e
segue para o armazem de reentrados com o bilhete do modelo n. o 9
se vae intacto, e com o bilhete do modelo 0.° tO se d'elle se fez al-
guma extracção.
3. a - O encarregado do armazem de reentrados fórma a sua escri.
pturação com os bilhetes acima referidos, collados a uma encadernação,
ficando debitado nos talões dos mesmos bilhetes, que ficam em poder
do chefe da respectiva casa de despacho.
4. a - O cbefe tia casa de despacho transcreve no talão do bilhete
ós dizeres da verit1cação lançados n'este pelo verificador.
85
Eslalislica
Estatistica geral, exacta, prompta, diaria, barata, como a todos os
respeitos convem que seja, só podem fazel-a os encarregados do serviço
de verificações a par do processo da verificação. Estabelecidas que se-
jam as verificações por um verificador e um coadjuvante. não me pa-
rece que haja objecções que oppõr a este metbodo de fazer a e~tatis
tica.
O coadjuvante munido dos modelos necessarios segundo as classes
e artigos da pauta, á proporç.ão que se verificam as diflerentes merca-
dorias contidas n'um volume, vae fazendo o extracto de cada artigo ve-
rificado no modelo correspondente, e no fim do dia está a estatistica
feita, restando sómente separar por classes os ditIerentes modelos em
que se fez o trabalho estatistico, e sommar nos extractos de todos os
verificadores as addiçõAs relativas a cada classe e artigo da pauta, de
sorte que se póde chegar á perfeição de publicar no dia 3 de cada mez
a estalistica de todos os generos despachados no dia primeiro, e assim
successivamente, corrigindo-se no fim de cada semana, ou de cada mez,..
86
.,.
* ..
Foram estas, a diversos respeitos muito syntbeticamente expostas
aqui, as indicações que para uma reforma de alfandegas tive a bonra
de dar ao sr. Marianno de Carvalho. a pedido de S. Ex. a ; não as dei
melhores porque melhores não sabia dai-as; o seu desenvolvimento ca-
bal seria objecto de regulamentos completos, de que não cheguei a oe-
cupar.. rqe, porque os meus trabalhos com razão passaram a mãos de
obreiros mais babeis, que os aproveitaram n'uns pontos e desprezaram
n'outros, com o criterio que é patente na reforma decretada.
87
Vê-se, porém, que o meu pobre projecto, radical como era, a nin-
guem prejudicava-que procurei, e creio que consegui, aUender n'elle
a todas as conveniencias do serviço, dos empregados e do commercio,
a todos os direitos bem fundados, a todos os interesses legitimos, sem
augmento de despeza para o estado. A reforma decretada adoptou as
mesmas bases geraes da minha, mas tirou d'ellas outras deducções. e
estendeu-se em desenvolvimentos a que eu não teria sabido chegar. Em
conclusão, não digo que o que fiz é melhor nem peior do que a reforma
decretada; digo o que fiz para que se me não aUribua o que não fiz.
A outros pertence a apreciação dos dois trabalhos, nenhum dos quaes
é de certo isento de erro.
Contr:marca
I Nome do navio
Mez
-- '''-I--:;:~tado-=-
~
=
Contra-mar- 1 Artitice
~
ca
---------I Qualidade do carrega-
-411!!
{"C>
:::!.
='
mento
,.==
~
~
r:n I Quantidade do manifesto ~
=,
Importador
~
~
...= ----------I--~:~-:~~cada
~
=ao.
= ~
I
=1I
-==
...=
~
~
=
=-
Accrescimo na descarga
...
~
F'~~:~d'"'''' ,
~
Despachante ~ r:n
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N.o do rroc~s!'>o por falta
ou acresclmo
=
...
= ...
Quantidade ~
de volumes
= - - - - - , Nota d~-ter
sido ha;~: ==
:=
-= nisada a differença N
==
~
~
r:n
- - - - - , - N.o d;:r~;~-: bilhete
=
~
r:n
li»
de de~pacho
e
Qualidade
dos volumes
~
N.o ~;. ~-e'p':~~--~~~ =
=
I
~
~
r:n
~.
-411!!
ponaneia d' este
1 1 - - - - - ' ---------,- - - - - - - -
~
=
=-
~
I
~ Data da iiyuidaçáo do r:n
deposito e respectivo ~
Marcas dos Jl o de receJla
=
volumes
-----------I-Q uanti..J8dt; peaija a des-
pacho em acto succes·
~
;;"
sivo, para consumo ro'·
exportaçi.Ío ou transito. =
~
Numerosdoli
volumes I Quantidade depositada
~
~
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N.- 5
Livro de receita da casa de, despacho em acto successivo
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N.o 4
Livro de receita da casa de despacho externo
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N.O 6
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N.- 7
Livro de reeeita da exportação
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Livro de receita de reexportação e baldeacão
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N. B. Quando foi feito este modelo existiam ainda direitos de reexportação e de baldeação.
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(Hodelo l'i. o 8) N.O de N.O de
TALÃO N.o ~50 BI LHETE N. o 150 ordem receita
t886-Julbo to.
Contra-marca _801/86 I(~
t886-Julho to.
Contra-marca _801/86.
De reerntrada
I)or demora na casa de despacho (ou a pedido do despachante)
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Importador-F. Importador-F.
Despachante-F. Despachante-F.
Do armazem D.o 5. Do armazem D.o 5.
Caixa-J. J. S. Caixa-J. J. S.
N.o de ordem-1529 N.o de ordem do bilbete de despacho t529.
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Reemtrada por demora na casa Vai sellado.
de despacho (ou a pedido do
despachante).
o chefe da casa de despacho
Sellada.
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o cbefe da usa de despacho
F.
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TALÃO N.o,
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(Hodelo n.O "O) N.O de
ordem
N.o de
receita
De reentrada "fi")
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BILHETE DE REENTRADA
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tH86 - Julho
Cpnlra-mar~a
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Importador - F. Im p()rtador-I~'.
Despachante - F. :~:
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O,~spachante- F.
Bilhete primiLi\'o-ll.o 7tt. Bilhete prirniti\'o-n.o 7 t t.
Do armazem n.o 7. fA.~ 00 armazem n.O 7.
~y.< Caixa-~L C. D.
Caixa -M. C. D. rto" • ~
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