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GRUPO II

LEITURA

Texto A

Lê o texto e a nota, se necessário.

Onde está Anne Frank!


Será difícil que alguém nunca
tenha ouvido o seu nome. Será difícil
não nos emocionarmos com a sua
história.
5 O seu diário, encontrado pelo pai,
Otto Frank, no «esconderijo secreto»,
em Amesterdão, onde se manteve na
clandestinidade durante dois anos
juntamente com a família e alguns
10 amigos, está traduzido em mais de 70
línguas, publicado em 60 países diferentes. Talvez pela idade prematura que, nas folhas de papel,
desaparece. Pela visão «adulta» de uma menina de 13 anos que assiste ao desmoronar do seu
mundo, que interroga e procura respostas, ciente da realidade, mas ao mesmo tempo esperançosa
por um futuro melhor.
15 Ao longo dos anos, muitas têm sido as formas de contar a sua história. Em 1959, já George
Stevens havia transportado Anne até aos ecrãs da sétima arte, com O diário de Anne Frank, filme
inspirado nas palavras escritas no diário que deixou. Depois disso, realizadores franceses, alemães
e americanos, repegaram no diário para voltar a mergulhar no seu universo. Mais recentemente,
em 2019, em estilo de documentário, também Sabina Fedeli e Anna Migotto o fizeram.
20 Como tributo ao que teria sido o seu 90.º aniversário, a atriz Helen Mirren reconta a história
de Anne Frank através das páginas do seu caderno, explorando em paralelo o destino de cinco
sobreviventes dos campos de concentração – vidas assoladas 1 por circunstâncias tão semelhantes
mas cujos desfechos não poderiam ser mais diferentes. Mas como é que se há de contar uma
história tão dramática e dura a crianças?
25 Anne em desenho animado
Transformar O diário de Anne Frank num filme de animação para o público mais jovem não
deve ter sido fácil. Mas a verdade é que Ari Folman o conseguiu. «O que importa é fazer todos os
possíveis para preservar uma alma», dizia o realizador no Festival de Cannes este ano, onde
apresentou a produção. O também diretor do filme de Waltz with Bachir (2008) já havia adaptado
30 a trágica história desta jovem judia falecida em 1945 no campo de extermínio Bergen-Belsen, para
banda desenhada, em colaboração com o ilustrador de livros e diretor de cinema artístico israelita
David Polonski.
Agora, no cinema, parece-nos que o realizador israelita quer ir mais longe, ao centrar o enredo
em Kitty, a amiga imaginária de Anne Frank a quem a jovem confidenciou por escrito enquanto se
35 escondia com a família no «apartamento», na Holanda. «A ideia deste título, sem interrogação mas
com exclamação, é afirmar uma observação», explicou o cineasta. «Onde está Anne Frank hoje,
num mundo onde as crianças continuam a ser vítimas da guerra, como se nada tivesse mudado
desde então? O ponto de exclamação é usado para expressar isso mesmo», elucidou.
Sara Porto, «”Où est Anne Frank!” um “pesadelo” em desenhos animados» in https://ionline.sapo.pt
(texto adaptado e com supressões, consultado em 10/01/2022).

Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 8.o ano 179


1. assoladas: destruídas.

1. Assinala com um X, nos itens 1.1 a 1.3, a opção que completa cada afirmação, de acordo com o
texto.

1.1 De acordo com o primeiro parágrafo, no seu diário, Anne mostra-se

(A) crítica e esperançosa.

(B) perspicaz e insegura.

(C) revoltada e determinada.

(D) inconsciente e desanimada.

1.2 Na perspetiva do jornalista, a tarefa de transformar a história de Anne Frank em desenhos


animados terá sido

(A) divertida e surpreendentemente fácil.

(B) possível, apesar da dificuldade inerente.

(C) dramática e de impossível concretização.

(D) dolorosa, ainda que de fácil execução.

1.3 Ao utilizar o ponto de exclamação no título do filme, o cineasta pretendeu

(A) reforçar uma ideia.

(B) expressar uma dúvida.

(C) afirmar um desejo.

(D) negar uma realidade.

2. Assinala com um X todas as adaptações da obra O diário de Anne Frank referidas no texto.

(A) musical

(B) documentário

(C) peça de teatro

(D) banda desenhada

(E) filme de animação

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EDUCAÇÃO LITERÁRIA

Texto B

e as notas, se necessário.
Lê o texto
Quarta-feira, 8 de julho de 1942
Querida Kitty,

Parece que passaram anos desde domingo de manhã. Aconteceu tanta coisa que é como se, de
repente, o mundo se tivesse voltado de pernas para o ar. Mas, como podes ver, Kitty, ainda estou
5 viva, e isso é o principal, diz o Papá. Estou viva, realmente, mas não me perguntes onde ou como.
Provavelmente não compreendes uma única palavra do que te estou a dizer hoje, por isso vou
começar por te contar o que aconteceu no domingo à tarde.
Às três horas (Hello1 tinha saído mas regressaria, supostamente, mais tarde), a campainha da
porta tocou. Eu não a ouvi, uma vez que estava na varanda, a ler preguiçosamente ao sol. Um
10 pouco depois, Margot apareceu à porta da cozinha, com um ar muito agitado.
– O Papá recebeu uma convocatória das SS 2 – murmurou. – A mamã foi falar com o Sr. van
Daan.
(O Sr. van Daan é sócio do Papá e um bom amigo.)
Eu fiquei atordoada. Uma convocatória: toda a gente sabe o que isso significa. Visões de
15 campos de concentração e celas solitárias passaram-me pela mente. Como podíamos deixar o Papá
partir para um destino desses?
– Claro que ele não vai – declarou Margot, enquanto esperávamos pela Mamã na sala. – A
Mamã foi perguntar ao Sr. van Daan se podemos mudar-nos para o nosso esconderijo amanhã. Os
van Daans vão connosco. Seremos sete, no total – depois ficámos em silêncio. Não conseguíamos
20 falar. O pensamento do Papá a visitar alguém no hospital judaico, completamente ignorante do que
estava a acontecer, a longa espera pela Mamã, o calor, o suspense – tudo isto nos reduziu ao
silêncio.
Subitamente a campainha da porta tocou novamente.
– É Hello – disse eu.
25 – Não abras a porta! – exclamou Margot para me impedir. Mas não era necessário, uma vez
que ouvimos a Mamã e o Sr. van Daan, lá em baixo, a falar com Hello, e depois entraram os dois e
fecharam a porta. […] Mandaram-nos sair às duas da sala, pois o Sr. van Daan queria falar a sós
com a Mamã.
Quando estávamos sentadas no nosso quarto, Margot disse-me que a convocatória não era para
30 o Papá, mas sim para ela. Com este segundo choque, comecei a chorar. Margot tem dezasseis
anos– segundo parece, querem mandar embora, sozinhas, as raparigas da idade dela. Mas graças a
Deus que ela não vai; foi a Mamã que o disse, e devia ser isso que o Papá queria dizer quando
falou em irmos para um esconderijo. Esconderijo… onde nos poderíamos esconder? No campo?
Numa casa? Numa cabana? Quando, onde, como?... Estas eram perguntas que eu não podia fazer,
35 mas que não me saíam da cabeça.
Margot e eu começámos a arrumar os nossos pertences mais importantes numa mala da escola.
A primeira coisa que enfiei foi este diário, e depois frisadores de cabelo, lenços, livros da escola,
um pente e algumas cartas velhas. Preocupada com o pensamento de ir para um esconderijo, enfiei
as coisas mais loucas na mala, mas não me arrependo. As recordações significam mais para mim
do que os vestidos.
Anne Frank, O Diário de Anne Frank, Lisboa, Livros do Brasil, 2022, pp. 35-36.

1. Hello: amigo de Anne Frank.


2. SS: força policial da Alemanha.

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182 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 8.o ano
3. As frases de (A) a (F) referem-se à forma como o narrador organiza o discurso. Escreve a sequência
de letras que corresponde à ordem cronológica dos acontecimentos.

(A) Anne descobre que a convocatória era para a irmã.

(B) A família recebeu uma convocatória das SS.

(C) O pai foi visitar alguém num hospital judaico.

(D) A mãe regressa e conversa com o Sr. van Daan.

(E) A mãe de Anne foi falar com o Sr. van Daan.

(F) As duas irmãs arrumam as suas coisas numa mala.

4. No primeiro parágrafo do texto, Anne Frank

(A) apresenta o assunto da sua página de diário.

(B) confidencia os seus receios em relação ao futuro.

(C) relata os acontecimentos ocorridos no domingo à noite.

(D) narra as circunstâncias da sua vida no esconderijo.

5. De entre as opções abaixo apresentadas, seleciona todas as que permitem afirmar que o narrador é
uma das personagens da ação narrada.

(A) «estou» (linha 5)

(B) «me» (linha 5)

(C) «tinha saído» (linha 8)

(D) «fiquei» (linha 14)

(E) «significam» (linha 38)

6. Relê o texto entre as linhas 14 a 37.

6.1 Refere dois comportamentos de Anne que mostram que esta se encontra com receio do que
poderá acontecer.
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7. Refere o recurso expressivo presente no último parágrafo e explicita o seu valor.


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8. Interpreta o sentido da frase «As recordações significam mais para mim do que os vestidos»
(linhas 38-39).
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Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 8.o ano 183


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EDUCAÇÃO LITERÁRIA
Texto C

Lê o excerto da obra O mundo em que vivi, de Ilse Losa.


Entrei na sala que tanto gosto de recordar: a mesa redonda com a toalha espessa, bordada a
seda; as cadeiras de palhinha; a taça de cristal em cima do aparador; o prato de porcelana preta
para o qual a minha mãe escolhia frutas de cores vivas; o sofá de bombazina verde. Ainda oiço,
nitidamente, o som quente do carrilhão do relógio de parede.
5 Vi a mesa posta para o lanche, a torta de creme cor-de-rosa no centro e por toda a sala senti o
cheiro a café. Empoleirado numa cadeirinha alta, Rudi, o meu irmão mais novo, rosado como o
creme da torta. Aproximei-me dele, acanhada.
– O Rudi já estava impaciente à tua espera, disse a minha mãe.
Dei-lhe um beijo e ele deitou-me os bracinhos em volta do pescoço. O pai foi buscar o Bruno,
10 o meu outro irmão, que entrou com ar de quem não estava interessado na minha chegada. […]
Como recém-chegada, coube-me cortar a primeira fatia. Mas em vez de importante senti-me
solitária. «Katarina, amor», ouvi dizer o avô Markus, e as mãos tremiam-me.
Após o lanche mandaram-me com o Bruno para o jardim, mas já no corredor lembrei-me do
vestido de seda. Voltei à sala e perguntei:
15 – O meu vestido…
– Que vestido?
Compreendi que, para me separar do avô, o meu pai mentira.

Ilse Losa, O mundo em que vivi, Porto, Porto Editora, 2021, pp. 76-77.

9. Baseando-te na informação presente no excerto, escreve um breve texto em que:


localizes os acontecimentos num espaço definido;

identifiques os tempos verbais predominantes e justifiques o seu uso;

apresentes o sentimento que domina a narradora e o que estará na origem do mesmo.

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GRUPO III

GRAMÁTICA

1. Reescreve a frase seguinte, substituindo a expressão sublinhada pela conjunção subordinativa


causal como. Faz apenas as alterações necessárias.

Anne escreve no seu diário, visto que precisa de desabafar.

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2. Atenta a frase seguinte.

Se levar recordações consigo, Anne não se sentirá tão infeliz.feliz.

a. Classifica a oração subordinada sublinhada na frase.


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b. Reescreve a frase, iniciando-a pela conjunção Caso.


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3. Identifica todas as frases em que a expressão destacada desempenha a função de sujeito.

(A) Aconteceu tanta coisa no domingo.

(B) Como podes ver, Kitty, estou viva.

(C) – Claro que ele não vai – declarou Margot.

(D) Não me perguntes onde nem como.

(E) Margot disse que a convocatória era para ela.

4. Identifica a função sintática dos constituintes sublinhados nas frases seguintes.

a. Eu fiquei atordoada. ____________________________________________________________

b. Uma convocatória: toda a gente sabe o que isso significa. ______________________________

5. Associa os verbos sublinhados (coluna A) à subclasse correspondente (coluna B).


A B
a. Anne colocou o diário na mala. 1. intransitivo
b. Mais tarde, adormeceram. 2. transitivo direto
c. Hello telefonou-lhe no dia seguinte. 3. transitivo indireto
d. Ela achava a ideia assustadora. 4. transitivo direto e indireto
e. A Mamã estava preocupada. 5. copulativo
f. Ela não ouviu a campainha da porta. 6. transitivo-predicativo

186 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 8.o ano


a. b. c. d. e. f.

6. Seleciona a opção que corresponde à forma passiva da frase seguinte.

Anne arrumou os livros numa mala da escola.

(A) Os livros tinham sido arrumados por Anne numa mala da escola.

(B) Os livros foram arrumados por Anne numa mala da escola.

(C) Os livros terão sido arrumados por Anne numa mala da escola.

(D) Os livros são arrumados numa mala da escola por Anne.

Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 8.o ano 187


GRUPO IV

ESCRITA

Escreve uma página de diário sob o ponto de vista de Anne Frank, a partir da observação da
imagem abaixo, na qual surgem Anne Frank e Peter van Daan no sótão do «esconderijo».

Ari Folman e David Polonsky, O diário de Anne Frank – Diário gráfico, Porto, Porto Editora, 2018, p. 110.

Redige um texto bem estruturado, com um mínimo de 160 e um máximo de 260 palavras.
O teu texto deve incluir:
data;
marcas de 1.a pessoa;
registo de experiências pessoais e a partilha de sentimentos/emoções.

Observações:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo
quando esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como uma única palavra,
independentemente do número de algarismos que o constituam (exemplo: /2022/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados, há que atender ao seguinte:
um desvio dos limites de extensão implica uma desvalorização parcial de até dois pontos;
um texto com extensão inferior a 55 palavras é classificado com 0 (zero) pontos.

FIM
COTAÇÕES
Item
Grupo
Cotação (em pontos)
1.1 1.2 1.3 1.4
I 12
3 3 3 3
1. 1.2 1.3 2. 3. 4. 5. 6.1 7. 8. 9.
II 43
3 3 3 3 4 3 3 4 6 5 6
1. 2. 3. 4. a. 4. b. 5. 6.
III 20
6 6 2 1 1 2 2
IV Item único 25
TOTAL 100

188 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 8.o ano

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