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APOSTILA 2 – REVISÃO DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA

PROF. PHILLIPE CASTRO

1. Pude entender o discurso do cacique Aniceto, na assembleia dos bispos, padres e


missionários, em que exigia nada mais, nada menos que os índios fossem batizados.
Contestava a pastoral da Igreja, de não interferir nos costumes tribais, evitando missas
e batizados. Para Aniceto, o batismo aparecia como sinal do branco, que dava
reconhecimento de cristão, isto é, de humano, ao índio. MARTINS, J. S. A chegada do
estranho. São Paulo: Hucitec, 1993 (adaptado).

O objetivo do posicionamento do cacique xavante em relação ao sistema religioso externo às


tribos era

A flexibilizar a crença católica e seus rituais como forma de evolução cultural.

B acatar a cosmologia cristã e suas divindades como orientação ideológica legítima.

C incorporar a religiosidade dominante e seus sacramentos como estratégia de aceitação social.

D prevenir retaliações de grupos missionários como defesa de práticas religiosas sincréticas.

E reorganizar os comportamentos tribais como instrumento de resistência da comunidade


indígena.

2. No final do século XIX, as Grandes Sociedades carnavalescas alcançaram ampla


popularidade entre os foliões cariocas. Tais sociedades cultivavam um pretensioso
objetivo em relação à comemoração carnavalesca em si mesma: com seus desfiles de
carros enfeitados pelas principais ruas da cidade, pretendiam abolir o entrudo
(brincadeira que consistia em jogar água nos foliões) e outras práticas difundidas entre
a população desde os tempos coloniais, substituindo-os por formas de diversão que
consideravam mais civilizadas, inspiradas nos carnavais de Veneza. Contudo, ninguém
parecia disposto a abrir mão de suas diversões para assistir ao carnaval das sociedades.
O entrudo, na visão dos seus animados praticantes, poderia coexistir perfeitamente com
os desfiles. PEREIRA, C. S. Os senhores da alegria: a presença das mulheres nas Grandes
Sociedades carnavalescas cariocas em fins do século XIX. In: CUNHA, M. C. P. Carnavais
e outras frestas: ensaios de história social da cultura. Campinas: Unicamp; Cecult, 2002
(adaptado).

Manifestações culturais como o carnaval também têm sua própria história, sendo
constantemente reinventadas ao longo do tempo. A atuação das Grandes Sociedades, descrita
no texto, mostra que o carnaval representava um momento em que as

A distinções sociais eram deixadas de lado em nome da celebração.

B aspirações cosmopolitas da elite impediam a realização da festa fora dos clubes.

C liberdades individuais eram extintas pelas regras das autoridades públicas.

D tradições populares se transformavam em matéria de disputas sociais.

E perseguições policiais tinham caráter xenófobo por repudiarem tradições estrangeiras.

Prof. Phillipe Castro


3.

TEXTO I

Frantz Fanon publicou pela primeira vez, em 1952, seu estudo sobre colonialismo e racismo,
Pele negra, máscaras brancas. Ao dizer que “para o negro, há somente um destino” e que esse
destino é branco, Fanon revelou que as aspirações de muitos povos colonizados foram formadas
pelo pensamento colonial predominante. BUCKINGHAM, W. et al. O livro da filosofia. São Paulo:
Globo, 2011 (adaptado).

TEXTO II

Mesmo que não queiramos cobrar desses estabelecimentos (salões de beleza) uma eficácia
política nos moldes tradicionais da militância, uma vez que são estabelecimentos comerciais e
não entidades do movimento negro, o fato é que, ao se autodenominarem “étnicos” e se
apregoarem como divulgadores de uma autoimagem positiva do negro em uma sociedade
racista, os salões se colocam no cerne de uma luta política e ideológica. GOMES, N. Corpo e
cabelo como símbolos da identidade negra. Disponível em: www.rizoma.ufsc.br. Acesso em: 13
fev. 2013.

Os textos apresentam uma mudança relevante na constituição identitária frente à discriminação


racial. No Brasil, o desdobramento dessa mudança revela o(a)

A valorização de traços culturais.

B utilização de resistência violenta.

C fortalecimento da organização partidária.

D enfraquecimento dos vínculos comunitários.

E aceitação de estruturas de submissão social.

4. Uma área de cerca de 101,7 mil metros quadrados, com um pátio ferroviário e uma série
de armazéns de açúcar abandonados pelo poder público. Quem olha de fora vê apenas
isso, mas quem conhece a história do Cais José Estelita sabe que o local faz parte da
história de Recife, sendo um dos cartões-postais e um dos poucos espaços públicos que
restam na capital pernambucana. E é por isso que um grupo está lutando para evitar
que as construções sejam demolidas por um consórcio de grandes construtoras para
construção de prédios comerciais e residenciais. BUENO, C. Ocupe Estelita: movimento
social e cultural defende marco histórico de Recife. Ciência e Cultura, n. 4, 2014.

A forma de atuação do movimento social relatado evidencia a sua busca pela

A revitalização econômica do lugar.

B ampliação do poder de consumo.

C preservação do patrimônio material.

D intensificação da geração de empregos.

E criação de espaços de autossegregação.

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5. O homem nasceu livre, e em toda parte se encontra sob ferros. De tal modo acredita-se
o senhor dos outros, que não deixa de ser mais escravo que eles. Como é feita essa
mudança? Ignoro-o. Que é que a torna legítima? Creio poder resolver esta questão. Se
eu considerasse tão somente a força e o efeito que dela deriva, diria: Enquanto um povo
é constrangido a obedecer e obedece, faz bem; tão logo ele possa sacudir o jugo e o
sacode, faz ainda melhor; porque, recobrando a liberdade graças ao mesmo direito com
o qual lha arrebataram, ou este lhe serve de base para retomá-la ou não se prestava em
absoluto para subtraí-la. Mas a ordem social é um direito sagrado que serve de alicerce
a todos os outros. Esse direito, todavia, não vem da Natureza; está, pois, fundamentado
sobre convenções. ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do Contrato Social, Princípios do Direito
Político. Martins Fontes. São Paulo, 1999. p. 9.

No entendimento de Rousseau, é possível perceber que, para o filósofo, o(a)

A homem tem direito à liberdade.

B poder provém de entes divinos.

C ordem social surge naturalmente.

D escravidão deve ser preservada.

E natureza humana é perversa.

6. Se o homem é tão livre no estado de natureza como se tem dito, se ele é o senhor
absoluto de sua própria pessoa e de seus bens, igual aos maiores e súdito de ninguém,
por que renunciaria a sua liberdade, a este império, para sujeitar- -se à dominação e ao
controle de qualquer outro poder? A resposta é evidente: ainda que no estado de
natureza ele tenha tantos direitos, o gozo deles é muito precário e constantemente
exposto às invasões de outros. Todos são tão reis quanto ele, todos são iguais, mas a
maior parte não respeita estritamente, nem a igualdade nem a justiça, o que torna o
gozo da propriedade que ele possui neste estado muito perigoso e muito inseguro.
LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo Civil. Cap. IX, Dos fins da sociedade
política e do governo. p. 69.

De acordo com o texto, é possível perceber que o homem criou o Estado, numa visão
contratualista, a fim de

A instaurar um estado de natureza.

B proteger o direito à propriedade.

C proporcionar a plena liberdade.

D instaurar regimes autoritários.

E eliminar as diferenças sociais.

7. Seguiam-se vinte criados custosamente vestidos e montados em soberbos cavalos;


depois destes, marchava o Embaixador do Rei do Congo magnificamente ornado de seda
azul para anunciar ao Senado que a vinda do Rei estava destinada para o dia dezesseis.
Em resposta, obteve repetidas vivas do povo que concorreu alegre e admirado de tanta
grandeza. “Coroação do Rei do Congo em Santo Amaro”, Bahia apud DEL PRIORE, M.

Prof. Phillipe Castro


Festas e utopias no Brasil colonial. In: CATELLI JR., R. Um olhar sobre as festas populares
brasileiras. São Paulo: Brasiliense, 1994 (adaptado).

Originária dos tempos coloniais, a festa da Coroação do Rei do Congo evidencia um processo de

A exclusão social.

B imposição religiosa.

C acomodação política.

D supressão simbólica.

E ressignificação cultural.

8. Do mesmo modo que tantas outras coisas, a natureza (a arte mediante a qual Deus fez
e governa o mundo) é imitada pela arte dos homens também nisto: que lhe é possível
fazer um animal artificial. Pois vendo que a vida não é mais do que um movimento dos
membros, cujo início ocorre em alguma parte principal interna, por que não poderíamos
dizer que todos os autômatos (máquinas que se movem a si mesmas por meio de molas,
tal como um relógio) possuem uma vida artificial? HOBBES, Thomas. Leviatã, 1651.
Introdução.

Thomas Hobbes compreende que essa “vida artificial” representa o contexto no qual se deu a

A extinção geral das leis.

B criação do Estado Civil.

C instalação do caos social.

D dissolução do Antigo Regime.

E supremacia da Igreja Católica.

9. Hoje, a indústria cultural assumiu a herança civilizatória da democracia de pioneiros e


empresários, que tampouco desenvolvera uma fineza de sentido para os desvios
espirituais. Todos são livres para dançar e para se divertir, do mesmo modo que, desde
a neutralização histórica da religião, são livres para entrar em qualquer uma das
inúmeras seitas. Mas a liberdade de escolha da ideologia, que reflete sempre a coerção
econômica, revela-se em todos os setores como a liberdade de escolher o que é sempre
a mesma coisa. ADORNO, T HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos
filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.

A liberdade de escolha na civilização ocidental, de acordo com a análise do texto, é um(a)

A legado social.

B patrimônio político.

C produto da moralidade.

D conquista da humanidade.

E ilusão da contemporaneidade.

Prof. Phillipe Castro


10. Fala-se muito, nos dias de hoje, em direitos do homem. Pois bem: foi no século XVIII –
em 1789, precisamente – que uma Assembleia Constituinte produziu e proclamou em
Paris a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Essa Declaração se impôs como
necessária para um grupo de revolucionários, por ter sido preparada por uma mudança
no plano das ideias e das mentalidades: o iluminismo. FORTES, L. R. S. O Iluminismo e os
reis filósofos. São Paulo: Brasiliense, 1981 (adaptado).

Correlacionando temporalidades históricas, o texto apresenta uma concepção de pensamento


que tem como uma de suas bases a

A modernização da educação escolar.

B atualização da disciplina moral cristã.

C divulgação de costumes aristocráticos.

D socialização do conhecimento científico.

E universalização do princípio da igualdade civil.

Prof. Phillipe Castro

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