Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
rodeia. E depois, quando queremos sair, sentimo-nos demasiado frágeis para enfrentarmos
os nossos medos.
Por exemplo, se olharmos para uma superfície de vidro que esteja rachada, veremos que
cada vez aparecem mais fissuras. Este é também o caso daqueles que se refugiam dentro
de armaduras. No final, tornam-se ainda mais frágeis, ao ficarem presos na jaula que
construíram para si próprios.
Estas pessoas parecem fracas, porque, perante qualquer dificuldade, acabam por entrar
em colapso, mas o que acontece de facto é que podem ter feridas que permaneceram por
cicatrizar. E, mesmo que tentem escondê-las, isso não atenua o seu sofrimento.
As aparê
aparências são enganadoras
Quando vestimos uma tal armadura, não deixamos que os outros possam ver-nos tal como
somos.
Enquanto mecanismo de proteção, isso ajuda-nos a evitar as situações que receamos. Por
outro lado, com esta atitude, reprimimos as emoções que nos permitiriam libertar algum
do desconforto que sentimos.
Trata-se, na verdade, de uma atitude que não nos satisfaz, mas com a qual nos
contentamos, por medo de sermos uma vez mais prejudicados. Temos medo do que
sentimos, e recusamos ver a nossa fragilidade.
Deste modo, a máscara com a qual ocultamos o nosso desconforto vai-se tornando cada
vez mais espessa, porque aumenta a dissonância entre o que gostaríamos de mostrar e o
que realmente mostramos.
Talvez atuemos inconscientemente, mas o que é facto é que recorremos a máscaras para
evitarmos enfrentar certos problemas. E aquilo que nos cobre é também o que torna maior
a nossa ferida.
A gaiola em que nos fechamos para sobreviver é igualmente a corda que nos estrangula, a
grade que nos encerra, e não nos permite ser quem somos nem encontrar a porta de saída.
Esta atitude tem consequências pesadas. Escapar, ignorar, fugir, proteger-se, são meros
atalhos, mas não soluções reais para as dificuldades que sentimos.
Mais cedo ou mais tarde, vamos precisar de nos abrir às situações, e de enfrentar os riscos
que tínhamos vindo a evitar. É provável que, entretanto, tenhamos já amadurecido e
vejamos a realidade de uma perspetiva diferente. Teremos assim novos recursos à nossa
disposição e, acima de tudo, teremos crescido como pessoas.
Saindo da armadura