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CURSO DE PEDAGOGIA

O PAPEL DA PSICOLOGIA NO COMBATE E PREVENÇÃO AO


BULLYING ESCOLAR
ITACOATIARA –AM
2023
BEATRIZ RAMOS LEITÃO LAMEGO
BEATRIZ SOUZA DE OLIVEIRA
GEOVANA DA CRUZ CONCEIÇÃO
LEILA AMORIM DE FREITAS
LUCIANA SOUZA CARVALHO
MAURILENE PROFIRO CAVALCANTE

O PAPEL DA PSICOLOGIA NO COMBATE E PREVENÇÃO AO


BULLYING ESCOLAR

Projeto de pesquisa apresentado ao Curso de


Bacharelado em Pedagogia, do Centro
Universitário Planalto do Distrito Federal –
UNIPLAN.
Profª. Lindara Hage

ITACOATIARA –AM
2023
1. INTRODUÇÃO
O bullying, há muito tempo relegado ao domínio das brincadeiras inofensivas,
emergiu como um fenômeno sério e prejudicial nas escolas, moldando profundamente a
dinâmica social e psicológica dos estudantes. Esta transformação na percepção do bullying,
de uma prática subestimada para um problema sistêmico que demanda intervenção ativa, é
resultado de décadas de pesquisa e análise.
A percepção do bullying como um problema sério e urgente passou por uma
transformação significativa na década de 80, devido aos estudos pioneiros conduzidos por
Dan Olweus na Noruega, conforme enfatizado por Chalita (2007). Estas pesquisas não
apenas aumentaram a conscientização sobre a gravidade do bullying, mas também
desmitificaram a ideia de que era apenas uma prática inofensiva entre estudantes.
O trabalho de Olweus destacou a natureza prejudicial e persistente do bullying,
transformando-o de uma simples brincadeira para um fenômeno alarmante. Esse
reconhecimento crítico não apenas chamou a atenção para a gravidade do problema, mas
também definiu a necessidade premente de intervenção e prevenção ativa por parte das
instituições educacionais e da sociedade em geral.
A compreensão do bullying como um problema sério é fundamental para
implementar medidas eficazes, desenvolver estratégias preventivas e, em última análise,
criar um ambiente escolar seguro e saudável para todos os estudantes.
Muitas vezes, essas ações ocorrem fora do alcance visual dos adultos,
proporcionando um ambiente favorável para a persistência do comportamento agressivo.
Adicionalmente, as vítimas frequentemente relutam em fazer denúncias devido ao receio de
represálias, transformando a violência perpetrada e sofrida em uma questão submersa,
delicada e, em grande parte, imperceptível, conforme apontado por Derbabieux (2002, p.
29). Esta invisibilidade do bullying destaca a necessidade urgente de estratégias eficazes de
prevenção e intervenção, bem como de um ambiente escolar que promova a segurança e o
bem-estar de todos os estudantes.
Este trabalho explora a complexidade desse fenômeno, delineando sua evolução
desde os estudos pioneiros na Suécia e na Dinamarca até o reconhecimento global do
problema, destacando especialmente os estudos cruciais conduzidos na Noruega por Dan
Olweus. Ao compreender as características distintivas do bullying - repetição,
intencionalidade deliberada e desequilíbrio de poder - e reconhecer os desafios inerentes à
sua identificação, surge a necessidade urgente de estratégias eficazes de prevenção e
intervenção.
No Brasil, o reconhecimento do bullying como uma questão séria e digna de atenção
demorou a se estabelecer, com pesquisas iniciais limitadas a locais específicos. Mesmo na
década de 80, quando já havia estudos sobre a violência em escolas, o foco estava
principalmente na depredação de prédios, ignorando as dinâmicas agressivas das relações
interpessoais. A falta de conscientização sobre o bullying no contexto brasileiro ressaltou a
necessidade urgente de entender suas raízes profundas e desenvolver abordagens específicas
para enfrentar esse problema em todas as suas complexidades.
Este estudo também explora o papel crucial da psicologia escolar e educacional no
enfrentamento do bullying. Ao evoluir de uma abordagem centrada em diagnósticos
individuais para uma compreensão holística das dinâmicas sociais, os psicólogos escolares
se tornaram agentes essenciais na promoção de espaços e relações mais saudáveis dentro do
ambiente educacional.
Ao manter uma presença constante no ambiente escolar, o psicólogo adquire um
entendimento profundo das dinâmicas internas da instituição e das interações com o mundo
exterior. Nessa imersão, o psicólogo encontra o cenário propício para desenvolver
abordagens inovadoras em seu trabalho. Sua função como ouvinte atento não apenas
estabelece um canal aberto para discussões significativas, mas também facilita a construção
de conhecimento coletivo.
Como ressaltado por Martins (2003), essa interação contínua não só permite a
identificação precisa dos problemas existentes, mas também promove a colaboração na
busca por soluções eficazes. Portanto, a presença constante do psicólogo na escola não
apenas enriquece o ambiente educacional, mas também fortalece a capacidade da
comunidade escolar de enfrentar desafios e promover um ambiente saudável e inclusivo.
A imersão constante no cotidiano da escola e o mapeamento abrangente da instituição
são estratégias fundamentais para identificar não apenas as manifestações superficiais do
bullying, mas também suas raízes profundas e sistêmicas. Esta pesquisa busca, assim,
destacar a importância crítica da intervenção baseada em conhecimento profundo e
contextualizado, não apenas para entender o bullying, mas também para forjar um ambiente
escolar seguro, inclusivo e verdadeiramente enriquecedor para todos os estudantes.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Fenômeno Bullying

A compreensão do bullying como um fenômeno sério e prejudicial nas escolas é o


resultado de décadas de pesquisa e análise. Embora o bullying sempre tenha existido nos
ambientes escolares, inicialmente não era reconhecido como tal. Na década de 70, os estudos
pioneiros na Suécia e na Dinamarca começaram a revelar a extensão desse problema, que
anteriormente era muitas vezes desconsiderado como simples brincadeiras inofensivas entre
os estudantes.
A percepção sobre o bullying começou a mudar significativamente na década de 80,
graças aos estudos conduzidos na Noruega por Dan Olweus, conforme destacado por Chalita
(2007). Essas pesquisas ajudaram a aumentar a conscientização sobre a gravidade do
bullying, transformando-o de uma prática subestimada em um fenômeno preocupante que
demanda intervenção e prevenção ativa por parte das instituições educacionais e da
sociedade como um todo. O reconhecimento do bullying como um problema sério é
fundamental para implementar medidas eficazes e criar um ambiente escolar seguro e
saudável para todos os estudantes.
A tragédia envolvendo três jovens noruegueses, entre 10 e 14 anos, que tiraram suas
próprias vidas em 1983, trouxe uma urgência inegável à atenção pública em relação ao
bullying escolar. O que inicialmente poderia ter sido considerado um problema isolado
revelou-se um problema sistêmico. Dan Olweus, que já vinha conduzindo estudos sobre o
tema, viu a necessidade premente de expandir sua pesquisa. O resultado foi o livro "Bullying
at school: what we know and what we can do" (Bullying na escola: o que sabemos e o que
podemos fazer), onde Olweus não apenas expôs o problema, mas também ofereceu sugestões
cruciais para identificar vítimas e agressores, bem como estratégias concretas de prevenção
(Chalita, 2007).

2.2 Bullying no Brasil.


No entanto, mesmo com a disponibilidade dessas informações, o reconhecimento do
bullying como um problema sério demorou a se estabelecer no Brasil. Somente no final dos
anos 90 e início dos anos 2000, o tema começou a receber atenção significativa. Inicialmente,
as pesquisas estavam limitadas a locais específicos, sem abordar a amplitude do problema.
Curiosamente, mesmo na década de 80, já havia estudos sobre a depredação de prédios
escolares, mas foi apenas com o tempo que a atenção se expandiu para abranger as dinâmicas
agressivas das relações interpessoais (Antunes & Zuin, 2008).
O bullying, um fenômeno de agressão prolongada e desequilibrada, representa um
comportamento distintivo em relação a outras formas de violência. Sua essência reside na
repetição, na intencionalidade deliberada e no desequilíbrio de poder, marcando uma vítima
de maneira contínua ao longo do tempo. Ao contrário de simples discordâncias ou
desentendimentos, o bullying é uma forma de agressão que transcende divergências de
opinião, transformando-se em um ciclo repetitivo e deliberado de intimidação e abuso. É
essa característica recorrente que diferencia o bullying de outras formas de conflito
interpessoal, como apontado por Fante (2005, 2008).
A complexidade do bullying se aprofunda quando consideramos sua difícil
identificação. Essas ações muitas vezes ocorrem longe dos olhares dos adultos, criando um
ambiente propício para o comportamento agressivo persistir. Além disso, as vítimas
frequentemente hesitam em denunciar devido ao medo de retaliação, tornando a violência
perpetrada e sofrida uma questão submersa, tênue e, em grande parte, imperceptível, como
observado por Derbabieux (2002, p. 29).
Nesse contexto, torna-se crucial reconhecer não apenas a natureza repetitiva e
deliberada do bullying, mas também entender os desafios inerentes à sua identificação.
Somente ao compreender a natureza insidiosa desse fenômeno e ao abordar suas raízes
profundas podemos desenvolver estratégias eficazes de prevenção e intervenção. A
sensibilização sobre o caráter repetitivo do bullying e a criação de um ambiente seguro para
que as vítimas possam denunciar são passos essenciais na luta contra essa forma de violência,
garantindo assim um ambiente escolar e social verdadeiramente seguro e inclusivo para
todos.

2.1 Psicologia escolar e educacional.


A evolução do papel do psicólogo escolar/educacional é evidente ao longo do tempo.
Inicialmente centrada em abordagens clínicas para identificar estudantes com dificuldades
de aprendizagem e problemas de comportamento, a atuação desse profissional tem se
expandido consideravelmente. Hoje, o psicólogo escolar não apenas reconhece, mas também
se envolve profundamente nas dinâmicas sociais que permeiam o ambiente educacional (Del
Prette & Del Prette, 1996).
O desafio contemporâneo para os psicólogos escolares é a capacidade de não apenas
analisar, mas também compreender as complexas interações que caracterizam o ambiente
escolar. Isso vai além da identificação de distúrbios individuais; envolve uma compreensão
aprofundada das relações intricadas entre os diversos agentes dentro da instituição
educacional. Este profissional não apenas observa, mas também identifica as necessidades
subjacentes e as oportunidades para aprimorar essas interações.
O papel do psicólogo na escola é de extrema relevância quando se trata de prevenção
e enfrentamento da violência no ambiente educacional. Sua habilidade em criar estratégias
que promovam espaços e relações mais saudáveis é fundamental para o desenvolvimento
positivo dos alunos e do ambiente escolar como um todo. No entanto, para que esse
profissional possa desempenhar efetivamente seu papel, é essencial que esteja totalmente
imerso no cotidiano da escola.
Ao estar presente no ambiente escolar de forma constante, o psicólogo é capaz de
compreender as dinâmicas e os relacionamentos estabelecidos tanto dentro da instituição
quanto com o mundo exterior. É nesse contexto que o psicólogo encontra as condições ideais
para desenvolver abordagens inovadoras em seu trabalho. Sua função como ouvinte atento
cria um espaço valioso para discussões abertas e construção de conhecimento, permitindo
que problemas sejam identificados e soluções sejam compartilhadas, como afirmado por
Martins (2003).
Nessa abordagem, o profissional de Psicologia inicia seu trabalho com uma
abordagem estratégica, realizando um mapeamento abrangente da instituição em questão.
Essa etapa inicial é fundamental, pois permite que o psicólogo adquira um entendimento
profundo das complexas dinâmicas presentes na escola, incluindo as relações entre seus
membros, os conflitos existentes e as contradições institucionais que podem estar
relacionadas à problemática em estudo (Marinho-Araujo & Almeida, 2008).
O processo de mapeamento não se limita apenas a coletar dados superficiais; ele
busca uma compreensão completa da realidade da escola. Isso inclui o conhecimento das
características culturais, sociais e psicológicas que moldam a instituição, bem como a análise
das relações estabelecidas entre os membros da comunidade escolar, incluindo alunos,
professores, funcionários, famílias e a comunidade em si. Esse amplo levantamento de
informações permite ao psicólogo obter uma visão panorâmica das interações interpessoais
que ocorrem tanto dentro quanto ao redor da instituição educacional (Marinho-Araujo &
Almeida, 2008; Ortega & Del Rey, 2002).
3. RESULTADO DISCURSÃO
O fenômeno do bullying é um problema sério e sistemático que permeia as escolas
há décadas. Embora inicialmente desconsiderado como brincadeiras inofensivas, as
pesquisas pioneiras na Suécia, Dinamarca e, especialmente, na Noruega, lideradas por Dan
Olweus, destacaram sua gravidade. A conscientização crescente sobre o bullying na década
de 80, catalisada pela tragédia de três jovens noruegueses que tiraram suas próprias vidas,
trouxe à tona a urgência de intervir. Contudo, no Brasil, o reconhecimento do bullying como
um problema sério foi tardio, com pesquisas limitadas até os anos 2000.
O bullying, marcado pela repetição, intencionalidade e desequilíbrio de poder, exige
intervenções específicas e sistemáticas. A complexidade reside na dificuldade de
identificação, frequentemente ocorrendo longe dos adultos e sendo submerso devido ao
medo de retaliação. A compreensão profunda dessas características é fundamental para
desenvolver estratégias eficazes de prevenção e intervenção.
Nesse cenário desafiador, a psicologia escolar emerge como uma ferramenta
essencial. A evolução do papel do psicólogo, inicialmente centrado em diagnósticos clínicos,
se expandiu para incluir uma compreensão holística das dinâmicas sociais. A necessidade de
um envolvimento profundo e constante no ambiente escolar é crucial. O psicólogo não
apenas observa as relações, mas também mapeia a instituição, identificando conflitos,
dinâmicas e contradições institucionais. Esse conhecimento detalhado é a base para o
desenvolvimento de estratégias inovadoras e específicas para cada contexto.
O psicólogo escolar, ao criar espaços de discussões abertas e ao facilitar a construção
de conhecimento, se torna um catalisador para a mudança. Sua presença constante permite
que ele compreenda as interações não apenas dentro da escola, mas também com o mundo
exterior. Essa imersão profunda é fundamental para identificar problemas e compartilhar
soluções, conforme destacado por Martins (2003).
Em suma, o fenômeno do bullying exige uma abordagem sistemática, informada e
contextualizada. O papel da psicologia escolar é vital para essa abordagem, pois seu
conhecimento especializado e imersão contínua no ambiente escolar criam as condições
ideais para desenvolver estratégias específicas e inovadoras. Somente com intervenções
educacionais e sociais enraizadas na compreensão profunda das dinâmicas do bullying
podemos esperar criar escolas verdadeiramente seguras e inclusivas para todos os estudantes.
4. METODOLOGIA
Este estudo é do tipo bibliográfico descritivo quanto ao bullying nas escolas e o papel
da psicologia na sua prevenção e combate
A coleta de dados foi feita, a partir de autores da área da educação e saúde, que
correspondiam ao assunto abordado neste, quanto ao bullying nas escolas, trabalho contra o
bullying, psicologia na prevenção do bullying, foram identificados 15 artigos, dos quais 8
foram excluídos por motivo de desvio do assunto abordado, sendo os 7 restantes utilizados
para o desenvolvimento deste.
5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Chalita, G. (2007). Pedagogia da amizade: bullying – o sofrimento das vítimas e dos
agressores. São Paulo: Vozes.

Antunes, D. C., & Zuin, A. A. S. (2008). Do bullying ao preconceito: os desafios da


barbárie à educação. Psicologia e Sociedade,20(1), 33-42. Recuperado: 19 jul.
2009.Disponível: http://www. scielo. com.br/scielo.php.

Fante, C., & Pedra, J. A. (2008). Bullying escolar: perguntas e respostas. Porto Alegre:
Artmed.

Fante, C. (2008a). Brincadeiras perversas. Viver Mente e Cérebro, ano XV, 181, 74-79.

Marinho-Araujo, C. M., & Almeida, S. F. C. de. (2008). Psicologia Escolar: construção e


consolidação da identidade profissional (2a ed.). Campinas, SP: Alínea.

Martins, J. B. (2003). A atuação do psicólogo escolar: multirreferencialidade,


implicação e escuta clínica. Psicologia em estudo,8(2), 39-45

Ortega, R., & Del Rey, R. (2002). Estratégias educativas para a prevenção da violência
(J. Ozório, Trad.). Brasília: UNESCO, UCB.

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