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Desarmando as bombas de satanás:

As críticas
Uma das maiores dificuldades de um pastor, sem dúvida, é lidar com as críticas que
recebe constantemente. Algumas vezes duras e até impiedosas as críticas são uma fonte
constante de pressão.
Nem mesmo a experiência de sucesso é capaz de afastar os críticos, que podem
evocar o que se costuma chamar de “fenômeno do impostor” – isto é, mesmo o pastor
bem sucedido acredita que seu sucesso não é justificável. Seu pensamento é: “alguém
como eu não pode ser bem sucedido”.
Nem é preciso dizer que essa atitude acaba por se tornar uma profecia auto-
realizável.

A sensibilidade a críticas
Algumas pessoas são mais sensíveis a críticas do que outras. Basta uma pessoa nos
criticar que pensamos que a palavra dela é o veredicto final. Basta a menor falha para que
nosso crítico interno saia proclamando que tudo acabou.
Todo pastor precisa desenvolve um mecanismo de filtragem que lhe permita ignorar
parte das críticas que constantemente recebe.
Quando não há essa filtragem a situação pode se agravar pelo que chamo de “fator
diapasão”. Quando você está passando por momentos difíceis em casa ou enfrentando
dificuldades em alguma área da igreja, qualquer crítica que aparece faz com o seu
diapasão interno comece a vibrar.
Se você pegar um diapasão e fazê-lo vibrar, se aproximá-lo de um outro diapasão
na mesma freqüência o outro começará a vibrar também. Isso é chamado de ressonância.
As críticas normalmente ressoam na freqüência das nossas inseguranças.
Muitos pastores não se sentem completamente seguros do próprio chamado e
acalentam dúvidas de que talvez o seu pastorado tenha sido uma iniciativa meramente
humana. Assim vivem como se fossem um farsa que pode ser descoberta a qualquer
momento. É fácil entender a sensibilidade de alguém assim às críticas.
Nossa história pessoal também explica a sensibilidade a críticas. Quanto mais duras
as críticas que você tiver recebido na infância, mas árdua será a tarefa de desenvolver a
capacidade de avaliá-las.

Desarmando a bomba das críticas


Todos nós sabemos que nem todas as críticas são sensatas, justas ou corretas, e que
até mesmo os críticos que mais amamos e mais amor sentem por nós podem, de vez em
quando, errar.
Assim precisamos desenvolver um mecanismo de filtragem que nos livre de
vivermos constantemente debaixo de pressão e angústia.
Essa filtragem consiste basicamente em aprendermos a questionar as críticas e os
críticos.

1. Quem disse?
Essa é a primeira pergunta que se deve fazer. Indagar se seu crítico tem alguma
credibilidade é uma atitude que se aplica a todo tipo de situação.
Victor Frankl propôs uma teoria para explicar porque alguns prisioneiros de campos
de concentração nazistas conseguiram sobreviver e outros simplesmente desistiram de
viver. Ele observou que os que desistiam de viver eram aqueles que aceitavam o modo
como os nazistas os viam, enquanto os que sobreviveram se recusavam a sentir-se
humilhados apesar de situação degradante. Os nazistas os tratavam como lixo, mas em
seu íntimo eles diziam: “e porque eu deveria acreditar num bando de porcos como
vocês?”
Em outras palavras, eles conseguiram filtrar as críticas simplesmente reconhecendo
que os críticos não estavam a altura.
Quando perguntamos “quem disse?” o objetivo é tanto excluir os críticos sem
credibilidade quanto classificar o nível de conhecimento daqueles que se consideram
merecedores de atenção.
Além disso é bom avaliarmos se eles têm algum outro motivo para nos criticar. Será
que vão se beneficiar de alguma maneira se conseguirem que nos sintamos mal?

2. Quantos disseram?
À pergunta “quem disse?” devemos incluir uma outra interrogação: “quantos
disseram?”.
Quem não questiona seus críticos tende a aceitar como definitivo um único
comentário negativo. Normalmente essas pessoas estão apenas ressoando alguma
dificuldade ou sensibilidade pessoal numa área específica.
O maior problema de darmos como definitiva uma única crítica é que dificilmente
temos como saber se aquela opinião isolada está bem fundamentada, se é correta ou se foi
tendenciosa. A melhor maneira de conferir uma opinião é obter diversas outras e
compará-las entre si.

3. O fator “todo mundo”


O crítico mais eficaz de todos e que mais afeta a maioria das pessoas é aquele todo-
poderoso conhecido como “todo mundo”. É difícil imaginar algo pior que “todo mundo”.
Como não aceitar um veredicto emitido por “todo mundo”? Como rejeitar aquilo
que “todo mundo” aceita? A verdade porém é que “todo mundo” não existe. No entanto
aceitamos a existência desse “todo mundo” – e nos submetemos ao seu poder sem
questionar.

4. O crítico interior
Nosso crítico interno não só julga corretas todas as supostas críticas externas como
acrescenta e inventa mais algumas. É o mais duro dos críticos. Ele consegue ser ainda
pior do que “todo mundo”.
Engolir sem questionar tudo o que esse crítico interno nos diz é tão equivocado
quanto aceitar toda e qualquer crítica externa sem antes conferir se tal opinião foi emtida
com conhecimento de causa, se está correta e não é tendenciosa.
Podemos concluir que nós não estamos qualificados para fazermos certas críticas a
nós mesmos.
Normalmente o crítico interno coloca a culpa em “todo mundo” que já sabemos que
não existe.

5. O que essa crítica significa?


O objetivo desse pergunta é reconhecer uma crítica construtiva. Parece difícil de
acreditar, mas existem críticas construtivas. E há também críticas que pretendem ser
construtivas, mesmo que acabem não sendo.
O importante é antes de tudo concentra-se exatamente no que foi dito – não em que
emoções essas palavras disparam na gente, nem na suposta motivação que atribuímos ao
crítico. Teremos condições muito melhores de decidir o que responder.
Precisamos nos lembrar dos problemas que podemos ter quando presumimos as
supostas reais motivações do outro.
Um irmão chega no pastor e diz: “creio que os cultos estão passando muito da hora.
Talvez a pregação devesse ser um pouco mais curta. O que o pastor acha?”
Se o pastor se convencer da existência de algum significado oculto nessa
observação, não haverá limites para a gama de interpretações negativas possíveis.
Interpretação furiosa. Na verdade ele está querendo dizer que eu não sou um bom
pregador. Eu vou fazer com que ele busque outra igreja que tenha um pregador de que ele
goste.
Interpretação magoada. Esta foi a maneira mais educada que ele encontrou para
dizer que a minha pregação é um porcaria. Ele provavelmente tem razão. Talvez eu até
devesse parar de pregar.
Interpretação dramática. Depois de tanto trabalho que eu tive preparando esses
sermões, depois de tanta oração e sacrifício é assim que sou retribuído, com ingratidão.
Interpretação frustrada. Não tem jeito mesmo. Por mais que eu tente nunca vou
conseguir agradar mesmo, nunca vou ser bom o bastante.
Se o pastor, porém, parar e avaliar a crítica exclusivamente com base em seu
conteúdo, poderá determinar se a crítica pode acabar sendo construtiva.
Para ser construtiva uma crítica deve ter algum valor. O pastor pode aceitar a
sugestão e diminuir a duração do culto só para evitar críticas ou pode fazer isso porque de
fato concluiu que é o melhor.
Nem sempre é preciso responder imediatamente a uma crítica. Nosso primeiro
impulso pode ser de raiva ou de passividade. Adiar nossas respostas a críticas internas e
externas pode nos ajudar a separar as que são construtivas das que não são.
Não há nada de errado em se escutar críticas. O erro está em acreditar em todas, ou
rejeitar todas, sem parar para refletir a respeito, sem ponderar o conhecimento de causa
do crítico, sua motivação, o conteúdo da crítica e o seu valor.
Não há como evitar a avalanche de críticas que nos cercam, elas certamente virão
de todos os lados. Precisamos apenas desenvolver um sistema de triagem para filtrá-las.

Pr. Aluízio A. Silva


Videira Igreja em Células – Goiânia -GO

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