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ESPERANTO

FUNDAMENTAL

ROBERTO FIGUEIRA

Março 16/2012
O QUE É O ESPERANTO

O Esperanto é uma língua planejada, língua, deve ser traduzido para as outras 19, o que
criada pelo médico oftalmologista polonês, Dr resulta 380 combinações possíveis, ou seja, muito
Lazar Zamenhof, e lançada ao mundo em 1887. É dinheiro gasto com tradução, tradutores e
considerado uma língua viva e reconhecida duas eletrônica. Com o esperanto cada país traduziria o
vezes pela UNESCO, órgão oficial do documento para seu idioma, o número de
departamento de ciências da ONU. combinações diminuiria, menos dinheiro seria
Não foi o primeiro nem o último projeto de gasto, a comunicação seria politicamente neutra e
língua internacional, mas o único que já dura 133 isso não seria aplicado só na União Européia, mas
anos tendo inclusive recebido em 2008, indicação em todo o mundo! Essas exorbitâncias com
do Parlamento Europeu para o Nobel da Paz! traduções seriam usadas mais inteligentemente
O Esperanto não pertence a nenhum país para acabar com outros problemas no mundo
nem defende qualquer doutrina política ou como fome, desidratação, tétano, poliomielite, etc.
religiosa. Não pretende, jamais, substituir as Com o esperanto como idioma auxiliar,
línguas nacionais, nem tornar-se uma “única todas as línguas nacionais iriam ficar em pé de
língua universal” como, erroneamente, a falsa igualdade, e ninguém precisaria aprender um
propaganda ainda é veiculada pelos idioma nacional a não ser se quisesse, e não
desinformados. Zamenhof concebeu o Esperanto precisaria ser "o inglês porque o mercado manda",
para ser uma língua AUXILIAR, uma segunda ou "o espanhol por causa do Mercosul". Seria um
língua para todos os povos. grande passo de inteligência e de bom senso para
No início, tornou-se motivo de perseguição a espécie humana.
por todos os sistemas político-totalitaristas e toda O Esperanto, tem a sua própria literatura
a família de Zamenhof foi dizimada na 2ª grande com milhares de obras traduzidas de todas as
guerra mundial. Ainda hoje é TABU para os nações, incluindo a Bíblia, O Corão, Os Lusíadas,
impérios econômicos que tentam impor sua língua biografias como as de Pelé, Gandhi, Einstein,
nativa. livros de ciência, tratados de matemática,
A gramática do Esperanto compõe-se de medicina, xadrez, música, gibís como a obra
apenas 16 regras principais, sem quaisquer prima “TinTin” do belga Hergé, “Asterix o
exceções ou irregularidades, ao contrário das Gaulês” criado pelo francês Uderzo e muito mais.
línguas naturais e outras planejadas. É uma língua O Esperanto tem função propedêutica, isto
absolutamente, fonética, isto é, sua escrita é, seu aprendizado facilita o aprendizado de outras
representa fielmente o que se fala, pois cada letra línguas e atividades intelectuais, como provou
representa um único som e cada som corresponde muito bem, o húngaro Laslo Polgar, pai das três
apenas a uma única letra. Toda gramática pode ser maiores expoentes do xadrez feminino mundial.
aprendida em apenas 5 minutos! Polgar, que é pedagogo e psicólogo, só fala
Seu vocabulário é formado por 60% de radicais Húngaro e o Esperanto. Ele criou um projeto
derivados do Latim, 30% das línguas Eslavas, e pedagógico que possibilita tornar uma criança
10% das línguas orientais. Portanto, não é língua gênio em aprendizagem. Aplicou nas próprias
artificial, como alguns dicionaristas desavisados filhas e as transformou em expoentes da história
afirmam, pois é composta por geniais mundial, tornado-as imortais do jogo de xadrez.
simplificações e reestruturações de elementos já Seu trabalho e suas idéias estão relatadas no livro
existentes. que escreveu, em Esperanto, com o título “Eduku
Em relações internacionais, o uso do Geniulon”, cujo resumo pode ser visto na Web.
Esperanto é o ideal, todos ficam em situações Este é um dos maiores exemplos atuais das
iguais. Tudo fica mais democrático, e muito mais possibilidades do Esperanto como língua e
barato. Na União Européia, por exemplo, existem disciplina intelectual.
20 línguas oficiais. Um texto escrito em uma
COMO ESTUDAR
O esperanto é a mais fácil das línguas porém, mesmo assim, exige dedicação, rítmo, e disciplina. A
melhor estratégia será seguir os seguintes passos:

1) Treinar bem a pronúncia, mesmo sozinho, para acostumar a língua e adquirir confiança;
2) Memorizar cinco palavras por dia;
3) Formar novas frases combinando as que estão aqui;
4) Formar frases curtas que sejam aplicadas ao dia-a-dia, como “não quero”, “o que é isto”, etc;
5) Formar grupos de estudos;
6) Ouvir musicas e documentários na internet;
7) Possuir dicionários “esperanto/português” e “português/esperanto”;
8) Arrumar correspondentes em outros países (redes de correspondência na internet);
9) Acessar frequentemente os melhores “sites”;
10) Fazer download do “Kurso de Esperanto”, livros e manuais grátis (www.4shared.com);
11) Evitar construir frases longas e complicadas no início da aprendizagem;

Ao praticar a fala, tente pensar em encontrará desde aulas básicas com pronúncia até
Esperanto pois, em português, temos vícios de maravilhosas músicas como “Vi volas Danci”,
linguagem tais como usar muitos verbos numa “La Katoj”, etc. Você poderá ouvir chineses,
mesma frase. A finalidade do Esperanto é a de ser japoneses, franceses, coreanos do sul, tibetanos,
uma língua AUXILIAR; Em português dizemos: todos falando a mesma língua! Veja também o
“vou tomar banho”; em Esperanto é suficiente: museu do esperanto na Áustria e o Café Esperanto
“eu me banharei” (mi baniĝos); na Polônia onde as atendentes e garçonetes falam
fluentemente em Esperanto. Procure também o
Muito importante na internet é acessar o depoimento do psicólogo, lingüista e consultor na
“www.youtube.com” para assistir centenas de ONU, Claude Piron, demonstrando os benefícios
pequenos vídeos em Esperanto. Digite apenas a sociais pedagógicos e neurológicos produzidos
palavra “Esperanto” no “buscador” e você pela língua neutra internacional.

INTERNET
Dentre milhares de sites existentes no momento, os melhores podem ser considerados os seguintes, a
partir dos quais você pode descobrir muitos outros:

http://www.lernu.net Manuais e livros em “pdf’, dicionário “online”, pronúncia;


http://www.kurso.com.br Curso completo com pronúncia, grátis, em 25 línguas;
http://www.wikipedia.org Tudo sobre Esperanto, mas existe também em Esperanto;
http://esperanto.net Completo em mais de 60 línguas;
http://bejo.esperanto.org.br Organização da Juventude Esperantista Brasileira;
http://www.esperanto.org.br Liga Brasileira de Esperanto, órgão oficial no Brasil;
http://www.uea.org Na Holanda, administra o Esperantisto no mundo;
http://www.esperanto.cc Um dos melhores e mais completos;
http://www.musicexpress.com.br Músicas em Esperanto originárias de todos os países;
http://www.ikso.net/kantaro Somente músicas em Esperanto, com letras!
http://www.tejo.org Organização Mundial Esperantista de Jovens;
http://radioverda.com Uma das centenas de rádios em Esperanto;
ALFABETO
O alfabeto (28 letras): A B C Ĉ D E F G Ĝ H Ĥ I J Ĵ K L M N O P R S Ŝ T U Û V Z
As letras ‘Q’, ‘W’, ‘X’ e ‘Y’ não são usadas em Esperanto. As letras Ĉ, Ĝ, Ĥ, Ĵ, Ŝ, e Û são caracteres
próprios. Não há acentuação no Esperanto,
As vogais são cinco: A, E, I, O, U.

PRONÚNCIA E SÍLABA TÔNICA


O Esperanto é uma língua fonética, escreve-se como se fala e se fala como se escreve. Cada letra
corresponde a um único som e cada som corresponde a uma única letra. O som de uma letra não muda
qualquer que seja sua posição na palavra. O Esperanto é uma língua regular e não apresenta quaisquer
exceções.
As letras A, I, U, B, D, F, K, M, N, P, T, V, Z, pronunciam-se como em português. As demais letras
têm os seguintes sons:

O ô fechado como em “avô”, “boca”; nunca como em “herói” Loko (lô-kô)


E ê fechado como em “mesa” “três’; nunca como em “César”, “pés” Beto (bê-tô)
C ts como “tsar”; nunca como K ou Q do protuguês Laca (lá-tsa)
Ĉ tch como “tch”, como em atchim Ĉevalo (thê-vá-lô)
G guê gutural, como em gato, mesmo antes de “e” ou “i” Genio (guê-ní-ô)
Ĝ dj como “DJ”, em adjunto, adjetivo Ĝentila (djê-n-tí-la)
H h sempre aspirado nunca será muda Helpi (rê-l-pi)
Ĥ rê som do “J” espanhol, muito aspirado Eĥo (ê-rrô)
J i som de “I” breve Pajlo (pai-lô)
Ĵ j equivale ao “J” em português Ĵurnalo (jur-ná-lô)
L l dobrado, nunca muda para “U” no final de sílaba Malalta (mall-all-ta)
R rr dental como em “caro” mesmo no início de palavra Rivero (ri-vê-rô)
S SS sibilante, nunca muda para “Z”, mesmo entre vogais Sesa (sê-ssa)
Ŝ x igual ao x do português Ŝipo (xi-pô)
Û u como “U” breve, rápido Fraŭlo (fráu-lô)

Em Esperanto, cada vogal determina uma sílaba. A sílaba tônica será sempre a penúltima vogal,
em toda e qualquer palavra com mais de uma sílaba. Não há exceções.

Exemplos: Bela (bê-la); Kodo (kô-dô); Letero (lê-tê-rô); Sekreto (sê-krê-tô)

As letras “M” e “N” devem ser pronunciadas de maneira bem distintas em final de sílaba: mem (mê-
m); homon (hô-mô-n); tempo (tê-m-pô); sen (sê-n); kampo (ka-m-pô); kun (ku-n);

As vogais nunca devem ser nasaladas, mesmo quando elas estiverem antes das letras ‘M’ e ‘N’:
Memori (mê-mô-ri); Telefono (tê-lê-fô-nô); Banko (bá-n-kô); Kanti (ká-n-ti); Kanado (ká-ná-dô);

agi (á-gui) fuĝi (fú-dji) Eĥo (ê-rrô)


magio (má-guí-ô) ĝirafo (dji-rá-fô) Majo (mái-ô)
legi (lê-gui) leviĝi (lê-ví-dgi) Ankoraŭ (a-n-kô-rau)
gesto (guês-tô) ĝangalo (dja-n-gá-lô) Eŭropo (êu-rô-pô)
argilo (ar-guí-lô) kahelo (ka-rê-lô) Belaj (bê-lai)
rigida (ri-guí-da) heroldo (rê-rôl-dô) Ĵurnalo (jur-ná-lô)
generalo (guê-nê-rá-lô) hasti (hás-ti) Rivero (ri-vê-rô)
aĝo (á-djô) havi (rá-vi) Sesa (sê-ssa)
ĝardeno (djar-dê-nô) haveno (ra-vê-nô) Ŝipo (chí-pô)
ĝemelo (djê-mê-lô) hotelo (rô-tê-lô)
FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
Em Esperanto as palavras são construídas a partir de radicais, prefixos e sufixos criados por
Zamenhoff, e associados entre si, conforme critérios também elaborados por Zamenhoff, que permitem gerar
funções gramaticais e formar vocabulário. Consequentemente, ao contrário das línguas naturais e outros
projetos anteriores e posteriores, o vocabulário esperantista não é de origem etmológica, o que lhe permite
uma estrutura homogenia e sem exceções.
Os radicais foram gerados a partir de raízes simplificadas das principais línguas contemporâneas,
enquanto que os sufixos e prefixos foram criados obedecendo a uma estrutura lógica que permite formar as
funções gramaticais e novos vocábulos pela simples justaposição ou alglutinação dos elementos base entre si
com absoluta regularidade.
A estrutura do Esperanto lembra um joguinho de blocos de madeira onde se pode formar castelos e
casas diferentes a partir dos mesmos elementos iniciais, como no jogo “LEGO”! Por isso é mais fácil
ampliar o vocabulário na língua auxiliar do que em quaisquer outra, além do fato de não existirem exceções.
Veja as observações do psicólogo, lingüista, consultor e tradutor oficial da ONU, Claude Piron, no
www.youtube.com, sob o título “O desafio da linguagem”.
Um vocábulo em Esperanto pode, portanto, resultar da justaposição de:

a) Um radical mais uma terminação;


b) Um prefixo mais um radical mais uma terminação;
c) Um radical mais outro radical mais uma terminação;
d) Todos os elementos combinados entre si.

CLASSES GRAMATICAIS
As classes gramaticais em Esperanto são definidas por prefixos, sufixos, e terminações próprias,
sem exceções e nenhuma irregularidade.

SUBSTANTIVOS apresentam sempre a terminação “O”:


Libro = livro; Kato = gato; Leono = leão; Tablo = mesa; Viro = homem

ADJETIVOS têm a terminação “A”, sem distinção de gênero ou sexo:


Bona = bom, boa; Alta = alto, alta; Rapida = rápido, rápida ; Inteligenta = inteligente (ele/ela)

ARTIGOS só existe um artigo em Esperanto, o artigo definido “La” (o, a, os, as); em
Esperanto no entanto não existe o artigo indefinido, equivalente, em português, a “um”,
“uma”, “uns”, “umas”;
La frato = o irmão; La virinoj = as mulheres; La fratoj = os irmãos; La patroj = os pais.

PLURAL formam-se todos, sem exceção, com o acréscimo de “J”, às terminações do


substantivo, do adjetivo e também dos pronomes possessivos:
Libroj = livros; Leonoj = leões; Belaj = belos, belas; Ĉevalinoj = éguas.

ADVÉRBIOS DERIVADOS todos devem apresentar a terminação “E”, podendo ser


formado a partir dos substantivos ou adjetivos pela substituição das terminações dos mesmos:
Rapide = rapidamente; Bone = bem; Alte = altamente; Kore = cordialmente.
Forta = forte (ele ou ela); Forte = fortemente; Patro = pai; Patre = paternalmente

FEMININO é formado acrescentando-se simplesmente o sufixo “IN” entre a raiz da palavra


e a terminação “O”, dos substantivos, para qualquer caso, também sem exceções:
Leono = leão; Leonino = leoa; Kato = gato; Katino = gata; Viro = homem; Virino = mulher
ANTÔNIMO forma-se o contrário de uma palavra ou idéia, justapondo-se, antes dela, a
sílaba “MAL”; entretanto, “MAL” não implica uma idéia má, indica somente o contrário,
somente isto:
Honesta = honesto, honesta; malhonesta = desonesto, desonesta;
Rapida = rápido, rápida ; malrapida = vagaroso, vagarosa; Alta = alto, alta.

Atenção para a pronúncia! “Malalta” pronuncia-se: mal-al-ta; o “L” não deve mudar para “U”.

PRONOMES PESSOAIS E POSSESSIVOS


Os pronomes pessoais são próprios do Esperanto e para formar os possessivos basta
acrescentar a letra “A” ao final das palavras que formam os pronomes pessoais.

Mi = eu Mia = meu
Vi = você, vocês, o senhor, a senhora Via = seu, sua, de você, do senhor
Li = ele, referindo-se a pessoas Lia = dele
Ŝi = ela, referindo-se a pessoas Ŝia = dela
Ĝi = ele, ela (coisa ou animal) Ĝia = dele, dela, neutro
Ni = nós Nia = nosso, nossa
Vi = vós, os senhores, as senhoras Via = vosso, vossa, da senhora
Ili = eles, elas, em todos os casos Ilia = deles, delas

TERMINAÇÕES PARA OS TEMPOS VERBAIS


Todos os verbos são regulares e não possuem número ou pessoa; aprendendo um determinado verbo
você saberá conjugar QUALQUER OUTRO mesmo sem tê-lo visto antes! Isso nos dá um ganho de
memória e economia de esforços jamais encontrados em qualquer outra língua.
Cada tempo verbal é caracterizado por uma terminação específica.

I = infinitivo: AMI (amar);


AS = presente: AMAS (amo, amas, amamos, etc);
IS = passado: AMIS (amei, amaste, etc);
Os = futuro: AMOS (amarei, amaremos, etc);
US = condicional (futuro do pretérito): AMUS (amaria, amarias, etc);
U = imperativo: AMU (ame!).

CONJUGAÇÃO VERBAL
Usa-se uma só forma para cada tempo. Ao ser conjugado, o verbo exige o uso do pronome pessoal
que designa a pessoa e o número. Lembre-se, por exemplo, ao dizer “eu quero café com leite”, em Esperanto
não basta dizer apenas “quero café com leite” (volas kafon kun lakton), é necessário sempre colocar um
pronome pessoal para caraterizar a pessoa e o número: “mi volas” (eu quero) ou ili volas (eles querem).

Veja o exemplo seguinte:

Eu leio = mi legas (forma correta, colocando sempre o pronome junto ao verbo ou ação)
Ele escreve = skribas (forma incorreta, falta o pronome: li skribas, não sabemos quem escreve)
Eles falaram = Ili parolis (se não colocar o pronome não saberemos se foi, ele, ela, nós, etc)
O verbo FARI (Fazer) e qualquer outro, é conjugado seguindo o presente modelo, aprendendo um
exemplo você saberá todos os demais, mesmo sem tê-los visto antecipadamente:

PRESENTE PASSADO FUTURO CONDICIONAL IMPERATIVO

MI FARAS FARIS FAROS FARUS FARU


VI FARAS FARIS FAROS FARUS FARU
LI FARAS FARIS FAROS FARUS FARU
ŜI FARAS FARIS FAROS FARUS FARU
ĜI FARAS FARIS FAROS FARUS FARU
NI FARAS FARIS FAROS FARUS FARU
VI FARAS FARIS FAROS FARUS FARU
ILI FARAS FARIS FAROS FARUS FARU

Este exemplo vale para qualquer outro verbo em Esperanto sem exceção! Tudo isso significa um
tremendo ganho de tempo, esforço e eficiência pedagógica jamais encontrada em qualquer outra língua!

VERBOS MAIS USADOS NO DIA-A-DIA

ANDAR MARŜI LEMBRAR MEMORIGI


ABRIR MALFERMI OUVIR AÛDI
APRENDER LERNI OLHAR RIGARDI
BEBER TRINKI PODER POVI
COMER MANĜI PEGAR PRENI
CHEGAR ALVENI PRECISAR BEZONI
CORRER KURI QUERER VOLI
DESCER SUBIRI SER ESTI
DORMIR DORMI SABER SCII
DIZER DIRI SOLTAR LIBERIGI
DEITAR-SE KUŜIĜI SUBIR SUPRENIRI
ENTENDER KOMPRENI SANTAR-SE SIDIĜI
ENTRAR ELIRI SAIR ELIRI
ESCREVER SKRIBI SENTIR SENTI
ESTAR ESTI TELEFONAR TELEFONI
FALAR PAROLI USAR UZI
FECHAR FERMI VIAJAR VOJAĜI
GOSTAR ŜATI VOLTAR REVENI
IR IRI VER VIDI
LER LEGI VIR VENI
VOCABULÁRIO
Como o vocabulário básico é formado a partir de radicais associados a prefixos e ou sufixos, novas
palavras podem ser formadas pela simples troca ou acréscimo de um prefixo, pela justaposição de outro
radical, ou de todos esses critérios simultaneamente; torna-se possível adquirir um vocabulário sempre
crescente, dinâmico, renovado e com extrema economia e sem esforço de memória.
Substituindo a TERMINAÇÃO de uma palavra, obtém-se outra, ligada à primeira, formando uma
“rede” ou “família”. Isso torna possível transformar um substantivo em um adjetivo, em um advérbio ou até
mesmo em um verbo, etc, possibilitando um ganho de memória imenso pois basta saber um radical e
saberemos, no mínimo, 5, 10 ou mais palavras novas, derivadas da inicial, que se ligam entre si de modo
natural. Você não precisa decorar 5 ou 10 palavras diferentes, ligadas a uma mesma idéia, para aumentar o
seu vocabulário. Conhecendo a palavra chave e a regra, o cérebro saberá deduzir e construir dezenas de
novas sentenças a partir da inicial, o que também contribui para o desenvolvimento do raciocínio lógico.

Vejamos um exemplo:
“Paroli”(falar), terminação “i” verbo no infinitivo;
“Parolo” (palavra), terminação “o” de substantivo;
“Parole” (oralmente), “e” de advérbio
“Parola” (oral) terminação “a” de adjetivo.

Fini = finalizar; Fino = fim; Fina = final; Fine = finalmente;


Finis = terminei; Finos = terminarei
Bela = bela, belo; Bele = belamente;
Malbela = feio (ele, ela); Melbele = feiosamente

Essa é uma característica única e pertencente ao Esperanto que lhe dá o grau de obra prima criada
pelo gênio de Zamenhof, e que possibilita o desenvolvimento do raciocínio lógico e operacional de quem
aprende essa língua auxiliar internacional.
A esse processo de combinação para a formação de novas palavras damos o nome de DERIVAÇÃO.

Vejamos mais um belo exemplo com a palavra “SANO” (substantivo saúde):

Sano=saúde (substantivo pois termina em “O”)


Sana=saudável, sadio, são (adjetivo, terminação “A”)
Sane=saudavelmente (advérbio derivado pois termina em “E”)
Sani=estar com saúde (verbo no infinitivo, pois tem a terminação “I”)
Sanigi=sanar, curar (terminação “IG” que significa fazer, tornar, mais o “I” do infinitivo)
Saniĝi=ficar são, curar-se (sufixo “IĜ” para tornar-se mais o “I” do infinitivo)
Saneto=saúde pequena (terminação “ET” para coisas pequenas, “kateto” = gatinho)
Sanulo=homem sadio (terminação “UL” significa indivíduo mais o “O” de substantivo)
Sanulino=mulher sadia (sufixo “UL” mais “IN” para o feminino, mais “O” de substantivo)
Sanejo=hospital (terminação “EJ” que indica local da ação; “hundo”=cão, “hundejo”=canil)

Aglutinando o prefixo “MAL” (idéia contrária) teremos:

Malsano=doença (antônimo de saúde)


Malsana=doente (adjetivo;
Malsane=doentiamente
Malsani=estar doente
Malsanigi=tornar doente, fazer adoecer (pronúncia: MAL-SÁ-NÍ-GUI)
Malsaniĝi=ficar doente (pronúncia: MAL-AS-NÍ-DJI)
Malsaneto=doença pequena, sem importância
Malsanulo=pessoa doente, masculino
Malsanulino=pessoa doente, feminino
Malsanulejo=hospital
AUMENTATIVO E DIMINUTIVO
Fazemos o aumentativo dos substantivos e adjetivos, acrescentando o sufixo “EG” ao radical
da palavra mas conservando o “O” ou o “A” final.
Igualmente formamos o diminutivo usando o sufixo “ET”, entre o radical e a terminação que
indica o substantivo ou adjetivo:

Domo = casa; Dometo = casinha; Domego = casarão;


Belega = belíssimo, belíssima; Beleta = bonitinho, bonitinha;

INTERROGAÇÃO
Para formar frases interrogativas usamos palavras criadas por Zamenhof, próprias do
Esperanto, chamadas “interrogativos” no início das sentenças.
Os principais são os seguintes:

Kio (o que, animais ou coisas): Kio estas li? (O que é ele?);


Kie (onde): Kie vi loĝas? (Onde você mora?);
Kiel (como): Kiel vi fartas? (Como você passa/está?);
Kiam (quando): Kiam vi venos? (Quando você virá?);
Kiom (quanto): Kiom mi ŝuldas? (Quanto eu devo?);
Kiu (quem, qual): Kiu estas li? (Quem é ele?);
Kial (por que, ao perguntar): Kial li skribis? (Por que ele escreveu?)

Sentenças interrogativas que não necessitem de interrogativos, devem ser iniciadas pela palavra
“ĈU” (pronuncia-se TCHÚ) no início das frases:
Ĉu vi estas sana? = Você está com saúde?; Ĉu vi foriros morgaŭ? = Você irá amanhã?;
Ĉu vi fartas bone? = Você Passa bem?

OBJETO DIRETO
Para atuar como objeto direto na sentença, os substantivos, adjetivos e pronomes, recebem a
terminação “N”:
Mi manĝos panon = Eu comerei pão; Li havas belan domon = Ele tem uma bela casa;
Mi amas vin = Eu amo você; Mi amas Marian = Eu amo Maria

O “N” se chama “acusativo”, em Esperanto: observe a frase “La kato mordis la leono”: nesta
sentença não há como saber quem mordeu quem; é justamente a posição do “N” que indica quem recebe a
ação, ou seja, quem é o objeto direto!
Se você justapor o “N” ao “kato”, fica: La katon mordis la leono ( o leão mordeu o gato), mas se
colocarmos o “n” no “leono”, vamos indicar que o leão é recebeu a ação, isto é, ele é que foi mordido pelo
gato!: La kato mordis la leonon! (o gato mordeu o leão!), independentemente da ordem das palavras.

O uso do acusativo possibilita algo exclusivo da língua auxiliar Esperanto: não importa a ordem
das palavras! Qualquer que seja ela, a idéia será comunicada com absoluta precisão, evitando os contra-
sensos inerentes às demais língua.
COMPARAÇÕES
Para fazer comparações, usamos as palavras chamadas COMPARATIVOS, exclusivas do
Esperanto com obedecendo a seguinte estrutura:

TIEL + KIEL = TANTO + QUANTO;


PLI + OL = MAIS + QUE;
PLEJ + EL = MAIS + DENTRE;
Sempre correlacionados numa mesma sentença:

Vejamos os exemplos:

Mi estas tiel alta kiel vi = Eu sou tão alto quanto você;


Vi estas pli forta ol li = Você é mais forte que ele;
Ŝi estas la plej bela el la lernantinoj = Ela é a mais bela das estudantes;
La glaso estas malpli granda ol la botelo = O copo é “menos grande” que a garrafa;
Li estas La malplej diligenta el ĉiuj = Ele é o menos inteligente de todos.

PREPOSIÇÕES
Em Esperanto as preposições têm um significado exato, o que não acontece no português e no
no início da aprendizagem podem nos dar alguma dificuldade.

Eis alguns exemplos:

Kio estas sur la tablo? = O que está sobre a mesa (em contato com a superfície)
Estas pomoj kaj glasoj = Há maçãs e copos
Kiom da pomoj estas sur la tablo? = Quantas maçãs estão sobre a mesa?
Kio estas super la tablo? = O que está sobre a mesa? (a cima, sem fazer contato)
Kiom da glasoj estas sur la tablo? = Quantos copos existem sobre a mesa?
Kio estas sub la tablo? = O que há debaixo da mesa?
Estas oranĝoj kaj boteloj = Há laranjas e garrafas

NUMERAIS
Não há outra língua que possibilite aprender a numeração escrita ou falada de modo tão simples e em
tão pouco!
Os numerais cardinais são:

0 nulo 5 kvin 10 dek 20 dudek


1 unu 6 ses 11 dek unu 30 tridek
2 du 7 sep 12 dek du 40 kvardek
3 tri 8 ok 13 dek tri 50 kvindek
4 kvar 9 naŭ 14 dek kvar 60 sesdek

Formar qualquer número é como brincar com o jogo LEGO, é só adicionar pecinhas para dar forma a
um novo brinquedo!
100 Cent 1000 Mil 110 Centdek
200 Ducent 2000 Du mil 1010 Mil dek
300 Tricent 10000 Dekmil 1100 Mil cent
800 Okcent 1.000.000 Miliono
900 Naŭcent 1787 Mil sepcent okdek sep
SENTENÇAS NEGATIVAS
No esperanto a negação é simples, isto é, faz-se apenas uma vez, ao contrário de alguns casos como
no português e italiano.
Exemplos:
Mi ne estas laca = Eu não estou cansado; Mi estas neniam laca = Eu nunca estou cansado
Mi ne volas kafon = Eeu não quero café; Mi ne deziras akvon = Eu não quero água

Mas, atenção, “Mi faris nenion” significa “Eu fiz nada”. Se escrevêssemos: "mi ne faris nenion",
teríamos a negação de uma negação, ou seja: "mi faris ion” = Eu fiz algo.

FALANDO ESPERANTO
Conhecendo-se sua estrutura que é simples, lógica e absolutamente regular, é só adquirir vocabulário
e combinar palavras para formar novas sentenças. A gramática de hoje é a mesma de 100 anos atrás, na
China, na África, na Rússia, no Nepal

Vejamos os exemplos:

“Mi parolas rapida” (Eu falo rápido); mudando o adjetivo para advérbio fica: “mi parolas rapide”(eu falo
rapidamente); ou transformando em sua negativa temos: “mi ne parolas rapide” (eu não falo rapidamente);
ou ainda para a interrogativa: “ĉu mi parolas rapide?” (eu falo rapidamente?); ou para o futuro e mundando
o pronome: “ĉu ŝi parolos rapide?” (ela falará rapidamente?), ou ainda “ĉu ŝi parolos tre malrapide?” (ela
falalá muito “devagarmente”?), que, em português, constumamos pensar assim: “ela vai falar muito
devagar?”

Quanto ao objeto direto, talvez tenhamos, no início, uma pequena dificuldade em lembrar o “N”.
Porém, mesmo esquecendo, seremos compreendidos na China, no Tibet, na África, graças à estrutura lógica
e genial criada por Zamenhoff: Mi parolas Esperanton; “mi ne parolas Esperanton”; Bonan ŝancon (boa
sorte); De kie vi estas? (de onde você é?), neste caso não usamos o “N” pois não há objeto direto; Ne faru
tion (não faça isso); Kion vi faris? ( o que você fez?).

De kiu lando vi estas? - De que país você é? Mi estas malsata. - Estou com fome.
Eble. - Possivelmente. Ĝis! - Até! Mi ĝojas. - Estou alegre.
Kiam vi venos? - Quando você virá? Mi konsentas. - Concordo.
Kie vi loĝas? - Onde você mora? Mi ne komprenas. - Eu não entendo
Kiel vi fartas? - Como você está passando? Mi ne volas. - Eu não quero.
Kio estas via nomo? - Qual é seu nome? Mi pensis pri vi. - Pensei em você.
Kio okazas? - O que está acontecendo? Mia nomo estas... - Meu nome é...
Kiom kostas? - Quanto custa? Nedankinde. - De nada
Kioma horo estas? - Que horas são? Saluton! - Olá! (Saudação!)
Kion vi faras? - O que você faz? Tre bone! - Muito bem!
Konsentite! - De acordo! Vi estas stultulo. - Você é um idiota
Mi amas vin. - Eu te amo. Vi pravas. - Você tem razão.
Mi estas laca. - Estou cansado/a. Kiom kostas tio? - Quanto custa isso?
PEQUENO VOCABULÁRIO
APRENDER LERNI VIR VENI
ANDAR MARŜI VOLTAR REVENI
ABRIR MALFERMI USAR UZI
ACORDAR VEKI TRABALHAR LABORI
ATRAVESSAR TRAPASI PÃO PANO
BEBER TRINKI QUEIJO FROMAĜO
CHEGAR ALVENI MANTEIGA BUTERO
COMER MANĜI PEIXE FIŜO
COMEÇAR KOMENCI OVO OVO
CALAR SILENTI SOPA SUPO
CORTAR TRANĈI CARNE VIANDO
CORRER KURI GALINHA KOKINO
CONCORDAR KONSENTI AÇUCAR SUKERO
CANTAR KANTI SAL SALO
COBRIR KOVRI LEITE LAKTO
DORMIR DORMI CAFÉ KAFO
DEITAR KUŜIGI CERVEJA BIERO
DEITAR-SE KUŜIĜI ÁGUA AKVO
ENTRAR ENIRI PEDRA ŜTONO
ESTUDAR LERNI CABEÇA KAPO
ESCREVER SKRIBI CABELOS HAROJ
FECHAR FERMI ROSTO VIZAĜO
FALAR PAROLI OLHOS OKULOJ
FAZER FARI, IGI NARIZ NAZO
GOSTAR ŜATI BOCA BUŜO
IR IRI DENTES DENTOJ
LER LEGI ORELHAS ORELOJ
LEVANTAR LEVI BRAÇO BRAKO
LEVAR PORTI MÃO MANO
OLHAR RIGARDI DEDO FINGRO
OUVIR AÛDI PERNA KRURO
PEGAR PRENI PÉ PIEDO
PARAR HALTI CAMISA ĈEMIZO
PULAR SALTI CALÇAS PANTALONO
PASSAR PASI BOLSO POŜO
QUERER VOLI VESTIDO ROBO
SAIR ELIRI SAIA JUPO
SENTAR-SE SIDIĜI MEIAS ŜTRUMPOJ
SUBIR SUPRENIRI CHAPEU ĈAPELO
TERMINAR FINI SAPATOS ŜUOJ
ÓCULOS OKULVITROJ TESOURA TONDILO
CASA DOMO
TELHADO TEGMENTO EDIFÍCIO KONSTRUAĴO
TETO PLAFONO ANDAR ETAĜO
PORTA PORDO RUA STRATO
JANELA FENESTRO PARQUE PARKO
PAREDE MURO AVENIDA AVENUO
PISO PLANKO CIDADE URBO
SALA ĈAMBRO PONTE PONTO
BANHEIRO BANEJO RIO RIVERO
PRIVADA NECESEJO FRUTA FRUKTO
ESCADA ŜTUPARO LANCHONETE LUNĈEJO
MESA TABLO GATO KATO
CADEIRA SEĜO CINEMA KINEJO
SOFÁ SOFO JORNAL ĴURNALO
CAMA LITO ÔNIBUS BUSO
ARMÁRIO ŜRANKO TAXI TAKSIO
PRATELEIRA BRETO TREM TRAJNO
RELÓGIO HORLOĜO BICICLETA BICIKLO
RADIO RADIO AVIÃO AVIADILO
TELEVISÃO TELEVIDO NAVIO ŜIPO
FILME FILMO AEROPORTO FLUGHAVENO
COMPUTADOR KOMPUTILO FUMAÇA FUMO
NOTÍCIAS NOVAĴOJ ÁRVORE ARBO
DISCO DISKO ENFERMEIRO FLEGISTO
TELEFONE TELEFONO FLOR FLORO
CELULAR POŜTELEFONO FUNCIONÁRIO FUNKCIULO
FOGÂO FORNO CHOFER ŜOFORO
GELADEIRA FRIDUJO SOLDADO SOLDATO
ELEVADOR LIFTO CÃO HUNDO
PRATO TELERO CÉU ĈIELO
GARFO FORKO SOL SUNO
COLHER KULERO LUA LUNO
FACA TRANĈILO TERRRA TERO
COPO GLASO MAR MARO
GARRAFA BOTELO LUZ LUMO
XÍCARA TASO AR AERO
LÂMPADA LAMPO FOGO FAJRO
SABÃO SAPO CHUVA PLUVO
PIA LAVUJO TROVÃO TONDRO
TOALHA TUKO VENTO VENTO
TORNEIRA KRANO EMPURRAR PUŜI
ESPELHO SPEGULO PUXAR TIRI
FRASES USUAIS

Não sei Mi ne scias


Fale mais devagar Parolu pli malrapide
Escreva isso pra mim Skribu tion por mi
Espere um minuto Atendu minuton
Como você chama isso? Kiel vi nomas tion?
O que isso significa? Kion signifas tio?
Como você se chama? Kiel vi nomiĝas?
Eu me chamo Mi nomiĝas
Como você vai? Kiel vi fartas?
Você vai bem? Ĉu vi fartas bone?
Bem/mal/mais ou menos Bone/malbone/plimalpli
Excelente, ótimo! Bonega, bonege!
Igualmente pra você Same al vi!
Tchau, até a vista, até breve, adeus Ĝis, ĝis revido, ĝis baldaŭ, adiaŭ
Você pode me ajudar? Ĉu vi povas helpi min?
Você pode me dizer? Ĉu vi povas diri al mi?
Você pode me dar? Ĉu vi povas doni al mi?
O que é isso? Kio estas tio?
Eu gostaria de/desejaria/preciso de Mi ŝatus/dezirus/bezonas
Onde posso obter? Kie mi povas ekhavi?
Você tem ? Ĉu vi havas?
Onde está o banheiro? Kie estas la banejo?
Onde é/está? Kie estas?
Preciso ir agora Nun mi bezonas foriri
Estou aprendendo Esperanto Mi lernas Esperanto
Sou iniciante Mi estas komencanto
Não lembro a palavra Mi ne memoras la parolo
Diga como faço Diru kiel mi faras
Não sei dizer em Esperanto Mi ne scias diri en esperanto
Fale em Esperanto Parolu en Esperanto
Fale Esperanto Parolu Esperanton
Eu tenho um problema Mi havas problemon
Eu não conheço ele Mi ne konas lin
Desculpe/Não há de que Mi bedaŭras/Ne dankinde
Qual a sua idade? Kiom vi aĝas?
Eu tenho 27 anos Mi estas 27-jara
Qual é a sua profissão Kio estas via profesio?
Onde está a privada? Kie estas la necesejo?
Qual a sua opinião? Kion vi opinias?
Eu prefiro café Mi preferas kafon
Seja bemvindo Bovenon
Bom apetite Bonan apetiton
Possivelmente Eble
De que país você é? De kiu lando vi estas?
Quando você virá? Kiam vi venos?
Onde você mora? Kie vi loĝas?
O que está acontecendo? Kio okazas?
Que horas são? Kioma horo estas?
O que você está fazendo? Kion vi faras?
Eu lhe amo Mi amas vin
Eu estou cançado Mi estas laca
Eu estou faminto Mi estas malsata
Eu estou passando bem Mi fartas bone
Eu estou feliz Mi ĝojas
Eu concordo Mi konsentas
Eu não compreendo Mi ne komprenas
Eu não quero Mi ne volas
Você tem razão Vi pravas
Qual o seu endereço? Kio estas via adreso?
Eu não posso fazer isso Mi ne povas fari tion
Tenha um bom dia Havu bonan tagon
Me deixe falar Lasu min paroli
Eu irei amanhã Mi iros morgaŭ
Quem disse isso? Kiu diris tion?
Eu não creio nisso Mi ne kredas tion
Eu tenho dor de cabeça Mi havas kapdoloron
Não importa Ne gravas
Eu nunca disse isso Mi neniam diris tion
O que você disse? Kion vi diris?
Favor telefonar pra mim Bonvolu telefoni al mi
Eu preciso de você Mi bezonas vin
Você compreende? Cŭ vi komprenas?
Favor falar mais alto Bonvolu paroli pli laŭte
Traduza isso! Traduku tion!
Por favor repita! Bonvolu ripeti!
Eu não me lembro Mi ne memoras
Você é muito bela Vi estas tre bela
Eu posso falar com Maria? Ĉu mi povas paroli kun Maria?
Eu telefonarei depois Mi telefonos poste

CORRESPONDÊNCIA
Para se conseguir um correspondente em outro país é necessário buscar um serviço de
correspondência na internet. Existem diversos geralmente chamados de KORESPONDA SERVO como por
exemplo no “site” “http://esperanto-plus.ru/koresponda-servo/” que é muito bom.
Abaixo vemos um modelo para início de “conversa” ou amizade sem precisar de frases complicadas
ou longas. É importante manter a simplicidade para se desenvolver gradativamente a linguagem.

Mia nomo estas Roberto kaj mi loĝas en Recife. Mi estas 26-jara kaj mi volas lerni. Mi estas
komencanto kaj mi deziras renkonti novajn amikojn = Meu nome é Roberto e eu moro em Recife. Eu
tenho 26 anos e quero aprender. Eu sou inciante e desejo encontrar novos amigos.

Mia nomo estas João kaj mi loĝas en Recife. Mi lernis Esperanton antaŭ tri monatoj kaj mi
volas praktiki ĝin kun aliajn Esperantistoj. Mi ne scias multajn vortojn, do estas malfacile paroli pri
miaj interesoj. Bonvolu mesaĝi al mi. Mia retadreso estas João@etc.com = Meu nome é João e eu moro
em Recife. Eu aprendi Esperanto ha três meses e eu quero praticá-lo com outros esperantistas. Eu não sei
muitas palavras portanto é difícil falar sobre meus interesses. Por favor mandar mensagem para mim. Meu
endereço na rede é João@etc.com
ANEXOS
Xadrez e esperanto: um xeque-mate na barreira linguística
http://www.clubedexadrezonline.com.br/artigo.asp?doc=1145

Terminada a partida, surgiu o interesse em conversar com meu oponente, saber o que ele pensava da
alternativa que eu tomei em relação ao final de peões, enfim, conseguir tirar mais algum proveito de tudo o
que tinha aprendido durante o jogo. Havíamos vencido a barreira física jogando pela Internet, e, no entanto,
permanecíamos diante de uma outra, ainda mais antiga e difícil de ser transposta: a barreira das línguas. Na
ausência de uma língua em comum, estávamos ambos mergulhados no mutismo que prejudicou nosso
próprio amadurecimento no jogo, e a culpa não poderia ser atribuída a nenhum dos dois, porque esse
problema existe há muito tempo, sem uma solução realmente satisfatória para todos.
Quando o berço do xadrez era ainda a França do Café de la Régence, no século XVIII, impunha-se a
necessidade de se saber o francês. Aos poucos, tal necessidade atravessou o Canal da Mancha e dirigiu-se
para a Inglaterra de Anderssen, do primeiro campeonato mundial, e hoje pode-se dizer que o inglês é
inevitável quando se buscam informações a respeito do xadrez, embora venha seguido de perto pelo
espanhol de Capablanca. Nem mesmo a poderosa escola russa foi suficientemente forte para ascender sua
própria língua a um posto dominante em relação às outras, mas dizem que o próprio Fisher afirmou que,
para alcançar seus objetivos, teve de beber da fonte, lendo muitos livros em russo. Mas todas essas línguas
ocupam apenas temporariamente essa posição dominante. Para comprovarmos essa teoria, basta nos
lembrarmos da sequência na História: grego > latim > francês > inglês, e o Esperanto, língua planejada em
1887 pelo polaco Lázaro Luís Zamenhof, representa a única língua viva capaz de, efetivamente, contribuir
para o entendimento entre enxadristas de todo o mundo. Seus objetivos são bem claros e lógicos: servir de
língua auxiliar para pessoas de línguas diferentes, a fim de que elas possam conservar sua própria língua,
mas, ao mesmo tempo, intercambiar experiências com pessoas de outras línguas e culturas.
Ao longo de mais de 120 anos de uso, o esperanto se mostrou bastante eficaz nas relações internacionais, e
hoje seu número estimado de falantes já alcança a casa dos milhões. Sua relação com o xadrez vem desde o
início do século XX, quando surgiu a Liga Internacional Esperantista de Xadrez. E se já está comprovado
que o cultivo do xadrez na mente de nossas crianças e jovens garante um maior domínio das áreas
diretamente ligadas a ele, como a matemática, o raciocínio lógico e a concentração, também está
comprovado que a aprendizagem do esperanto proporciona uma maior compreensão das estruturas da língua
materna, é mais fácil de ser aprendido (porque não sobrecarrega a memória com as incoerências de uma
língua estrangeira) e seu conhecimento faz economizar muitos meses quando se pretende adquirir outras
línguas, caracterizando-a, portanto, como o melhor trampolim para as aprendizagens linguísticas.
Atualmente, o xadrez passa por uma fase caracterizada por variadas fontes de informação, uma fase em que
surgem novos enxadristas de várias partes do mundo, e, devido à globalização e às novas tecnologias, a
ligação entre todas essas pessoas amantes do jogo acontece de forma cada vez mais fácil e instantânea.
Muitos livros e cursos são editados em línguas que não são tidas como línguas de prestígio, e com isso
ficamos sem ter acesso a esse vasto material, tudo fica guardado como um tesouro a ser descoberto por
quem tiver o “mapa da mina”. O Esperanto já foi testado inúmeras vezes como línguaponte, e sua
versatilidade para a tradução de qualquer tipo de texto – inclusive enxadrístico, pois já é possível encontrar
um grande número de informações sobre o xadrez na língua internacional – caracteriza-o como um dos
melhores “mapas” que a mente humana já inventou.
É chegado o momento decisivo: estamos a poucos lances da vitória! O enriquecimento que o estudo do
esperanto poderá oferecer é incalculável. É a opção mais lógica para que não continuemos a sofrer o
afogamento no mar da incompreensão linguística, que tanto empata as chances de aperfeiçoamento de todos
aqueles que desejam ascender em nossa arte. E essa atitude não renderia riscos ao enxadrista. Muito pelo
contrário: seria, antes, um pequeno sacrifício, magistral eu diria, em direção ao xeque-mate na barreira que
ainda reina entre jogadores de línguas diferentes.

Autor: Leandro Freitas é revisor de textos,


professor de literatura, enxadrista e esperantista,e, atualmente, mora em São José do Rio Preto, SP.
e-mail: freitas_letras@yahoo.com.br
Será que alguém sabe falar em Esperanto?
Eduardo C
http://br.answers.yahoo.com

Eu falo esperanto, mas não sou esperantista, no sentido de que não acredito no futuro desta língua.
Entretanto... ela não foi esquecida, tem uma grande literatura, com trabalhos importantes, que merceram até
o premio Nobel. Você talvez tenha assistido ao filme "Uma mente brilhante", onde fala-se sobre John Nash,
o brilhante matemático esquizofrênico que recebeu o prêmio Nobel pela teoria dos jogos. Talvez você não
saiba que a vida de Selten Reinhard, que recebeu o prêmio Nobel junto com Nash em 1994 é tão interessante
quanto a de Nash. Este Reinhard é esperantista, conheceu sua mulher em um congresso de esperanto, e
escreveu várias obras importantíssimas nesta língua. Outro esperantista de peso é Umberto Eco, o grande
especialista em semiótica. László Polgár, o famoso psicólogo húngaro, que lançou a teoria de que pode
transformar qualquer criança normal em gênios, só fala esperanto, além de sua língua natal, o húngaro; para
fazer seu famoso experimento em transformar suas filhas em gênios, procurou uma mulher que quisesse
casar-se com ele, para ter as filhas, submetê-las a seu regime educacional especial; a mulher era ucraniana, e
comunicaram-se em esperanto; as meninas, Zsuzsa, Zsófia, and Judit estudaram pelos livros do pai, em
esperanto. Eis alguns livros de livros de Polgár em esperanto: Eszperantó és sakk (o título está em húngaro,
mas o conteúdo está em esperanto), 2006 (ISBN 9638673877), La stelita stel', 2006 (ISBN 9638704209),
Blanka: Miniaturaj sakproblemoj, 2005 (ISBN 9638653175). Finalmente, o mais famoso livro de Laslo
Polgar, orgulhoso papai das três meninas gênios, é Eduku geniulon (eduque um gênio). Para você ter idéia
de como é o esperanto, aqui está um trecho da propaganda do livro: Vivas nuntempe iu en Hungario, kiu
antaŭ pluraj jaroj anoncis, ke li estas en la posedo de tia personeckonstrua tekniko, kiu povas disvolvi la
kapablojn imanentajn en la infannj kun maksimuma efikeco. Posl tiu deklaro multaj mokis, ridetis, sed
distordiĝis ilia ridetaĉo, kiam la tri filinoj de la nomita pedagogo aperis kiel fenomenoj sur la firmamento de
la mensa aktiveco. = Vive nos dias de hoje, em algum lugar da Hungria, um homem que durante muitos
anos anunciou, ter uma técnica de construção da personalidade, que pode desenvolver as capacidades
imanentes das crianças com máxima eficácia. Muita gente zombou e riu desta declaração, mas o riso virou
careta depois que as três filhas do dito pedagogo tornaram-se fenômenos no universo das atividades mentais.

Talvez você nunca tenha ouvido falar de László Polgár, mas certamente já ouviu falar das três filhas gênios
do psicólogo. Você deve lembrar-se quando Judit nos visitou, no Brasil. Aprendendo esperanto, você poderá
descobrir como Polgár educou as menininhas! No livro, ele também responde aos críticos por ter usado as
próprias filhas no experimento de torná-las gênios (experimento que teve sucesso retumbante). Responde
também às dúvidas daqueles que querem saber se as meninas foram felizes, ao tornar-se estrelas
internacionais de primeira grandeza, na tenra idade de 12 ano, ou 13 anos.

A propósito, na página da Zusza, um fã pergunta a ela:

dangerhump: Susan, In your profile it says you speak seven languages fluently. What are all the languages
you can speak?

Susan Polgar: Hungarian, Russian, German, Spanish, Hebrew, Esperanto and English. Best wishes,

Já que estamos falando em livros, não podemos nos esquecer do best-seller internacional NASKIĜO DE LA
RUSTIMUNA ŜTALRATO (o nascimento do rato de aço inoxidável) de Harry Harrison. Você pode obter
vários livros de Harry Harrison, em esperanto, sem pagar nada.

Aconselho que você aprenda esperanto, por duas razões. Em primeiro lugar, porque é muito fácil. Em
segundo lugar, porque os esperantistas são pessoas amáveis e amigáveis, de grande cultura e unidos. Quando
você viajar, em qualquer cidade, sempre haverá um esperantista para recebê-lo no aeroporto, hospedá-lo,
mostrar-lhe a cidade, etc. Estudei inglês em Cornell, francês e japonês; posso afirmar-lhe com segurança:
Nenhuma das línguas que aprendi foi tão útil quanto esperanto. Em qualquer lugar do mundo em que
cheguei, havia esperantistas para ajudar-me e abrir-me as portas.
El «método Polgar
http://es.wikipedia.org/
László Polgár [ˈlaˈsloˈ ˈpolgaˈr] (Gyöngyös, 11 de mayo de 1946) es un pedagogo y profesor de ajedrez
húngaro, padre y entrenador de las famosas «hermanas Polgár», maestras de ajedrez: Zsuzsa (Susan), Zsófia
(Sofia) y Judit. Ha escrito varios libros muy conocidos en el mundo del ajedrez, como Chess: 5334
Problems, Combinations, and Games y Reform Chess, un compendio de variantes del ajedrez.
Aunque él mismo es considerado un modesto jugador de ajedrez, Polgár es un experto en teoría del ajedrez,
con una biblioteca de más de 10.000 libros sobre ajedrez.
Es también un consumado esperantista, lengua en la que educó a sus hijas.

Como pedagogo, Polgár experimentó su propio método educativo, basado en la creencia de que «los genios
se hacen, no nacen», con sus tres hijas. Antes de casarse escribió un libro titulado Criar genios, en el que
pedía una esposa dispuesta a llevar a cabo el experimento. A la petición acudió Klara, una maestra de
escuela que vivía en un enclave de habla húngara de Ucrania.1
Se casó con ella en la Unión Soviética, y después se trasladaron a Hungría. Tienen tres hijas. El matrimonio
educó en su propio hogar a sus tres hijas, centrándose principalmente en el ajedrez y obviando la ley
educativa, consiguiendo que las tres niñas se convirtieran, desde muy jóvenes, en jugadoras espectaculares
de ajedrez.

Uno de los primeros resultados del «método» fue la victoria de Susan en el Campeonato de Ajedrez de
Budapest para las niñas menores de 11 a la edad de cuatro. László nunca quiso, sin embargo, que sus hijas
jugaran en campeonatos femeninos, sino que las inscribía en el ciclo masculino.2
Posteriormente, Susan Polgar y Judit Polgár alcanzaron el título de Gran Maestro Internacional y Zsófia
Polgár el de Maestro Internacional.3
Su método ha sido también utilizado para el entrenamiento de Péter Lékó, Gran Maestro Internacional
húngaro4 y Ferenc Berkes.5
Caríssimo Carlos Heitor Cony
Sempre que posso, quase todos os dias, ouço você, o Artur Xexéo e o Heródoto debatendo temas
interessantes de maneira interessante na Rádio CBN.
Um verdadeiro lenitivo no trânsito da cidade de São Paulo.
Sempre fui seu fã de carteirinha e costumo levar a sério suas opiniões.
Aí aconteceu algo incrível...
Hoje às 8:45h. você fez uma afirmação surpreendente e o Xexéo nem estava lá pra eu ouvir uma segunda
opinião: você disse que "... A solução é uma língua única, NÃO O ESPERANTO, uma língua biônica,
fabricada em laboratório..."
Entrei em pânico! Pensei: e agora? Preciso avisar a UNESCO que reconheceu o Esperanto e recomendou a
todos os estados membros que o divulguem e ensinem que o Cony falou que essa língua é biônica!
Preciso avisar 10 milhões de pessoas que falam Esperanto pelo mundo afora que essa língua não vale!
Preciso avisar a China que adotou o Esperanto como matéria opcional nas escolas e acaba de pedir curso
dessa língua para os funcionários de sua Embaixada aqui no Brasil, em Brasília que a coisa é biônica!
Preciso avisar o Papa, pra que ele não fale mais Esperanto e não dê nunca mais a mensagem “urbi et orbis”
nessa língua! Falando nisso preciso avisá-lo pra tirar do ar os programas de rádio em Esperanto que a rádio
do Vaticano transmite semanalmente! E três vezes por semana!
Preciso avisar o Rotary Club que está implantando o Esperanto como língua de trabalho!
Preciso avisar o Parlamento Europeu que está com a mesma idéia em pauta só porque gasta 800 milhões de
Euros com tradução.
Preciso avisar a ONU que está levando o Esperanto a sério, só porque gasta o equivalente a 3 vacinas contra
a poliomielite por palavra traduzida em suas conferências, já que nenhuma língua nacional faz, de verdade, o
papel de língua internacional.
Preciso avisar, também, a ONU pra deixar pra lá essa idéia esdrúxula de proteger as culturas locais da
invasão cultural que as está destruindo com a adoção de uma língua neutra! Bobagem!
Preciso avisar meus filhos pra não falarem mais Esperanto pela Internet com jovens de todos os cantos do
planeta, como eles fazem quase todo dia, porque seja lá o que for, seja lá o que signifique “ser biônico”,
deve ser bem pior do que gastar anos a fio pra aprender uma língua de outro país, falar mal e arcar com o
ônus da cultura de invasão com seus enormes interesses econômicos.
Preciso avisar o jovem alemão, de 20 anos, que está no Brasil trabalhando como voluntário em uma ONG
esperantista que cuida de crianças abandonadas e que se hospedaria em minha casa em setembro, que agora
não vai dar: Esperanto é “biônico” e eu não falo alemão e ele não fala português. E agora?
Antes de você dizer isso Cony, eu hospedei outros jovens estrangeiros em minha casa que só falavam
Esperanto, mas agora você me botou um “grilo” na cabeça!
Preciso avisar a Associação Universal de Esperanto que tem delegados no mundo todo e mantém relações
oficiais com a UNESCO que o Esperanto é “biônico”, seja lá o que isso signifique! Afinal falo essa língua
há 23 anos, vou à Congressos, conto piadas, encontro amigos, troco informações com gente de todo o globo
e nunca sofri um curto-circuito sequer!
Preciso avisar a Real Academia de Ciências de San Marino que apóia o Esperanto que tudo é um grande
engano!
Preciso avisar a Universidade de São Paulo, que tem grupo de pesquisa científica sobre o assunto e várias
Universidades pelo Brasil e pelo mundo que mantém cursos de Esperanto que é tudo um ledo engano.
Um engano que já dura 117 anos!
Um engano que possui imensa literatura original e também traduzida! Um engano que gerou associações
internacionais de todo tipo de atividade humana que se utiliza dessa língua para a troca de informações.
Aliás, acabo de abrir um catálogo internacional onde figuram essas entidades e vai dar um trabalho danado:
é muita gente pra avisar!
Como é que pode tanta gente enrolada em um engano?!
O único engano que havia dado certo depois de centenas de tentativas de solução para a língua internacional
que deram com os burros n’água. E deu certo exatamente porque não inventou uma palavra sequer: tudo
veio das línguas ditas “naturais”.
Mas eu entendi sua opinião: é que o arranjo da língua teve a interferência do homem...
Quer dizer que tudo que é desenvolvido pela interferência do homem, é biônico... então:
Preciso jogar meu cachorro fora! A natureza só produziu lobos! Cachorro é uma cachorrada biônica! Ou é
tudo "bionicão"!
Preciso jogar minha casa fora! O negócio é morar na caverna! É natural!
Preciso me livrar da mobília, das frutas que comprei no mercado, das verduras, das roupas e sapatos, dos
aparatos todos.
Meu Deus! Preciso me livrar do rádio! O rádio é um bom exemplo de manipulação de fenômenos físicos
naturais pela inteligência humana, então, rádio é biônico!!!
Mas, se me livro do rádio, como é que vou ouvir o Cony?
Então, acho melhor não jogar nada fora; abraçar meu cachorro; não queimar meus livros em Esperanto (tem
cada coisa boa... só vendo: até “Os Lusíadas” de Camões); continuar conversando alegremente com meus
filhos, esposa e amigos do mundo inteiro nessa língua rica e tão natural quanto o pé de alface que comprei
na feira.
E o mais importante, a única opção atual para que o mundo tenha uma democracia lingüística e para que
proteja as culturas locais e línguas em extinção.
Vou continuar ouvindo você, o Xexéo e o Heródoto na CBN e falando a Língua Transnacional Esperanto.
Seu admirador,
Pedro Cavalheiro
Professor Universitário
Presidente da Liga Brasileira de Esperanto
(Instituição com 97 anos, reconhecida de utilidade pública desde 1921).
Carta de um Americano sobre o Esperanto

http://esperantobr.ning.com/profiles/blogs/carta-de-um-americano-sobre-o
Postado por Renata Ventura em 2 julho 2009 às 20:00
" Dr. Robb Kvasnak
Fort Lauderdale (Estados Unidos), 02 de Julho de 2009.

Excelentíssimos Senadores,
Primeiro gostaria de lhes informar que não sou brasileiro. Segundo que sou americano como todos que
nasceram nas Americas. Moro nos Estados Unidos e sou cidadão daqui. Escrevo-lhes porque o senado está
discutindo um projeto de lei que legalizará o ensino de Esperanto nas escolas de ensino médio no Brasil.

O tema da minha tese de dotourado é sobre estrangeiros aprendendo inglês nos Estados Unidos num curso
intensivo que dura quatro anos. Descobri como foi difícil para os alunos durante a minha pesquisa aprender
o inglês – mesmo em um ambiente onde se fala inglês e pegando lições de cinco horas, cinco dias por
semana! Os alunos do meu estudo eram todos pessoas com um diploma universitário em seus países de
origem. Pessoas muito cultas. Mesmo depois de quatro anos de estudo intensivo, muitos deles enfrentaram
grandes problemas tentando apreder a falar o inglês. (essa é a conexão virtual para a minha tese de
doutorado: http://purl.fcla.edu/fau/47403.)
Aprendí o Esperanto, na qual eu considero uma língua universal, em pouco tempo e sem muito esforço.
Depois de quantro semanas já podia me comunicar em esperanto. Agora luto com todas as minhas forças
para aprender o português – porém é muito difícil para mim. Que bom que o esperanto é uma ferramenta
importante no meu aprendizado do português! Sem saber o esperanto com certeza eu iria precisar mais
tempo para aprender o português.
Gostaria muito que suas excelências considerassem o ensino de esperanto nas escolas de ensino médio do
Brasil. Como o esperanto me ajuda quando aprendo o português, o mesmo ajudará os alunos das escolas
públicas do Brasil a aprender outras línguas, e fará os estudantes do Brasil mais cosmopolitas. No meu ponto
de vista e no ponto de vista de muitos o esperanto deveria ser a língua franca mundial. O inglês como língua
franca e do comércio fez os falantes do inglês se sentir donos do mundo. Além do mais os textos e os meios
de comunicação em esperanto não vem de só uma nação ou pequeno grupo de nações (como é o caso do
inglês) – o esperanto é um idioma mundial. Finalizando o Brazil pode dar o exemplo, fazer a diferença e
tornar-se uma liderança no mundo moderno.
Cordialmente,
Dr. Robb Kvasnak
Doutor em Educação (pedagogia do ensino das línguas) pela Florida Atlantic University nos Estados Unidos
A carta foi escrita com a ajuda do Dr.Edmar Bernardes DaSilva, doutor em educação (Pedagogia dos
Estudos Sociais) pela Florida Atlantic University nos Estados Unidos:
Robb Kvasnak, Ed.D.
Professor of Education, ESOL, bilingual education, second language teaching and acquisition
www.robbkvasnakblog.blogspot.com
www.linguisticblog.blogspot.com"
Valor propedêutico do esperanto
Diversos estudos demonstraram que os alunos que aprenderam em primeiro lugar o Esperanto e
posteriormente uma língua estrangeira atingiram ao final do mesmo tempo um domínio maior da segunda
língua. É o efeito do chamado valor propedêutico do Esperanto: uma criança monoglota que aprende
primeiro o Esperanto, com mais eficácia pode aprender uma terceira língua.
Para o valor propedêutico do Esperanto já atentava o polonês Antoni Grabowski em artigo de 1908
("Esperanto kiel propedeǔtiko de lingvoj", na revista Pola Esperantisto). Com exemplos práticos concretos,
o autor demonstrou a que ponto o prévio aprendizado do Esperanto ajuda a aprender a língua francesa e o
latim, um fato surpreendente para a época.
Desde os anos 20 realizaram-se experimentos em estudos documentados:
• 1925-1931, Columbia University, New York, EUA: 20 horas de Esperanto deram um resultado mais
avançado do que 100 horas de francês, alemão, italiano ou espanhol.
• 1947-1951, Sheffield, Reino Unido (e a partir de 1948 também em Manchester): crianças
aprenderam com o Esperanto em seis meses o equivalente ao que aprenderam de francês em quatro
ou cinco anos; após alguns meses adquire-se com o Esperanto melhores resultados no aprendizado de
outras línguas.
• 1958-1963, uma escola de ensino médio em Somero, Finlândia: sob a supervisão do Ministério da
Educação constatou-se que após um curso de Esperanto os alunos podiam atingir um nível mais alto
de alemão do que os que haviam aprendido apenas o alemão, ainda que por um período maior.
• 1970 - Experimento aplicado pelo professor Istvan Szerdahelyi em Budapeste, Hungria: uma classe
de estudantes aprendeu primeiro o Esperanto e depois, dividida, estudou ou o russo, ou o inglês, ou o
alemão ou o francês. As conclusões foram que o russo foi aprendido com um aproveitamento 25%
maior do que pelos que não haviam aprendido o Esperanto; para o alemão o aproveitamento foi de
30% maior, para o inglês de 40% e, para o francês, de 50%.
• 1993-1997: na Itália fez-se um experimento na escola Gaetano Salvemini de Torino, envolvendo três
turmas. No segundo e no terceiro ano os alunos aprendem um Esperanto básico para comunicar-se
internacionalmente com outras escolas. No quarto e quinto anos, uma turma passa ao aprendizado do
inglês e outra ao aprendizado do francês. Desde o ano escolar 94/95 o experimento foi sancionado
pelo Ministério da Educação Pública. A avaliação confirma o efeito propedêutico do Esperanto para
as crianças italianas no aprendizado mais acelerado do francês e do inglês.
História dos experimentos segundo o modelo LOI (Ensino Orientado a Línguas) de Paderborn
O primeiro experimento no modelo de Paderborn, Alemanha, com avaliação por fórmulas da pedagogia
cibernética foi aplicado pelo professor Helmar Frank nas escolas primárias de Paderborn em 1975 e 1976.
Nele o Esperanto foi ensinado a quase 300 alunos (a um grupo por um ano e a outro durante dois anos).
Posteriormente ambos continuaram no aprendizado do inglês. Esse experimento mostrou que os que
aprenderam o Esperanto por cerca de 100 horas ao longo de dois anos tinham resultados 30% melhores do
que os não o haviam estudado. Os que haviam estudado por um ano obtiveram um resultado 20% superior.
Quase que em paralelo a esse experimento aconteceu outro entre 1975 e 1977, organizado pela ILEI (Liga
Internacional de Professores de Esperanto) e sob a coordenação de Helmut Sonnabend, na Bélgica, França,
Alemanha, Grécia e Países Baixos. Não foi uniformemente aplicado, contudo.
E. Geisler fez em 1979 uma pesquisa final dos conhecimentos em inglês de um grupo alemão e chegou aos
resultados procurados. O fator de transferência oculta K, após 36 horas de ensino do inglês, era 1,16279,
portanto 14% melhor nas crianças que aprenderam previamente o Esperanto. As avaliações posteriores
mostraram um aumento contínuo da diferença entre os dois grupos. A pesquisadora calculou que os alunos
pouparam 129 horas de estudo, se o período total era de 960 horas. (V. Eǔropa dokumentaro, N-ro 25/1980,
pág. 4). Analisou-se o aproveitamento dessas crianças também em outros componentes curriculares e foram
constatados resultados superiores também nos estudos da língua materna (alemão), matemática e geografia.
(V. Frank: Kybernetische Pädagogik, Band 6, p. 424-436).
Nos anos de 1983 a 1985 a professora italiana Elizabeta Formaggio ministrou um curso de Esperanto com
25 alunos nos terceiro e quarto anos da Scuola Elementare "Rocca", de San Salvatore de Cogorno, e fez um
detalhado exame em maio de 1985. Em março de 1988 ela fez um exame semelhante de francês com o
mesmo grupo e com um outro grupo de mesmo número, que não havia estudado Esperanto. Seus resultados
mostraram uma transferência oculta K = 1,3 - portanto aproximadamente equivalente a outras pesquisas (V.
E. Formaggio na revista Humankybernetik, Band 30, Caderno 4 (1989), p. 141-151).
Zlatko Tišljar apresentou sua tese de mestrado com este tema perante a Academia Internacional de Ciências
de San Marino (AIS) em 1995, baseada em um experimento realizado entre 1993 e 1995 na Eslovênia,
Áustria e Croácia. Em cinco escolas de ensino fundamental, 40 alunos estudaram Esperanto por 70 horas de
aula; e depois, em quatro escolas, eles aprenderam inglês e na quinta escola o alemão como língua
estrangeira. Tišljar por três vezes testou essas crianças e um grupo de 40 alunos que não haviam estudado
Esperanto. Os resultados médios são muitos similares aos anteriores (K03 = 1,3415, P03 = 25,5% kaj K13 =
1,398, P13 = 28,5%). Pode-se concluir que de fato os que haviam estudado a língua internacional por 70
horas aceleraram o aprendizado posterior do inglês ou do alemão em aproximadamente 25-30%, o que
significa que em dois anos de estudo de uma língua estrangeira, eles a dominam 50-60% melhor. Como a
língua estrangeira é estudada três horas por semana, 120 horas por ano ou 240 horas em dois anos, a
economia é superior a 120 horas. Por conseguinte, as 70 horas investidas no Esperanto são compensadas em
menos de dois anos no aprendizado de uma língua estrangeira.
Acrescente-se a isso o estudo do professor Yukio Fukuda (Japão) "Zur rationalisierten Fremdsprach-
Lehrplanung unter Berücksichtigung der (z.B. deutschen oder japanischen) Muttersprache",
Grundlagenstudien aus der Kybernetik und Geisteswissenschaft 21, 1980 (p. 1-16), que argumenta que o
ensino orientado a línguas é ainda mais útil no aprendizado de inglês para crianças cuja língua materna é
mais diferente do inglês.
Os métodos de avaliação do ensino orientado a línguas foram aperfeiçoados pelo Instituto de Pedagogia
Cibernética da Universidade de Paderborn, sob orientação do prof. Helmar Frank.
Bibliografia
• Frank, Helmar. 1987. Propedeǔtika valoro de la Internacia Lingvo: Kibernetika teorio kaj empiriaj
rezultoj de la Lingvo-Orientiga Instruado de la Internacia Lingvo kiel bazo de pli posta lernado de
etnaj lingvoj. In Serta Gratvlatoria in Honorem Juan Régulo, II (Esperantismo) (La Laguna:
Universidad de La Laguna), p. 213-222
• Helmar Frank: Kibernetike-pedagogia teorio de la Lingvo-Orientiga Instruado, Kybernetische
Pädagogik/Klerigkibernetiko, Band 6, p. 311-331, Paderborn 1993
• Helmar Frank: Propedeǔtika valoro de la Internacia Lingvo, Kybernetische
Pädagogik/Klerigkibernetiko, Band 6, p. 424-442, Paderborn 1993
• H.Frank e E. Formaggio: La profito el propedeuxtika (speciale lingvo-orientiga) instruado depende
de ago kaj transfero, Grkg/Humankybernetik, Band 33, Caderno 4 (1992), p. 164-174
• Yukio Fukuda: Zur rationalisierten Fremdsprach-Lehrplanung unter Berücksichtigung der (z.B.
deutschen oder japanischen) Muttersprache. Grundlagenstudien aus Kybernetik und
Geisteswissenschaft 21, p. 1-16, 1980
• Istvan Szerdahely: La didaktika loko de la Internacia Lingvo en la sistemo de lernejaj studobjektoj,
Internacia Pedagogia revuo, kajero 0/1979
• Helmut Sonnabend: Esperanto: lerneja eksperimento. Raporto, analizo, konkludo, Edistudio, Pisa
1979
• Evelyn Geisler: La unuaj mezuradoj pri la lernplifaciligo inter la Internacia kaj la Angla lingvoj,
Eǔropa Dokumentaro 21/1979, p. 9-10
• Evelyn Geisler: Mezurado de la lernplifaciligo de la angla pro ILo, Eǔropa Dokumentaro 25/1980, p.
4
• Elisabetta Formaggio: Lerneja eksperimento pri lernfacileco kaj transfero en la
fremdlingvoinstruado, Grkg/Humankybernetik, Band 30, Caderno 4(1989), p.141-151.
• Zlatko Tišljar: LINGVO-ORIENTIGA INSTRUADO (LOI) CELE AL RAPIDIGO DE LA
LERNADO DE FREMDLINGVOJ en "Esperanto vivos malgraǔ la esperantistoj", Inter-kulturo,
Maribor, 1996. Também disponível na rede.
Tradução de um estudo sobre o Esperanto publicado no Bollettino Ufficiale del Ministero della Pubblica
Istruzione, (Boletim Oficial do Ministério da Educação Pública), n. 21-22, 25 maio - 1 junho 1995, p. 7-43.

Livro em alemão Günter Lobin: Ein Sprachmodell für den Fremdsprachenunterricht. Der propädeutische
Wert einer Plansprache in der Fremdsprachenpädagogik (com análise científica detalhada de sete
experimentos - segundo o autor muito mal documentados - entre 1924 e 1988)
Tradução em húngaro da brochura Edward Symoens: Al nova internacia lingvopolitiko: La propedeuxtika
valoro de Esperanto, Esperanto-dokumentoj 28-29 (1992), Universala Esperanto-Asocio
Uma língua ocidental, o Esperanto?
CLAUDE PIRON (http://claudepiron.free.fr/articlesenportugais/linguaocidental.htm)

Se considerarmos o aspecto externo do esperanto, somos tentados a considerá-lo uma língua ocidental.
Sua sonoridade lembra o italiano e o vocabulário parece em grande parte de origem latina. Além disso,
quem tem a oportunidade de ouvir uma conversa nessa língua não tarda a notar que "sim" é pronunciado
yes, como no inglês (mas se escreve "jes"). Tudo parece confirmar o seu caráter ocidental. O ouvinte mais
atento que percebe a presença de inúmeras raízes germânicas fica com a mesma impressão: tudo evoca uma
língua ocidental aparentemente dotada de um léxico em que, como no inglês, encontram-se lado a lado as
contribuições latinas e germânicas.
Alguns, de formação clássica, situarão o esperanto um pouco mais para o Oriente, ao reconhecerem
traços do grego: a conjunção "e" se escreve "kaj" (pronuncia-se cai) e é uma perfeita cópia do grego antigo,
"kai". Os plurais são explicitamente tomados à língua de Homero (em grego, "parallelos", uma linha paralela
e "paralleloi", linhas paralelas; em esperanto, "paralelo", "paraleloj", onde a terminação -oj se pronuncia oi,
como na pronúncia clássica do grego).
O esperanto escrito parece menos ocidental: a presença de consoantes com circunflexo, os "j" seguindo
uma vogal no final da palavra, grupos consonantais como "kv" lembram o aspecto visual do esloveno e do
croata. Quem aposta numa influência eslava não se engana. O esperanto nasceu na Europa oriental. Sua
sintaxe, vários pontos da gramática, muitas expressões, o estilo mais freqüente testemunham efetivamente
um importante substrato eslavo. Da mesma forma a sua semântica. Se a palavra "plena" foi tomada das
línguas latinas, seu campo semântico não é o do nosso "pleno", mas do russo "polnyj", derivado do velho
radical indoeuropeu "pln". Em nenhuma língua românica se fala de um "dicionário pleno", mas sim de um
"dicionário completo". Em esperanto "plena vortaro" é a transposição exata do russo "polnyj slovar", até no
sufixo (em russo, "slovo", palavra e "slovar", dicionário; em esperanto, "vorto", palavra e "vortaro",
dicionário).
O esperanto tem pelo menos alguma coisa em comum com as línguas semíticas? Na forma, não, mas no
espírito sim. Como no árabe e no hebraico, o esperanto forma o essencial de seu léxico através da derivação
a partir de raízes invariáveis. Bem, nas línguas semíticas as raízes se compõem quase sempre de três
consoantes e a derivação se faz freqüentemente com a inserção de vogais entre essas consoantes, enquanto
que em esperanto as raízes não seguem um esquema fixo e a derivação se dá exclusivamente pelo acréscimo
de elementos no início ou no final da raiz. A versão em esperanto da bíblia hebraica contém mais ou menos
o mesmo número de raízes que o original, o que a distingue claramente das traduções em línguas ocidentais,
obrigadas a recorrer a muitas palavras cuja derivação não é transparente, ao contrário da derivação do
esperanto e do hebraico.
Se em nossa marcha ao Oriente nós passarmos do árabe ao persa, nós sairemos de uma língua com
gramática complicada, cheia de exceções, para uma língua em grande parte regular. Em árabe, para formar o
plural, é comum transformar totalmente o interior da palavra: "kitâb", livro, no plural se torna "kutub". O
persa, que tomou muitas palavras do árabe, não pegou emprestado os plurais irregulares. O plural se forma
com a adição da terminação -hâ. O plural de "kitâb" não precisa ser memorizado à parte. Será "kitâbhâ". O
esperanto apresenta a mesma simplicidade. Basta uma fração de segundo para aprender a formar o plural de
todos os substantivos, pois trata-se simplesmente de guardar que ele é formado pelo acréscimo de um "j" -
pronunciado, lembre-se, como a letra i em oi. Que diferença em comparação com línguas como o alemão, o
árabe, nas quais é preciso praticamente aprender o plural em paralelo a cada substantivo comum. E mesmo
em comparação com o inglês, mais regular, mas que mesmo assim apresenta um certo número de exceções:
"woman" (mulher), "child" (criança), "foot" (pé), "mouse" (camundongo), "sheep" (carneiro) e muitas outras
palavras não seguem a regra geral pela qual forma-se o plural acrescentando-se um -s. Diz-se "women",
"children", "feet", "mice", "sheep"...
A maioria dos ocidentais não imagina que existam línguas tão coerentes que a própria noção de verbo
irregular, plural excepcional, derivação aberrante sejam simplesmente impensáveis. Dentre essas línguas
estão o chinês, o vietnamita... e o esperanto. Essas três línguas têm em comum, diferentemente de todas as
línguas indoeuropéias, o fato de serem compostas por elementos rigorosamente invariáveis e que se
combinam entre si de maneira ilimitada. Para quem fala uma dessas línguas, a idéia de que "primeiro" não
deriva da palavra "um" ou que para designar as diversas modulações da primeira pessoa do singular é
preciso aprender toda uma série de palavras como "eu", "me", "mim", "meu", "minha", "migo", é um fato
bizarro e incompreensível. Dá para se entender tão bem sem toda essa confusão! Em chinês, "meu",
"minha", "meus" se diz simplesmente "wode", que é a forma adjetiva (-de) de "wo", eu. O esperanto deriva
essas palavras da mesma maneira, acrescentando a marca do adjetivo (-a) à palavra "mi", eu. Assim,
realidades paralelas exprimem-se nessas duas línguas com formas paralelas, o que não se encontra em
nenhuma língua ocidental. Em "eu tomo a sua, você toma a minha", a reciprocidade dos gestos se marca na
forma tão bem em chinês (wo na nide, ni na wode) quanto em esperanto (mi prenas vian, vi prenas mian).
Em francês (e português), por outro lado, a relação entre "eu" e "minha" não tem nada de transparente, "sua"
deve ser aprendido independentemente de "você", e não se pode formular a idéia corretamente sem haver
memorizado um conjugação: "tomo" na primeira frase deve ceder lugar a "toma" na segunda. Os pontos a
memorizar para se exprimir convenientmente são sempre mais numerosos quando se trata de uma língua
ocidental.
Uma mesma semelhança estrutural se encontra entre o chinês e o esperanto na formação de palavras.
Em francês, como no inglês, é preciso aprender separadamente palavras como "compatriota",
"correligionário", "condiscípulo" e não dá para expressar em uma só palavra conceitos como "pessoa da
mesma raça" ou "alguém que fala a mesma língua". Em chinês, basta conhecer a estrutura e a palavra
fundamental. Se já se sabe falar "país", automaticamente é possível dizer "compatriota". Da mesma forma
em esperanto: para formar compatriota, "samlandano", correligionário, "samreligiano", condiscípulo,
"samklasano", pessoa da mesma raça, "samrasano", pessoa que fala a mesma língua, "samlingvano", basta
conhecer a estrutura "sam___ano" e colocar a raiz correspondente. Da mesma forma, o chinês que aprende o
português, o inglês ou o italiano deve memorizar como uma entidade totalmente nova a palavra
"estrangeiro" (foreigner, straniero). Se ele aprende esperanto, basta traduzir parte por parte (monema por
monema, diria um lingüista) os três elementos que compõem essa palavra em sua língua materna:
"waiguoren", estrangeiro, se compõe de "wai", fora (em esperanto, "ekster"), de "guo", país (em esperanto,
"land-") et de "ren" (ser humano, que corresponde em esperanto a "ano", pessoa que pertence a, membro de,
vindo de...): estrangeiro em esperanto se diz "eksterlandano". Outro exemplo: o aluno chinês que se esforça
para adquirir uma língua ocidental deve memorizar toda uma série de nomes de animais, enquanto que em
sua língua basta usar a derivação. O fato de que aprendeu "cavalo" não serve para comunicar com precisão
os conceitos de "égua", "potro" ou "garanhão"; "boi" não tem qualquer relação com "vaca", "bezerro" e
"touro". Em chinês, essas palavras se formam de um modo regular. São respectivamente, "ma", "muma",
"xiaoma" e "gongma"; "niu", "muniu", "xiaoniu" e "gongniu". O sistema não é menos regular em esperanto.
A relação é a mesma, de um lado, entre "ĉevalo" (o c com circunflexo se pronuncia "tch") e "ĉevalino",
"ĉevalido", "virĉevalo", e de outro "bovo" e "bovino", "bovido", "virbovo".
As pessoas que criticam o esperanto por ser muito ocidental não prestam atenção em dois aspectos
importantes da questão. Em primeiro lugar, julgam de uma forma puramente superficial, sem entrar na
análise lingüística, que pode revelar, em profundidade, até que ponto ela é diferente do que parece à primeira
vista. Em segundo lugar, esquecem que uma língua de comunicação internacional é totalmente necessária.
Em que língua as pessoas tentam "se virar", na prática, quando não há uma língua comum? Em inglês! Ora,
essa é uma língua muito mais ocidental que o esperanto e muito mais difícil de se adquirir para a maior parte
dos habitantes do nosso planeta. Nenhuma língua poderia colocar todos os povos em igualdade. Mas de
todas as que existem e são utilizadas na prática, o esperanto é a que mais se aproxima desse ideal. Ao cabo
de 2 mil horas de inglês (5 horas por semana durante 10 anos), o japonês e o chinês médio é incapaz de se
expressar de um modo realmente operacional na língua de Shakespeare ou do Wall Street Journal, eles não
passam do estágio de balbuciar frases. Com 220 horas de esperanto, em média, eles podem realmente
comunicar, sentindo-se bem à vontade. Esta diferença não chega a supreender quem estuda as estruturas
lingüísticas das diversas línguas.
Se a gente quer jogar limpo e continuar sendo objetivo, para criticar o esperanto é preciso primeiro
haver feito uma análise suficientemente profunda e ter realizado comparações com o inglês e com as línguas
maternas dos povos dos quais se ouve a defesa de interesses. Na democracia, todo acusado é considerado
inocente até prova em contrário. Estará de acordo com as tradições européias aplicar esse princípio a toda
decisão sobre o esperanto e reservar seu julgamento até que tenham sido estudados os fatos. Nenhum
lingüista sério, nenhum jornalista, nenhum político ousaria fazer juízo sobre o tagalog ou o malaio sem estar
plenamente documentado sobre essas línguas. Não há qualquer motivo para fugir a essa regra em se tratando
do esperanto.
Guimarães Rosa e o Esperanto
Minha primeira fonte de pesquisa foi o livro “Anais do XV Congresso Brasileiro de Esperanto”, Clube de
Esperanto de Niterói, 1957. Na página 178, pode-se ler o seguinte:
“Por esse tempo (1929), o hoje médico e diplomata João Guimarães Rosa, o discutido escritor de
“Sagarana”, então funcionário da Secção de Estatística do Estado, onde também militava Teixeira de
Freitas, juntamente com êste, inovam ambos o sistema de comunicações internacionais daquele setor
especializado.
Anteriormente, a correspondência com o estrangeiro era feita em diversas línguas desejadas.
Foi quando, em abril de 1929, Teixeira de Freitas e Guimarães Rosa decidiram que tôda correspondência
da Estatística com o exterior seria escrita, única e exclusivamente, em Esperanto.
Se o destinatário da correspondência não conhecia a língua de Zamenhof era fácil. Bastar-lhe-ia ir em
busca do delegado da Universala Esperanto-Asocio, pois, em cada carta, havia a indicação: “Internacia
Korespondado en Esperanto”, e êle o traduziria para o interessado em sua língua natal.
Esse passo já avançado do trabalho internacional da Secção de Estatística de Minas foi o germe que
originou a monumental colaboração do I.B.G.E., posteriormente criado e que, hoje, é talvez, a organização
estatal que dá ao Esperanto e aos esperantistas o mais franco e decidido apoio.
São sem conta as obras editadas pelo Instituto em Esperanto. O Movimento Esperantista Brasileiro, que
tanto lhe deve, há de ser grato também àquela experiência, que nos longínqüos idos de 1929, dois
denodados batalhadores da causa faziam na pequena Secção de Estatística do Estado de Minas Gerais”.

Essa informação é confirmada pelo tio de Guimarães Rosa, Vicente Guimarães, na obra “Infância de João
Guimarães Rosa”, páginas 44/45:
“Vários idiomas, muitos, já dominava na juventude. Quando estudante de Medicina, trabalhou na
Estatística, em Belo Horizonte. Seu chefe, Dr. Teixeira de Freitas, precisando de uma pessoa para cuidar
da correspondência em esperanto, chamou o jovem funcionário, já poliglota, e sugeriu que aprendesse a
língua de Zamenhof. Seria o esperantista do serviço.
Jozito matriculou-se num curso e em vinte e sete dias recebeu o diploma, por já reter sabido e
compreendido os conhecimentos todos do novo idioma. Escrevia e falava corretamente”.

Vicente Guimarães, tio de Guimarães Rosa, registra, em seu livro “Joãozito, Infância de João Guimarães
Rosa”, a seguinte informação:
“Alguns muitos anos depois, em meu apartamento no Flamengo, após o jantar, num encantador e
prolongado bate-papo, transformado quase em uma deliciosa monoconversa - a palavra era dele, nossa
apenas de quando em longe, para perguntas que renovassem os temas - minha filha Marli quis saber se o
esperanto era assim tão fácil, que se podia aprendê-lo em 27 dias, como ele tinha feito. Sorrindo,
respondeu: “Você, minha linda priminha, sabendo um pouco de alemão, francês, russo, espanhol, italiano,
grego e latim, e a gramática de algumas outras línguas, o esperanto se torna facílimo”.

Nesse mesmo livro, em resposta a uma pergunta feita numa entrevista a uma prima de Curvelo, ele assim se
expressou:
“Falo: português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, ESPERANTO, um pouco de russo; leio:
sueco, holandês, latim e grego (mas com o dicionário agarrado); entendo alguns dialetos alemães; estudei
a gramática: do húngaro, do árabe, do sânscrito, do lituânio, do polonês, do tupi, do hebraico, do japonês,
do tcheco, do finlandês, do dinamarquês; bisbilhotei um pouco a respeito de outras. Mas tudo mal. Eu acho
que estudar o espírito e o mecanismo de outras línguas ajuda muito à compreensão mais profunda do
idioma nacional. Principalmente, porém, estudando-se por divertimento, gosto e distração”.

Sua filha, Vilma Guimarães Rosa, na obra “Relembramentos: João Guimarães Rosa, meu pai”, também
registrou o interesse dele a respeito de línguas em geral e, em especial, sobre o esperanto da seguinte
maneira:
“Meu pai iniciou-se no francês e no alemão, que mais tarde conhecia por plano e profundeza, línguas e
dialetos. Relacionou-se em amizade com o espanhol, o italiano, o inglês, o sueco, o dinamarquês, o
holandês, o russo, o polonês, o lituano, o húngaro, o tcheco, o romani, o árabe, o hebraico, o japonês. O
grego. E com o sânscrito, mãe de todas as línguas. Com o esperanto e o tupi.”

Em 1950, houve um contato de Guimarães Rosa com o movimento esperantista. Na qualidade de Secretário
da Embaixada Brasileira em Paris, ele saudou, em nome do governo brasileiro, os participantes do 35º
Congresso Mundial de Esperanto, ocorrido naquela cidade. A revista “Brazila Esperantisto”, em seu número
de setembro/dezembro daquele ano, registrou o fato assim:
“Na Sessão Solene de Abertura, à qual compareceram mais de 2000 representantes de toda a superfície da
Terra, usaram da palavra o Sr. Jean Tomas, Diretor-Geral da UNESCO, em nome da Organização das
Nações Unidas, os representantes de diversos governos que enviaram Delegações ao Congresso e as
organizações nacionais de Esperanto. Pelo Governo do Brasil falou o nosso samideano Dr. J. Guimarães
Rosa e pela Liga Brasileira de Esperanto o Dr. Benjamim Camozato.”
A pesquisa sobre esse assunto seria digna de uma tese universitária. Esse trabalho, entretanto, deve ser feito
por mãos mais competentes!
Autor: Aloísio Sartorato

Bibliografia:
• Anais do XV Congresso Brasileiro de Esperanto, Niteroi Esperanto-Klubo, 1957;
• Revista “Brazila Esperantisto”, Julio-Decembro/1929;
• Jornal “Estado de Minas Gerais”, de 23/07/1929;
• Jornal “Minas Gerais”, de 31/07/1929;
• “Joazito - Infância de João Guimarães Rosa”, Vicente Guimarães, José Olimpio Editora, 1972;
• Revista “Brazila Esperantisto”, Septembro-Oktobro/1950;
• Revista “Brazila Esperantisto”, Aprilo-Junio/1968;
• “Enciclopédia da Literatura Brasileira”, Afrânio Coutinho e J. Galante de Souza, FAE/MEC, 1995;
• “Relembramentos: João Guimarães Rosa, Meu Pai”, Vilma G. Rosa.
Anexo nº 1: A Estructura Logica do Esperanto - algumas justificações - um
pouco de Philologia Comparada

Artigo de João Guimarães Rosa publicado no “Minas Gerais” de 31 de julho de 1929 (segundo a
ortografia da época). Guimarães Rosa estava com 21 anos.
Tentando-se localizar precisamente o esperanto entre as 1.500 linguas e variedades dialectaes existentes no
globo, constituirá elle, certamente, um ramo novo, enxertado no tronco da grande familia indo-européa.
Conforme a classificação racional, que leva apenas a estructura, podemos denominal-o lingua analytica;
segundo a classificação natural, bem mais objectiva, é elle um idioma do typo composto, polysyllabico ou
agglutinante.
Fructo do raciocinio e da intelligencia humana, verdadeiro producto de linguistica experimental, destinando-
se a ser a lingua internacional aŭiliar, o esperanto devia ser, como realmente é, lógico, perfeito e facilmente
manejavel.
Há, entretanto, uma série de argumentos, á primeira vista irreplicaveis, que põem em cheque a sua perfeição
e exequibilidade. De tão serias accusações, eis as principaes:
• a) o esperanto é uma lingua artificial;
• b) uma lingua hybrida;
• c) um idioma agglutinante;
• d) uma lingua de accentuação fixa na penultima syllaba, alterando os caracteristicos phonicos de
radicaes internacionaes;
por tudo isso, dizem os esperantophobos, o idioma de Zamenhof deve ser vetado nas suas aspirações a
lingua medianeira cosmopolita, pois, si bem que isento das taras que pesam sobre as linguas naturaes, vivas
ou mortas, resente-se, todavia, de defeitos congenitos muitissimo mais graves.
Passemos em revista cada um desses quesitos.
I - Lingua artificial
São 4 os processos de adaptação phonetica admittidos pelos modernos linguistas: adaptação physiologica,
baseada nas mudanças de alimentação, clima e costumes, que affectam o apparelho vocal; adaptação
psychologica, fundamentada nas disposições psychicas e nas preferencias collectivas das raças; adaptação
historica, baseada na influencia exercida pelas linguas umas sobre as outras; adaptação intellectual, que se
esteia na interferencia deliberada e consciente.
O esperanto pode ser considerado um idioma já completamente evoluido, na formação do qual influiu
directamente o processo de adaptação intellectual.
Na sua evolução, as linguas têm um periodo pregrammatical, irregular, cahotico, babelico, no decorrer do
qual se fazem sentir com grande intensidade as influencias de clima, costumes e temperamento; é então que
as formas dialectaes se disputam a hegemonia, produzindo as mais variadas mutações, que constituirão,
ulteriormente, as arestas e as irregularidades da lingua.
Depois intervêm o raciocinio, a intelligencia, a actuação consciente, controlando as tendencias evolutivas
desordenadas. Fixa-se deliberadamente a morphologia dos vocabulos, organiza-se a syntaxe, e a lingua
progride dahi por deante norteada por regras mais ou menos racionaes, codificadas na grammatica.
Conforme A. Sechehaye, “os factores pregrammaticaes são productos da vida affectiva, os factores
grammaticaes são os da vida intellectual”.
Assim, os classicos e os grammaticos, desenvolvendo, corrigindo, polindo, limando, mutilando, às vezes,
fazem tarefa puramente artistica, e todo idioma nacional possue, em maior ou menor dose, o elemento
artificial.
O sanscrito, identificado por Schleicher, no seu Compendium, como a lingua mãe aryana ou indo-européa,
foi, sem duvida, na opinião accorde dos philologos e historiadores, uma lingua artificial, compilada e fixada
á custa dos archaicos dialectos védicos, pelos grammaticos hindustanicos, dos quaes Panini foi o mais
importante (IV seculo a. Christo).
Nota-se nas linguas modernas, e este phenomeno pode ser perfeitamente observado no Brasil, a divergencia
de certas formas grammaticaes, na linguagem falada e escripta.
É que na conversação predominam as tendencias instinctivas, ao passo que na linguagem escripta são
melhor obedecidos modelos e regras anteriormente fixadas; em outras palavras, a linguagem escripta é
actualmente artificial, contrapondo-se ao desenvolvimento natural da lingua.
No esperanto não existem palavras inventadas a esmo, mas todos seus radicaes foram colhidos, em selecção
rigorosa, dos ramos mais importantes da familia indo-européa.
Os das raizes componentes do seu vocabulario são genuinamente latinos; o restante deriva dos grupos
germanicos e balto-slavo, através do allemão, inglez e russo, contribuindo este ultimo com exiguo
contingente.
É bem relativa portanto a artificialidade da “internacia lingvo”.
II - Lingua hybrida
Não obstante possuir cada uma o seu nucleo caracteristico, patrimonio primitivo, as linguas evoluem
entremesclando-se, assimilando-se reciprocamente, alterando a phonetica e a syntaxe por influencias
mutuas; não raro a propria medulla da lingua resente-se de pureza, contaminada intensamente, mau grado a
vigilancia xenophoba dos puristas, tão subtis são os disfarces que velam os vocabulos “penetras” e as
expressões de contrabando.
É a adaptação historica de Van Ginnenken.
Foi enorme, profunda, a influencia latina soffrida pela lingua ingleza através do francez; podemos constatal-
a examinando um trecho qualquer da literatura desse idioma, que póde tambem, com razão, ser chamado
hybrido.
E o que aconteceu ao inglez, deu-se, menos intensamente, é certo, com o allemão e com as linguas letto-
slavas.
Tambem a linguagem scientifica, nutrindo-se do latim classico e do grego antigo, invade continuamente os
idiomas modernos: si tal endosmose não altera em quasi nada as neo-romanas, filhas do latim e netas do
grego, imagine-se o quanto contribue para heterogenizar a seiva das slavas e germanicas essa exumação de
idiomas fosseis.
As linguas não tem fronteiras, e nunca se approximaram tanto os povos da terra como agora.
Nos centros cosmopolitas, nos portos de mar onde resoam e se misturam os idiomas mais diversos, brotam
interessantissimos argots, hybridos de feições características, com syntaxe propria e tentativas embrionarias
de literatura.
Espalhados por todos os paizes do mundo, mantendo inalterada a lingua-mãe semitica, e conhecendo
geralmente muitas outras, os Israelitas, que são quasi sem excepção eximios polyglotas, crearam pouco a
pouco o seu jargon, mescla heterogenea, cujo estudo é muito util sob o ponto de vista philologico.
Portanto, a hybridização das linguas parece ser uma tendencia evolutiva natural, e o Esperanto póde ser
considerado o precipitado, scientificamente previsto, da reacção das linguas occidentaes em mistura intima.
III - Lingua Agglutinante
Já se foi o tempo em que se consideravam os typos de linguas - isolante ou monosyllabico (chinez)
mongolico, etc, agglutinante (hungaro, finlandez, etc.) e flexional (indo-européas), como etapas diversas da
evolução dos idiomas.
Hoje, nenhum linguista ou philologo admitte mais isso.
Pelo contrario, a flexão tende a perder terreno em certas linguas da Europa; por exemplo, nas linguas do
ramo germanico occidental (Westgermanisch), como o hollandez e principalmente o inglez, onde os
monossilabos abundam, póde-se observar uma curiosa passagem do estado inflectido ao estado isolante.
Portanto, esta objecção não deve ser levada em conta, e o Esperanto, como lingua agglutinante, gosa da
vantagem de restringir o numero de radicaes, utilizando copioso contingente de affixos.
IV - Acentuação Fixa
No Esperanto, todas as palavras têm como tonica accentuada a penultima syllaba, sendo a ultima sempre
baryphonica; assim certos radicaes têm muitas vezes o accento deslocado ao passar para a lingua aŭiliar.
Ex.: angelus, torna-se angêlo (1), etc.
Esta regra immutavel de pronuncia é taxada de anti-natural e rebarbativa.
É erronea, todavia, essa affirmação.
Primeiramente, não existe uma correspondencia exacta das syllabas accentuadas dos radicaes, mesmo em
linguas filhas do mesmo tronco; ex.: o francez diz politique, ao passo que nós accentuamos politica.
Quanto mais remoto é o parentesco, maiores são as divergencias; o russo pronuncia geográfia, quando
latinos e ou monosyllabico chinez, mongolico, grafi(...).
A deslocação do accento nos radicaes póde ser observada sob um aspecto interessante nos dialetos
Kashmawa e Amahuaka, da familia Pano, falados no alto Purús e no alto Juruá, nos quaes ella ocorre quasi
systematicamente.
Alem disso, ha linguas vivas, naturaes e nacionaes, onde a accentuação das palavras obedece á mesma regra
fixa.
Assim, em polonez, a penultima syllaba (tal qual como no Esperanto), é sempre a tonica, e quando se trata
de um radical importado, com a accentuação diversa, desloca-se a tonica com maxima semcerimonia, isto é,
nacionaliza-se a palavra.
Em finlandez o accento tonico recae invariavelmente sobre a primeira syllaba.
Essa regra de accentuação, plenamente justificada, traz dupla vantagem ao Esperanto - grande vacilidade (2)
e elegante cadencia rythmica.
Depois desta tentativa de defesa, cumpre-nos citar dois argumentos pro-Esperanto.
O primeiro é a solução pratica do problema da escripta phonetica. Na lingua de Zamenhof, cada som
corresponde a uma só letra e cada letra figura um unico som.
O segundo é a reconciliação da grammatica com a logica, pois, embora ambas reconheçam a lingua apenas
como expressão do pensamento, andavam ha muito divorciadas nos idiomas da terra.

Autor: João Guimarães Rosa (da UEA e do MEK)


Anexo nº 2: A Esthetica do Idioma de Zamenhof
Artigo de João Guimarães Rosa publicado pelo jornal “O Estado de Minas”, no dia 23 de julho de
1929 com a ortografia da época.
Na época, Guimarães Rosa tinha 21 anos.

A linguagem nasceu de um instincto; manejada com virtuosidade, tornou-se uma arte.


Todavia os idiomas prestam-se diversamente à expressão da eloquencia e da literatura.
Cada lingua se adapta às caracteristicas colletivas de ordem esthetica do povo que a fala.
Ha - as rudes, pesadas, eriçadas de consoantes, abundantes em monosyllabos, cheias de choques
consonantaes, aspirações fortes e attritos de vogaes, tonalizadas nos sons vocalicos anteriores (e, o, u) a
custo deizando-se (1) esculpir pelo artista, como as linguas septentrionaes da Europa, que tão bem condizem
com a frieza, a tenacidade e a energia dos scandinavos, batavos, britannicos e tentões.
Outras, quaes as neo-latinas, são claras, cantantes, clangorosas, ligeiras, ricas de matizes, capazes de
expressar todos os lampejos do pensamento humano, linguas feitas para os madrigaes e declarações de amor,
nascidas sob rosaes e laranjeiras, entre o céo azul e a espuma prateada do Mediterraneo ...
O bulgaro sôa duro e metallico como aço; o russo e o servio são suaves; o francez prima pela sobria
elegancia; o alto allemão é gutural e de sons energicos; o finlandez é delicado, e o italiano dulcissimo.
Certamente a mais doce lingua falada pelos homens foi o dialecto jonico.
O dr. Zamenhof, creador do esperanto, alem de polyglotta era tambem um poeta. Não lhe bastava que a nova
lingua tivesse tronco robusto e raizes bem fixadas - ella ficaria imperfeita sem a corôa de flores a variegar-
lhe o verdor das frondes. Por isso, ao lançar as bases do idioma internacional, elle agiu principalmente como
artista.
Sob esse ponto de vista, tentemos analysar, superficialmente, a “helpa lingua” (2)
Em esperanto, as letras apparecem na proporção de 45% de vogaes para 57% de consoantes, em media,
como acontece nas linguas mais doces e sonoras taes como o portuguez, o hespanhol e o italiano. As linguas
do grupo germanico exigem muito maior percentagem de consoantes.
No inglez, allemão e francez o E predomina visivelmente, no italiano o I ou o A; no portuguez e no
esperanto o mesmo acontece ao A; o que se patentea pelo exame de qualquer trecho escripto nessas linguas.
O esperanto é, portanto, como o portuguez, uma lingua em A, o que lhe confere agradavel sonoridade, pois o
A é a articulação primitiva, som normal e básico da voz humana, vogal cheia, clara e musical, predominante
aos rumores e ruidos da natureza.
Sendo a penultima syllaba das palavras a tonica accentuada, e a ultima sempre a baryphonica, resulta disso
elegante cadencia rythmica, que relembra a harmonia dos antigos dialectos da Hellade.
O esperanto tem as terminações de seus pluraes em diphtongos, sendo muito mais doces que as das linguas
europeas, excepção feita do italiano, que usam consoantes para marcar os mesmos: inglez, portuguez,
francez e hespanhol - S; allemão - (...) r, (...) n; suéco - (...) r; hungaro - (...) k; polonez - ch, w; estoniano -
d; finlandez - t.
Principalmente suaves são as terminações do accusativo plural (OJN, AJN), que se pronunciam como ÓIN,
ÁIN dos duaes gregos, bem como as terminações verbaes, de grande fluencia.
A aspiração guttural forte HH aliás rara, não enfeia a lingua, assim como a belleza do castelhano não é
alterada pelo J.
Vogaes modificadas (UMLANTE) (3) não existem, bem como certas nuances vocalicas difficeis de ser bem
distinguidas.
Entretanto, não são apenas phonologicas as vantagens do esperanto.
A conservação da desinencia para o accusativo, rejeitada pela maioria das linguas ocidentaes, é no esperanto
um factor de clareza e precisão, permittindo as mais variadas inversões, exigidas frequentemente pela
euphonia ou pela elegancia da phrase. Além disso, possue o esperanto um accusativo de direcção, que evita
certas amphibologias comuns aos idiomas dos povos civilizados.
A abundancia dos affixos, só ultrapassada talvez pela do finlandez lingua uralo-altaica, agglutinante permitte
a expressão das mais delicadas nuances do pensamento; além disso, cada suffixo constitue um radical
independente, podendo ser usado isoladamente, o que dá á lingua um colorido proprio caracteristico.
Os adverbios derivados constituem em esperanto uma classe illimitada de palavras, e nesse ponto o idioma
de Zamenhof avantaja-se admiravelmente ás linguas nacionaes, onde ha deficiencia delles.
(Beaufront). É outrossim surprehendente o effeito artistico produzido pela forma breve dos mesmos.
Outra incomparavel riqueza do esperanto é outorgada pelos 3 participios activos e 3 passivos, susceptiveis
de tornar as formas substantiva, adjectiva e adverbial. Somente atravez da literatura da “internacia lingua”(4)
é possivel comprehender-se o maravilhoso recurso que constitue esse thezouro idiomatico.
Como no allemão as palavras compostas forjam-se ilimitadamente.
A suppressão da vogal da cauda dos substantivos é privilegio do estylo poetico, allias emprezadissimo, pois
não faltam poetas cultores do esperanto.
E é essa lingua, de grande simplicidade e rara belleza, que está naturalmente predestinada a vehicular e
divulgar as obras literarias no futuro.
Graças a ella, poderemos nós brasileiros apreciar, com seu sabor natural, as “dumi” ukranianas, as “randa”
lithuanias, as “runol” finlandezas, as “Heder” allemães e os “hai-kai” japonezes.

Autor: João Guimarães Rosa - DO MEK

(1) está assim no texto original, mas provavelmente deve ser “deixando-se”
(2) está assim no texto original; deveria ser “helpa lingvo”
(3) segundo o prof. Jair Salles deveria ser UMLAUTE, palavra do alemão
(4) está assim no original; deveria ser “internacia lingvo”

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