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UMA

VISÃO DA

PANDEMIA
O CORONAVÍRUS E A EDUCAÇÃO EM SAÚDE

POR ALUNOS
CONTRA O CORONA
Título: Uma visão da pandemia: o coronavírus e a
educação em saúde
ISBN: 978-65-86433-29-6
Formato: Livro Digital
Veiculação: Digital
EDITORES

Aline de Ávila Campos


Gabriela Miloch da Silva Cardoso
Havy Alexssander Abrami Meirelles
Kamilla Zanin Vieira
Thainá Oliveira Felicio Olivatti
Yasmin Thiemi Fujiwara da Silva

ALUNOS CONTRA O CORONA


O PROJETO

O projeto Alunos Contra o Corona surgiu a


partir da iniciativa de alguns alunos da
Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) da
Universidade Estadual Paulista (UNESP) após a
suspensão das atividades presenciais da
graduação, no final de março de 2020, devido à
pandemia do novo coronavírus. Motivados pela
crença de que por meio da informação, educação
e comunicação em saúde poderiam contribuir na
luta contra o novo coronavírus, esses alunos
reuniram-se e criaram uma página na rede social
Instagram que recebeu o nome
@alunoscontraocorona. Tal iniciativa visava
contribuir no combate à pandemia utilizando uma
ferramenta transformadora: a informação.
A página foi criada com o objetivo de reunir
informações confiáveis e de qualidade, a fim de
orientar e atualizar a população em geral em
relação à COVID-19. Também buscava propiciar
um ambiente virtual de acesso fácil e rápido às
condutas e atualizações que surgiam diariamente
sobre a nova doença, podendo, dessa forma,
contribuir com o trabalho dos profissionais de
saúde que atuavam na linha de frente no
combate à COVID-19.
Até novembro de 2020, a página Alunos Contra
o Corona no Instagram possuía mais de 16 mil
seguidores, sendo que as principais localizações
desses eram as cidades de São Paulo (16%), Rio
de Janeiro (5,9%) e Botucatu (5,6%). A principal
faixa etária do público, cerca de 37%, situava-se
entre 25 e 34 anos. Além disso, até o período em
questão, a página havia realizado 211 publicações
O PROJETO

aproximadamente, que contemplavam casos


clínicos, tanto para a população leiga, quanto
para profissionais e estudantes da área da
saúde, postagens com enfoque na
desmistificação de fake news, vídeos
informativos e conteúdos didáticos sobre os
mais diversos temas relacionado à pandemia da
COVID-19.
Uma das formas de analisar o impacto do
projeto na rede social Instagram é a partir de
dados das publicações feitas na página, como
alcance, impressões e interações. Na análise
dessas informações, tomaremos como exemplo
os dados obtidos entre os dias 4 e 10 de
novembro. Nesse período, o alcance das
publicações era de 10242 contas, número que
representa a quantidade de contas únicas no
Instagram que visualizaram as publicações
realizadas. Já o dado de impressão revela o
número total de vezes que todas as publicações
foram vistas e, nesse período, as impressões
foram 32139. Já a interação com o público da
página pode ser quantificada a partir do número
de “curtidas”, comentários, salvamentos e
compartilhamentos que as publicações tiveram.
No período em questão, as interações com todo
o conteúdo da página, o que inclui publicações,
stories e vídeos no formato IGTV, foram de 1750.
O projeto mostra o valor do corpo discente na
promoção de saúde dentro e fora da
Universidade. Mesmo em isolamento, os alunos
conseguiram unir-se ao redor da crença na
capacidade que a educação tem de promover
O PROJETO

saúde. Incontáveis foram os ganhos atingidos


por esse projeto. Inicialmente, podemos citar os
ganhos para a população. Por meio da página
@alunoscontraocorona, pessoas distantes do
conhecimento científico da área de saúde
tiveram a oportunidade de acesso a conteúdos
que, muito provavelmente, não teriam de maneira
espontânea. Isso porque grande parte do
trabalho desses alunos foi a tradução de artigos
científicos e pesquisas de difícil compreensão
para textos com linguagem mais acessível
acompanhados de um trabalho artístico
extremamente atrativo. Além disso, a página
criou um canal de informação muito dinâmico,
uma vez que permite à população uma
participação ativa na construção desse ambiente
virtual.
Através de postagens interativas, mensagens
diretas e comentários era possível ao público
esclarecer dúvidas e apresentar suas principais
demandas. Por fim, podemos citar a importância
que o projeto teve na construção de um ambiente
virtual com fontes seguras para a aquisição de
conhecimento, principalmente quando pensamos
na realidade contaminada pelas fake news na
qual vivemos.
Não podemos deixar de citar os ganhos que o
projeto trouxe aos alunos que dele participaram.
Foi uma experiência única de educação em
saúde dentro de toda a graduação, não apenas
pelo contexto de pandemia, que por si só já é
uma experiência única, mas também pela
abrangência conseguida com o projeto que
O PROJETO

ultrapassa os limites da região de Botucatu que


se impõe a outros projetos de extensão da FMB-
UNESP. Com o projeto os alunos também
puderam manter-se diariamente atualizados em
relação à pandemia no Brasil e no mundo e
aprenderam a selecionar informações de
qualidade, bem como buscar ativamente por elas.
Além disso, através do Alunos Contra o Corona,
os alunos tiveram a oportunidade de atuar no
combate à COVID-19 no Brasil mesmo com a
suspensão das atividades presenciais da
graduação.
Por meio da dedicação desses alunos, o projeto
foi ganhando cada vez mais espaço nas redes
sociais e angariando mais alunos voluntários da
FMB-UNESP que enxergavam nessa iniciativa a
possibilidade de promoverem saúde ainda que
distantes da Universidade. Desse modo, com
grande apoio de professores da instituição, o
projeto Alunos Contra o Corona tornou-se um
dos projetos do voluntariado da Faculdade de
Medicina de Botucatu (FMB-UNESP) no combate
à COVID-19.

CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA PÁGINA ALUNOS

CONTRA O CORONA NO FACEBOOK

A ampliação da página Alunos contra o Corona


para a plataforma do Facebook se deu devido a
uma demanda proveniente da população geral, a
quem os conteúdos eram direcionados.
Através da realização de outras atividades,
como transmissões de vídeo ao vivo para o
O PROJETO

esclarecimento de dúvidas da comunidade, os


participantes do projeto já existente puderam
perceber que uma parcela da população com
faixa etária mais avançada não fazia uso da
rede social Instagram e, portanto, não tinha
acesso aos conteúdos que eram publicados pela
página em suas postagens.
Diante da solicitação para que o Alunos contra
o Corona também fizesse parte do Facebook,
novos participantes ingressaram no projeto para
a criação do conteúdo que seria postado nessa
rede social. As temáticas das publicações nas
duas redes sociais se mantiveram bastante
semelhantes, entretanto, era necessário que o
conteúdo fosse reformulado e adaptado de
acordo com as características da plataforma e
desse novo público-alvo, sendo apresentado,
portanto, de forma mais objetiva, concisa e
simplificada.
Juntamente com tais publicações, outras foram
sendo produzidas e postadas com o objetivo de
informar o público a respeito das fake news,
esclarecendo quais das notícias veiculadas pelas
mídias sociais eram falsas e, dessa forma,
explicando qual seria a verdadeira informação a
respeito do tema ou acontecimento tratado pela
notícia. Posteriormente, também se deu início à
publicação de vídeos sobre temas de grande
relevância que ainda não haviam sido abordados
pelas demais postagens
Desde o início da página, foram criadas 125
publicações, considerando postagens sobre as
O PROJETO

temáticas estabelecidas, esclarecimentos sobre


fake news e vídeos. Com relação aos vídeos, que
foram incorporados mais recentemente à página,
o número de vezes que qualquer um dos vídeos
foi reproduzido por pelo menos 3 segundos foi
de 4.631.
Como resultados gerais dessa iniciativa, até a
primeira quinzena de novembro de 2020, pôde-
se constatar que a página recebeu um total de
1.910 “curtidas” e 1.946 seguidores. Dentre as
publicações realizadas, aquela que teve maior
alcance isoladamente foi visualizada por 6.343
pessoas (intitulada “COVID-19 e as crianças na
pandemia”) e, em conjunto, as publicações da
página obtiveram um alcance de 48.091 pessoas
e receberam 11.981 “engajamentos”, ou seja,
interações que representam o número de vezes
que as pessoas se envolveram com as
publicações da página por meio de “curtidas”,
reações, comentários, compartilhamentos e
cliques.
A criação da página e a divulgação de
informações permitiu que os estudantes, mesmo
nesse contexto de isolamento social, pudessem
estudar sobre temas extremamente relevantes e
fundamentar conhecimentos, contribuindo para a
disseminação de informações de qualidade para
a comunidade. Essa atuação ganha ainda mais
importância devido ao fato de que, devido ao
grande volume de informações e à intensa
velocidade de mudança de conhecimentos sobre
um tema tão novo, parte considerável da
população fica impossibilitada de distinguir em
O PROJETO

que meios acessar dados verdadeiros e


confiáveis.
Informar de maneira correta, adequada e
simples de compreender é essencial para a
conscientização da população geral e torna
possível, mesmo em tempos de pandemia, a
retomada do papel social das Universidades e de
seus graduandos: a produção de conhecimento
sendo traduzida em benefício – que é direito – à
comunidade.

Autores:
Kamilla Zanin Vieira
Luiza Teixeira Soares
Vinícius Hattori Rodrigues Mira
João Marcos Bernardes

ALUNOS CONTRA O CORONA


O OBJETIVO

E sse e-book foi criado com o objetivo de


promover um registro indireto do trabalho
desenvolvido pelo projeto Alunos Contra o
Corona na página da rede social Instragram
(@alunoscontraocorona), visando reunir em um
só livro as diversas informações científicas e
confiáveis publicadas na página durante a
pandemia da COVID-19. Dessa forma, um dos
objetivos desse e-book é a promoção de
educação em saúde à população para além das
redes sociais. Soma-se a esse objetivo a vontade
de expor como a Faculdade de Medicina de
Botucatu (FMB-UNESP), na condição de
Universidade pública, atuou no cenário da
pandemia, mais especificamente no setor de
comunicação, e como tais ações foram capazes
de auxiliar no combate à COVID-19.
Acreditamos que o conhecimento e a educação,
quando desenvolvidos com responsabilidade e
qualidade, são capazes de promover grandes
transformações sociais, permitindo o cuidar do
outro de maneira distinta, mas também muito
importante, do conceito tradicional de cuidado
atrelado à figura dos profissionais de saúde. Por
meio desse livro eletrônico, almejamos tornar o
conhecimento científico existente até o momento
de sua publicação em relação à COVID-19 e ao
novo coronavírus acessível à população, indo,
assim, ao encontro do nosso objetivo final, que é
a promoção da informação, educação e
comunicação em saúde.
Ressaltamos que as informações contidas nesse
e-book dizem respeito aos dados disponíveis até
a data de fechamento de cada capítulo.
ÍNDICE

1 O QUE É UMA PANDEMIA?................................ 2 0


Kamilla Zanin Vieira e Lenice do Rosário de Souza.

2 SARS-COV-2, O NOVO CORONAVÍRUS......... 2 5


Kamilla Zanin Vieira, Aline de Ávila Campos, Yasmin Thiemi
Fujiwara da Silva e Lenice do Rosário de Souza.

3 EPIDEMIOLOGIA DA COVID-19......................... 2 9
A EVOLUÇÃO DA COVID-19 NO BRASIL

Kamilla Zanin Vieira, Aline de Ávila Campos, Amanda Moraes


Tamburrino, Beatriz Gomes Rodrigues, Bruna Oliveira da
Silva, Gabriela Miloch da Silva Cardoso, Helena Ribeiro
Aiello Amat, Isabela Novaes Abrahão de Lima, Nicholas
Fraidemberge de Souza, Silvia Helena Ferraz Planard,
Thainá Oliveira Felicio Olivatti e Jonas Atique Sawazaki.

4 F I S I O P A T O L O G I A D A C O V I D - 1 9 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4 4
ENTRADA E AÇÃO DO SARS-COV-2 NO ORGANISMO
HUMANO
COMO O SARS-COV-2 É TRANSMITIDO?

EXISTE A POSSIBILIDADE DE REINFECÇÃO OU REATIVAÇÃO


DO VÍRUS?
Kamilla Zanin Vieira, Aline de Ávila Campos, Beatriz Gomes
Rodrigues, Bruna Oliveira da Silva, Gabriela Miloch da Silva
Cardoso, Nicholas Fraidemberge de Souza, Silvia Helena
Ferraz Planard, Thainá Oliveira Felicio Olivatti e Alexandre
Naime Barbosa.

ALUNOS CONTRA O CORONA


5 QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS DA COVID-
19.............................................................................6 0
Kamilla Zanin Vieira, Aline de Ávila Campos, Helena Ribeiro
Aiello Amat, Isabela Novaes Abrahão de Lima, Julia Lisbôa
Guedes, Yasmin Thiemi Fujiwara da Silva e Alexandre Naime
Barbosa.

6 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA COVID-19


.................................................................................. 6 6
DIAGNÓSTICO CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
SUBDIAGNÓSTICO
Havy Alexssander Abrami Meirelles, Bruna Oliveira da Silva,
Gabriela Miloch da Silva Cardoso, Nicholas Fraidemberge de
Souza e Alexandre Naime Barbosa.

7 TRATAMENTOS DA COVID-19........................... 7 6
RACIONAL DO MANEJO TERAPÊUTICO DA COVID-19
COMO COMPROVAR A EFICÁCIA DE UM MEDICAMENTO?
POR QUE VENTILADORES MECÂNICOS SÃO NECESSÁRIOS?

Kamilla Zanin Vieira, Aline de Ávila Campos, Beatriz Gomes


Rodrigues, Helena Ribeiro Aiello Amat, Isabela Novaes
Abrahão de Lima, Julia Lisbôa Guedes, Nicolas Fraidemberge
de Souza, Silvia Helena Ferraz Planard, Thainá Oliveira
Felicio Olivatti e Alexandre Naime Barbosa.

8 ORIENTAÇÕES PARA OS PORTADORES DA


C O V I D - 1 9 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 1
ORIENTAÇÕES SOBRE O ISOLAMENTO DO PACIENTE COM
COVID-19

ISOLAMENTO DOMICILIAR DO PACIENTE COM COVID-19

ALUNOS CONTRA O CORONA


RECUPERAÇÃO DA COVID-19
CUIDADOS APÓS ALTA
CONTRIBUIÇÕES DO RECUPERADO
Thainá Oliveira Felicio Olivatti, Aline de Ávila Campos,
Amanda Moraes Tamburrino, Helena Ribeiro Aiello Amat,
Silvia Helena Ferraz Planard e Lenice do Rosário de Souza.

9
ORIENTAÇÕES PARA POPULAÇÃO GERAL
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1 0 2
COMO EVITAR A PROPAGAÇÃO DA COVID-19
USO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)
USO DE MÁSCARAS DE PANO
COMO IR AO MERCADO DE FORMA SEGURA?
CUIDADOS COM DELIVERY
CUIDADOS NO AMBIENTE DE TRABALHO
VISITAS A HOSPITAIS E INSTITUIÇÕES DE LONGA
PERMANÊNCIA DE IDOSOS NO CONTEXTO DA COVID-19

Yasmin Thiemi Fujiwara da Silva, Aline de Ávila Campos,


Beatriz Gomes Rodrigues, Bruna Oliveira da Silva, Gabriela
Miloch da Silva Cardoso, Helena Ribeiro Aiello Amat, Júlia
Lisbôa Guedes, Silvia Helena Ferraz Planard e João Marcos
Bernardes.

10 ISOLAMENTO SOCIAL E QUARENTENA.........1 3 1


ISOLAMENTO SOCIAL NO BRASIL
A IMPORTÂNCIA DO DISTANCIAMENTO SOCIAL
Yasmin Thiemi Fujiwara da Silva, Beatriz Gomes Rodrigues,
Gabriela Miloch da Silva Cardoso, Thainá Oliveira Felicio
Olivatti, Nicholas Fraidemberge de Souza e João Marcos
Bernardes.

ALUNOS CONTRA O CORONA


11 VACINAS................................................................ 1 4 0
ORIGEM DAS VACINAS
COMO UMA VACINA É FEITA?
ANDAMENTO DA VACINA PARA COVID-19
CAMPANHA NACIONAL DE VACINAÇÃO CONTRA A
INFLUENZA DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19

Havy Alexssander Abrami Meirelles, Felipe José Santaella,


Gabriela Miloch da Silva Cardoso, Nicholas Fraidemberge de
Souza, Thainá Olivatti e Jonas Atique Sawazaki.

12 DECLARAÇÃO DE ÓBITO E COVID-19............1 5 1


ORIENTAÇÕES PARA A COVID-19
SUBDIAGNÓSTICO DOS ÓBITOS PELA COVID-19

Yasmin Thiemi Fujiwara da Silva, Aline de Ávila Campos,


Silvia Helena Ferraz Planard e Jonas Atique Sawazaki.

13 OS IDOSOS E A COVID-19............................. 1 5 9
IDOSOS EM INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA
(ILPIS)
FLUXO DE ATENDIMENTO DO IDOSO E PLANEJAMENTO DE
CUIDADOS

Thainá Oliveira Felicio Olivatti, Gabriela Miloch da Silva


Cardoso, Yasmin Thiemi Fujiwara da Silva e Rafael Thomazi.

14
RELAÇÃO MATERNO-PERINATAL COM A
COVID-19............................................................. 1 7 2
REPERCUSSÕES MATERNAS
REPERCUSSÕES PERINATAIS
ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL

ALUNOS CONTRA O CORONA


O PARTO E CUIDADOS AO RECÉM-NASCIDO
A AMAMENTAÇÃO E OS CUIDADOS NECESSÁRIOS

Thainá Oliveira Felicio Olivatti, Kamilla Zanin Viera, Gabriela


Miloch da Silva Cardoso e José Carlos Peraçoli.

15 COVID-19 E A IMUNOSUPRESSÃO.............. 1 8 5
IMUNOSSUPRIMIDOS E A COVID-19
DROGAS IMUNOSSUPRESSORAS
USO DE MÁSCARAS
OUTRAS MEDIDAS
ORIENTAÇÕES PARA FAMILIARES E CUIDADORES
TRATAMENTO PARA CÂNCER DURANTE A PANDEMIA
PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS: CUIDADOS NA
PANDEMIA

Yasmin Thiemi Fujiwara da Silva, Amanda Moraes


Tamburrino, Gabriela Miloch da Silva Cardoso e Lenice do
Rosário de Souza.

16 A L T E R A Ç Õ E S E N D Ó C R I N A S E C O V I D - 1 9 . . . . .1 9 5
DIABETES MELLITUS E OBESIDADE
DOENÇAS DA TIREOIDE
VITAMINA D E IMUNIDADE

Kamilla Zanin Vieira, Gabriela Miloch da Silva Cardoso,


Helena Ribeiro Aiello Amat, Júlia Lisbôa Guedes, Silvia
Helena Ferraz Planard e Fernanda Bolfi.

17 COVID-19 E HIPERTENSÃO............................ 2 1 1
OS BLOQUEADORES DO SISTEMA RENINA-
ANGIOTENSINA-ALDOSTERONA E O RISCO PARA COVID-19
RECOMENDAÇÕES PARA OS PACIENTES HIPERTENSOS NO
CONTEXTO DA PANDEMIA

ALUNOS CONTRA O CORONA


Yasmin Thiemi Fujiwara da Silva, Gabriela Miloch da Silva
Cardoso, Júlia Lisbôa Guedes e Vanessa dos Santos Silva.

18
DOENÇAS RESPIRATÓRIAS CRÔNICAS E A
COVID-19............................................................. 2 1 7
Thainá Oliveira Felicio Olivatti, Nicholas Fraidemberge de
Souza e Liana Sousa Coelho.

19 CUIDADOS COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES


DURANTE A PANDEMIA.................................. 2 2 4
COMO A COVID-19 MANIFESTA-SE NA FAIXA ETÁRIA
PEDIÁTRICA?
SAÚDE MENTAL DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM
TEMPOS DE PANDEMIA

Kamilla Zanin Vieira, Aline de Ávila Campos, Isabela Novaes


Abrahão de Lima e Joelma Gonçalves Martin.

20 COVID-19 E OS ANIMAIS DE COMPANHIA...... 2 3 6


Kamilla Zanin Vieira, Amanda Moraes Tamburrino, Gabriela
Miloch da Silva Cardoso e João Marcos Bernardes.

21 CASOS CLÍNICOS INTERATIVOS................. 2 4 3


Thainá Oliveira Felicio Olivatti, Aline de Ávila Campos,
Amanda Moraes Tamburrino, Beatriz Gomes Rodrigues, Bruna
Oliveira da Silva, Gabriela Miloch da Silva Cardoso, Havy
Alexssander Abrami Meirelles, Helena Ribeiro Aiello Amat,
Julia Lisbôa Guedes, Kamilla Zanin Vieira, Nicholas
Fraidemberge de Souza, Silvia Helena Ferraz Planard,
Yasmin Thiemi Fujiwara da Silva Walter Vitti Junior.

22 CUIDADOS VOLTADOS PARA OS


PROFISSIONAIS DA SAÚDE..........................2 5 0

ALUNOS CONTRA O CORONA


MEDIDAS DE PRECAUÇÃO E EPIS
RECOMENDAÇÕES GERAIS
COMO PODEMOS TE AJUDAR?

Havy Alexssander Abrami Meirelles, Bruna Oliveira da Silva,


Gabriela Miloch da Silva Cardoso, Isabela Novaes Abrahão de
Lima, Moriê Leticia Dalera de Carli e Jonas Atique Sawazaki.

23
SAÚDE MENTAL EM TEMPOS DE
P A N D E M I A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 6 1

SAÚDE MENTAL DOS IDOSOS DURANTE O ISOLAMENTO


SOCIAL
SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE: A
IMPORTÂNCIA DA AUTOCOMPAIXÃO
OS SETE INGREDIENTES DIÁRIOS PARA A SAÚDE MENTAL,
BEM-ESTAR FÍSICO E EMOCIONAL
12 SUGESTÕES PARA CUIDAR DA SAÚDE MENTAL DURANTE
A PANDEMIA E A QUARENTENA

PERDA E LUTO EM TEMPOS DE PANDEMIA

Thainá Oliveira Felicio Olivatti, Albina Rodrigues Torres,


Beatriz Gomes Rodrigues, Gabriela Miloch da Silva Cardoso,
Nicholas Fraidemberge de Souza e Elenice Bertanha
Consonni.

24
A IMPORTÂNCIA DO SISTEMA ÚNICO DE
SAÚDE................................................................. 2 8 3
Yasmin Thiemi Fujiwara da Silva, Aline de Ávila Campos,
Thainá Oliveira Felicio Olivatti e Walter Vitti Junior.

25 O PAPEL DOS ESTUDANTES NA EDUCAÇÃO


EM SAÚDE FRENTE À PANDEMIA............... 2 8 9

ALUNOS CONTRA O CORONA


RELATOS DOS PROJETOS DESENVOLVIDOS PELA FRENTE
DE COMUNICAÇÃO EM SAÚDE DO VOLUNTARIADO DA
FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU (FMB-UNESP) NO
COMBATE À PANDEMIA

Felipe José Santaella, Amanda Moraes Tamburrino, Beatriz


Aveiro Santos, Beatriz Gomes Rodrigues, Carolina Vitor
Vidal, Gabriela Miloch da Silva Cardoso, Maryan Borcsik
Marum e Walter Vitti Junior.

AGRADECIMENTOS .................................................. 3 0 0

ALUNOS CONTRA O CORONA


1.

O QUE É UMA

PANDEMIA?

AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE CAPÍTULO


TIVERAM SUA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM
OUTUBRO DE 2020.
ALUNOS CONTRA O CORONA

" Pandemia não é uma palavra para ser usada


à toa ou sem cuidado. É uma palavra que, se
usada incorretamente, pode causar um medo
irracional ou uma noção injustificada de que a
luta terminou, o que leva a sofrimento e mortes
desnecessários". Foi com essas palavras que, no
dia 11 de março de 2020, Tedros Adhanom
Ghebreyesus, Diretor-geral da Organização
Mundial da Saúde (OMS), declarou que estava em
curso uma pandemia do SARS-CoV-2, o novo
coronavírus. Mas afinal, o que é uma pandemia?
Pandemia
Pandemia é o termo utilizado para descrever
uma situação na qual uma doença infecciosa
ameaça a vida de muitas pessoas no mundo todo
e de maneira simultânea. Não se associa,
necessariamente, com a gravidade de uma
doença, mas sim com o fator geográfico. Portanto,
considera-se pandemia quando o mundo todo
está correndo o risco de conviver com a doença
em seu território, seja essa muito grave ou não. O
conceito de pandemia comumente confunde-se
com outros dois conceitos epidemiológicos: a
endemia e a epidemia.

A etimologia da palavra endemia vem do grego


clássico, em que “endemos” significa "originário
de um país", "referente a um país", "encontrado
entre os habitantes de um mesmo país". Assim, o
termo endemia é utilizado para se referir a uma
doença que está presente constantemente em uma
determinada área durante um longo período de
tempo. Uma doença endêmica traduz-se pelo
aparecimento de um menor número de casos ao
longo do tempo. Isso significa que, apesar do
número de casos ser relevante na caracterização
de uma doença como endêmica, há associação
muito maior com o fato de a doença ser
característica em determinada região do que com
a quantidade de casos existentes.
21
ALUNOS CONTRA O CORONA

A palavra epidemia
epidemia, por sua vez, é atribuída às
doenças que apresentam um grande número de
casos em um curto período de tempo. Essa
palavra também possui origem grega, significando
“disseminação de uma doença contagiosa”. A
principal característica de uma epidemia é a
elevação do número de casos novos e a rápida
difusão desses, alcançando um pico e,
posteriormente, o número de casos começa a
reduzir. Nesse sentido, percebe-se que a
pandemia e a epidemia possuem as mesmas
características de apresentação, com a diferença
de que a pandemia não se restringe a uma área
específica, disseminando-se em escala mundial.

Ao longo da história, a humanidade já vivenciou


muitas pandemias. Pode-se citar como exemplo a
peste bubônica, doença provocada pela bactéria
Yersinia pestis que é transmitida ao homem por
meio de pulgas de roedores, principalmente ratos
contaminados. Essa pandemia ocorreu no século
14 e resultou na morte de, aproximadamente, um
terço da população europeia. Um outro exemplo
importante de pandemia foi a gripe espanhola,
doença causada pelo vírus Influenza e que
ocorreu nos anos de 1918 e 1919. Essa pandemia
resultou na morte de cerca de 20 milhões de
pessoas. Embora possuam suas particularidades,
o que todas as pandemias da história da
humanidade possuem em comum é o fato de que
foram motivo de grande impacto tanto nas
relações interpessoais, quanto nas relações entre
o ser humano e o ambiente que o cerca.
Entretanto, aprofundando-se para além dos
conceitos teóricos de uma pandemia, sabe-se que
essa palavra atingiu definições mais amplas para
a população mundial a partir de março de 2020.
Caso essa pergunta "o
“o que é uma pandemia?”
pandemia?" fos-

22
ALUNOS CONTRA O CORONA

se feita a qualquer indivíduo nesse período,


provavelmente muitas palavras viriam em mente,
tendo essas significados que ultrapassam as
explicações geográficas abordadas. Uma
pandemia também define-se como um momento
permeado por medo, insegurança, morte,
isolamento e dúvidas.

Como uma flor que nasce na rua, adotando a


perspectiva de Carlos Drummond de Andrade, o
projeto “Alunos Contra o Corona” floresceu em
meio a esse medo, insegurança, morte, isolamento
e dúvidas, buscando levar à população
informações confiáveis e de qualidade. Assim,
inicia-se agora neste e-book a reunião dos
melhores conteúdos divulgados pela página
“Alunos
“Alunos Contra
Contra o Corona” durante a pandemia do
SARS-CoV-2.

23
ALUNOS CONTRA O CORONA

REFERÊNCIAS

.1- OMS Brasil - OMS afirma que COVID-19 é agora


caracterizada como pandemia. OPAS/OMS [Internet].
Pan American Health Organization / World Health
Organization, 2020 [citado 2 de setembro de 2020].
Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?
option=com_content&view=article&id=6120:oms-afirma-
que-covid-19-e-agora-caracterizada-como-pandemia&
Itemid=812
.2- Princípios de Epidemiologia | Lição 1 - Seção 11
[Internet]. 2020 [citado 2 de setembro de 2020].
Disponível em: https://www.cdc.gov/csels/dsepd/
ss1978/lesson1/section11.html
.3- AKIN L, GÖZEL MG. Understanding dynamics of
pandemics. Turk J Med Sci. 21 de abril de
2020;50(3):515–9.
..4- Pitlik SD. COVID-19 Compared to Other Pandemic
Diseases. Rambam Maimonides Med J [Internet]. 31 de
julho de 2020 [citado 3 de setembro de 2020];11(3). Dis-
ponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles
/PMC7426550/

24
2.

SARS-COV-2,

O NOVO

CORONAVÍRUS

AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE CAPÍTULO


TIVERAM SUA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM
AGOSTO DE 2020.
ALUNOS CONTRA O CORONA

Quando se chama o SARS-CoV-2 de “o novo


coronavírus” significa que já existiam outros
coronavírus antes dele? Sim, é isso mesmo!
Coronavírus é o nome dado a uma família de
vírus que possui material genético do tipo RNA e
que apresentam glicoproteínas na superfície
assemelhando-se a espículas. Essas espículas
concedem a eles o aspecto microscópico de uma
coroa, que em latim denomina-se corona. Os vírus
que fazem parte dessa família são capazes de
causar infecções respiratórias em seres humanos
e em animais, sendo que, na grande maioria das
vezes, essas infecções são leves ou moderadas à
semelhança de um resfriado comum.
Ao longo da vida, a maioria dos seres humanos
é infectada por coronavírus comuns, tais como, o
alpha coronavírus 229E e NL63 e o beta
coronavírus OC43 e HKU1, tipos mais comuns nas
infecções em seres humanos e responsáveis por
um quadro clínico semelhante a um resfriado
comum. As crianças são o grupo etário mais
propenso a se infectarem por esses tipos mais
comuns de coronavírus, assim como ocorre em
outras infecções respiratórias. Porém, existem
membros da família coronavírus que podem
causar doenças mais graves, como é o caso do
SARS-CoV e do MERS-CoV que já foram
responsáveis por surtos no passado.
O SARS-CoV é o vírus responsável pela SARS,
Síndrome Respiratória Aguda Grave, doença que
teve seus primeiros relatos em 2002 na China.
Essa doença se espalhou rapidamente para mais
de 12 países, atingindo vários continentes e foi
controlada em 2003. A SARS provocou,
aproximadamente, 700 mortes e 8000 casos de
infectados. Já o MERS-CoV é o vírus causador da
MERS, Síndrome Respiratória do Oriente Médio,

26
ALUNOS CONTRA O CORONA

que foi descoberta em 2012 na Arábia Saudita de


onde se espalhou para o Oriente Médio e,
posteriormente, para a Europa e a África. A MERS
provocou 400 mortes e 1100 infectados, o que
mostra que possui mortalidade muito maior do
que a SARS, porém a transmissibilidade é menor.
Ambas epidemias possuem origem associada a
animais selvagens, que, provavelmente, foram
infectados por morcegos.
Já o novo coronavírus, o SARS-CoV-2, teve seus
primeiros casos reportados na cidade de Wuhan,
na China, em dezembro de 2019. Esses primeiros
casos acometeram cerca de 27 pessoas que
desenvolveram pneumonia. Todas elas
apresentavam em comum história de terem
frequentado um mercado de frutos do mar em
Wuhan. Em poucos dias identificaram o causador
desses quadros de pneumonia, o novo
coronavírus. Rapidamente mais casos foram
surgindo em Wuhan até que, em 20 de janeiro de
2020, foi reportada oficialmente a transmissão do
SARS-CoV-2 entre humanos. Em 11 de fevereiro de
2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
denominou a nova doença como COVID-19 (do
inglês, Corona Vírus Disease e 19, referente ao
ano de 2019). Os casos espalharam-se com
grande velocidade ao redor do mundo até que em
11 de março de 2020 foi declarada pela OMS a
pandemia do novo coronavírus. Apesar de estar
se mostrando menos letal do que o SARS-CoV e o
MERS-CoV, o SARS-CoV-2 dissemina-se muito
mais facilmente do que os outros dois,
impactando pelo número de casos infectados e a
dificuldade de contenção da sua propagação.

27
ALUNOS CONTRA O CORONA

REFERÊNCIAS

1- CALLAWAY, Ewen; CYRANOSKI, David; MALLAPATY,


Smriti; STOYE, Emma; TOLLEFSON,Jeff. The coronavirus
pandemic in five powerful charts. Nature, [s.l.], v. 579,
n. 7800, p. 482-483, mar.2020. Springer Science and
Business Media LLC.
2- Jeannette Guarner, MD, Three Emerging
Coronaviruses in Two Decades: The Story of SARS,
MERS, and Now COVID-19, American Journal of Clinical
Pathology, Volume 153, Issue 4, April 2020, Pages 420-
421.
.3- Noah C Peeri, Nistha Shresthe, Md Siddikur
Rahman, Rafdzah Zaki, Zhengqi Tan, Saana Bibi,
Mahdi Baghbanzadeh, Nasrin Aghamohammadi, Wenyi
Zhang, Ubydul Haque, The SARS, MERS and novel
coronavirus (COVID-19) epidemics, the newest and
biggest global health threats: what lessons we lerned?,
International Journal of Epidemiology.

28
3.

EPIDEMIOLOGIA

DA COVID-19

AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE CAPÍTULO


TIVERAM SUA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM
OUTUBRO DE 2020.
ALUNOS CONTRA O CORONA

A epidemiologia na área da saúde é o campo


responsável pelo estudo das doenças a nível
populacional. Isso significa que ela não analisa o
impacto da doença no indivíduo, mas sim em uma
população, visando compreender como uma
doença se comporta em determinados grupos de
indivíduos, bem como os impactos dessa na
coletividade. Para fazer essa análise, a
epidemiologia considera questões estatísticas,
biológicas e sociais, já que todos esses fatores
em conjunto contribuem para a existência de
diferentes comportamentos e consequências das
doenças em populações distintas. Dessa forma,
diante de uma pandemia como a da COVID-19,
alguns cálculos epidemiológicos permitem estimar
o impacto da doença, para que seja possível
compreender melhor o comportamento dessa,
orientando as medidas preventivas e os estudos
científicos.

Um conceito epidemiológico importante a ser


conhecido sobre determinada doença é o quão
contagiosa ela é, o que diz respeito a sua
capacidade de disseminação em determinada
população. Para quantificar essa capacidade
pode-se utilizar o que se conhece por R0, que é a
abreviação do termo "número básico de
número básico de
reprodução”.
reprodução Esse número significa quantos casos
novos de uma doença originam-se, em média, a
partir de um único indivíduo infectado. Por
exemplo, se o R0 de uma doença é igual a 3, isso
significa que um único indivíduo infectado é
capaz de transmitir a doença para outros 3
indivíduos e, por sua vez, esses 3 novos
indivíduos infectados podem, cada um deles,
transmitir a doença para mais outros 3 indivíduos
e assim sucessivamente. É importante dizer que o
valor do R0 é apenas uma aproximação, visto que
o

30
ALUNOS CONTRA O CORONA

o comportamento adotado pelo indivíduo


infectado pode fazer com que ele transmita a
doença para mais ou menos pessoas do que a
média calculada. O esquema a seguir ilustra o
contágio médio de uma doença que apresenta o
valor de R0 igual a 3:

A importância de conhecer o valor do R0 de


uma doença reside no fato de que se a doença
possui um valor de R0 maior do que 1, ela possui
potencial para se espalhar mais facilmente, uma
vez que, em média, cada pessoa infectada irá
infectar, pelo menos, uma ou mais pessoas. Já
quando a doença possui o valor de R0 menor do
que 1, não são todos os indivíduos infectados que
irão transmitir a doença para outras pessoas,
chegando um momento em que a doença irá
desaparecer, porque não haverá mais
transmissão. Como o R0 sofre influência de uma
variedade de fatores humanos e ambientais, esse
valor é muito variável de uma região para outra,
sendo difícil, por exemplo, estimar um R0 único
para a COVID-19. Um estudo3 publicado no dia 31
de julho de 2020 estima que o valor do R0 da
COVID-19 no Brasil é 3,1, o que significa que cada
i

31
ALUNOS CONTRA O CORONA

indivíduo infectado pelo SARS-CoV-2 no Brasil


transmite o vírus para, aproximadamente, 3,1
pessoas.

Outro dado interessante de uma doença é o


intervalo serial (IS), que considera o tempo que
intervalo
demora, em média, para que um indivíduo que
acabou de ser infectado comece a manifestar os
sinais e sintomas da doença em relação ao
momento do início dos sintomas do indivíduo que
o infectou. Uma vez que o início da manifestação
de sintomas está associado com o tempo que o
agente invasor, a exemplo um vírus, leva para se
multiplicar no organismo do indivíduo, conclui-se
que uma doença que possui um IS menor
espalha-se mais rápido, já que o vírus leva
menos tempo para começar a se multiplicar e
infectar uma nova pessoa. Ao passo que, uma
doença com IS maior se dissemina mais
lentamente, porque o vírus demora para começar
a se multiplicar e, portanto, o intervalo de tempo
entre a contaminação de um indivíduo e sua
capacidade de contaminar outros indivíduos é
mais longo.

Dessa forma, unindo os valores do R0 e do IS


de uma doença pode-se ter noção de quantas
infecções surgiriam, em média, em um
determinado intervalo de tempo, se nenhuma
medida de contenção da disseminação da doença
fosse adotada pela população e se não houvesse
o desenvolvimento de imunidade para a doença
em estudo. Ao analisar o valor do R0 faz-se
necessário considerar que esse sofre influência
do comportamento humano. Assim, caso medidas
de contenção da disseminação da doença sejam
adotadas por uma determinada população, o R0
dessa doença nessa população será menor
quanto

32
ALUNOS CONTRA O CORONA

quando comparado ao R0 de uma outra população


que não adota as medidas de contenção. O
mesmo não ocorre para o valor de IS, já que esse
depende apenas de fatores biológicos da doença,
não sofrendo nenhuma influência de intervenções
humanas.
Um indicador relevante a ser avaliado é a taxa
taxa
de letalidade
letalidade (TL), que se refere à porcentagem de
pessoas, dentre as que possuem confirmação de
diagnóstico da doença estudada, que morrem pela
doença. Com esse valor torna-se possível
dimensionar a gravidade da doença em estudo, já
que ele informará, aproximadamente, o número
de pessoas que poderiam morrer. Entretanto, esse
número sofre influência de uma série de fatores e
pode não refletir precisamente a letalidade de
uma doença. Um fator que impacta muito nesse
resultado é o subdiagnóstico, evento muito
comentado durante a pandemia da COVID-19. O
subdiagnóstico acontece quando são diagnos-
ticados menos casos de uma doença do que
realmente existem, o que pode ocorre pela falta
de disponibilidade de testes diagnósticos. Nesses
casos, a TL não forneceria um valor real, uma vez
que muitos casos e óbitos existentes podem não
ter sido notificados e, portanto, não entrarão no
cálculo.

Uma outra falha que a análise isolada da taxa


de letalidade pode acarretar é que o valor dessa
razão considera toda a população, não fazendo
nenhum tipo de distinção entre grupos
específicos. O problema é que uma doença pode
ser mais intensa em determinados grupos do que
em outros, como ocorre com a COVID-19, que vem
se mostrando mais grave em indivíduos com
idade mais avançada e com comorbidades quando

33
ALUNOS CONTRA O CORONA

em comparação com indivíduos jovens e


saudáveis. Assim, a letalidade de uma doença
pode ser maior em um grupo de indivíduos do
que em outro. Tomando como exemplo a COVID-
19, a letalidade dela nos idosos portadores de
comorbidades é maior do que a letalidade nos
jovens saudáveis. Portanto, se o cálculo da taxa
de letalidade para cada um desses dois grupos
citados fosse realizado, essa seria maior nos
idosos portadores de comorbidades do que nos
jovens saudáveis. O mapa mundial a seguir
evidencia as regiões do globo que apresentam os
maiores valores de letalidade da COVID-19 até o
dia 22 de outubro de 2020, data na qual o mapa
foi analisado.

Fonte: COVID-19 Map [Internet]. Johns Hopkins Coronavirus


FIGURA 1 Resource Center. [Acesso em 22 de outubro de 2020]. Disponível
em: https://coronavirus.jhu.edu/map.html

34
ALUNOS CONTRA O CORONA

O Brasil, até outubro de 2020, encontrava-se


entre os 20 países mais afetados pela COVID-19
no mundo. O gráfico a seguir mostra a letalidade
nesses 20 países considerando o dia 22 de
outubro de 2020. As porcentagens presentes no
gráfico revelam o número de óbitos que ocorrem
pela COVID-19 a cada 100 casos confirmados da
doença em cada um dos países.

Fonte: Mortality Analyses [Internet]. Johns Hopkins Coronavirus


FIGURA 2 Resource Center. [Acesso em 22 de outubro de 2020]. Disponível
em: https://coronavirus.jhu.edu/data/mortality

Até o dia 22 de outubro de 2020, segundo a


Organização Mundial da Saúde (OMS), existiam,
no mundo, 41.104.946 casos confirmados de
COVID-19 e 1.128.325 mortes pela COVID-19, sendo
esses números referente apenas aos casos que
foram notificados à OMS. No mesmo período de
22 de outubro de 2020, dos 41.104.946 casos
confirmados no mundo 8.184.788 encontravam-se
nos Estados Unidos da América (EUA), 7.706.946
na Índia e 5.273.954 no Brasil. Das 1.128.325
mortes
35
ALUNOS CONTRA O CORONA

mortes, 219.497 ocorreram nos EUA, 154.837, no


Brasil e 116.616, na Índia.

Fonte: WHO Coronavirus Disease (COVID-19) Dashboard [Internet].


FIGURA 3 [Acesso em 22 de outubro de 2020]. Disponível em:
https://covid19.who.int

Já segundo Universidade Jonhs Hopkins, o


número global de casos na mesma data já era
41.552.371 e o número global de mortes era
1.135.229. Do total de casos, 8.398.267 encontram-
se nos EUA, 7.706.946, na Índia e 5.298.772, no
Brasil. Em relação ao total de mortes pela COVID-
19 no mundo, 222.940 ocorreram nos EUA, 155.403,
no Brasil e 116.616, na Índia. O mapa mundial a
seguir, elaborado pela Universidade Jonhs
Hopkins, evidência os casos cumulativos de
COVID-19 no mundo considerado a data de 22 de
outubro de 2020. Quanto maior a concentração de
círculos vermelhos no mapa, maior é a
quantidade de casos cumulativos existentes nessa
região do globo.

36
ALUNOS CONTRA O CORONA

Fonte: COVID-19 Map [Internet]. Johns Hopkins Coronavirus


FIGURA 4 Resource Center. [Acesso em 22 de outubro de 2020]. Disponível
em: https://coronavirus.jhu.edu/map.html

A EVOLUÇÃO DA COVID-19

NO BRASIL

O primeiro caso de COVID-19 no Brasil foi


confirmado no dia 26 de fevereiro de 2020, tendo
acometido um homem de 61 anos que acabava de
retornar ao Brasil de uma viagem para a Itália, o
que sugeriu ser um caso importado, ou seja, que o
homem adquiriu o SARS-CoV-2 na Itália e não no
Brasil. Esse caso foi diagnosticado no Hospital
Albert Einstein, na cidade de São Paulo, e o
paciente teve alta no dia 13 de março de 2020.
Depois desse primeiro caso, houve um segundo
caso diagnosticado no mesmo hospital no dia 29
D
37
ALUNOS CONTRA O CORONA

de fevereiro de 2020. Já o terceiro caso no Brasil


ocorreu no dia 4 de março de 2020, também no
estado de São Paulo. Esses três primeiros casos
de COVID-19 registrados no país eram todos em
indivíduos do sexo masculino e que haviam
retornado recentemente da Itália.

Outros marcos importantes da evolução da


COVID-19 no Brasil foram as detecções dos
primeiros casos de transmissão interna e de
transmissão comunitária. Entende-se por
transmissão interna aqueles casos nos quais o
indivíduo adquiriu o vírus dentro do próprio país
e é possível saber quem transmitiu o vírus para
esse indivíduo. O primeiro caso registrado de
transmissão interna no Brasil ocorreu no dia 5 de
março de 2020 no estado de São Paulo. Já o
conceito de transmissão comunitária é diferente.
Embora esse tipo de transmissão também ocorra
dentro do país, não é possível mais detectar
quem foi o transmissor da doença. Ou seja, na
transmissão comunitária não é mais possível
traçar a rota de transmissão do vírus para
identificar quem transmitiu a doença para o
indivíduo infectado que está sendo analisado. O
primeiro caso de transmissão comunitária no
Brasil foi registrado em 16 de março de 2020.

OSeguindo a linha do tempo brasileira, o


primeiro óbito pela COVID-19 registrado no país
ocorreu no dia 17 de março de 2020, quando um
homem de 62 anos, diabético e hipertenso faleceu
no Hospital Sancta Maggiore, da rede Prevent
Senior, em São Paulo. Atualmente, embora exis-
tam variações entre os diversos estados brasi-
leiros, todos eles apresentam casos de COVID-19.
Até o dia 22 de outubro de 2020, o total de casos
confirmados acumulados de COVID-19 no Brasil
erA

38
ALUNOS CONTRA O CORONA

era 5.323.630, segundo o Painel Coronavírus


disponibilizado pelo Ministério da Saúde. No
gráfico a seguir tem-se a evolução do número
total de casos de COVID-19 no Brasil de fevereiro
a outubro de 2020.

FIGURA 5

Fonte: Brasil Coronavirus: 5.332.634 Casos e 155.962 Mortes Worldometer


[Internet]. [Acesso em 22 de outubro de 2020]. Disponível em:
https://www.worldometers.info/coronavirus/country/brazil/

Quanto ao número óbitos por COVID-19, até o


dia 22 de outubro de 2020 o Brasil registrava
155.900 óbitos, também segundo o Painel
Coronavírus disponibilizado pelo Ministério da
Saúde. O gráfico a seguir representa a evolução
do número total de mortes por COVID-19 no Brasil
de fevereiro a outubro de 2020.

FIGURA 6

Fonte: Brasil Coronavirus: 5.332.634 Casos e 155.962 Mortes - Worldometer


[Internet]. [Acesso em 22 de outubro de 2020]. Disponível em:
https://www.worldometers.info/coronavirus/country/brazil/

39
ALUNOS CONTRA O CORONA

Um estudo8 brasileiro coordenado pelo Centro


de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade
Federal de Pelotas, financiado pelo Ministério da
Saúde e apoiado por outras instituições, o
EPICOVID19-BR, traz algumas informações
preocupantes em relação à COVID-19 no Brasil.

A primeira fase do estudo foi feita entre os


dias 14 e 21 de maio de 2020 envolvendo 133
cidades de diversos estados do Brasil, o que
resultou em 25.025 entrevistas e testes para o
SARS-CoV-2. Em 90 dessas cidades foi possível a
realização de, pelo menos, 200 testes em
indivíduos sorteados. Considerando as 90
cidades, estima-se que 1,4% (com uma variação de
1,3% a 1,6%) da população possuía anticorpos
contra o SARS-CoV-2. O fato de possuir tais
anticorpos significa que o indivíduo tem ou já
teve a infecção pelo SARS-CoV-2. Como a
população dessas 90 cidades soma 54,2 milhões
de pessoas, esse resultado permite estimar que
760.000 pessoas (com uma margem de erro de
705 mil a 867 mil pessoas) estariam ou já
estiverem infectadas pelo SARS-CoV-2. Porém, no
mesmo período em que essa pesquisa foi
realizada, os dados oficiais apontavam que essas
90 cidades envolvidas no estudos somavam
apenas 104.782 casos, evidenciando uma grande
subestimativa do número de infectados pelo
SARS-CoV-2.

Dessa forma, os dados do estudo EPICOVID19-


BR permitem estimar que para cada caso de
COVID-19 confirmado nessas cidades existem, na
verdade, 7 casos reais na população em questão.
Entretanto, faz-se necessário ressaltar que os
resultados obtidos nesse estudo não podem ser
utilizados para estimar o número total de casos
ut

40
ALUNOS CONTRA O CORONA

do Brasil, nem mesmo para qualquer outra cidade


do país que não sejam essas envolvidas no
estudo. Tal restrição justifica-se pelo fato de que
essas 90 cidades analisadas no EPICOVID19-BR
são muito populosas (dentre elas encontram-se 21
capitais das 27 capitais brasileiras) e, portanto,
apresentam uma dinâmica peculiar como, por
exemplo, uma intensa circulação de pessoas e
uma concentração de serviços de saúde. Em
outras cidades do Brasil o comportamento da
COVID-19 pode ser diferente, a exemplo, quando
analisamos cidades menores ou áreas rurais.
Mesmo assim, o estudo alerta para a grande
subestimativa brasileira de casos de COVID-19,
que está fortemente atrelada à baixa testagem da
população brasileira. Como ocorre uma baixa
testagem, consequentemente há subdiagnóstico da
doença e, portanto, há subnotificação dos casos,
o que demonstra que os números de casos e
óbitos da COVID-19 no Brasil, possivelmente,
seriam muito maiores se 100% da população
brasileira fosse testada.

A tabela a seguir permite comparar o número


de testes para a COVID-19 realizados nos
seguintes países: China, Itália, Espanha, Reino
Unido, Rússia, Argentina, EUA e Brasil. Os valores
apresentados na tabela referem-se à quantidade
de testes por milhão de habitantes. Essa análise
por milhão de habitantes permite uma melhor
comparação entre países que apresentam
números de habitantes distintos. Observando os
dados, percebe-se a baixa testagem brasileira
quando comparada à testagem realizada nos
demais países, o que corrobora com o problema
do subdiagnóstico da COVID-19 no Brasil. Além
disso, a tabela permite uma comparação entre os
países em relação ao número de casos confirma-

41
ALUNOS CONTRA O CORONA

dos de COVID-19 por milhão de habitantes e o


número de óbitos pela doença, também por
milhão de habitantes. Todos os valores
apresentados na tabela são referentes aos dados
existentes até o dia 22 de outubro de 2020.
Total de casos/ 1 Óbitos/ 1 milhão Testes/ 1 milhão
Países Sintoma,
milhão %habitantes
Sintoma habitantes habitantes
China 60 3 111.163
Ítália Perda de olfato
7.706 612 233.848
Espanha 23.321 738 331.545
Reino Unido Astenia 11.919 652 453.103
Rússia 10.026 173 381.517
Argentina Mialgia 23.248 617 60.486
EUA 26.098 688 391.210
Brasil Disfunção25.033
de paladar 732 84.028
Fonte: Coronavirus Update (Live): 41,959,047 Cases and 1,142,057 Deaths from
FIGURA 7 COVID-19 Virus Pandemic -Worldometer [Internet]. [Acesso em 22 de outubro de
2020]. Disponível em: https://www.worldometers.info/coronavirus/#countries

REFERÊNCIAS

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epidemiologia. Recife: Ed, Universitária da UFPE; 2015.
2. Como a matemática pode ajudar a entender (e
combater) epidemias - Infográficos [Internet]. Estadão.
[citado 20 de agosto de 2020]. Disponível em:
https://www.estadao.com.br/infograficos/saude,como-
a-matematica-pode-ajudar-a-entender-e-combater-
epidemias,1082298
3. de Souza WM, Buss LF, Candido D da S, Carrera J-P,
Li S, Zarebski AE, et al. Epidemiological and clinical
characteristics of the COVID-19 epidemic in Brazil. Nat
Hum Behav. agosto de 2020;4(8):856–65. Disponível em:
https://www.nature.com/articles/s41562-020-0928-4.
pdf

42
ALUNOS CONTRA O CORONA

4. Coronavirus Disease (COVID-19) Situation Reports


[Internet]. [citado 20 de agosto de 2020]. Disponível
em: https://www.who.int/emergencies/diseases/novel
-coronavirus-2019/situation-reports
5. COVID-19 Map [Internet]. Johns Hopkins Coronavirus
Resource Center. [citado 20 de agosto de 2020].
Disponível em: https://coronavirus.jhu.edu/map.html
6. Coronavirus Update (Live): 22,859,239 Cases and
797,099 Deaths from COVID-19 Virus Pandemic -
Worldometer [Internet]. [citado 20 de agosto de 2020].
Disponível em: https://www.worldometers.info/
coronavirus/
7. Coronavírus Brasil [Internet]. [citado 20 de agosto
de 2020]. Disponível em: https://covid.saude.gov.br/
8. COVID-19 no Brasil: várias epidemias num só país
[Internet]. Coordenação de Comunicação Social.
[citado 20 de agosto de 2020]. Disponível em:
http://ccs2.ufpel.edu.br/wp/2020/05/25/covid-19-no-
brasil-varias-epidemias-num-so-pais/

43
4.

FISIOPATOLOGIA

DA COVID-19

AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE CAPÍTULO


TIVERAM SUA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM
DEZEMBRO DE 2020.
ALUNOS CONTRA O CORONA

ENTRADA E AÇÃO DO SARS-COV-2

NO ORGANISMO HUMANO

U ma infecção viral depende fundamentalmente


da entrada do patógeno nas células do
hospedeiro, sendo que, no caso da doença COVID-
19, o vírus é o SARS-CoV-2 (novo coronavírus) e
o hospedeiro principal é o ser humano. Essa
invasão nas células humanas é possibilitada pela
presença de estruturas existentes na superfície do
SARS-CoV-2 denominadas Spike ou proteínas S.
Essas estruturas são glicoproteínas de superfície
que se assemelham a “espinhos” e são capazes
de ligarem-se a receptores presentes na
superfície das células humanas, mais
especificamente os receptores da enzima
conversora de angiotensina 2 (ECA2).1 Esse
mecanismo de entrada na célula humana pode ser
melhor compreendido se pensarmos no
funcionamento de um sistema chave e fechadura.

FIGURA 1

Adaptado de: JM Parks, JC Smith. N Engl J Med 2020. DOI: 10.1056/NEJMcibr2007042

45
ALUNOS CONTRA O CORONA

Nessa analogia a proteína S do vírus


funcionaria como uma chave e o receptor de ECA2
da célula humana assumiria o papel de uma
fechadura. O encaixe correto da chave na
fechadura é capaz de abrir uma “porta” na célula,
o que permite a entrada do vírus. Na imagem
anterior, está destacado esse encaixe entre a
glicoproteína Spike do vírus SARS-CoV-2 e o
receptor humano da ECA2.
Desse modo, a partir da ligação ao receptor da
ECA2, o SARS-CoV-2 consegue adentrar nas
células humanas. A protease celular TMPRSS2
também parece ter importância fundamental para
a entrada do SARS-COV-2.2 A imagem a seguir
ilustra os eventos pelos quais o vírus passa a
partir do momento em que está no ambiente
intracelular.

FIGURA 2

Imagem original de: Du, L., He, Y., Zhou, Y. et al. The spike protein of SARS-CoV — a target for
vaccine and therapeutic development. Nat Rev Microbiol 7, 226–236 (2009).
https://doi.org/10.1038/nrmicro2090

46
ALUNOS CONTRA O CORONA

Portanto, após entrar na célula humana, o vírus


encontra-se dentro de um compartimento
chamado endossomo1. Dentro desse
compartimento as proteínas Spike são separadas
do vírus por enzimas que existem dentro do
endossomo, denominadas proteases.1
Posteriormente, a membrana viral funde-se à
membrana do endossomo, o que resulta na
liberação do material genético do vírus para o
ambiente intracelular.1
O material genético viral liberado dentro da
célula passa por uma série de processos que têm
como objetivo a formação de cópias das
proteínas virais1. Dessa forma, o vírus utiliza toda
a maquinaria celular para a formação de novos
vírus, consolidando, assim, o processo de
replicação ou multiplicação viral.1 Ao final desse
processo, os novos vírus formados sairão da
célula por exocitose, evento no qual a membrana
do endossomo que contém o novo vírus funde-se
à membrana da célula humana, como visto na
imagem anterior, o que permite a liberação do
vírus para o ambiente extracelular, onde estará
pronto para infectar novas células.1
Uma vez infectado o organismo humano, ainda
não está bem esclarecida toda a fisiopatologia do
vírus, ou seja, como ele age dentro do organismo
provocando a doença COVID-19. Porém, alguns
estudos estão esclarecendo aos pouco como
ocorre esse processo. Já é possível reconhecer
que os sinais e sintomas provocados pelo SARS-
CoV-2 não se restringem a atuação direta do
vírus nas células, mas também são resultantes de
eventos desencadeados pelo próprio organismo
humano. Isso porque o organismo humano possui
um sistema responsável por toda a sua defesa, o
chamado de sistema imune (ou imunológico), que

47
ALUNOS CONTRA O CORONA

possui diversos mecanismos para tentar


neutralizar agentes infecciosos ou parasitários,
como por exemplo, o aumento da temperatura
corporal que se manifesta na forma de febre e a
liberação de fatores inflamatórios.
Partindo dos dados atuais, podemos observar
duas formas de comportamento do vírus no corpo
humano, com três fases distintas.3 A primeira
forma diz respeito à ação do vírus em indivíduos
que não manifestam sintomas ou que
desenvolvem formas leves da doença (COVID
Leve). Nesses casos, após o SARS-CoV-2 infectar
as células do trato respiratório alto (mucosa
nasal e orofaringe), ocorrerá a multiplicação
desse vírus nesse local, mas o sistema imune
desses indivíduos é capaz de controlar a
replicação viral e inativar o patógeno, limitando
os efeitos a uma infecção respiratória semelhante
a um resfriado ou gripe 4. Cerca de 85% dos casos
de COVID-19 se comportam dessa forma, chamada
de Fase 1, não evoluindo para as etapas seguintes
por conta de efetiva ação do sistema imune com
resposta celular mediada por linfócitos T.
Já nos pacientes que desenvolvem formas
subsequentes da doença, o sistema imune falha
ao inibir precocemente a replicação viral no trato
respiratório alto, e o SARS-CoV-2 avança para os
pulmões (Fase 2), afetando os pneumócitos, o que
leva à uma pneumonia viral, ou seja, inflamação
no tecido pulmonar, dificultando a absorção de
oxigênio, e causando a sensação de falta de ar
(dispneia) 4 . Esse comportamento é classificado
como COVID-19 Grave, e exige hospitalização
principalmente para corrigir a hipóxia (falta de
oxigênio), e ocorre em cerca de 10% dos
pacientes.

48
ALUNOS CONTRA O CORONA

Na etapa final há sistematização generalizada


da infecção viral para além do trato expiratório
alto e baixo e, na tentativa de combater o vírus
em diversos órgãos e tecidos, o sistema imune
propaga uma resposta de mediadores químicos
muito intensa, chamada de tempestade de
citocinas, envolvendo a liberação de muitos
fatores inflamatórios de alta intensidade 4. Embora
esses mediadores sejam liberados na tentativa de
proteger o organismo contra o agente invasor,
quando presentes em quantidades exageradas
podem causar danos aos órgãos do próprio
organismo (como rins, fígado e sistema
cardiovascular) e desencadear fenômenos de
coagulação intensa, capazes de levar o paciente
ao óbito 4 . Esse comportamento é denominado
COVID-19 Crítico, e os pacientes nessa fase
demandam invariavelmente de cuidados de
terapia intensiva de suporte à vida, e ocorre em
cerca de 5% dos pacientes.
Assim, fica cada vez mais evidente que a
COVID-19 não é uma doença que compromete
exclusivamente o trato respiratório, e sim uma
patologia sistêmica e complexa. Na verdade, o
que vem sendo observado é que, além do
comprometimento das mucosas respiratórias e do
pulmão, também há acometimento do rim (já que
alguns pacientes evoluem com insuficiência
renal), intestinal (diarreia é achado frequente) e
do sistema cardiovascular (devido a ocorrência de
eventos tromboembólicos) 4. Alguns casos também
correlacionam à COVID-19 com comprometimento
do sistema nervoso central (confusão mental e
acidente vascular encefálico), de mucosas
oculares (conjuntivite), comprometimento do
paladar (ageusia) e do olfato (anosmia) 4.
A imagem a seguir extraída do artigo

49
ALUNOS CONTRA O CORONA

Pathophysiology, Transmission, Diagnosis, and


Treatment of Coronavirus Disease 2019 (COVID-19),
ilustra a fisiopatologia da doença em suas três
fases: (A) fase respiratória virológica, ou fase 1,
(B) fase pulmonar, ou fase 2, e (C) fase
inflamatória, ou fase 3.

FIGURA 3

Imagem original de: Wiersinga WJ, Rhodes A, Cheng AC, Peacock SJ, Prescott HC.
Pathophysiology, Transmission, Diagnosis, and Treatment of Coronavirus Disease 2019 (COVID-
19): A Review. JAMA. 2020;324(8):782–793. DOI:10.1001/jama.2020.12839

50
ALUNOS CONTRA O CORONA

COMO O SARS-COV-2 É

TRANSMITIDO?

A transmissão do SARS-CoV-2 ocorre,


principalmente, por meio de gotículas. Quando
falamos, tossimos ou espirramos pequenas
micropartículas de saliva ou outras secreções são
expelidas na forma de gotículas (partículas
maiores do que 5µm) e essas podem atingir
diretamente nariz, boca ou olhos de pessoas a
uma distância de 1 a 2 metros, aproximadamente.
Outra forma possível de contrair o vírus presente
nessas gotículas é o contato direto com pessoas
infectadas, por meio de beijos, abraços e apertos
de mãos, ou com superfícies e objetos infectados,
como maçanetas, chaves, bancadas e celulares,
uma vez que as gotículas expelidas podem cair
sobre os objetos, contaminando-os. Depois
desses contatos diretos, o indivíduo pode
contaminar as suas mãos, por exemplo, e,
posteriormente, tocar as mucosas do nariz, da
boca ou dos olhos, possibilitando a infecção. Até
o momento, não há evidências de que o vírus
possa ser transmitido por água, nem por
alimentos contaminados.
Apesar da transmissão por gotículas ser
atualmente considerada a principal, é possível a
transmissão do SARS-CoV-2 por aerossol
(partículas com tamanho igual ou inferior a 5µm).
A principal preocupação em relação a essa
possibilidade é que os aerossóis são muito
menores e mais leves do que as gotículas, o que
permite que essas partículas fiquem suspensas no
ar por horas, ao contrário das gotículas que
rapidamente caem no chão com a força da

51
ALUNOS CONTRA O CORONA

gravidade. Essa forma de transmissão acontece


de forma restrita para situações onde há a
geração de grandes quantidades de aerossóis,
como alguns procedimentos médicos (intubação e
massagem cardíaca, por exemplo). Entretanto,
evidências da presença do vírus no ar levantaram
a preocupação para a existência da transmissão
por aerossol para além desses procedimentos.
Uma consideração importante sobre esse fato é
que detectar a presença do vírus no ar não é
suficiente para confirmar a transmissão do
SARS-CoV-2 pelo ar, visto que essa depende de
muitos outros fatores para ocorrer.

FIGURA 4

Imagem original de: Manual do Cremesp de melhores práticas clínicas na Covid-19.

Existem quatro tipos possíveis de transmissão


do SARS-CoV-2: transmissão por sintomáticos,
transmissão por pré-sintomáticos, transmissão
por assintomáticos e transmissão ambiental. A
transmissão por sintomáticos é aquela na qual os
indivíduos portadores da COVID-19 transmitem o
o vírus enquanto estão manifestando sintomas da
doença.

52
ALUNOS CONTRA O CORONA

Essa é a forma mais fácil de ser compreendida,


uma vez que indivíduos sintomáticos espirram e
tossem, liberando gotículas contaminadas no
ambiente. A segunda possibilidade é a
transmissão por pré-sintomáticos, que são
indivíduos que já estão infectados pelo SARS-
CoV-2, mas que ainda não começaram a
manifestar sintomas da doença. Assim, essa
transmissão ocorre na fase de incubação do
vírus, que corresponde ao período de tempo
desde a aquisição do vírus até o início da
apresentação dos sintomas e que pode variar de
2 a 14 dias.
Já a transmissão por assintomáticos, embora
menos frequente, também é possível. O indivíduo
assintomático é aquele que possui confirmação
laboratorial da doença COVID-19, mas não
manifesta nenhum sintoma. Aqui é importante
enfatizar a diferença que existe entre o indivíduo
pré-sintomático e o indivíduo assintomático. O
assintomático é aquele que se infecta com o vírus
e que em nenhum momento durante a infecção
apresentará sintomas da doença, nem mesmo
sintomas leves. Já o indivíduo pré-sintomático é
aquele que está infectado pelo vírus e não
manifesta sintomas ainda, porém irá manifestá-
los e esses poderão variar de leves a graves. Por
fim, há a transmissão ambiental, na qual as
gotículas expelidas por indivíduos infectados
contaminam objetos e superfícies que, assim,
tornam-se fontes de infecção.
Desse modo, fica evidente que indivíduos podem
estar infectados pelo SARS-CoV-2 sem manifestar
nenhum sintoma da COVID-19, ou por estarem em
fase pré-sintomática da doença ou por
apresentarem a forma assintomática Ainda
devemos considerar aqueles casos nos quais o

53
ALUNOS CONTRA O CORONA

o indivíduo apresenta sintomas tão leves que não


suspeita da possibilidade de estar com a doença
COVID-19. Considerando que em todos esses
casos, em maior ou menor grau, os indivíduos
podem estar transmitindo o vírus para outras
pessoas e contaminando ambientes, conseguimos
compreender o alto poder de transmissão que o
SARS-CoV-2 possui e por que todas as orientação
de contenção da propagação do vírus, como o uso
de máscaras, a higienização frequente das mãos
e o distanciamento social, são importantes e
devem ser corretamente adotadas.

EXISTE A POSSIBILIDADE DE

REINFECÇÃO OU REATIVAÇÃO DO

VÍRUS?

A reinfecção diz respeito a uma segunda


infecção viral após ter sido recuperado de uma
primeira infecção, ou ainda uma nova infecção
que se sobrepõe a uma infecção já existente,
sendo essas do mesmo tipo. Já a reativação seria
a possibilidade do vírus permanecer no
organismo de forma latente (ou seja, sem
atividade) e, após um período de tempo, ativar-se
e voltar a provocar agressões. A discussão sobre
essas possiblidades iniciou-se após alguns
relatos da Coreia do Sul, China e Japão de
pacientes que, depois de terem sido considerados
curados da doença COVID-19, voltaram a
apresentar testes com resultados positivos para a
infecção pelo SARS-CoV-2. Porém, a maioria
desses casos revelaram, posteriormente, que
ocorreram falhas nos testes.

54
ALUNOS CONTRA O CORONA

Todavia, no mês de agosto de 2020 ocorreram


alguns registros de casos de reinfecção pelo
SARS-CoV-2 em Hong Kong 8 e nos Estados
Unidos da América 9, nos quais foram realizados
os sequenciamentos genéticos dos vírus
envolvidos em cada uma das infecções,
comprovando que se tratavam de cepas virais
geneticamente distintas. Embora esses casos de
reinfecção possam ser raros, chama a atenção
para a possibilidade de que uma exposição inicial
ao SARS-CoV-2 pode não garantir uma imunidade
completa a todos os indivíduos, além dos
impactos que essa descoberta pode ter no
desenvolvimento de vacinas eficazes. No Brasil,
até o momento já existem vários casos
documentados de reinfecção pelo SARS-CoV-2.
Por se tratar de um vírus novo, ainda há muito
para ser descoberto em relação ao SARS-CoV-2.
O reconhecimento da capacidade de mutação de
um vírus é um passo importante para a
determinação da possibilidade de reinfecção que
esse possui. Entende-se por mutação a
capacidade do vírus de alterar o seu material
genético. Quanto menor a capacidade de mutação
do vírus (quanto mais estável o vírus for), menor
é chance de reinfecção, pois o organismo humano
reconhece o vírus em um segundo contato com
ele e, rapidamente, ativa o sistema imune, que se
recorda de como o destruiu na primeira infecção.
Já os vírus com maior taxa de mutação são
capazes de alterar suas características com muita
facilidade, sendo mais propensos a reinfectar um
organismo. Isso é explicado porque um vírus com
alto poder de mutação é capaz de modificar tanto
as suas características ao ponto de parecer um
invasor totalmente novo e desconhecido para o
organismo humano. Dessa forma, o sistema

55
ALUNOS CONTRA O CORONA

imune não reconhecerá esse vírus modificado e


não terá lembranças de como destruí-lo de forma
rápida.

REFERÊNCIAS

COMO O NOVO CORONAVÍRUS ENTRA E ATUA NO NOSSO CORPO?

1- Du, L., He, Y., Zhou, Y. et al. The spike protein of


SARS-CoV — a target for vaccine and therapeutic
development. Nat Rev Microbiol 7, 226–236 (2009).
https://doi.org/10.1038/nrmicro2090. Disponível em:
https://www.nature.com/articles/nrmicro2090
2- Hoffmann M, Kleine-Weber H, Schroeder S, Krüger
N, Herrler T, Erichsen S, Schiergens TS, Herrler G, Wu
NH, Nitsche A, Müller MA, Drosten C, Pöhlmann S.
SARS-CoV-2 Cell Entry Depends on ACE2 and
TMPRSS2 and Is Blocked by a Clinically Proven
Protease Inhibitor. Cell. 2020 Apr 16;181(2):271-280.e8.
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32142651; PMCID: PMC7102627.
3- Akhmerov A, Marban E. COVID-19 and the Heart.
Circulation Research 2020 April 7. Disponível em:
https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/CIRCRESAHA.12
0.317055
4- Wiersinga WJ, Rhodes A, Cheng AC, Peacock SJ,
Prescott HC. Pathophysiology, Transmission, Diagnosis,
and Treatment of Coronavirus Disease 2019 (COVID-19):
A Review. JAMA. 2020;324(8):782–793.
doi:10.1001/jama.2020.12839

COMO O NOVO CORONAVÍRUS É TRANSMITIDO?

56
ALUNOS CONTRA O CORONA

1- Como o coronavírus (COVID-2019) é transmitido?


Secretaria da Saúde de Curitiba. Acesso em 16 de maio
de 2020. Disponível em:
http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/conteud
o.php?conteudo=3511
2- Folha informativa – COVID-19 (doença causada pelo
novo coronavírus). Organização Pan Americana de
Saúde. Brasil. Acesso em 16 de maio de 2020.
Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?
option=com_content&view=article&id=6101:covid19&Itemi
d=875
3- World Health Organization. Coronavirus disease
2019 (COVID-19) Situation Report -73 [acesso em
12/06/2020]. Disponível em:
https://www.who.int/docs/default-
source/coronaviruse/situation-reports/20200402-
sitrep-73-covid-19.pdf?sfvrsn=5ae25bc7_2
4- Klompas M, Baker MA, Rhee C. Airborne
Transmission of SARS-CoV-2: Theoretical
Considerations and Available Evidence. JAMA [acesso
em 25/07/2020]. Disponível em:
https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/276
8396
5- Morawska L, Milton DK. It is Time do Address
Airborne Transmission of COVID-19. Oxford University
Press for the Infectious Diseases Society of America
[acesso em 25/07/2020]. Disponível em:
https://academic.oup.com/cid/article/doi/10.1093/cid/ci
aa939/5867798

EXISTE POSSIBILIDADE DE REINFECÇÃO

OU REATIVAÇÃO DO VÍRUS?

1- Zhang B, Liu S, Dong Y, et al. Positive rectal swabs


in young patients recovered from coronavirus disease
,

57
ALUNOS CONTRA O CORONA

2019 (COVID-19) [published online ahead of print, 2020


Apr 23]. J Infect. 2020;S0163-4453(20)30233-4.
doi:10.1016/j.jinf.2020.04.023 Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32335176/?
from_term=Covid+19+reinfection&from_pos=5
2- Prinzi, Andrea. False Negative and Reinfections: the
Challenges of SARS-CoV-2 RT-PCR Testing [published
online ahead of print, 2020, Apr 27]. Disponível em:
https://asm.org/Articles/2020/April/False-Negatives-
and-Reinfections-the-Challenges-of
3- Cameron MJ, Kelvin AA, Leon AJ, et al. Lack of innate
interferon responses during SARS coronavirus
infection in a vaccination and reinfection ferret model.
PLoS One. 2012;7(9):e45842.
doi:10.1371/journal.pone.0045842 Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/23029269/?
from_term=coronavirus+reinfection&from_pos=1
4- Alizargar J. Risk of reactivation or reinfection of
novel coronavirus (COVID-19) [published online ahead
of print, 2020 Apr 23]. J Formos Med Assoc.
2020;S0929-6646(20)30149-2.
doi:10.1016/j.jfma.2020.04.013
5- Callow KA, Parry HF, Sergeant M, Tyrrell DA. The
time course of the immune response to experimental
coronavirus infection of man. Epidemiol Infect.
1990;105(2):435‐446. doi:10.1017/s0950268800048019
Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/2170159/
6- Li, Y., Hu, Y., Yu, Y., Zhang, X., Li, B., Wu, J., Li, J., Wu,
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Sars‐Cov‐2 in faeces and sputum from discharged
patient with COVID‐19 in Yiwu, China. J Med Virol.
Accepted Author Manuscript. doi:10.1002/jmv.25905.

7- Bao, L., Deng W., Gao H., et al. (2020), Reinfection

58
ALUNOS CONTRA O CORONA

could not occur in SARS-CoV-2 infected rhesus


macaques doi: https://doi.org/10.1101/2020.03.13.990226
8- COVID-19 re-infection by a phylogenetically distinct
SARS-coronavirus-2 strain confirmed by whole
genome sequencing - Kelvin Kai-Wang To et al. Clinical
Infectious Diseases [25 August 2020]. DOI:
https://doi.org/10.1093/cid/ciaa1275
9- Tillett R, Sevinsky J, Hartley P, Kerwin H, Crawford
N, Gorzalski A, et al. Genomic Evidence for a Case of
Reinfection with SARS-CoV-2 [Internet]. Rochester, NY:
Social Science Research Network; 2020 ago [citado 1o
de setembro de 2020]. Report No.: ID 3681489.
Disponível em:
https://papers.ssrn.com/abstract=3681489
10- Teste positivo para covid-19 em quem já teve a
doença leva cientistas a investigarem se é possível
reinfecção – Jornal da USP [Internet]. [citado 1o de
setembro de 2020]. Disponível em:
https://jornal.usp.br/ciencias/teste-positivo-para-
covid-19-em-quem-ja-teve-a-doenca-leva-cientistas-
a-investigarem-se-e-possivel-reinfeccao/

59
5.

QUAIS OS

SINAIS E

SINTOMAS

DA COVID-19?

AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE CAPÍTULO


TIVERAM SUA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM
FEVEREIRO DE 2021.
ALUNOS CONTRA O CORONA

OOOOquadro
O clínico da COVID-19 é bastante vari-
ável, existindo casos assintomáticos (sem sinto-
mas), ou ainda com manifestações respiratórias
classificadas como formas Leve, Moderada, Grave
e Crítica, além de formas atípicas (exclusivamente
com achados gastrointestinais, ou cardíacos, ou
neurológicos, por exemplo), sendo globalmente
considerada uma doença com espectro multifa-
cetado.

A maioria dos casos de COVID-19, aproxima-


damente 85%, pode ser manejado ambulatorial-
mente, sem necessidade de internação, apenas
com tratamento sintomático. Nessa categoria
estão os assintomáticos ou pré-sintomáticos
(30%) e os com a forma leve 55%.

Já uma minoria, cerca de 15%, podem necessitar


de internação hospitalar por apresentarem
dificuldade respiratória, se dividindo em COVID
Moderada, Grave e Crítica. Na COVID Moderada e
Grave (10% dos casos), há necessidade de suple-
mentação de oxigênio em leitos de enfermaria,
sem necessidade de ventilação mecânica (VM).
Porém, na COVID Crítica (5% dos casos), é
necessário internação em leitos de Unidade
Terapia Intensiva (UTI), e na maioria das vezes
intubação oro-traqueal (IOT) para realizar a VM. A
Figura 1 ilustra as formas clínicas da COVID-19 e
sua distribuição estimada nos infectados pelo
SARS-COV-2.1,2,3

Na COVID Leve os sintomas mais comuns são


semelhantes à resfriado comum ou síndrome
gripal, e estão detalhados na figura 2. 4 Os
sintomas iniciam-se entre 2 a 14 dias após a
infecção pelo SARS-CoV-2 (período de incubação)
e existe grande variação da intensidade desses
sintomas entre os indivíduos infectados.

61
ALUNOS CONTRA O CORONA

Formas Clínicas da COVID-19 e Distribuição Estimada nos Infectados pelo SARS-


FIGURA 1
COV-2 (Elaborada pelo Prof. Dr. Alexandre Naime Barbosa). 1,2,3

Assintomáticos/ Oligossintomáticos Síndrome Pneumonia Pneumonia SRAG em UTI


Pré-sintomáticos Respiratórios Moderada Grave IOT/VM
Gripal (Fase 2a) (Fase 2b) (fase 3)

Resfriado Pneumonia
Comum Leve
COVID COVID
Moderada Grave
Formas Atípicas
Não Respiratórias

COVID Mod. COVID


30% COVID Leve 55% e Grave 10%
Crítica
5%

COVID Leve: Estabilidade Respiratória, hemodinâmica e neurológica;


Saturação >94% em ar ambiente; FR <30; SpO2/FiO2 >300
COVID Moderada: SRAG: Sat. <94% em ar ambiente, FR>30; SpO2/FiO2 235 a 200
(F2a) Estabilidade Hemodinâmica e Neurológica.
COVID Grave: SRAG: SpO2/FiO2 150 a 235;
(F2b) Estabilidade Hemodinâmica e Neurológica
COVID Crítica: SRAG: SPO2/FiO2 < 150, necessidade de IOT/VM em UTI e/ou
(F3) instabilidade hemodinâmica e neurológica.

FIGURA 2 Sintoma,
Sintoma % N=1420
Frequência dos Dor de cabeça 70,3
sintomas na Perda de olfato 70,2
COVID Leve. 4
Traduzido e Obstrução nasal 67,8
adaptado.. Astenia 63,3
Tosse 63,2
Mialgia 62,5
Rinorreia 60,1
Disfunção de paladar 54,2
Dor de garganta 52,9
Febre (>38ºC] 45,4

62
ALUNOS CONTRA O CORONA

A orientação para indivíduos que iniciem


sintomatologia compatível com COVID Leve é
procurar atendimento médico em Unidades
Básicas de Saúde ou serviços ambulatoriais
correlatos o mais precoce possível, ressaltando
que a busca de um Pronto-Socorro ou Unidade de
Urgência e Emergência deve ser feito somente na
suspeita de formas mais graves de COVID. A
avaliação ambulatorial é essencial para que sejam
realizadas três medidas médicas fundamentais5,6 :

Diagnóstico Clínico: avaliação médica que


levará em conta a probabilidade dos
sintomas serem compatíveis com COVID, e
necessidade de indicação de isolamento e
testagem;
Testagem Laboratorial: realização de exame
laboratorial confirmatório, sendo os mais
indicados os de swab nasal e orofaringe
(RT-PCR ou Antígenos);
Avaliação de Risco para formas graves da
COVID: leva em conta a presença de
sintomas como dispneia e taquipenia,
oximetria digital (detecção da hipóxia
silenciosa) e a presença de comorbidades,
entre outros.

Adicionalmente, em casos suspeitos de COVID


Leve, deve-se evitar o contato com outras
pessoas (isolamento voluntário), principalmente
aquelas que pertencem aos grupos de risco de
formas graves de COVID-19, como idosos,
hipertensos, diabéticos, obesos e portadores de
doenças pulmonares crônicas.

63
ALUNOS CONTRA O CORONA

oQuando existe a suspeita de formas mais


graves da COVID, o indivíduo deve procurar
imediatamente o Pronto-Socorro ou Unidade de
Urgência e Emergência, pois a intervenção mé-
dica rápida nesses casos pode interromper a
progressão da doença. Se destacam como sinais
de alerta para formas graves da COVID: falta de
ar, dificuldade para respirar, desconforto ou dor
intensos ao inspirar, febre frequentemente maior
que 38,5ºC e desmaios ou perda da consciência.4,5,6

REFERÊNCIAS

1. Wu Z, McGoogan JM. Characteristics of and Important


Lessons From the Coronavirus Disease 2019 (COVID-19)
Outbreak in China: Summary of a Report of 72 314
Cases From the Chinese Center for Disease Control and
Prevention. JAMA. 2020;323(13):1239-1242.
2. UptoDate. Coronavirus disease 2019 (COVID-19):
Clinical features. Last updated Dec 17, 2020. [acesso em
31/01/2021] Disponível em https://www.uptodate.com/
contents/coronavirus-disease-2019-covid-19-clinical-
features
3. National Institute of Health (NIH). Clinical Spectrum
of SARS-CoV-2 Infection. Last updated October 9, 2020.
[acesso em 31/01/2021] Disponível em
https://www.covid19treatmentguidelines.nih.gov/overvie
w/clinical-spectrum/
4. Lechien JR, Chiesa-Estomba CM, Place S, et al.
Clinical and epidemiological characteristics of 1420
European patients with mild-to-moderate coronavirus
disease 2019. J Intern Med. 2020;288(3):335-344.

64
ALUNOS CONTRA O CORONA

5. Sociedade Brasileira de Infectologia - Atualizações e


recomendações sobre a Covid-19 – Atualização de
09/12/2020 [acesso em 31/01/2021] Disponível em
https://infectologia.org.br/2020/12/09/atualizacoes-e-
recomendacoes-sobre-a-covid-19/
6. World Health Organization - COVID-19 Clinical
management: Living Guidance - Last updated January
25, 2021. [acesso em 31/01/2021] Disponível em
https://www.who.int/publications/i/item/WHO-2019-
nCoV-clinical-2021-1

65
6.

DIAGNÓSTICO

LABORATORIAL

DA COVID-19

AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE CAPÍTULO


TIVERAM SUA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM
DEZEMBRO DE 2020.
ALUNOS CONTRA O CORONA

INTRODUÇÃO

O diagnóstico laboratorial da COVID-19


precisamente estabelecido tem um impacto
importante não apenas no combate à pandemia
interrompendo a cadeia de transmissão, mas
também no prognóstico do paciente ao permitir o
pronto fornecimento de cuidados de suporte
específico.

DIAGNÓSTICO CLÍNICO -

EPIDEMIOLÓGICO

A ssim como descrito no capítulo anterior, o


quadro clínico na Covid-19 pode variar desde
quadros oligo/assintomáticos a pneumonia grave,
incluindo Síndrome Respiratória Aguda Grave
(SRAG) e Síndrome Inflamatória Sistêmica. Dessa
forma, conforme recomendações do Ministério da
Saúde, o médico atendente deverá levantar a
suspeita clínica ao se deparar com pacientes que
apresentem Síndrome Gripal (SG), SRAG ou
outros sintomas individualmente presentes e
consistentes como mialgia (dores musculares),
distúrbios gastrointestinais (diarreia, náusea ou
vômito) e perda ou diminuição do olfato ou do
paladar.
A SG se trata de um quadro respiratório agudo de
trato respiratório alto caracterizado por sensação
febril ou febre, mesmo que relatada,
acompanhada de tosse e/ou dor de garganta e/ou
coriza. Nas crianças, na ausência de outro

67
ALUNOS CONTRA O CORONA

diagnóstico, a obstrução nasal é considerada. Nos


idosos a febre pode estar ausente, sendo
importante considerar síncope (perda súbita ou
transitória da consciência), confusão mental
sonolência em excesso, irritabilidade e perda de
apetite.
A SRAG se trata de uma SG que apresente
dispneia/desconforto respiratório ou pressão
persistente no tórax ou saturação de O2 no
sangue menor que 95% em ar ambiente ou
coloração azulada dos lábios ou rosto. Nas
crianças deve-se observar também batimentos de
asa de nariz, tiragem intercostal (retração
respiratória do espaço intercostal), desidratação e
perda de apetite.
Dessa forma, o médico deve considerar como
caso suspeito de COVID-19 aqueles pacientes com
SG ou SRAG, principalmente os que tiveram
histórico de contato próximo ou domiciliar com
caso confirmado laboratorialmente para COVID-19
nos últimos 2 a 14 (média de 5 a 7) dias antes do
aparecimento dos sintomas.

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

A solicitação de exames laboratoriais para


confirmação diagnóstica está indicada em todos
os casos sintomáticos com SG ou SRAG no
contexto da atual Pandemia COVID-19. Além da
etiologia do vírus SARS-CoV-2, é importante
considerar o vírus Influenza e outros causadores
de resfriados comuns, além de bactérias que
causem pneumonia, à depender do quadro clínico.

68
ALUNOS CONTRA O CORONA

O RT-PCR (Reverse transcription polymerase


chain reaction) em secreção nasal e orofaringe
colhido por swab é considerado o método
padrão-ouro na prática clínica para o diagnóstico
do SARS-CoV-2 em pacientes sintomáticos na
fase aguda, devendo ser idealmente coletado
entre o 3º e 7º dia após início dos sintomas,
detectando o vírus por meio da análise do
material genético presente na amostra coletada.
Este exame é indicado para todos os indivíduos
sintomáticos com SG ou SRAG, ou ainda na
suspeição de COVID-19 com sintomatologia não
respiratória. A sensibilidade do RT-PCR varia
entre 70 à 80%, portanto com cerca de 20 à 30 %
de falso negativo, taxa que pode ser mais alta
após o 7º dia de sintomas. Já a especificidade é
de virtualmente 100%, sendo raríssimos os casos
de falso positivos.
Os exames imunológicos (sorologia por
imunocromatografia, teste rápido para detecção
de anticorpo IgM e/ou anticorpo IgG, ensaio
imunoenzimático - ELISA IgM ou imunoensaio por
eletroquimioluminescência - ECLIA IgG) são testes
para detecção de anticorpos contra o SARS-CoV-
2 e podem detectar doença em fase ativa, mas
somente após a primeira semana de doença,
quando a maioria dos pacientes já não está mais
sintomático. Portanto, possuem a limitação da
necessidade de espera até o 8º dia após o início
dos sintomas para que haja tempo suficiente a
fim de que o sistema imunológico seja capaz de
produzir quantidades suficientes de anticorpos
que possam ser detectados pelo teste. Assim, a
chance de falso-negativo na primeira semana
ultrapassa 70%, inviabilizando os testes
sorológicos para uso no diagnóstico de casos
sintomáticos suspeitos de COVID-19.

69
ALUNOS CONTRA O CORONA

Outro grande problema dos testes sorológicos é


a baixa especificidade, cerca de 50% dos testes
imunológicos reagentes são falso-positivos, por
reação cruzada com outras infecções do passado,
como alfa-coronavírus (relacionados à resfriados
comuns), ou dengue.
Portanto, é importante ressaltar que em casos
de SG, devido à possibilidade de testes falso-
negativos, exames não detectados ou não
reagente NÃO excluem completamente a etiologia
por COVID-19, principalmente se o período ótimo
de testagem discutido acima não for observado. À
critério médico, poderá ser necessário uma nova
coleta, ou manutenção do isolamento compulsório
por 10 à 14 dias. Outra consequência de testes
falso-negativos é a inadequação de testagem de
assintomáticos com a intenção de constatação de
não estar infectado, conduta que deve ser
desencorajada.
Em casos de SRAG, além da testagem por RT-
PCR, é importantíssima a realização de
Tomografia Computadorizada (TC) de Tórax, pois
esse exame de imagem tem alto valor preditivo
positivo quando demonstra o padrão mais típico
da COVID-19 Grave, descritos em ordem
decrescente como: opacidades em vidro fosco,
opacidades em vidro fosco associado a
espessamento dos septos interlobulares,
caracterizando o padrão de pavimentação em
mosaico (“crazy paving”) e opacidades em vidro
fosco associado a consolidações. Além disso, a TC
de Tórax também é útil como marcador de
prognóstico, porque avalia percentualmente a área
pulmonar acometida, podendo se antecipar à
quadros hipoxêmicos pouco sintomáticos.
Porém, é fundamental ressaltar que segundo

70
ALUNOS CONTRA O CORONA

recomendação do Colégio Brasileiro de


Radiologia, os exames de imagem como a
Tomografia Computadorizada não devem ser
utilizados de maneira isolada, pois possuem um
caráter auxiliar na definição diagnóstica
necessitando de uma adequada correlação com os
achados clínicos e laboratoriais e não sendo
indicados para pacientes assintomáticos ou
sintomáticos leves.
Portanto, para a definição confirmatória ou
descarte de caso suspeito de COVID-19 em SRAG,
é necessário associar os dados clínicos,
laboratoriais e de imagem. O resultado do RT-PCR:
“COVID detectado”, confirma o diagnóstico. Porém
nos casos de resultado de RT-PCR: “não
detectado”, a possibilidade de exame falso-
negativo deve ser levada em consideração.
Portanto, sugere-se a condução conforme as
situações abaixo:

a) Caso COVID Confirmado:


RT-PCR com resultado “COVID detectado”,
independentemente dos achados clínicos ou
tomográficos.
b) Caso Descartado:
RT-PCR com resultado “COVID não detectado”,
com baixa suspeição clínica e TC Tórax não
sugestiva.
c) Repetir RT-PCR COVID:
1º RT-PCR com resultado “COVID não detectado”,
com alta suspeição clínica e/ou TC Tórax
sugestiva (manter isolamento até 2º resultado, ou
mesmo até 14º dias após início dos sintomas, se
dúvida persistir).

71
ALUNOS CONTRA O CORONA

SUBDIAGNÓSTICO

S ubdiagnóstico é a falha em reconhecer ou


diagnosticar corretamente uma doença ou
condição especialmente em uma proporção
significativa de pacientes.
A transmissão do SARS-CoV-2 pode ocorrer
pessoa a pessoa, sejam elas sintomáticas ou não,
sendo assim, as pessoas assintomáticas são uma
fonte de infecção em potencial e podem espalhar
o vírus gerando uma cadeia de transmissão.
A fração de infecções por coronavírus não
documentada tem importância significativa para a
compreensão do potencial de disseminação da
doença conforme apontou Li R. et al (2020) que
estimou a fração de infecções não documentadas
pelo SARS-CoV2 e sua contagiosidade, levando
em consideração a mobilidade da população e
dessa forma estimou que 86% de todas as
infecções não foram documentadas (IC 95%: 82%–
90%). Essas infecções não documentadas foram
55% tão contagiosas quanto as infecções
documentadas (IC 95%: 46% a 62%), sendo que as
infecções não documentadas foram a fonte de
infecção de 79% dos casos documentados.
Em Nota Técnica nº 7 (NT7) “Análise de
subnotificação do número de casos confirmados
da COVID-19 no Brasil”, que analisou os níveis de
subnotificação dos casos oficiais de Covid-19 no
Brasil até 10 de Abril de 2020, apontou-se que as
notificações representam apenas 8% dos casos e,
com isso, o número real pode ser até 12 vezes
maior ao oficial divulgado pelo Ministério da
Saúde.

72
ALUNOS CONTRA O CORONA

Em São Paulo, que detém a maioria dos casos


confirmados no país, apenas 31,79% do total de
testes para COVID-19 haviam sido entregues,
segundo os dados do boletim epidemiológico da
COVID-19 divulgado pelo Centro de Vigilância
Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde
de São Paulo em 17/04/2020.
O número de casos confirmados da Covid-19 é
uma informação essencial para a compreensão
da evolução da doença em nosso país. No
entanto, como aponta Prado et al. (2020), a
subnotificação que se observa no Brasil pode ser
explicada por alguns fatores como a demora
entre a realização dos testes na população devido
a dificuldades operacionais e os resultados dos
exames, a falta de novos exames e as orientações
para a realização de testes apenas em casos
mais graves.
Assim, o baixo número de testes e a demora
nos resultados interferem nos números oficiais,
elevando o grau de subnotificação, o que pode
sugerir uma falsa ideia de controle da doença e,
consequentemente, levar ao declínio na
implementação de ações de contenção, como o
isolamento horizontal.

REFERÊNCIAS

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no Brasil. Rev. bras. ter. intensiva vol.32 no.2 São Paulo
Apr/June 2020 Epub June 24, 2020. Disponível em:
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ALUNOS CONTRA O CORONA

2- Caliendo A.M.; Coronavirus disease 2019 (COVID-19):


Diagnosis. UpToDate. 10 de jul de 2020. Disponível em:
https://www.uptodate.com/contents/coronavirus-
disease-2019-covid-19-diagnosis?
topicRef=126981&source=related_link
3- Centro Técnico Científico/PUC-Rio. Testagem em
massa covid-19 [acesso em 23 abr 2020]. Disponível
em: http://www.ctc.puc-rio.br/numero-real-de-casos-
no-brasil-pode-ser-cerca-de-12-vezes-maior-
segundo-estudo-do-nois/
4- DIRETRIZES PARA DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA
COVID-19. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e
Insumos Estratégicos em Saúde – SCTIE. 7 de maio de
2020. Versão 4
5- Li R. Substantial undocumented infection facilitates
the rapid dissemination of novel coronavirus (SARS-
CoV2). Science. 16 mar 2020 [acesso em 23 abr 2020].
Disponível em:
https://science.sciencemag.org/content/early/2020/04
/24/science.abb3221
6- Merriam-Webster. Underdiagnosis definition
[acesso em 23 abr 2020]. Dísponível em:
https://www.merriam-
webster.com/medical/underdiagnosis
7- Orientações sobre Diagnóstico, Tratamento e
Isolamento de Pacientes com COVID-19 - Versão 01 -
13/04/2020; Grupo Força Colaborativa COVID-19 Brasil
(Associação Brasileira dos Profissionais em Controle
de Infecções e Epidemiologia Hospitalar, Sociedade
Brasileira de Infectologia, Comitê de Infecção
Relacionada à Assistência à Saúde, Associação de
Medicina Intensiva Brasileira, Sociedade Brasileira de
Anestesiologia)

74
ALUNOS CONTRA O CORONA

8- W. Joost Wiersinga. MD, Pathophysiology,


Transmission, Diagnosis, and Treatment of Coronavirus
Disease 2019 (COVID-19) A Review. JAMA. Publicado
online em 10 de julho de 2020.
doi:10.1001/jama.2020.12839

9- Prado M. Análise de subnotificação do número de


casos confirmados da COVID-19 no Brasil; Nota Técnica
7 – 11/04/2020; Núcleo de Operações e Inteligência em
Saúde (NOIS). 2020 abr [acesso em 23 abr 2020].
Disponível em:
https://cdn.msnoticias.com.br/upload/ckeditor/images/
nt7-subnotificacao-nota-dia-11-abr-2020.pdf
10- PROTOCOLO DE MANEJO CLÍNICO DO
CORONAVÍRUS (COVID-19) NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À
SAÚDE – VERSÃO 9. Secretaria de Atenção Primária à
Saúde (SAPS). Maio de 2020 Wang W. Detection of
SARS-CoV-2 in Different Types of Clinical Specimens.
JAMA. 11 mar 2020 [acesso em 25 abr 2020]. Disponível
em:
https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/276
2997

75
7.

TRATAMENTOS

DA COVID-19

AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE CAPÍTULO


TIVERAM SUA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM
FEVEREIRO DE 2021
ALUNOS CONTRA O CORONA

RACIONAL DO MANEJO

TERAPÊUTICO DA COVID-19

A. COVID leve (texto adaptado1 da Sociedade


Brasileira de Infectologia)
ooA COVID-19 em 85% dos casos apresenta
manifestação clínica assintomática ou branda
(COVID Leve) semelhante a outras infecções virais
agudas do trato respiratório alto, como resfriados
comuns ou síndrome gripal. Nesse tipo de
situação, as infecções respiratórias virais agudas
têm o manejo terapêutico divido em2-8 :

a) Tratamento etiológico específico: indicado


quando existem fármacos com eficácia
comprovada em impedir complicações de uma
doença que geralmente tem curso clínico benigno9 ;
oob) Tratamento coadjuvante sintomático: medi-
cações que tem como o objetivo mitigar a
sintomatologia na fase inicial da doença, dando
mais conforto e bem-estar ao paciente no
decorrer do processo agudo de adoecimento 8.

Na COVID-19 leve, os cinco principais achados


clínicos (sinais e sintomas) e frequência estimada
na fase inicial são: tosse (50%), febre referida ou
aferida maior que 38°C (43%), mialgia, que
significa dor muscular generalizada (36%),
cefaleia, que significa dor de cabeça (34%), dor de
garganta (20%). Como já mencionado, em cerca de
80 a 85% dos infectados a doença se limita a
esses achados, com recuperação espontânea sem
necessidade de tratamento específico.2,10

A explicação fisiopatológica para os sintomas


ac
77
ALUNOS CONTRA O CORONA

acima inclui a invasão tecidual direta do vírus no


trato respiratório, e a consequente produção de
citocinas, potentes mediadores inflamatórios que
circulam pelo corpo todo, sinalizando ao sistema
imune as vias de resposta para a eliminação do
patógeno, mas trazendo consigo os fenômenos
reativos de febre, mialgia, cefaleia e dor de
garganta.11,12

Importantíssimo destacar que a magnitude da


febre, mialgia, cefaleia e dor de garganta, ainda
que potencialmente autolimitadas, podem levar a
uma experiência extremamente impactante e
desagradável à pessoa adoecida. Seria, portanto,
completamente desumano e antiético para o
médico não tratar sintomaticamente para dor e
febre um paciente com sintomas clínicos
sugestivos de COVID-19 leve, com fármacos de
eficácia e segurança reconhecida de longa data
para esses sintomas. Independentemente da
etiologia infecciosa aguda, fármacos como a
dipirona e paracetamol, entre outros, têm
indicação em bula.13,14

Diversos documentos oficiais de entidades


governamentais e científicas recomendam o uso
de medicações para o controle dos sintomas na
COVID-19, destacando inicialmente a Organização
Mundial de Saúde, que em seu documento “Manejo
Clínico da COVID-19”, destaca: “Nós recomendamos
que os pacientes como COVID-19 leve recebam
tratamento sintomático para febre e dor, nutrição
adequada e hidratação apropriada”.15

A Harvard Medical School recomenda em seu


documento intitulado “Tratamento para COVID-19 -
O que ajuda, o que não funciona e o que está por
vir” que o tratamento sintomático deva ser feito
com paracetamol ou ibuprofeno, outra medicação
c

78
ALUNOS CONTRA O CORONA

com ação antipirética e analgésica.16


De forma geral, o tratamento sintomático da
COVID-19 leve está indicado, portanto, com
paracetamol ou dipirona ou ibuprofeno ou anti-
inflamatórios não esteroides para controle da dor
e/ou da febre nesses pacientes, considerando o
uso cuidadoso em indivíduos sabidamente
alérgicos a um desses grupos farmacológicos.17

Ainda não existem ensaios clínicos randomi-


zados para avaliação de medicações sintomáticas
na COVID-19, pois seria antiético e contrapro-
ducente no atual momento desenhar ou mesmo
discutir estudos controlados com placebo, ou
mesmo análises comparativas entre drogas para
dor e febre, visto a abundância de medicações
antipiréticas e analgésicas comprovadamente
eficazes e disponíveis no mercado mundial, utili-
zados com o mesmo objetivo para outras
doenças, e o baixo custo de aquisição de todas
essas opções.

Em relação ao tratamento etiológico específico,


diversas medicações têm sido estudadas em
relação à potenciais efeitos benéficos em impedir
a progressão da COVID Leve para formas mais
graves, ou mesmo prevenir a infecção pelo SARS-
COV-2, mas infelizmente até o presente momento
nenhuma delas conseguiu alcançar os parâmetros
de eficácia que serão discutidos posteriormente
ainda nesse capítulo.

Infelizmente, drogas publicizadas e usadas na


COVID Leve sem critério científico como a
hidroxicloroquina, cloroquina, ivermectina, nitazo-
xanida, colchicina, azitromicina, prednisona,
dexametasona, ozônio retal entre outras não tem
resultados de benefício de eficácia clínica com-
pro

79
ALUNOS CONTRA O CORONA

comprovados pela ciência e não são recomen-


dados pela totalidade das entidades científicas e
autoridades sanitárias ao redor do mundo, como
ilustrado na Figura 1. 1

Lista de Entidades Científicas e Autoridades Sanitárias que não


recomendam ou contra-indicam tratamento etiológico específico
FIGURA 1
para a COVID Leve com as medicações em estudo até o
momento.1

80
ALUNOS CONTRA O CORONA

Além de não ter eficácia clínica em alterar a


história natural da COVID Leve, preocupa o uso
das medicações citadas sem comprovação
científica pelo risco de eventos adversos (efeitos
colaterais) e complicações quando mal indicadas,
em especial duas delas:

• Azitromicina: o uso desse antibiótico deve


ser restrito à formas mais graves de COVID,
quando há risco de pneumonias bacterianas
secundárias, sendo que o uso indiscriminado
está relacionado ao fenômeno de resistência
antimicrobiana15 ;

• Dexametasona: os corticoides (também


prednisona) só estão indicados nas formas
de COVID Grave e Crítica, onde há
necessidade de alto fluxo de suplementação
de oxigênio, sendo que se usados na COVID
Leve aumentam o tempo de sintoma e a carga
viral do SARS-COV-2, facilitando sua
transmissão 15.

B. COVID Moderada, Grave e Crítica


(Pacientes Internados)
No manejo das formas Moderada, Grave e
Crítica, algumas condutas tem comprovada
evidência científica em alterar a história natural
da doença, reduzindo os dias de hospitalização,
internações em UTI e óbitos, sendo que a figura 2
resume essas indicações.15,18

81
ALUNOS CONTRA O CORONA

Racional terapêutico baseado em evidências científicas


FIGURA 2
(adaptado e traduzido pelo Prof. Dr. Alexandre Naime Barbosa)15,18

Portanto, dentre as principais condutas que


estão cientificamente indicadas na COVID
Moderada, Grave e Crítica, estão:
a. Oxigenioterapia Suplementar: indicada de
forma gradativa para as formas de COVID
Moderada (Fase 2a), e imperativa para as formas
graves e críticas, com meta de manter uma
relação de oxigenação sanguínea adequada, quer
seja por cateter nasal, ou máscara facial, e em
formas graves, através da IOT em VM.15
b. Dexametasona: indicada para pacientes com
demanda de alto fluxo de oxigênio em internação
hospitalar, especialmente para as formas graves e
críticas.15
c. Anticoagulação Profilática: indicada para
pacientes em internação hospitalar, principal-
mente os acamados e nas formas graves e
críticas.15

82
ALUNOS CONTRA O CORONA

COMO COMPROVAR A EFICÁCIA

DE UM MEDICAMENTO?

A disseminação da COVID-19 pelo mundo, bem


como os grandes impactos gerados na política, na
economia, nos serviços de saúdes e na sociedade
como um todo, desencadeou uma busca acelerada
por medicamentos que seriam capazes de tratar
ou evitar a nova doença. Rapidamente, foi feito o
sequenciamento do genoma do SARS-CoV-2, o
que permitiu a realização de testes diagnósticos,
o rastreamento epidemiológico e o desenvolvi-
mento de pesquisas em busca de possíveis
tratamentos. Entretanto, antes de conhecer quais
medicamentos estão sendo estudados em busca
da prevenção ou do tratamento da COVID-19, é
necessário compreender como a eficácia de um
medicamento é comprovada.

oooPara que um medicamento possa ser


registrado e comercializado deve passar por um
processo criterioso de análise, a fim de
comprovar sua eficácia, qualidade e segurança
para o uso humano. Caso um desses critérios não
seja preenchido, o medicamento não poderá ser
utilizado para o tratamento da doença para a qual
ele estava sendo estudado. Assim, com o objetivo
de garantir a eficácia, a segurança e a qualidade
dos medicamentos, esses deverão passar por
várias etapas de estudo. Inicialmente, há uma
clínica, na qual serão analisadas a ação
fase não clínica
do medicamento e a sua segurança em estudos
laboratoriais. Em um primeiro momento, esses
estudos laboratoriais são realizados in vitro
(ensaios laboratoriais utilizando apenas células,
se

83
ALUNOS CONTRA O CORONA

sem envolvimento de animais) e, posteriormente,


são realizados in vivo (ensaios laboratoriais com
utilização de animais).
Depois de concluída a fase não clínica, o
medicamento passará por uma fase clínica, na
fase clínica
qual há a investigação do funcionamento e da
segurança em seres humanos. Essa fase clínica
pode demorar anos para ser concluída e é
subdivida em quatro etapas. Na primeira etapa, o
medicamento será usado pela primeira vez em
seres humanos, que serão indivíduos voluntários
e saudáveis, a fim de avaliar a via de adminis-
tração da droga, a dose e possíveis interações do
medicamento. Essa primeira etapa é realizada
com uma amostra pequena de indivíduos
objetivando, principalmente, a análise da segu-
rança do medicamento. A segunda etapa envolve o
estudo em uma pequena amostra de indivíduos
voluntários, entretanto, dessa vez, portadores da
doença ou da condição para a qual o medica-
mento está sendo estudado. Nessa fase,
consegue-se aprofundar as informações sobre a
segurança do medicamento a curto prazo, além de
iniciar os estudos sobre a sua eficácia, o que
permite obter dados importante, como por exem-
plo a dose ótima e o intervalo de administração.

oNa terceira etapa, o estudo é ampliado


contando com a participação de milhares de
pacientes que serão acompanhados por um maior
período de tempo. Geralmente, é nessa etapa que
é feita a comparação entre o medicamento
estudado, o placebo e os tratamentos que já são
utilizados para a doença ou condição em questão,
caso existam. Dessa forma, nessa terceira etapa,
os pacientes do estudo costumam ser divididos
em dois grupos: um grupo controle, que receberá
a terapia já existente ou o placebo, e um grupo
inv

84
ALUNOS CONTRA O CORONA

investigacional, que receberá o medicamento em


teste. Tal divisão em grupos visa analisar qual
deles terá os melhores resultados. A quarta e
última etapa envolve o processos de farmacovi-
gilância, que ocorre depois que o medicamento já
está registrado e sendo comercializado. Nessa
etapa, busca-se conhecer detalhes adicionais
sobre segurança e eficácia, detectando novos
fatores de risco ou efeitos colaterais. Ela
proporciona a avaliação do medicamento em
grandes populações e a longo prazo.

Esta breve explicação de como é feita a


comprovação da eficácia de um medicamento
evidencia que a introdução de uma nova droga no
mercado, ou ainda a utilização de drogas já
existentes para um uso diferente do habitual, não
é um processo fácil, muito menos rápido. Um
novo tratamento carece da passagem por
diferentes etapas para que sua eficácia, segurança
e qualidade sejam realmente garantidas. Isso
significa que, não é porque um medicamento vem
se mostrando promissor em uma dessas etapas
que ele automaticamente pode ser considerado
adequado para o uso, visto que ele pode falhar
em alguma das etapas seguintes.

POR QUE OS VENTILADORES

MECÂNICOS SÃO NECESSÁRIOS?

Algumas medidas de suporte são extremamente


necessárias para auxiliar na recuperação dos
pacientes com COVID-19, principalmente aqueles
que evoluem com formas graves da doença. Nesse
sentido, um assunto muito comentado durante a
pandemia é a disponibilidade de equipamentos
nos
85
ALUNOS CONTRA O CORONA

nos hospitais, como os ventiladores mecânicos


necessários nas Unidades de Terapia Intensiva
(UTIs). Diante disso, muitas pessoas perguntam-
se por que existe essa grande necessidade de
ventiladores mecânicos para atendimento dos
casos mais graves. Para entender essa demanda,
deve-se considerar que uma das complicações
mais presentes nas formas graves da COVID-19 é
a insuficiência respiratória aguda, situação na
qual os pulmões não são capazes de funcionar
adequadamente. Com isso, há a redução da
disponibilidade de oxigênio no corpo,
comprometendo o funcionamento de todos os
órgãos.

Quadros de insuficiência respiratória aguda


carecem de uma ação rápida por parte dos
profissionais de saúde, pois, caso contrário, o
paciente poderá evoluir a óbito. Assim, uma das
medidas adotadas para o tratamento dessa
complicação é a oferta de suporte ventilatório
adequado, visando auxiliar o pulmão a
desempenhar o seu trabalho nesse momento em
que o seu funcionamento encontra-se
comprometido. Em alguns casos, apenas o uso de
uma máscara de oxigênio é suficiente, porém,
nos casos nos quais o funcionamento dos
pulmões está muito comprometido a máscara
pode não ser suficiente, sendo necessário o uso
do ventilador mecânico.

O ventilador mecânico é um equipamento que


possui a mesma função dos pulmões, permitindo
com que as trocas gasosas ocorram corretamente
e que, consequentemente, exista oxigênio
suficiente para o organismo. No contexto de
pandemia devemos compreender que, além de
existir uma carência de leitos de UTI em
determinadas regiões do país, não são todos os
ho

86
ALUNOS CONTRA O CORONA

hospitais que possuem esses ventiladores


mecânicos ou outros equipamentos necessários
para o bom atendimento do paciente com COVID-
19 grave em quantidade suficiente. Esses e muitos
outros problemas justificam a ideia propagada
durante a pandemia sobre a necessidade de
“achatamento da curva” de casos de COVID-19 no
país. Tal fenômeno evita o colapso do sistema de
saúde, situação na qual não existem leitos,
equipamentos e profissionais de saúde
suficientes para atender todos os pacientes que
necessitam.

REFERÊNCIAS

RACIONAL DO MANEJO TERAPÊUTICO DA COVID-19

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UpToDate - Topic 127759 Version 50.0 - Wolters Kluwer
– Autalizado em 30/11/2020.
18- Siddiqi HK, Mehra MR. COVID-19 illness in native
and immunosuppressed states: A clinical-therapeutic
staging proposal. J Heart Lung Transplant. 2020
May;39(5):405-407.

COMO COMPROVAR A EFICÁCIA DE UM MEDICAMENTO?

1- Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage


na internet]. Registro de novos medicamentos [acesso
em 31 jul 2020]. Disponível em: http://portal.anvisa.
gov.br/noticias/-/asset_publisher/FXrpx9qY7FbU/cont

89
ALUNOS CONTRA O CORONA

ent/registro-de-novos-medicamentos-saiba-o-que-e-
preciso/219201
2- Agência Nacional de Vigilância Sanitária
[homepage na internet]. Roteiro de Análise de Eficácia
e Segurança para Avaliação de Registro de
Medicamento Sintético [acesso em 31 jul 2020].
Disponível em:
http://portal.anvisa.gov.br/documents/33836/5518761/R
oteiro+de+An%C3%A1lise+de+Efic%C3%A1cia+e+Seguran%
C3%A7a+para+Avalia%C3%A7%C3%A3o+de+Registro+de+
Medicamento+Sint%C3%A9tico/fbbd6fa8-8358-4b34-
86a6-556ca91c32c0
3- Sociedade Brasileira de Profissionais em Pesquisa
Clínica [homepage na internet]. Quais as fases da
pesquisa clínica [acesso em 31 jul 2020]. Disponível
em: https://www.sbppc.org.br/fases-de-uma-pesquisa-
clinica

POR QUE VENTILADORES MECÂNICOS SÃO NECESSÁRIOS?

1- Surviving Sepsis Campaign: Guidelines on the


Management of Critically Ill Adults with Coronavirus
Disease 2019 (COVID-19). European Society of Intensive
Care Medicine and the Society of Critical Care Medicine
2020.
2- Azevedo LCP, Taniguchi LU, Ladeira JP, Martins HS,
Velasco IT. Medicina Intensiva: Abordagem Prática. 2.
ed. - Barueri, SP: Manole, 2015

90
8.

ORIENTAÇÕES

PARA OS

PORTADORES

DA COVID-19

AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE CAPÍTULO


TIVERAM SUA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM
SETEMBRO DE 2020.
ALUNOS CONTRA O CORONA

ORIENTAÇÕES SOBRE O ISOLAMENTO

DO PACIENTE COM COVID-19

No mês de agosto, a ANVISA atualizou os


critérios de suspensão da precaução respiratória
e por contato dos pacientes com a COVID-19,
seguindo as evidências científicas e também as
recomendações do CDC americano.1 A Nota Técnica
da ANVISA especifica os critérios para os casos
leves, moderados, graves e de acordo com as
condições prévias do sistema imune desses
pacientes.2 Assim, há uma diferença nos critérios
para os pacientes imunossuprimidos, como
exemplo temos os pacientes com HIV e baixa
contagem de células de defesa, os transplantados,
os que realizam quimioterapia, os que utilizam
altas doses de corticoides ou terapias
imunossupressoras.
Os casos leves a moderados da COVID-19 de
pacientes não imunossuprimidos devem manter o
isolamento até preencherem todos os seguintes
critérios: pelo menos 10 dias após início dos
sintomas, 24 horas de resolução da febre sem
uso de antitérmicos e melhora dos sintomas
respiratórios. Aos pacientes imunossuprimidos e
os casos graves da doença os critérios de
resolução da febre e melhora dos sintomas
respiratórios são os mesmos, contudo o tempo
mínimo de isolamento é de 20 dias após o início
dos sintomas.2 Essas novas resoluções foram
adotadas pelo Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina de Botucatu.
No mês de maio a Organização Mundial da
Saúde (OMS) já havia atualizado os critérios para
a alta do isolamento dos pacientes com COVID-19.

92
ALUNOS CONTRA O CORONA

Os novos critérios da OMS aplicam-se a todos os


casos da doença independentemente da gravidade
e do local do isolamento. A diferença entre a
recomendação inicial da OMS de janeiro/2020 e a
atualização em maio/2020 está em não exigir
testes laboratoriais confirmatórios. Aos pacientes
sintomáticos, a recomendação para alta do
isolamento é de 10 dias após o início dos
sintomas e mais três dias sem sintomas respi-
ratórios e febre. Aos pacientes assintomáticos, ou
seja, diagnosticados mediante teste positivo para
SARS-CoV-2, recomendam-se 10 dias de
isolamento após o teste. 3

A recomendação anterior da OMS considerava


a recuperação clínica do paciente e dois testes, do
tipo RT-PCR (detecta o material genético do
vírus), negativos no intervalo mínimo de 24 horas
entre eles. A explicação sobre os tipos de exames
utilizados está no “Capítulo 6: Diagnóstico
Laboratorial da Covid-19”. Esta recomendação
tornava-se difícil de ser aplicada nos países com
limitados recursos, principalmente fora do
ambiente hospitalar. Apesar das modificações, a
OMS assegura a possibilidade dos países
manterem a diretriz anterior. 3
Até o momento, considera-se mínimo o risco
de transmissão após o fim dos sintomas. Apesar
de não existir uma abordagem sem riscos, a OMS
recomenda que nos casos dos pacientes
sintomáticos por um longo período de tempo a
abordagem laboratorial contribua para as
decisões sobre o isolamento prolongado. A OMS
ressalta que nas situações em que um risco
mínimo não é aceitável, por exemplo, indivíduos
de alto risco de transmitir para grupos
vulneráveis ou em situações/ambientes de alto
risco, a abordagem laboratorial pode ser útil.3

93
ALUNOS CONTRA O CORONA

É importante ressaltar que os exames de RT-


PCR podem permanecer positivos por até 12
semanas.1 Ao detectar o material genético do vírus
não significa que exista a infecção e a
possibilidade de transmissão. A presença do
vírus dentro de uma célula inativada ou a
presença de anticorpos neutralizando a infecção
são exemplos de testes positivos sem a
manifestação da doença.

ISOLAMENTO DOMICILIAR DO

PACIENTE COM COVID-19

N o início da pandemia, o Ministério da Saúde


recomendava aos pacientes classificados como
casos leves de COVID-19 a realização do
isolamento domiciliar por 14 dias a partir do
início dos sintomas. O Ministério da Saúde
estabeleceu que os pacientes em isolamento
domiciliar seriam acompanhados a cada 24-48
horas pelos profissionais de saúde, até o término
do isolamento. Esses pacientes deveriam
comunicar os profissionais de saúde caso novos
sintomas aparecessem ou houvesse a piora dos
já existentes. Assim, a equipe de saúde poderia
realizar a avaliação e encaminhamento, quando
necessário, ao centro de referência especializado.4

Quando o paciente não é o único morador da


residência é essencial adotar alguns cuidados
para a realização do isolamento domiciliar. O
ideal é o isolamento em um dos cômodos da casa.
De preferência, orienta-se sobre a importância do
cômodo ser bem ventilado e manter-se com a
porta fechada. Se houver a disponibilidade de
mais de um banheiro, a recomendação é
recomendação é reservar
94
ALUNOS CONTRA O CORONA

reservar um para uso exclusivo da pessoa


infectada.

Contudo, diversos lares não possuem grande


disponibilidade de cômodos, assim são
necessárias adaptações para o isolamento do
morador doente. Recomenda-se que o doente
mantenha sempre a distância de pelo menos um
metro e meio dos demais moradores e todos
usem máscara facial.
O doente deve circular o mínimo possível pela
casa e sempre utilizar máscara cirúrgica da
forma adequada. As orientações completas sobre
o uso correto das máscaras são mencionadas no
próximo capítulo. Os objetos de uso pessoal como
toalhas, talheres, copos devem ser separados,
higienizados separadamente dos demais e não
compartilhados. Os sofás e as cadeiras da
residência também não devem ser compar-
tilhados e necessitam de frequente higienização
com água sanitária ou álcool 70%. A higiene das
mãos e das superfícies da casa (móveis,
maçanetas, objetos) deve ser intensificada e
realizada corretamente. Se possível, recomenda-
se que o próprio paciente realize a higienização
diária do cômodo em que está isolado. Nos casos
de compartilhamento do banheiro, a recomen-
dação é que o paciente realize a higienização do
vaso sanitário, pia e maçanetas com álcool 70%
ou água sanitária, sempre que utilizar o cômodo.
Todos os moradores da casa do paciente com
COVID-19 serão considerados casos suspeitos,
desta forma devem realizar o isolamento
domiciliar até preencherem os critérios mencio-
nados. O atestado médico para garantia do
isolamento domiciliar deve ser fornecido pelo
médico assistente ou do trabalho. É preciso
lembrar que existe a transmissão do coronavírus
por
95
ALUNOS CONTRA O CORONA

por pessoas assintomáticas e pré-sintomáticas.


Assim, o paciente diagnosticado com a COVID-19,
antes de apresentar os sintomas pode ter
contaminado outros moradores. Da mesma forma,
a ausência de sintomas não significa a
inexistência da infecção pelo SARS-CoV-2
(coronavírus causador da COVID-19). Caso algum
outro morador apresente sintomas sugestivos da
doença, o Ministério da Saúde orienta a
comunicação à equipe de saúde. Dessa forma, a
partir da avaliação médica, os casos
considerados leves reiniciam o isolamento
domiciliar e o acompanhamento do caso
mencionado anteriormente.

Os moradores do mesmo domicílio do paciente


com COVID-19 precisam reforçar os cuidados de
higiene pessoal e também da residência a fim de
evitar a contaminação.
Nos casos em que o paciente necessite de um
cuidador, recomenda-se que uma única pessoa da
casa fique responsável pela função. O ideal é que
o escolhido apresente boas condições de saúde e
não possua fatores de risco para doença grave
por COVID-19. Nos próximos capítulos serão
abordadas as explicações sobre os grupos de
risco e os motivos dessa classificação. O cuidador
deve utilizar máscara cirúrgica descartável
sempre que entrar em contato com o doente. É
essencial que a máscara seja utilizada da forma
correta. O Ministério da Saúde recomenda que
nunca manipule a máscara se estiver perto do
paciente e que realize a higiene das mãos antes e
após retirá-la.
É preciso evitar o contato com o lixo produzido
pelo paciente, o adequado é que seja separado e
descartado corretamente. Para evitar deslocamen-

96
ALUNOS CONTRA O CORONA

tos até a lixeira, recomenda-se deixá-la com saco


plástico e próxima ao paciente, a fim de que ele
descarte todo o seu lixo (alimentos, bebidas,
lenços, máscaras) no mesmo local. Na hora de
retirar o lixo, quem o fizer deve realiza-lo com
muita cautela utilizando máscara, luvas
descartáveis e higienizar as mãos após o contato
com o lixo.

RECUPERAÇÃO DA COVID-19

AA COVID-19 é uma doença que apresenta


diferentes níveis de gravidade e comprome-
timento da saúde do indivíduo, como foi
mencionado detalhadamente no “Capítulo 4:
Fisiopatologia da COVID-19”. Os casos leves sem
complicações da doença seguem as orientações
de isolamento domiciliar e assim que preenchidos
os critérios mencionados acima, podem ser
considerados curados da doença. Contudo,
existem os casos de complicações da COVID-19 e
as repercussões do estado inflamatório do
organismo que comprometem diferentes órgãos e
pode resultar em sequelas persistentes ao
indivíduo.

iDessa forma, a recuperação da doença


apresenta diferentes espectros a serem avaliados
pelos profissionais da saúde a fim de estabelecer
as orientações após a alta de cada paciente. Os
casos graves da doença, como os pacientes que
necessitam do suporte em Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) e uso de ventilação mecânica, a
recuperação da internação envolve seguimento
com diversos profissionais da saúde. Além do
seguimento por profissionais médicos para as
peculiaridades do caso são necessárias terapias
d
97
ALUNOS CONTRA O CORONA

de reabilitação. Como exemplo, há a importância


de fisioterapeutas e fonoaudiólogos para a reabi-
litação da capacidade muscular envolvida na
respiração e deglutição, respectivamente, além de
nutricionistas, principalmente para pacientes que
permanecem por tempo prolongado em UTI.

CUIDADOS APÓS A ALTA

R ecente publicação na conceituada revista


científica Nature analisou amostras de sangue de
pacientes recuperados da pandemia Sars,
ocorrida entre 2002 e 2003. Essa outra pandemia
foi também causada por um betacoronavírus. O
estudo foi a partir da análise das células T dos
voluntários. Essas células são responsáveis pelo
reconhecimento dos parasitas intracelulares como
os vírus. A pesquisa sugere que as células T
resultantes da infecção por betacoronavírus
possam proporcionar imunidade em longo
prazo.
O conhecimento científico é renovado diaria-
mente, não sendo possível até o momento
garantir a imunidade prolongada do paciente que
já foi infectado. Dessa forma, após recuperado da
COVID-19, o paciente deve seguir as recomen-
dações da OMS destinadas à população. O uso de
máscaras, o distanciamento social, a higiene das
mãos e superfícies devem continuar presentes na
rotina do paciente recuperado.

CONTRIBUIÇÕES DO RECUPERADO

A Nota Técnica do Ministério da Saúde de n°


A
25452
98
ALUNOS CONTRA O CORONA

21/2020-CGSH/DAET/SAES/MS permite a transfu-


são de plasma (parte líquida do sangue) de
indivíduos recuperados da COVID-19. O uso de
plasma dos recuperados visa a fornecer anti-
corpos contra o coronavírus ao paciente com a
COVID-19 moderada a grave. Consiste em um
tratamento experimental iniciado, mas ainda não
concluído. Desta forma, o indivíduo recuperado da
doença pode contribuir através da doação de seu
sangue aos centros de pesquisa da sua região.

REFERÊNCIAS

1- Centers for disease Control and Prevention


[homepage na internet]. Duration of isolation and
precautions for adults with COVID-19 [acesso em 10
setembro 2020]. Disponível em: https://www.cdc.gov/c
oronavirus/2019-ncov/hcp/ duration-isolation.html
2- NOTA TÉCNICA GVIMS/GGTES/ANVISA Nº07/2020.
Orientações para prevenção e vigilância
epidemiológica das infecções por SARS-CoV-2 (COVID-
19) dentro dos serviços de saúde. World Health
Organization [homepage na internet]. Criteria for
releasing COVID-19 patients from isolation [acesso em
25 julho 2020]. Disponível em: : https://www.who.int/
news-room/commentaries/detail/criteria-for-releasing
-covid-19-patients-from-isolation
3- World Health Organization [homepage na internet].
Criteria for releasing COVID-19 patients from isolation
[acesso em 25 julho 2020]. Disponível em:
https://www.who.int/news-room/commentaries/detail/
criteria-for-releasing-covid-19-patients-from-isolation
4- Ministério da Saúde [homepage na internet].
Protocolo de manejo clínico do Coronavírus (COVID-19)
na atenção primária à saúde [acesso em 25 de julho
2020]. Disponível em: https://www.unasus.gov.br/espec

99
ALUNOS CONTRA O CORONA

ial/covid19/pdf/37
5- OPAS [homepage na internet]. Atendimento
domiciliar para pacientes com suspeita de infecção
pelo novo coronavírus (2019-nCoV), que apresentam
sintomas leves e manejo de contatos. [acesso em 25
julho de 2020]. Disponível em: https://www.paho.org/
bra/index.php?option=com_docman&view=download&sl
ug=atendimento-domiciliar-para-pacientes-com-suspei
ta-de-infeccao-pelo-novo-coronavirus-2019-ncov-que-
apresentam-sintomas-leves-e-manejo-de-contatos&Ite
mid=965
6- Ministério da Saúde [homepage na internet].
Isolamento Domiciliar [acesso em 25 julho 2020].
Disponível em: https://www.saude.gov.br/images/pdf/
2020/marco/24/Coronavirus--Isolamento-domicilar.pdf
7- Ministério da Saúde [homepage na internet].
Orientações para o manejo de pacientes com Covid-19
[acesso em 25 julho 2020]. Disponível em: https://
portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/June/18/
Covid19-Orientac--o--esManejoPacientes.pdf
8- Ferreti L, Wymant C, Kendall M, Zhao L, Nurtay A,
Abeler-Doner L, et al. Quantifying SARS-CoV-2
transmission suggests epidemic control with digital
contact tracing. Science [periódico na internet].
Disponível em: https://science.sciencemag.org/content/
368/6491/eabb6936/tab-pdf
9- Wiersinga WJ, Rhodes A, Cheng AC, Peacock SJ,
Prescott HC. Pathophysiology, Transmission, Diagnosis,
and Treatment of Coronavirus Disease 2019 (COVID-19):
A Review. JAMA. Published online July 10, 2020.
doi:10.1001/jama.2020.12839
10- Le Bert N, Tan A.T, Kunasegaran K, Tham C.Y.L,
Hafezi M, Chia A, et al. SARS-CoV-2-specific T cell
immunity in cases of COVID-19 and SARS, and
uninfected controls. Nature. [periódico na internet].
Disponível:
100
ALUNOS CONTRA O CORONA

Disponível em: https://doi.org/ 10.1038/s41586-020-


2550-z
11- Hemocentro UNICAMP [homepage na internet]. O
que é Plasma Convalescente? [acesso em 18 junho
2020]. Disponível em: https://www.hemocentro.
unicamp.br/doacao-de-plasma/o-que-e-plasma-conva
lescente/

101
9.

ORIENTAÇÕES

PARA A

POPULAÇÃO

GERAL

AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE CAPÍTULO


TIVERAM SUA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM
ABRIL DE 2020.
ALUNOS CONTRA O CORONA

COMO EVITAR A PROPAGAÇÃO DA

COVID-19

Organização Mundial da Saúde (OMS)


A
recomenda algumas medidas, por parte da
população, para ajudar a evitar a propagação da
COVID-19.
São elas:

Lave suas mãos com frequência, com água e


sabão ou com álcool em gel, por pelo menos
20 segundos;
Se as mãos estiverem visivelmente sujas,
lavá-las preferencialmente com água e sabão;
Se as mãos não estiverem visivelmente sujas,
higienize-as frequentemente com álcool em
gel ou água e sabão;
Evite tocar seus olhos, nariz e boca;
Ao tossir, cubra sua boca com o braço (de
preferência com o cotovelo) ou com um lenço;
Jogue fora o lenço imediatamente após o uso;
Evite cuspir em público;
Se você é do grupo de risco, permaneça em
casa;
Se não for do grupo de risco, e puder,
trabalhe em casa e evite ao máximo sair;
Não faça contato com ninguém que apresente

103
ALUNOS CONTRA O CORONA

sintomas gripais (tosse, febre, coriza, dor


de garganta);
Mantenha o ambiente sempre bem ventilado
(janelas abertas, evitar uso do ar
condicionado);
Busque informações em fontes confiáveis a
respeito da COVID-19.

REFERÊNCIAS

1- World Health Organization. Coronavirus disease


(COVID-19) advice for the public. Disponível em:
https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-
coronavirus-2019/advice-for-public. Acesso em: 29 abr.
2020.

USO DE EQUIPAMENTOS DE

PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)

1) MÁSCARAS
A s máscaras cirúrgicas são utilizadas para
prevenir disseminação de infecções respiratórias
por gotículas (curtas distâncias), emitidas através
de tosse e espirros. São exemplos de doenças
disseminadas por gotículas: Meningite
Meningocócica, Caxumba, Gripe (Influenza).

As máscaras de filtro (exemplo: tipo N95)


bloqueiam 95% das partículas no ar. São
utilizadas para evitar disseminação de partículas

104
ALUNOS CONTRA O CORONA

infecciosas menores e que alcançam longas


distâncias (aerossóis), através de tosse e
espirros. São exemplos de doenças disseminadas
por aerossóis: Tuberculose, Sarampo, Varicela.

2) RECOMENDAÇÃO ATUAL DO USO


DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO
INDIVIDUAL NA COVID-19

A disseminação do coronavírus SARS-CoV-2


ocorre através de gotículas (expelidas pela fala,
tosse ou espirro), contato direto ou indireto (pelas
mãos) com pessoas infectadas, objetos ou
superfícies contaminadas.

Dessa forma, temos 3 tipos de precauções que


devem ser adotadas nos serviços de saúde para o
manejo da COVID-19:

PRECAUÇÃO PADRÃO

Esse tipo de precaução deve ser feito em todos


os pacientes, independente de suspeita de
infecção ou não.

A precaução padrão inclui a higienização


correta das mãos com água e sabão líquido ou
preparação alcoólica a 70%, uso de luvas de
procedimento, avental impermeável de manga
comprida, óculos protetor e máscara cirúrgica
pelo profissional (se houver risco de contato com
secreções) e descarte apropriado de seringas e
agulhas em caixa coletora de material
perfurocortante.

105
ALUNOS CONTRA O CORONA

PRECAUÇÃO DE CONTATO

A precaução de contato inclui a higienização


correta das mãos com água e sabão líquido ou
preparação alcoólica a 70%, uso de luvas de
procedimento, avental impermeável de manga
comprida e disponibilização de quarto privativo.
Se não houver disponibilidade de quarto
privativo, manter distância de um metro entre os
leitos.

PRECAUÇÃO PARA GOTÍCULAS

A precaução para gotículas inclui a higienização


correta das mãos com água e sabão líquido ou
preparação alcoólica a 70%, uso de máscara
cirúrgica pelo profissional e pelo paciente
(durante o transporte) e disponibilidade de um
quarto privativo.

PRECAUÇÃO PARA AEROSSÓIS (APENAS EM


PROCEDIMENTOS QUE GEREM AEROSSÓIS)

A precaução para aerossóis inclui higienização


correta das mãos com água e sabão líquido ou
preparação alcoólica a 70%, uso de máscara PFF2
(N-95) pelo profissional e uso de máscara
cirúrgica pelo paciente (durante o transporte) e
disponibilidade de um quarto privativo, com a
porta mantida sempre fechada.

Considerando esses tipos de precauções, a


seguir, temos a orientação de como utilizar os
Equipamentos de Proteção Individual em cada
tipo de assistência nos serviços de saúde:

PRECAUÇÃO PELOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

106
ALUNOS CONTRA O CORONA

- Triagem de pacientes: higienização frequente


das mãos com água e sabão líquido ou álcool
70% e uso máscara cirúrgica.
- Avaliação e atendimento de casos suspeitos:
higienização frequente das mãos com água e
sabão líquido ou álcool 70%, uso de máscara
cirúrgica, luvas de procedimento, avental
impermeável de mangas compridas e óculos
protetor.
- Manejo de pacientes críticos (na UTI e
Emergência) ou procedimentos que geram
aerossóis (intubação, nebulização, ventilação
não invasiva por pressão positiva, aspiração,
etc.): higienização frequente das mãos com água e
sabão líquido ou álcool 70%, uso de máscara de
filtro (tipo N95, N99, N100, PFF2 ou PFF3), luvas
de procedimento, avental impermeável de mangas
compridas, óculos protetor e gorro.
- Atividades de apoio realizadas a menos de 1
metro dos pacientes suspeitos ou confirmados:
higienização frequente das mãos com água e
sabão líquido ou álcool 70%, uso de máscara
cirúrgica, luvas de procedimento, avental
impermeável de mangas compridas e óculos
protetor.
PRECAUÇÃO PARA OS PACIENTES EM TODOS
OS SERVIÇOS DE SAÚDE

- Casos suspeitos ou confirmados e


acompanhantes: uso de máscara cirúrgica a partir
da entrada no serviço, se for tolerada. Se
máscara cirúrgica não for tolerada, deve-se
orientar o paciente a seguir uma rigorosa etiqueta
respiratória: utilização de lenços de papel para

107
ALUNOS CONTRA O CORONA

tosse, espirros, secreção nasal e higiene frequente


das mãos com água e sabão líquido ou álcool gel
70%. Devem ficar em espaço separado e bem
ventilado até a consulta ou encaminhamento para
o hospital, se necessário.
Acompanhantes devem ser orientados a
higienizar frequentemente as mãos com água e
sabão líquido ou preparação alcoólica a 70%.

ENTÃO, QUEM DEVE UTILIZAR A MÁSCARA


CIRÚRGICA?

1. Pacientes com sintomas respiratórios (febre,


tosse, espirros, dificuldade para respirar)
2. Cuidador mais próximo da pessoa com quadro
de síndrome gripal
3. Profissionais de saúde e profissionais de
apoio que prestarem assistência a menos de 1
metro do paciente suspeito ou confirmado.

QUEM DEVE UTILIZAR A MÁSCARA DE FILTRO N95


OU EQUIVALENTE?

Os profissionais de saúde que realizam


procedimentos que gerem aerossóis, como:
intubação ou aspiração traqueal, ventilação
mecânica invasiva ou não invasiva, ressuscitação
cardiopulmonar, ventilação manual antes da
intubação, coletas de amostras nasotraqueais.

3) ORIENTAÇÕES PARA O USO DE


MÁSCARAS CIRÚRGICAS

108
ALUNOS CONTRA O CORONA

Tabela- Orientações para uso correto de máscaras


cirúrgicas para evitar contágio por vírus
causadores de Síndromes Gripais, Ministério da
Saúde, 2020.

ORIENTAÇÕES PARA O USO


DE MÁSCARAS CIRÚRGICAS

• Coloque a máscara com cuidado para cobrir


a boca e o nariz e amarre com segurança
para minimizar as lacunas entre o rosto e a
máscara
• Enquanto estiver utilizando a máscara, evite
tocá-la
• Remova a máscara usando técnica
apropriada (não toque na frente, remova o
laço ou nó da parte posterior)
• Após a remoção, ou sempre que tocar em
uma máscara usada, higienize as mãos com
água e sabão ou álcool gel
• Substitua a máscara por uma nova máscara
limpa e seca assim que estiver úmida ou
danificada
• Não reutilize máscaras descartáveis
• Descarte em local apropriado as máscaras
após cada uso
• Troque de máscara após atender novos
pacientes

109
ALUNOS CONTRA O CORONA

REFERÊNCIAS

1- Agência Nacional de Vigilância Sanitária. NOTA


TÉCNICA GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 04/2020: 2020
ORIENTAÇÕES PARA SERVIÇOS DE SAÚDE: MEDIDAS
DE PREVENÇÃO E CONTROLE QUE DEVEM SER
ADOTADAS DURANTE A ASSISTÊNCIA AOS CASOS
SUSPEITOS OU CONFIRMADOS DE INFECÇÃO PELO
NOVO CORONAVÍRUS (SARS-CoV-2). Disponível em:
http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/271858/No
ta+T%C3%A9cnica+n+04-2020+GVIMS-GGTES-
ANVISA/ab598660-3de4-4f14-8e6f-b9341c196b28.
Acesso em: 31 mar. 2020.
2- DESAI, Angel N.; MEHROTRA, Preeti. Medical Masks.
JAMA, [s.l.], v. 323, n. 15, p. 1517-1518, 21 abr. 2020.
American Medical Association (AMA).
http://dx.doi.org/10.1001/jama.2020.2331.
3- National Center for Immunization and Respiratory
Diseases (NCIRD). Interim Infection Prevention and
Control Recommendations for Patients with Suspected
or Confirmed Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) in
Healthcare Settings. Disponível em:
https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-
ncov/hcp/infection-control-recommendations.html.
Acesso em: 13 abr. 2020.
4- Ministério da Saúde. Recomendações de proteção
aos trabalhadores dos serviços de saúde no
atendimento de COVID-19 e outras síndromes gripais.
Disponível em:
https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/A
pril/16/01-recomendacoes-de-protecao.pdf. Acesso em:
16 abr. 2020.

USO DE MÁSCARAS DE PANO

110
ALUNOS CONTRA O CORONA

S egundo as recomendações da Organização


Mundial da Saúde, do Ministério da Saúde e da
Sociedade Brasileira de Infectologia e devido à
escassez da disponibilidade de equipamentos de
proteção individual (EPI), as máscaras de pano
devem servir como uma forma de barreira
mecânica ao vírus para a população que precisa
sair de suas casas, mas não substitui as outras
medidas preventivas recomendadas, como o
distanciamento social, higienização de mãos com
sabão e álcool em gel 70% e etiqueta respiratória.
O uso da máscara de pano tem o objetivo de
diminuir a disseminação do vírus (através de
gotículas expelidas no ambiente) por portadores
assintomáticos ou pessoas infectadas que estão
no período de incubação (antes de apresentar
sintomas), porém não protege quem a está
utilizando, já que não possui capacidade de
filtração.

AS MÁSCARAS DE PANO FUNCIONAM?

Infelizmente, ainda existem poucos estudos que


avaliam seus benefícios e não há resposta
concreta para essa pergunta.
As evidências até agora sugerem que o vírus
SARS-CoV-2 pode se espalhar no período de
incubação, ou seja, antes de a pessoa apresentar
sintomas, e através de pessoas que estão
infectadas pelo vírus mas não apresentam
sintomas. Nessa situação, as máscaras de pano
podem ajudar como uma barreira mecânica às
gotículas expelidas pelos transmissores.

QUEM DEVE UTILIZAR A MÁSCARA DE PANO?

Devem utilizar a máscara de pano apenas

111
ALUNOS CONTRA O CORONA

aqueles que não apresentam sintomas e que não


são profissionais da saúde ou de apoio, com
necessidade de deslocamento ou permanência em
local com maior aglomeração de pessoas.
Pessoas que estão com sintomas respiratórios e
seus cuidadores com contato próximo devem
utilizar a máscara cirúrgica.
De acordo com a Sociedade Brasileira de
Infectologia, as máscaras de pano não devem ser
utilizadas por profissionais da saúde no lugar da
máscara cirúrgica ou de filtro, quando estiverem
prestando assistência no serviço de saúde.

COMO UTILIZAR CORRETAMENTE A MÁSCARA


DE PANO?

- A máscara de pano deve ter ao menos três


camadas de tecido, de materiais diferentes, e deve
ter tamanho suficiente para cobrir completamente
boca e nariz, ficando bem ajustada ao rosto.
- A camada mais externa da máscara deve ser
confeccionada com material resistente à água
(polipropileno, poliéster ou misturas desses
tecidos), a camada intermediária deve ser
composta de material sintético, que age como um
filtro (polipropileno ou algodão) e a camada mais
interna deve ter afinidade à água (tecido de
algodão ou misturas de algodão).
- O uso da máscara é estritamente individual e
seu tempo de uso é de cerca de duas horas. Por
isso, é recomendado carregar consigo pelo menos
uma máscara reserva sempre que sair de casa,
com uma sacola para guardar a máscara suja.
Além disso, quando a máscara estiver úmida ou
com sujidades, deve-se trocá-la por outra
máscara limpa e seca.

112
ALUNOS CONTRA O CORONA

- Durante o uso da máscara, deve-se evitar tocá-la


ou ajustá-la na rua.
- Ao chegar em casa, remova a máscara pegando
pelo laço ou nó da parte traseira, evitando tocar na
parte da frente, com cuidado para não tocar olhos,
nariz e boca. As mãos devem ser lavadas com água e
sabão antes e depois da retirada da máscara.

COMO CUIDAR DA MÁSCARA DE PANO?

- Deve-se higienizá-la sempre após o uso, com


uma solução de água potável e água sanitária
com diluição de 1 parte de água sanitária para 50
partes de água. Um exemplo seria: 10 ml de água
sanitária 2,0 a 2,5% (aproximadamente 1 colher de
sopa) com 500 ml (1/2 litro) de água, colocados
em um recipiente. A máscara de pano deve ficar
de molho na solução por 30 minutos. Após a
imersão, deve-se enxaguar a máscara com água
corrente e lavá-la com água e sabão. Lembre-se
de sempre reutilizar a máscara somente quando
estiver seca.
- A máscara também pode ser higienizada com
água (preferencialmente morna) e sabão,
tomando-se o cuidado de enxaguá-la e secá-la
totalmente antes do uso.

QUAL É O REAL BENEFÍCIO DO USO DAS


MÁSCARAS DE PANO?

Um estudo inglês, publicado em 2013 (Davies, A.


et al) pela Cambridge University Press, analisou
máscaras de pano feitas em casa por voluntários
a partir de diversos materiais, comparando-as
com as máscaras cirúrgicas e com as máscaras
de filtro do tipo N-95. Para simular as partículas
foram utilizados dois microorganismos: Bacillus

113
ALUNOS CONTRA O CORONA

atrophaeus, uma bactéria formadora de esporos


em forma de bastonetes (0,95-1,25 microm) e o
bacteriófago M2, um colífago não envelopado de
RNA simples (23nm).
Nesse estudo, as máscaras de algodão feitas
em casa foram capazes de capturar cerca de 50%
das partículas. Os pesquisadores concluíram,
então, que as máscaras de pano poderiam ser
utilizadas como último recurso para evitar a
transmissão de
microorganismos através de gotículas.
Portanto, vemos que alguns estudos mostram
que as máscaras de pano podem servir como uma
forma de barreira mecânica para evitar a
transmissão por pessoas que possuem o vírus e
não apresentam sintomas, porém as evidências
do real benefício das máscaras de pano ainda
não são claras, por isso não substituem as
demais medidas de cuidado.

REFERÊNCIAS

1- World Health Organization. ( 2020) . Advice on the use


of masks in the context of COVID-19: interim guidance,
6 April 2020. World Health Organization.
2- SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA. NOTA
DE ESCLARECIMENTO (Uso de máscaras na pandemia
de COVID-19). Disponível em:
https://www.infectologia.org.br/admin/zcloud/125/2020
/04/315bbca2eb7a3b1279d82292bfb22c71f80ff4d2bb8ee3
85156359b10fedf392.pdf. Acesso em: 02 abr. 2020.

3- Organization WH. Advice on the use of masks in


the context of COVID-19: interim guidance, 6 April 2020.
World Health Organization; 2020 p. 5 p.

114
ALUNOS CONTRA O CORONA

4- National Center for Immunization and Respiratory


Diseases (NCIRD). Use of Cloth Face Coverings to Help
Slow the Spread of COVID-19. Disponível em:
https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/prevent-
getting-sick/diy-cloth-face-coverings.html. Acesso em:
13 abr. 2020.
5- DAVIES, Anna; THOMPSON, Katy-anne; GIRI,
Karthika; KAFATOS, George; WALKER, Jimmy; BENNETT,
Allan. Testing the Efficacy of Homemade Masks: would
they protect in an influenza pandemic?. : Would They
Protect in an Influenza Pandemic?. Disaster Medicine
And Public Health Preparedness, [s.l.], v. 7, n. 4, p. 413-
418, 22 maio 2013. Cambridge University Press (CUP).

COMO IR AO MERCADO

DE FORMA SEGURA?

Atransmissão do vírus Sars-Cov-2 através de


alimentos ou embalagens é incomum, porém é
possível que uma pessoa se infecte ao tocar
superfícies e objetos contaminados com partículas
que contêm o vírus e levar as mãos ao nariz,
boca ou olhos.
Pesquisas recentes reportam que o vírus SARS-
CoV-2 pode permanecer viável por várias horas
em alguns tipos de material: até 72 horas no
plástico e aço inoxidável, até 4 horas no cobre e
até 24 horas no papelão. Portanto, é importante
que sejam destacados os cuidados com a compra
e o manuseio de produtos em mercados e lojas.

ANTES DE IR AO MERCADO

- Só vá ao mercado ou outros estabelecimentos

115
ALUNOS CONTRA O CORONA

que vendem itens essenciais se for absolutamente


necessário. Prefira encomendar alimentos e
outros produtos essenciais através de Delivery;
- Se você for do grupo de risco, peça para
alguém que não esteja no grupo de risco ir ao
mercado por você. Se não tiver outra opção,
verifique se há algum estabelecimento perto de
você que possui horas especiais para pessoas
que estão no grupo de risco;
- Dos moradores da mesma casa, procure ir
apenas uma pessoa por vez;
- Evite várias idas ao mercado. Se possível,
planeje suas compras para que elas possam durar
alguns dias;
- Se puder, se planeje para fazer as compras
em horários que tenham uma menor quantidade
de pessoas circulando (bem cedo ou bem tarde da
noite).
DURANTE AS COMPRAS:

- Use uma máscara de pano, se possível, ao sair


de casa;
- Fique a pelo menos 2 metros de distância de
outras pessoas;
- Não leve as mãos ao rosto;
- Desinfete o carrinho de compras com lenços
desinfetantes, se disponíveis;
- Para pagar, se possível, não use cédulas ou
moedas. É preferível pagar as comprar com
cartão ou outra forma de pagamento que não

116
ALUNOS CONTRA O CORONA

precise de contato (transferências bancárias,


aplicativos de celular para pagamento, etc.). Se
precisar manusear dinheiro ou cartão, higienize
as mãos e o cartão após o pagamento.

NO MEIO DE TRANSPORTE:

- Tenha sempre um lenço de papel (ou papel


toalha) e álcool 70% para higienizar as partes
que você vai tocar em seu meio de transporte.

AO CHEGAR EM CASA:
- Tire os sapatos antes de entrar em casa;
- Lave muito bem as mãos com água e sabão ou
solução alcoólica 70% por pelo menos 20
segundos;
- Troque de roupa e tome um banho, o quanto
antes possível.

PROCEDIMENTOS DE LIMPEZA COM AS


COMPRAS:

- Para frutas, legumes e verduras: deixar de


molho por 15 minutos em solução sanitária diluída
(seguir instruções do rótulo). Em seguida, enxágue
bem com água corrente e deixe secar antes de
guardar;
- Para produtos com embalagem a serem
armazenados (mesmo se não forem comestíveis):
higienizar todas as embalagens com água e
sabão, álcool líquido ou gel 70%, solução de água
sanitária diluída ou produto de limpeza multiuso;
- Descarte as embalagens;

117
ALUNOS CONTRA O CORONA

- Higienize a superfície tocada pelas compras


ainda não higienizadas, torneiras, maçanetas,
chaves e celular com álcool 70%;
- Higienize de forma correta as mãos antes e
depois de manusear as compras.

REFERÊNCIAS

1- World Health Organization. COVID-19 and food


safety: guidance for food businesses. Disponível em:
https://www.who.int/publications-detail/covid-19-and-
food-safety-guidance-for-food-businesses. Acesso em:
07 abr. 2020.
2- Ministério da Saúde. Dia a dia: como ir com
segurança ao mercado. 11 abr. 2020. Instagram:
@minsaude. Disponível em:
https://www.instagram.com/minsaude/. Acesso em: 11
abr. 2020.
3- Centers for Disease Control and Prevention. Grocery
Shopping, Take-Out, Banking, Getting Gas, and Doctor
Visits. Disponível em:
https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/daily-life-
coping/essential-goods-services.html. Acesso em: 10
mar. 2020.

CUIDADOS COM DELIVERY

POR QUE É NECESSÁRIO TER CUIDADO COM O


DELIVERY?

O risco de transmissão do vírus do entregador


para o cliente e do cliente para o entregador
existe, principalmente se não forem seguidas

118
ALUNOS CONTRA O CORONA

medidas corretas de distanciamento e higiene


(permanecer pelo menos 2 metros de distância da
outra pessoa, utilização de máscara de pano,
etiqueta respiratória, evitar tocar nariz, boca e
olhos e higienização correta das mãos antes e
após o contato). Além disso, pesquisas mostram
que o vírus consegue permanecer viável durante
várias horas em diversos tipos de materiais,
como, por exemplo, plástico, aço inoxidável e
papelão, demandando atenção com a higienização
das embalagens dos produtos e alimentos
encomendados.
Não há consenso sobre a transmissão da
COVID-19 através de alimentos, portanto prioriza-
se o cuidado com as embalagens. Sempre que
possível, optar por embalagens de papelão ao
invés de metal e alumínio, pois o vírus sobrevive
menos tempo nessa superfície.

É SEGURO PEDIR DELIVERY?

O delivery se tornou uma alternativa para as


pessoas poderem pedir comidas prontas sem sair
de casa, podendo contribuir para o
distanciamento social. Todavia, como envolve
contato com objetos e alimentos externos e
manuseados por outras pessoas, alguns cuidados
específicos devem ser tomados.

CUIDADOS A SEREM TOMADOS NA ENTREGA


- Alguns aplicativos permitem ao cliente informar
como quer receber o pedido. O entregador pode
colocar o pedido na porta ou portaria da
residência e se afastar para evitar contato, com
menor exposição tanto do entregador quanto do
cliente;

119
ALUNOS CONTRA O CORONA

- Se houver interação entre o entregador e o


cliente, sempre manter a distância de 2 metros
entre os dois e higienizar as mãos imediatamente
antes e imediatamente após o contato. Nesse
tempo, ambos devem evitar levar as mãos ao
rosto.
PAGAMENTO

- Ao fazer o pedido, o cliente deve priorizar o


pagamento on-line para evitar contato com
máquinas e cartão no momento de entrega;
- Se não for possível o pagamento online,
preferir o uso do cartão, pois é mais fácil de
higienizar, e, se disponível, optar pela função de
aproximar o cartão;
- Evitar usar cédulas e moedas, caso necessário
utilizá-las, juntá-las de forma que não precise de
troco.

CUIDADOS A SEREM TOMADOS ENTRANDO EM


CASA
- As embalagens devem ser higienizadas com
solução alcoólica 70% ou solução de água
sanitária diluída e, se possível, descartadas assim
que o produto entra em casa. Os locais com que a
embalagem teve contato (como a pia, por
exemplo) também devem ser desinfectados;
- A pessoa que buscou o delivery deve realizar
higiene de mãos com água e sabão ou álcool gel
70% logo após o contato com a entrega;
- Caso o alimento não vá ser consumido
imediatamente após a entrega, o ideal é colocá-lo
na geladeira.

120
ALUNOS CONTRA O CORONA

ORIENTAÇÕES ADICIONAIS

- Evitar pedir alimentos crus para consumo


imediato, pois o ideal é higienizá-los e prepará-
los em casa;
- Produtos processados devem estar íntegros,
ou seja, sem alteração nem mesmo no recipiente
que os carrega.

REFERÊNCIAS

1- POPPY NOOR AND DANIELLE RENWICK. The


Guardian. Is it safe – and ethical – to order meals
online during the coronavirus outbreak? Disponível em:
https://www.theguardian.com/world/2020/mar/18/foo
d-ordering-safe-ethical-coronavirus-with-seamless-
uber-eats-should-i-get-takeaway. Acesso em: 18 mar.
2020.
2- Centers for Disease Control and Prevention. Grocery
Shopping, Take-Out, Banking, Getting Gas, and Doctor
Visits. Disponível em:
https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/daily-life-
coping/essential-goods-services.html. Acesso em: 10
mar. 2020.
3- World Health Organization. COVID-19 and food
safety: guidance for food businesses. Disponível em:
https://www.who.int/publications-detail/covid-19-and-
food-safety-guidance-for-food-businesses.
Acesso em: 07 abr. 2020.

CUIDADOS NO AMBIENTE

DE TRABALHO

121
ALUNOS CONTRA O CORONA

m um ambiente de trabalho, é extremamente


E
importante que todos estejam conscientes que
medidas de cuidados, prevenção e distanciamento
social são essenciais para a contenção da
propagação da COVID-19. Considerando,
principalmente, que podemos transmitir o
coronavírus mesmo na fase pré-sintomática.
É essencial que os empregadores ajam de
acordo com o nível de transmissão da doença em
sua comunidade, levando em conta as decisões
oficiais de saúde pública dos órgãos
governamentais locais, sempre revisando as
medidas tomadas se necessário.
Diante disso, deve-se considerar a melhor
forma de diminuir a propagação do vírus e
também o impacto que a doença apresenta no
local de trabalho, adotando medidas de proteção
que visam prevenir e reduzir a transmissão entre
funcionários, manter o ambiente de trabalho
saudável e manter a continuidade do serviço sem
riscos. Além disso, a boa comunicação entre
empregadores e funcionários sobre as mudanças
planejadas é essencial.
Para a manutenção desses objetivos, devemos
seguir medidas tanto em relação ao ambiente
quanto em relação aos funcionários do local.
Segundo o Centro de Controle e Prevenção de
Infecções (CDC) e a Organização Mundial da
Saúde (OMS), é recomendado que no ambiente de
trabalho:
Assegure-se que o local de trabalho esteja
limpo e higienizado;
Mantenham-se superfícies e objetos limpos
continuamente;

122
ALUNOS CONTRA O CORONA

Identifique-se onde e como os profissionais


poderiam se expor em seu local de trabalho,
empregando medidas que previnam essa
exposição;
Mantenha-se o ambiente bem ventilado e
melhore-se o sistema de ventilação;
Disponibilizem-se dispensadores com álcool
gel em locais estratégicos;
Realizem-se verificações diárias do ambiente
de trabalho.

SOBRE OS CUIDADOS COM OS FUNCIONÁRIOS, É


IMPORTANTE:
Que profissionais com sintomas respiratórios
ou em contato com familiares com COVID-19
notifiquem seus supervisores e mantenham-
se afastados do local de trabalho, procurando
ajuda médica se necessário;
Oferecer aos trabalhadores vulneráveis e com
fatores de risco para a complicações da
COVID-19 a oportunidade de trabalhar em
casa ou funções que minimizem o seu contato
com clientes e outros funcionários;
Implementar e disponibilizar Equipamentos de
Proteção Individual (EPI) e o treinamento
para sua correta utilização, caso seja
necessário em atividades específicas do
trabalho;
A lavagem regular das mãos, assim como o
uso de álcool gel;
O uso contínuo e correto das máscaras
faciais;
123
ALUNOS CONTRA O CORONA

Evitar tocar superfícies e a face no ambiente


de trabalho;
Manter a etiqueta respiratória: cobrir a mão e
o nariz com lenços quando tossir ou espirrar,
ou utilizar o lado interno do cotovelo,
descartar os lenços sujos imediatamente em
latas de lixo apropriadas e higienizar as
mãos logo após;
Evitar o uso de celulares, mesas, salas ou
qualquer equipamento ou ferramenta de
trabalho de outros funcionários. Caso
necessário, sempre realizar a desinfecção
antes e após o uso;
A manutenção do distanciamento social entre
outros trabalhadores.
TAMBÉM HÁ ALGUMAS MEDIDAS QUE
INCENTIVAM A EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO LOCAL
DE TRABALHO, COMO:

Disponibilizar materiais visuais que


incentivem a correta lavagem das mãos e
etiqueta respiratória;
Propagação de estratégias de difusão de
informação, como vídeos educativos e
mensagens eletrônicas;
Cada profissional pode ajudar na manutenção
da limpeza de seus postos de trabalho.
SE POSSÍVEL, ESTABELEÇA POLÍTICAS E
PRÁTICAS PARA O DISTANCIAMENTO SOCIAL,
COMO:
Implementação do teletrabalho;

124
ALUNOS CONTRA O CORONA

Implementação de horários de trabalho


flexíveis – alterne turnos para limitar o
número de funcionários no local;
Aumentar o espaço físico entre os
profissionais no local de trabalho;
Implementar opções flexíveis de reuniões –
adie reuniões presenciais ou realize reuniões
virtuais.
Oferecer e incentivar o deslocamento casa-
trabalho e trabalho-casa através de meios de
transporte que minimizem o contato com
outras pessoas, como carros privados,
bicicletas ou caminhada;
Oferecer serviços que reduzam o contato
próximo com o cliente, como Drive-Thru,
atendimento por telefone, possibilidade de
compras e realização de serviços online, etc.
A adoção dessas medidas de prevenção, apesar
de simples, gera grande impacto na diminuição da
transmissão do vírus e na proteção da saúde dos
indivíduos. Todos precisam estar conscientes
sobre a necessidade e importância do cuidado
com si mesmo e com o próximo.

REFERÊNCIAS

1- Centers for Disease Control and Prevention. Interim


Guidance for Businesses and Employers Responding to
Coronavirus Disease 2019 (COVID-19). Disponível em:
https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-
ncov/community/guidance-business-response.html

125
ALUNOS CONTRA O CORONA

2- World Health Organization. Getting your workplace


ready for COVID-19. Disponível em:
https://www.who.int/docs/default-
source/coronaviruse/getting-workplace-ready-for-
covid-19.pdf

VISITAS A HOSPITAIS E INSTITUIÇÕES

DE LONGA PERMANÊNCIA DE IDOSOS

NO CONTEXTO DA COVID-19

o momento atual, o risco de disseminação do


N
vírus é muito alto, portanto, infelizmente, em
algumas situações, visitas não serão possíveis
para a segurança tanto do paciente hospitalizado
ou institucionalizado, quanto de seus amigos e
familiares.
A proibição de visitas depende das regras do
serviço de saúde em que a pessoa está internada,
por isso é necessário se informar sobre os
regulamentos do local para visitantes. Em
Instituições de Longa Permanência de Idosos
(ILPI) as visitas também devem ser evitadas, pois
esses idosos fazem parte do grupo de risco para
manifestações graves da COVID-19 e normalmente
são mais vulneráveis (muitos deles são frágeis),
devendo-se evitar, também, a sua saída da
instituição nesse período.
INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA DE
IDOSOS (ILPI)
Idosos em instituições de longa permanência
(ILPI) estão em situação de maior vulnerabilidade
devido a idade avançada, maior prevalência de

126
ALUNOS CONTRA O CORONA

doenças em estágios avançados,


compartilhamento de ambientes coletivos que
muitas vezes são fechados, contato próximo com
outras pessoas (profissionais de saúde e
coabitantes) e por geralmente serem idosos
frágeis.
A fim de diminuir a taxa de transmissão nesse
ambiente para indivíduos que já apresentam
maior potencial para complicações, recomenda-se
aos familiares adotar as seguintes medidas:

Evite visitas.
Se a suspensão das visitas não for possível,
reduzir ao máximo o número de visitantes, a
frequência e a duração das visitas e
estabelecer cronograma de visitas para evitar
aglomerações.
Não visitar caso esteja com sintomas
respiratórios ou tenha tido contato prévio
com outros indivíduos com suspeita ou
diagnóstico confirmado de COVID-19.
Não permitir a visita de crianças por serem
possíveis portadores assintomáticos do vírus.
Caso faça uma visita, lembre-se de higienizar
as mãos com água e sabão ou álcool gel a
70% antes da entrada na ILPI e evite o toque
com outras pessoas.
Priorizar a comunicação com familiares e
amigos por telefone, videochamada, redes
sociais ou outros métodos alternativos. Nesse
caso, é pertinente a ajuda dos funcionários da
ILPI para que essas formas de comunicação
possam ser implementadas.

127
ALUNOS CONTRA O CORONA

Explique para o seu familiar institucionalizado


o que está ocorrendo e reforce a importância
de que ele tome os cuidados que são
orientados na ILPI.
É sugerida a suspensão da saída dos idosos
das ILPI enquanto durar a emergência em
saúde pública.
Se certifique de que a ILPI tenha seu contato
atualizado, no caso de uma emergência.
HOSPITAIS

No momento de pandemia atual, serviços de


saúde estabelecidos como referência ou
retaguarda para atendimento aos pacientes com
Covid-19, podem optar por suspender as visitas
sociais a estes pacientes e, em alguns serviços, a
todos os pacientes. Dessa forma, recomenda-se
aos familiares:

Se as visitas forem permitidas, converse com


a família sobre a possibilidade de manter um
único acompanhante durante a internação.
O acompanhante não deve se enquadrar no
grupo de risco para a COVID-19 e
preferencialmente deve ter idade entre 18 e 59
anos (crianças são possíveis portadoras
assintomáticas da doença).
Não visitar seu familiar se você estiver com
sintomas respiratórios ou síndrome gripal.
Evitar contato direto com o paciente e
entender que em alguns momentos a sua
saída pode ser solicitada (como em
procedimentos geradores de aerossol).
128
ALUNOS CONTRA O CORONA

Tomar cuidados durante a visita: lavar as


mãos regularmente com água e sabão ou usar
álcool em gel a 70%, cobrir nariz e boca com
lenço descartável ao tossir ou espirrar ou
usar o antebraço como barreira, evitar
aglomerações, manter os ambientes bem
ventilados, não compartilhar objetos pessoais.
Tentar manter contato com seu familiar pelo
celular durante esse período.

É importante ressaltar que cada serviço


especializado tem autonomia para decidir as
recomendações e as medidas a serem tomadas
em sua instituição, de acordo com as orientações
da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar,
portanto é imprescindível que os acompanhantes
e familiares se informem corretamente sobre o
funcionamento das visitas no local em que o
paciente está internado.

REFERÊNCIAS

1- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção


Primária à Saúde. Nota Técnica nº 8/2020-
cosapi/cgcivi/dapes/saps/ms. Prevenção e controle de
infecções pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) a
serem adotadas nas Instituições de Longa
Permanência de Idosos (ILPI). Disponível em:
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/n
otatecnica82020COSAPICGCIVIDAPESSAPSMS02abr202
0COVID-19.pdf
2- Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
Comissão Especial COVID-19. Recomendações para
Prevenção e Controle de infecções por coronavírus
(SARS-Cov-2) em Instituições de Longa Permanência
para Idosos (ILPIs) [acesso em 27 abril de 2020].

129
ALUNOS CONTRA O CORONA

Disponível em: https://sbgg.org.br/recomendacoes-


para-prevencao-e-controle-de-infeccoes-por-
coronavirus-sars-cov-2-em-instituicoes-de-longa-
permanencia-para-idosos-ilpis/

3- Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Nota


técnica gvims/ggtes/anvisa nº 05/2020. Orientações
para a prevenção e o controle de infecções pelo novo
coronavírus (SARS-CoV-2) em instituições de longa
permanência para idosos (ILPI). 2020. Disponível em:
http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/271858/N
OTA+T%C3%89CNICA+N%C2%BA+05-2020+GVIMS-
GGTES-ANVISA+-
+ORIENTA%C3%87%C3%95ES+PARA+A+PREVEN%C3%87
%C3%83O+E+O+CONTROLE+DE+INFEC%C3%87%C3%95ES+
PELO+NOVO+CORONAV%C3%8DRUS+EM+INSTITUI%C3%
87%C3%95ES+DE+LONGA+PERMAN%C3%8ANCIA+PARA+I
DOSOS%28ILPI%29/8dcf5820-fe26-49dd-adf9-
1cee4e6d3096
4- American Health Care Association [homepage na
internet]. Combatting coronavirus: our fight to protect
seniors & individuals with disabilities in long term care
[acesso em 27 abril 2020]. Disponível em:
https://www.ahcancal.org/facility_operations/disaster
_planning/Pages/Coronavirus.aspx
5- Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção
Especializada à Saúde. Protocolo de Manejo Clínico da
COVID-19 na Atenção Especializada. 1ª edição revisada.
2020. Disponível em:
https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/A
pril/14/Protocolo-de-Manejo-Cl--nico-para-o-Covid-
19.pdf

6- Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Guia de


Comunicação para Profissionais de Saúde na
Pandemia COVID-19. 2020. Disponível em:
https://www.dropbox.com/s/vv7awm8sgaadmjc/FINAL
_ANCP_Ebook_Guia_profissionais_de_sa%C3%BAde_p
andemia_COVID-19.pdf?dl=0

130
10.

ISOLAMENTO

SOCIAL E

QUARENTENA

AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE CAPÍTULO


TIVERAM SUA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM
JUNHO DE 2020.
ALUNOS CONTRA O CORONA

INTRODUÇÃO

I solamento social
iiiiisolamento social é um conjunto de medidas de
precaução que busca prevenir o contato entre
pessoas saudáveis e pessoas doentes (casos
confirmados ou suspeitos, sintomáticos) com o
objetivo de reduzir a transmissão do vírus.
Nesses casos, o isolamento poderá ser feito em
ambiente domiciliar, hospitais públicos ou hospi-
tais privados, de acordo com a recomendação
médica, durante 14 dias. Esse período pode ser
estendido dependendo da sintomatologia e resul-
tados dos exames laboratoriais do paciente.

iiiiiA quarentena pode ser definida como a restri-


ção do contato social de pessoas que não estão
doentes, porém podem ter sido expostas pela
COVID-19, ou seja, pessoas que tiveram contato
com o vírus e não sabem disso (através de
viagens ou contato com a comunidade) ou que
podem estar infectadas pelo vírus e não
apresentam sintomas. O objetivo é evitar a
propagação do Coronavírus no momento em que
as pessoas ainda estão assintomáticas.

No entanto, a definição de quarentena pode


variar de acordo com o contexto em que for
aplicada. Por exemplo, na Portaria nº 356 do dia
11 de março de 2020, emitida pelo Ministério da
Saúde, a quarentena tem um significado diferente
do conceito mencionado acima, sendo definida
como um ato administrativo que pode ser emitido
pelas secretarias de saúde dos estados,
municípios e do Distrito Federal ou pelo ministro
da Saúde, governadores e presidente da
República. Esse ato pode incluir suspensão da
abertura de estabelecimentos comerciais e restau-
r
132
ALUNOS CONTRA O CORONA

rantes com a manutenção apenas dos serviços


essenciais, restrição de acesso a espaços
públicos e várias outras medidas para evitar
aglomerações e cenários propícios para a
disseminação do vírus. É adotada pelo prazo de
40 dias, podendo se estender pelo tempo que for
necessário para reduzir a transmissão
comunitária e garantir a manutenção dos serviços
de saúde de um determinado local.

Para a população em geral, incluindo pessoas


saudáveis, a Organização Mundial da Saúde
(OMS) e o Centers Of Disease Control and
Prevention (CDC) recomendam a prática do
distanciamento social, ou seja, manter-se pelo
menos 2 metros de distância das outras pessoas,
evitando-se viagens desnecessárias, aglomera-
ções e visitas sociais, como forma de proteção
pessoal e desaceleração da transmissão do
SARS-CoV-2. Além disso, se possível, trabalhar
ou estudar em casa, evitar ir a restaurantes e
bares, priorizando serviços de delivery ou drive
thru, e também evitar visitar asilos e instalações
de cuidados prolongados.

ISOLAMENTO SOCIAL NO BRASIL

No Brasil, alguns estados como São Paulo e


Rio de Janeiro decretaram a quarentena em março
de 2020, no início da pandemia no país, adotando
o modelo chamado “isolamento social horizontal”,
o qual exige que todos os setores da sociedade,
exceto os essenciais, permaneçam em suas casas
a fim de restringir ao máximo o contato entre
outras pessoas. Também foram suspensas várias
atividades com atendimento presencial como
comércio, bares e restaurantes, mantendo somen-
t
133
ALUNOS CONTRA O CORONA

somente serviços essenciais como alimentação,


saúde, abastecimento e segurança. Recomendou-
se a limitação da circulação de pessoas apenas
para necessidades relacionadas à alimentação, ao
cuidado da saúde e ao exercício em atividades
essenciais. No entanto, as condutas relacionadas
ao distanciamento social e à quarentena variaram
de estado para estado. Em junho de 2020, após
quatro meses de pandemia, muitos estados
começaram a retornar com as atividades não-
essenciais e flexibilizar a quarentena, apesar da
contínua crescente no número de casos e óbitos
no Brasil todo.

Alguns críticos ao distanciamento social amplo


mencionam como alternativa o “isolamento
vertical”, cuja ideia é manter em isolamento ape-
nas indivíduos sintomáticos e pessoas perten-
centes aos grupos de risco para complicações da
COVID-19. Porém, esse modelo desconsidera os
diferentes núcleos familiares nos quais adultos e
crianças saudáveis vivem na mesma residência
que idosos e outras pessoas pertencentes ao gru-
po de risco. O que corrobora isso é uma pes-
quisa recente da Universidade Federal de São
Paulo (UNIFESP) que alerta sobre a presença de
pelo menos um fator de risco para complicações
da COVID-19 em 50% dos adultos brasileiros. O
modelo de isolamento vertical foi aplicado em
alguns países, como o Reino Unido, tendo como
resultado uma grande aceleração no número de
casos. Assim, a medida foi descartada, sendo
substituída pelo isolamento horizontal nesses
lugares.

A IMPORTÂNCIA DO

DISTANCIAMENTO SOCIAL

134
ALUNOS CONTRA O CORONA

Para explicarmos melhor a importância do


distanciamento social na pandemia da COVID-19,
utilizaremos como base uma matéria* publicada
pelo jornal americano The Washington Post, de
nome “Why outbreaks like coronavirus spread
exponentially, and how to “flatten the curve”
(Tradução livre: Por que pandemias como a do
coronavírus se espalham exponencialmente, e
como “achatar a curva”), a qual mostrou um
modelo de simulação de como seria a trans-
missão do vírus SARS-CoV-2 em uma cidade de
duzentos habitantes, em diferentes estágios de
distanciamento social. Essa publicação mostra as
possíveis consequências da não adoção medidas
de isolamento e o quanto elas são eficazes para
a contenção do vírus.
As situações analisadas são a circulação sem
restrição (sem adoção de qualquer medida de
isolamento), quarentena em apenas um bairro ou
região, isolamento social de 3/4 da população e
isolamento social de 7/8 da população, as quais
serão apresentadas a seguir:

a) circulação sem restrição


Sem qualquer restrição na circulação de
pessoas, o número de infectados sobe
rapidamente. Como consequência, o número
de casos graves, que precisam de internação
hospitalar e tratamento em UTI, apresenta
também um aumento vertiginoso, não
havendo equipamentos ou equipe de saúde
suficiente para os atendimentos. Nessa
projeção, toda a população (duzentas
pessoas) entra em contato com o vírus,
sendo que as manifestações variam desde
assintomáticos até casos graves, incluindo
óbitos.

135
ALUNOS CONTRA O CORONA

b. quarentena apenas em um bairro/região


iiiiEm uma tentativa de conter o vírus,
apenas uma região da cidade em que há
maior número de infectados é isolada do
restante, o que parece ser efetivo inicial-
mente. No entanto, sempre haverá pessoas
que moram e trabalham em regiões distintas,
saindo da região do isolamento, e, com o
tempo, espalhando o vírus para o resto da
cidade. Apesar de os casos demorarem um
pouco mais para subir, ao final todos os 200
habitantes também entram em contato com o
vírus.
75%
c. isolamento social de 3/4 da população
Quando espaços públicos são fechados,
aglomerações de pessoas são proibidas e a
população é estimulada a ficar em casa a
transmissão do vírus ocorre de maneira
significativamente mais lenta. Essas medidas
levam ao achatamento da curva, ou seja, os
casos são distribuídos no tempo, sendo que
o número de infectados concomitantemente é
muito menor. Dessa forma, o sistema de
saúde consegue atender os casos sem que
haja um déficit tão grande de funcionários e
equipamentos. Além disso, 12% dos habitantes
não tiveram contato com o vírus até o final
da simulação.
87%
d. isolamento social de 7/8 da população
Se houvesse um distanciamento social
extensivo como, por exemplo, na quarentena
total (permitida saída apenas para estabele-
cimentos de saúde, farmácias e supermerca-
dos), observa-se que o número de infectados
se mantém quase constante com o tempo, em
u
136
ALUNOS CONTRA O CORONA

uma taxa muito baixa que permite o pleno


funcionamento do sistema de saúde. Ao final
do tempo da simulação, 81% da cidade (162
habitantes) não tiveram contato com o vírus.
*Os gráficos e imagens da matéria podem ser acessados em
https://www.washingtonpost.com/graphics/2020/world/corona-simulator/

Um estudo feito pela Imperial College London


também corrobora a importância do distancia-
mento social demonstrando graficamente o im-
pacto de algumas medidas de isolamento e da
adoção de nenhuma medida em relação à capa-
cidade de leitos de UTI e sua ocupação neces-
sária dependendo da estratégia adotada.

A linha vermelha demonstra a capacidade de


leitos de UTI, enquanto a linha preta mostra a
quantidade de leitos de UTI necessários sem
nenhuma medida de isolamento social. Vemos
que, com o aumento da restrição do contato entre
as pessoas, há uma queda na necessidade de
leitos e uma melhor distribuição de casos ao
longo do tempo.

137
ALUNOS CONTRA O CORONA

A conclusão que tiramos da demonstração feita


pelo The Washington Post e pelo estudo da
Imperial College London é a de que o
distanciamento social não impede totalmente que
a COVID-19 se espalhe para a população, porém,
consegue achatar a curva de infectados, ou seja,
distribui os casos ao longo do tempo, impedindo
que o sistema de saúde se sobrecarregue e não
consiga atender todos os casos graves e que
precisam de suporte intensivo.
ooDesse modo, podemos evitar que muitas
pessoas em estado moderado a grave fiquem sem
o suporte necessário e venham a óbito.

REFERÊNCIAS

1- THE WASHINGTON POST. Why outbreaks like


coronavirus spread exponentially, and how to “flatten
the curve". Acesso em: 14 mar. 2020. Disponível em:
https://www.washingtonpost.com/graphics/2020/worl
d/corona-simulator/.
2- BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. PORTARIA Nº 356,
DE 11 DE MARÇO DE 2020. Acesso em: 11 mar. 2020.
Disponível em: http://www.in.gov.br/en/web/dou/
-/portaria-n-356-de-11-de-marco-de-2020-247538346.
3- BBC NEWS BRASIL. Coronavírus: por que ainda não
há quarentena no Brasil; entenda o que é e como pode
ocorrer. Acesso em: 17 mar. 2020. Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-51883270.
4- BRASIL. Governo do Estado do Rio de Janeiro.
Decreto Nº 46966 DE 11/03/2020. Acesso em: 11 mar.
2020. Disponível em: https://www.legisweb.com.br/
legislacao/?id=390644.

138
ALUNOS CONTRA O CORONA

5- BRASIL. GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO.


DECRETO Nº 64.881, DE 22 DE MARÇO DE 2020.
Disponível em: https://www.saopaulo.sp.gov.br/wp-
content/uploads/2020/03/decreto-quarentena.pdf.
Acesso em: 22 mar. 2020.
6- EDITORA ABRIL. O que é isolamento vertical (e por
que essa não é uma boa ideia)? Disponível em:
https://saude.abril.com.br/medicina/o-que-e-isolamen
to-vertical/. Acesso em: 27 mar. 2020.

7- Neil M Ferguson, Daniel Laydon, Gemma Nedjati-


Gilani et al. Impact of non-pharmaceutical
interventions (NPIs) to reduce COVID-19 mortality and
healthcare demand. Imperial College London (16-03-
2020), doi: https://doi.org/10.25561/77482.
8- Rezende Leandro F. M., Thome Beatriz, Schveitzer
Mariana Cabral, Souza-Júnior Paulo Roberto Borges de,
Szwarcwald Célia Landmann. Adults at high-risk of
severe coronavirus disease-2019 (Covid-19) in Brazil.
Rev. Saúde Pública [Internet]. 2020 [cited 2020 June
14] ; 54: 50. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=
S0034-89102020000100239&lng=en.Epub May 20,2020.
doi:https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054002596.
9- Ministério da Saúde [homepage na internet].
Medidas não farmacológicas [acesso em 12 jun. 2020].
Disponível em: https://coronavirus.saude.gov.br/
medidas-nao-farmacologicas

139
11.

VACINAS

AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE CAPÍTULO


TIVERAM SUA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM
SETEMBRO DE 2020.
ALUNOS CONTRA O CORONA

ORIGEM DAS VACINAS

IIIconceito de vacina como conhecemos


atualmente tem suas origens no final do século
XVIII. O médico britânico Edward Jenner, ao
investigar o motivo pelo qual ordenhadores de
vacas não se infectavam com varíola, resolveu
coletar pus de uma ordenhadora, que se
encontrava infectada com uma provável forma
bovina de varíola, e aplicar no braço de uma
criança de 8 anos. Algumas semanas após, a
criança foi exposta ao vírus da varíola e não
ficou doente. Isso explica o nome vacina, derivado
do latim vaccinae, que significa algo como “da
vaca”.
iA ideia testada por Edward Jenner
provavelmente foi inspirada por outra prática
bastante antiga, alguns relatam suas origens por
volta do século X na China, que ficou conhecida
como “variolação”. Essa técnica consistia em
inocular secreções purulentas de uma pessoa
infectada em pessoas saudáveis, que acabavam
desenvolvendo uma forma mais branda da doença
e ficavam posteriormente imunes. Contudo, em
alguns casos, o processo não funciona muito bem
e o infectado acabava morrendo.
Com a evolução tecnológica, as vacinas foram
aprimoradas e as exigências de segurança para
testes também se tornaram mais rígidas. Para o
desenvolvimento de vacinas atualmente é
necessária metodologia rigorosa e, sem dúvida,
aprovação por comitês de ética em pesquisa.

141
ALUNOS CONTRA O CORONA

COMO UMA VACINA É FEITA?

A vacina é uma substância utilizada para


estimular a produção de anticorpos e desenvolver
imunidade contra um microrganismo causador de
doença.

Algumas porções do microorganismo (os


antígenos) podem ser reconhecidas pelo sistema
imunológico e dessa forma induzir a produção de
anticorpos específicos contra estes antígenos.
Como o sistema imunológico pode desenvolver
uma memória imunológica, ao se deparar em um
segundo momento com o microrganismo, ele
promove uma resposta imune mais rápida e
efetiva. Dessa forma, estes antígenos ou até
mesmo o microorganismo atenuado podem ser
usados para criar vacinas e desenvolver uma
memória e uma resposta imunológica que
previnam doenças.
O processo de pesquisa e desenvolvimento de
uma vacina é minucioso, envolvendo diversas
etapas e necessitando de altos investimentos.

A primeira etapa do desenvolvimento de uma


vacina consiste na etapa pré-clínica, que
corresponde à pesquisa básica em que se define
a formulação vacinal, realizam-se ensaios em
modelos animais e experimentos para
compreender o mecanismo de ação.

A segunda etapa desse processo corresponde


ao desenvolvimento clínico onde se busca, a
partir de estudos em humanos, verificar os efeitos
farmacológicos, clínicos e identificar reações
adversas da vacina, com o objetivo de averiguar
segurança e eficácia.
142
ALUNOS CONTRA O CORONA

segurança e eficácia. Esta etapa é dividida em


quatro fases: a Fase I1 é aquela em que a vacina é
testada em um pequeno grupo de pessoas a fim
de demonstrar a segurança da vacina; a Fase II é
aquela em que ocorre um estudo mais ampliado,
com até centenas de pessoas, com o objetivo de
avaliar a imunogenicidade da vacina e obter
informações mais detalhadas sobre a sua
segurança; a Fase III é a última fase de estudo
antes do registro sanitário e tem como objetivo
demonstrar a eficácia e a segurança no público-
alvo sendo administrada em milhares de pessoas
e a Fase IV corresponde a aprovação da vacina
junto aos órgãos reguladores, é nesta fase
também em que se dá sua fabricação em larga
escala bem como a implementação da imunização
e a farmacovigilância pós licenciamento onde se
monitora continuamente possíveis efeitos
adversos.

ANDAMENTO DA VACINA

PARA A COVID-19

iiiiiiá
H até o momento aproximadamente 166
vacinas contra a Covid-19 sendo desenvolvidas,
no entanto apenas 31 estão na etapa de
desenvolvimento clínico. Dentre estas vacinas,
destacam-se:

A vacina desenvolvida pelo “Gamaleya Research


Institute”, que teve aprovação para uso
emergencial após a fase 1. Em junho, fora lançado
um ensaio de Fase 1 da vacina chamada Gam-
Covid-Vac-Lyo, que consistia na combinação de
dois adenovírus desenvolvidos com genes do
novo coronavírus. No mês de agosto, o presidente

143
ALUNOS CONTRA O CORONA

russo Vladmir Putin declarou que uma agência


reguladora de saúde russa havia aprovado esta
vacina, agora chamada de Sputnik V, antes da
realização da Fase 3.

A vacina desenvolvida pela Universidade de


Oxford – Astrazeneca, que é baseada em um
adenovírus de chimpanzé. As fases 1 e 2
demonstraram a segurança da vacina, que não
causou efeitos colaterais graves, bem como
desenvolveu a produção de anticorpos.
Atualmente, a vacina se encontra na Fase 3 no
Brasil e na África do Sul e na Fase 2/3 na
Inglaterra e na Índia.
A Biontech/Pfizer/Fosun Pharma tem seu
estudo de desenvolvimento da vacina nas Fases 2
e 3 combinadas, anunciadas em julho com 30 mil
voluntários nos EUA e outros países como Brasil,
Argentina e Alemanha. Após as Fases 1 e 2 pode-
se constatar que os voluntários produziram
anticorpos contra o SARS-CoV-2 e também
passaram a apresentar resposta imunológica
celular, no entanto alguns apresentaram
distúrbios no sono e dor nos braços.

A Cansino Biologics/Academy of Military


Medical Sciences tem seu estudo em Fase 3,
sendo a vacina aprovada para uso limitado. A
empresa chinesa em parceria com a Academia de
Ciências Militares da China desenvolveu sua
vacina baseando-se em um adenovírus atenuado
apresentando resultados promissores na primeira
fase, na qual a vacina fora aplicada em 108
voluntários saudáveis observando-se que os
anticorpos contra o vírus aumentaram
significativamente após 14 dias, atingindo o pico
28 dias após a vacinação sem haver eventos
adversos, exceto por algumas reações relatadas
como
144
ALUNOS CONTRA O CORONA

dor no local da injeção, febre, dor de cabeça e


dores musculares. Em 25 de junho, militares
chineses aprovaram a vacina, não esclarecendo
se a vacinação seria opcional ou obrigatória para
as tropas.

A Moderna/National Institutes of Health tem


seu estudo em Fase 3 baseando-se em RNA
mensageiro para a produção de proteínas virais
no corpo humano. Em março, foi a primeira
vacina contra o SARS-CoV-2 a ser testada em
humanos, havendo como resultado a produção de
anticorpos neutralizadores do vírus em níveis
iguais ou superiores aos níveis observados no
sangue de pacientes recuperados da doença, sem
ter sido observados efeitos adversos. Em 27 de
julho, foi iniciada a Fase 3, sendo que os testes
finais vão englobar 30 mil voluntários em cerca
de 89 localidades nos EUA.

A Sinopharm – Wuhan tem seu estudo também


em fase 3 desde o mês de julho, desenvolvendo
sua vacina a partir de vírus inativado. Nas fases
iniciais, quando foram realizados testes em
camundongos e primatas, a vacina induziu a
produção de anticorpos capazes de neutralizar
diferentes cepas do vírus SARS-CoV-2

CAMPANHA NACIONAL DE

VACINAÇÃO CONTRA INFLUENZA

A Campanha de Vacinação contra a Influenza


(gripe) foi incorporada no Programa Nacional de
Imunizações (PNI) em 1999, a fim de reduzir
internações, complicações e mortes na população
mais vulnerável.

145
ALUNOS CONTRA O CORONA

Em 2020, devido à atual pandemia da COVID-19,


o Ministério da Saúde antecipou em um mês o
início da 22ª Campanha Nacional de Vacinação
contra a Influenza. Durante a realização da
campanha, a fim de evitar aglomerações nos
postos de vacinação e conseguir suprir a
demanda de produção e distribuição das vacinas,
o Ministério da Saúde prorrogou a duração
habitual da campanha. Dessa forma, a Campanha
foi realizada a partir do dia 23/03/2020 até
30/06/2020.
A Campanha alcançou 90,2% do público-alvo,
ultrapassando a meta de 90% pretendida. Os
idosos foram o grupo prioritário com melhor
desempenho atingindo uma cobertura de 119,72%
seguidos dos profissionais de saúde com 115,23%.
Das 81,18% das 79,9 milhões de doses distribuídas
pelo país foram aplicadas. Dessa forma, o
Ministério da Saúde recomendou aos municípios
estenderem a vacinação à população geral
enquanto durarem os estoques da vacina.
A escolha dos grupos prioritários para a
Campanha de Vacinação contra a gripe segue a
recomendação da Organização Mundial de Saúde
(OMS). Essa definição também é respaldada por
estudos epidemiológicos e pela observação do
comportamento das infecções respiratórias, que
têm como principal agente os vírus da gripe. São
priorizados os grupos mais suscetíveis ao
agravamento de doenças respiratórias.

A divisão do público-alvo entre as fases da


campanha apresentou alterações devido ao atual
contexto da pandemia da COVID-19. Assim, alguns
trabalhadores dos serviços essenciais durante a
pandemia foram incluídos nessa campanha, por
exemplo, os profissionais do transporte coletivo,
P
146
ALUNOS CONTRA O CORONA

portuários e caminhoneiros.

A vacina contra a gripe é a forma mais eficaz


de prevenção dessa doença. Com a vacinação dos
grupos mais vulneráveis às complicações da
doença e os mais expostos à contaminação pelo
vírus, pretende-se reduzir a quantidade de
infectados. Por conseguinte, reduzir a
necessidade de procura pelos serviços de saúde
já sobrecarregados devido à atual pandemia da
COVID-19.
Como os sintomas da COVID-19 e da Influenza
(gripe) podem ser semelhantes, a vacinação
contribui para suspeita diagnóstica de infecção
pelo coronavírus na população vacinada contra a
Influenza que apresentar sintomas respiratórios.
É essencial ressaltar que a vacina contra a
Influenza não previne a COVID-19, pois os vírus
causadores dessas doenças são diferentes.

No contexto de distanciamento social, a


vacinação contra a gripe é uma atividade
essencial. Dessa forma, orientou-se a população
sobre a importância de comparecer aos postos de
vacinação utilizando máscaras e mantendo a
distância mínima de 2 metros das outras pessoas.
Os postos de saúde organizaram filas
respeitando essa distância, além de em alguns
locais realizarem a vacinação dentro dos veículos,
o chamado “drive-thru”.

147
ALUNOS CONTRA O CORONA

REFERÊNCIAS

1- Fundação Oswaldo Cruz (homepage na internet).


Ministério da Saúde. Conheça a história das vacinas
(acesso em 29 de agosto de 2020). Disponível em:
https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/noticias/1738-
conheca-a-historia-das-vacinas

2- Needham, Joseph. (2000). Science and Civilization in


China: Volume 6, Biology and Biological Technology,
Part 6, Medicine. Cambrige: Cambrige University Press.
P.154 Development of na inactvated vaccine candidate
for SARS-CoV-2 – GAO et al. Science [06 May 2020].
Disponível em: https://science.sciencemag.org/content/
369/6499/77
3- Developing Covid-19 Vaccines at Pandemic Speed,
March 30, 2020. New England Journal of Medicine. DOI:
10.1056/NEJMP2005630 Draft Landscape of COVID-19
candidate Vaccines (22 May 2020) – World Health
Organization (acesso em 15 de junho de 2020).
Disponível em: https://www.who.int/who-documents-
detail/draft-landscape-of-covid-19-candidate-vaccines
4- Estado de Minas [Homepage Internet].
Epidemiologista avalia desenvolvimento de vacinas
contra o coronavírus. Disponível em: https://www.em.
com.br/app/noticia/gerais/2020/08/17/interna_gerais,1
176667/epidemiologista-avalia-desenvolvimento-de-
vacinas-contra-o-coronavirus.shtml
5- Fundação Oswaldo Cruz [homepage na internet].
COVID-19 Perguntas e Respostas [acesso em 19 maio
2020]. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/
pergunta/por-que-campanha-vacinacao-contra-gripe-
iniciada-pelo-ministerio-da-saude-e-importante-para
Instituto Butantan [homepage na internet]. Ensaios
Clínicos. [acesso em 20 de Julho de 2020]. Disponível
em: http://www.butantan.gov.br/pesquisa/ensaios-clini
cos

148
ALUNOS CONTRA O CORONA

6-Ministério da Saúde [homepage na internet].


Ministério da Saúde ultrapassa meta de vacinação do
público-alvo. [acesso em 11 julho 2020]. Disponível:
https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/4718
6-ministerio-da-saude-ultrapassa-meta-de-vacinacao-
do-publico-alvo

7- Ministério da Saúde [homepage na internet].


Informe Técnico 22ªCampanha Nacional de Vacinação
contra a Influenza [acesso em 19 maio 2020].
Disponível em: https://www.saude.gov.br/images/pdf/
2020/marco/30/GRIPE-Informe-Tecnico-Influenza--fi
nal-2.pdf
8- Moderna Annouces Positive Interim Phase 1 Data for
its mRNA Vaccine (mRNA – 1273) Against Novel
Coronavirus [May 18, 2020] – Comunicado official da
Indústria Farmacêutica Moderna Inc. Disponível em:
https://investors.modernatx.com/news-releases/news-
release-details/moderna-announces-positive-interim-
phase-1-data-its-mrna-vaccine/
9- Oxford COVID-19 vaccin to begin fase 11/111 human
trials – Comunicado Oficial da Universidade de Oxford
[Acesso em 25 de junho de 2020]. Disponível em:
https://www.ox.ac.uk/news/2020-05-22-oxford-covid-
19-vaccine-begin-phase-iiiii-human-trials
10- Prefeitura de São Paulo [homepage internet].
Campanha de Vacinação contra a Influenza 2020
[acesso em 19 maio 2020]. Disponível em:
https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/sa
ude/vigilancia_em_saude/index.php?p=295293

11- Safety, tolerability and immunogenicity of a


recombinant adenovirus tipe-5 vectored COVID-19
vaccine a dose-escalation, open-label, non-
randomised, first-in-human trial – ZHU et al. The
Lancet (Published online May 22, 2020). Disponível em:
https://www.thelancet.com/journals/lancet/aricle/PIIS
0140-6736(20)31208-3/fulltext

149
ALUNOS CONTRA O CORONA

12- SARS-CoV-2 Vaccines: Status Report – Cell Press


Immunity Perspective [acesso em 15 de Junho de 2020].
Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/
articles/pmc7136867/
13- The COVID-19 Vaccine Development Landscape.
Nature Pressresearch Journal. DOI: 10.1038/D41573-
02000073-5

150
12.

DECLARAÇÃO

DE ÓBITO E

COVID-19

AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE CAPÍTULO


TIVERAM SUA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM
JUNHO DE 2020.
ALUNOS CONTRA O CORONA

A Declaração de Óbito (DO) é um documento


padrão no território nacional que tem o objetivo
de registrar, atestar ou declarar um óbito. Possui
três vias e é fornecida pelo Ministério da Saúde.
É utilizada, também, para a coleta de estatísticas
epidemiológicas relacionadas à mortalidade no
Brasil e na avaliação da eficácia de certas
medidas de intervenção como, por exemplo, o
número de óbitos por COVID-19 e a relação com
determinada medida sanitária.
No Brasil, a emissão da DO é um ato médico.
Portanto, o médico tem obrigação legal e
responsabilidade ética e jurídica de constatar,
atestar o óbito e assinar o documento.
Devido a todas essas utilidades, é importante
que o preenchimento da Declaração de Óbito seja
padronizado de acordo com regras estabelecidas
pela Organização Mundial da Saúde.
São definições de causas de morte:

CAUSAS DE MORTE: doenças, estados


mórbidos ou lesões que produziram a morte
ou contribuíram para ela;
CAUSA BÁSICA DE MORTE: doença ou estado
que iniciou a cadeia de eventos mórbidos que
levou à morte. Pode ser externa (acidente ou
violência) ou natural (iniciada por doença ou
lesão);
CAUSA INTERMEDIÁRIA: episódios mórbidos
que produziram a causa terminal;
CAUSA TERMINAL: doença ou estado mórbido
que levou diretamente à morte;

152
ALUNOS CONTRA O CORONA

CAUSAS ASSOCIADAS: outras condições


significativas que não entram na sequência de
eventos que levaram à morte, mas também
contribuíram. No caso dos óbitos por COVID-19,
podemos considerar doenças crônicas como
Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes
Mellitus.

A seguir, temos o modelo de preenchimento das


causas de morte e causas associadas na
Declaração de Óbito (Figura 1):

Junto às causas de morte, também existe um


espaço na Declaração de Óbito para ser colocado
o CID (Classificação Estatística Internacional de
Doenças e Problemas relacionados com a Saúde).
O CID é um código internacional designado para
cada doença, padronizado em todo o mundo. Isso
é de extrema utilidade para monitorar as
diferentes causas de morte e doenças em
diferentes países e continentes. Quem deve
preencher o CID são os codificadores dos
serviços de estatísticas dos municípios. Exemplo:
de acordo com o CID-10 (atual classificação
usada), Hipertensão Essencial (Primária) tem
como CID I-10; Diabetes Mellitus tem como CID
E14.9.

153
ALUNOS CONTRA O CORONA

ORIENTAÇÕES PARA A COVID-19

Todos os óbitos confirmados por COVID-19, ou


seja, com quadro clínico compatível e confirmação
laboratorial, deverão ser classificados com o CID-
10–B34.2 (Infecção por coronavírus de localização
não especificada).

No caso de óbito em que o médico mencione na


declaração de óbito a ocorrência da “Síndrome
Respiratória Aguda Grave - SARS” deverá ser
utilizado o CID U04.9. Como no exemplo (Figura
2):

Vale lembrar que também é de vital importância


o preenchimento das causas associadas, como
Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes Mellitus
e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, uma vez
que estas ajudam a definir a relação entre essas
comorbidades e os óbitos pela doença COVID-19
(Figura 3):

154
ALUNOS CONTRA O CORONA

No caso de óbito de casos suspeitos sem


confirmação do diagnóstico da COVID-19 (exame
laboratorial não realizado ou investigação do
óbito inconclusiva), deve-se utilizar o código
B34.2 juntamente com o marcador U07.2 (COVID-
19, vírus não identificado ou critério clínico
epidemiológico) na mesma linha do atestado
(Figura 4).

155
ALUNOS CONTRA O CORONA

Caso o teste para COVID-19 não tenha sido


realizado em vida, nos casos de Síndrome
Respiratória Aguda Grave (SARS) sem diagnóstico
etiológico e casos suspeitos de COVID-19 com
investigação em andamento, deve-se colher o
material post-mortem em até 24 horas após o
óbito. Nesses casos, deve constar na Declaração
de Óbito as informações coletadas na anamnese
sobre quadro sindrômico e escrever “Aguarda
exames”.

Em casos de morte natural, a realização de


autópsias nos Serviços de Verificação de Óbito
atualmente deve ser evitada. Isso porque, no
contexto da pandemia, a realização de tais
autópsias poderia gerar uma grande fonte de
contaminação. Como alternativa, estão sendo
feitos em muitos locais as Autópsias Verbais, em
que são feitas entrevistas com pessoas próximas
à falecidas para elucidar as circunstâncias que
levaram à morte. Nessas situações, o médico deve
preencher a DO com as informações fornecidas
pela Autópsia Verbal.

SUBDIAGNÓSTICO DOS ÓBITOS

PELA COVID-19

Existem casos de pacientes suspeitos que vieram


a óbito e não foram testados para a COVID-19,
apesar de o teste ser recomendado mesmo após
a morte, talvez por indisponibilidade. Há muitas
notificações da Síndrome Respiratória Aguda
Grave (SRAG), complicação comum em casos
graves da COVID-19, sem o diagnóstico etiológico.

Considerando que o óbito por COVID-19 é

156
ALUNOS CONTRA O CORONA

notificado somente com a presença de teste


positivo, muitas das mortes por SRAG podem ter
ocorrido por essa doença e não foram
contabilizadas. Além disso, em 2019, durante o
período de 01 de janeiro até 15 de junho, o
número de mortes notificadas como Síndrome
Respiratória Aguda Grave foi de 628, já em 2020,
durante esse mesmo período, a contagem foi de
8666, ou seja, cerca de treze vezes maior.
Portanto, vemos indícios que provavelmente há
um subdiagnóstico das mortes pela COVID-19 no
Brasil, principalmente pela falta de testagem nos
pacientes suspeitos da doença.

REFERÊNCIAS

1- Ministério da Saúde; Conselho Federal de Medicina;


Centro Brasileiro de Classificação de Doenças. A
declaração de óbito: documento necessário e
importante – 3. ed. – Brasília: Ministério da Saúde,
2009. 38 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos)
2- Ministério da Saúde [homepage na internet].
Orientações para preenchimento da Declaração de
Óbito. Publicado em 20 de Março de 2020 [acesso em
22 mai. 2020] Disponível em:
http://www.saude.sp.gov.br/resources/ccd/homepage/c
ovid-
19/civs/anexo_1__orientacoes_para_o_preenchimento_
da_declaracao_de_obito_covid-19_atualizada_3020.pdf
3- Ministério da Saúde [homepage na internet].
Orientação para emissão e Declaração de Óbito frente
à pandemia de COVID-19. Publicado em 20 de março de
2020 [acesso em 22 mai. 2020] Disponível em:
http://www.saude.sp.gov.br/coordenadoria-de-
controle-de-doencas/homepage/noticias/orientacoes-
para-emissao-de-declaracao-de-obito-frente-a-
pandemia-de-covid-19

157
ALUNOS CONTRA O CORONA

4- Porta da Transparência do Registro Civil


[homepage na internet]. Painel Registral – Óbitos por
doenças respiratórias [acesso em 15 jun. 2020].
Disponível em:
https://transparencia.registrocivil.org.br/especial-covid

158
13.

OS

IDOSOS E

A COVID-19

AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE CAPÍTULO


TIVERAM SUA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM
JULHO DE 2020.
ALUNOS CONTRA O CORONA

O envelhecimento é um processo dinâmico e


progressivo, no qual há modificações fisiológicas,
funcionais e morfológicas envolvidas, conhecidas
como processo de senescência. A perda
progressiva da capacidade de adaptação do
indivíduo o torna mais vulnerável às doenças. 1 A
heterogeneidade dos idosos pode ser explicada
por diferentes fatores como genética, estilo de
vida, relações socioeconômicas, espiritualidade e
percepção das condições de saúde. Todos esses
fatores apresentam efeito cumulativo no decorrer
da vida dos indivíduos.

A susceptibilidade da população idosa às


formas graves da Covid-19 é explicada por
diversos fatores, dentre os principais estão o
processo de imunossenescência, a presença de
um maior número de comorbidades, a maior
prevalência de fragilidade e a dependência
funcional. Fatores responsáveis por aumentar o
processo inflamatório e a vulnerabilidade aos
agentes estressores. Por isso, quando um idoso é
diagnosticado com a Covid-19 existem diversas
preocupações envolvidas, pois além da redução
física e cognitiva dos idosos para responder
adequadamente ao tratamento, pode ocorrer um
atraso do diagnóstico devido às manifestações
atípicas das doenças nessa faixa etária.2
A Covid-19, como mencionado no “Capítulo 4:
Fisiopatologia da Covid-19” apresenta as suas
complicações relacionadas com o estado de
inflamação intensa do organismo resultante da
tentativa de eliminação do Sars-Cov-2. Assim, a
resposta imune exacerbada e o estado de elevada
inflamação podem resultar, por exemplo, em
fenômenos trombóticos e no acometimento de
diversos órgãos.

160
ALUNOS CONTRA O CORONA

Estudos durante o começo da pandemia


demonstraram que a idade avançada é um dos
fatores de risco para complicações da Covid-19. A
partir da análise de pacientes com essa doença
em Wuhan, cidade chinesa, evidenciou-se o
aumento na taxa de mortalidade de acordo com a
faixa etária (70-79 anos taxa de 8% e acima e 80
anos taxa de 14,8% de mortalidade). 3
Recente Revisão Sistemática sobre os estudos
da Covid-19, publicada em julho na revista
científica JAMA, evidencia que a média de idade
dos pacientes hospitalizados com essa doença
variou entre 47 e 73 anos. A faixa etária acima
dos 50 anos foi responsável por 74 a 86% desses
pacientes hospitalizados. A mortalidade
hospitalar foi menor que 5% em pacientes com
menos de 40 anos, 35% na faixa etária entre 70-
79 anos e mais de 60% entre os pacientes com
80-89 anos. 4 Além da idade avançada, muitos
idosos já apresentam outras comorbidades que
aumentam a mortalidade da Covid-19. Na revisão
sistemática mencionada, evidenciou-se que 60 a
90% dos pacientes hospitalizados com a Covid-19
apresentavam comorbidades. As comorbidades
mais comuns foram hipertensão (48-57%),
diabetes (17-34%) e outras doenças
4
cardiovasculares (21-28%).
Outro diferencial dessa faixa etária é a presença
de manifestações atípicas das doenças, inclusive
da Covid-19. Sintomas como queda do estado
geral, perda do apetite, confusão mental, quedas,
alterações comportamentais, delirium, ausência de
febre podem atrasar o diagnóstico e o tratamento
da doença. Isso porque tais manifestações
geralmente estão presentes em outras situações
comuns na população idosa como a desidratação,
o efeito colateral de medicamentos, a constipação,

161
ALUNOS CONTRA O CORONA

a dor e outras infecções como infecção urinária e


pneumonia bacteriana. 2

A Síndrome de Fragilidade é uma condição


importante na avaliação prognóstica do paciente
idoso, já que está associada a uma maior
vulnerabilidade aos agentes estressores e uma
menor capacidade de responder aos tratamentos
dado a baixa reserva física e cognitiva, levando a
desfechos desfavoráveis como o aumento do
tempo de hospitalização, institucionalização e à
morte. 5 A fragilidade associada a dependência
funcional são pilares fundamentais para
avaliação de prognóstico do paciente idoso e para
a elaboração de um plano de cuidados. A
avaliação geriátrica ampla é essencial para a
caracterização dos pacientes idosos.
Individualmente pretende compreender as
demandas e contribuir para o delineamento de
possíveis intervenções. Essas demandas vão
desde questões envolvendo compensação de
comorbidades, medidas preventivas e de
diagnóstico, redução da quantidade de
medicamentos, até questões envolvendo aspectos
funcionais, identificação de fragilidade e
problemas sociais. 6
A recomendação da Sociedade Brasileira de
Geriatria e Gerontologia (SBGG) é que idosos
(acima de 60 anos), especialmente os portadores
de diabetes, hipertensão arterial, doenças do
coração, pulmões e rins, doenças neurológicas,
em tratamento de câncer, imunossuprimidos, ou
aqueles com mais de 80 anos e portadores de
síndrome de fragilidade, adotem medidas de
restrição de contato social. 7 Apesar das medidas
de restrição social orientadas, essa faixa etária
necessita de estratégias para manter o
acompanhamento médico e reduzir situações de

162
ALUNOS CONTRA O CORONA

risco. Dessa forma, a telemedicina é uma


importante ferramenta para manter o
acompanhamento e tratamento de outras
comorbidades, assim como realizar orientações
sobre possíveis intercorrências na saúde do
idoso.

Evidencia-se, durante a pandemia, o aumento


nos casos de quedas, piora dos quadros de
ansiedade, depressão, dor crônica e alterações
comportamentais associadas às demências.
Portanto, é aconselhado um equilíbrio entre
distanciamento social e acompanhamento
individualizado dos fatores de risco de cada
idoso. 8

IDOSOS EM INSTITUIÇÕES DE

LONGA PERMANÊNCIA (ILPIS)

O s idosos em instituições de longa permanência


são um grupo de maior vulnerabilidade à infecção
pela Covid-19. Esse grupo é composto em sua
maioria por indivíduos que demandam mais
cuidados de saúde e possuem maior dependência
funcional. Também apresentam maior prevalência
de síndrome de fragilidade e de doenças em
estágios avançados. Infelizmente, a minoria deles
possui algum planejamento antecipado de
cuidado, sendo um grande desafio estabelecer
condutas quando tais idosos chegam aos serviços
de urgência e emergência. Dessa forma, desde o
início da pandemia a Sociedade Brasileira de
Geriatria e Gerontologia (SBGG) recomenda que as
Instituições de longa permanência (ILPIs)
organizem planos de ação preventiva e de
condutas para garantir a segurança dos

163
ALUNOS CONTRA O CORONA

moradores. 9

Algumas recomendações para a organização das


instituições são:

Suspender as visitas às instituições por


tempo indeterminado;
Restringir as atividades em grupo e a
circulação em áreas coletivas;
Redobrar os cuidados de higiene antes e após
qualquer toque no morador, mesmo com uso
de luvas;
Afastar todos os funcionários que
apresentarem sintomas respiratórios;
Todos os residentes com sintomas
respiratórios agudos devem ter sua
movimentação na ILPI restrita ao máximo
possível, permanecer em dormitório com boa
ventilação e, idealmente, com banheiro
próprio e com precaução de contato. Se a
saída for necessária, o idoso deve usar
máscara cirúrgica e ficar mais de dois metros
dos outros idosos;
Recomenda-se que todos os residentes com
sintomas respiratórios sejam assistidos por
profissionais da saúde com máscara cirúrgica.
As principais medidas preventivas devem ser
com frequência orientadas aos funcionários e
moradores a fim de reduzir o contágio pelo
coronavírus:

Higienização frequente das mãos com água e


sabão ou álcool em gel a 70%;
Identificação e isolamento respiratório dos
acometidos pelo vírus;
Uso de EPIs (equipamentos de proteção
individual) pelos profissionais de saúde;

164
ALUNOS CONTRA O CORONA

Não levar as mãos ao rosto sem lavá-las


previamente;
Evitar o contato social como aperto de mão,
abraços e beijos;
Realizar a etiqueta respiratória cobrindo, com
o antebraço ou lenço descartável, o nariz e a
boca ao espirrar e tossir. Em seguida, jogar
fora o lenço e higienizar as mãos.
Apesar das atuais medidas de flexibilização do
isolamento social e reabertura do comércio em
diversos municípios, a SBGG reforça a orientação
inicial sobre a suspensão das visitas em ILPIs e
as orientações mencionadas acima. 10 Dados
estatísticos oficiais até 26/06/2020 foram
enfatizados pela SBGG para manter as medidas
orientadas e reforçar a vulnerabilidade desse
grupo. Estudos científicos evidenciaram que no
Canadá 85% de todas as mortes por Covid-19
foram de residentes de ILPIs, nos EUA a
porcentagem foi de 45%.11 Na Inglaterra 41,5%
dessas instituições foram acometidas por surto
da Covid-19. 12

FLUXO DE ATENDIMENTO DO IDOSO

E PLANEJAMENTO DE CUIDADOS

O Ministério da Saúde, no fluxo de atendimento


ao idoso e ao adulto, estabelece que os pacientes
que apresentarem qualquer sintoma de Síndrome
Gripal (febre a partir de 37,8ºC, tosse, dor de
garganta, dificuldade respiratória) devem ser
abordados como casos suspeitos da Covid-19. Na
população idosa é essencial estar alerta para os
sintomas atípicos que mencionamos, como:
confusão mental, agitação, sonolência,
desconforto respiratório, ausência de febre ou
aumento de 1,1 graus Celsius da temperatura basal

165
ALUNOS CONTRA O CORONA

do idoso, quedas e redução da ingestão


alimentar.13-14

Os idosos são um dos grupos considerados


prioritários para o atendimento médico. 13-14 A
SBGG recomenda que os idosos com sintomas
suspeitos leves de síndrome gripal, se houver a
disponibilidade, priorizem o atendimento
domiciliar a fim de evitar a menor exposição do
paciente aos serviços de saúde.7 Os idosos são
pacientes que precisam de uma avaliação
cuidadosa devido às manifestações atípicas já
mencionadas.
Em época de pandemia, mais do que nunca,
torna-se fundamental realizar de forma
sistemática um plano de cuidados para cada
paciente idoso. Para realizá-lo devemos,
primeiramente, conhecer o paciente, ouvir a sua
história de vida e os seus valores. É necessário
esclarecer o paciente, sempre que possível, sobre
seus próprios cuidados a fim de que ele entenda
suas comorbidades, possibilidades de tratamento
e prognóstico. Quando não há essa possibilidade,
então conversamos e planejamos cuidados
discutindo essas questões com familiares ou seu
representante legal.
Na situação atual, a presença de um
planejamento antecipado de cuidados,
estabelecido mediante a escuta ativa das suas
preferências, respeitando sua trajetória de vida e
seus valores, pode ajudar muito a equipe de
saúde na tomada de decisão durante situações de
urgência, reduzindo o risco de iatrogenias. Esse
processo de tomada de decisão envolve não
apenas a perspectiva dos profissionais de saúde
durante a avaliação do paciente, mas também a
condição e quantidade de recursos da instituição

166
ALUNOS CONTRA O CORONA

de saúde na qual os profissionais estão


inseridos.
Decidir quanto ao uso ou não de um recurso de
saúde baseado apenas na idade do paciente pode
ser uma decisão arriscada e precipitada. Durante
a atual pandemia, acompanhamos histórias
fantásticas de idosos recuperados apesar dos
procedimentos invasivos e internação prolongada.
Trata-se de uma demonstração da
heterogeneidade dos pacientes geriátricos, cada
um com sua particularidade e história de vida.
Considerar essas questões, sempre associando à
avaliação geriátrica ampla, nos ajuda a
compreender o porquê muitos idosos nos
surpreendem positivamente e se recuperam
durante o processo de adoecimento e internação
hospitalar.
A programação para reabilitação do idoso após
melhora de um quadro grave de saúde é
fundamental. Existem aspectos fundamentais
dentro da prática geriátrica que precisam da
atenção do profissional de saúde. A orientação
para prevenção de quedas, adaptação do
ambiente, a orientação aos familiares e
cuidadores, os cuidados por uma equipe
multiprofissional, a adequação dos medicamentos,
a mudança no estilo de vida e a atualização
vacinal são exemplos desses aspectos. É
essencial ressaltar que, na geriatria e
gerontologia, uma alta hospitalar é sempre uma
oportunidade de realizar planejamento de
cuidados, inserindo o paciente e sua família como
membros ativos e centrais no contexto do
cuidado da saúde.
Por outro lado, submeter sistematicamente todos
os pacientes idosos com a Covid-19 grave ao
suporte avançado de vida com intubação

167
ALUNOS CONTRA O CORONA

orotraqueal e ventilação mecânica, pode levar


pacientes com prognóstico desfavorável a um
processo de distanásia, ou seja, realizar medidas
fúteis que irão prolongar o sofrimento do ser
humano sem trazer benefício terapêutico e
recuperação. O que pode levar até a uma escassez
de recursos terapêuticos de forma mais rápida
para aqueles que realmente se beneficiariam.
A prática dos cuidados paliativos, pouco
explorada de forma geral no contexto da
pandemia, deveria receber mais atenção, já que
independentemente do prognóstico do paciente, o
alívio do sofrimento humano deveria estar em
todas as situações de cuidado de saúde. Aliviar a
falta de ar, a ansiedade, a dor, entre outros
sintomas, deveriam ser medidas obrigatórias no
contexto da Covid-19 e se tornar uma discussão
tão importante quanto a aquisição de
equipamentos de ventilação mecânica e ampliação
dos leitos de UTI.
Os pacientes que não se recuperarem da Covid-
19 ou de qualquer outra doença grave e
ameaçadora à vida devem receber um fim de vida
digno, com amplo acesso às medidas de alívio de
sofrimento por meio da prática de cuidados
paliativos. Os familiares devem ser comunicados e
amparados de forma clara e empática sobre a
evolução clínica de seus entes queridos. Os
recursos tecnológicos existentes e as medidas de
proteção individual possíveis devem ser utilizado
a fim de mitigar o isolamento durante esse
processo de despedida. Na geriatria e
gerontologia, em época de pandemia, mais do que
nunca tornam-se fundamentais o trabalho da
equipe interdisciplinar e a presença de
habilidades de comunicação efetiva e empática.
Nesse momento de pandemia, a prática

168
ALUNOS CONTRA O CORONA

nos ensina a importância de individualizar


condutas baseadas na avaliação geriátrica ampla
e na realização do planejamento de cuidados a
partir das perspectivas e valores do paciente, da
equipe de saúde e dos recursos disponíveis nas
instituições de saúde. A pandemia traz à tona a
necessidade de se praticar empatia e aperfeiçoar
estratégias de comunicação, inserindo os
cuidados paliativos no contexto dos atendimentos
e valorizando o trabalho em equipe
interdisciplinar.
Os idosos são heterogêneos, portanto as
condutas não podem levar apenas em
consideração a idade dos indivíduos. Elas devem
considerar as particularidades e possibilidades de
reabilitação de cada paciente. Apenas considerar
a idade, o ageísmo, é uma ideia prevalente em
nossa sociedade que deve ser combatida. Como
possibilidades de combate temos o ensino e a
prática da geriatria e gerontologia, a
disseminação do conhecimento à população, o
treinamento dos profissionais da área da saúde
no cuidado e nas particularidades que envolvem
os indivíduos idosos.

REFERÊNCIAS

1. Lana Letice Dalla, Schneider Rodolfo Herberto.


Síndrome de fragilidade no idoso: uma revisão
narrativa. Rev. bras. geriatr. gerontol. 2014 Set; 17( 3
): 673-680.
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19 in Hunan Province, China: A Multicenter,
Retrospective Study [published online ahead of print,
2020 May 29]. Gerontology. 2020;1-9.
doi:10.1159/000508734

169
ALUNOS CONTRA O CORONA

3. Zhou, F., Yu, T., Du, R., Fan, G., Liu, Y., Liu, Z., Xiang,
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course and risk factors for mortality of adult inpatients
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study. Lancet Lond. Engl. 2020 March 11 doi:
10.1016/S0140-6736(20)30566-3

4. Wiersinga WJ, Rhodes A, Cheng AC, Peacock SJ,


Prescott HC. Pathophysiology, Transmission, Diagnosis,
and Treatment of Coronavirus Disease 2019 (COVID-19):
A Review. JAMA. Published online July 10, 2020.
doi:10.1001/jama.2020.12839
5. Gobbens RJJ, Van Assen MALM, Luijkx KG, Wijnen-
Sponselee MTh, Schols JMGA. The Tilburg Frailty
Indicator: psychometric properties. J Am Med Dir Assoc
2010;11(5):344-55.
6. Conroy SP, Bardsley M, Smith P, Neuburger J,
Keeble Eilís, Arora S, et al. Comprehensive geriatric
assessment for frail older people in acute hospitals:
the HoW-CGA mixed-methods study. Southampton (UK):
NIHR Journals Library; April 2019.
7. Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
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COVID-19 [acesso em 20 março 2020]. Disponível em:
https://sbgg.org.br/posicionamento-sobre-covid-19-
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8. Bhidayasiri R, Virameteekul S, Kim JM, Pal PK,
Chung SJ. COVID-19: An Early Review of Its Global
Impact and Considerations for Parkinson's Disease
Patient Care. J Mov Disord. 2020;13(2):105-114.
doi:10.14802/jmd.20042
9. Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
[homepage na internet]. Recomendações para
Prevenção e Controle de infecções por coronavírus
(SARS-CoV-2) em Instituições de Longa Permanência
para Idosos (ILPIs) [acesso em 30 junho 2020].

170
ALUNOS CONTRA O CORONA

Disponível em: https://sbgg.org.br/recomendacoes-


para-prevencao-e-controle-de-infeccoes-por-
coronavirus-sars-cov-2-em-instituicoes-de-longa-
permanencia-para-idosos-ilpis/
10. Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
[homepage na internet]. Posição sobre Suspensão de
Visitas em Instituições de Longa Permanência para
Idosos (ILPIs). [acesso em 11 julho 2020]. Disponível
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suspensa%CC%83o-de-visitas-em-ILPI-1.pdf
11. International Long-Term Care Policy Network
[homepage na internet]. Mortality Associated with
COVID-19 Outbreaks in Care Homes: Early International
Evidence [acesso 27 julho 2020]. Disponível em:
https://ltccovid.org/2020/04/12/mortality-associated-
with-covid-19-outbreaks-in-care-homes-early-
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12. Public Health England. 2020 [homepage na internet].
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GOV.UK. [acesso em 15 julho 2020]. Disponível em:
https://www.gov.uk/government/publications/covid-19-
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provision.
13. UNASUS [homepage na internet]. Protocolo de
Manejo Clínico do Coronavírus (Covid-19) na Atenção
Primária à Saúde [acesso em 15 julho 2020].
Disponível em:
https://www.unasus.gov.br/especial/covid19/pdf/37

14. Ministério da Saúde [homepage na internet].


Orientações para manejo de pacientes com Covid-19
[acesso em 15 julho 2020]. Disponível em:
https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/J
une/18/Covid19-Orientac--o--esManejoPacientes.pdf

171
14.

RELAÇÃO

MATERNO-

PERINATAL

COM A COVID-19

AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE CAPÍTULO


TIVERAM SUA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM
AGOSTO DE 2020.
ALUNOS CONTRA O CORONA

A infecção pelo Sars-CoV-2 é uma intercorrên-


cia clínica ainda recente, portanto suas reper-
cussões estão em permanente mudança. Essa
premissa também é válida para os grupos de
gestantes, puérperas e recém-nascidos, que são
considerados grupos de atenção diante das
epidemias virais devido às suas condições
fisiológicas e imunológicas próprias que os
tornam mais suscetíveis às infecções. Assim,
desde o início da pandemia, pesquisadores
analisam os impactos da Covid-19 na gestação e
puerpério, assim como se há repercussões sobre
o recém-nascido.

Por outro lado, considerando-se o avanço


constante do conhecimento científico dessa
pandemia, o Ministério da Saúde estabeleceu que
as gestantes e puérperas com Síndrome Gripal
(febre a partir de 37,8°C, tosse, dor de garganta,
dificuldade para respirar) são um dos grupos
prioritários para a assistência médica. Essa
recomendação se fundamenta nos conhecimentos
prévios sobre o maior potencial de risco desse
grupo para o desenvolvimento de Síndrome
Respiratória Aguda Grave (SRAG) decorrente da
Síndrome Gripal pelo vírus Influenza.

A diretriz da assistência médica aos suspeitos


de Covid-19, elaborada pelo Ministério da Saúde,
ressalta a importância de se realizar a avaliação
da gestante segundo a idade gestacional, a
condição clínica/obstétrica materna e o bem-
estar fetal. Dessa forma, informações essenciais
do exame físico dessa gestante são a identifi-
cação de comorbidades maternas (obesidade,
hipertensão arterial e diabetes), a manifestação
de Síndrome Gripal (falta de ar, dificuldade para
respirar, saturação de oxigênio menor que 95%),
o

173
ALUNOS CONTRA O CORONA

o monitoramento das contrações uterinas, da mo-


vimentação e frequência cardíaca fetal.2 A redução
da movimentação fetal é considerado um sinal de
gravidade das gestantes que apresentam Sín-
drome Gripal.3

Os fatores de risco associados à internação


hospitalar de gestantes com a Covid-19 são: etnia
negra, asiática ou minoritária, sobrepeso ou
obesidade, comorbidade pré-existente e idade
maternal acima de 35 anos. 4

REPERCUSSÕES MATERNAS

O Ministério da Saúde enfatiza que até o


momento não há evidências científicas justifi-
cando o controle diferenciado da gestante com a
Covid-19. Portanto, as gestantes com suspeita ou
confirmação dessa doença seguem as orientações
de terapias de suporte como os demais pacientes
adultos. Ressalta-se a importância do profissional
de saúde considerar as adaptações fisiológicas da
gravidez e utilizar agentes terapêuticos seguros
para a gestante e o feto. 2
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças
(CDC) dos Estados Unidos da América mostrou
que 31,5% das gestantes com a Covid-19 foram
hospitalizadas, enquanto apenas 5,8% das
mulheres não grávidas com as mesmas comor-
bidades necessitaram de hospitalização. O estudo
sugere que as gestantes são mais propensas à
internação em UTI e à necessidade de ventilação
mecânica devido às complicações da Covid-19. 5

Segundo outros dados da literatura, gestantes

174
ALUNOS CONTRA O CORONA

não teriam maior probabilidade de contrair a


infecção do que a população em geral.6-8 No
entendimento do Intensive Care National Audit &
Research Centre da Inglaterra, pelas condições da
gestação em si, as infecções virais podem
ocasionalmente causar sintomas mais graves, o
que pode também ocorrer com a Covid-19.9
Entretanto, atualmente não há evidências de que
em gestantes há maior probabilidade das formas
mais graves da doença, da necessidade de
internação em UTI e da morte por essa doença.
Pesquisadores brasileiros alertam sobre os
preocupantes índices de mortalidade materna no
Brasil decorrente da Covid-19, em comparação
com outros países. De fevereiro até meados de
junho, um estudo da população brasileira
identificou 124 mortes maternas pela Covid-19 no
país. Até o início de julho, o Brasil apresentou 3,4
vezes mais mortes maternas por essa doença do
que o resto do mundo. Dentre os casos fatais,
22,6% não foram admitidos em Unidade de
Terapia Intensiva e 14,6% não possuíram suporte
ventilatório.10 Esses dados demonstram aumento
do risco de desfechos maternos e perinatais
desfavoráveis em contextos de poucos recursos
no sistema de saúde.11-12

Apesar da prevalência ainda desconhecida,


existem evidências de portadores do Sars-CoV-2
assintomáticos ou com sintomas muito leves.4
Estudo prospectivo realizado com 675 gestantes,
admitidas para a resolução da gestação em três
hospitais de Nova York, evidenciou que 10% eram
positivas para o Sars-CoV-2 dentre as quais 79%
eram assintomáticas.8 A maioria das gestantes
manifesta apenas sintomas leves ou moderados
de resfriado/gripe. Tosse, febre, falta de ar, dor
de

175
ALUNOS CONTRA O CORONA

de cabeça e anosmia (perda parcial ou total do


olfato) são outros sintomas relevantes.13 Sintomas
mais graves como pneumonia e hipóxia
acentuada são amplamente descritos na Covid-19
em pessoas idosas, imunossuprimidos e aqueles
com doenças crônicas como diabetes, câncer ou
doença pulmonar crônica. Esses sintomas de
infecção grave não são diferentes em gestantes, a
identificação e avaliação precoces para trata-
mento de suporte imediato são essenciais.14

REPERCUSSÕES PERINATAIS

Atualmente, não há dados que sugiram maior


risco de aborto devido à Covid-19. Estudos com
relatos de casos de gestação precoce com SARS-
CoV e MERS-CoV não demonstraram relação
significativa entre infecção e aumento do risco de
aborto espontâneo ou perda no segundo trimes-
tre. Não há evidências de que a restrição do
crescimento fetal (RCF) seja uma consequência
dessa doença, no entanto, no momento existe
essa possibilidade, pois dois terços das gestações
com SARS estiveram associadas a RCF. 15-16

Em relação à prematuridade, evidencia-se


aumento do risco em decorrência do agravamento
do quadro clínico da gestante com a Covid-19 o
que amplia os potenciais impactos da doença à
saúde materna e fetal. 12
Outra preocupação é a possibilidade de trans-
missão da doença durante a gestação. Em relação
à transmissão vertical (na gestação ou durante o17
parto) as evidências sugerem que possa ocorrer.
Vivant et al. relataram um caso de infecção con-
gênita, ou seja, a transmissão do vírus da mãe
para
176
ALUNOS CONTRA O CORONA

para o feto através da placenta. Nesse caso,


devido ao quadro clínico materno e ao sofrimento
fetal optou-se pela cesariana, sendo que o recém-
nascido prematuro, no 3º dia de vida apresentou
complicações, com um provável quadro convul-
sivo. 18

Em revisão sistemática de 666 recém-nascidos


de mulheres com a Covid-19 confirmada, 28 (4%)
confirmaram infecção neonatal pelo Sars-CoV-2.
Na comparação do tipo de parto, 2,7% nasceram
de parto normal e 5,3% de parto cesáreo. Sete
foram amamentados, três alimentados com
fórmula, um recebeu leite materno ordenhado e
em 17 recém-nascidos o método de alimentação
não foi relatado. O trabalho mostra que a infecção
neonatal pelo Sars-CoV-2 é incomum e a taxa de
infecção não é maior quando o nascimento ocorre
por via vaginal, é amamentado ou fica com mãe
após o nascimento.19

ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL

Durante a gestação, a assistência pré-natal de-


ve ser mantida, pois é essencial para melhores
resultados materno e perinatal. As consultas são
um momento ímpar para avaliar o crescimento e
desenvolvimento do feto, executar ações de
prevenção, promoção e recuperação da saúde
materna. São nessas consultas que pedidos de
exames laboratoriais e de imagem são realizados
como coadjuvantes da monitorização da saúde
materna e fetal.20
ooDiante dessa importância, o Ministério da
Saúde recomenda que as gestantes assintomáticas

177
ALUNOS CONTRA O CORONA

compareçam às consultas de pré-natal, pois se


considera como uma atividade essencial mesmo
diante da atual pandemia e das medidas de
distanciamento social. O uso de máscara, a ade-
quada higiene das mãos, os cuidados para manter
a distância de outras pessoas devem ser seguidos
para garantir a segurança da gestante em
comparecer às consultas de pré-natal.21

No sentido de se reduzir a frequência da vinda


da gestante ao serviço de pré-natal, evitando-se
o risco de maior contato no transporte coletivo,
em ambulatórios e áreas hospitalares é possível,
para as que possuem condições, utilizar a
telemedicina.

Recomenda-se que as gestantes sintomáticas


adiem as consultas de pré-natal, caso seja
possível. Se houver necessidade de manter a
consulta, o atendimento deve ser realizado em
local isolado e por profissionais de saúde
devidamente paramentados para atender um caso
suspeito ou confirmado da Covid-19.21

Diante das evidências científicas atuais


mencionadas, os profissionais de saúde devem
manter vigilância sobre o quadro de saúde
materno e o desenvolvimento fetal, uma vez que,
há relatos de alterações placentárias e de
comprometimento do crescimento fetal em
infecções causadas por outros tipos de
coronavírus. Recomenda-se a realização de
ultrassom morfológico, no 2º trimestre da
gestação, das pacientes infectadas pelo Sars-
CoV-2.21

178
ALUNOS CONTRA O CORONA

O PARTO E CUIDADOS AO

RECÉM-NASCIDO

A via de parto é por indicação obstétrica de


acordo com a condição clínica da gestante e do
bem-estar fetal. A indicação de cesariana pode
ser decorrente de quadro clínico materno instável
como comprometimento respiratório, dificuldade
para respirar e oxigenação do sangue não
adequada que dificultariam o esforço físico
necessário no parto vaginal. Se a gestante
apresenta boas condições clínicas e o feto está
com boa vitalidade o parto normal é seguro e
recomendado. Dessa forma, é essencial que a
maternidade tenha uma equipe de profissionais e
equipamentos adequados disponíveis para asse-
gurar o melhor prognóstico à gestante e ao
recém-nascido. 22

oooA recomendação sobre o momento de clam-


pear o cordão segue as diretrizes já existentes
sem sofrer alteração devido à Covid-19, devendo
ser realizado em torno do terceiro minuto caso as
condições maternas e do recém-nascido permi-
tam. Contudo, o contato pele a pele está
contraindicado.23 Entretanto, segundo as últimas
recomendações do Royal College of Obstetricians
and Gynecologists, puérperas com suspeita ou
confirmação da Covid-19, se tiverem condições,
devem ser encorajadas a realizar o contato pele a
pele, se o recém-nascido não precisar de
cuidados médicos.4 Ao sair do centro obstétrico a
recomendação é que o transporte do recém-
nascido seja dentro da incubadora. Caso apre-
sente condições adequadas de saúde, mãe e filho
podem ficar no alojamento conjunto. Recomenda-
s
179
ALUNOS CONTRA O CORONA

se manter a distância de dois metros entre o


berço e o leito materno. Devido às atuais
recomendações de distanciamento social não é
possível receber visitas.23

A AMAMENTAÇÃO E OS

CUIDADOS NECESSÁRIOS

A Organização Mundial da Saúde, o CDC dos


EUA, o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasi-
leira de Pediatria recomendam manter a
amamentação. Dentro do contexto socioeconômico
brasileiro, a amamentação apresenta papel
essencial para garantir a nutrição e imunização
adequada do recém-nascido. A fim de garantir a
amamentação segura, recomenda-se que a mãe
use máscara facial e higienize as mãos
corretamente antes e após entrar em contato com
o recém-nascido. A equipe de saúde deve orientar
os cuidados com o recém-nascido e inclusive
sobre a amamentação antes da alta, a fim de
assegurar a segurança da mãe e do recém-
nascido.

As mães que optarem por não realizar a


amamentação podem retirar o leite e ofertá-lo em
um copo, xícara ou colher. Para a ordenha do
leite é essencial os cuidados com a higiene das
mãos, limpeza adequada das bombas e o cuidado
na hora de ofertá-lo ao recém-nascido. Reco-
menda-se que um cuidador saudável seja o
responsável pelos cuidados com o recém-nascido.23

180
ALUNOS CONTRA O CORONA

REFERÊNCIAS

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knowledge about SARS-CoV-2 and COVID-19 Disease in
pregnant women. Med Sci Monit. 2020; 26:e924725.
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Orientações ao manejo de pacientes com COVID-19
[acesso em 25 julho 2020]. Disponível em:
https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/J
une/18/Covid19-Orientac--o--esManejoPacientes.pdf

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de manejo clínico das gestantes na atenção especi-
alizada [acesso em 20 julho 2020]. Disponível em:
Https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/
marco/25/Fluxo-de-manejo-cl--nico-de-gestantes.pdf
4- Royal College of Obstetricians & Gynecologists
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infection in pregnancy.Information for healthcare
profissionals – Version 11 [acesso 10 agosto 2020].
Disponível em: https://www.rcog.org.uk/globalassets/
documents/guidelines/2020-07-24-coronavirus-covid-
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January 22-June 7, 2020. MMWR Morb Mortal Wkly Rep.
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181
ALUNOS CONTRA O CORONA

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13- Public Health England [homepage na internet].
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f-possible-cases/investigation-and-initial-clinical-ma
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virus-wn-cov-infection

182
ALUNOS CONTRA O CORONA

14- Guan W-j, Ni Z-y, Hu Y, Liang W-h, Ou C-q, He J-


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2019 in China. N Engl J Med. 2020;382(18):1708-1720.
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dicas-em-saude/2198-importancia-do-pre-natal#:~:text
=A%20realiza%C3%A7%C3%A3o%20do%20pr%C3%A9%2
Dnatal,reduzindo%20os%20riscos%20da%20gestante.
21- UNASUS [homepage na internet]. Nota técnica
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em 20 julho 2020]. Disponível em:
https://www.unasus.gov.br/especial/covid19/pdf/124
183
ALUNOS CONTRA O CORONA

22- Febrasgo [homepage na internet]. Protocolo de


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durante a pandemia da COVID-19 [acesso em 20 julho
2020]. Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/en/
covid19/item/1028-protocolo-de-atendimento-no-parto
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na internet]. Recomendações para cuidado e
assistência ao recém-nascido com suspeita ou
diagnóstico de COVID-19 [acesso em 04 agosto 2020].
Disponível em: https://www.spsp.org.br/PDF/SPSP-
DC-Neonatologia-Recomenda%C3%A7%C3%B5esCovid-
25jun2020.pdf

184
15.

COVID-19 E

IMUNOS-

SUPRESSÃO

AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE CAPÍTULO


TIVERAM SUA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM
SETEMBRO DE 2020.
ALUNOS CONTRA O CORONA

INTRODUÇÃO

Imunossuprimidos são pessoas que possuem


uma diminuição na resposta de seu sistema
imunológico, que pode ser causada por diversas
condições como: as doenças com origem no
sistema imune, a AIDS, o uso de medicações para
evitar a rejeição após transplantes, o uso de
quimioterapia para tratamento do câncer, o uso
de imunossupressores para o tratamento de
doenças reumatológicas, assim como algumas
doenças crônicas dos pulmões, fígado e rins.
Essas condições podem aumentar o risco e a
gravidade de doenças infecciosas, por isso, na
convivência com pacientes imunodeprimidos, a
melhor estratégia é a prevenção.

IMUNOSSUPRIMIDOS E A COVID-19

aaas
O vírus respiratórios que podem ser
transmitidos de pessoa para pessoa, incluindo o
SARS-CoV-2, representam um risco para o
paciente com imunodeficiência. Por isso, esses
pacientes entram como grupo de risco para
complicações graves da COVID-19 e devem seguir
rigorosamente as medidas de prevenção de
infecção e contenção de acordo com as
orientações do Ministério da Saúde.

aaAinda não há evidências suficientes na


literatura que demonstrem maior risco de
manifestação grave da infecção pelo vírus SARS-
CoV-2 em pacientes imunossuprimidos. Porém,
especialistas acreditam que isso pode ser
possível, tendo como base outras epidemias. Por
isso, pacientes em imunossupressão que vivem
em regiões com alta prevalência de infecção pelo
a
186
ALUNOS CONTRA O CORONA

SARS-CoV-2 precisam tomar todas as precauções


necessárias, além de seguir as recomendações
relacionadas à restrição do contato social.
Também é importante que os pacientes em
imunosupressão contatem seus médicos ou o
serviço de saúde que frequentam se houver
suspeita de infecção, para que recebam
orientações corretas o mais rápido possível.

DROGAS IMUNOSSUPRESSORAS

Os pacientes que fazem uso de medicamentos


imunossupresores devem manter o tratamento
(incluindo medicamentos imunossupressores e
imunomoduladores) regularmente, a não ser que
haja contraindicação ou suspensão por parte de
seu médico. Ressalta-se que essa decisão deve
ser tomada de forma compartilhada entre médico
e paciente, especialmente em relação ao uso de
corticosteroides, cuja dose deve ser reduzida de
maneira gradativa sob supervisão médica.

Até o momento não existem informações


suficientes sobre o efeito do uso das drogas
imunossupressoras em uma possível infecção
pelo SARS-CoV-2. Assim, todo paciente em uso
dessas medicações deve entrar em contato com
seu médico, caso apresente sintomas
característicos de síndrome gripal, tais como,
tosse persistente, febre e falta de ar, a fim de
receber orientações sobre como proceder em
relação ao seu tratamento.

Ainda não há evidências sobre algum possível


efeito protetor na interrupção do uso de drogas
imunossupressoras contra a infecção pelo SARS-
CoV-2.
187
ALUNOS CONTRA O CORONA

COV-2. Porém, em pacientes pertencentes aos


grupos de risco como idosos, diabéticos,
hipertensos e pessoas com outras comorbidades
que se incluam nessa categoria, deve-se avaliar a
possibilidade de interrupção preventiva dos
imunossupressores, principalmente em regiões
com transmissão sustentada.

USO DE MÁSCARAS

aaaibenefício
O do uso das máscaras pela
população geral, incluindo os pacientes
imunossuprimidos, é controverso. Elas funcionam
como uma barreira física de propagação da
doença, porém não são totalmente eficazes para
impedir a transmissão do vírus e necessitam
estar acompanhadas das demais medidas de
distanciamento social, higiene e etiqueta
respiratória. Além disso, necessita-se de um
treinamento apropriado para sua correta
utilização.

A máscara, entretanto, pode servir como um


lembrete para não tocar o rosto e como um aviso
de que o seu usuário pode estar contaminado
pelo vírus. Atualmente, o Ministério da Saúde e o
Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos
Estados Unidos (CDC) recomendam o uso de
máscaras de pano para assintomáticos ao saírem
de sua residência. Já a máscara cirúrgica deve ser
utilizada somente por profissionais da saúde e
casos suspeitos ou confirmados da COVID-19 e
seus cuidadores/acompanhantes. Em geral, deve
haver cuidado especial por parte dos pacientes
em estado de imunossupressão em relação à
exposição ao vírus, por isso devem seguir rigoro-

188
ALUNOS CONTRA O CORONA

samente as orientações do Ministério da Saúde


em relação ao uso correto e seguro das
máscaras, que são as mesmas da população
geral.

OUTRAS MEDIDAS

A melhor estratégia contra o coronavírus é a


prevenção, ou seja, evitar a exposição, até que a
vacina específica esteja disponível. Além disso, é
de suma importância manter o cartão vacinal
atualizado, principalmente, para vacina contra
influenza e outras doenças respiratórias, como a
vacina anti-pneumocócica.

iiiiiAs medidas que devem ser adotadas para


todos os pacientes são:

Higienização regular das mãos, por pelo


menos 20 segundos, com água e sabão ou
álcool em gel a 70%. Após a lavagem, as mãos
devem ser completamente secas.
Evitar tocar a face, principalmente olhos,
nariz e boca, sobretudo quando estiver em
aglomerações e ambientes onde há circulação
livre de pessoas.
Não tossir ou espirrar utilizando a mão
como anteparo. É preferível a utilização da
face interna do cotovelo como anteparo. Use
lenços de papel e descarte-os imediatamente
após.
iiiiPacientes em uso de imunossupressores
devem manter-se afastados de pessoas
sintomáticas.

189
ALUNOS CONTRA O CORONA

Evitar cumprimentos de contato direto, como


apertos de mão, abraços e beijos.
iEvitar aglomerações, assim como locais
públicos (shoppings, feiras, supermercados,
etc.) e uso de transportes públicos.
Cancelar ou adiar viagens desnecessárias,
principalmente para áreas com transmissão
sustentada do vírus.

ORIENTAÇÕES PARA

FAMILIARES E CUIDADORES

Pessoas
P que moram, tem contato próximo ou
são cuidadores de pacientes imunossuprimidos
ou em tratamento para câncer devem seguir
rigorosamente as recomendações de prevenção e
as orientações do Ministério da Saúde. Além das
medidas já citadas sobre higiene das mãos e
etiqueta respiratória, é de suma importância:

iiiiiCuidar corretamente da higienização da


casa: sempre desinfetar superfícies e objetos
tocados frequentemente (celulares, maçanetas,
mesas, bancadas, etc.) e o chão da habitação.
Higienizar corretamente, com água e sabão
ou álcool em gel a 70%, as compras antes de
serem guardadas;
Antes de entrar em casa, tirar os sapatos e
deixa-los do lado de fora, se possível.
Também deixar objetos como chaves, carteira,
bolsa, etc., próximos à entrada.

190
ALUNOS CONTRA O CORONA

Antes do contato com o paciente, tomar


banho (incluindo a lavagem dos cabelos),
trocar de roupa e manter a higienização das
mãos.

iiiiSe apresentar sintomas gripais, o cuidador(a)


ou acompanhante, assim como as pessoas que
mantêm contato próximo devem buscar um novo
local para ficar em isolamento, ou então, o
paciente imunossuprimido deve ser acolhido em
outro local durante esse período. Caso essas
medidas não sejam possíveis, deve-se isolar a
pessoa com sintomas em um cômodo separado
na casa, tomando todas as precauções
necessárias para manter-se distante dos outros
moradores.

TRATAMENTO PARA CÂNCER

DURANTE A PANDEMIA

Os pacientes em tratamento do câncer durante


O
a pandemia devem ser orientados pelos
profissionais de saúde sobre os procedimentos
essenciais para a manutenção do tratamento,
dando prioridade às idas aos serviços de saúde
apenas se necessário. Essas são as
recomendações do Instituto Nacional de Câncer
(INCA).
Pacientes em tratamento de câncer, no geral,
devem entrar em contato com seu médico ou com
o serviço de saúde onde é acompanhado para
receber as recomendações corretas de acordo
com o seu caso.

191
ALUNOS CONTRA O CORONA

PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS:

CUIDADOS NA PANDEMIA

nnão
N há recomendações específicas para
prevenção da infecção pelo SARS-COV-2 para
pessoas vivendo com HIV (PVHIV). Esses
pacientes devem seguir as medidas, de higiene,
etiqueta respiratória e distanciamento social,
preconizadas pelos órgãos governamentais de
saúde.
Além disso, é fundamental a manutenção da
correta adesão do tratamento para HIV/Aids no
contexto da pandemia da COVID-19, pois, até o
momento, não existem evidências que sugiram
que PVHIV em tratamento e em condições clínicas
estáveis apresentem maior risco de desenvolver
formas mais graves da doença. Recomenda-se
que a dispensação da terapia antirretroviral seja
ampliada para até três meses e que as consultas
sejam espaçadas, se possível, com o objetivo de
reduzir a circulação desses pacientes nos
serviços de saúde. Para pessoas que usam a
Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), o Ministério da
Saúde orienta a distribuição da medicação em até
quatro meses.
É importante ressaltar que nenhum fármaco
antirretroviral demonstrou benefícios em relação
ao tratamento e prevenção da COVID-19, até o
momento. Portanto, não há nenhuma indicação de
que a terapia antirretroviral (TARV) deve ser
modificada para esse fim.
No caso de dúvidas em relação ao tratamento
do HIV/Aids, os pacientes devem entrar em
contato com seu
192
ALUNOS CONTRA O CORONA

contato com seu médico ou o serviço de saúde em


que fazem acompanhamento regular para
receberem as recomendações corretas para o seu
caso.

REFERÊNCIAS

1- Sociedades Brasileiras de Reumatologia (SBR),


Dermatologia (SBD), Infectologia (SBI) e Grupo de
Estudos da Doença Inflamatória Intestinal do Brasil
(GEDIIB). Atualização das recomendações para os
profissionais de saúde e pacientes com doenças
inflamatórias imunomediadas reumatológicas e
gastrointestinais frente à infecção pelo 2019-nCOV.
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frequentes: Câncer e coronavírus (Covid-19). Disponível
em: https://www.inca.gov.br/perguntas-frequentes/can
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3- National Center for Immunization and Respiratory
Diseases (NCIRD). Use of Cloth Face Coverings to Help
Slow the Spread of COVID-19. Disponível em:
https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/prevent-
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4- BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Máscaras caseiras
podem ajudar na prevenção contra o Coronavírus.
Disponível em: https://www.saude.gov.br/noticias/
agencia-saude/46645-mascaras-caseiras-podem-aju
dar-na-prevencao-contra-o-coronavirus. Acesso em:
02 maio 2020.

193
ALUNOS CONTRA O CORONA

5- Departamento de Doenças de Condições Crônicas e


Infecções Sexualmente Transmissíveis. OFÍCIO
CIRCULAR No 8/2020/CGAHV/.DCCI/SVS/MS [citado 20
de setembro de 2020]. Disponível em:
http://www.aids.gov.br/pt-br/legislacao/oficio-circular
-no-82020cgahvdccisvsms
6- Departamento de Doenças de Condições Crônicas e
Infecções Sexualmente Transmissíveis. Perguntas e
respostas para pessoas vivendo com HIV/AIDS
(PVHIV) durante a pandemia da COVID-19. [citado 20
de setembro de 2020]. Disponível em:
http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2020/perguntas-e-
respostas-para-pessoas-vivendo-com-hivaids-pvhiv-
durante-pandemia-da-covid-19

194
16.

ALTERAÇÕES

ENDÓCRINAS

E COVID-19

AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE CAPÍTULO


TIVERAM SUA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM
SETEMBRO DE 2020.
ALUNOS CONTRA O CORONA

DIABETES MELLITUS E OBESIDADE

ortadores de diabetes mellitus e de obesidade


P
estão incluídos no grupo especial da COVID-19, o
que significa que esses indivíduos possuem uma
chance maior de evoluir com complicações graves
da doença quando contaminam-se com o novo
coronavírus. Isso não significa que esses
indivíduos possuem maior risco de se infectarem!
A inclusão no grupo especial é, na verdade, um
alerta para a presença de quadros mais graves da
COVID-19 nesses indivíduos quando comparados à
população não diabética e não obesa. Mas, por
que diabéticos e obesos podem evoluir para
formas mais graves da COVID-19?
Inicialmente, vamos focar nossa atenção nos
diabéticos. Ainda não é conhecido com certeza os
mecanismos envolvidos na maior porcentagem de
casos graves de COVID-19 entre esse grupo, mas
algumas hipóteses já foram levantadas. Sabe-se
que portadores de diabetes possuem um risco
aumentado de contrair infecções devido a defeitos
no sistema imune em decorrência dos níveis
aumentados de glicose no sangue, que afetam a
atividade de algumas células de defesa do nosso
corpo. Alguns mecanismos específicos em relação
à COVID-19 estão sendo estudados para entender
o motivo da maior gravidade dessa doença em
pacientes diabéticos. nesse sentido, dois estudos
ganharam relevância. Um deles mostra que a
hiperglicemia aguda (aumento rápido de glicose
no sangue) eleva a expressão da enzima
conversora de angiotensina 2 (ECA 2) nas células.
O problema é que o SARS-CoV-2 utiliza essa
enzima para entrar nas células humanas. Dessa
forma, a hiperglicemia aguda, ao aumentar a
quantidade de ECA 2 nas nossas células,
favoreceria a infecção pelo novo coronavírus.
196
ALUNOS CONTRA O CORONA

Então quer dizer que essa enzima só nos traz


prejuízos em relação à COVID-19? Não! Apesar
dessa enzima fazer parte do mecanismo de
infecção do SARS-CoV-2, ela também possui um
efeito protetor na regulação de processos
inflamatórios, que estão muito associados a
formas graves da COVID-19. Assim, se de um lado
a presença dessa enzima em excesso facilitaria a
entrada do vírus nas células, por outro a sua
carência favoreceria a existência de um ambiente
hiperinflamatório capaz de induzir danos comuns
de quadros mais graves da COVID-19. Tem-se
estudado que a hiperglicemia crônica (níveis
aumentados de glicose no sangue por longos
períodos) poderia promover uma desregulação na
expressão de ECA 2, fazendo com que as células
tenham menos ECA 2 e tornem-se mais
vulneráveis aos efeitos inflamatórios prejudiciais
da infecção pelo SARS-CoV-2. Desse modo, seria
possível dizer que nem a hiperglicemia aguda,
nem a crônica são benéficas, sendo necessário
sempre manter o controle adequado dos níveis
glicêmicos.
O segundo estudo que ganhou relevância
observa outra enzima, a dipeptidil peptidase-4
(DPP-4), que é uma glicoproteína presente nas
membranas celulares e que está envolvida com o
metabolismo da glicose e da insulina. Em
portadores de diabetes mellitus tipo 2 essa
enzima poderia estar envolvida com um aumento
do estado inflamatório do organismo. Além disso,
estuda-se o papel da enzima DPP-4 como um
receptor funcional do novo coronavírus. Também
existem estudos que analisam a possibilidade do
novo coronavírus provocar um “novo diabetes”
por lesão direta nas células beta do pâncreas,
que são as responsáveis pela produção de
insulina no nosso corpo. Esse dano direto
ocorreria por intermédio da ECA 2, pois essa
197
ALUNOS CONTRA O CORONA

também é expressa nas células beta-


pancreáticas. É importante deixar claro que todos
os estudos aqui abordados ainda carecem de
provas mais sólidas para que possamos afirmar
com certeza que esses mecanismos em pacientes
diabéticos estão vinculados com a maior
gravidade da COVID-19 nesse grupo.

Nesse sentido, algumas orientações devem ser


dadas aos indivíduos diabéticos. Inicialmente, é
importante esclarecer que o risco de complicações
é bem menor nos portadores de diabetes que
mantêm um bom controle da glicemia, o que vale
para o tipo 1 e para o tipo 2, sendo esse risco
quase o mesmo dos indivíduos não diabéticos.
Portanto, os diabéticos com maior risco de
evoluir para formas graves da COVID-19 são
aqueles que possuem longa história de diabetes,
mau controle da doença, que já possuem alguma
complicação do diabetes, que também apresentam
outras doenças associadas (como hipertensão
arterial e obesidade) e que já são idosos, uma
vez que a idade maior que 60 anos por si só já é
um fator de risco para formas graves da COVID-
19, então, quando associada ao diabetes, esse
risco aumenta.
Caso um indivíduo diabético infecte-se pelo
SARS-CoV-2, os sintomas serão os mesmos dos
indivíduos não diabéticos. São comuns os
sintomas de síndrome gripal como febre, tosse
seca, coriza, obstrução nasal, dor de garganta e
cansaço. Quando apresentar apenas esses
sintomas leves a recomendação é manter-se em
isolamento domiciliar por no mínimo 14 dias.
Ficar atento a possíveis sintomas de gravidade,
como dificuldade para respirar, falta de ar e febre
persistente. Nesses casos, orienta-se buscar
atendimento médico emergencial. Indivíduos

198
ALUNOS CONTRA O CORONA

diabéticos com suspeita ou confirmação de


COVID-19 devem fazer uma monitorização mais
frequente da glicemia e realizar uma boa ingestão
de água diária, a fim de evitar quadros de
desidratação que podem ocorrer por uma
descompensação do diabetes na vigência de um
quadro infeccioso.

Ainda não existe nenhum medicamento


comprovadamente capaz de tratar ou prevenir a
COVID-19 em indivíduos diabéticos ou não. Assim,
a melhor forma de prevenção é seguir
corretamente todas as medidas de distanciamento
social e higiene recomendadas, sendo que os
pacientes diabéticos devem estar ainda mais
atentos a essas medidas, em virtude dos maiores
riscos que apresentam de desenvolver formas
graves da COVID-19. Aliado a isso, deve-se manter
um bom controle da glicemia, com a manutenção
do tratamento habitual do diabetes, e cuidar da
imunidade com uma alimentação equilibrada,
ingestão frequente de água, prática de exercícios
físicos em casa, atualização do calendário
vacinal, principalmente a vacina contra gripe
(influenza). Caso seja verificado um mau controle
da glicemia ou qualquer outro sintoma,
recomenda-se a procura de um médico por meio
de telefonemas, e-mails ou mensagens se não for
uma emergência.
Quanto à obesidade, o critério utilizado para
avaliar o estado nutricional do indivíduo é o
Índice de Massa Corporal (IMC), de acordo com os
dados da OMS. Esse índice é estimado pela
relação peso e altura. Com isso, a fórmula para o
cálculo do IMC é: peso (em kg) dividido pela
altura² (em metros). Consideramos sobrepeso a
partir do IMC 25 kg/m² e obesidade quando o IMC
for igual ou superior a 30 kg/m². Quando a

199
ALUNOS CONTRA O CORONA

infecção acomete indivíduos obesos,


principalmente com obesidade grave (IMC ≥ 40
kg/m²), existem vários estudos mostrando que há
um aumento do risco de mortalidade e de
evolução para formas graves da COVID-19,
embora os motivos para isso ainda não estejam
muito claros. Uma das explicações para esse
fenômeno é que a obesidade é quase sempre
acompanhada de hipertensão arterial sistêmica e
diabetes mellitus tipo 2, que são condições
clínicas associadas a maior probabilidade de
desfechos desfavoráveis na COVID-19. Porém,
também há estudos que analisam como a
obesidade por si só seria capaz de aumentar a
chance de desenvolver forma graves da COVID-19.
Um desses estudos associa essa maior
gravidade ao estado pró-inflamatório sistêmico
que existe nos indivíduos obesos. Tal estado é
marcado pela presença de níveis aumentados de
citocinas circulando no sangue, como TNF-alfa,
IL-6 e IL-1-beta. Já foi reconhecido que as formas
graves da COVID-19 são acompanhadas de uma
resposta inflamatória muito acentuada. Portanto,
em indivíduos obesos essa resposta estaria
potencializada pelo estado pró-inflamatório
sistêmico que já possuem, contribuindo com
maiores danos aos tecidos, principalmente aos
pulmões. Outro estudo observa como alterações
hormonais que ocorrem na obesidade também
poderiam predispor a um aumento desse estado
inflamatório do organismo. Isso se daria pela
maior concentração do hormônio leptina e pela
redução do hormônio adiponectina que ocorre em
obesos. Há indícios de que altos níveis de leptina
levam à inflamação pulmonar, ao passo que a
adiponectina funcionaria como um agente anti-
inflamatório (embora tais informações ainda não
estejam totalmente comprovadas). Assim, o

200
ALUNOS CONTRA O CORONA

frutas, verduras e legumes), já que esses últimos


carecem de várias idas ao mercado para serem
adquiridos, o que pode ser dificultado durante a
quarentena. Além disso, o isolamento social pode
ser um gatilho para distúrbios psicológicos como
ansiedade, depressão e compulsão e esses
podem ter forte associação com uma maior
ingestão alimentar. Também devemos lembrar que
a quarentena potencializa o sedentarismo, sendo
esse mais um agravante para a saúde do
indivíduo obeso
Para corroborar com a importância do estímulo
ao exercício físico, um estudo 5 conduzido na
Universidade Estadual Paulista (Unesp) sugere
que o hormônio irisina, liberado pelos músculos
durante a atividade física, pode ter efeito
terapêutico em casos de COVID-19. Ao analisar
dados de expressão gênica de células adiposas,
os pesquisadores observaram que a substância
tem efeito modulador em genes, reduzindo a
expressão dos genes reguladores do gene ACE2
(que codifica a enzima ECA2, fundamental para a
replicação do vírus em células humanas). Além
disso, a irisina é também conhecida pela
capacidade moduladora na atividade dos
macrófagos (células de defesa do sistema imune),
o que confere potencial propriedade anti-
inflamatória.
Sabe-se que indivíduos obesos tendem a ter
níveis menores de irisina, assim como maiores
quantidades de ECA2, quando comparados a
indivíduos não obesos. Por isso, recomenda-se
que obesos procurem formas de praticar atividade
física, a fim de combater o sedentarismo. Outra
recomendação é a atenção para a qualidade de
sua alimentação, optando por alimentos in natura,
buscando dietas balanceadas e evitando dietas

201
ALUNOS CONTRA O CORONA

extremamente restritivas. É importante também


realizar um controle da glicemia e da pressão
arterial, principalmente nos casos em que a
obesidade está associada ao diabetes e à
hipertensão arterial sistêmica. Por mais que
essas recomendações estão sendo feitas nesse
momento, o correto é segui-las também fora do
contexto de pandemia, objetivando sempre um
estilo de vida mais saudável e equilibrado.
Por fim, é importante ressaltar que embora o
diabetes mellitus e a obesidade tenham sido
abordados separadamente nesse capítulo, isso foi
feito com a finalidade de facilitar a compreensão
das informações. Na verdade, o mais comum na
prática é a existência concomitante dessas duas
comorbidades e, muitas vezes, essas também
aparecem associadas a outros fatores de risco
para a COVID-19, como a hipertensão arterial
sistêmica e a idade avançada. Nesses casos,
todos os cuidados devem ser redobrados!

DOENÇAS DA TIREOIDE

pandemia provocada pelo novo coronavírus


A
chamou atenção para um grupo específico de
indivíduos, que são os portadores de
comorbidades, ou seja, indivíduos que apresentam
duas ou mais doenças ao mesmo tempo. Esses
indivíduos foram colocados em foco quando
identificou-se que algumas comorbidades, como
diabetes mellitus, obesidade e hipertensão
arterial, frequentemente associavam-se às formas
graves da COVID-19. Nesse sentido, iniciou-se
uma preocupação se os portadores de doenças da
tireoide também possuíam maior risco de
infecção pelo SARS-CoV-2 ou de evolução para
formas graves da COVID-19. Contudo, até o

202
ALUNOS CONTRA O CORONA

momento, não existe nenhuma evidência de que


indivíduos portadores de doenças tireoidianas,
como hipotireoidismo, hipertireoidismo, Doença
de Graves ou Tireoidite de Hashimoto, possuam
risco aumentado de contrair o SARS-CoV-2, nem
mesmo maior chance de evoluir com formas
graves da COVID-19.
Portanto, os indivíduos que possuem alguma
dessas doenças citadas devem seguir as mesmas
orientações destinadas à população em geral,
como o uso de máscaras, a correta e frequente
higiene das mãos e o distanciamento social. Além
dessas medidas gerais, é necessária a
manutenção de um bom controle da doença de
base, visando evitar os efeitos negativos da sua
descompensação. Caso o portador de uma dessas
doenças desenvolva a COVID-19, não deve ser
feita nenhuma alteração no tratamento da doença
tireoidiana que possui, devendo-se manter
normalmente o uso de suas medicações e seguir
as orientações médicas.
Entretanto, quando a doença em questão for um
câncer de tireoide algumas considerações
precisam ser feitas. Se o indivíduo portador do
câncer de tireoide já foi tratado com cirurgia,
sendo essa seguida ou não de terapia com iodo
radioativo, e não possui mais a doença ativa, ele
não encontra-se no grupo de risco da COVID-19,
devendo seguir as mesmas orientações feitas à
população em geral. Porém, se o indivíduo for
portador de um câncer de tireoide em fase
avançada, ou seja, apresentando metástase para
outros órgãos ou sendo necessário o uso de
medicamentos específicos para o câncer, esse
indivíduo possui risco aumentado de evoluir com
formas graves da COVID-19. Isso ocorre devido a
um estado de imunossupressão que o indivíduo

203
ALUNOS CONTRA O CORONA

apresenta em decorrência da extensão da doença,


que já apresenta metástase, ou dos efeitos
colaterais das medicações que estão sendo
usadas. Assim, nesses casos, as medidas de
prevenção contra o novo coronavírus devem ser
intensificadas.
Geralmente, todos os indivíduos que estão em
tratamento contra cânceres são incluídos no
grupo de risco da COVID-19 por apresentarem
comprometimento do seu sistema imune causado
pelos medicamentos utilizados nesses
tratamentos. Porém, tal generalização não se
aplica aos casos de câncer de tireoide, porque,
nesses casos, os portadores não costumam
receber quimioterapia ou outros tratamentos que
prejudicam o sistema imunológico (sistema de
defesa do corpo). Portanto, o histórico de câncer
de tireoide não é considerado um fator de risco
para COVID-19. Apenas os portadores de câncer
de tireoide que, por algum motivo, estão
recebendo medicações quimioterápicas, o que é
raro, ou que apresentam doença muito avançada,
como citado anteriormente, são incluídos no
grupo de risco da COVID-19.
Também existe uma preocupação em relação à
Doença de Graves e à Tireoidite de Hashimoto
pelo fato de serem doenças autoimunes da
tireoide. É necessário esclarecer que o fato de
serem doenças autoimunes não significa que os
portadores dessas doenças possuem
comprometimento na eficácia do combate às
infecções, como é o caso de portadores de câncer
avançado ou de indivíduos em uso de medicações
imunossupressoras (que são aquelas que reduzem
a ação do sistema imune). Nessas doenças
autoimunes o que ocorre é um erro no sistema
imunológico que faz com que ele ataque as

204
ALUNOS CONTRA O CORONA

próprias células do indivíduo, como se essas


fossem células estranhas. No entanto, esse erro
não implica que esse sistema não seja capaz de
combater eventuais organismos invasores, como
o novo coronavírus. Dessa forma, os portadores
de doenças autoimunes da tireoide não estão no
grupo de risco da COVID-19, visto que, até o
momento, não existem evidências de que esses
indivíduos possuam maior risco de contrair o
SARS-CoV-2 ou de evoluir com complicações da
COVID-19.
Assim, fica esclarecido que, partindo das
informações existentes atualmente, não foi
identificada maior gravidade da COVID-19 nos
portadores de doenças tireoidianas, com exceção
dos cânceres tireoidianos avançados. Isso não
significa que os indivíduos não pertencentes ao
grupo de risco não precisam se preocupar com a
nova doença. O intuito dos esclarecimentos
realizados é evitar uma ansiedade exacerbada em
relação ao tema. Mas, é importante alertar que,
por se tratar de uma doença muito nova, existem
mais perguntas do que respostas. Portanto,
mesmo não estando no grupo de risco da COVID-
19, é necessário seguir todas as recomendações
médicas de prevenção contra a infecção pelo
novo coronavírus, bem como de tratamento para
o controle da doença de base que possui.

VITAMINA D E IMUNIDADE

U m assunto muito divulgado durante a pandemia


é a suposta eficácia que a suplementação de
vitamina D possuiria no tratamento e até mesmo
na prevenção da doença COVID-19. Notícias que
veiculam tais informações geralmente pautam-se
na comprovada relação existente entre a vitamina

205
ALUNOS CONTRA O CORONA

D e a imunidade, uma vez que há evidências de


que essa vitamina contribui na modulação do
sistema imunológico. Devido à veiculação dessas
informações, muitos indivíduos que não possuíam
nenhum tipo de indicação para a suplementação
de vitamina D passaram a buscar por esse tipo de
tratamento. Diante disso, a Sociedade Brasileira
de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e a
Associação Brasileira de Avaliação Óssea e
Osteometabolismo (ABRASSO) divulgaram uma
nota de esclarecimento, na qual ressaltam que, até
o momento, não existe nenhum estudo clínico
randomizado que comprove benefícios do uso da
vitamina D para o tratamento ou a prevenção da
doença COVID-19. Além disso, alertam para os
potenciais risco que o excesso de vitamina D
pode causar ao organismo humano.
Com isso, a SBEM e a Sociedade Brasileira de
Patologia Clínica (SBPC) divulgaram um
documento em que informam os atuais valores de
referência de vitamina D recomendados, sendo
esses baseados na idade do paciente e nas suas
características clínicas individuais. De acordo com
esse documento, valores inferiores a 20 ng/mL
são considerados deficientes, enquanto os valores
adequados são aqueles entre 20 e 60 ng/mL, no
caso de indivíduos que possuam menos de 65
anos, e entre 30 e 60 ng/mL, quando o indivíduo
pertence ao grupo vulnerável. São considerados
vulneráveis: idoso (idade igual ou superior a 65
anos), pacientes pós-cirurgia bariátrica,
gestantes, indivíduos que fazem uso de drogas
que interfiram no metabolismo da vitamina D e os
portadores de osteoporose, de hiperparatireoi-
dismo secundário, de osteomalácia, de diabetes
mellitus tipo 1, de câncer, de doença crônica, de
doença renal ou de má absorção. Além disso,
ainda não existe comprovação de nenhum

206
ALUNOS CONTRA O CORONA

benefício em manter os níveis de vitamina D


superiores a 60 ng/mL e níveis superiores a 100
ng/mL são preocupantes, visto que apresentam
riscos de intoxicação.

A intoxicação por vitamina D ocorre na


existência de um excesso dessa vitamina no
organismo humano e pode associar-se à
suplementação indevida. Nesses casos, pode
ocorrer no organismo humano um aumento da
absorção intestinal de cálcio, da reabsorção
tubular renal de cálcio e da reabsorção óssea
(processo que consiste na retirada de cálcio dos
ossos a fim de liberá-lo para a circulação
sanguínea). O somatório de todos esses eventos
resulta em um estado de hipercalcemia, ou seja,
excesso de cálcio no sangue. Esse quadro
manifesta-se com náuseas, vômitos, fraqueza,
anorexia, desidratação e quadro agudo de
insuficiência renal.
Portanto, a suplementação de vitamina D não
está indicada para qualquer indivíduo e só pode
ser recomendada por um profissional de saúde
capacitado após feita uma criteriosa análise das
necessidades e particularidades do paciente.
Ademais, até o momento não existe nenhuma
comprovação científica de que o uso de vitamina
D possa tratar ou prevenir a COVID-19, sendo a
prática da automedicação totalmente
desaconselhada. A vitamina D necessária ao
organismo humano pode ser adquirida por meio
do consumo de alimentos ricos em vitamina D,
como salmão, atum e sardinha. Entretanto, a
principal fonte dessa vitamina, responsável por
80% a 90% de toda a vitamina D do organismo, é
a produção cutânea após exposição solar. Para
isso, uma exposição de braços e pernas ao sol
por cerca de 15 minutos ao dia já é suficiente

207
ALUNOS CONTRA O CORONA

para garantir níveis adequados dessa vitamina.


Recomenda-se evitar a exposição ao sol nos
horários entre 10 horas e 16 horas, nos quais a
intensidade dos raios ultravioleta B, prejudiciais
às células, é maior.

REFERÊNCIAS

DIABETES MELLITUS E OBESIDADE

1- Notas de esclarecimentos da Sociedade Brasileira


de Diabetes sobre o coronavírus (COVID-19) [Internet].
Diabetes na era Covid-19. 2020 [citado 2 de agosto de
2020]. Disponível em:
https://www.diabetes.org.br/covid-19/notas-de-
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2- Bornstein SR, Rubino F, Khunti K, Mingrone G,
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recommendations for the management of diabetes in
patients with COVID-19. The Lancet Diabetes &
Endocrinology. 1o de junho de 2020;8(6):546–50.
Disponível em:
https://www.thelancet.com/journals/landia/article/PII
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3- Lockhart SM, O’Rahilly S. When Two Pandemics
Meet: Why Is Obesity Associated with Increased
COVID-19 Mortality? Med. junho de
2020;S2666634020300106. Disponível em:
https://www.cell.com/med/pdf/S2666-6340(20)30010-
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_returnURL=https%3A%2F%2Flinkinghub.elsevier.com%2
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Dtrue

208
ALUNOS CONTRA O CORONA

4- Por que a obesidade é um fator de risco para


pessoas com Coronavírus? - Saúde Brasil [Internet].
[citado 2 de agosto de 2020]. Disponível em:
https://saudebrasil.saude.gov.br/ter-peso-
saudavel/por-que-a-obesidade-e-um-fator-de-risco-
para-pessoas-com-coronavirus

5- de Oliveira M, De Sibio MT, Mathias LS, Rodrigues


BM, Sakalem ME, Nogueira CR. Irisin modulates genes
associated with severe coronavirus disease (COVID-19)
outcome in human subcutaneous adipocytes cell
culture. Molecular and Cellular Endocrinology. 15 de
setembro de 2020;515:110917.

DOENÇAS DA TIREOIDE:

1- Novel Coronavirus (COVID-19) and the Thyroid:


Frequently Asked Questions [Internet]. American
Thyroid Association. [citado 3 de agosto de 2020].
Disponível em: https://www.thyroid.org/covid-
19/coronavirus-frequently-asked-questions/
2- Esclarecimentos do Departamento de Tireoide sobre
Covid-19 [Internet]. Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia. [citado 3 de agosto de
2020]. Disponível em:
https://www.endocrino.org.br/esclarecimentos-do-
departamento-de-tireoide-sobre-covid-19/

VITAMINA D E IMUNIDADE:

1- Nota de Esclarecimento: Vitamina D e Covid-19


[Internet]. Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia. [citado 2 de setembro de 2020].
Disponível em: https://www.endocrino.org.br/nota-de-
esclarecimento-vitamina-d-e-covid-19/

209
ALUNOS CONTRA O CORONA

2- Zaninelli D. Vitamina D: posicionamento das


sociedades brasileiras sobre os novos valores de
referência [Internet]. PEBMED. 2020 [citado 2 de
setembro de 2020]. Disponível em:
https://pebmed.com.br/vitamina-d-posicionamento-
das-sociedades-brasileiras-sobre-os-novos-valores-
de-referencia/
3- Nota de Alerta: Vitamina D e COVID-19 [Internet].
Sociedade Brasileira de Pediatria. [citado 2 de
setembro de 2020]. Disponível em:
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22450
b-NA_-_Vitamina_D_e_COVID-19.pdf

210
17.

COVID-19 E

HIPERTENSÃO

AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE CAPÍTULO


TIVERAM SUA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM
JULHO DE 2020.
ALUNOS CONTRA O CORONA

A tualmente, os pacientes portadores de


Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) são
considerados grupo de risco para as formas mais
graves da COVID-19. Há cada vez mais evidências
que estabelecem a associação de doenças
crônicas como hipertensão, diabetes, doença
renal crônica e doenças pulmonares crônicas com
pior prognóstico para a infecção pelo novo
coronavírus. Além disso, a HAS afeta uma grande
parcela da população mundial adulta, tornando-se
foco de muitos questionamentos e preocupações
no contexto da pandemia.

OS BLOQUEADORES DO

SISTEMA RENINA-ANGIOTENSINA-

ALDOSTERONA E O RISCO

PARA COVID-19

Há a especulação de que alguns dos


medicamentos de primeira escolha para o
tratamento da Hipertensão Arterial, os Inibidores
da Enzima Conversora de Angiotensina (IECA) e
os Bloqueadores dos Receptores da Angiotensina
(BRA), favoreceriam a patogenia do coronavírus,
já que esses fármacos elevam o nível de
receptores ACE2 (presentes nas células epiteliais
do pulmão, intestino, rins e vasos sanguíneos), os
quais são utilizados pelo vírus para infectar a
célula hospedeira. Assim, levantou-se a hipótese
de que, em teoria, o uso desses medicamentos
poderia aumentar o risco de infecção e gravidade
da doença. Em contrapartida, o uso dessas
medicações, ao mesmo tempo que aumentam a
expressão da ACE2, também aumentam uma
substância chamada Ang(1-7), que reduz a síntese

212
ALUNOS CONTRA O CORONA

de mediadores pró-inflamatórios reduzindo a


chegada de células inflamatórias no pulmão e
melhorando a função pulmonar.
Considerando todos os fatos mencionados,
apesar de ainda não ser possível excluir
totalmente a associação entre o uso desses
medicamentos com complicações da COVID-19,
estudos recentes mostram que não há relação
entre o uso de IECA e BRA com desfechos graves
para a infecção pelo SARS-CoV-2. Esses estudos
chegam à mesma conclusão de que é improvável
que o uso continuado desses fármacos seja
prejudicial nos pacientes com a nova doença.
Também não há evidências que suportem o uso
desses medicamentos como protetores ou como
tratamento na COVID-19.
Diante disso, a Sociedade Brasileira de
Cardiologia e a Liga Mundial de Hipertensão
(World Hypertension League - WHL) recomendam
que o uso de fármacos para o tratamento da
Hipertensão Arterial, incluindo IECA e BRA, seja
mantido. Não há evidências suficientes que
estabeleçam uma relação entre o uso desses
medicamentos e uma maior probabilidade de
infecção e desenvolvimento da forma grave da
COVID-19.
É importante ressaltar que o tratamento
adequado da HAS, juntamente com o controle
pressórico, é essencial para a prevenção de
eventos cardiovasculares e redução do risco de
mortalidade.

Por fim, destacamos que ainda há muitos


estudos em andamento entorno desse tema,
podendo surgir novas evidências sobre a relação
da Hipertensão Arterial com a COVID-19.

213
ALUNOS CONTRA O CORONA

RECOMENDAÇÕES PARA

OS PACIENTES HIPERTENSOS

NO CONTEXTO DA PANDEMIA

Continue tomando seus medicamentos para


pressão arterial, conforme prescrito,
mantendo o correto controle.
Monitore, se possível, sua pressão arterial
em casa.
Não mude ou suspenda seu tratamento sem
antes conversar com seu médico.
Mantenha-se hidratado. Muitas pessoas,
principalmente os idosos, não consomem a
quantidade diária adequada de líquidos,
podendo resultar em queda da pressão
arterial.
Mantenha uma rotina regular de atividade
física. Se possível, encontre maneiras de
exercitar em sua casa. Outra solução é fazer
caminhadas fora de casa, em locais abertos
onde não há aglomerações, desde que
sejam mantidos os cuidados corretos de
distanciamento social e etiqueta respiratória.
Pacientes hipertensos de alto risco como
idosos, diabéticos, portadores de doença
renal ou com histórico de infarto ou AVC
prévios devem tomar corretamente suas
medicações prescritas, seguir estritamente
todas as recomendações de distanciamento
social e etiqueta respiratória e procurar
ajuda médica imediatamente caso
desenvolvam sintomas gripais.

214
ALUNOS CONTRA O CORONA

REFERÊNCIAS

1- 6 coisas que você precisa saber sobre a


hipertensão. Saúde Brasil. Disponível em:
https://saudebrasil.saude.gov.br/eu-quero-me-
alimentar-melhor/6-coisas-que-voce-precisa-saber-
sobre-a-hipertensao

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increased risk for COVID-19 infection?. The Lancet.
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D’Agostino Sr, R. B., & Harrington, D. P. (2020).
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system and Covid-19. Disponível em:
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query=RP
4- Gao, C., Cai, Y., Zhang, K., Zhou, L., Zhang, Y.,
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5- COVID-19 Threat: Guidance for People with
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ALUNOS CONTRA O CORONA

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7- Drager LF, Pio-Abreu A, Lopes RD, Bortolotto LA. Is
Hypertension a Real Risk Factor for Poor Prognosis in
the COVID-19 Pandemic? Curr Hypertens Rep. 13 de
junho de 2020;22(6):43.

8- Posicionamento da Sociedade Brasileira de


Hipertensão em Relação à Polêmica do uso de
Inibidores do Sistema Renina Angiotensina no
Tratamento de pacientes Hipertensos que Contraem
Infecção pelo Coronavírus | Sociedade Brasileira de
Hipertensão [Internet]. [citado 16 de julho de 2020].
Disponível em:
https://www.sbh.org.br/arquivos/posicionamento-da-
sbh/

216
18.

DOENÇAS

RESPIRATÓRIAS

CRÔNICAS E

A COVID-19

AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE CAPÍTULO


TIVERAM SUA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM
AGOSTO DE 2020.
ALUNOS CONTRA O CORONA

Asma e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica


(DPOC) são exemplos de doenças respiratórias
crônicas. Estão entre as doenças não
transmissíveis mais comuns em todo o mundo 1.
Recente estudo publicado na conceituada revista
científica JAMA evidenciou que embora 25% dos
pacientes infectados com a Covid-19
apresentassem comorbidades, a taxa de
hospitalizados com comorbidades foi de 60-90% 2.
As doenças crônicas pulmonares correspondem a
4-10% desses casos. 2-3

A asma é uma doença inflamatória das vias


aéreas. Apresenta-se pelos seguintes sintomas:
falta de ar, dificuldade para respirar, sensação de
aperto no peito, chiado no peito e tosse. Os
sintomas variam durante o dia, podendo piorar à
noite, de madrugada e com as atividades físicas.
Mudanças climáticas, exposição à poluição e aos
alérgenos também são fatores de piora dos
sintomas. Existem diferentes graus de gravidade e
controle da doença. 4 Estima-se que existam 20
milhões de asmáticos no país e 300 milhões no
mundo. Segundo dados do DATASUS, a asma é
responsável por 120 mil hospitalizações anuais
no Brasil. A redução no número de internações
ocorre quando há uma correta 5 compreensão da
doença e adesão ao tratamento.
A DPOC é caracterizada por uma limitação do
fluxo aéreo não totalmente reversível, progressiva
e associada a uma resposta inflamatória anormal
dos pulmões à inalação de partículas ou gases
nocivos. Esse processo inflamatório crônico
produz alterações na via aérea (bronquite
crônica) e redução da elasticidade dos pulmões
(enfisema). É uma doença de instalação lenta,
inicia-se com falta de ar aos grandes esforços
(subir ladeiras ou escadas) e com o passar do
tempo pode evoluir para os pequenos esforços

218
ALUNOS CONTRA O CORONA

(comer, tomar banho) se não for adequadamente


tratada. 6 É uma das principais causas de
morbidade e mortalidade em todo o mundo, na
maior parte dos casos está relacionada ao
tabagismo. Acomete cerca de 210 milhões de
pessoas no mundo e causa 4 milhões de mortes
anuais. No Brasil, a DPOC é a terceira causa de
morte entre as doenças crônicas não
transmissíveis. 7
O potencial de agravamento das doenças
respiratórias crônicas devido às infecções virais
já foi demonstrado cientificamente. 8 Em relação à
Covid-19, a partir do conhecimento adquirido no
“Capítulo 4: Fisiopatologia da Covid-19”, é possível
evidenciar que o comprometimento do sistema
respiratório dessas doenças crônicas contribui
para complicações e maior gravidade da infecção
pelo Sars-CoV-2. Assim, o Ministério da Saúde
coloca como um dos fatores de risco para
complicações da Covid-19 as doenças
respiratórias graves ou descompensadas
9
como
asma moderada/grave e a DPOC.
Devido à deficiência na resposta imune e à
tendência já observada na exacerbação da asma
frente outras infecções respiratórias virais,
esperava-se que os asmáticos apresentassem
maior susceptibilidade e gravidade da Covid-19.
Contudo, até o momento os estudos não
evidenciaram uma maior prevalência de
asmáticos com essa doença. Em relação à DPOC,
apesar da baixa prevalência nos casos de Covid-
19, as taxas de gravidade e mortalidade foram
consideradas relevantes. Dessa forma, a
literatura demonstra que a DPOC é considerada
fator de risco mais importante que a asma para a
Covid-19.10-11
Devido à falta de ar ser um dos sintomas

219
ALUNOS CONTRA O CORONA

dessas doenças crônicas e das formas graves da


infecção pelo Sars-CoV-2 há uma preocupação
sobre a diferenciação da causa desse sintoma. A
febre é um dos sintomas presentes na maioria
dos casos graves da Covid-19 que cursam com a
falta de ar e não costuma aparecer nas doenças
crônicas mencionadas. Além disso, os pacientes
asmáticos e com DPOC costumam saber os
fatores desencadeantes e a características das
crises de falta de ar, podendo ser essa
comparação utilizada para diferenciar as doenças.
Contudo, é essencial que se houver dúvidas 12
o
paciente não hesite em buscar ajuda médica.
A Sociedade Brasileira de Pneumologia e
Tisiologia (SBPT) ressalta a importância dos
pacientes com doenças respiratórias crônicas
realizarem o tratamento da forma adequada e
seguindo as recomendações médicas, a fim de
contribuir para o controle da doença de base. Por
exemplo, os pacientes que utilizam medicações
inalatórias, popularmente conhecidas como
“bombinhas” não devem interromper o tratamento
receitado pelo seu médico.13
Os portadores de doenças respiratórias crônicas
são grupos prioritários na Campanha Nacional de
Vacinação contra o vírus Influenza, pois são
considerados grupos de risco para as
complicações da Influenza, popularmente
conhecida como Gripe.14 Desta forma, a adesão à
vacinação é uma medida importante aos
portadores dessas doenças. É importante
ressaltar que a Influenza também causa
hospitalizações e mortes. No atual contexto da
pandemia, a vacinação ganha importância diante
do cenário de sobrecarga do sistema de saúde e
para facilitar a triagem dos pacientes com
Síndrome Gripal devido à semelhança com os

220
ALUNOS CONTRA O CORONA

sintomas da Covid-19. A explicação detalhada


desses tópicos pode ser conferida no “Capítulo 11:
Vacinas.”

Desta forma, os pacientes portadores de


doenças respiratórias crônicas devem continuar o
tratamento indicado pelo médico, vacinarem-se
contra a Influenza e seguirem as orientações da
OMS referente às medidas de prevenção da
Covid-19 como o uso de máscaras, o
distanciamento social e a higiene adequada das
mãos e superfícies.

REFERÊNCIAS

1. Spencer LJ, Abate D, Abate KH, Abay SM, Abbafati


C, Abbasi N, et al. Global, regional, and national
incidence, prevalence, and years lived with disability
for 354 diseases and injuries for 195 countries and
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Global Burden of Disease Study 2017. Lancet. 2018; 392:
1789-1858
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and Treatment of Coronavirus Disease 2019 (COVID-19):
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5700 Patients Hospitalized With COVID-19 in the New
York City Area [published online ahead of print, 2020
Apr 22] [published correction appears in doi:
10.1001/jama.2020.7681]. JAMA. 2020;323(20):2052-2059.

221
ALUNOS CONTRA O CORONA

4. Ministério da Saúde [homepage na internet]. Asma:


o que é, causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e
prevenção [acesso em 25 julho 2020]. Disponível em:
https://saude.gov.br/saude-de-a-
z/asma#:~:text=Asma%20%C3%A9%20uma%20das%20d
oen%C3%A7as,peito%2C%20respira%C3%A7%C3%A3o%2
0curta%20e%20r%C3%A1pida.
5. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia
[homepage na internet]. Asma [acesso em 25 julho
2020]. Disponível em:
https://sbpt.org.br/portal/espaco-saude-respiratoria-
asma/#:~:text=Estima%2Dse%20que%20no%20Brasil,em
%20m%C3%A9dia%2C%20350.000%20interna%C3%A7%
C3%B5es%20anualmente.
6.Sousa CA, César CLG, Barros MBA, Carandina L,
Goldbaum M, Pereira JCR. Doença pulmonar obstrutiva
crônica e fatores associados em São Paulo, SP, 2008-
2009. Rev. Saúde Pública [Internet]. 2011 Oct [cited
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DPOC?Pulmäo RJ ; 26(1): 5-12, 2017.
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Sanderson G, Holgate ST, et al. Frequency, severity,
and duration of rhinovirus infections in asthmatic and
non-asthmatic individuals: a longitudinal cohort study.
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6736(02)07953-9
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[acesso em 30 julho 2020]. Disponível em:
https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/J
une/18/Covid19-Orientac--o--esManejoPacientes.pdf

222
ALUNOS CONTRA O CORONA

10. Alqahtani JS, Oyelade T, Aldhahir AM, Almehmadi M,


Algahtani AS, Quaderi S, et al. Prevalence, Severity and
Mortality associated with COPD and Smoking in
patients with COVID-19: A Rapid Systematic Review
and Meta-Analysis. PLoS One. 2020;15(5):e0233147.
Published 2020 May 11. doi:10.1371/journal.pone.0233147

11. Liu, S., Zhi, Y. & Ying, S. COVID-19 and Asthma:


Reflection During the Pandemic. Clinic Rev Allerg
Immunol 59, 78–88 (2020).
https://doi.org/10.1007/s12016-020-08797-3
12. Dráuzio [homepage na internet]. Coronavírus
[acesso em 20 julho 2020].
Disponível:https://drauziovarella.uol.com.br/coronavirus
/tenho-uma-condicao-que-provoca-falta-de-ar-como-
diferencia-la-da-covid-19/
13. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia
[homepage na internet]. Nota de Posicionamento da
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.
[acesso em 06 julho 2020]. Disponível em:
https://sbpt.org.br/portal/wp-
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14. Ministério da Saúde [homepage na internet]
Campanha de vacinação contra a gripe é prorrogada
até 30 de junho [acesso 20 julho 2020]. Disponível em:
https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-
saude/46979-campanha-contra-a-gripe-e-prorrogada-
ate-30-de-junho

223
19.

CUIDADOS COM

CRIANÇAS E

ADOLESCENTES

DURANTE A

PANDEMIA

AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE CAPÍTULO


TIVERAM SUA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM
SETEMBRO DE 2020.
ALUNOS CONTRA O CORONA

COMO A COVID-19 MANIFESTA-SE

NA FAIXA ETÁRIA PEDIÁTRICA?

iante de uma doença nova sempre surge a


D
preocupação de como essa se manifesta nas
crianças e adolescentes. A partir dos dados
existentes até agora sobre a COVID-19, crianças
apresentam a mesma susceptibilidade à infecção
pelo SARS-CoV-2 que os adultos, mas raramente
são vítimas de formas graves da doença. Tem-se
observado em relação a essa faixa etária que,
geralmente, os sintomas da doença são leves,
permitindo dizer que as crianças são
oligossintomáticas para a COVID-19, o que
significa que apresentam poucos sintomas. Além
disso, outro fenômeno que vem sendo registrado
é o fato das crianças apresentarem formas
assintomáticas da doença, ou seja, elas podem
ser infectadas pelo SARS-CoV-2, mas não
apresentarem nenhum sintoma dessa infecção.
Portanto, crianças não estão incluídas no grupo
especial da COVID-19. A possibilidade de
apresentação clínica assintomática é motivo de
grande alerta nesse grupo em decorrência da
maior possibilidade que essas crianças possuem
de disseminação do vírus. Mas, por que isso
acontece?
É simples compreender esse fenômeno. Quando
o paciente é sintomático ele apresenta sinais e
sintomas da infecção, como tosse, febre, coriza,
falta de ar e outros. Nesses casos, torna-se mais
fácil controlar a disseminação do vírus por esse
indivíduo, uma vez que, sabendo da sua condição
de saúde e da possibilidade ou confirmação da
COVID-19, o paciente será orientado a realizar
todas as medidas de contenção da disseminação
do vírus como, por exemplo, o isolamento social,

225
ALUNOS CONTRA O CORONA

o reforço da higiene e o uso de máscaras


cirúrgicas. Entretanto, quando o paciente não
apresenta nenhum sinal ou sintoma da infecção
ele não receberá as mesmas orientações e pode
não adotar todas as medidas de cuidado
necessárias a um indivíduo doente, visto que
acredita não estar infectado. Assim, esse
indivíduo poderá ser um grande disseminador do
vírus dentro de uma população.
Por isso, desde de o início da pandemia houve
a preocupação de afastar as crianças de
ambientes aglomerados, como escolas e creches,
e orientar a realização da quarentena, evitando
visitas à casa dos avós, por exemplo. Isso porque
comumente as crianças apresentam formas
assintomáticas ou muito leves da doença, sendo
mais difícil controlar a disseminação do vírus
quando na ausência de sintomas significativos.
Dessa maneira, existe um cuidado não só com a
saúde dessas crianças, já que se trata de uma
doença nova sobre a qual ainda existem muitas
dúvidas em relação aos seus impactos a curto e
longo prazos, mas também com a possibilidade
que possuem de transmitir o vírus aos grupos de
maior risco.
Algumas crianças que se infectam pelo SARS-
CoV-2 podem manifestar sintomas de síndrome
gripal, sendo os mais comuns nesse grupo: tosse,
eritema faríngeo (garganta avermelhada) e febre.
É importante ressaltar que esses sintomas são
extremamente semelhantes aos sintomas de
outras doenças comuns na infância, o que pode
dificultar a diferenciação clínica entre a COVID-19
e outras doenças. Caso a criança ou o adolescente
apresente esses sintomas sem sinais de
gravidade, a recomendação é recorrer a uma
serviço de Atenção Primária, que são as Unidades
Básicas de Saúde (UBS/UPAS), e não o serviço

226
ALUNOS CONTRA O CORONA

de emergência.
Assim, o serviço de emergência só deve ser
procurado quando há urgências não relacionadas
à síndrome gripal (como acidentes envolvendo a
criança) ou quando a síndrome gripal é
acompanhada de sinais de alerta. Esses sinais
são: febre persistente, que é aquela febre que não
melhora com o uso do medicamento anti-térmico,
dificuldade para respirar, redução importante do
apetite, sinais de desidratação e queda do estado
geral. A queda do estado geral pode ser
identificada pelos responsáveis e cuidadores
quando a criança apresenta-se anormalmente
sonolenta, fraca, desanimada e quieta. Nos casos
em que a criança ou adolescente necessita de
atendimento médico presencial é recomendado
que o acompanhante não seja idoso, nem
portador de comorbidades relacionadas ao grupo
especial da COVID-19 (como diabéticos,
hipertensos, obesos e imunocomprometidos).
Outra orientação é que tanto a criança ou o
adolescente portador dos sintomas gripais,
quanto o seu acompanhante devem estar
utilizando máscaras.
Existem situações em que a criança ou o
adolescente necessita de algum tipo de
atendimento médico que não é emergencial.
Nesses casos, recomenda-se a busca por
orientações médicas via telefonemas, mensagens
ou e-mails para ser informado da necessidade ou
não do atendimento presencial. Assim,
atendimentos de rotina e acompanhamentos
médicos devem ser, se possível, adiados. Todas
essas medidas visam evitar o contato das
crianças com o ambiente hospitalar quando não
há necessidade imediata do serviço, já que esse
local apresenta grande circulação de pessoas

227
ALUNOS CONTRA O CORONA

infectadas, aumentando o risco de contaminação


da criança e de seus acompanhantes. É
importante deixar claro que todas essas
recomendações dizem respeito ao período de
quarentena que vivemos atualmente, estando
sujeitas a alterações com o passar do tempo e na
medida em que novas descobertas forem feitas.

Em relação ao tratamento da COVID-19, uma


terapia que vem mostrando resultados
promissores é o uso do corticosteroide
Dexametasona, sendo que o benefício só foi visto
nos casos de COVID-19 grave em adultos que
apresentam necessidade de oxigênio. A Sociedade
Brasileira de Pediatria (SBP) reforçou que, apesar
do resultado promissor dessa terapia em adultos
nessas condições específicas, a eficácia da
Dexametasona para o tratamento da COVID-19 em
crianças ainda não foi comprovada, independente
dessas terem evoluído ou não com a necessidade
de oxigênio. Assim, a Dexametasona não está
indicada nem para tratamento, nem para
prevenção da COVID-19 na faixa etária pediátrica.
Inclusive a SBP alerta para os prejuízos que o
uso indevido desse medicamento pode provocar
às crianças.
Outro tratamento muito comentado na mídia
durante a pandemia é o uso da Cloroquina ou da
Hidroxicloroquina em associação com a
Azitromicina. Até o momento, não há estudos
científicos multicêntricos, controlados, cegos e
randomizados que comprovem o benefício do uso
dessas medicações para o tratamento da COVID-
19. Mas, mesmo assim, o Ministério da Saúde
(MS) recomenda o uso dessas medicações já na
faixa etária pediátrica, excluindo apenas aqueles
casos nos quais há contraindicações para o uso
dessas drogas.5 Na faixa etária pediátrica, o MS

228
ALUNOS CONTRA O CORONA

também orienta considerar em alguns casos a


administração de sulfato de zinco e a
suplementação de vitamina D. Tais tratamentos
medicamentosos só devem ser usados quando
indicados pelo médico que está apto a discernir o
risco e o benefício dessas medicações para a
situação e gravidade clínica do caso de cada
criança analisada. Ademais, se houver indicação
médica, é necessário que pais ou responsáveis
legais da criança assinem um termo de
consentimento livre e esclarecido 6 autorizando a
terapia com Cloroquina ou Hidroxicloroquina em
associação com Azitromicina. Ao assinarem o
termo, afirmam estarem cientes de que não
existem estudos clínicos capazes de garantir a
melhora dos pacientes com COVID-19 submetidos
a essa terapia e conscientes dos possíveis efeitos
colaterais que essas medicações podem causar.
Portanto, assim como na população adulta, não
há, até o presente momento, nenhum
medicamento com eficácia e segurança
comprovadas para o tratamento de crianças com
a doença COVID-19 e, da mesma forma, ainda não
há medicamentos para prevenir a infecção. Em
momentos de grande medo e incertezas, como
ocorre durante uma pandemia, é comum que a
população recorra à automedicação. Vale aqui
ressaltar que a automedicação é uma prática
muito perigosa, visto que os medicamentos só
devem ser utilizados após uma avaliação médica
de seus riscos e benefícios, processo esse que
deve ser individualizado. Antes de fazer o uso de
um medicamento muitos fatores devem ser
analisados: fatores de risco, efeitos adversos,
doenças associadas, dose, idade, tempo de uso,
relação risco-benefício, entre outros. Tais fatores
só podem ser corretamente avaliados por um

229
ALUNOS CONTRA O CORONA

orienta a prescrição dessas medicações para


todos os casos moderados e graves de COVID-19,
porém nos casos leves só há recomendação para
crianças que apresentam fatores de riscos. Além
disso, o MS também orienta considerar em alguns
casos a administração de sulfato de zinco e a
suplementação de vitamina D. Tais tratamentos
medicamentosos só devem ser usados quando
indicados pelo médico que está apto a discernir o
risco e o benefício dessas medicações para a
situação e gravidade clínica do caso de cada
criança analisada. Ademais, se houver indicação
médica, é necessário que pais ou responsáveis
legais da criança assinem um termo de
consentimento livre e esclarecido 6 autorizando a
terapia com Cloroquina ou Hidroxicloroquina em
associação com Azitromicina. Ao assinarem o
termo, afirmam estarem cientes de que não
existem estudos clínicos capazes de garantir a
melhora dos pacientes com COVID-19 submetidos
a essa terapia e conscientes dos possíveis efeitos
colaterais que essas medicações podem causar.
Portanto, assim como na população adulta, não
há, até o presente momento, nenhum
medicamento com eficácia e segurança
comprovadas para o tratamento de crianças com
a doença COVID-19 e, da mesma forma, ainda não
há medicamentos para prevenir a infecção. Em
momentos de grande medo e incertezas, como
ocorre durante uma pandemia, é comum que a
população recorra à automedicação. Vale aqui
ressaltar que a automedicação é uma prática
muito perigosa, visto que os medicamentos só
devem ser utilizados após uma avaliação médica
de seus riscos e benefícios, processo esse que
deve ser individualizado. Antes de fazer o uso de
um medicamento muitos fatores devem ser
analisados: fatores de risco, efeitos adversos,

230
ALUNOS CONTRA O CORONA

doenças associadas, dose, idade, tempo de uso,


relação risco-benefício, entre outros. Tais fatores
só podem ser corretamente avaliados por
ummédico e, portanto, a automedicação está
totalmente contraindicada.

SAÚDE MENTAL DAS CRIANÇAS

E ADOLESCENTES EM TEMPOS

DE PANDEMIA

O distanciamento social ao qual as crianças e


os adolescentes foram submetidos durante a
pandemia devido à suspensão das aulas
presenciais e outras atividades da rotina é outra
questão importante a ser discutida. Esse fato
alterou totalmente a dinâmica das famílias e
alguns questionamentos surgiram, a exemplo:
como os responsáveis podem ajudar as crianças
e adolescentes a enfrentarem esse período de
isolamento social da melhor maneira possível?
Quando se trata de crianças é comum o
pensamento de que é necessário poupá-las das
notícias e dos acontecimentos. É muito importante
reconhecer que elas também precisam manter-se
informadas em relação à pandemia. Entender a
situação vivida facilita a compreensão das
alterações na dinâmica familiar, como adultos
trabalhando em casa e suspensão das idas à
escola. É preciso que elas entendam o porquê
estão vivendo uma situação nova, mas devem ser
informadas de uma maneira que faça sentido a
elas. Desse modo, cabe aos responsáveis
conversar com as crianças sobre esse assunto,
tentando sempre adequar a linguagem utilizada à
faixa etária da criança. Isso pode ser feito por

231
ALUNOS CONTRA O CORONA

meio de formas lúdicas de ensino utilizando


músicas, vídeos, jogos, histórias e brincadeiras.
Essas estratégias também podem ser utilizadas
para ensinar às crianças medidas de prevenção
contra a infecção pelo SARS-CoV-2. Usar formas
divertidas e compreensíveis de ensinar como
lavar corretamente as mãos e de como tossir e
espirrar com proteção torna o processo de
aprendizagem mais fácil e eficaz.
É sempre muito importante a existência de um
ambiente acolhedor em momentos de grande
insegurança, como o vivido durante a pandemia. A
criação desse ambiente é papel das famílias para
que crianças e adolescentes possam sentir
segurança e, dessa forma, consigam expressar os
seus sentimentos e as suas dúvidas. Um ambiente
acolhedor pode ser conquistado por meio de
conversas tranquilas e adequadas para as
diferentes idades, visando sempre evitar uma
elevação do estresse, do medo e da ansiedade,
situações essas que podem comprometer a
imunidade e a saúde mental das crianças e
adolescentes.
Outra orientação que pode auxiliar nesse período
de confinamento em casa é a organização, junto
com as crianças, de uma rotina a ser seguida, na
qual deve existir um equilíbrio entre horários de
estudo, de brincadeiras, de vídeo conferências
com amigos e avós, de atividades físicas, de sono
e de momento em frente à televisão, videogames
e celulares. Equilibrar todas essas atividades ao
longo do dia favorece a criação de uma rotina
saudável para a quarentena sem que as crianças
passem o dia todo em frente à tela de uma
televisão ou de um celular. Também é importante
inserir as crianças e adolescentes nas tarefas
domésticas, respeitando a idade e a capacidade,
de cada um.

232
ALUNOS CONTRA O CORONA

considerar que todo o contexto de pandemia e


isolamento podem agravar questões emocionais,
aumentando o risco de ansiedade e depressão
que, frequentemente, são acompanhadas pelo
aumento da ingestão de alimentos.
Portanto, considerando a obesidade como um
fator de risco para complicações da COVID-19, o
estímulo à prática de atividades físicas mesmo
durante o isolamento social é muito importante
tanto para quem já apresenta obesidade, quanto
para as demais crianças e adolescentes. Se
possível, recomenda-se que os responsáveis
também façam essas atividades físicas junto com
as crianças, visando estimulá-las e também
beneficiar-se com a prática. A alimentação
saudável e a ingestão adequada de líquidos é
outra medida importante para a manutenção da
saúde.
Um impasse frequentemente enfrentado pelos
responsáveis que estão trabalhando em casa
durante a quarentena é conseguir conciliar o
trabalho com o cuidado das crianças que também
estão em casa. Uma alternativa é tentar
sincronizar os horários de trabalho com alguma
atividade da rotina da criança na qual ela não
precise de muita supervisão do adulto. Adicionar
alguns momentos na rotina que sejam reservados
para que a família permaneça unida de forma
alegre também é essencial para o enfrentamento
do isolamento social. Uma dica é tentar realizar
as refeições diárias com todos os membros da
família reunidos. Por fim, é importante esclarecer
para as crianças e adolescentes que toda a
situação vivida é passageira e que essas medidas
de cuidado precisam ser adotadas a fim de
proteger a sociedade como um todo e poder
retornar com segurança para as atividades
habituais.

233
ALUNOS CONTRA O CORONA

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ALUNOS CONTRA O CORONA

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https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22420c
-NAlerta_Pais_e_Filhos_em_confinamento_COVID-
19.pdf
8- Sociedade Brasileira de Pediatria [homepage na
internet]. Obesidade em crianças e adolescentes e
COVID-19 [acesso em 20 abril 2020]. Disponível em:
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22443c
-NA_-_Obesid_em_Crianc_Adolesc_e_COVID-19_.pdf

235
20.

COVID-19 E

OS ANIMAIS

DE COMPANHIA

AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE CAPÍTULO


TIVERAM SUA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM
NOVEMBRO DE 2020.
ALUNOS CONTRA O CORONA

A família coronavírus é composta por vários


vírus, sendo que alguns deles são capazes de
infectar humanos e outros são capazes de
infectar animais, como cães, gatos, aves, suínos e
bovinos. Entretanto, esses vírus apresentam
diferenças genéticas entre si, o que faz com que
os coronavírus que infectam cães e gatos não
sejam capazes de infectar os humanos. Os
coronavírus caninos (CRCoV e CCoV) podem
causar problemas respiratórios ou diarreia leve
em cães, enquanto os coronavírus felinos (FCoV)
podem causar uma doença em gatos chamada
peritonite infecciosa felina.
No curso da pandemia, ocorreram diferentes
relatos de alguns animais de companhia, como
cães e gatos, que tiveram a infecção pelo novo
coronavírus, o SARS-CoV-2, confirmada. Os
primeiros relatos ocorreram em Hong Kong, nos
quais houve a confirmação da infecção pelo
SARS-CoV-2 em dois cães e em um gato. Nesses
animais houve a detecção e sequenciamento do
RNA viral (isto é, o material genético do vírus) e
a detecção de anticorpos neutralizantes no soro
(células de defesa). Embora tivessem a infecção
confirmada, nenhum destes animais chegou a
desenvolver quaisquer sinais e sintomas de
doenças respiratória. Já nos Estados Unidos da
América (EUA), os primeiros relatos de animais
de companhia infectados pelo SARS-CoV-2
ocorreram em abril de 2020 e referiam-se a dois
gatos no estado de Nova York. Nesse caso, os
gatos apresentaram sinais de doença respiratória,
mas que foram leves. Em junho de 2020, também
nos EUA, ocorreu a confirmação do primeiro caso
de um cão contaminado pelo SARS-CoV-2 e esse
também desenvolveu sinais de doenças
respiratória.

237
ALUNOS CONTRA O CORONA

No Brasil, o primeiro caso relatado de um


animal de companhia com infecção por SARS-
CoV-2 confirmada ocorreu na cidade de Cuiabá
(Mato Grosso) em outubro de 2020, tendo
acometido uma gata. Em nota, o Conselho
Regional de Medicina Veterinário do Rio de
Janeiro (CRMV-RJ) contesta os títulos das
matérias que circularam na mídia em relação a
esse caso, visto que afirmavam que esse seria o
primeiro caso de COVID-19 em animais de
companhia no Brasil. O Conselho esclarece que
detectar o vírus SARS-CoV-2 não significa
necessariamente que o animal possui a doença
COVID-19, além de não representar riscos de
transmissão confirmados para pessoas ou outros
animais. O caso no Brasil ainda estava sob
investigação na data em que esse capítulo fora
escrito, 23 de outubro de 2020.

A quantidade reduzida de casos confirmados


de infecção pelo novo coronavírus em animais
quando comparada à quantidade de casos
confirmados em humanos, além da semelhante
história de contato desses animais infectados
com indivíduos com COVID-19, sugere que a
infecção de animais de companhia ocorra devido
a um contato muito próximo com indivíduos
portadores da COVID-19. Ademais, ainda não há
evidências de que eles possam transmitir esse
vírus para humanos ou para outros animais, por
isso o risco de animais domésticos disseminarem
a COVID-19 é, atualmente, considerado baixo.
Outra informação ainda não comprovada é se a
vacinação feita em cães e gatos contra seus
respectivos tipos de coronavírus fornece algum
tipo de proteção cruzada contra o novo
coronavírus, uma vez que, embora pertençam a
mesma família, esses vírus são diferentes entre
si.

238
ALUNOS CONTRA O CORONA

Como ainda não é possível quantificar o quanto


os animais de companhia podem ser afetados
pela COVID-19, o Centro de Controle e Prevenção
de Doenças (CDC) recomenda que pessoas com
suspeita ou confirmação de COVID-19 restrinjam o
contato com os seus animais até que mais
informações sobre o vírus sejam adquiridas.
Assim, no período em que estiver doente, é
recomendado evitar ao máximo o contato com o
seu animal. Por isso, evite acariciar o animal,
beija-lo, compartilhar alimentos com ele, deixar
ser lambido por ele ou dormir na mesma cama.
Se possível, é preferível deixar que outro
indivíduo que não esteja doente cuide do animal
durante esse período. Caso não exista outra
pessoa que possa cuidar dele enquanto você
estiver doente, a instrução é sempre lavar bem as
mãos antes e depois de interagir com o animal e
usar máscara facial durante esse contato. Neste
momento de pandemia, é recomendado que a
prática de higiene das mãos diante da interação
com o animal seja seguida inclusive por
indivíduos que não apresentam sintomas da
doença COVID-19.
Caso o seu animal de estimação desenvolva
alguma doença sem causa determinada e tenha
sido exposto a uma pessoa com suspeita ou
confirmação da COVID-19, é indicado entrar em
contato com o agente de saúde pública que
acompanha o indivíduo que entrou em contato
com o animal, a fim de informar sobre o adoeci-
mento do animal. Também é indicado que o
agente de saúde consulte um veterinário de saúde
pública ou outro funcionário de saúde pública. Se
esses profissionais orientarem que é necessário
levar o animal até uma clínica veterinária, o
correto é ligar para a clínica antes informando
que levará um animal doente que teve contato
com um paciente suspeito ou confirmado para
COVI
239
ALUNOS CONTRA O CORONA

COVID-19. Dessa forma, a clínica pode se preparar


para receber o caso. Não leve o animal até uma
clínica veterinária sem que haja essa recomenda-
ção por parte de um agente de saúde pública.

Mesmo sem evidências de que os animais de


estimação possam transmitir o vírus, é
importante lembrar que eles podem ser
carregadores involuntários do SARS-CoV-2 por
meio da contaminação de seus pelos ou coleira,
por exemplo. Pelos, coleiras e outros adereços
usados pelo animal funcionam como superfícies
de contato, ou seja, se algum indivíduo
contaminado tossir ou espirrar próximo desses
animais, gotículas contaminadas podem ser
depositadas nos pelos e coleiras. Portanto, o mais
indicado neste momento de isolamento é
restringir o acesso à rua pelo animal, mantendo-o
em quarentena junto com você e limitando a
interação do animal com outras pessoas que não
convivem com ele na mesma casa.

No entanto, caso seja necessário sair com o


animal, mantenha o distanciamento de, aproxi-
madamente, 2 metros em relação a outras
pessoas e animais, utilize coleira no seu animal e
evite passeios em locais públicos que concentram
uma grande quantidade de pessoas. Ao retornar
para casa, o ideal é dar banho no animal, bem
como lavar coleiras e outros adereços utilizados.
Se não for possível dar banho naquele momento,
é recomendado que, pelo menos, faça-se a
higienização das patas do animal com água e
sabão (não use detergente). Não é recomendado
utilizar álcool em gel nos animais, pois essa
substância pode causar alergias e até mesmo
intoxicação no caso de ser lambida pelo animal.
Além disso, o álcool em gel não é eficiente
quando aplicado em pelos de animais. Também
não

240
ALUNOS CONTRA O CORONA

não é recomendado colocar máscara em animais


de estimação. E lembre-se: em hipótese alguma
abandone o seu animal de companhia!

REFERÊNCIAS

.1- Coronavírus que Acometem os Animais e o Home. -


Profa. Dra. Mary Marcondes, Co-Presidente do Comitê
Científico da Associação Mundial de Veterinários de
Pequenos Animais (WSAVA)
2- O Novo Coronavírus e Animais de Companhia -
Documento Informativo (última atualização: 16 de
março de 2020) - Comitês Científico e de Saúde Única
da WSAVA (Associação Mundial de Clínicos
Veterinários de Pequenos Animais)
.3- 3- Ciências da Saúde: Faltam evidências de que o
novo coronavírus possa infectar gatos – Jornal da USP
[Internet]. [citado 27 de abril de 2020]. Disponível em:
https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-da-saude/falta
m-evidencias-de-que-o-novo-coronavirus-possa-
infectar-gatos/
4- Como lidar com o seu pet durante a pandemia do
novo coronavírus? – Jornal da USP [Internet]. [citado
27 de abril de 2020]. Disponível em:
https://jornal.usp.br/ciencias/como-lidar-com-o-seu-
pet-durante-a-pandemia-do-novo-coronavirus/
5- SARS-CoV-2 in animals [Internet]. American
Veterinary Medical Association. [citado 23 de outubro
de 2020]. Disponível em: https://www.avma.org/
resources-tools/animal-health-and-welfare/covid-
19/sars-cov-2-animals-including-pets

241
ALUNOS CONTRA O CORONA

6- CDC. Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) [Internet].


Centers for Disease Control and Prevention. 2020
[citado 23 de outubro de 2020]. Disponível em:
https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/daily-
life-coping/animals.html
7- CDC. Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) [Internet].
Centers for Disease Control and Prevention. 2020
[citado 23 de outubro de 2020]. Disponível em:
https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/daily-
life-coping/pets.html
8- Nota de esclarecimento – Desmistificando a
matéria: Gato com Covid-19 é o 1° caso no Brasil
[Internet]. [citado 23 de outubro de 2020]. Disponível
em: http://www.crmvrj.org.br/nota-de-esclarecimento-
desmistificando-a-materia-gato-com-covid-19-e-o-1-
caso-no-brasil/

242
21.

CASOS

CLÍNICOS

INTERATIVOS

AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE CAPÍTULO


TIVERAM SUA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM
OUTUBRO DE 2020.
ALUNOS CONTRA O CORONA

iiiiesde
D o início da pandemia, a Frente de
Comunicação em Saúde, organizou-se a fim de
sintetizar e compilar as informações disponibi-
lizadas pelo Ministério da Saúde, Secretaria
Estadual de Saúde, Secretaria Municipal de Saúde,
Sociedades Médicas e Conselho Federal de
Medicina, a fim de organizar as diretrizes de
diagnóstico, tratamento e os fluxos de manejo
clínico dos casos suspeitos de COVID-19 na
Atenção Primária e Especializada.

iiiiiOs alunos voluntários da Frente de Comunica-


ção em Saúde compilaram as recomendações
desses órgãos de saúde tornando-as
didaticamente acessíveis e disponibilizando-as
em duas Unidades de Saúde do munícipio de
Botucatu. Essa síntese das recomendações visou à
acessibilidade dos profissionais de saúde
atuantes na linha de frente do combate à COVID-
19. O relato sobre as diversas ações da Frente de
Comunicação em Saúde está disponível no
“Capítulo 25: O papel dos estudantes na educação
em saúde frente à pandemia”.

A fim de divulgar o material elaborado pelos


outros participantes da Frente de Comunicação em
Saúde na página @alunoscontraocorona, na rede
social Instagram, optou-se por um novo modelo
de postagem semanal, os casos clínicos interati-
vos. Esse modelo de postagem foi considerado o
mais adequado para abordar a importância da
compreensão sobre o fluxo de atendimento do
paciente com a COVID-19 nos diferentes níveis de
Atenção à Saúde.
iiiOs primeiros casos clínicos postados na
página foram destinados aos profissionais da
saúde e estudantes da área, devido ao conteúdo
técnico abordado no material elaborado pela
Frent

244
ALUNOS CONTRA O CORONA

Frente de Comunicação em Saúde. Assim, os


casos abordaram, semanalmente, diferentes qua-
dros clínicos, faixas etárias, presença ou não de
comorbidades e gravidades da sintomatologia.
Dessa forma, abordaram de forma atualizada os
conteúdos referentes ao fluxo de manejo clínico
dos pacientes no contexto da Atenção Primária e
da Atenção Especializada.

As temáticas apresentadas nos casos clínicos


aos profissionais de saúde variaram em nível de
complexidade do paciente para averiguar os
conhecimentos sobre as recomendações
específicas para cada caso. Disponibilizamos
casos clínicos abordando diferentes faixas
etárias (crianças, adultos, gestantes, idosos) a fim
de realizar as considerações e orientações
importantes de manejo clínico, assim como as
peculiaridades de cada caso. A temática sobre
medicamentos utilizados, testes indicados para
detecção do Sars-Cov-2, orientações para o
isolamento domiciliar e os cuidados pós-alta
também foram abordados.
Devido à interação da população leiga nos
casos clínicos destinados aos profissionais de
saúde, percebeu-se a importância de adaptar
alguns casos clínicos para à população. Desta
forma, as adequações de linguagem e conteúdo
foram realizadas e novos casos clínicos foram
formulados. Os fluxogramas e as postagens
anteriores informativas do Instagram foram
usados como direcionadores do conteúdo. A
repercussão foi positiva e os participantes
demonstraram uma boa adesão e compreensão
sobre os conteúdos abordados anteriormente na
página.
iiAlguns temas abordados nos casos clínicos
des-

245
ALUNOS CONTRA O CORONA

destinados à população geral foram: sintomas da


COVID-19, condutas ao apresentar sintomas,
tratamentos preconizados cientificamente, medi-
das de proteção individual, uso correto da más-
cara e hábitos diários de cuidados.
iiiiiOs casos clínicos apresentaram um bom
alcance e interação da população. A rede social
Instagram possibilitou a análise da interatividade
dos usuários por meio de diversas ferramentas
como “curtidas”, comentários e alcance das
publicações. No período de análise, 06/04/2020
até 17/08/2020, a página @alunoscontraocorona
apresentava 16.502 seguidores no Instagram.
Nesse período foram publicados 14 casos clínicos
(9 destinados aos profissionais da saúde e 5
destinados à população). No total, 40.896
usuários dessa rede social foram alcançados com
essas publicações. Em média, cada caso clínico
postado alcançou 2921 usuários e recebeu 155
curtidas.
Durante o mesmo período analisado, cada
publicação diária informativa alcançou em média
4175 usuários e recebeu também, em média, 263
curtidas. Os casos clínicos foram publicações que
exigiam reflexão e raciocínio dos seguidores a
fim de escolher a resposta correta sobre o caso
proposto. Dessa forma, demandavam mais tempo
para o raciocínio dos usuários se comparados
com as publicações diárias apenas informativas,
justificando a diferença de interatividade
apresentada por cada tipo de postagem.

A finalidade do projeto desenvolvido no


Instagram @alunoscontraocorona foi contribuir
com informações confiáveis, respaldadas em
pesquisas científicas e esclarecedoras sobre a
COVID-19. Dessa forma, a interação dos seguido-
res

246
ALUNOS CONTRA O CORONA

seguidores proporcionada pelos casos clínicos foi


essencial para verificar se as informações
disponibilizadas nas postagens informativas e
nos materiais elaborados pela equipe da Frente
de Comunicação em Saúde foram compreendidas.
Através de um link, os seguidores conseguiram
acessar o material elaborado pela Frente de
Comunicação em Saúde. Dessa forma, além de
testar os conhecimentos foi possível sanar as
dúvidas apresentadas e consultar o material
elaborado.
Os documentos disponibilizados pelo Ministério
da Saúde, Secretarias de Saúde, Sociedades
Médicas e os elaborados pela Frente de
Comunicação em Saúde foram referências
utilizadas na maioria das postagens realizadas
na página do Instagram @alunoscontraocorona.
Esses materiais são essenciais para a
compreensão dos principais sintomas, sinais de
gravidade, comorbidades e as respectivas
condutas para os diversos quadros clínicos da
COVID-19. Desta forma, disponibilizamos na
próxima página, a versão mais atualizada, até o
momento da revisão deste material, do Fluxo de
Manejo Clínico na Atenção Primária. O fluxograma
está disponível neste capítulo a fim de contribuir
para o esclarecimento das condutas e orientações
já realizadas com o decorrer dos demais
capítulos.

247
ALUNOS CONTRA O CORONA

Fonte: Ministério da Saúde

248
ALUNOS CONTRA O CORONA

REFERÊNCIAS

1- Ministério da Saúde [homepage na internet].


Orientações para manejo de pacientes com Covid-19
[acesso em 15 julho 2020]. Disponível em:
https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/J
une/18/Covid19-Orientac--o--esManejoPacientes.pdf
2- UNASUS [homepage na internet]. Protocolo de
Manejo Clínico do Coronavírus (Covid-19) na Atenção
Primária à Saúde.[acesso em 15 julho 2020].
Disponível em: https://www.unasus.gov.br/especial/
covid19/pdf/37

249
22.

CUIDADOS

VOLTADOS AOS

PROFISSIONAIS

DA SAÚDE

AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE CAPÍTULO


TIVERAM SUA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM
AGOSTO DE 2020.
ALUNOS CONTRA O CORONA

INTRODUÇÃO

m 2020, um único vírus foi capaz de mudar as


E
mais diversas facetas da vida rotineira, exigindo
uma série de mudanças comportamentais e
trazendo consigo uma gama de questões
econômico-políticas. Nesse contexto, surge a
necessidade de exaltar e reconhecer aqueles cujo
trabalho na linha de frente expõe a própria vida
ao risco e que, no entanto, permitem que
inúmeras vidas sejam salvas, são eles: médicos,
enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem,
fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, farma-
cêuticos, dentistas, assistentes sociais, profis-
sionais da limpeza, segurança e diversos outros
profissionais da saúde. Essas pessoas são os
profissionais da saúde que, por meio de uma
relação recíproca, visam a atender os pacientes
com uma abordagem mais ampla e resolutiva do
cuidado compondo equipes multiprofissionais.

iiiiAs mudanças decorrentes da pandemia


afetaram também sobremaneira o trabalho destes
profissionais. Podemos observar algumas
consequências como a sobrecarga de trabalho
(“Burn-out”), principalmente nos locais com menor
quantidade de profissionais, sobrecarga emo-
cional e consequente aumento do estresse,
ansiedade e outros problemas de saúde mental,
afastamentos por presença de sintomas da Covid-
19 e óbito de profissionais.
iiAlgumas questões podem estar relacionadas
aos afastamentos de profissionais sintomáticos e
óbitos de profissionais da saúde pela Covid-19,
como por exemplo uma possível falta de
treinamento e capacitação para a colocação e re-

251
ALUNOS CONTRA O CORONA

tirada adequada de equipamentos de proteção


individual (EPI), falta de EPIs e ao não
afastamento de profissionais idosos e de grupo
de risco em alguns serviços. Essas condições são
prejudiciais para a manutenção de um ambiente
de trabalho com um risco controlado e podem
comprometer a segurança no local de trabalho.

MEDIDAS DE PRECAUÇÃO E EPI S

A transmissão da Covid-19 ocorre de uma


A
pessoa infectada para outra saudável
principalmente por gotículas de saliva, geralmente
associadas a espirros ou tosse. Há outras
possíveis formas de transmissão como o contato
com objetos ou superfícies contaminadas, como
celulares, mesas, maçanetas, brinquedos, teclados
de computador etc.

Gotículas são partículas grandes (maiores que


5 micrômetros) liberadas após tosse ou espirro.
Pelo fato destas partículas apresentarem um
tamanho maior, elas sofrem maior ação da
gravidade, não permanecendo por muito tempo
em suspensão no ar. Assim, após serem
eliminadas, não costumam atingir distâncias
maiores que 1 metro.

Aerossóis são partículas pequenas (menores


que 5 micrômetros) e mais leves, o que permite
um maior tempo de suspensão no ar onde foram
expelidas e maior disseminação por vários
metros pela ação de correntes de ar. Alguns
procedimentos podem gerar aerossóis ao
manipular as vias aéreas como, por exemplo:
broncoscopia, intubação ou aspiração traqueal,
ven

252
ALUNOS CONTRA O CORONA

tilação mecânica invasiva e não invasiva,


ressuscitação cardiopulmonar, ventilação manual
antes da intubação e coletas de amostras
nasotraqueais.
Medidas de prevenção e controle de infecção
são de suma importância. Por conseguinte, devem
ser implementadas por todos os funcionários dos
serviços de saúde evitando ou reduzindo ao
máximo a transmissão de microrganismos
durante qualquer assistência à saúde realizada.
Assim, além das precauções padrão, deve-se ser
adotado por todos os serviços de saúde
precauções para contato, para gotículas e para
aerossóis em situações específicas.

A precaução padrão consiste na adequada


higienização das mãos, que devem ser lavadas
com água e sabão ou, quando não visivelmente
sujas, friccionadas com álcool 70% antes e após
qualquer contato com paciente, após procedi-
mentos e após contato com sangue e secreções.
Também fazem parte das medidas de precaução
padrão o uso de luvas, óculos, máscara e/ou
avental em caso de risco de contato com sangue,
secreções ou membranas mucosas e o descarte
apropriado de materiais pérfuro-cortantes.

Na precaução por contato, o uso de luvas e


por contato
avental é necessário durante toda a manipulação
do paciente, dos cateteres e sondas, do circuito e
do equipamento ventilatório e outras superfícies
próximas ao leito. Há a necessidade de manter
uma distância de isolamento de pelo menos 1
metro do leito quando não houver a possibilidade
de quarto privativo, bem como o uso exclusivo do
paciente em precaução de equipamentos como
termômetro, esfigmomanômetro e estetoscópio.

253
ALUNOS CONTRA O CORONA

Na precaução por gotículas


gotículas, é necessário o uso
de máscara cirúrgica pelo profissional e, quando
transportado, pelo paciente.

ooNa precaução
precaução para aerossol
aerossol, é necessário
manter a porta do quarto sempre fechada,
havendo a necessidade de colocação da máscara
antes de entrar no quarto. O profissional deve
fazer uso de máscaras do tipo PFF2 ou N-95 e,
quando transportado, o paciente deve utilizar
máscara cirúrgica. Em caso de impossibilidade de
quarto privativo, o paciente deve ser internado
com outros pacientes com infecção comprovada
pelo mesmo microrganismo.

Considerando as precauções indicadas para a


assistência aos pacientes suspeitos ou
confirmados de infecção pelo SARS-CoV-2, a
Nota Técnica GVIMS/GGTES/ANVISA nº 04/2020
atualizada em 08/05/2020 recomenda os
seguintes Equipamentos de Proteção Individual
(EPI):

Recepção do serviço/cadastro: máscara de


tecido
Triagem:
Triagem: máscara cirúrgica para pacientes
com sintomas respiratórios e máscara de
pano para pacientes sem sintomas
respiratórios.
Áreas de assistência a pacientes
pacientes (por
(por
exemplo, enfermarias,
exemplo, enfermarias, quartos, consultório):
consultório):
'
máscara cirúrgica (e outros EPIs de acordo
com a precaução padrão e, se necessário,
precauções específicas)

254
ALUNOS CONTRA O CORONA

ii Quarto/Área/Enfermaria/
Quarto/Área/Enfermaria/Box
Box dede pacientes
suspeitos ou confirmados de COVID-19:
'avental, luvas de procedimento, óculos ou
protetor facial e máscara cirúrgica durante a
assistência, sem procedimentos que possam
gerar aerossóis. Avental, luvas de procedi-
mento, óculos ou protetor facial, gorro descar-
tável e máscara N95/PFF2 ou equivalente du-
rante a realização de procedimentos que
possam gerar aerossóis.
Áreas
Áreas administrativas
administrativas (todos
(todos profissionais,
profissionais,
incluindo profissionais
incluindo profissionais dede saúde
saúde que não
atendem pacientes):
pacientes): máscara de tecido.

As máscaras cirúrgicas
cirúrgicas têm como finalidade
evitar a contaminação de boca e nariz do
profissional por gotículas respiratórias no
momento em que estiver atuando a menos de 1
metro de um paciente suspeito ou confirmado de
infecção pelo SARS-CoV-2. Ao utilizá-las deve-se
tomar alguns cuidados como ajustar a máscara
cuidadosamente para cobrir a boca e o nariz e
minimizar os espaços entre a face e a máscara,
evitar tocar na parte da frente da máscara (em
caso de contato com esta área, higienizar
imediatamente as mãos), remover a máscara
usando a técnica apropriada e não reutilizá-las.
As máscaras de de proteção
proteção respiratória
respiratória
(Respirador Particulado – Máscara N95/PFF2 ou
equivalente) têm como finalidade a proteção do
profissional que estiver atuando em procedi-
mentos com risco de geração de aerossóis, em
pacientes suspeitos ou confirmados de infecção
pelo novo coronavírus, evitado a aspiração destas
partículas. Ao utilizar esta máscara, ela deve estar

255
ALUNOS CONTRA O CORONA

apropriadamente ajustada à face do profissional.


A forma de uso, manipulação e armazenamento
deve seguir as recomendações do fabricante e
nunca deve ser compartilhada entre profissionais.

oAs luvas
luvas de
de procedimentos não cirúrgicos
devem ser utilizadas em qualquer contato com o
paciente ou seu entorno conforme precaução de
contato. Caso seja realizado procedimento que
exija técnica asséptica, devem ser utilizadas luvas
estéreis (de procedimento cirúrgico). Ao utilizá-
las deve-se tomar alguns cuidados como: as luvas
devem ser colocadas dentro do quarto/box do
paciente ou área em que o paciente está isolado
sem jamais sair do quarto/box ou área de
isolamento com as luvas, não lavar ou usar
novamente o mesmo par de luvas e o uso de
luvas não substitui a higiene das mãos, havendo
também a necessidade de realizar a higiene das
mãos imediatamente após a retirada com técnica
adequada das luvas.
Os óculos
óculos de
de proteção
proteção ou
ou protetor
protetor de face (Face
Shield)
Shield) devem ser utilizados quando houver risco
de exposição do profissional a respingos de
sangue, secreções corporais, excreções etc. Devem
ser de uso individual, havendo a necessidade de
imediatamente após o uso realizar a limpeza e
posterior desinfecção com álcool líquido a 70%
(quando o material for compatível), hipoclorito de
sódio ou outro desinfetante, na concentração
recomendada pelo fabricante ou pela Comissão de
Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do
serviço.sangu
oooO capote
capote ou
ou avental
avental é utilizado com a
finalidade de evitar a contaminação da pele e da
roupa do profissional. Para o uso na assistência
ao paciente suspeito ou confirmado com infecção
p
256
ALUNOS CONTRA O CORONA

pelo SARS-CoV-2, o avental deve possuir


gramatura mínima de 30g/m2 com mangas
longas, punho de malha ou elástico e abertura
posterior. Quando sujo, deve ser descartado como
resíduo infectante após a realização de
procedimento e antes de sair do quarto do
paciente ou da área de isolamento, com posterior
higienização das mãos.
O gorro tem como finalidade a proteção dos
cabelos e cabeça dos profissionais em
procedimentos que podem gerar aerossóis. Deve
ser de material descartável e removido após o
uso, sendo descartado como resíduo infectante.

RECOMENDAÇÕES GERAIS

e cuidar também é importante!


S
Sabemos que este ano se trata de um período
delicado cheio de estresse, angústia, cobranças e
incertezas, no entanto a saúde dos profissionais
que atuam na linha de frente também é
importante. Dessa forma, é interessante que os
profissionais da saúde sigam algumas
recomendações:

As necessidades básicas devem ser


atendidas. Ao se alimentar, dormir e se
hidratar adequadamente, as habilidades de
promoção do cuidado podem ser otimizadas.
É necessário fazer pausas. Descansar,
realizar atividades físicas, meditar ou fazer
outras atividades relaxantes são distrações
importantes que auxiliam na adequada
manutenção da saúde física e mental.

257
ALUNOS CONTRA O CORONA

É importante se manter atualizado.


Principalmente através da busca pela
informação em fontes confiáveis.
Se monitorar para sinais de estresse
elevado. É necessário buscar ajuda de
familiares, colegas ou supervisores ao
identificar tais sinais.

COMO PODEMOS TE AJUDAR?

Consciente das circunstâncias de sobrecarga


decorrentes do contexto desencadeado pela
pandemia do novo coronavírus, o projeto “Alunos
Contra o Corona” passou a oferecer aos
profissionais da saúde do HC UNESP da
Faculdade de Medicina de Botucatu um serviço de
colaboração voluntária idealizado no dia 09 de
abril de 2020.

Objetivando o alívio de sobrecargas e


preocupações domésticas, estes trabalhadores
podem recrutar voluntários para a realização de
atividades cotidianas, como idas ao mercado ou
cuidados de animais de estimação por meio de
sua página do Instagram.

Além disso, o projeto também disponibilizou,


em outra publicação do dia 28 de março de 2020,
o contato de Júlia Teixeira Parra, graduada em
Medicina pela FMB e em formação continuada em
Psicanálise pelas Escolas de Psicanálise dos
Fóruns do Campo Lacaniano. Com pagamento
opcional, ela se disponibiliza para realizar
atendimentos on-line como forma de acolher e
ma
258
ALUNOS CONTRA O CORONA

manter o cuidado de quem precisa, permitindo


que o profissional de saúde também possa cuidar
de sua própria saúde mental.

REFERÊNCIAS

1- COFEN. Brasil ultrapassa EUA em mortes de


profissionais de Enfermagem por Covid-19. Acesso em:
10 de maio de 2020. Disponível em:
http://www.cofen.gov.br/brasil-ultrapassa-eua-em-mo
rtes-de-profissionais-de-enfermagem-por-covid-19_79
624.html
2- Demografia Médica 2018: número de médicos
aumenta e persistem desigualdades de distribuição e
problemas na assistência. Acesso em: 10 de maio de
2020. Disponível em: https://amb.org.br/wp-
content/uploads/2018/03/DEMOGRAFIA-M%C3%89DICA.
pdf
3- DISTRIBUIÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE:
Uma análise multivariada e espacial para os estados
brasileiros. Embasada no Censo de 2010.
4- Forato, F. Brasil tem mais enfermeiros mortos por
COVID que Espanha e Itália juntas. 08 de Maio de 2020
às 15h49. Acesso em: 10 de maio de 2020. Disponível
em: https://canaltech.com.br/saude/brasil-tem-mais-
enfermeiros-mortos-por-covid-que-espanha-e-italia-
juntas-164505/
5- Governo Federal do Brasil. Governo Federal
distribui 53 milhões de equipamentos de proteção a
profissionais de saúde. Acesso em: 10 de maio de
2020. Disponível em: https://www.gov.br/pt-
br/noticias/saude-e-vigilancia-sanitaria/2020/04/gov
erno-federal-distribui-53-milhoes-de-equipamentos-
de-protecao-a-profissionais-de-saude

259
ALUNOS CONTRA O CORONA

6- Matsumura, E. S. S. Distribuição territorial dos


profissionais fisioterapeutas no Brasil. Sem data.
Acesso em: 10 de maio de 2020. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/fp/v25n3/2316-9117-fp-25-
03-309.pdf
7- ORIENTAÇÕES PARA SERVIÇOS DE SAÚDE:
MEDIDAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE QUE DEVEM
SER ADOTADAS DURANTE A ASSISTÊNCIA AOS CASOS
SUSPEITOS OU CONFIRMADOS DE INFECÇÃO PELO
NOVO CORONAVÍRUS (SARS-CoV-2). NOTA TÉCNICA
GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 04/2020. Disponível em:
http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/271858/No
ta+T%C3%A9cnica+n+04-2020+GVIMS-GGTES-ANVISA/
ab598660-3de4-4f14-8e6f-b9341c196b28
8- Portal da Enfermagem. Enfermagem: Quantos
somos X Onde estamos. Acesso em 10 de maio de
2020. Disponível em:
https://www.portaldaenfermagem.com.br/destaque_rea
d.asp?id=1279
9- PRECAUÇÕES BASEADAS NA TRANSMISSÃO E
TIPOS DE ISOLAMENTO. Disponível em:
http://www.spp.pt/UserFiles/File/Infecciologia_Perinat
al_2007/Infecciologia_Perinatal_Isolamento.pdf
10- Prevenção que devem ser adotadas na assistência
a pacientes com suspeita ou confirmação de COVID-
19”. Disponível em: https://www.infectologia.org.br/
admin/zcloud/125/2020/03/0f40fba69576cfc95810230
9da4ba5eaf13f1d0050c740a5f71fa96bbacad846
11- TIPOS RECOMENDADOS DE EQUIPAMENTOS DE
PROTEÇÃO INDIVIDUAL NO CONTEXTO DO COVID-19, DE
ACORDO COM O TIPO DE AMBIENTE, PESSOA ALVO E
TIPO DE ATIVIDADE. Acesso em 10 de maio de 2020.
Disponível em: https://sbgg.org.br/wp-content/uploads
/2020/03/Tabela-Traduzida-EPI-OMS.pdf

260
23.

SAÚDE MENTAL

EM TEMPOS DE

PANDEMIA

AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE CAPÍTULO


TIVERAM SUA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM
DEZEMBRO DE 2020.
ALUNOS CONTRA O CORONA

INTRODUÇÃO

s capítulos anteriores trataram sobre as


O
diversas repercussões fisiopatológicas da COVID-
19 no corpo humano. Entretanto, os efeitos da
pandemia vão muito além do risco de
contaminação e dos agravos à saúde física. O
isolamento social, as dificuldades econômicas e
inúmeras incertezas, advindas com a pandemia,
também acarretaram importantes consequências
no bem-estar psicológico dos indivíduos. A
Organização Mundial de Saúde sinalizou que a
pandemia está associada a um efeito psicológico
potencialmente negativo, podendo agravar ou até
mesmo gerar problemas mentais, propiciando o
aumento da preocupação com os impactos para a
saúde mental, no curto e longo prazo.
Embora ainda não seja possível conhecer e
dimensionar todos reflexos da COVID-19 sobre a
saúde mental da população, percebe-se que,
assim como as repercussões físicas são distintas
para cada pessoa, o impacto emocional também é
muito particular e determinado por inúmeros
fatores. Entretanto, alguns grupos já podem ser
identificados como mais vulneráveis ao
adoecimento psíquico durante a pandemia, como
é o caso dos idosos, dos enlutados e dos
profissionais de saúde.

Neste capítulo serão abordados alguns dos


aspectos do impacto emocional para esses grupos
mais vulneráveis, além de sugestões para
promover a saúde mental e amenizar os efeitos
da pandemia.

262
ALUNOS CONTRA O CORONA

REFERÊNCIAS

Organização Pan-Americana da Saúde [homepage na


internet]. Pandemia COVID-19 aumenta os fatores de
risco para suicídio [acesso 10 setembro 2020].
Disponível em: https://www.paho.org/pt/noticias/10-9-
2020-pandemia-covid-19-aumenta-fatores-risco-para-
suicidio
Wang, S. S., Teo, W., Yee, C. W., Chai, Y. W. (2020).
Pursuing a good death in the time of COVID-19 [Ahead
of Print]. Journal of Palliative Medicine.
https://dx.doi.org/10.1089/jpm.2020.0198

Weir, K. Grief and COVID-19: mourning our bygone lives.


American Psychological Association. Disponível em:
https://www.apa.org/news/apa/2020/04/grief-covid-
19
Zhang, C., Yang, L., Liu, S., Ma, S., Wang, Y., Cai, Z.,
Zhang, B. Survey of insomnia and related social
psychological factors among medical staffs involved
with the 2019 novel coronavirus disease outbreak.
Frontiers in Psychiatry, 11, 1-9.
https://dx.doi.org/10.3389/fpsyt.2020.00306
Eisma, M. C., Boelen, P. A., & Lenferink, L. I. Prolonged
grief disorder following the Coronavirus (COVID-19)
pandemic. Psychiatry Research, 288, 113031.
https://dx.doi.org/10.1016/j.psychres.2020.113031

SAÚDE MENTAL DOS IDOSOS

DURANTE O ISOLAMENTO SOCIAL

263
ALUNOS CONTRA O CORONA

C om o advento da COVID-19, a população idosa


foi afetada significativamente e de diversas
formas. Por apresentarem maior vulnerabilidade
para desenvolver a forma grave da doença, fazem
parte do chamado grupo de risco e precisam
permanecer em rigoroso distanciamento social.
Contudo, as consequências psicossociais do
isolamento para essa faixa etária precisam ser
levadas em consideração, já que pode ser um
potencial agravante para sofrimento psíquico, já
prevalente nessa população.
A depressão e a ansiedade são transtornos de
humor muito comuns na velhice, que impactam
significativamente a saúde e a capacidade
funcional da população idosa, além de serem
importantes fatores de risco para o suicídio. As
causas para o sofrimento psíquico e transtornos
mentais nessa faixa etária podem ser endógenas,
como também estar relacionadas a aspectos
psicossociais, especialmente aos que se referem
as sucessivas perdas, reais e simbólicas, que se
acumulam nessa fase da vida, tais como: a perda
de companheiros, amigos e familiares, dos
vínculos sociais e afetivos, da saúde física, da
autonomia, entre outras.
Os fatores de proteção à saúde mental do
idoso, habitualmente recomendados pelos
profissionais de saúde incluem, além da adoção
de um estilo de vida saudável, com a prática de
atividades físicas e ocupacionais diárias, também
a convivência social com amigos e familiares.
Porém, o isolamento, recomendado aos indivíduos
com mais de 60 anos, impediu muitas das
interações e atividades sociais, tornando a
população idosa ainda mais vulnerável ao
sofrimento e adoecimento psíquico.

264
ALUNOS CONTRA O CORONA

As gerações mais jovens encontraram, nas


tecnologias e na internet, meios muito eficazes de
se comunicar e interagir socialmente,
minimizando os efeitos do distanciamento.
Porém, grande parte da população idosa em
nosso país não possui recursos ou habilidades
para o uso dessas ferramentas, o que acaba por
limitar as possibilidades de estratégias de
interação social do idoso durante a pandemia.
Além de incentivar a importância do isolamento
social e todos os cuidados práticos, para evitar a
contaminação pelo vírus, proteger a saúde mental
dos idosos é de fundamental importância. Os
desafios são diferentes para cada indivíduo:
alguns estão isolados em suas próprias casas, em
casas de repouso, ou recolhidos com a família.
Embora as condições de cada idoso sejam
diversas, algumas recomendações valem ser
observadas para amenizar os impactos do
isolamento de pessoas idosas neste período.
É importante que sejam estimulados o
autocuidado, as atividades de lazer prazerosas e
a prática de exercícios físicos leves dentro de
casa. Ler, cozinhar, ouvir música, alongar, cuidar
do jardim, meditar são práticas que trazem bem-
estar aos idosos. A presença de tarefas em
horários definidos, ajuda a criar uma nova rotina,
regula o relógio biológico e aumenta o bem-estar.
Recomenda-se que os idosos reduzam o tempo
de exposição às notícias, que podem gerar mais
ansiedade e sentimentos ruins. Além disso, tempo
demasiado em atividades consideradas passivas,
como assistir a televisão, não são muito
benéficas. Prefira as atividades que estimulem a
memória e o raciocínio, como jogos de tabuleiro,
palavras-cruzadas ou quebra-cabeças.

265
ALUNOS CONTRA O CORONA

Os telefonemas tradicionais são uma importante


ferramenta para aproximar amigos, familiares
durante a rotina de distanciamento social. É
importante que os familiares incentivem as
interações sociais virtuais ou por telefonemas.
Perguntar sobre histórias antigas, rever fotos de
momentos importantes, mesmo que por telefone,
colaboram para dar sentido positivo às
experiências e reforçam a importância na vida de
familiares e amigos.
Para os que convivem com os mais velhos,
sempre que possível, procure momentos de
interação por meio de jogos, conversas, ou
mesmo assistindo programas de televisão juntos.
Também é essencial estimular a autonomia do
idoso, favorecendo sua autoestima, assim como
favorecer a expressão de seus pensamentos e
opiniões, acolhendo seus sentimentos.
Mais do que nunca, nesse momento tão delicado
é fundamental conhecer sinais e sintomas que
indicam adoecimento psíquico. É essencial ficar
alerta sobre mudanças extremas no
comportamento, apetite e sono reduzidos ou em
excesso, apatia para as atividades, especialmente
as prazerosas, automutilação e ideação suicida.
Na presença de qualquer um desse sinais procure
ajuda de um profissional da saúde.

REFERÊNCIAS

Oliveira, JMBD, Vera, I, Lucchese R, Silva, GC, Tomé EM,


Elias, RA. Envelhecimento, saúde mental e suicídio.
Revisão integrativa. Revista Brasileira de Geriatria e
Gerontologia, 21(4), 488-498.

266
ALUNOS CONTRA O CORONA

Hammerschmidt, K. S. A.; Santana, R. F. Saúde do idoso


em tempos de pandemia Covid-19 Cogitare enferm ; 25:
e72846, 2020.
Rabelo, D.F.; Neri, A.L. A complexidade emocional dos
relacionamentos intergeracionais e a saúde mental dos
idosos. Pensando fam., Porto Alegre, v. 18, n. 1, p.138-
153, jun. 2014.
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
[homepage na internet]. Excesso de informações sobre
a covid-19 pode impactar saúde mental dos idosos
[acesso em 4 de maio 2020]. Disponível em:
https://sbgg.org.br/excessode-informacoes-sobre-a-
covid-19-pode-impactar-saude-mental-dos-idosos/
Dr. Draúzio Varella para a UOL [homepage na
internet]. Quarentena: Como cuidar da saúde mental
dos idosos em isolamento [acesso em 4 de maio
2020]. Disponível em:
https://drauziovarella.uol.com.br/coronavirus/quarente
nacomo-cuidar-da-saude-mental-dos-idosos-em-
isolamento/

SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS

DA SAÚDE: A IMPORTÂNCIA DA

AUTOCOMPAIXÃO

E mpatia e Compaixão são conceitos muito


relacionados, mas não exatamente iguais. A
Empatia refere-se à capacidade de imaginar e
entender os sentimentos de outra pessoa.
Compaixão refere-se ao sofrimento que sentimos
ao ver outra pessoa sofrendo e nos desperta uma
vontade de ajudar ou confortar. Portanto, a
Compaixão é uma emoção positiva, um estado de

267
ALUNOS CONTRA O CORONA

empoderamento que nos impulsiona a agir, a


fazer alguma coisa para aliviar a dor do outro.
Como seres humanos interdependentes e
necessitados de conexões interpessoais, desde o
nascimento, nosso sistema nervoso possui
neurônios-espelho, os quais possibilitam o
sentimento de Empatia e Compaixão.
Porém, quando estamos muito estressados, essa
nossa capacidade natural fica prejudicada. Então
especialmente nós, profissionais da saúde,
precisamos nos cuidar muito bem para que
possamos cuidar bem dos outros. É aquela
orientação de quando viajamos de avião: sempre
coloque a máscara de oxigênio em você antes de
ajudar o outro a colocar sua máscara. Nesse
momento que falamos de um conceito pouco
compreendido a Autocompaixão.
Alguns confundem Autocompaixão com egoísmo,
vitimização, fraqueza ou autoindulgência, mas
não é nada disso. Autocompaixão está
relacionada com o autoconhecimento, a
autoaceitação, o autorrespeito e o
autoacolhimento. Em suma, ter Autocompaixão é a
gente se tratar como trataria o melhor amigo ou
amiga em um momento de necessidade ou
sofrimento, ou seja, sem críticas ou julgamentos
duros, sem culpabilização, sem exigências
excessivas ou irrealísticas. Afinal, ninguém sabe
tudo, ninguém é perfeito, todo mundo erra o
tempo todo, simplesmente porque somos
humanos.
Ninguém merece um inimigo interno, pois o
nosso cérebro não distingue autocríticas de
críticas alheias, a resposta de estresse é
exatamente a mesma. Então, precisamos cultivar
dentro de nós mesmos essa parte amiga,

268
ALUNOS CONTRA O CORONA

compreensiva, acolhedora e amorosa conosco,


com as nossas falhas, incertezas, dificuldades e
sentimentos difíceis. Muitos profissionais de
saúde têm mais facilidade de sentir Compaixão
pelos outros do que por si mesmos. Sejamos os
nossos melhores amigos, especialmente nesta
situação tão assustadora e incerta da pandemia.
Cada um de nós está tentando fazer o seu melhor,
dentro de suas possibilidades, dos seus campos
de conhecimento, das suas habilidades e da sua
capacidade emocional. Estamos todos nos
sentindo ameaçados, perdidos e sobrecarregados.
Mais do que nunca, precisamos cultivar a
autocompaixão, com ações de autocuidado
individualizadas e outras mais gerais, como boa
alimentação, sono adequado, atividades físicas e
de lazer que forem possíveis, pausas para
repouso, contato com a natureza, práticas de
relaxamento, yoga e meditação. Ninguém é de
ferro e ninguém é uma ilha. Somos seres sociais
e precisamos de conexão com os outros. Então,
apesar do afastamento físico obrigatório,
precisamos manter contato assíduo com nossos
familiares e amigos por telefone e internet. É o
momento de ficarmos conectados, de ouvir sem
julgamento e de acolher sem precisar dar
conselhos. Vamos acolher aos outros e
principalmente a nós mesmos da forma mais
amorosa possível. Compaixão e Autocompaixão
diminuem a resposta ao estresse e aos fatores
inflamatórios e aumentam a resposta imune.
Então, precisamos nos cuidar com todo o carinho
para mantermos a nossa saúde.

REFERÊNCIAS

269
ALUNOS CONTRA O CORONA

Autora: Albina Rodrigues Torres (Psiquiatra Docente da


Faculdade de Medicina de Botucatu- UNESP).
LIVROS RECOMENDADOS PELA AUTORA:
Jinpa,T. Um coração sem medo: porque a compaixão é
o segredo mais bem guardado da felicidade. Editora
Sextante.
Neff, K; Germer, C. Manual de Mindfulness e
Autocompaixão: um guia para construir forças internas
e prosperar na arte de ser seu melhor amigo. Editora
Artmed.

OS SETE INGREDIENTES DIÁRIOS

PARA A SAÚDE MENTAL, BEM-

ESTAR FÍSICO E EMOCIONAL

O psiquiatra americano Daniel Siegel descreveu


sete ingredientes ou atividades diárias que
considera essenciais para nossa saúde mental e
bem-estar físico e emocional. Seriam como
ingredientes ou “nutrientes” da nossa saúde.
Baseiam-se na capacidade de Neuroplasticidade
do cérebro, ou seja, a capacidade do nosso
cérebro de mudar e se desenvolver através das
experiências de vida.
O primeiro ingrediente são as Conexões
conosco, com os outros e com a natureza. A
Conexão conosco melhora nossa função imune,
energia e resiliência. Bons relacionamentos geram
mais saúde, felicidade e longevidade. Conexão
com a natureza proporciona segurança e favorece
a estabilização do humor.

270
ALUNOS CONTRA O CORONA

O segundo ingrediente são as Atividades


Focadas. Manter o foco no que se está fazendo é
uma habilidade que pode ser aprendida ou
aprimorada. Devemos procurar fazer uma coisa
de cada vez, atentamente, pois isso gera
mudanças neuroplásticas que favorecem a
integração neuronal e o aprendizado.
O terceiro ingrediente são as Atividades Físicas.
Mover o corpo desenvolve o cérebro, favorece o
aprendizado, melhora o humor, combate a
depressão e a ansiedade. Qualquer atividade
física é válida: dançar, subir escadas, caminhar,
correr, nadar, andar de bicicleta, ou até mesmo
movimentar um pouco o corpo de hora em hora
quando estamos no computador.
O quarto ingrediente são os momentos de
simplesmente não fazer nada. Pode ser apenas
curtir o pôr do sol ou o barulho da chuva. Isso
permite que o nosso cérebro se acomode, se
reorganize e recarregue as energias.
O quinto ingrediente é o Sono Adequado,
fundamental para o crescimento cerebral,
consolidação de memórias e o funcionamento
mental geral. Esse que pode ser exemplificado
como a capacidade de pensar, lembrar, resolver
problemas, tomar decisões, lidar com as emoções
e se conectar com os outros. Dormir bem melhora
também a resposta imunológica. ¹
O sexto ingrediente são as Atividades de
Introspecção ou de “olhar para si”, para o mundo
interno. A prática introspectiva regular estimula o
crescimento de fibras cerebrais reguladoras da
atenção, das emoções, do pensamento e da
capacidade de empatia e compaixão. Além disso,
há melhora da função imune e aumento dos

271
ALUNOS CONTRA O CORONA

níveis da “enzima telomerase”, responsável por


ajudar a manter as células vivas e saudáveis.
Qualquer prática reflexiva é bem vinda, por
exemplo, a oração, a meditação e o Mindfulness.
O sétimo ingrediente são os momentos de
brincadeira, de se envolver em atividades lúdicas,
espontâneas, descontraídas, livres e sem
julgamento. Permita-se rir inclusive de si mesmo,
divertir-se com coisas engraçadas, com amigos,
crianças e animais. O humor e o riso liberam
endorfinas que diminuem a dor e melhoram o
humor, relaxam os músculos, melhoram o sistema
cardiovascular, a oxigenação cerebral e a
resposta imune. Além disso, brincar melhora
nossos relacionamentos e ativa o cérebro de
novos jeitos, o que estimula novas conexões
neuronais. Brincar ameniza o sofrimento físico e
emocional, diminui o estresse, nos dá mais
equilíbrio emocional e nos ajuda a lidar melhor
com os problemas, as dificuldades, as doenças e
as perdas. Então, que tal tentarmos colocar esses
ingredientes em nossa rotina para melhorar
nossa saúde e nosso bem-estar físico e
emocional?

REFERÊNCIAS

Autora: Albina Rodrigues Torres (Psiquiatra, Docente da


Faculdade de Medicina de Botucatu UNESP)
Siegel, D. The Healthy Mind Platter for Optimal Brain
Matter: Seven daily essential mental activities to
optimize brain matter and create well-being. Siegel, D.
Pocket Guide to Interpersonal neurobiology: an
integrative handbook of the mind.

272
ALUNOS CONTRA O CORONA

12 SUGESTÕES PARA CUIDAR DA

SAÚDE MENTAL DURANTE A

PANDEMIA E A QUARENTENA

A s sugestões a seguir foram elaboradas pela


Psiquiatra Albina Rodrigues Torres, docente da
Faculdade de Medicina de Botucatu. Representam
uma síntese das orientações mais importantes
para a promoção de saúde e a prevenção do
adoecimento mental nessa fase difícil que
estamos vivendo.
1. Evite a overdose de notícias. Ficar o dia todo
assistindo noticiários e checando notícias em
redes sociais pode aumentar muito a
ansiedade e o medo, especialmente nesta fase
de ascensão do número de casos de pessoas
infectadas e de mortes no país. Procure se
informar uma ou duas vezes por dia, através
de fontes confiáveis (há muitas fake news
circulando), mas intercale notícias com outros
conteúdos de seu interesse. Se possível, evite
assistir noticiários pouco antes da hora de ir
dormir, porque isso pode prejudicar o sono.
2. Procure estabelecer uma rotina diária
individualizada. Não uma rotina muito rígida,
mas com certa estrutura de horários de sono,
refeições, banho, atividade física, tarefas de
casa, estudo, lazer, diversão etc. Faça isso de
acordo com seus gostos e costumes, usando
as habilidades que você já tem. Mas como
todos os nossos hábitos estão sendo
desafiados e desconstruídos, tente também
fazer coisas diferentes ou aprender

273
ALUNOS CONTRA O CORONA

coisas novas, pois toda expansão é bem-


vinda. E procure simplificar tudo que for
possível; este é um ótimo momento para
identificarmos aquilo que é de fato essencial
em nossas vidas e dispensarmos tudo o que é
supérfluo.
3. Alimente-se e durma bem, tome um pouco
de sol e, na medida do possível, faça alguma
atividade física. Atividades junto à natureza,
quando possíveis, são particularmente
desejáveis. Mas mesmo em espaços pequenos
é possível movimentar o corpo de alguma
forma. Há várias aulas sendo oferecidas pela
internet, de dança, ioga, alongamento,
musculação etc. Lembre-se que as nossas
emoções ficam armazenadas no nosso corpo,
então as atividades físicas são benéficas
para o corpo e a mente.

4. Seja bondoso e paciente com você mesmo,


sem se exigir demais nesta fase. Nada de
ficar se cobrando produtividade, de ficar se
julgando e se autocriticando. Ninguém é
perfeito e a perfeição não é uma meta
razoável nunca, muito menos nesta fase tão
difícil. Isso é o que se chama autocompaixão:
procurar agir com você mesmo como você age
com seu melhor amigo quando ele está numa
situação difícil. Seja compreensivo e
acolhedor com você mesmo!

5. Tenha compaixão pelas outras pessoas. Da


mesma forma que você deve se acolher e se
cuidar, seja bondoso e tente ajudar os outros.
Todos nós estamos sendo afetados por essa
situação, mais ou menos diretamente, e todos
nós estamos sofrendo, em maior ou menor
grau. Assim, todos nós precisaremos de algum

274
ALUNOS CONTRA O CORONA

tipo de apoio, acolhimento ou ajuda neste


período. Descubra o prazer de ser útil, de
ajudar outra pessoa naquilo que estiver ao
seu alcance. Todo mundo tem algo a oferecer,
contribuições a dar. Este é um momento de
chamada global para colaboração,
comprometimento, cuidado, solidariedade,
ética, altruísmo e compaixão. Ajudar faz muito
bem também para quem ajuda e bons
exemplos costumam ser contagiosos!
6. Mantenha-se conectado com as pessoas que
são importantes para você. Lembre-se que o
isolamento corporal não implica em
isolamento emocional. Nosso distanciamento
deve ser apenas físico! O maior risco que
corremos neste momento é de nos
desconectarmos. Os bons relacionamentos
nos nutrem e o pertencimento é um ótimo
remédio contra o medo. Não precisamos lidar
sozinhos com esta situação. Somos seres
sociais e precisamos uns dos outros. Então,
telefone, mande mensagens, faça chamadas
frequentes por vídeo pelo celular ou
computador para seus familiares, amigos e
colegas. Compartilhe seus sentimentos e
escute sem julgamento e sem pretender dar
conselhos. Vamos nos acolher e permanecer
juntos para aumentarmos nossa resiliência.
Nesta fase, a internet é uma benção, uma
grande aliada, uma ferramenta maravilhosa
ao nosso alcance!

7. Procure se divertir. Coloque na sua rotina


momentos para assistir coisas leves na TV,
ouvir música ou tocar um instrumento, jogar,
brincar com crianças ou animais de
estimação, etc. Qualquer hobby que o divirta é
muito bem vindo nesse momento.

275
ALUNOS CONTRA O CORONA

8. Cultive e expresse emoções positivas, como


gratidão, apreciação, amor e perdão. Nesta
fase de tanta ansiedade, medo e incerteza,
emoções positivas são verdadeiros antídotos
para o sofrimento psíquico.
9. Medite. Tire alguns minutos por dia para
olhar para dentro de si e trazer a atenção
para o aqui e agora. Já que não podemos sair
de casa, vamos nos voltar para nós mesmos,
considerando este isolamento também como
um período de recolhimento. Você pode
prestar atenção na sua respiração, no ar que
entra e sai de seus pulmões, ou simplesmente
prestar total atenção naquilo que você está
fazendo (ex.: lavar as mãos, tomar banho,
lavar louça, cozinhar, comer, varrer a casa,
ler). Tudo que você fizer com a atenção
focada no momento presente pode ser uma
prática meditativa. O futuro é incerto e
desconhecido, então o presente é a nossa
única base sólida, especialmente neste
momento de enorme incerteza.

10. Apenas observe e acolha todos os


sentimentos que surgirem a cada momento. É
normal nesta fase sentir medo, ansiedade,
confusão, tristeza ou raiva, por exemplo. Tais
sentimentos não devem ser negados, julgados
ou suprimidos, mas permitidos, escutados,
acolhidos e validados. A gente não controla
os nossos sentimentos, a gente sente o que
sente, e tudo bem. Não há sentimentos certos
ou errados, todos têm uma razão de ser.
Procure falar a respeito de seus sentimentos
com pessoas de sua confiança e não tente
lidar com eles usando bebidas alcoólicas,
cigarro, ou outras drogas.

276
ALUNOS CONTRA O CORONA

11. Procure pensar nesta pausa forçada não


como um castigo, mas como uma
oportunidade de refletir sobre a vida, sobre o
que de fato importa para você, o que lhe é
essencial, o que lhe faz falta e o que não faz,
qual o seu propósito existencial. É uma boa
hora para reavaliar, ressignificar, reorganizar
e reconfigurar a vida. Momentos de crise são
sempre oportunidades de transformação, de
melhorarmos como pessoa, de melhorarmos
nossos valores, escolhas e relacionamentos,
de refletirmos sobre o real sentido da nossa
existência. Esta pandemia do coronavírus
deixa muito claro que não temos controle
sobre nada, nunca tivemos e nunca teremos.
Ela nos impõe também a humildade, já que
nos vemos cara a cara com o fato de que
somos vulneráveis e mortais, e de que
dependemos uns dos outros. É uma ótima
oportunidade para despertarmos para isso!

12. Por fim, lembre-se: esta fase vai passar,


pois tudo na nossa vida é temporário. Até lá,
vamos nos manter conectados e apoiando uns
aos outros, vamos nos mover do medo ao
pertencimento e, juntos, desenvolver mais
sabedoria, compaixão e resiliência.

REFERÊNCIAS

Autora: Albina Rodrigues Torres (Psiquiatra, Docente da


Faculdade de Medicina de Botucatu UNESP).

277
ALUNOS CONTRA O CORONA

PERDA E LUTO EM TEMPOS

DE PANDEMIA

A pandemia da COVID-19 devastou o mundo com


perdas concretas e simbólicas, suscitando
verdadeiro luto coletivo. A humanidade sofreu
com as inúmeras mortes, com a perda da
convivência social, com a sensação de
insegurança e falta de controle sobre os
acontecimentos, com perdas financeiras e outras
tantas.
Nesse contexto, a morte de entes queridos pode
ser vivenciada de forma ainda mais desafiadora,
já que a pandemia também interferiu no processo
de luto de forma significativa.
O luto é uma experiência humana universal, pela
qual uma pessoa passa após a perda de alguém
importante em sua vida, por morte ou rompimento
de um forte vínculo. É um fenômeno natural, não
patológico, que afeta o indivíduo nas esferas
emocional, cognitiva, comportamental, física,
social e espiritual. Ocorre também em situações
que implicam em alterações significativas na vida,
como separações, perda de emprego, grandes
mudanças, doenças graves, entre outras.
Embora natural, trata-se de um processo difícil
para a maioria das pessoas, porém, essencial
para que elas possam elaborar a perda, se
adaptar a uma nova condição e seguir em frente.
Porém, as reações após a perda são mediadas
por inúmeros fatores, que podem facilitar ou
dificultar a vivência do enlutado. Infelizmente, o

278
ALUNOS CONTRA O CORONA

contexto pandêmico atual expandiu a ocorrência


de circunstâncias muito desfavoráveis ao
processo de luto, principalmente devido ao
isolamento social, aumentando o risco de torná-lo
ainda mais difícil e doloroso.
O desafio é ainda maior quando mais de uma
morte por COVID-19 ocorre dentro da mesma
família, o que implica na sobreposição de lutos já
tão difíceis de viver. Nesse contexto, há um
caráter traumático associado à perda, o que
aumenta o risco para uma forma de luto mais
complicada, reforçando a necessidade de buscar
soluções que protejam o enlutado, apesar das
dificuldades impostas pela pandemia.
Em virtude da necessidade de distanciamento
físico para conter o coronavírus, familiares e
amigos ficaram impedidos de acompanhar ou
visitar o doente durante a internação hospitalar e
em seus momentos finais. Esta condição pode
gerar muita angústia, insegurança, raiva, culpa e,
portanto, ser considerada traumática e
complicadora do processo de luto.
Neste cenário, a adoção de algumas ações
preventivas e anteriores ao falecimento pode ser
muito eficiente para proteger e cuidar de
pacientes e seus entes queridos. Entre elas,
podemos destacar a importância de oportunizar
aos familiares o acesso a informações e
esclarecimentos de dúvidas sobre o doente, a
doença e a evolução do quadro, de forma
constante e de preferência pelo profissional
responsável pelos cuidados do infectado. Sempre
que possível, é desejável proporcionar o contato
entre familiares e o paciente, mesmo que virtual,
possibilitando conversas e despedidas. Oferta de
apoio emocional para paciente e seus familiares

279
ALUNOS CONTRA O CORONA

próximos é fundamental nessas condições.


O distanciamento social também interferiu de
forma bastante negativa nos rituais após a morte,
mesmo que esta não seja ocasionada pelo vírus.
Velórios e enterros, quando permitidos, foram
restritos em tempo, número de pessoas e a
determinação de caixão lacrado nos óbitos por
COVID-19.
Mesmo considerando as inúmeras diferenças
regionais, étnicas e religiosas, os rituais de
despedida desempenham um papel fundamental
no processo elaborativo do luto. São momentos
que proporcionam a concretização e assimilação
da morte, principalmente para aqueles que não
estavam presentes na ocasião do óbito, pois
permitem a constatação do corpo sem vida e a
despedida do mesmo. As cerimônias também são
ocasiões e espaços sociais “autorizados” para a
expressão das emoções, para o compartilhamento
da dor, e a busca de consolo entre parentes e
amigos.
Como as formas tradicionais de despedida dos
entes queridos ficaram restritas ou, até mesmo,
impedidas de serem realizadas, formas
alternativas devem ser exploradas. Rituais de
despedida simbólicos e concretos podem ser
organizados virtualmente, dentro do contexto
cultural e espiritual de cada família, permitindo
que familiares e amigos concretizem a perda e
facilitando o luto.
As possibilidades de prestar apoio presencial à
família enlutada também foram dificultadas,
assim como do enlutado buscar ajuda e receber
apoio e carinho de familiares e amigos. Apesar do
distanciamento social obrigatório, não é saudável

280
ALUNOS CONTRA O CORONA

o isolamento emocional e, nesse momento, torna-


se essencial reforçar os cuidados com a saúde
mental. Mesmo não sendo possível estar presente
fisicamente na vida do enlutado, existem outras
maneiras de manifestar carinho, atenção e
cuidado.
Uma das formas de ajudar alguém que está em
luto é mostrar-se presente e disponível. As
pessoas podem prestar suas condolências por
ligações, mensagens, e-mails e mídias sociais.
Mesmo que por telefone, escutar e acolher suas
dores e queixas, oferecer ajuda prática para
atividades como fazer compras, pode ser de
grande ajuda para quem perdeu um ente querido.
Estimular o enlutado a manter o contato com a
família e amigos, seja por redes sociais,
chamadas de vídeo, mensagens ou ligações é uma
importante forma de minimizar as consequências
do distanciamento nesse momento. Outra forma
de ajudar é valorizando e incentivando o
autocuidado, que é essencial para promoção e
manutenção da saúde mental e bem-estar.
Alimentação e hidratação adequadas, realização
de atividade física, elaboração de uma rotina de
atividades e, especialmente em tempo de
pandemia, redução do tempo exposição aos
noticiários.
O processo de luto é vivido de modo muito
particular e exige tempo para ser elaborado.
Embora não exista uma expectativa para o
sofrimento ficar mais ameno, em geral, o primeiro
ano sem a pessoa falecida costuma ser mais
difícil. Seja tolerante consigo mesmo, ou com
quem está passando por essa experiência. Caso
esteja preocupado com a forma e intensidade dos
sentimentos e comportamentos nesse período,

281
ALUNOS CONTRA O CORONA

procure orientação e ajuda de um profissional da


saúde.

REFERÊNCIAS

1-Wallace CL, Wladkowski SP, Gibson A, White P. Grief


During the COVID-19 Pandemic: Considerations for
Palliative Care Providers. Journal of Pain and Symptom
Management. 2020 [acesso em 18 de maio de 2020].
Disponível em: https://www.jpsmjournal.com/article/
S0885-3924(20)30207-4/fulltext

2- Cardoso, EAO. Efeitos da supressão de rituais


fúnebres durante a pandemia de COVID-19 em
familiares enlutados. Rev. Latino-Am. Enfermagem,
Ribeirão Preto , v. 28, e3361, 2020 .
3- Guia de rituais de despedidas virtuais por
inFINITO.etc [homepage na internet]. Faça você mesmo
[acesso em 18 de maio de 2020]. Disponível em:
https://rituais.infinito.etc.br/#facavocemesmo
4- The Irish Hospice Foundation [homepage na
internet]. Grieving in exceptional times [acesso em 18
de maio de 2020]. Disponível em:
https://hospicefoundation.ie/bereavement-2-2/covid19
-care-and-inform/grieving-in -exceptional-times/
5- Luto por perdas não legitimadas na atualidade.
Gabriela Casellato Editora Summus, 2020.
6- Worden, J. William Aconselhamento do Luto e
Terapia do Luto: um manual para profissionais da
saúde mental - São Paulo, Roca, 2013.

282
24.

IMPORTÂNCIA

DO SISTEMA

ÚNICO DE

SAÚDE

AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE CAPÍTULO


TIVERAM SUA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM
OUTUBRO DE 2020.
ALUNOS CONTRA O CORONA

IIIIIIISistema
O Único de Saúde (SUS) surgiu a
partir da determinação de que a “Saúde é um
direito de todos e um dever do Estado”, conforme
a Constituição Federal de 1988. É um dos maiores
sistemas de saúde pública do mundo e abrange o
atendimento totalmente gratuito à população nos
diversos níveis de atenção e complexidade,
guiado pelos princípios de universalização,
equidade e integralidade.

O Brasil é o único país com mais de 100


milhões de habitantes que possui um sistema
público e universal de saúde, beneficiando toda a
população. O SUS é reconhecido, mundialmente,
pelos maiores programas de vacinação e de
transplante de órgãos. Além disso, é referência
no tratamento e prevenção da infecção pelo Vírus
da Imunodeficiência Humana (HIV) e Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida (AIDS), disponível
para toda a população, no atendimento de 67% da
população brasileira com as equipes de Estratégia
de Saúde da Família, além do diagnóstico e
assistência ao paciente oncológico.

Sua estrutura organizacional é dividida em


níveis de complexidade. A porta de entrada para o
SUS é a Atenção Primária, através das Unidades
Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Saúde da
Família (USF), atuando principalmente na
prevenção e controle de doenças. Em seguida,
temos a Atenção Secundária, com as Unidades de
Pronto Atendimento (UPAs), ambulatórios, hos-
pitais e outras unidades de média complexidade.
E, por fim, a Atenção Terciária, formada por
hospitais de grande porte que fornecem serviços
de alta complexidade, como os transplantes de
órgãos, hemodiálise e medicamentos de alto
custo. Além disso, o SUS também é responsável
pE

284
ALUNOS CONTRA O CORONA

pelos serviços de urgência e emergência,


vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental,
campanhas vacinais, de prevenção, rastreamento
e diagnóstico precoce, além da fiscalização de
alimentos e registro de medicamentos. Também
envolve a assistência farmacêutica e diversos
centros de pesquisa e a formação de profis-
sionais da saúde. Portanto, todo brasileiro faz
uso do SUS, mesmo aqueles que possuem
convênios particulares. Vale ressaltar que mesmo
usuários de planos de saúde privados se
beneficiam do SUS quando há a necessidade da
atenção de alta complexidade, como os trans-
plantes e hemodiálise. Além disso, as ações de
imunização garantiram um controle bem-sucedido
de doenças infecciosas imunopreviníveis durante
muitos anos, apesar dos desafios atuais rela-
cionado à cobertura vacinal em muitas regiões
brasileiras. A partir disso, a atenção integral à
saúde tornou-se um direito de todos os brasi-
leiros durante toda a vida, focando sempre na
prevenção e promoção da saúde.

Na atual pandemia da COVID-19, o SUS também


teve o desafio de se organizar como linha de
frente no enfrentamento ao vírus SARS-CoV-2,
com a construção de um fluxo de atendimento,
baseando-se na sua estruturação em níveis de
atenção à saúde. Assim, as UBS são responsáveis
pelo primeiro atendimento da população com
sintomas sugestivos da COVID-19 e o
acompanhamento dos casos leves. Os casos com
sinais de gravidade são encaminhados para
centros de referência para as avaliações e
intervenções que exijam maior disponibilidade de
equipamentos e especialistas.
iiiiSomando-se ao atendimento primário, secun-
dário e terciário dos pacientes com COVID-19, o
SU

285
ALUNOS CONTRA O CORONA

SUS também participa da disponibilização dos


testes para COVID-19, realização de pesquisas
sobre a doença, formação e capacitação dos
profissionais da saúde, criação e retaguarda de
leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI),
aquisição de equipamentos de proteção individual
e suprimentos, coleta e análise de dados,
vigilância das medidas de prevenção, entre outras
atividades. Assim, comprova-se o papel essencial
do SUS na concretização das políticas públicas
de saúde necessárias para o controle de surtos,
epidemias e pandemias.
Apesar de sua elevada importância, nos últimos
anos o SUS vem sendo ameaçado, com
frequência, pelo subfinanciamento decorrente de
políticas de austeridade, com congelamento do
orçamento destinado à saúde, somado à grande
dificuldade na gestão de um sistema tão
complexo. Assim, desde antes da pandemia pela
COVID-19, a população enfrenta filas para o
atendimento, falta de infraestrutura e de
trabalhadores. Nos últimos 11 anos, o SUS
apresentou 48 mil leitos de internação fechados
no país. Além disso, a constante crítica e
oposição da mídia, juntamente com os interesses
econômicos da saúde privada e das indústrias
farmacêuticas, dificultam o apoio, valorização e
entendimento da população em relação ao papel
essencial do SUS na vida do brasileiro e,
consequentemente, o engajamento na luta pela
sua sobrevivência.
Salienta-se que o SUS é essencial para todos
os brasileiros, uma vez que atua em diversas
áreas que garantem o acesso da população a uma
saúde universal e de qualidade, além de investir
em ações de prevenção e promoção de saúde e
no controle de doenças, principalmente no cená-
rio

286
ALUNOS CONTRA O CORONA

cenário atual em que vivemos, onde são


necessárias políticas nacionais de saúde e
recursos dos mais diversos para combater a
COVID-19 e, literalmente, salvar vidas. Portanto, é
imprescindível o reforço do papel da sociedade
de valorizar, defender e fiscalizar o SUS, para
que se assegure a democratização da saúde,
principalmente em tempos de pandemia.

REFERÊNCIAS

1- Sistema Único de Saúde [Internet]. Ministério da


Saúde [citado 14 de julho de 2020]. Disponível em:
https://www.saude.gov.br/sistema-unico-de-saude
2- O passado, o presente e o futuro do SUS: para ler,
guardar e consultar [Internet]. Nexo Jornal. [citado 14
de julho de 2020]. Disponível em:
https://www.nexojornal.com.br/especial/2020/04/28/O
-passado-o-presente-e-o-futuro-do-SUS-para-ler-
guardar-e-consultar

3 - SUS: O que é? Leia mais no PenseSUS | Fiocruz


[Internet]. [citado 14 de julho de 2020]. Disponível em:
https://pensesus.fiocruz.br/sus
4 - Almeida* R. Se você afirma que não utiliza o SUS
você está enganado [Internet]. RADIS Comunicação e
Saúde. [citado 14 de julho de 2020]. Disponível em:
https://radis.ensp.fiocruz.br/index.php/home/opiniao/
pos-tudo/se-voce-afirma-que-nao-utiliza-o-sus-voce-
esta-enganado
5- Paim JS. Sistema Único de Saúde (SUS) aos 30
anos. Ciência &amp; Saúde Coletiva. junho de
2018;23(6):1723–8.

287
ALUNOS CONTRA O CORONA

6- Duarte E, Eble LJ, Garcia LP. 30 anos do Sistema


Único de Saúde. Epidemiologia e Serviços de Saúde
[Internet]. 2018 [citado 25 de outubro de 2020];27(1).
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_abstract&pid=S2237-96222018000100100&lng
=pt&nrm=iso&tlng=pt

288
25.

O PAPEL DOS

ESTUDANTES

NA EDUCAÇÃO

EM SAÚDE

FRENTE À

PANDEMIA

AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE CAPÍTULO


TIVERAM SUA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM
OUTUBRO DE 2020.
ALUNOS CONTRA O CORONA

No dia 11 de Março de 2020, Tedros Adhanom,


diretor geral da Organização Mundial de Saúde
(OMS) decretou que a infecção pelo Novo
coronavírus chegou ao patamar de pandemia. O
aumento no número de casos globalmente e a
falta de efetividade de medidas de saúde pública
para contê-la fez com que essa pandemia se
tornasse um grande impacto social, político e
econômico globalmente.
Frente a esta situação estudantes da área da
saúde tiveram suas atividades presenciais
interrompidas. Em alguns países como a Itália,
houve mobilização para formar precocemente
profissionais no último ano, para que estes
pudessem atuar na linha de frente. Em países
como no EUA, houve mobilização estudantil para
tentar suprir demandas, como falta de
equipamentos de proteção individual e apoio,
como serviços domésticos, para equipe de
profissionais que estavam na linha de frente.
No Brasil, houve diferentes posturas. O Governo
Federal instituiu a Ação Estratégica “O Brasil
Conta Comigo”. Dentro dessa campanha, houve a
mobilização para bolsas aos estudantes da área
de Medicina, Enfermagem, Fisioterapia e Farmácia
dos últimos anos para atuarem em reforço na
Atenção Primária à Saúde do SUS. Além de
receberem bolsa com auxílio financeiro no valor
de um salário mínimo (R$ 1.045), estes estudantes
seriam bonificados nos programas de residência
do Ministério da Saúde. No entanto, tal programa
não interfere nos programas estaduais de bolsa
de residência, os quais não participaram das
medidas. Algumas instituições não tiveram suas
atividades suspensas, apenas realocaram os
estudantes para outros serviços. No entanto, a
grande maioria dos estudantes dos últimos anos

290
ALUNOS CONTRA O CORONA

permaneceu com atividades práticas presenciais


suspensas.
Um dos principais elementos que marca a
pandemia atual, é o que um Relato, publicado em
29 de fevereiro de 2020 no Jornal The Lancet,
denomina de Infodemia¹. Com o avanço das redes
sociais e do acesso rápido à informação, se
tornou cada vez mais presente as “fake news”,
que variam desde transmissibilidade do vírus, de
organização do Sistema Único de Saúde (SUS) e
até por curas milagrosas. Essa Infodemia tornou-
se um grave problema inclusive para
profissionais da linha de frente, que muitas vezes
chegaram a ser questionados pelos pacientes pelo
fato de não estarem recebendo determinadas
condutas médicas, de acordo com suas próprias
expectativas.
Até a X Conferência Nacional de Saúde, em
1996², acreditava-se que o papel dos
trabalhadores da saúde era de diagnosticar e
tratar doenças. Isto muda, ao tentar inserir que a
educação da população, através de um processo
ativo, seria capaz de ser mais efetivo em relação
a responsabilização e conscientização do
processo saúde-doença.

Durante a formação médica, acredita-se que o


profissional de saúde como educador, só
consegue exercer sua função plena quando de
fato está formado. Frente a uma pandemia e
situação nova, faz-se necessário repensar esta
concepção.
Nisto, o papel da Educação em saúde, como
elemento com potencial para democratizar e
tornar a população capaz de reproduzir e ser
agente de autonomia e responsabilidade se torna

291
ALUNOS CONTRA O CORONA

imprescindível. Frente a este momento em que a


conscientização é elemento chave para frear o
avanço da pandemia, a organização através do
Projeto Alunos Contra o Corona tornou grande
exemplo de como é possível qualificar os
estudantes e futuros trabalhadores da saúde
como objetos de conscientização popular,
utilizando principalmente as redes sociais.
O conceito de educação em saúde baseia-se do
pressuposto organizacional entre população,
gestão em saúde e profissionais de saúde como
elementos efetuadores. Os alunos, no entanto,
podem ser elementos efetivos dentro da educação
em saúde.

O Pressuposto³ que direciona a organização em


educação em saúde é de que:
1. As desinformações, as fakes news, além de
não colaborarem, podem atrapalhar o manejo da
pandemia. Um exemplo que aconteceu em nosso
país, se dá com populações cobrando tratamentos
com medicações ainda não comprovadas contra o
Corona Vírus, como o uso de hidroxicloroquina
que até o momento, em agosto de 2020, não tem
dados que permitam o uso precoce ou o uso
durante os casos graves como efetivo. O exemplo
dessa medicação é que torna as pessoas mais
propensas a não respeitarem as medidas de
isolamento social, pois “acreditam” que haja um
medicamento simples e barato que possa resolver
a situação, principalmente desconsiderando o
viés probabilístico de que a medicação funcione,
ignorando a incerteza conceitual.
2. A população possa de fato agir para combater
essa desinformação e que possa ser um
instrumen

292
ALUNOS CONTRA O CORONA

instrumento de construção de hábito. Uma luta


diária, um exemplo fidedigno desta situação, é a
necessidade de conscientizar a respeito da
higienização adequadas das mãos, como um
elemento fundamental para evitar a transmissibi-
lidade de doenças.4
3. A garantia de conteúdos que sejam
instrumentos sem pressupostos. Um exemplo
vivido na atual pandemia, é a popularização dos
trabalhos científicos publicados. Atualmente, um
trabalho em cultura celular ganha uma grande
dimensão ao ser amplamente divulgado, mesmo
desconsiderando os limites científicos e a
aplicabilidade de tais dados a curto prazo,
pensando em uma pandemia. Considerando a
percepção da necessidade de uma cura milagrosa,
como de fato historicamente nosso país lida com
questões 5 de saúde e política, desde o período
imperial.
O foco que o projeto proporciona, dentro da
óptica de educação de saúde, é a de responsa-
bilizar, sem culpar. Desta forma, é viável uma
educação que seja construtiva e elaborada
coletivamente, sem que tenhamos culpabilização.
A educação em saúde, dentro da ação estudantil,
se tornou uma evidência de como é fundamental
repensar o modelo de formação dos futuros
trabalhadores da área da saúde.

293
RELATOS DOS PROJETOS

DESENVOLVIDOS PELA

FRENTE DE COMUNICAÇÃO EM

SAÚDE DO VOLUNTARIADO DA

FACULDADE DE MEDICINA DE

BOTUCATU (FMB-UNESP) NO

COMBATE À PANDEMIA
ALUNOS CONTRA O CORONA

I CONGRESSO ONLINE DE

CAPACITAÇÃO SOBRE A COVID-19

(COCC-19-FMB)

C om a pandemia de COVID-19 e o afastamento


dos alunos de graduação das atividades
presenciais, surgiram duas demandas: a vontade
de contribuir com o Hospital das Clínicas de
Botucatu, nosso cenário prático de ensino da
Faculdade de Medicina de Botucatu; e a
necessidade de capacitação e atualização dos
futuros e atuais profissionais de saúde da linha
de frente quanto ao combate à pandemia pelo
SARS-COV-2. Diante disso, organizações
coordenadas exclusivamente por alunos da nossa
instituição (o projeto de extensão “Alunos Contra
O Corona”, o Centro Acadêmico Pirajá da Silva, o
Centro Acadêmico XII de Maio, a Associação
Atlética Acadêmica Carlos Henrique Sampaio de
Almeida, o Conselho de Ligas Acadêmicas e a
comissão do Congresso Médico Acadêmico de
Botucatu) uniram-se em uma cogestão de 31
pessoas para organizar um evento com palestras
sobre a COVID-19 com especialistas do meio
médico e uma comissão científica para submissão
de trabalhos sobre o novo coronavírus, nas
categorias: Revisão Literária, Produção Original e
Relatos de Caso/Experiência. O evento ocorreu
nos dias 20/06/2020 e 18/07/2020, através da
plataforma online “Youtube”, com apoio digital do
NEAD.TIS do Campus da UNESP-Botucatu. Houve
doação integral dos valores de inscrição ao
Hospital das Clínicas de Botucatu, além de outras
doações voluntárias e dos 29 patrocinadores
do evento. O COCC-19 reuniu 945 inscritos, 69

295
ALUNOS CONTRA O CORONA

trabalhos científicos submetidos e R$29.700,00


reais arrecadados.

COMUNIDADES RELIGIOSAS

O Projeto foi idealizado e executado por dois


alunos do sexto ano do curso de Medicina da
Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB), sendo
supervisionado pelo departamento de Saúde
Pública e por docente do departamento de
Infectologia da FMB, nos meses de abril e maio de
2020. O objetivo do projeto foi promover a
divulgação de conhecimentos básicos e essenciais
para que a população de Botucatu estivesse apta a
cuidar de sua saúde em meio à pandemia de
COVID-19. Para alcançar parcela significativa da
população, os alunos entraram em contato com 15
líderes religiosos da cidade das mais variadas
crenças, colheram as principais dúvidas daquelas
comunidades e produziram vídeos educativos, que
foram divulgados através de seus líderes, sobre:
uso de máscaras, isolamento social, postura
adequada ao realizar compras no supermercado,
violência doméstica e riscos do uso de
medicamentos não recomendados. A pedido de
uma comunidade religiosa local, também foi
realizada uma transmissão ao vivo pelo Facebook
com um dos alunos responsáveis pelo projeto,
com apoio de sua colega e da docente do
departamento de Infectologia da FMB, para
esclarecer dúvidas da população.

ELABORAÇÃO DE MATERIAIS

PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE

296
ALUNOS CONTRA O CORONA

D esde janeiro de 2020, surgiu um grande volume


de novas publicações relacionadas à COVID-19,
criando uma dificuldade na atualização dos
profissionais de saúde em atuação. Diante desse
cenário, três alunos de Medicina e Enfermagem
da Faculdade de Medicina de Botucatu, com o
auxílio de um professor orientador, elaboraram
materiais atualizados para os profissionais da
Atenção Primária à Saúde, por meio da
compilação das principais recomendações
atualizadas, incluindo artigos científicos e o
resumo dos protocolos divulgados por órgãos
oficiais, como: Ministério da Saúde, Secretarias
Estaduais e Municipais de Saúde, Conselho
Federal de Medicina e Associações Médicas.
Foram elaborados 19 infográficos, com base nas
demandas trazidas pelos profissionais da
Atenção Primária de Botucatu, incluindo diversos
temas como reorganização das unidades de
saúde, uso correto dos equipamentos de proteção
individual, critérios diagnósticos, fluxograma de
atendimento e avaliação remota. Também estão
sendo feitos gráficos com atualização semanal
dos casos de COVID-19 no município e aqueles
atendidos no HC da FMB, permitindo visualização
da curva epidemiológica. O material foi impresso
e colocado em murais em duas unidades de saúde
da cidade de Botucatu e disponibilizado
digitalmente para acesso de outros profissionais.

ELABORAÇÃO DE MATERIAIS PARA

PROFISSIONAIS QUE TRABALHAM

COM POPULAÇÕES VULNERÁVEIS

Diante do cenário da pandemia, muitos


profissionais de saúde relataram dificuldades em

297
ALUNOS CONTRA O CORONA

realizar uma orientação específica, baseada nas


particularidades de cada uma das populações
vulneráveis. Com isso, três estudantes de
Medicina e um estudante de Enfermagem, sob a
supervisão de um professor coordenador,
contataram esses profissionais para compreender
melhor suas demandas e realizaram uma revisão
da literatura científica acerca do assunto. Dessa
forma, foram produzidos dois materiais
informativos no formato de folders, cada qual
abordando de modo objetivo as especificidades
nas recomendações de prevenção de cada grupo,
sendo um material direcionado aos profissionais
que trabalham com pessoas em situação de rua e
o outro aos que assistem indivíduos portadores
do vírus HIV. Os materiais produzidos foram
divulgados pelas mídias sociais e encaminhados
para os locais e para os profissionais que
trouxeram a demanda, com o objetivo de auxiliar
todos os trabalhadores da área da saúde na
orientação à cada grupo de população específica.

ELABORAÇÃO DE ÁUDIOS

PARA RÁDIOS

O projeto de elaboração de áudios para rádios


foi criado com o objetivo de transmitir em larga
escala informações sobre a pandemia da COVID-
19 de qualidade e de modo acessível para a
população, auxiliando no combate ao novo
coronavírus através da Educação em Saúde. O
rádio foi escolhido como meio de comunicação
devido à sua acessibilidade e grande alcance, em
especial aos idosos, grupo de alto risco para
infeção por COVID-19. O trabalho é realizado por
duas estudantes do 5º ano do curso de Medicina

298
ALUNOS CONTRA O CORONA

da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB), com


a supervisão de um professor orientador. As
integrantes preparam, semanalmente, um roteiro
que é transformado em áudio sobre temas
relacionados à pandemia da COVID-19, como:
sintomas, formas de transmissão, epidemiologia,
orientações de prevenção e saúde mental. Os
áudios possuem duração média de 5 minutos,
sendo transmitidos uma vez por semana no
período da manhã durante programação
jornalística de 5 emissoras de Botucatu/SP e
região (3 de frequência AM e 2 FM). Desse modo,
a transmissão dos áudios possui o alcance de
cerca de 15 municípios da região de Botucatu, os
quais apresentam a população total de,
aproximadamente, 1 milhão de habitantes.

ELABORAÇÃO DE GUIAS DE

PREVENÇÃO PARA OS

SERVIÇOS ESSENCIAIS

M esmo diante das dificuldades impostas pela


pandemia, os funcionários dos serviços
essenciais permaneceram trabalhando durante
todo o período de isolamento. Neste cenário,
destacou-se a importância da divulgação de
informações confiáveis para esta parcela da
população, sobre medidas de prevenção da
infecção pelo novo coronavírus. Assim surgiu a
frente de Serviços Essenciais do Projeto de
Extensão Voluntário da Faculdade de Medicina
de Botucatu (FMB – UNESP), desenvolvida por 2
alunas, que visou a elaboração de Guias de
Prevenção da Covid-19 para diferentes setores,
como mercados, farmácias, pet shops, indústrias,

299
ALUNOS CONTRA O CORONA

entregadores e motoristas de aplicativos ou


taxistas. Os Guias de Prevenção são baseados em
recomendações científicas e elaborados através
de uma plataforma virtual de design gráfico, de
forma a trazer informações com linguagem
acessível para os trabalhadores desses setores.
Esses Guias foram distribuídos inicialmente para
estabelecimentos comerciais e entregadores da
cidade de Botucatu, por meio de aplicativo de
mensagens (Whatsapp) e jornais eletrônicos da
região, e chegaram a ser divulgados também por
redes nacionais de delivery, como o IFood.

REFERÊNCIAS

1. Zarocostas, J. How to fight an Infodemic. World


Report, The Lancet. Volume 395, Issue 10225, P676, Feb.
29, 2020.

2. Brasil. X Conferência Nacional de Saúde [relatório


final]. Brasília; set. 1996.
3. Flores O. A prática de saúde enquanto uma prática
educativa. Brasília: Ministério da Saúde, Divisão
Nacional de Saúde Pública; [s/d]. (mimeo).
4. Alzyood, M.; Jackson, D.; Aveyard, H.; Brooke, J.;
COVID-19 reinforces the importance of hand washing.
Journal of Clinical Nursing · April 2020
5. Mattos, O. A filosofia política: continuando a
interpretar o Brasil. REVISTA USP, São Paulo, n.50, p.
282-288, junho/agosto 2001

300
AGRADECIMENTOS

C hega ao final o e-book desenvolvido pela


equipe Alunos Contra o Corona, um projeto de
elaboração de um livro que abordasse a visão da
pandemia da COVID-19 que os alunos da
Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB-UNESP)
adquiriram por meio da experiência com o
projeto de educação em saúde nas redes sociais.
Encerramos, pois, essa iniciativa com um enorme
sentimento de gratidão aos vários mestres e
colaboradores do projeto. Portanto, fecharemos
este livro com os mais sinceros agradecimentos
de toda a equipe Alunos Contra o Corona.
Em um primeiro momento, gostaríamos de
agradecer pela tutoria realizada pelos
professores João Marcos Bernardes, Lenice do
Rosário de Souza e Walter Vitti Junior, que não
mediram esforços para nos auxiliar na atuação
nas redes sociais, bem como na elaboração
deste e-book. Da mesma forma, gostaríamos de
agradecer aos demais professores revisores
deste livro, que em conjunto com os professores
tutores tornaram possível a concretização do
nosso trabalho nestas páginas: Alexandre Naime
Barbosa, Elenice Bertanha Consonni, Fernanda
Bolfi, Joelma Gonçalves Martin, Jonas Atique
Sawazaki, José Carlos Peraçoli, Liana Sousa
Coelho, Rafael Thomazi e Vanessa dos Santos
Silva. A todos vocês, nossa admiração e
gratidão.
Também gostaríamos de agradecer à diretoria
da FMB-UNESP, diretora Maria Cristina Pereira
Lima e vice-diretora Jacqueline Costa Teixeira
Caramori, por todo o apoio fornecido desde o
início ao nosso projeto, além do incentivo à
AGRADECIMENTOS

elaboração de um e-book que contemplasse o


trabalho desenvolvido pela equipe Alunos Contra
o Corona. Ademais, agradecemos à professora
Eliana Goldfarb Cyrino pela sua atuação como
coordenadora geral dos projetos voluntários
desenvolvidos pela FMB-UNESP durante à
pandemia, do qual o Alunos Contra o Corona
passou a fazer parte. Somos também
extremamente gratos a todos os professores e
demais profissionais da saúde da FMB-UNESP
que contribuíram como os materiais divulgados
nas nossas páginas por meio de entrevistas,
vídeos e conteúdos para postagens e para
elaboração de casos clínicos. Obrigado pela
participação na elaboração dos nossos materiais
educativos e por sempre estarem dispostos a
nos orientar nessas atividades.
É importante registrar o nosso grande
agradecimento a toda a equipe do Núcleo de
Educação à Distância e Tecnologias da
Informação em Saúde (NEAD.TIS) da FMB-
UNESP, em especial à Ana Silvia Sartori
Barraviera Seabra Ferreira, por todo o auxílio na
publicação deste e-book. Também recebem nossa
gratidão todos os alunos da FMB-UNESP que
passaram pelo projeto, deixando uma parte de si
para dar vida à iniciativa. Sem o empenho e a
dedicação de cada um desses alunos voluntários
o Alunos Contra o Corona não conseguiria atingir
o seu objetivo final de promoção de educação
em saúde. Ademais, agradecemos àqueles alunos
que mesmo não participando diretamente da
equipe Alunos Contra o Corona, sempre
incentivaram a página e impulsionaram o ganho
de visibilidade do projeto nas redes sociais. Cada
AGRADECIMENTOS

contribuição foi de extrema valia para que o


objetivo final do projeto fosse alcançado.
Por fim, expressamos nossa gratidão a todos
os seguidores das nossas páginas nas redes
sociais, que foram o estímulo necessário para
que nós pudéssemos atuar no combate à
pandemia por meio das ferramentas disponíveis.
Obrigado por nos acompanharem e acreditarem
no nosso trabalho. E agradecemos também a
você, caro leitor, por viver um pouco da nossa
experiência com o Alunos Contra o Corona ao
mergulhar nas páginas deste livro.
Muito obrigado!

Equipe Alunos Contra O Corona

ALUNOS CONTRA O CORONA


ALUNOS CONTRA O CORONA

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