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ESTUDO DE QUEIMADORES POROSOS CONSTRUÍDOS COM ROCHAS

NATURAIS DE MgCO3.
Gabriel Silveira Ferreira 1*(IC), Fernando Bruno Pereira de Mélo 1(IC), Luis Ledo Rocha Holanda 2,
Raphael Barros Marques Gontijo 2, Me. Esp. Felipe Pinheiro Falcão Dias 3(PO), Dr. João Batista
Furlan Duarte 3(PO)

1. Universidade de Fortaleza – Programa de Iniciação Científica BCIT-FUNCAP.


2. Universidade de Fortaleza – Discente em Engenharia Mecânica.
3. Universidade de Fortaleza – Docente do Curso de Engenharia Mecânica.

Palavras-chave: Combustão. Magnesita. Queimador. Termopar.

Resumo
Um queimador radiante em meio poroso é amplamente reconhecido por sua eficiência térmica e
suas baixas emissões de contaminantes. Sendo assim, o propósito central deste artigo consiste em
conduzir uma análise acerca da eficácia de um queimador composto por rochas naturais de MgCO3
(conhecida como Magnesita), com um diâmetro médio de cerca de 2 cm, inseridas em queimador
cilíndrico, utilizando termopares para a análise de temperaturas ao longo da queima realizada com
GLP. Desse modo, foi possível obter um pequeno gradiente de temperatura ao longo do corpo do
queimador, com uma variação de temperatura de calcinação de 700 °C a 1000 °C, além de algumas
rochas calcinando em diferentes situações devido a existências de substâncias diversas. Portanto,
foi possível obter dados de temperaturas homogêneas ao longo do leito poroso, mostrando que
houve o controle de chama após um período de tempo.

Introdução
No atual cenário geoeconômico, no que se refere em produzir ou melhorar algum equipamento, faz-
se necessário um melhor aproveitamento de energia visando economia dos recursos e na
sustentabilidade dos mesmos. Nesse contexto, há uma crescente demanda pelo monitoramento de
controle da qualidade do ar, visando reduzir as emissões de poluentes gerados pela queima de
combustíveis a níveis mais aceitáveis para a manutenção dos ecossistemas. Ao mesmo passo, a
evolução da economia exige uma quantidade de energia para os meios atuais de produção,
podendo-se citar elementos de queima que precisam extrair o máximo de energia da menor
quantidade de matéria prima possível visando atender as regulamentações de poluentes. Para se
obter sucesso no cumprimento desses quesitos, os queimadores porosos radiantes vêm sendo
estudados e testados como uma possível forma de auxílio no aumento da eficiência de energia.

Em processos industriais vem-se usando amplamente o uso de radiação térmica nas últimas três
décadas segundo (VIANA, 2014). O uso desta tecnologia é aplicável em atividades como, secagem
de papel, processamento de vidro, calcinação de minerais e cura de revestimentos. Diversas
tecnologias podem ser aplicadas nesse processo, tais como aquecimento de grafite por efeito Joule
e queimadores tubulares radiantes.

Desse modo, os queimadores porosos oferecem uma maior eficiência em relação ao uso de
queimadores convencionais, além de emitir menos poluentes. Devido a este fator, vários autores
têm publicado frequentes pesquisas sobre combustão em meios porosos. O uso de queimadores
porosos, tendo como combustível o GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), pode auxiliar no suprimento
da atual demanda de aumento sustentável, possibilitando a redução da agressão ao meio ambiente.

Metodologia
Foi realizado uma revisão bibliográfica junto com ensaios no queimador convencional com o intuito
de melhor entender as suas características termodinâmicas e de operação, bem como as
características das rochas inseridas, no caso, a MgCO3 (Magnesita). Tais fatores foram
fundamentais para o estudo do queimador, posteriormente, a escolha da rocha a ser usada e sua
disponibilidade, após isso, se estabelecerá um valor de vazão de ar e combustível de modo a tentar
manter a chama estabilizada dentro do queimador na configuração a ser usada para o meio poroso.
Nesse contexto, foi feito o teste com a queima em um queimador poroso por meio da mistura e
queima de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) e ar comprimido em uma matriz porosa de Magnesita,
sendo possível a coleta das temperaturas em 3 ou 4 pontos diferentes com temopares tipo K e
armazenando em um NOVUS para que em sequência pudesse ser tratado e analisado.

Resultados e Discussão
Os queimadores porosos que trabalham com um fluxo pré-misturados, normalmente apresentam
duas regiões: a região de entrada de ar e combustível, formada por uma matriz sólida de rochas de
magnesita com poros pequenos e que se localiza abaixo da zona de reação, onde ocorre o pré-
aquecimento da mistura; e a segunda região formada por uma matriz sólida de poros de maior
tamanho, onde ocorre a estabilização da chama devido a uma alta taxa de fluxo da mistura ar e
combustível, que possibilita um maior fluxo de calor, além de uma melhor relação de ar e
combustível (MUJEEBU et al., 2009b).

Figura 1 - Diagrama de estabilização da chama e da zona de combustão

Fonte: Singh et al. (2017)


Segundo (PEREIRA, 2002) e (OLIVEIRA, 2015), as matrizes porosas são comumente fabricadas
de estruturas cerâmicas ou de fibras metálicas e podem assumir diversas formas construtivas
(estruturas cerâmicas reticuladas, esponjas cerâmicas, malhas metálicas, etc.). As principais
propriedades desejadas em um material para o emprego em queimadores porosos são a
capacidade de resistência a altas temperaturas por períodos prolongados de operação e a
resistência a fadiga térmica devido a grandes gradientes de temperatura.

A principal diferença entre a combustão em meios porosos e um sistema convencional é a maior


eficiência na transferência de calor dos produtos da reação da combustão para a mistura não
queimada. Em um sistema convencional, a convecção é modo dominante de transferência de calor.
Por outro lado, em queimadores porosos, a transferência de calor por condução e radiação também
são significantes (CAMPOS, 2017), devido a um maior acumulo de calor na matriz porosa,
possibilitando uma maior transferência por esse meio.

Figura 2 - Vista Frontal com entradas

Entrada das Rochas

Entrada de Entrada de Ar
GLP Comprimido

Fonte: NUPEM (2022)

A rocha a ser analisada será a Magnesita (MgCO3). O processo foi iniciado com a fragmentação
das rochas, para depois ser realizada a separação por dimensão, em um agitador de peneiras
eletromagnético conforme figura 5. Para que assim possa ser realizado um estudo mais eficaz da
quantidade utilizada por dimensão.

Figura 3 - Agitador de peneiras eletromagnético

Fonte: soletest.com.br (2022)


Para a medição de temperatura ao longo do corpo do queimador dentro do leito poroso, foram
utilizados termopares tipo K em diferentes pontos, conectados em um dispositivo de análise
chamado de NOVUS, com isso é possível auxiliar no controle da chama no interior do queimador
ao longo do experimento, ao observar um aumento ou diminuição da temperatura em determinado
ponto, possibilitando o aumento ou redução das quantidades tanto de GLP quanto de ar ao passo
que a queima dos mesmos prossegue.

Figura 4 - Posicionamento dos termopares

Fonte: NUPEM (2023)

A maior dificuldade encontrada na fase experimental deste trabalho é a estabilização de chama. A


completa estabilização da mesma não é possível, porém, a chama entra em um estado de flutuação
onde as transferências de calor podem ser controladas, possibilitando assim ser dito que a chama
está estabilizada.

Figura 5 - Gráfico de estabilização da chama (Temperatura x Tempo)

Fonte: NUPEM (2023)

No segundo gráfico pode-se observar uma tentativa de estabilização de temperatura do meio proso
com uma maior quantidade de GLP ainda no início do experimento e em seguida uma adequação
de acordo com o aumento da temperatura em outros pontos.
Figura 6 - Perfil de consumo de ar e combustível (Consumo x Tempo)

GLP (m³) Ar (m³)

25

CONSUMO (M³)
20
15
10
5
0
0 10 20 30 40 50 60
TEMPO (MINUTOS)

Fonte: NUPEM (2022)

A temperatura ideal para calcinação da magnesita é de aproximadamente 850°C variando em uma


faixa entre 700°C e 1000°C, no entanto, foi observado que nem todas as rochas calcinavam nessa
temperatura, algumas queimavam, na parte inferior do queimador, e outras calcinavam em
temperaturas mais baixas, como aos 700°C, por exemplo, a explicação para isso é a presença de
dolomita e calcita junto as rochas de magnesita presentes na amostra. Estes geoides são
encontrados na natureza em conjunto e a semelhança física entre eles é aproximada.

Figura 7 - Queimador em funcionamento (vista frontal)

Fonte: NUPEM (2023)

Conclusão
Com base nos experimentos realizados, nas características do projeto e das referências
bibliográficas encontradas, se espera que o queimador consiga ter um bom rendimento, pois a
chama permanecerá próxima de seu topo, ocasionando um melhor controle de temperatura para a
calcinação das rochas e possibilitará que as rochas não calcinadas, na parte inferior, sejam
reinseridas no queimador possibilitando uma calcinação mais homogênea das mesmas, além de
melhorar o controle de temperatura no interior da câmara de combustão.

Portanto, pode-se esperar que queimadores porosos sejam uma ferramenta importante no cenário
de aumento de eficiência em máquinas térmicas para que evitar desperdícios em um cenário de
constante escassez de recursos naturais.
Referências
CAMPOS, G. P. L.; LEITE, M. A. A.; D., J. B. F.; Thermal comparison between a domestic oven
with and without alumina.. In: Brazilian Congress of Thermal Sciences and Engineering, 2018,
Curitiba - PR. 17th Brazilian Congress of Thermal Sciences and Engineering. São Paulo: Abcm,
2018. v. 1.

CAMPOS, G. P. L. ; DUARTE, J. B. F. . FLAME PROFILE IN A POROUS RADIANT BURNER


USING 1/2' AND 1/4' ALUMINA’S SPHERES. In: 24th ABCM International Congress of
Mechanical Engineering, 2017, Curitiba PR. 24th ABCM International Congress of Mechanical
Engineering. São Paulo: 24th ABCM International Congress of Mechanical Engineering, 2017. v. 1.
p. 1-6.

MUJEEBU, M. A.; ABDULLAH, M. Z.; BAKAR, M.Z.A; MOHAMED A.A.; MUHAD, R.M.N.;
ABDULLAH, M.K. Combustion in porous media and its applications – a comprehensive survey.
Journal of Environmental Management, v. 90, pp. 2287-2312, 2009b.

OLIVEIRA, C. L. A., Fabricação de Esponja Cerâmica para Utilização em Queimador,


Monografia (Graduação em Engenharia Mecânica). Centro de Ciências Tecnológicas, Universidade
de Fortaleza, 2015.

PEREIRA, F. M. Medição de características térmicas e estudo do mecanismo de estabilização


de chama em queimadores porosos radiantes. 2002. 102 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Mecânica) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.

SOLOTEST. Agitador de peneiras. Disponível em:


https://www.solotest.com.br/novo/produtos/agitador-de-peneiras-8x2-110-220-50-60hz-/1.202.230.
Acessado em: 13 de Agosto.2020.

SINGH, NAGESHWAR; et al. Performance analysis of porous radiant burners for cooking
applications. International Journal of Engineering & Technology, 6 (3) (2017) 65-70.

VIANA, Renan da Rosa. Estudo experimental do comportamento da fração radiante em


queimadores porosos. 2014.

Agradecimentos

Agradecimentos primeiramente a Deus por possibilitar a atuação como pesquisador de iniciação


científica e aluno da Universidade de Fortaleza, podendo assim agregar na composição e melhora
do curso de Engenharia Mecânica. Ademais, agradecer ao apoio do laboratório I9GÁS e da
FUNCAP os quais patrocinaram a realização dos experimentos.

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