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Direito Penal III – Prof. Dr.

Guilherme de Souza Nucci

Turma NA5 – Seminário: Arts. 73 e 74 do Código Penal

1) Maria atirou uma pedra em direção ao veículo automotor de Caio,


buscando danificar o referido objeto e, de fato, logrando êxito em seu
intento. Contudo, após atingir o capô do veículo, a pedra atravessou o vidro
frontal do carro e acertou Fabiana, esposa de Caio, que estava sentada no
banco dianteiro de passageiro, causando-lhe lesões corporais de natureza
leve. Maria, assustada, imediatamente pediu desculpas a Fabiana, dizendo
que o seu único objetivo era danificar o carro, pois estava com raiva de
Caio.

Diante da dinâmica dos fatos, no âmbito penal, qual será a consequência


jurídica da conduta de Maria? Justifique.

No âmbito penal, a ação de Maria se enquadra no artigo 74 do Código


Penal (aberratio criminis). Diante do exposto, Maria atingiu o resultado pretendido
(dano), contudo, por acidente, ao atingir Fabiana culposamente, acabou gerando
também a aplicação do artigo 70 do Código Penal, portanto sua pena será a mais
grave (lesão corporal culposa), com acréscimo de 1/6 até metade.

2) José disparou uma arma de fogo contra o seu próprio pai, Paulo, com
a intenção de matá-lo. Entretanto, o tiro disparado acabou atingindo o peito
de Igor, que estava logo atrás. Os estilhaços da bala vieram a atingir Paulo,
que sofreu lesão corporal leve em decorrência de tal fato. Já Igor não
resistiu e faleceu dentro da ambulância, no caminho para o hospital, em
razão do disparo de arma de fogo sofrido.

Diante da dinâmica dos fatos, no âmbito penal, qual será a consequência


jurídica da conduta de José? Fundamente.

No âmbito penal, aplica-se o artigo 73 (aberratio ictus), pois José errou a


pessoa pretendida, atingindo terceiro, e neste consumando o homicídio, além da
ocorrência de lesão corporal leve. Dessa forma, aplica-se também o artigo 70,
com aumento de 1/6 até metade na pena, sendo a pena maior aplicada de
homicídio qualificado, considerando o agravante contra ascendente, como assim
disposto no § 3º do art. 20 do Código Penal: O erro quanto à pessoa contra a qual
o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as
condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente
queria praticar o crime.

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