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Resumo
tornando-a vulnerável ao sofrimento psíquico e social que atinge não apenas a criança, como
também seus pais, pois eles estão envolvidos de forma significativa na atenção com esse filho.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, cujo objetivo foi compreender o impacto psicossocial
nos pais com filhos portadores de leucemia, por meio de entrevistas individuais e
semiestruturadas com doze pais de filhos com leucemia em tratamento, sendo seis homens e
seis mulheres, com idades entre 22 e 44 anos. Foram respeitados os aspectos éticos, propostos
pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), dispostos na Resolução 466 (2012), sob a
partir da análise do material gerado, sendo elas: (1) Reorganização familiar em decorrência do
tratamento; (2) Impacto Psicossocial; e (3) Estratégias de enfrentamento utilizadas pelos pais
diante do diagnóstico e tratamento dos filhos. Verificou-se que desde a descoberta da doença
até o início do tratamento oncológico, os pais têm suas rotinas e costumes transformados
encontradas.
Abstract
Leukemia and its treatment have a systemic impact on family organization, making it
vulnerable to the psychological and social suffering that affects not only the child, but also
their parents, as they are significantly involved in caring for this child. This is a qualitative
research, whose objective was to understand the psychosocial impact on parents with children
with leukemia, through individual and semi-structured interviews with twelve parents of
children with leukemia under treatment, being six men and six women, aged between 22 and
44 years. The ethical aspects proposed by the National Health Council (CNS), provided for in
categories were identified from the analysis of the generated material, namely: (1) Family
reorganization due to treatment; (2) Psychosocial Impact; and (3) Coping strategies used by
parents regarding the diagnosis and treatment of their children. It was found that since the
discovery of the disease until the beginning of cancer treatment, parents have their routines
and customs transformed due to the direction of their activities to the sick child. Religion,
spirituality, family and social support were the main coping strategies found.
Introdução
Para o Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva [INCA] (2017), o
câncer é definido como um grupo de doenças que são caracterizadas pelo desenvolvimento
desordenado de células anormais que surgem em várias partes do organismo, como os tecidos
adultos, pois na maior parte dos casos desenvolvem-se aceleradamente, são mais invasivos e
tratamento, sendo a leucemia o tipo mais frequente de câncer infantil (Cabral, Santos, Beltrão,
De acordo com o INCA (2017), a leucemia é um câncer que ocorre no tecido que
forma o sangue, causada principalmente pelo acúmulo de células sanguíneas anormais, que
correspondem de 25% a 35% entre os tipos de câncer infantojuvenis mais comuns em todo o
mundo. Dentre os principais tipos de leucemia, tem-se a leucemia linfoide aguda (LLA), a
leucemia mieloide aguda (LMA), a leucemia linfocítica crônica (LLC) e a leucemia mieloide
frequentes (26%) se comparado outras, como os tumores epiteliais (14%) e linfomas (14%).
períodos de internamento dentro do ambiente hospitalar, sendo um lugar que promove perdas
(Kohlsdorf & Junior, 2012). Assim, o diagnóstico e o tratamento de câncer não afetam
somente o acometido pela doença, mas também seus familiares, tendo em vista que é uma
realidade que causa sofrimento e desestruturação nos pais, sendo primordial um olhar mais
O tratamento oncológico 4
atento para os mesmos como indivíduos que também precisam de atenção e cuidados (Silva,
2019).
Através da Teoria Geral dos Sistemas, em que “o todo é mais que a soma das partes”,
pode-se entender a família como um sistema aberto, onde nada acontece isoladamente e
qualquer coisa que afete um dos componentes deste sistema, causará impacto sobre todos os
outros membros (Silva, 2014). Diante disso, a partir de uma perspectiva sistêmica, é válido
ressaltar que a relação recíproca de troca entre os membros do sistema familiar é algo
fundamental para a sua dinâmica (Souza & Böing, 2018). No entanto, o impacto do
sono, prejuízos profissionais e sociais, visto que as responsabilidades dos pais aumentam em
planejamento das atividades familiares e proporcionar atenção e cuidados ao filho com câncer
lidar com as situações estressoras e de desestruturação familiar que possam surgir devido ao
com o objetivo de lidar com os momentos de dificuldades e sobrecarga física e/ou mental
Portanto, é imprescindível entender como ocorre o impacto psicossocial nos pais com
repercussões psicológicas e sociais nas famílias, visto que para isso é essencial reconhecer a
história de vida do paciente e de sua família, bem como a sua rotina diária, os limites de
compreensão da situação, os papéis que cada sujeito exerce no meio familiar, as estratégias de
enfrentamento que são utilizadas e outros fatores que contribuem na dinâmica familiar.
Método
É um estudo que busca compreender o sistema complexo de significados dos sujeitos, visto
que eles atuam conforme suas crenças, sentimentos e valores (Rech, 2017).
(1) Como era a sua rotina antes e depois da descoberta da leucemia em seu filho? (2) Após
iniciar os cuidados com seu filho, na sua percepção, como você passou a cuidar de si próprio?
(3) De que forma os cuidados com seu filho, atualmente, influenciam na sua vida? (4) Qual a
forma de enfrentamento que você pode encontrar para lidar com esses impactos sociais e
Foram incluídos na pesquisa pais de crianças que apresentam leucemia e que estavam
respostas.
construção de categorias, a partir da análise de conteúdo (Minayo, 2001). Eles foram gerados
transcrição e análise do material foram realizadas após a finalização da geração de dados com
Nacional de Saúde (CNS), dispostos na Resolução 466 (2012), sendo aprovada pelo Comitê
de Ética em Pesquisa (CEP) com Seres Humanos do Instituto de Medicina Integral Prof.
Resultados e Discussão
Participaram da pesquisa doze pais que possuíam filhos com leucemia em tratamento,
sendo seis homens e seis mulheres, com idades entre 22 e 44 anos. Dentre os tipos de
leucemias que acometeram os pacientes, nove crianças possuíam a leucemia linfoide aguda
O tratamento oncológico 7
(LLA), seguido pela a leucemia mieloide aguda (LMA), com duas crianças. Os pacientes
pediátricos consistiam em três meninas e oito meninos, sendo que para um paciente houve a
realização de duas entrevistas (uma do pai e uma da mãe) para a coleta de dados.
O período de tratamento variou entre 12 dias a 8 anos, sendo 9 pacientes com tempo de
diagnóstico e de tratamento menor que um ano e 2 pacientes com tempo maior que um ano.
narrativa dos participantes três categorias a partir da análise do material gerado, sendo elas:
filhos.
Dessa forma, em busca da compreensão dos impactos psicossociais na vida dos pais
que tiveram filhos/as diagnosticados/as com leucemia e que estavam em tratamento, foi
possível analisar um conjunto de concepções sobre as vivências neste processo que envolvem
os pais ou responsáveis das crianças acometidas por esta patologia, bem como as alterações
Nesta categoria, foi possível identificar indícios de que houve reorganização familiar
entrevistados que a rotina hospitalar exige adaptação constante e que de fato há uma mudança
Mudou completamente, a gente teve que se adaptar.... eu acho que até então
(...) e tudo mudou, na liberdade que agora a gente não tem mais, que agora é
tudo pra ele, a gente vive mais aqui no hospital que em casa mesmo (...)
(Diana)
Com base nestas falas, foi observado que os pais possuem suas rotinas completamente
mudadas frente a necessidade de viver em um novo ambiente que demanda extrema dedicação
aos filhos com câncer. Desta forma, de acordo com um estudo de revisão bibliográfica
assistemática de Piai e Zanetti (2014) esta nova fase acaba trazendo um desafio a toda familia
que precisaria ser resiliente ao ter que se adaptar às adversidades impostas pela rotina do
familiar repercutem em seu funcionamento, em que os pais devem ser olhados como um
subsistema que está inserido neste sistema, influenciando e sendo influenciado pelo mesmo
(Silva, 2014).
Além disso, em outro estudo de Oliveira (2018), realizado por meio de uma revisão
integrativa da literatura, foi observado que a maior parte das famílias passa por rearranjos em
prol do tratamento do filho com câncer, acabando por se afastar do lar e da vida social da
família, e se mudam para acompanhar a criança com câncer nos grandes centros urbanos em
que se encontram os centros de oncologia pediátrica. Assim, corroborando com este estudo,
foi observado que esta necessidade também acompanha alguns pais neste presente estudo,
(...) eu era da Bahia, mudei de cidade, agora to morando aqui (...) eu tenho
mais dois filho (...) ficaram com minha mãe, aos cuidados da minha mãe,
(...) é mais fácil eu vim do que ela vim que a gente tem mais três filho, ai como
eles são pequeno, ela tem que ficar com eles em casa (...) (Steve)
A partir disso, nota-se que além da alteração da rotina na vida familiar provocada pelo
deslocamento a outras cidades em busca de ficar próximo ao filho em tratamento, alguns pais
que possuem outros filhos, necessitam deixá-los sob responsabilidade e cuidados de outros
significativos devido ao diagnóstico e tratamento dos filhos com leucemia. Diante da grande
variedade de impactos, eles serão apresentados e distribuídos por àreas, visando compreender
de forma integral à influência nos diversos aspectos da vida, de acordo com as subcategorias a
seguir: (1) Impactos fisiológicos e psicológicos ; (2) Impacto profissional; e (3) Impacto
social.
que existem alguns sintomas que podem aparecer em cuidadores de crianças com câncer em
tratamento, dentre eles temos os emocionais, como medo, tristeza, ansiedade, depressão,
insônia, e outros sintomas de estresse. Concomitante com esta pesquisa, é possível notar tais
ele, aí eu acordo, ai já perco o sono, e assim vai (...) Até aqui no hospital, no
trabalho, em casa, acordo sempre umas três ou quatro vezes. Quando eu vou
(...) é outro mundo no hospital, por exemplo, a gente passa a noite aqui e não
consegue descansar (...) alguns hábitos foram... é... mudaram, alguns horários
não entra mais, deixo lá, venho embora pra ficar com ela. Eu... [pausa breve]
física, quanto mental nos participantes, que passam tanto por alterações de alimentação
quanto por uma alteração significativa nos ciclos do sono, tornando-os irregulares.
de medo de perder o filho, visto que a saúde deste em tratamento possui recaídas, sendo
consequência, debilitar ainda mais a saúde mental dos cuidadores, como se observa no
discurso a seguir:
Eu estou bem triste, porque a gente se entristece com os colegas quando perde
os filhos, você sente né? Porque estamos no mesmo barco, e quando vejo
minha filha bem me torno bem né, mas quando vejo ela molinha com... é...
[pausa breve] tendo alguma coisa piorando, a gente se entristece mais ainda,
Por outro lado, vem o medo das recaídas, que a gente vê muitos casos dos
pacientes que saiu do tratamento e volta, que é uma coisa também que eu
Diante destes trechos, vê-se que este ambiente gera sentimentos negativos e
angustiantes diante da iminência das recaídas do filho. Tais achados se relacionam com a
pesquisa realizada por Almico e Faro (2014) na qual o medo e o sofrimento do filho vir a
óbito eram constatados entre as mães do estudo, pelo convívio com outras crianças que
Além disso, de acordo com estes autores, foi possível evidenciar que existe um
com câncer, como a ansiedade, a depressão e o estresse, visto que tais cuidadores concentram
próprios. Ao serem perguntados sobre o seu autocuidado, é notório observar a presença deste
(...) nem deu to me cuidando mais, eu to cuidando mais dela, né? (...) Eu...
Ixe, eu nem me cuido mais! Só vivo pra ele! A gente não se cuida mais, faz
mais nada, só tomo banho mesmo, não faço mais unha, mais nada, a gente só
Vê, a gente não cuida nem de si próprio mais, a vida agora é só dele agora...
num cuido mais de mim, tento! Um pouco... pra ta bem pra cuidar dele né?
Mas pra cuidar de mim [pausa breve] não tenho tempo mais! (Kara)
Diante disso, vê-se uma diminuição do autocuidado dos pais frente a nova realidade
imposta pelo câncer de seus filhos. Assim, estes cuidadores possuem sua qualidade de vida
afetada pelas rotinas de hospitaliação, devido ao direcionamento de todas suas atividades para
o cuidado do filho enfermo (Araújo Alves et al., 2016). Frente a esta situação, o profissional
de psicologia deve ser capaz de oferecer a escuta, o acolhimento e o apoio psicológico a estes
familiares, a fim de conhecer suas crenças e valores, bem como compreender o processo de
vivenciado por momentos de esperança e desesperança frente a volta da rotina diária. Foi
evidenciado que tanto as mães quanto os pais de crianças com câncer necessitam se afastar da
vida profissional para direcionar suas tarefas diárias aos seus filhos, visto que a ida ao hospital
acontece de forma rotineira, recorrente, e muitas vezes, também de forma repentina. Assim,
Eu sou autônomo e engenheiro civil, parei de trabalhar pra tá aqui com ele,
mas a rotina voltará ao normal (...) minha esposa, que também abandonou o
minha mulher nos afastamo, agora eu vivo a vida hospitalar né. (Bruce)
literalmente né? Porque a gente não consegue trabalhar direito (...) A gente
não consegue ter um compromisso com o trabalho, tem que ta sempre indo e
Diante destes trechos, foi detectado uma sensação de peso e sobrecarga tanto física
quanto psicológica, visto que os pais inseridos na vida hospitalar apresentaram baixo
hospitalar, é possível constatar que os pais demonstram angústia e dificuldade por terem que
conciliar os cuidados à criança e sua vida profissional, visto que é necessário que pelo menos
criança com câncer, pois de acordo com a legislação federal de saúde, lei n°8.069, no artigo
12, a criança hospitalizada tem o direito de ser companhada pelos seus genitores ou
A partir disso, diante da nova realidade, as familias dos indivíduos acometidos pelo
câncer sofrem mudanças na sua dinâmica familiar e em várias àreas da vida, como a
profissional, é inevitavél não ocorrerem impactos sociais. Portanto, diante das queixas
trazidas pelos pais durante o material coletado, esta subcategoria aborda questões como
associado ao nome da doenca. Apesar de ter sido uma fala apenas com essa temática, é
expressiva a preocupação dos pais quanto aos sentidos associados ao câncer advindos de uma
herança social e cultural. De acordo com Silva, Santos e Oliveira-Cardoso (2019), por meio
representação social que provoca muitas vezes nas familias a sensação de que pacientes com
diagnóstico de câncer recebem uma sentença de morte, salientada esta questão no seguinte
trecho: “O nome da doença em si é muito pesado, tendeu? Eu procuro pensar que... [pausa
breve] que ele tá doente e eu to tratando, sabe? Tento esquecer mais o nome dela em si que é
Com base nesta fala, é possível analisar o grande peso que o nome da doença carrega e
o medo de perda do filho que é possível notar de modo subentendido durante seu discurso,
câncer, é válido ressaltar que apesar da medicina ter progredido nos últimos anos, o câncer é
pelo acometido da doença quanto de quem o cuida. Em outro estudo de Oliveira (2018), é
possível também confirmar que a doença promove o medo de perder o filho construído a
O tratamento oncológico 15
partir de estigmas apreendidos socialmente. Ademais, diante deste sentimento, alguns pais
vezes que você quer sumir, não quer dar noticia a ninguém, o pessoal fica
[pausa breve] digamos, não tem condições de sair, por conta de ele estar nesse
tratamento, e ter que dar atenção máxima a ele (...) a mudança no social foi
essa questão de querer estar quase que cem por cento próximo a ele. (Robin)
sentem um grande desconforto atrelado ao significado que ela carrega, além de precisar estar
tratamento. Corroborando com estas falas, de acordo com a pesquisa qualitativa de Guimarães
e Enumo (2015), foi observado que existem alguns sintomas comportamentais que aparecem
nos cuidadores de crianças com câncer, como por exemplo, o isolamento social.
que surgiram ao longo da análise dos dados: (1) Religião e a espiritualidade como forma de
afetivos dos indivíduos que passam por situações adversas em suas vivências (Fernandes,
Silva, Tacla, Ferrari & Gabani, 2019). A partir disso, é valido pontuar que os participantes
A fé! Eu creio que, bom.. assim quando eu descobri, assim... eu já, pra mim...
[pausa breve] pra mim mesmo, meu filho em nenhum momento esta doente,
porque eu sei que assim, Deus já curou ele, e o que me ajuda a enfrentar
Só me apegando com Jesus mesmo, pedindo força e Graça a ele... pedindo fé,
força né, porque é muito difícil. Tem momentos que eu penso que vou desabar,
A fé! [aumenta a voz] A fé... procurei me apegar a Deus e acreditar de que vai
Com base nestas falas, pode-se observar em alguns cuidadores de crianças com câncer,
Gomes, Pimentel, Reichert, & Collet, 2013). Nos estudos de Almico e Faro (2014) acerca do
por meio das instituições religiosas. Ademais, a religião e espiritualidade são vistas como
conforto e esperança frente às adversidades do câncer de seus filhos, podendo ser um meio de
aceitação e diminuição da pressão deste momento delicado que é o tratamento (Araújo Alves
et al., 2016).
vida, como o trabalho, a música, a escrita, as atividades físicas, a família e os amigos, que
(...) é uma junção de tudo, de Deus, a família, palavras de amigos bem vindas,
Assim, diante destes dados, é possível afirmar que quanto mais recursos de
enfrentamento são utilizados, mais favorecedor será para o familiar no seu percurso de
Esta subcategoria discorre sobre os dados que trouxeram o apoio familiar e o social
desafios do tratamento dos filhos. O apoio familiar é essencial no equilíbrio dos cuidados
ofertados ao filho enfermo, principalmente para não causar a exaustão em um único cuidador,
(...) minha esposa quando passa mais tempo, às vezes quando liga pra saber...
porque já sabe que tá... de uma certa forma, saturado né. Aí tem que descansar
(...) ele aqui comigo era uma ajuda boa, porque quando D. ia se internar a
ficava. (Diana)
É evidente a presença de sobrecarga nos pais diante destas falas, desta forma, o apoio
familiar nestes casos é indispensável na questão da divisão dos cuidados com o filho com
câncer no ambiente hospitalar e nas tarefas domiciliares. Guimarães e Enumo (2015) afirmam
esta realidade, ao medir o impacto da doença na qualidade de vida relacionada à saúde e nas
acolhimento e de assistência nos cuidados com a criança enferma, que ajuda no processo de
ressaltar também que alguns dos pais entrevistados utilizaram seus próprios filhos e o amor
por eles como força para enfrentar a vivência do câncer do filho, deixando explícito nas falas
abaixo:
(...) cada dia que a gente vê ele bem é uma vitória, é uma alegria pra gente.
(Diana)
usando este aspecto afetivo como uma motivação e fonte de força para lidar com o tratamento
O tratamento oncológico 19
deles. É possível detectar também que o apoio social é fundamental, principalmente advindo
(...) assim, muitos amigos que eu não tinha contato agora eu tenho, a gente
Visto que os pais sofrem sobrecarga diante tantas demandas frente ao tratamento do
filho, o apoio social de pessoas próximas pode amenizar o sofrimento desses cuidadores.
Dessa forma, Almico e Faro (2014) pontuam que o apoio social, como forma de
imprescindível.
Considerações finais
O presente estudo buscou um olhar mais humanizado frente aos pais como indivíduos
que sofrem impactos derivados do câncer infantil e que também precisam de cuidados. Assim,
foi possível verificar que todos os pais são afetados por uma reorganização familiar visto que
vida hospitalar, os pais têm suas rotinas e costumes transformados de forma marcante, desde a
atividades para o filho adoecido, o que acarreta em uma diminuição do autocuidado dos pais.
repercussões psicológicas que causam tristeza e intenso sofrimento nos pais, principalmente
devido ao medo das recaídas, o que debilita a saúde mental destes cuidadores, implicando
Durante a realização da pesquisa, também foi possível perceber que pelo menos um
dos pais tinha sua vida profissional alterada, desde a diminuição do rendimento até o
afastamento do trabalho. Frente a esta situação, alguns pais recebiam muita ajuda de amigos e
filho internado no hospital. No entanto, outros pais apresentavam afastamento da vida social
e sociais do câncer frente a representação simbólica de morte que esta doença acompanha.
Isto pode ocorrer por meio do suporte adequado da equipe multiprofissional, incluindo o
psicólogo, disponibilizando a escuta e, uma relação empática e acolhedora com os pais por
meio de uma linguagem acessível, para que estes possam expor as suas angústias, medos e
espiritualidade aparecem com mais frequência, como um instrumento que os oferecem sentido
a vida, força e esperança frente ao tratamento do câncer de seus filhos, podendo ser um meio
afetivo em relação ao filho, também são utilizados como enfrentamento às adversidades, pois
do tratamento oncológico.
O tratamento oncológico 21
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