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métrica ou na balança
Ao se pesar o gado, o rendimento da carcaça depende da
condição corporal, cobertura de gordura, sexo, raças, nutrição e
peso vivo no momento do abate
Publicado em: 20/03/2013
Em tempos passados, o homem sempre negociou o gado por meio do olhômetro, ou seja, o meio visual,
aliado a alguns truques, era o principal mecanismo utilizado para a escolha dos animais. Para realizar a
compra, astutos negociadores evitavam, por exemplo, comprar os bois em dias ensolarados e quentes, já
que no calor o animal ficava mais alerta, animado e ereto. Além disso, nos dias quentes, o brilho do sol
deixava os pelames mais brilhantes, passando a impressão de que o peso do gado era maior.
Esses negociadores davam preferência, então, por fechar o negócio em tempos chuvosos e frios, por
ficarem os animais encurvados e tristes, além de a chuva deixar os pelos arrepiados, sugerindo que os
bois pesavam menos.
Outra tática utilizada era a de se observar o horário correto para a negociação, já que no decorrer de um
dia podia-se observar mudanças no peso do boi, tanto de carcaça (para animais mortos) quanto para os
animais ainda vivos.
Quanto aos animais ainda vivos, devido à alimentação há uma variação de peso no decorrer do dia. Isto é
provocado pelo balanço entre, de um lado, a ingestão do alimento e da água e, de outro, a eliminação das
fezes e urina. Ao se pesar bovinos adultos no decorrer do dia, vê-se que o peso mais leve será registrado
pela manhã, quando o sol ainda não raiou, atingindo o peso mais elevado lá pelas 7 horas da noite. Isso é
decorrente do hábito alimentar do gado.
Durante o verão, das 19h30 até as 6h00 do dia seguinte, o boi não come, apenas lambisca (ao redor de
7% do alimento ingerido por dia). Mas, por outro lado, defeca muito, quase metade do que eliminará de
fezes por um dia. No período noturno, perde cerca de 11% de seu peso vivo.
Em contrapartida, a boiada come para valer nas primeiras horas após o nascimento do sol, das 6h até às
11h. Durante essas 5 horas o animal pode aumentar seu peso vivo em 8%. A partir das 11h, ele come
pouco e se dedica a descansar, remoer (ruminar), andar, ou olhar o horizonte até às 15h30 min ou 16h.
Atualmente, é fácil perceber que a tradição de venda de gado por meio de observação visual diminui,
embora se acredite que nunca desaparecerá, mesmo com a popularização das balanças. No começo da
década de 80, menos de 15% das fazendas de corte tinham balança. Hoje, com o barateamento, estima-
se que 50% delas a possua.
Embora uma balança calibrada seja um preciso e apurado equipamento de pesagem, seus resultados de
peso vivo podem não estimar os pesos reais de carcaça. E, o conhecimento do peso de carcaça é
extremamente importante, já que os frigoríficos pagam pela arroba da carcaça e não pelo peso vivo.
Mas, enfim, como é realizada a negociação? A resposta para esta pergunta é bastante simples. A
medida em arroba é usada para se calcular o peso da carcaça (animal morto), ou seja, o peso da carne
com o osso. Desconta-se, então, o total pesado pelo sebo, couro, patas, cabeça e entranhas. No entanto,
o cálculo em arroba costuma trazer algumas confusões para os menos habituados ao conceito.
O peso vivo em quilogramas é usado para o animal vivo, enquanto a arroba é usada para o total da
carcaça
A arroba
A arroba é uma medida antiga de massa. No Brasil, o valor da arroba é 15 kg, arredondado de 14,688 kg.
Mas, apesar de consolidado os 15 kg por arroba, fica ainda uma confusão no mercado. Essa confusão
deriva da diferença entre peso vivo e peso de carcaça.
A confusão reside no fato de que o peso vivo em quilogramas é usado para o animal vivo, enquanto a
arroba é usada para o total da carcaça, mesmo que se esteja falando em animais ainda vivos. Por
exemplo, um boi de 300 kg de peso vivo é um boi de 10@. No entanto, 300 kg divididos por 15 é igual a
20 e não 10. São 300 kg de peso vivo, dos quais apenas 150 kg (50%) são carne mais osso, ou carcaça
propriamente dita. O peso de 150 kg divido por 15 é igual a 10@. Embora pareça confuso, o raciocínio é
automático para quem está acostumado.
Quem não convive com tal terminologia, comum na pecuária, pode desenvolver o raciocínio fazendo o
seguinte cálculo: No exemplo do texto, o peso vivo é 300 kg que multiplicado por 50% (rendimento de
carcaça) chega a 150 kg da carcaça. Divide-se o peso da carcaça por 15 e chega-se às 10@.
O rendimento da carcaça (ou também chamada de peso morto) depende da condição corporal, cobertura
de gordura, sexo, raças, nutrição e peso vivo no momento do abate. Por isso é preciso cautela quando se
compara simplesmente a medida em quilogramas com as arrobas. É preciso lembrar que estamos
comparando duas situações diferentes.
O sistema métrico
Na prática, no dia a dia das fazendas, ambas as informações são usadas para se calcular o rendimento
da carcaça. O pecuarista pesa o animal em sua propriedade, obtendo assim o peso vivo do animal
instantes antes do embarque. O frigorífico, que fará o pagamento do boi abatido, passa ao produtor o
peso da carcaça que foi obtido após o abate. Esse peso geralmente é repassado em quilogramas e não
em arrobas. Mesmo assim, de imediato, ou o próprio frigorífico ou o pecuarista já o transforma em
arrobas, dividindo o total por 15. Com ambas as informações, o pecuarista compara a pesagem do
frigorífico (carcaça) com a pesagem feita na fazenda (peso vivo) e chega ao rendimento de carcaça.
O ideal seria que todas as unidades fossem padronizadas pelo sistema métrico. No entanto, alguns casos
envolvem toda uma mudança cultural e um esforço superior ao benefício que seria obtido. Por isso é mais
importante que sempre se tenha consciência de que medida se está falando e para qual situação: peso
do animal vivo ou peso da carcaça.
Estudos recentes apontam para uma nova técnica desenvolvida especialmente para se obter dados de
peso ao nascimento, sem que o animal tenha que passar pela balança. Trata-se da medição do perímetro
torácico, já utilizada em ovinos, caprinos, equinos, suínos e gado leiteiro, mas novidade em zebuínos.
Esse método de predição apresenta margem de erro de no máximo 10%, considerada aceitável pelos
pesquisadores.
A ideia de medir o perímetro torácico dos bezerros com fita métrica para aferir seu peso surgiu de
necessidades reais. Mas, por que não usam a balança? Por uma razão óbvia: é problemático pesar
bezerros logo após o parto, principalmente na estação chuvosa, época de maior concentração dos
nascimentos.
A ideia de medir o perímetro torácico dos bezerros com fita métrica para aferir seu peso surgiu de
necessidades reais
Neste processo, o peso é uma função das dimensões corporais. Ou seja, animais grandes naturalmente
serão mais pesados do que os pequenos. Das diferentes dimensões corporais testadas, o perímetro
torácico tem se mostrado o melhor preditor individual do peso vivo, em qualquer estágio de crescimento
em bovinos.
As medidas são colhidas com fita métrica comum e depois registradas no computador, que estima o peso
ao nascer utilizando as funções de regressão já determinadas. A medição do perímetro torácico pode ser
feita quando o peão vai ao campo curar o umbigo do bezerro, não atrapalhando em nada a rotina da
fazenda. Trata-se de um procedimento rápido, que não agride o animal, deixando-o tranquilo no pasto. A
fita deve ser colocada corretamente, na cernelha do bezerro, passando próximo às axilas e à extremidade
posterior do cupim.
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mais: http://www.cpt.com.br/cursos-bovinos-gadodecorte/artigos/como
-pesar-gado-por-analise-visual-metrica-ou-na-
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