Você está na página 1de 1

Menu

Notícias Administrativo Para o STF não caracteriza nepotismo a


nomeação para cargos de natureza política (Secretário Estadual e
Municipal) e quando ausente a influência hierárquica

Para o STF não caracteriza


nepotismo a nomeação para
cargos de natureza política
(Secretário Estadual e
Municipal) e quando ausente a
influência hierárquica
Publicado em 15 de abril de 2021

Nepotismo
O STF possui uma súmula vinculante proibindo a prática de
nepotismo. Relembre:
SV 13-STF: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente
em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau,
inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma
pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou
assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou
de confiança, ou, ainda, de função gratificada na
Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
municípios, compreendido o ajuste mediante designações
recíprocas, viola a Constituição Federal.

Etimologia
A palavra nepotismo “vem da raiz indo-europeia nepot, que
significa neto e, também, sobrinho, uma ambiguidade que se
transmitiu ao latim, língua na qual nepos, nepotis também
denotava tanto neto como sobrinho.
(…)
A palavra nepotismo surgiu nos primeiros séculos do
cristianismo, quando os papas, que não tinham filhos ou não
admitiam tê-los, concediam os melhores empregos e os
favores de Estado a seus sobrinhos, que com frequência
eram, na realidade, seus filhos ilegítimos.”
(https://patrialais.blogspot.com/2010/11/ etimologia-das-
palavras-nepotismo.html)

Significado atual
Nepotismo significa “proteção”, “apadrinhamento”, que é
dado pelo superior para um cônjuge, companheiro ou
parente seu, contratado para o cargo ou designado para a
função em virtude desse vínculo. Isso ofende a moralidade.

Não precisa de lei formal


O nepotismo é vedado em qualquer dos Poderes da
República por força dos princípios constitucionais da
impessoalidade, eficiência, igualdade e moralidade,
independentemente de previsão expressa em diploma
legislativo.

Assim, o nepotismo não exige a edição de uma lei formal


proibindo a sua prática, uma vez que tal vedação decorre
diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da
CF/88 (STF Rcl 6.702/PR-MC-Ag).

Elementos objetivos
O Min. Dias To"oli definiu quatro critérios objetivos nos
quais haverá nepotismo. Veja:

a) ajuste mediante designações recíprocas, quando


inexistente a relação de parentesco entre a autoridade
nomeante e o ocupante do cargo de provimento em
comissão ou função comissionada;
b) relação de parentesco entre a pessoa nomeada e a
autoridade nomeante;
c) relação de parentesco entre a pessoa nomeada e o
ocupante de cargo de direção, chefia ou assessoramento a
quem estiver subordinada e
d) relação de parentesco entre a pessoa nomeada e a
autoridade que exerce ascendência hierárquica ou funcional
sobre a autoridade nomeante.
STF. 2ª Turma. Rcl 18564, Relator p/ Acórdão Min. Dias
To"oli, julgado em 23/02/2016.

A questão dos CARGOS POLÍTICOS. Imagine a seguinte


situação adaptada:
Fulano, Prefeito do Município, nomeou Sicrano para o cargo
de Secretário Municipal.

Ocorre que Marcos é filho do Vice-Prefeito do Município.


Diante disso, o Ministério Público ajuizou ação contra a
nomeação alegando que ela afronta a SV 13.

A questão chegou até o STF? Esta nomeação, por si só,


afronta a SV 13?
NÃO.

O STF tem afastado a aplicação da SV 13 a cargos públicos de


natureza política, como são os cargos de Secretário Estadual
e Municipal.

Mesmo em caso de cargos políticos, será possível considerar


a nomeação indevida nas hipóteses de:

nepotismo cruzado;

fraude à lei e

inequívoca falta de razoabilidade da indicação, por


manifesta ausência de qualificação técnica ou
inidoneidade moral do nomeado.

STF. 1ª Turma. Rcl 29033 AgR/RJ, rel. Min. Roberto Barroso,


julgado em 17/9/2019 (Info 952).

Veja outros julgados sobre o tema:

A nomeação do cônjuge de prefeito para o cargo de


Secretário Municipal, por se tratar de cargo público de
natureza política, por si só, não caracteriza ato de
improbidade administrativa.
STF. 2ª Turma. Rcl 22339 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, red.
p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/9/2018 (Info 914).

CONSTITUCIONAL. SUPOSTA PRÁTICA DE


NEPOTISMO. NOMEAÇÃO PARA CARGO POLÍTICO.
HIPÓTESE NÃO ALCANÇADA PELA SÚMULA
VINCULANTE 13. COMPETÊNCIA DO CHEFE DO
EXECUTIVO (ART. 84 DA CF/1988). RECLAMAÇÃO
JULGADA IMPROCEDENTE.
1. Nos representativos que embasaram a aprovação
da Súmula Vinculante 13, a discussão centrou-se nas
nomeações para cargos em comissão e funções de
confiança da administração pública (art. 37, V,
CF/1988).
2. Em nenhum momento, tanto nos debates quanto
nos precedentes que levaram ao enunciado da
súmula, discutiu-se a nomeação para cargos políticos,
até porque a previsão de nomeação do primeiro
escalão pelo chefe do Executivo está no art. 84 da
Constituição Federal.
3. A nomeação de parente, cônjuge ou
companheira para cargos de natureza
eminentemente política, como no caso concreto,
em que a esposa do Prefeito foi escolhida para
exercer cargo de Secretária Municipal, não se
subordina ao Enunciado Vinculante 13 (Rcl 30.466,
Rel. Min. ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma,
Dje de 26/11/2018; Rcl 31.732, Redator p/ o Acórdão
Min. ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, DJe de
3/2/2020).
4. Reclamação julgada improcedente. (STF – Rcl nº
31316, Rel. Min. ALEXANDRE DE MORAES, 1ª Turma,
julgado em 05.08.2020, DJe-222 de 08.09.2020)

“Em CONHECER da presente Consulta, uma vez que


formulada por autoridade competente e, no mérito,
RESPONDER ao Consulente nos seguintes termos:
I – Aplica-se a Súmula Vinculante 13 do Supremo
Tribunal Federal, que veda o nepotismo, às
contratações temporárias de parentes do prefeito e
vice-prefeito, inclusive para a função de médico;
II – Conforme entendimento deste Tribunal em
consultas anteriores, respaldado por precedentes
do STF, a Súmula Vinculante 13 do STF apenas não
se aplica aos cargos de natureza política – no caso
dos municípios, aos cargos de Secretário
Municipal;
III – Parente do prefeito ou vice-prefeito, abrangido
pela Súmula Vinculante 13 do STF, não pode
permanecer como contratado temporariamente,
mesmo que tenha sido contratado antes da posse do
parente no mandato eletivo. Devem ser obedecidos,
segundo precedentes do STF, os princípios da
moralidade e impessoalidade.” (TCE/PE – Proc. TC nº
1303663-4, Rel. Cons. Subst. MARCOS NÓBREGA,
Pleno, julgado em 20.11.2013, DOE de 23.11. 2013)

Em regra, a proibição da SV 13 não se aplica para cargos


públicos de natureza política, como, por exemplo, Secretário
Municipal.
Assim, a jurisprudência do STF, em regra, tem excepcionado
a regra sumulada e garantido a permanência de parentes de
autoridades públicas em cargos políticos, sob o fundamento
de que tal prática não configura nepotismo.
Exceção: poderá ficar caracterizado o nepotismo mesmo em
se tratando de cargo político caso fique demonstrada a
inequívoca falta de razoabilidade na nomeação por
manifesta ausência de qualificação técnica ou inidoneidade
moral do nomeado.
STF. 1ª Turma. Rcl 28024 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 29/05/2018.

Não haverá nepotismo se a pessoa nomeada possui um


parente no órgão, mas sem influência hierárquica sobre
a nomeação

Não há nepotismo na nomeação de servidor para ocupar o


cargo de assessor de controle externo do Tribunal de Contas
mesmo que seu tio (parente em linha colateral de 3º grau) já
exerça o cargo de assessor-chefe de gabinete de
determinado Conselheiro, especialmente pelo fato de que o
cargo do referido tio não tem qualquer poder legal de
nomeação do sobrinho.

A incompatibilidade da prática enunciada na SV 13 com o art.


37 da CF/88 não decorre diretamente da existência de
relação de parentesco entre pessoa designada e agente
político ou servidor público, mas de presunção de que a
escolha para ocupar cargo de direção, chefia ou
assessoramento tenha sido direcionado à pessoa com
relação de parentesco com quem tenha potencial de
interferir no processo de seleção.
STF. 2ª Turma. Rcl 18564/SP, rel. orig. Min. Gilmar Mendes,
red. p/ o acórdão Min. Dias To"oli, julgado em 23/2/2016
(Info 815).

Constitucional e Administrativo. Súmula Vinculante nº


13. Ausência de configuração objetiva de nepotismo.
Reclamação julgada improcedente. Liminar
anteriormente deferida cassada.
1. Com a edição da Súmula Vinculante nº 13,
embora não se tenha pretendido esgotar todas as
possibilidades de configuração de nepotismo na
Administração Pública, foram erigidos critérios
objetivos de conformação, a saber: i) ajuste
mediante designações recíprocas, quando
inexistente a relação de parentesco entre a
autoridade nomeante e o ocupante do cargo de
provimento em comissão ou função
comissionada; ii) relação de parentesco entre a
pessoa nomeada e a autoridade nomeante; iii)
relação de parentesco entre a pessoa nomeada e
o ocupante de cargo de direção, chefia ou
assessoramento a quem estiver subordinada e iv)
relação de parentesco entre a pessoa nomeada e
a autoridade que exerce ascendência hierárquica
ou funcional sobre a autoridade nomeante.
2. Em sede reclamatória, com fundamento na SV
nº 13, é imprescindível a perquirição de projeção
funcional ou hierárquica do agente político ou do
servidor público de referência no processo de
seleção para fins de configuração objetiva de
nepotismo na contratação de pessoa com relação
de parentesco com ocupante de cargo de direção,
chefia ou assessoramento no mesmo órgão, salvo
ajuste mediante designações recíprocas.
3. Reclamação julgada improcedente. Cassada a
liminar anteriormente deferida. (STF – Rcl 18564, Rel.
Min. DIAS TOFFOLI, 2ªT, julgado em 23.02.2016,
publicado em 03.08.2016)

Agravo regimental nos embargos de declaração em


mandado de segurança. 2. Direito Constitucional e
Administrativo. 3. Nepotismo. Ausência de
subordinação hierárquica ou projeção funcional
entre os servidores públicos nomeados para
exercer cargo comissionado no mesmo órgão, ou
entre as autoridades nomeantes. 4.
Discricionariedade do membro da magistratura para
compor sua assessoria, observados os limites da lei e
da Constituição. Impossibilidade de presunção de
influência do exercente do cargo de direção, chefia e
assessoramento vinculado a um Desembargador na
escolha e contratação de outro. 5. Ausência de
argumentos capazes de infirmar a decisão agravada.
6. Agravo regimental a que se nega provimento. (STF
– MS nº 34179 ED-AgR, Rel. Min. GILMAR MENDES,
2ªT, julgado em 04.04.2018, publicado em 23.04.2018)

NOTA DO ESCRITÓRIO

Muito bem assinalou o min. Dias To"oli na Rcl. nº 18.564:

“Entendo que a incompatibilidade da prática enunciada


na Súmula Vinculante nº 13 com o art. 37, caput, da
CF/88 não decorre diretamente da existência de relação
de parentesco entre pessoa designada e agente político
ou servidor público, mas da presunção de que a escolha
para ocupar cargo de direção, chefia ou assessoramento
tenha sido direcionada a pessoa com relação de
parentesco com alguém que tenha potencial de interferir
no processo de seleção.

Isso porque vedar o acesso de qualquer cidadão a cargo


público tão somente em razão da existência de relação
de parentesco com servidor público que não tenha
competência para o selecionar ou o nomear para o
cargo de chefia, direção ou assessoramento pleiteado,
ou que não exerça ascendência hierárquica sobre
aquele que possua essa competência é, em alguma
medida, negar um dos princípios constitucionais a que
se pretendeu conferir efetividade com a edição da
Súmula Vinculante nº 13, qual seja, o princípio da
impessoalidade.”

Na mesma toada quanto a não configuração nepotismo se


não existe subordinação hierárquica ou projeção funcional
entre os servidores públicos nomeados para exercer cargo
comissionado no mesmo órgão ou entre autoridades
nomeantes, citamos, alguns acórdãos dos Tribunais de
Justiça:

MANDADO DE SEGURANÇA. NEPOTISMO. NÃO


CARACTERIZAÇÃO. AUSÊNCIA DE SUBORDINAÇÃO
HIERÁRQUICA OU PROJEÇÃO FUNCIONAL. DIREITO
LÍQUIDO E CERTO COMPROVADO. SÚMULA
VINCULANTE Nº 13. SEGURANÇA CONCEDIDA, NOS
TERMOS DO ARTIGO 1º DA LEI FEDERAL Nº 12.016, DE
07 DE AGOSTO DE 2.009.
1. O excelso Supremo Tribunal Federal, visando
resguardar os princípios da Administração Pública,
previsto na Constituição Federal de 1988, em seu
artigo 37, em especial o princípio da moralidade,
editou a Súmula Vinculante nº 13, rechaçando a
prática do nepotismo.
2. A incompatibilidade da prática enunciada na
Súmula Vinculante nº 13 com o disposto no artigo
37, caput, da Carta Política não decorre
diretamente da existência de relação de
parentesco entre pessoa designada e agente
político ou servidor público ocupante de cargo em
comissão ou função comissionada, mas da
presunção de que a escolha para ocupar cargo de
direção, chefia ou assessoramento tenha sido
direcionada a pessoa com relação de parentesco
com alguém que tenha potencial de interferir no
processo de seleção.
3. Para a configuração objetiva do nepotismo, faz-
se imprescindível a demonstração de hierarquia
ou projeção funcional ao servidor público, com a
pessoa com a qual possui parentesco.
4. Comprovado nos autos que os impetrantes,
apesar do grau de parentesco por afinidade, não
possuem subordinação hierárquica, tampouco
projeção funcional, impõe-se a concessão da
ordem mandamental para proibir a exoneração
dos impetrantes, em razão do nepotismo.
5. SEGURANÇA CONCEDIDA. (TJ-GO – Proc. nº
0458799-30.2018.8.09.0000, Rel. Des. NORIVAL
SANTOMÉ, julgado em 01.06.2020, 6ª CC, DJ de
01.06.2020)

ADMINISTRATIVO. CONSTITUCIONAL. NEPOTISMO.


AUSÊNCIA DE SUBORDINAÇÃO OU VÍNCULO
HIERÁRQUICO OU PROJEÇÃO FUNCIONAL ENTRE OS
SERVIDORES ENVOLVIDOS (TIA E SOBRINHA). MERO
PREENCHIMENTO DE FORMULÁRIO DE QUE NÃO
POSSUI PARENTES NO SERVIÇO PÚBLICO MUNICIPAL.
FATO QUE, POR SI SÓ, NÃO CONFIGURA ATO DE
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CONHECIMENTO E
DESPROVIMENTO DO RECURSO.
– De acordo com o Supremo Tribunal Federal, não
se configura nepotismo se não existe
subordinação hierárquica ou projeção funcional
entre os servidores públicos nomeados para
exercer cargo comissionado no mesmo órgão ou
entre autoridades nomeantes vide MS 34179 ED-
AgR, Relator Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma,
julgado em 04.04.2018. Segundo posição do
Supremo Tribunal Federal, a configuração do
nepotismo, não decorre diretamente da
existência de relação de parentesco entre pessoa
designada e agente político ou servidor público,
mas da presunção de que a escolha para ocupar
cargo de direção, chefia ou assessoramento fosse
direcionada a pessoa com relação de parentesco
com alguém com potencial de interferir no
processo de seleção vide Rcl 18564/SP, Rel. Orig.
Min. Gilmar Mendes, Red. p/ o acórdão Min. Dias
To"oli, julgado em 23.2.2016
– No caso analisado, a tia da ré/recorrida, então
Secretária de Mobilidade Urbana da cidade de
Natal (SEMOB), não atuava com hierarquia ou
projeção funcional sobre a sobrinha (servidora da
Secretaria Municipal de Administração e Gestão
Estratégica SEGELM), nem há prova de que
tenha influenciado a sua nomeação.
– Por outro lado, o mero fato da ré/recorrida ter
preenchido declaração de que não possuía
parentes no serviço público municipal, sem prova
de dolo, má-fé ou intenção de locupletamento
indevido e sem demonstração de que sua
nomeação teve a interferência de sua tia
(secretária de mobilidade urbana), não é capaz de
configurar ato de improbidade administrativa. (TJ-
RN – AC: 20180073527 RN, Relator: Desembargador
Eduardo Pinheiro., Data de Julgamento: 05/02/2019,
3ª Câmara Cível)

MANDADO DE SEGURANÇA. NOMEAÇÃO PARA O


CARGO DE ASSESSOR JURÍDICO. ATO OBSTADO EM
RAZÃO DA TIA DA IMPETRANTE JÁ OCUPAR CARGO
NO TRIBUNAL DE JUSTIÇA. SÚMULA VINCULANTE N.
13 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. NEPOTISMO
NÃO CONFIGURADO. INEXISTÊNCIA DE INFLUÊNCIA
OU SUBORDINAÇÃO HIERÁRQUICA.
A simples presença do laço de parentesco entre a
servidora de referência e a aspirante não é
suficiente para a configuração do nepotismo,
devendo tal fato estar coadjuvado pela
subordinação hierárquica entre nomeante e
nomeada ou pela influência direta da parente
servidora na contratação da indicada, afinal o
mote do instituto é afastamento das medidas de
apadrinhamento e de “privatização” dos órgãos
públicos, resguardando a contratação motivada
pela capacitação e pela qualificação do
servidor. (TJ-SC – Proc. nº 0323737-
22.2015.8.24.0023, Rel. Des. Sônia Maria Schmitz,
julgado em 05.07.2018, 4ªCDP)

EMENTA: O nepotismo constitui prática vedada em


todos os âmbitos da Administração Pública por violar
os princípios constitucionais da isonomia, da
impessoalidade e da moralidade, diante de situações
de influência e favorecimentos na ocupação de
cargos públicos em razão do parentesco. A Súmula
Vinculante n. 13 do STF deve receber
interpretação condizente com os princípios e bens
jurídicos que se visa resguardar, tendo o próprio
Pretório Excelso, em decisões posteriores, firmado
a orientação de ser inaplicável o Enunciado às
situações em que inexista relação de
subordinação hierárquica entre os ocupante de
cargo em comissão ou de ascendência funcional
ou hierárquica em relação à autoridade
nomeante. O ato de exoneração da impetrante do
cargo em comissão motivada em recomendação
do Ministério Público que remete à situação de
nepotismo padece de ilegalidade, por não existir
relação de subordinação hierárquica entre o cargo
de Direção ocupado pela requerente e o cargo
político de Secretário Municipal exercido pelo seu
cunhado. (TJ-MG – Proc. nº 10180170047898002, Rel.
Des. Armando Freire, julgado em 26/06/2019,
publicado em 03.07.2019)

APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – NEPOTISMO


– REQUERIDO NOMEADO PARA CARGO EM
COMISSÃO QUE É GENRO DA SECRETÁRIA ESTADUAL
DE OUTRA PASTA – INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE
SUBORDINAÇÃO – ALEGADA OFENSA AOS PRINCÍPIOS
DA IMPESSOALIDADE E MORALIDADE
ADMINISTRATIVA – INOCORRÊNCIA – CONTRA O
PARECER, RECURSOS PROVIDOS PARA, EM
REFORMANDO A SENTENÇA, JULGAR IMPROCEDENTE
A AÇÃO. Se inexiste subordinação hierárquica,
entre o requerido e sua sogra, já que lotados
perante Secretarias diversas, não há falar em
nepotismo. Precedentes do STF. No caso, não se
verificou ofensa aos princípios da impessoalidade
e moralidade administrativa, razão pela qual o
recurso deve ser provido para, em reformando a
sentença, julgar improcedente a ação. (TJ-MS –
Proc. nº 0900510-82.2017.8.12.0001, Rel. Des. Marco
André Nogueira Hanson, julgado em 31.05.2019, 2ª
CC, publicado em 04.06.2019)

Por fim, destacamos ainda o aresto abaixo em sede de ação


de improbidade administrativa:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE


RESPONSABILIDADE POR ATO DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. NOMEAÇÃO DE SUPOSTO SOGRO
POR AFINIDADE PARA CARGO DE ASSESSOR
PARLAMENTAR. VÍNCULO DE PARENTESCO
CONFIGURADO COM BASE NA LEI. PONTO DE
PARTIDA DA DISCUSSÃO. INSUFICIÊNCIA PARA
CONFIGURAÇÃO DO NEPOTISMO E DE ATO ÍMPROBO.
NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DO ELEMENTO
SUBJETIVO, CONSISTENTE NO PROPÓSITO
DELIBERADO DE ATENDER INTERESSES PESSOAIS OU
PRIVILEGIAR O VÍNCULO. NÃO COMPROVAÇÃO.
AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA AVENTADA
PROXIMIDADE ENTRE AS PARTES. ASSESSOR
NOMEADO EM RAZÃO DA EXPERIÊNCIA,
CONHECIMENTO E POPULARIDADE QUE POSSUIA NA
CIDADE. SERVIÇOS EFETIVAMENTE PRESTADOS PELO
CONTRATADO. ATO ÍMPROBO NÃO CONFIGURADO.
SENTENÇA REFORMADA. ABSOLVIÇÃO DOS RÉUS.
1. O vínculo de parentesco é o ponto de partida da
discussão sobre o nepotismo, mas não é o único
elemento que deve ser apurado. Além dessa análise,
deve ocorrer a conjugação com os princípios
constitucionais da moralidade, impessoalidade,
isonomia e eficiência, os quais regem a questão de
provimento de cargos públicos.
2. Para configuração do ato ímprobo à luz da
Súmula Vinculante nº 13, exige-se a análise de
dois aspectos: objetivo, em que se apura a efetiva
relação de parentesco, e o subjetivo, que consiste
no propósito deliberado de atender interesses
pessoais com a nomeação de familiar ou de
privilegiar o vínculo, sendo certo que este último
requisito é de difícil constatação.
3. De todas as provas colhidas nos autos não é
possível concluir que a ré Rosane tenha nomeado
o réu Francisco com o dolo, ainda que genérico, de
beneficiá-lo. Na verdade, conforme relatado pelas
testemunhas e informantes, a escolha de
Francisco decorreu do fato de que ele era uma
pessoa popular na cidade e, por isso, seria um
bom aliado político. Dessa forma, não está
configurado o elemento subjetivo que permite a
conclusão pela prática de ato ímprobo. RECURSO 1
PROVIDO.RECURSO 2 PROVIDO.RECURSO 3
PREJUDICADO. (TJ-PR – Proc. nº 0029189-
82.2018.8.16.0030, Rel. Des. Nilson Mizuta, julgado
em 04/08/2020, 5ª CC, publicado em 06.08.2020)

Fonte: Dizer o Direito


Autor: Márcio André Lopes Cavalcante

POSTADO EM ADMINISTRATIVO,
CONSTITUCIONAL, DIREITO MUNICIPAL

Comentários

Buscar no Blog 

I N F O R M AT I V O

Nosso blog visa transmitir informação de forma clara,


interativa e objetiva, especialmente nas matérias jurídicas
como meio eficaz de divulgação do conhecimento.

ARQUIVOS

outubro 2023 (9) setembro 2023 (16)

agosto 2023 (13) julho 2023 (21)

junho 2023 (21) maio 2023 (11)

abril 2023 (12) março 2023 (14)

fevereiro 2023 (4) janeiro 2023 (13)

dezembro 2022 (21) novembro 2022 (8)

outubro 2022 (11) setembro 2022 (9)

agosto 2022 (17) julho 2022 (21)

junho 2022 (24) maio 2022 (24)

abril 2022 (20) março 2022 (26)

fevereiro 2022 (21) janeiro 2022 (16)

dezembro 2021 (26) novembro 2021 (24)

outubro 2021 (23) setembro 2021 (22)

agosto 2021 (26) julho 2021 (30)

junho 2021 (36) maio 2021 (25)

abril 2021 (25) março 2021 (35)

fevereiro 2021 (24) janeiro 2021 (20)

dezembro 2020 (40) novembro 2020 (26)

outubro 2020 (19) setembro 2020 (45)

agosto 2020 (58) julho 2020 (47)

junho 2020 (66) maio 2020 (34)

abril 2020 (24) março 2020 (25)

fevereiro 2020 (30) janeiro 2020 (22)

dezembro 2019 (39) novembro 2019 (42)

outubro 2019 (38) setembro 2019 (35)

agosto 2019 (36) julho 2019 (40)

junho 2019 (52) maio 2019 (60)

abril 2019 (38) março 2019 (33)

fevereiro 2019 (23) janeiro 2019 (7)

dezembro 2018 (5) novembro 2018 (8)

outubro 2018 (24) setembro 2018 (21)

agosto 2018 (23) julho 2018 (31)

junho 2018 (38) maio 2018 (48)

C AT E G O R I A S

Administrativo (206) Advocacia (70)

Civil (116) Constitucional (259)

Consumidor (47) Convênios (12)

COVID-19 (68) Direito Municipal (464)

Eleitoral (246) Improbidade


Administrativa (94)

Licitações e Contratos (93) Meio Ambiente (16)

Notícias (25) Penal (104)

Previdenciário (104) Processo Civil (191)

Processo Legislativo (85) Processo Penal (77)

Processo Trabalhista (49) Responsabilidade Civil (33)

Responsabilidade Fiscal Sem categoria (12)


(57)
Trabalhista (169)

Trânsito (22) Tribunais de Contas (161)

Tributário (73)

SÍTIOS DOS TRIBUNAIS

STF

STJ

TST

TSE

TCU

TRF 5º Região

TJPE

TRT 6º Região

TCE/PE

P O R TA I S D E L E G I S L A Ç Ã O

Legislação Federal

Legislação Pernambuco

Legislação Serra Talhada

Resoluções TCE/PE

JURISPRUDÊNCIA E SÚMULAS

STF Súmulas Vinculantes

STF Súmulas

STJ Súmulas

TST Súmulas

TSE Súmulas

TCU Súmulas

TCU Decisões

TNU Súmulas

TJ-PE Súmulas

TRT-PE Súmulas

TCE-PE Súmulas

TRE-PE Súmulas

STF Teses com Repercussão Geral

STJ Jurisprudência em Teses

TCE-PE Consultas Respondidas

Jurisprudência Unificada

CJF Enunciados das Jornadas

FNPP Enunciados

FPPC Enunciados

Sistema Corpus927

M A PA D O S I T E

Início

Quem Somos

Áreas de Atuação

Advogados

Contato

Notícias

NOTÍCIAS

Administrativo

Advocacia

Civil

Constitucional

Consumidor

Convênios

COVID-19

Direito Municipal

Eleitoral

Improbidade Administrativa

Licitações e Contratos

Meio Ambiente

Notícias

Penal

Previdenciário

Processo Civil

Processo Legislativo

Processo Penal

Processo Trabalhista

Responsabilidade Civil

Você também pode gostar