A frase "Raça de Víboras" atribuída a João Batista tem origem no Novo
Testamento da Bíblia, especificamente no livro de Mateus, capítulo 3, versículo 7. João Batista era um pregador e profeta que anunciava a vinda do Messias, e ele usou essa expressão para se dirigir aos fariseus e saduceus, grupos religiosos influentes na época.
No contexto histórico e social, é importante entender que João Batista
pregava em um período de grande tensão política e religiosa na região da Judeia, sob o domínio do Império Romano. Os fariseus e saduceus eram líderes religiosos judaicos que tinham diferenças doutrinárias e rivalidades entre si. Eles também eram considerados parte da elite religiosa e detinham poder e influência sobre o povo.
Ao chamar os fariseus e saduceus de "Raça de Víboras", João Batista estava
fazendo uma crítica contundente a esses líderes religiosos. A imagem das víboras era associada à traição, hipocrisia e maldade, e João estava denunciando o comportamento destes líderes que, segundo ele, eram hipócritas, falsos e desviavam-se dos verdadeiros ensinamentos de Deus.
A associação das víboras com traição, hipocrisia e maldade remonta a uma
série de fatores históricos, culturais e simbólicos presentes em diferentes civilizações ao longo dos séculos. Esses elementos contribuíram para a construção de uma imagem negativa associada a esses animais.
1. Simbologia bíblica: No contexto bíblico, as víboras são mencionadas
várias vezes e geralmente são associadas a figuras negativas. Por exemplo, no Antigo Testamento, a serpente (também conhecida como a serpente astuta) é retratada como um agente da tentação e do pecado no Jardim do Éden, enganando Adão e Eva. Essa narrativa estabeleceu uma ligação entre serpentes e a traição da confiança divina.
2. Cultura greco-romana: Na Grécia Antiga e no Império Romano, a
simbologia negativa em torno das serpentes também estava presente. Por exemplo, na mitologia grega, a deusa Medusa tinha serpentes em vez de cabelos e seu olhar transformava as pessoas em pedra. Essa imagem simbolizava perigo, traição e ameaça. Já na mitologia romana, a serpente era associada ao deus Mercúrio, que era conhecido como o mensageiro dos deuses, mas também como um símbolo de astúcia e trapaça.
3. Associação cultural e folclórica: Ao longo da história, as serpentes e,
especificamente, as víboras, foram frequentemente associadas a características negativas em várias culturas ao redor do mundo. Essas associações podem ter sido influenciadas por encontros reais com serpentes venenosas, que podem ser traiçoeiras e perigosas para os seres humanos. Essa experiência concreta levou a interpretações simbólicas negativas.
4. Contexto histórico: No contexto do primeiro século na Judeia, onde João
Batista pregava, o uso da expressão "Raça de Víboras" era uma forma de denunciar a hipocrisia dos líderes religiosos. Era uma maneira de retratá-los como traiçoeiros, astutos e distantes dos verdadeiros princípios religiosos e morais.
Embora a associação das víboras com traição, hipocrisia e maldade possa
variar em diferentes tradições culturais e religiosas, essas conexões simbólicas têm raízes profundas na história e no imaginário humano. A metáfora das víboras na frase de João Batista reflete a sua crítica contundente e a urgência de uma mudança sincera de comportamento por parte dos líderes religiosos e das pessoas em geral.