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Não importa como nossas realidades diferem, todos nós enfrentamos

experiências negativas. Algumas nos afetam tão profundamente que nos


deixam cicatrizes emocionais. Novos traumas, novos valores. É como se nosso
cérebro tocasse o aviso de “ameaça detectada”, então nosso sistema de moral e
princípios é atualizado. Porém, algo crucial é comprometido no processo, e o
que antes parecia um mecanismo de defesa confiável, é na verdade uma
estratégia de autossabotagem.
As pessoas tentam nos alertar, mas assim que suas palavras se revelam críticas
disfarçadas, nós as cortamos. E ao continuamente receber conselhos como
ofensas, caímos cada vez mais fundo em um contagioso e vicioso ciclo de
orgulho.

Entender para aceitar

Embora possamos não gostar de admitir, a maioria de nós não baseia nossas
ações no que é moral ou imoral. Em vez disso, tendemos a viver de acordo
com nossa própria definição de justiça baseada em traumas,
consequentemente projetando experiências negativas não resolvidas em todos
os cenários de nossas vidas.

Visão em preto e branco

Em nossas desesperadas tentativas de manter possíveis ameaças do lado de


fora, proibimos nossos piores e reais perigos de sair. Estamos presos no
tempo, coexistindo com o medo de que nossa dolorosa história se repita
enquanto abdicamos todas as cores do nosso mundo pela mundanidade do
preto e branco.
Ainda presos às fortes emoções de raiva, impotência e injustiça, assumimos
que nossos princípios pessoais são gerais. Assim, se alguém ousa discordar
de nossas "verdades absolutas", usamos tais princípios como critério para
determinar questões de extrema complexidade, como quem é uma boa pessoa
e quem merece empatia, levando-nos à empatia seletiva.

Monólogo de sermão

Ao descartar que ter empatia não significa tolerar, mas simplesmente


compreender as razões por trás de cada ação, passamos a acreditar
firmemente que somos moralmente superiores aos nossos “opositores”. É esta
exata mentalidade que nos leva a participar de discussões com hostilidade e
julgamento, em que o objetivo é meramente apontar o dedo para qualquer
um em discordância de nossos (não tão imparciais) “fatos”, ao invés de
escolher com maturidade a abordagem mais adequada para cada indivíduo
com quem debatemos, resultando em uma produtiva troca de perspectivas, e
mais importante, um diálogo.

"Então você quer dizer que…"

Ao levarmos tudo para o lado pessoal, adotamos um complexo de vítima em


que tomamos qualquer tipo de crítica ou oposição como um ataque à nossa
moral e experiências de vida. Quando questionados sobre um
comportamento, podemos recorrer à comum técnica de vitimização "então
você quer dizer que…", que consiste no uso consciente ou inconsciente de
interpretações imprecisas e exageradas do argumento de alguém para desviar a
atenção do assunto inicial. A versão completa de tal frase pode variar entre
"então você quer dizer que eu sou o vilão?" ou "então você quer dizer que eu
estou errado?", mais uma vez exibindo uma correlação errônea e em preto e
branco dos termos "errado" e "maldade".

"Não sou eu, é você"

Se o comportamento em questão foi executado com base em um senso de


moralidade, “sinto muito” terá sinônimo de “você é melhor do que eu”, e
nossos egos não conseguem lidar com isso. Então, para escapar da humilhante
responsabilidade, transferimos o foco da conversa para quem nos repreendeu.
"Eles estão exagerando", "eles são sensíveis demais" repetimos para nós
mesmos, intitulando nosso erro como “não ofensivo o suficiente” para
corrigi-lo.

Quebrando o ciclo

Há séculos cultivamos pequenos, porém tóxicos hábitos que continuamente


justificamos com idade, criação familiar e personalidade, ficando presos em
um ciclo de orgulho que é fácil de cair, mas muito, muito difícil de sair.
Mas a vida também tem seu ciclo: ações e consequências. Portanto, se a
negatividade é liberada no mundo, o universo não vai parar para analisar o
contexto, a intenção, o alvo ou quaisquer razões que encontrem para
justificá-la. Ele apenas toma os componentes da ação e gera mais do mesmo.
Sua negatividade será a causa da injustiça de alguém. Consequência não se
importa com intenção.
O pior inimigo do orgulho é o equilíbrio, e é nossa responsabilidade
desenvolver a autoconsciência que a humanidade desesperadamente precisa
para garantir que, após cada experiência, nossas emoções, valores e atitudes
continuem em equilíbrio. Como se faz isso?
Maturidade emocional. Pensamento crítico. Empatia.
Não seja o motivo da raiva de alguém, mas a razão pela qual eles se libertam
dela. Esteja disposto a entendê-los, mesmo quando eles não te entenderem.
Encontre seu próprio equilíbrio para que outros encontrem o deles.
Inteligência emocional não significa ser superior que os outros. Apenas ser
melhor e mais capaz do que ontem.

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