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CRASE

CRASE

A crase é a fusão de duas vogais idênticas. A primeira vogal a é uma


preposição, a segunda vogal a é um artigo ou um pronome
demonstrativo.

a (preposição) + a(s) (artigo) = à(s)

Ex.: É impossível resistir à lasanha da minha mãe.

Resiste a + a (lasanha) = à (lasanha)


Ex.: Minha mãe deu à luz um bebê lindo em 1989: eu.

Ex.: Eu cheguei à Brasil, mas, como de costume, ela


estava engarrafadíssima!
1. A cavalo , a pé...

1. Gota a gota , cara a cara , dia a dia

2. A andar , a falar

3. A reclamações...

4. A casa ?
• Há basicamente dois casos em que o vocábulo a pode ser
um pronome demonstrativo, equivalendo ao pronome
“aquela”: antes de pronome relativo que e antes de
preposição de: A (= aquela) que chegou era minha filha. /
Sua filha é linda, mas a (= aquela) dele é muito mais.
a (preposição) + a(s) (pronome demonstrativo) = à(s)
Veja:
Nós nos referimos à que foi 01 do concurso para Analista
Judiciário.
Sempre procuro fazer alusão às lições do Bechara e às do
Celso Cunha.
• No primeiro caso, quem se refere, se refere a + a = à. No
segundo caso, quem faz alusão, faz alusão a + as = às.
1) Lembre-se: crase é a fusão de duas vogais idênticas

a (preposição) + aquele(s), aquela(s), aquilo (pronomes


demonstrativos) = àquele(s), àquela(s), àquilo

A bebida é sempre nociva àqueles que se embriagam.

Procurou explicar-se àquela comissão, mas ela não tolerou seu erro.

Depois de todo o terror, assistir àquilo foi a gota d’água.


Casos obrigatórios
1) Locuções adjetivas, adverbiais, conjuntivas e
prepositivas com

núcleo feminino
• A crase ocorre porque a preposição a que inicia tais
locuções se funde com o artigo a que vem antes do
núcleo feminino. O acento grave é fixo!
– Um policial à paisana trocou tiros com três homens que
tentavam
roubar um banco.
– Cheguei às cinco horas da tarde.
– À medida que estudo, fico mais seguro.
– Einstein estava à frente de seu tempo.
ATENÇÃO!!!
As locuções que têm valor semântico de meio ou
de instrumento podem ou não receber acento grave. Depende da
visão do gramático. Infelizmente não há (mais uma vez) unidade de
pensamento.

Exemplos: “Eu costumo escrever a (à) caneta (instrumento).”


“Não gosto de comprar a (à) prestação (meio).”.

• No entanto, todos eles concordam que, por razões de clareza, a fim


de afastar qualquer ambiguidade, pode-se usar o acento grave.

Exemplos: “Vendi a vista.” (o olho?) / “Vendi à vista.” (meio).


2) Locução prepositiva implícita “à moda de, à maneira de”
• Devido à regra, o acento grave é obrigatoriamente usado nas
locuções prepositivas com núcleo feminino iniciadas por a: “Os
frangos eram feitos à moda da casa imperial.”.
• Às vezes, porém, a locução vem implícita antes de substantivos
masculinos, o que
pode fazer você pensar que não rola a crase. Mas... há crase, sim!

– Comi uma caça à espanhola anteontem.


– Ontem jantei um bacalhau à Gomes de Sá.
– Hoje comerei um filé à Osvaldo Aranha.
– Talvez amanhã eu coma um tutu à mineira...
–Depois da indigestão, farei uma poesia à Drummond, vestir-me-ei
à Versace e entregá-la-ei à tímida aniversariante.
Obs.: Não vá você agora pensar que
tal locução vem sempre implícita.
Quando você vai a um restaurante, lá
vem o cardápio... Está lá escrito
(normalmente):
frango à passarinho e bife à cavalo.
CASOS PROIBITIVOS
1) Antes de substantivos masculinos:
– Andou a cavalo pela cidadezinha, mas preferiria
ter andado a pé.
2) Antes de substantivo (masculino ou feminino,
singular ou plural) usado em sentido
generalizador:
–Depois do trauma, nunca mais foi a festas.
–Não foi feita menção a mulher, nem a criança,
tampouco a homem.
3) Antes de artigo indefinido “uma”:
– Iremos a uma reunião muito importante no domingo.
Obs.: Diante do numeral indicando hora, crase na cabeça:
Chegarei à uma (hora). Cuidado com há (indicando existência ou
tempo decorrido): Há (existe) uma hora em que precisamos mudar de
opinião. / Há (faz) uma hora fechamos um contrato milionário.

4) Antes de nomes de santas, de Nossa Senhora e de mulheres


célebres:
– Tenho devoção a Santa Maria Madalena.
– Muito devemos a Teresa de Calcutá.
– Dirigiu-se a santa Rita em oração com fervor.
Obs.: Em “Tenho devoção à Virgem.”, a crase é obrigatória.
5) Antes de pronomes pessoais, pronomes
interrogativos, pronomes indefinidos, pronomes
demonstrativos e pronomes relativos:
– Fizemos referência a Vossa Excelência, não a ela.
– A quem vocês se reportaram no Plenário?
–Assisto a toda peça de teatro no RJ, afinal, sou um
crítico.
–Entreguei o livro a esta editora, mas ela desprezou a
obra.
–A atriz brasileira a cuja peça aludi já ganhou dois
prêmios internacionais.
*pronomes possessivos
6) Antes de numerais não determinados por artigo:
– O professor só conseguiu explicar o assunto a uma
aluna; as três não quiseram esperar para tirar suas
dúvidas.
– O político iniciou visita a duas nações europeias.
Obs.: Se as nações forem determinadas...
crase: O político iniciou visita às duas nações europeias.
7) Antes de verbos no infinitivo
– A partir de hoje serei um pai melhor, pois voltei a
trabalhar.
8) Depois de outra preposição qualquer (essencial ou
acidental)
– Fui para a Itália.
– A Fundação Casa é uma instituição que atua em casos de
extrema gravidade, mediante a determinação judicial.
– Serão encaminhados após a sessão os documentos
exigidos.
– O futuro mártir se colocou contra a medida adotada pelo
governo.
9) Entre palavras repetidas que formam uma locução:
– Quero que você fique cara a cara e diga a verdade.
– Nosso dia a dia nunca mais foi o mesmo após o furacão.

Obs.: Cuidado com expressões como estas: “É preciso


declarar guerra à guerra!” / “É preciso dar mais vida à
vida!”, em que há crase devido à regência do verbo declarar
e dar. Neste caso, guerra a guerra e vida a vida não formam
locuções.
Casos Facultativos
1) Antes de pronomes possessivos adjetivos femininos
– Enviamos cartas a (à) nossa filha que está no Canadá.
Obs.: Se o pronome possessivo for substantivo (ou seja, aquele que
substitui um substantivo), crase obrigatória! Exemplo: Enviaram uma
encomenda a (à) nossa residência, não à sua.

2) Depois da considerada locução prepositiva até a


– Vá até a geladeira e pegue um pedaço de torta para seus avós.
(até + a)
– Vá até à geladeira e pegue um pedaço de torta para seus avós.
(até a + a)
3) Antes de nomes próprios femininos
• – A (À) Juliana tenho conseguido manter-me fiel, o que
tem surpreendido a todos.

4) Diante de certos topônimos, como Europa, Ásia,


África, França, Inglaterra, Espanha, Holanda, Escócia,
Recife...

– O técnico português já prevê volta a (à) Inglaterra para


conduzir o melhor time do país à vitória.
Cuidado!!!
I.Em qualquer correlação que não seja “de... a”,
não haverá crase: “Entre as 14h e as 21h, estou no
trabalho.”. Os “as” são artigos apenas.
II.Não há erro na construção “Horário de
atendimento: 8h às 17h”, pois ocorre elipse de
“das” (das 8h às 17h).
V. Com as locuções adverbiais indicativas de “hora” (do relógio), há
crase, pois junta-se a preposição a (que inicia a locução adverbial) ao
artigo a ou ao pronome demonstrativo iniciado por “a” (que concorda
com hora e a determina).

– Nesta última eleição, o TSE bateu o recorde histórico, alcançando a


totalização de 90% dos votos às 19h.
– Às 21h15min, já haviam sido apuradas 99% das urnas.
– À zero hora, todo fim de ano, soltam-se fogos.
– Àquela hora todos já estavam de pé?
– Costuma-se acordar às quatro nos quartéis.
– Os lutadores de MMA se enfrentarão às dezenove deste domingo.
– Diga a ela que esteja aqui à uma hora para conversarmos a
respeito do projeto.
V. Não há crase antes da palavra casa, exceto
se vier especificada por um adjetivo, uma
locução adjetiva ou uma oração adjetiva.
–Fui a casa resolver um problema.
–Fui à casa dela resolver um problema.
–O bom filho a casa torna.
–O bom filho à casa dos pais torna.
–Só volta à casa de quem o trata com mimos.
VI. Não há crase antes da palavra terra (em oposição
a bordo, no contexto frasal). Se estiver especificada,
há crase sempre. Afora isso, pode haver crase.

–Os marinheiros retornaram a terra.


–Os marinheiros retornaram à terra natal.
–O amor à Terra deve imperar, pois é nosso lar.
– Viemos da terra e à terra voltaremos.
VII. Artigo antes de um topônimo é por meio de um
bizu do tempo de meu avô: “Quem vai a, volta de
(crase pra quê?)” / “Quem vai a, volta da (crase
há)”.

–Fui à Bahia nas minhas férias de início de ano. (Quem


vai à Bahia, volta da Bahia.)
– Fui a Ipanema. (Quem vai a Ipanema, volta de Ipanema.)

Obs.: Se o topônimo estiver especificado, crase certa: “Fui


à linda Ipanema cantada por Vinícius.”.
Em alguns casos, por motivo de clareza e para evitar a
ambiguidade, a presença do acento grave é muito importante.
Veja um caso: “Matou a cobra à onça.” (Ou seja, a cobra
matou a onça).
Veja outro: “Eu lavei a mão.” (Sem acento grave, significa
“higienizar a mão”.) / “Eu lavei à mão.” (Com acento
grave, significa “usar a mão para lavar”.).
Mais: “Chegou a noite.” (a noite é o sujeito), mas “Chegou
à noite.” (à noite é um adjunto adverbial de tempo). A
presença ou a ausência do sinal indicativo de crase faz toda
a diferença.

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