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FACULDADE SÃO FRANCISCO DA PARAÍBA

DISCIPLINA: PARASITOLOGIA CLÍNICA

DOCENTE: FAGNER CARVALHO LEITE

RELATÓRIO DE AULAS PRÁTICAS

DUPLA: Pedro Abrantes Formiga Junior


Matheus Gomes de Andrade

CAJAZEIRAS/PB
2023
INTRODUÇÃO

O exame parasitológico de fezes é de suma importância na clínica médica, considerando


que as parasitoses intestinais são um problema de saúde pública de alta prevalência no
Brasil. A solicitação do EPF, diante de suspeita de uma parasitose intestinal durante
anamnese detalhada e exame físico minucioso, pode diagnosticar com antecedência as
doenças parasitárias e evitar a progressão da patologia para formas mais complicadas,
além de evitar a realização de procedimentos invasivos. Exame de fezes é uma ferramenta
diagnóstica barata e prática, que pesquisa diferentes formas parasitárias eliminadas nas
fezes, porém a escolha do método de exame e a habilidade do profissional responsável
implicam diretamente na eficiência do resultado.O exame macroscópico pode verificar a
consistência das fezes, cor, cheiro, presença de sangue, muco, vermes adultos ou
segmentos. O exame microscópico pode revelar ovos ou larvas, vermes, cistos e
trofozoítos, podem ser quantitativos ou qualitativos. O número de parasitas excretados
com fezes é várias vezes pequeno, necessita de recorrer a processo de enriquecimento para
concentrá-las. O principal processo de enriquecimento é: método de sedimentação
espontânea: método de Hoffman, também conhecido como método de Lutz. Permite o
encontro de ovos e larvas de helmintos e de cistos de protozoários; método de Ritchie,
usados para a pesquisa de ovos e larvas de helmintos, cistos e alguns oocistos do
protozoário s; flutuação espontânea: método de Willis. Indicado para a pesquisa de ovos
leves (principalmente ancilostomídeos); centrífugo-sedimentação método de Faust. Usado
para a pesquisa de cistos e alguns oocistos de protozoários, permitindo, também, o
encontro de ovos leves. O método de Faust tem como indicação: cisto de protozoários
(Giárdia e Ameba), ovos leves e larvas de helmintos; não sendo indicado para ovos
pesados. É importante que a pessoa tenha orientação do médico quanto a coleta, se deve
ser uma amostra única ou várias, e se após coletar deve levar logo ao laboratório para
análise ou deixar na geladeira para entregar no dia seguinte. No caso do exame
parasitológico e na pesquisa de sangue oculto as fezes podem ser guardadas na geladeira
por até 24 horas.

MÉTODO DE LUTZ OU DE HOFFMANN, PONS E JANER (sedimentação


espontânea)

A técnica de Hoffman, Pons e Janer ou Lutz ou método de sedimentação espontânea


consiste basicamente na mistura das fezes com água, sua filtração por uma gaze cirúrgica
(ou parasitofiltro) e manutenção em repouso, formando uma consistente sedimentação dos
restos fecais ao fundo do cálice. Uma alíquota do sedimento é pipetada sobre lâmina, é
feito um esfregaço e observado em microscópio. Este método detecta a presença de ovos
nas fezes, principalmente os pesados, após coloração com lugol. Diversas variações são
realizadas nessa técnica a fim de promover a visualização de mais formas evolutivas, dada
a praticidade da técnica. Após 24 horas de sedimentação, cistos de protozoários e larvas
de helmintos também podem ser encontradas com maior facilidade. Essa é a técnica mais
utilizada rotineiramente em laboratórios clínicos.
Materiais:
• Cálice de sedimentação
• Gaze
• Palito de madeira
• Frasco de borrel ou copos descartáveis
• Lâmina e lamínula
• Pipetas pasteur
• Lugol
• 2-4 gramas de fezes.

Técnica

Pegar de 2 a 4 gramas de fezes e desmanchar em frasco de borrel contendo água com


auxílio de um bastão de vidro ou plástico;

Em seguida coar a emulsão por meio de gaze dobrada em 4 ou uma tela de plástico ou
metal limpa, para dentro de um cálice de sedimentação cônico;

Completar o volume do cálice acrescentando mais água e misturando bem o conteúdo;


Deixar sedimentar por 2 horas;

Com uma pipeta Pasteur, retirar pequena amostra de sedimento do vértice do cálice,
colocá-la sobre uma lâmina e cobrir com lamínula. Não é necessário corar os ovos, mas
se houver interesse em reconhecer também os cistos de protozoários, juntar um pouco
de lugol.

MÉTODO DE RUGAI
O método Rugai tem uma lógica parecida com o método de Baermann-Moraes, ou seja,
também se fundamenta no termohidrotropismo positivo das larvas de nematelmintos ,
porém é um método mais simplificado, permitindo a detecção de larvas vivas, estimuladas
pelo calor brando, este procedimento é simples e eficiente, é excelente método, porém
com um objetivo bem definido, que é concentrar larvas de nematelmintos (em particular
as larvas de Strongyloides stercoralis ou Ancilostomideos).

Materiais
● Frasco de Borrel;
● Cálice de diluição;
● Peneira ou gaze dobrada;
● Água aquecida a 45°C;
● Lâmina e lamínula;
● Fezes récem colhidas ou conservadas.
Técnica
Retirar a tampa do recipiente que condiciona a febre e envolvê-lo entre gazes, fazendo
uma pequena “trouxa”.
Colocar o material assim preparado, com abertura voltada para baixo, num cálice de
sedimentação, contendo água aquecida (45°C), em quantidade suficiente para entrar em
contato com as fezes.
Deixar em repouso por uma hora.
Coletar o sedimento no fundo do cálice, com ajuda de uma pipeta.
Corar as larvas com lugol e observá-las com o maior aumento para identificá-las.

MÉTODO DE WILLIS

A técnica de Willis baseia-se em duas características dos ovos a serem analisados. A


primeira é a densidade, pois corpos menos densos tendem a flutuar sobre uma solução
salina densa. Sendo assim, quanto menos densos os ovos, melhor sua separação por meio
dessa técnica, que utiliza uma solução saturada de cloreto de sódio de densidade alta para
induzir a flutuação dos ovos até a superfície. Os ovos na superfície entrarão em contato
com a face inferior de uma lâmina de vidro, devido a outra característica desses ovos, o
tigmotropismo. Corpos com esta propriedade tendem a aderir a superfícies sólidas após
um contato físico com elas. Juntando essas duas características a técnica de Willis permite
fixar ovos pouco densos de uma amostra fecal em uma lâmina, por meio de sua flutuação
sobre uma solução muito densa. Esses ovos são então observados microscopicamente. É
um método de grande eficiência, que por conta da purificação facilita a observação ao
microscópio. Pode ser utilizado para observar qualquer estrutura pouco densa, podendose
fazer modificações no método de forma a deixar a solução mais ou menos densa, para que
ele se torne mais específico ou abrangente. Deve-se ter o cuidado ao escolher essa solução
para que ela não prejudique os ovos que se deseja observar, alterando-os
morfologicamente.

Materiais

• Frasco de borrel;
• Cálice de diluição;
• Peneira ou gaze dobrada em 4;
• Água corrente ou destilada;
• Espátula de madeira;
• Lâmina e lamínula;
• 10g de fezes;
• Solução de cloreto de sódio saturada;
• Lugol.
Técnica
Colocar 10g de fezes no frasco de Borrel ou no próprio recipiente onde estão as fezes.
Homogeneíza-las com um pouco de solução saturada de sal (NaCl) ou de açúcar.
Completar o volume até a borda do frasco.
Colocar na boca do frasco um a lâmina, que deverá estar em contato com
líquido. Deixar em repouso por 5 minutos.

Findo esse tempo, retirar rapidamente a lâmina, deixando a parte molhada voltada para
cima.
Cobrir com lamínula, corar com lugol e examinar com objetiva 10x.

MÉTODO DE RITCHIE OU FORMOL-ETER (centrifugo-sedimentação)


O princípio deste procedimento é principalmente indicado para pesquisa de ovos e larvas
de helmintos e cistos de protozoários, a qual se fundamenta em sedimentação pela
centrifugação. Sendo que a amostra pode ser fezes frescas ou reservadas. Uma das
desvantagens desse método é a utilização do éter, material inflamável, volátil explosivo e
algumas das vantagens é a eliminação da maioria dos detritos fecais. Esse método também
apresenta os organismos em estado de inalteração o que facilita a identificação.

Materiais
● Cálice de diluição;
● Espátula de madeira;
● Cálice de sedimentação;
● Gaze dobrada em 4;
● Tubo cônico;
● Água corrente;
● Formalina a 10%;
● 3 ml de éter;
● Lâmina e lamínula.

Técnica
Colocar 1 ou 2g de fezes coletadas de várias partes do bolo fecal em frasco contendo 10
ml de água corrente ou solução salina a 0,85%.
Filtrar suspensão através de gaze dobrada quatro vezes, e receber o filtrado em um tubo
cônico de centrifuga de 15 ml.
Centrifugar (1500 rpm por minuto).
Decantar o sobrenadante e adicionar 1 ou 2ml de água corrente ou solução salina a 0,85%
ao sedimento antes de ressuspendê-lo. Completar com água corrente (ou solução salina a
0,35%) 2/3 do volume do tubo. Agitar e centrifugar.
Repetir esta etapa até que o sobrenadante fique claro.
Depois que o último sobrenadante é decantado, ressuspender o sedimento com 1 ou 2ml
de formalina 10% (Dar preferência a solução tamponada de formalina 10%, ph neutro).
Completar o volume da suspensão em 10 ml com forma Lina 10%. Deixar em repouso
durante cinco minutos.
Adicionar 3ml de éter ou acetato de etila, fechar o tubo e agitar vigorosamente na
posição invertida por 30 segundos. Remover a tampa com cuidado.
Centrifugar (1500 rpm por um minuto). Quatro camadas se formarão. (1) sedimento no
fundo do tubo contendo os parasitos, (2) camada de formalina, (3) tampão de detritos
fecais, (4) camada de éter na superfície.
Afrouxar e separar o tampão de detritos da parede do tubo com um estilete fino e com
cuidado decantar as três camadas superiores. Limpar com swab de algodão as paredes do
tubo, removendo os detritos remanescestes.
Uma pequena quantidade de líquido que permanece nas paredes do tubo escorre para o
fundo junto ao sedimento.

Misturar o líquido e o sedimento, preparando as lâminas para pesquisa de ovo, larva e


cistos.

Cobrir com lamínula e examinar com as objetivas de 10x e ou 40x.

MÉTODO DE FAUST (centrifugo-flutuação)

O método de Faust (centrífugo-flutuação com sulfato de zinco) é muito utilizado na prática


clínica nas suspeitas de helmintoses e protozooses. A fácil visualização pela remoção dos
detritos fecais e concentração das formas parasitárias trazem ao método de concentração
uma relevância maior, uma vez que mesmo quantidades pequenas de parasitas são
identificados. Pelas diferenças de densidade, após a última centrifugação com a solução
saturada do sulfato de zinco, as formas parasitárias concentradas formam uma película
superficial visível a olho nu. É realizado com o objetivo de concentrar o que será
investigado, eliminando resíduos fecais e facilitando a identificação, por isso a técnica de
concentração é muito utilizada nas estratégias de exame para parasitos intestinais.

Materiais

● Cálice de diluição ou copo plástico;


● Peneira ou gaze dobrada em 4;
● Água;
● Espátula de madeira;
● Lâmina e lamínula;
● 5-10g de fezes;
● Alça bacteriológica;
● Centrifuga;
● Tubo de hemólise;
● Sulfato de zinco a 33%;
● Microscópio.

Técnica
Diluir 5-10g de fezes em 10-20 ml de água filtrada.
Homogeneizar bem.
Filtrar através de gaze dobrada em quatro, num copo plástico, e transferir para um tubo
de Wasserstein (tubo de hemólise).
Centrifugar por um minuto a 2500 rpm.
Desprezar o líquido sobrenadante e ressuspender o sedimento em água.
Repetir as operações 4 a 5 vezes até que o líquido sobrenadante fique claro.
Desprezar a água sobrenadante e ressuspender o sedimento com uma solução de sulfato
de zinco a 33%. Densidade de 1,18g/ml.
Centrifugar novamente por um minuto a 2500 rpm.
Os cistos e alguns ovocistos de protozoários e os ovos leves presentes na mostra fecal
estarão na película superficial. Recolher a película com alça de platina, colocar numa
lâmina, acrescentar uma gota de lugol e cobrir com lamínula.
Examinar com as objetivas de 10x e ou 40x.

CONSIDERAÇOES FINAIS

As aulas práticas de exames parasitológicos de fezes nos proporcionaram inúmeros


conhecimentos, desde a elaboração de cada método juntamente com o manejo dos
matérias utilizados até o diagnóstico relacionado a cada parasito encontrado, assim
dialogando sobre algumas doenças parasitárias intestinais. Essas práticas fizeram com o
que de um certo modo fosse possível conhecermos outra área na qual podemos atuar e de
fato nos trouxe mesmo que de forma breve, algumas experiências.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAYNES, John W.; DOMINICZAK, Marek H. Bioquímica médica. Elsevier, 2019.

CARDELLÁ, Lidia; HERNÁNDEZ, Rolando. Bioquímica médica. Bioquímica


Especializada, v. 4, 2014.
ERICHSEN, Elza Santiago et al. Medicina laboratorial para o clínico. Belo Horizonte:
COOPMED, 2009.

https://www.sanarmed.com/exame-protoparasitologico-de-fezes-coleta-tecnicas-e-
orientacoes-colunistas

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