RESUMO PARTE 1: A DIALÉTICA MARXISTA: UMA LEITURA EPISTEMOLÓIGICA
Salvador – 2023 DAÍSE LOPES SILVA
Trabalho apresentado ao Departamento
de Educação - Campus I da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) como requisito parcial de avaliação da disciplina de Psicologia Social I.
Docente: Cláudia Regina Sobral
Iray Carone discute a epistemologia do método dialético de exposição de Marx em "O Capital". A autora começa destacando as pistas no prefácio da primeira edição alemã e no posfácio da segunda edição que ajudam a entender o método dialético de exposição. Marx investiga o regime de produção capitalista e suas leis naturais, utiliza também analogias com a biologia e a física para explicar seu método, mas ressalta que não se identifica completamente com nenhum deles, por causa da natureza das formas econômicas. A sociedade é vista como um organismo sujeito a transformações, e o capitalismo inglês é escolhido como universo de pesquisa devido ao seu desenvolvimento, assim, a autora diferencia método de pesquisa, que envolve coletar dados empíricos, do método de exposição, que requer uma reconstrução racional e teórica da realidade pesquisada. Destaca também a importância da mediação teórica na interpretação dos dados empíricos e nos mostra no capítulo sobre a mercadoria, onde Marx apresenta três definições distintas desse objeto: como valor-de-uso, valor de troca e, também, como um fetiche que manipula nossas necessidades. Essas definições revelam a essência contraditória da mercadoria e invertem as representações imediatas. A autora expõe que o método dialético de exposição não é idealista nem empirista, pois requer pesquisa empírica, mas também mediação teórica para compreender as inversões ideológicas das representações imediatas dos objetos sociais. A autora aborda o seu objetivo central de entender o que é o capital em sua generalidade. Após analisar os capítulos sobre a Mercadoria, o Processo de Troca e o Dinheiro, Iray define o capital como valor em progressão, ou seja, valor que gera mais valor. O capital sai da circulação, volta a ela, multiplica-se e segue um ciclo incessante. Na sequência a autora segue uma lógica progressiva-regressiva, passando das determinações simples da esfera da circulação para as mais complexas da esfera da produção. Isso reflete o movimento de pensamento que vai das representações imediatas do concreto até a compreensão teórica do que o capital realmente é. Entretanto, destaca que o concreto pensado é uma síntese de muitas determinações, não sendo o processo de gênese do próprio concreto. Portanto, o método dialético em "O Capital" envolve a transformação das representações imediatas em conceitos por meio da mediação teórica. A autora destaca que o método dialético em "O Capital" é um método de exposição teórica, abstrata e racional, mas requer pesquisa empírica. É também um método critico, pois nega as aparências sociais e ilusões ideológicas para chegar à verdade sobre o capital. A dialética é representada como uma espiral em que o ponto de partida e o de chegada se coincidem, mas não se identificam. Iray também menciona exemplos de categorias do pensamento dialético, como a conversão dos contrários na manifestação do valor e a relação universal-particular mediada pela categoria da Mediação. Além disso, enfatiza que a mercadoria reflete as contradições inerentes ao sistema capitalista e que a forma-mercadoria é fantasmagórica, escondendo seu poder sobre as necessidades humanas. No geral, o método dialético envolve uma exposição progressiva-regressiva, teórica e critica do capital, aplicando categorias de pensamento para desvendar as contradições do sistema.