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ITACOATIARA –AM
2023
1. INTRODUÇÃO
O bullying, há muito tempo relegado ao domínio das brincadeiras inofensivas,
emergiu como um fenômeno sério e prejudicial nas escolas, moldando profundamente a
dinâmica social e psicológica dos estudantes. Esta transformação na percepção do bullying,
de uma prática subestimada para um problema sistêmico que demanda intervenção ativa, é
resultado de décadas de pesquisa e análise.
A percepção do bullying como um problema sério e urgente passou por uma
transformação significativa na década de 80, devido aos estudos pioneiros conduzidos por
Dan Olweus na Noruega, conforme enfatizado por Chalita (2007). Estas pesquisas não
apenas aumentaram a conscientização sobre a gravidade do bullying, mas também
desmitificaram a ideia de que era apenas uma prática inofensiva entre estudantes.
O trabalho de Olweus destacou a natureza prejudicial e persistente do bullying,
transformando-o de uma simples brincadeira para um fenômeno alarmante. Esse
reconhecimento crítico não apenas chamou a atenção para a gravidade do problema, mas
também definiu a necessidade premente de intervenção e prevenção ativa por parte das
instituições educacionais e da sociedade em geral.
A compreensão do bullying como um problema sério é fundamental para
implementar medidas eficazes, desenvolver estratégias preventivas e, em última análise,
criar um ambiente escolar seguro e saudável para todos os estudantes.
Muitas vezes, essas ações ocorrem fora do alcance visual dos adultos,
proporcionando um ambiente favorável para a persistência do comportamento agressivo.
Adicionalmente, as vítimas frequentemente relutam em fazer denúncias devido ao receio de
represálias, transformando a violência perpetrada e sofrida em uma questão submersa,
delicada e, em grande parte, imperceptível, conforme apontado por Derbabieux (2002, p.
29). Esta invisibilidade do bullying destaca a necessidade urgente de estratégias eficazes de
prevenção e intervenção, bem como de um ambiente escolar que promova a segurança e o
bem-estar de todos os estudantes.
Este trabalho explora a complexidade desse fenômeno, delineando sua evolução
desde os estudos pioneiros na Suécia e na Dinamarca até o reconhecimento global do
problema, destacando especialmente os estudos cruciais conduzidos na Noruega por Dan
Olweus. Ao compreender as características distintivas do bullying - repetição,
intencionalidade deliberada e desequilíbrio de poder - e reconhecer os desafios inerentes à
sua identificação, surge a necessidade urgente de estratégias eficazes de prevenção e
intervenção.
No Brasil, o reconhecimento do bullying como uma questão séria e digna de atenção
demorou a se estabelecer, com pesquisas iniciais limitadas a locais específicos. Mesmo na
década de 80, quando já havia estudos sobre a violência em escolas, o foco estava
principalmente na depredação de prédios, ignorando as dinâmicas agressivas das relações
interpessoais. A falta de conscientização sobre o bullying no contexto brasileiro ressaltou a
necessidade urgente de entender suas raízes profundas e desenvolver abordagens específicas
para enfrentar esse problema em todas as suas complexidades.
Este estudo também explora o papel crucial da psicologia escolar e educacional no
enfrentamento do bullying. Ao evoluir de uma abordagem centrada em diagnósticos
individuais para uma compreensão holística das dinâmicas sociais, os psicólogos escolares
se tornaram agentes essenciais na promoção de espaços e relações mais saudáveis dentro do
ambiente educacional.
Ao manter uma presença constante no ambiente escolar, o psicólogo adquire um
entendimento profundo das dinâmicas internas da instituição e das interações com o mundo
exterior. Nessa imersão, o psicólogo encontra o cenário propício para desenvolver
abordagens inovadoras em seu trabalho. Sua função como ouvinte atento não apenas
estabelece um canal aberto para discussões significativas, mas também facilita a construção
de conhecimento coletivo.
Como ressaltado por Martins (2003), essa interação contínua não só permite a
identificação precisa dos problemas existentes, mas também promove a colaboração na
busca por soluções eficazes. Portanto, a presença constante do psicólogo na escola não
apenas enriquece o ambiente educacional, mas também fortalece a capacidade da
comunidade escolar de enfrentar desafios e promover um ambiente saudável e inclusivo.
A imersão constante no cotidiano da escola e o mapeamento abrangente da instituição
são estratégias fundamentais para identificar não apenas as manifestações superficiais do
bullying, mas também suas raízes profundas e sistêmicas. Esta pesquisa busca, assim,
destacar a importância crítica da intervenção baseada em conhecimento profundo e
contextualizado, não apenas para entender o bullying, mas também para forjar um ambiente
escolar seguro, inclusivo e verdadeiramente enriquecedor para todos os estudantes.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Fenômeno Bullying
Fante, C., & Pedra, J. A. (2008). Bullying escolar: perguntas e respostas. Porto Alegre:
Artmed.
Fante, C. (2008a). Brincadeiras perversas. Viver Mente e Cérebro, ano XV, 181, 74-79.
Ortega, R., & Del Rey, R. (2002). Estratégias educativas para a prevenção da violência
(J. Ozório, Trad.). Brasília: UNESCO, UCB.