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Durante todo o dia, Floquinho brincava com Branquinha.

Tanto brincavam de um lado do ribeiro, em casa de Branquinha, como do


outro lado, em casa de Floquinho.

— Quando for grande, vou casar com a Branquinha — dizia Floquinho.

E Branquinha acrescentava:

— Quando for grande, o Floquinho será o meu marido!

Mas uma noite, enquanto lia o jornal, o pai de Floquinho disse:

— Más notícias! A guerra vai chegar em breve.

No dia seguinte, a guerra tinha chegado. Mas ainda ninguém a tinha visto
quando o pai se despediu:
— Adeus, minha querida.
Adeus, meu pequeno Floquinho.
Voltarei em breve!

Abraçou-os com força e partiu


para a guerra.

No dia seguinte, Floquinho


disse:

— Vou para o ribeiro brincar


com a Branquinha.

Contudo, a mãe mostrou-lhe


pela janela que no lugar do ribeiro
havia agora uma barreira de
espinhos.

— A barreira serve para que


ninguém se possa aproximar da
nossa casa — explicou a mãe.

— Mesmo a Branquinha? —
perguntou Floquinho.

A mãe exclamou:

— Psiu! Não se pode falar da


Branquinha, é proibido!

— Porquê?
— Porque ela está do
outro lado da guerra.

— Mas onde está a guerra?


— perguntou Floquinho. —
Quero dizer-lhe para tirar esta
barreira de espinhos. Vou
dizer-lhe para se ir embora!

Mas a mãe disse-lhe que


tal não era possível.

A guerra era demasiado


grande e não ouvia ninguém.

Ouvia-se apenas a guerra a


ir e vir, porque fazia muito
barulho.

Causava muitos incêndios e


destruía tudo…

A guerra durou tanto tempo


que parecia nunca mais acabar.

Mas, um dia, de repente,


não se ouviu mais barulho.

Em vez dele, ouviu-se um


grande silêncio.
Nesse dia, o pai regressou.

Com um ar cansado, disse:

— A guerra acabou!

Mas Floquinho reparou que a


barreira de espinhos não
desaparecera.

Disse então:

— Não é verdade! A guerra


não morreu! Porque é que tu não
a mataste?

O pai suspirou.

— A guerra nunca morre,


meu pequeno Floquinho.
Adormece apenas durante
algum tempo. E, quando ela
dorme, é preciso ter cuidado
para não a acordar.

— Será que eu fazia muito


barulho a brincar com a
Branquinha? — perguntou
Floquinho.

— Não — respondeu a mãe.


— As crianças são demasiado
pequenas para acordar a
guerra.
Então Floquinho foi para o prado, onde tinha brincado com Branquinha
antes da guerra.

Caminhou ao longo da barreira, e, de repente, ouviu Branquinha a chamá-


-lo.

Tinha feito um pequeno buraco na barreira de espinhos e atravessara o ribeiro.

Iam ficar juntos.

Elzbieta
Flon-Flon et Musette
Paris, l’école des loisirs, 1993
(Tradução e adaptação)

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