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RECIFE - PE
2023
1
IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL – IPB
JUNTA REGIONAL DE EDUCAÇÃO TEOLOGICA – JURET
SEMINÁRIO PRESBITERIANO DO NORTE – SPN
CURSO DE BACHAREL EM TEOLOGIA
RECIFE - PE
2023
2
SUMÁRIO
1 ANÁLISE HISTÓRICO-CONTEXTUAL.....................................................................4
1.1 Autoria....................................................................................................................4
1.2 Destinatário............................................................................................................4
1.3 Data........................................................................................................................4
1.4 Propósito................................................................................................................4
1.5 Esboço do livro.......................................................................................................5
2 CRÍTICA TEXTUAL...................................................................................................6
2.2 v. 44........................................................................................................................ 8
2.3 v. 47-3.1................................................................................................................ 10
3 ANÁLISE LITERÁRIA..............................................................................................12
4.5 v. 46...................................................................................................................... 20
5 ANÁLISE LÉXICA.................................................................................................... 24
7 COMPARAÇÃO DE VERSÕES...............................................................................29
7.1 v. 42......................................................................................................................29
7.2 v. 43...................................................................................................................... 29
7.3 v. 44...................................................................................................................... 30
7.4 v. 45...................................................................................................................... 30
7.5 v. 46...................................................................................................................... 30
7.6 v. 47...................................................................................................................... 31
8 PARÁFRASE........................................................................................................... 31
9 CONCLUSÃO.......................................................................................................... 32
10 COMENTÁRIO HOMILÉTICO...............................................................................32
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................34
4
ANÁLISE HISTÓRICO-CONTEXTUAL
AUTORIA
Acerca da autoria de Lucas para este livro de Atos dos Apóstolos, temos o
testemunho da igreja do século 2ª e 4ª d.C. Além disso, há evidências no livro que
atestam a sua autoria, como por exemplo: “...a linguagem médica utilizada em Lucas-
Atos e o interesse do autor pelas doenças (Lc 4.38; 8.43-44; At 3.7; 12.23; 13.11; 20;7-
11; 28.3,8) apontam para Lucas, o médico, como o autor” 1. Outra evidência, levando
em conta que o autor do livro de Atos é o mesmo do terceiro evangelho, é que nos
manuscritos antigos continham o título de “Segundo Lucas” 2 o terceiro evangelho, não
tendo conhecimento de que tenha sido chamado por outro nome.
DESTINATÁRIO
Embora não possuindo nenhuma informação de quem tenha sido Teófilo, ele
foi o destinatário conforme encontramos em Lc 1.3 e At 1.1. 5 Cogita-se de que ele
tenha sido um cidadão romano. 6
DATA
Com respeito à data em foi escrito, argumenta-se entre 62 d.C. a 96 d. C.7
Devido ao contexto cultural/político, tem-se convicção que este livro de Atos foi escrito
no século 1ª.
PROPÓSITO
Foi escrito como a história do progresso da igreja em todo o mundo, tendo
como fim “confirmar a fé pessoal e de fornecer um inteligível registro histórico da
revelação de Deus aos homens pela obra de Cristo, tanto pela Sua carreira pessoal
1
Bíblia de estudo de Genebra, p. 1417. (Autor)
2
Williams, David J. Novo comentário Bíblico contemporâneo, p. 14.
3
Kistemaker, Simon J. Comentário do Novo Testamento: Atos., p. 39.
4
IBID.
5
Bíblia de estudo de Genebra, p. 1418. (Público original)
6
Harlley, Henry H. Manual Bíblico, p. 492.
7
Kistemaker, Simon J. Comentário do Novo Testamento: Atos. p. 41.
5
como através da Sua igreja”8. O livro de Atos é uma história que transmite “uma
mensagem a seus contemporâneos” 9, concentrando-se no evangelho que se
espalhou por Antioquia, Ásia Menor, Macedônia Acaia e Roma. 10
ESBOÇO DO LIVRO
1. Jerusalém 1-7
2. Judéia e Samaria 8-12
3. Até os confins da terra 13-28.11
CRÍTICA TEXTUAL
v. 43
(1) {C} dia twn apostolwn egineto B D 81 945 1739 1891 Biz [P] Lecpt, AD (Lecpt
egeneto) itd, gig, p*, r sirh copsa (arm) (eti) Crisóstomo //
(2) dia twn apostolwn egineto en Ierousalhm 33 1409 (2344 egeneto) sirp //
8
Tenney, Merrill C. O Novo Testamento Sua Origem e Análise, p. 238.
9
Williams, David J. Novo comentário Bíblico contemporâneo, p. 29.
10
Tenney, Merrill C. O Novo Testamento Sua Origem e Análise, p. 240.
11
Neves, Mario. Atos dos apóstolos comentário prático, p. 22.
6
(3) dia twn apostolwn egineto en Ierousalhm foboj te hn megaj epi pantaj Ì74 vid a
(A C egeneto dia twn apostolwn) (36 eij Ierousalhn e pantaj autouj) (1175 egineto
dia twn apostolwn) (l 884 egeneto) itar, c, dem, p2, fi, ro, t, w vgww, st (vgcl) (esl) //
(4) dia twn ceirwn twn apostolwn egineto en Ierousalhm (E eginonto) 181* (181c e
foboj te hn epi pantaj) (614 omite en Ierousalhm) ite //
(5) dia twn ceirwn twn apostolwn egivnonto eij Ierousalhm foboj te hn megaj epi
pantaj autouj (Y en em lugar de eij) 307 453 610 1678 (copbo, meg) (geo)
v. 44
(1) {A} hsan epi to auto kai Ì74 a A C D E Y 33 36 81 181 307 453 610 614 945 1175
1409 1678 1739 1891 2344 Biz [P] l 884 l 1178 itar, c, d, dem, e, fi, ro, t, w vg sirh arm eti geo
esl Basílio Crisóstomo //
8
36 (XII) 614 (XIII) 453 (XIV)
81 (1044) 1409 (XIV)
945 (XI) 1678 (XIV)
1175 (X)
1739 (X)
1891 (X)
2344 (XI)
Lecionários 884 (XIII)
1178 (XI)
Versões Vg (IV/V) itar, c, d, dem, e, fi, Arm (1805,
sirh (VII) ro, t, w
1984)
eti (VI) (IX, XII/XIII, Geo (V)
V, XIII, VI, X,
XI, XIV/XV)
Citações Cris (IV-V) Bas (IV)
9
Etíope. Até mesmo na Antiga Versão Latina a primeira variante possui um maior
número de registros.
A primeira variante é citada por dois nomes que estão classificados como
fundamentais para o trabalho de Manuscritologia. Sendo eles João Crisóstomo (V),
patriarca de Constantinopla, e Basílio (IV), bispo de Cesaréia. Na segunda variante
apenas a citação de Orígenes é de grande relevância para o trabalho
manuscritológico. E a terceira não possui citações.
v. 47-3.1
(1) {B} epi to auto. Petroj de Ì74vvid. 91vid a A B C 095 81 1175 itar, c, dem, gig, fi, ro, w vg copsa,
bo arm eti //
12
Paroschi, Wilson. Crítica Textual do Novo Testamento. p. 94.
10
Unciais
Minúsculos 1409 (XIV)
Lecionários
Versões Geo (V)
Citações
(5) epi to auto en th ekklesia) En de taij hmeraij tautaij Petroj D itd (itp, r vgms
omitem th ekklesia) (copmeg)
11
Evidência externa. Se considerarmos o número de manuscritos, a primeira e a terceira
variantes se destacam. A terceira variante teve um maior alcance geográfico, sendo
encontrados manuscritos alexandrinos, ocidentais e bizantinos. Enquanto que a
primeira variante se concentra em Alexandria. Entretanto, observando a antiguidade
do texto nas cinco variantes, a primeira apresenta uma quantidade maior na
antiguidade com manuscritos datados entre os séculos IV-V, já as demais variantes
possuem, em sua maioria, manuscritos datados a partir do século IX, com exceção da
quinta variante que só possui o uncial D datado do século V.
ANÁLISE LITERÁRIA
Atos dos Apóstolos é classificado como sendo uma narrativa. Acerca do gênero
literário de Atos, é possível que as narrativas encontradas no Antigo Testamento
12
tenham movido Lucas a escrever a história dos primeiros cristãos 13. Entender o
gênero literário influencia no modo correto de interpretar o texto, já que “o gênero está
associado com a temática abordada, com o caminho e a disposição em que as
informações são conduzidas e apresentadas...e com a função de linguagem...14” Outro
ponto da análise literária é a posição em que o texto se encontra, isso quer dizer
analisar o contexto imediato anterior e posterior.
CONTEXTO ANTERIOR
Lucas neste livro faz uma breve introdução acerca do conteúdo do seu primeiro
livro, onde relata “todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar até ao dia
em que, depois de haver dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos
apóstolos que escolhera, foi elevado às alturas”, conforme encontramos em Atos 1.1-
2. Em seguida, no versículo 4, Lucas registra a ordem de Jesus aos discípulos para
que estes ficassem em Jerusalém até o cumprimento da promessa. Promessa esta
que era a descida do Espírito Santo concedendo poder para que eles fossem suas
“testemunhas tanto em Jerusalém como em toda Judeia e Samaria e até aos confins
da terra”, como podemos ver no cap. 1.8.
13
Fee, Gordon D.; Stuart, Douglas. Entendes o que lês? : um guia para entender a Bíblia com auxílio da exegese
e da hermenêutica. P. 134.
14
Amaral, Tiago Santana do, 1982; Amaral, Mônica de Sousa do, 1983. Introdução à exegese bíblica: Antigo e
Novo Testamento. p. 150, kindle.
13
faremos, irmãos?” conforme nos fala o versículo 37 do cap. 2. No qual Pedro responde
ordenando para que se arrependam. O resultado foram quase três mil pessoas
convertidas e batizadas.
CONTEXTO POSTERIOR
DELIMITAÇÃO DA PERÍCOPE
De, é uma conjunção coordenada que pode ser usada tanto com a função
adversativa quanto aditiva. No texto em questão, ela não aparenta está sendo usada
em sua forma adversativa, pois o texto anterior não está sendo discutido. A análise
feita entre o versículo 41 e 42, o uso dessa conjunção é feita para introduzir um novo
assunto. Outro ponto analisado foi a mudança de assunto, pois o narrador vinha
15
Wallace, Daniel B. Gramática Grega: Uma Sintaxe Exegética do Novo Testamento. p. 668.
14
descrevendo os acontecimentos que ocorreram após o discurso de Pedro, onde foram
quase três mil pessoas convertidas. Daí, ele interrompe a narrativa para descrever
como viviam esses crentes convertidos.
δὲ E conjunção Aditiva
16
The Greek New Testament. Editado por Barbara Aland, Kurt Aland, Johannes Karavidopoulos, Carlo M.
Martini, e Bruce M. Metzger.
15
καὶ e conjunção Aditiva
v. 43
evgi,neto de. pa,sh| yuch/| fo,boj( polla, te te,rata kai. shmei/a dia. tw/n avposto,lwn evgi,netoÅ
δὲ e conjunção Aditiva
16
ψυχῇ alma Substantivo, Objeto indireto
dativo, singular,
feminino
v. 44
pa,ntej de. oi` pisteu,ontej h=san evpi. to. auvto. kai. ei=con a[panta koina.
17
πάντες todos Adjetivo, Atributivo
nominativo, plural,
masculino
δὲ e conjunção Aditiva
v. 45
kai. ta. kth,mata kai. ta.j u`pa,rxeij evpi,praskon kai. dieme,rizon auvta. pa/sin kaqo,ti a;n tij
crei,an ei=cen\
18
grego tradução Morfologia sintaxe
19
singular, adicionar
masculino identificação
v. 46
kaqV h`me,ran te proskarterou/ntej o`moqumado.n evn tw/| i`erw/|( klw/nte,j te katV oi=kon a;rton(
metela,mbanon trofh/j evn avgallia,sei kai. avfelo,thti kardi,aj
τε e Partícula adição
disjuntiva
ἐν em Preposição De posição
20
κλῶντές partindo Verbo, presente, ação contínua,
ativo, particípio, progressiva ou
nominativo, plural, durativo
masculino
τε e Partícula adição
disjuntiva
21
v. 47
aivnou/ntej to.n qeo.n kai. e;contej ca,rin pro.j o[lon to.n lao,nÅ o` de. ku,rioj proseti,qei tou.j
sw|zome,nouj kaqV h`me,ran evpi. to. auvto,Å
22
ὁ o Artigo, Usado para definir
nominativo, a palavra
singular,
masculino
δὲ e conjunção Aditiva
23
ANÁLISE LÉXICA17
PALAVRAS, FRASES E CONSTRUÇÕES EM GREGO EM 2.42
+Hsan – o emprego do tempo imperfeito para expressar continuidade é evidente
nesse versículo e no restante da passagem. Para a construção do passado
perifrástico de +Hsan e do particípio presente ativo proscarterountej.
evpi. to. Auvto – está frase também ocorre em 1.15; 2.1, 44; 1 Coríntios 11.20;
14.23. Ela significa “todos juntos; o conjunto”. [A frase] parece ter adquirido um sentido
semitécnico, não diferente de en ekklhsia (na comunhão da igreja).
Versículo 45
Versículo 47
17
Análise léxica extraída da obra Kistemaker, Simon J. Comentário do Novo Testamento: Atos.
24
ANÁLISE TEOLÓGICA
Lucas inicia descrevendo a vida dos convertidos como sendo uma vida de contínua
perseverança, pois o verbo “perseverar” usado por Lucas se encontra no particípio
presente expressando, assim, a ideia de continuidade. Portanto, o autor não se refere
a um ato que aconteceu uma única vez no momento da conversão, mas sim, que essa
era a pratica diária destes cristãos. A perseverança na sã doutrina se dá através da
observação de quatro elementos...
O primeiro elemento que Lucas vai citar é o ensino apostólico. Ele indica que os
cristãos estavam constantemente se dedicando ao que era ensinado pelos apóstolos.
Esse ensino se refere a tudo o que Jesus disse e fez, conforme afirma Simon
Kistemaker. Mas também, a forma como Lucas descreve este primeiro elemento,
indica uma preservação do conteúdo por parte dos cristãos contra os falsos
ensinamentos e um fervor em prosseguir aprendendo mais sobre esse ensino. O ato
de perseverar na doutrina dos apóstolos indica um reconhecimento de que as palavras
proferidas pelos discípulos viam de Deus.
O terceiro elemento é o partir do pão. O uso do artigo definido implica dizer que
não se tratava de um momento qualquer. Mas, indica algo mais especifico, como
podemos perceber no texto de 1 Coríntios 10.16, que diz: “Porventura, o cálice da
bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos
não é a comunhão do corpo de Cristo?” Onde a palavra “pão” é antecedida por um
artigo indicando aquele momento como sendo a ceia do Senhor. Kistemaker afirma
que: “no grego, o artigo definido precede o substantivo pão e assim especifica que os
cristãos partilhavam do pão separado para a comunhão”.
25
O quarto elemento é a oração. A pergunta de número 178 do catecismo maior ao
perguntar sobre “O que é a oração?” Ela vai responder que “Oração é um oferecimento
de nossos desejos a Deus, em nome de Cristo e com o auxílio de seu Espírito, e com
a confissão de nossos pecados e um grato reconhecimento de suas misericórdias.”
Igualmente aos três primeiros elementos, Lucas usa o artigo definido para “descrever
orações específicas proferidas no culto”, como afirma Kistermaker. Paulo vai ordenar
em 1 Tessalonicenses capítulo 5 verso 17, que devemos orar sem cessar. A vida
desses irmãos era de total oferecimento de seus desejos a Deus pela oração.
Esses quatro elementos estão presentes no culto público, culto este que deve ser
observado pelos servos de Deus, como está escrito em Deuteronômio capítulo 6 verso
13: “O SENHOR, teu Deus, temerás, a ele servirás, e pelo seu nome, jurarás.” Como
também no capítulo 12 verso 32, diz: “tudo o que eu te ordeno observarás; nada lhe
acrescentarás, nem diminuirás”. Por isso, Perseverar na sã doutrina é aceitar e
permanecer no ensino apostólico, progredir no conhecimento bíblico, observar os
elementos prescritos por Deus para o culto e preservar o ensino fiel da Palavra de
Deus. No verso 43 mostra que havia temor em cada alma e milagres por parte dos
apóstolos, isso denota que a igreja se mantinha firme na doutrina apostólica, assim
também devemos nós imitá-los.
26
O amor ao próximo é dito por Cristo como sendo o segundo maior mandamento
da Lei, como registra Mateus em seu evangelho no capítulo 22 verso 39. Os crentes
demonstraram o cumprimento deste mandamento quando na medida em que os
ricos “vendiam as suas propriedades e bens”, eles distribuíam os valores entre os
pobres. O mesmo princípio ocorreu com Zaqueu quando teve o encontro com Jesus,
registrado no capítulo 19 versículo 8 do evangelho de Lucas, que vai dizer que:
“entrementes, Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar aos
pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém,
restituo quatro vezes mais.”
Kistermaker vai dizer que “o compartilhar comunitário de bens materiais não era
um despojamento de riquezas. Pelo contrário, constituía em boa vontade da parte
dos proprietários em colocar seus pertences à disposição de todos os crentes que
se encontravam necessitados.” Não é um desfazer de seus bens para viverem na
extrema pobreza que Lucas está narrando. Mas sim, a prática do amor ao próximo
de forma que as riquezas são instrumentos para abençoar o meu semelhante.
Ryle vai dizer que “o amor é o grande segredo da verdadeira obediência a Deus”,
e mais, que “aquele que ama ao próximo recusará fazer-lhe qualquer dano
proposital, seja em sua pessoa, caráter ou propriedade.” Paulo vai descrever o amor
em 1 coríntios 13 versos 4 a 7, como sendo “paciente, é benigno; o amor não arde
em ciúmes, não se ufana, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra
com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera,
tudo suporta.” Portanto meus irmãos, um novo convertido prática o amor ao próximo,
porque isso é uma evidência do seu novo nascimento.
27
Lucas a partir do verso 46, passa a descrever as atividades desses cristãos,
destacando que eram feitas dia a dia. Até então, a igreja ainda não tinha sofrido
nenhuma tipo de perseguição por parte dos líderes religiosos judaicos, podendo,
assim, frequentar o templo para realizarem suas reuniões de oração e louvor a Deus.
Lucas diz que estas reuniões eram feitas com perseverança e unidade,
demonstrando que eles viviam em comunhão uns com os outros. Paulo em romanos
no capítulo 12 verso 5, afirma que: “assim também nós, conquanto muitos, somos
um só corpo em Cristo e membros uns dos outros...”. Esses crentes entenderam que
em Cristo eles se tornaram um, de forma que essa união se estendia para fora das
portas do templo.
Lucas relata que eles “partiam pão de casa em casa”, referindo-se “às refeições
diárias que eram compartilhadas nos lares”, segundo o comentário da Bíblia de
Estudo de Genebra. E eles as faziam com “alegria e singeleza de coração”. Não
havia somente unidade e harmonia, mas também “alegria e singeleza de coração”
ao estarem reunidos para tomar as suas refeições. David Williams vai afirmar que
“singeleza de coração” é a “condição mental em que ações e pensamentos são
controlados por um único motivo, a saber, o desejo de agradar a Deus.” Kistemaker
vai dizer que: “Lucas enfatiza a união, a harmonia, a alegria e a sinceridade dos
crentes. Esses elementos são os frutos do Espírito Santo agindo no coração e na
vida dos cristãos primitivos.”
Esses cristãos entenderam que deveriam glorificar a Deus com suas vidas, e
assim o fizeram. O resultado foi receber o favor de todo o povo. E Lucas finaliza
dizendo que Deus ia acrescentando os que iam sendo salvos. Declarando que a
28
salvação depende unicamente da ação de Deus na vida dos homens. Conforme
encontramos no evangelho de João capítulo 6 verso 44a: “Ninguém pode vir a mim
se o Pai, que me enviou, não o trouxer;” O viver para a glória de Deus é cumprir com
aquilo para o qual fomos chamados. É entender que toda atividade que venhamos a
realizar, deve ser feita louvando ao Senhor diariamente.
COMPARAÇÃO DE VERSÕES
VERSÍCULO 42
TL18 E estavam perseverando na doutrina dos apóstolos e na comunhão,
no partir do pão e nas orações.
ACF200719 E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir
do pão, e nas orações.
ARA20 E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir
do pão e nas orações.
ARC21 E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir
do pão, e nas orações.
Em todas as versões analisadas acima, percebe-se a omissão do verbo ἦσαν que
transmite a ideia de continuidade. As versões traduzem o particípio presente
προσκαρτερουντες para o imperfeito na tentativa de compensar a ausência citado
acima.
VERSÍCULO 43
TL E havia cada alma temor, muitos milagres e sinais através dos
apóstolos era feito.
ACF2007 E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam
pelos apóstolos.
ARA Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por
intermédio dos apóstolos.
ARC Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam
pelos apóstolos.
18
Tradução literal.
19
Almeida Corrigida Fiel 2007.
20
Almeida Revista e Atualizada.
21
Almeida Revista Corrigida.
29
Não houve mudanças significativas.
VERSÍCULO 44
TL E todos os crendo estavam juntos a ele e tinham tudo comum
ACF2007 E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum.
ARA Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum.
ARC Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum.
Não houve mudanças significativas.
VERSÍCULO 45
TL e as propriedades e os bens vendiam e dividiam eles todos conforme
alguém tinha necessidade;
ACF2007 E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo
cada um havia de mister.
ARA Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre
todos, à medida que alguém tinha necessidade.
ARC Vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam com todos,
segundo cada um tinha necessidade.
Não houve mudanças significativas.
VERSÍCULO 46
TL conforme dia e perseverando com uma mente em ao templo, partindo
e conforme casa pão, participavam do alimento com alegria e
singeleza de coração
ACF2007 E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão
em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração,
ARA Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa
em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de
coração,
ARC E, perseverando unânimes todos os dias no templo e partindo o pão
em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração,
Não houve mudanças significativas.
30
VERSÍCULO 47
TL louvando a Deus e tendo favor por meio todo o povo. E o Senhor
adicionava os sendo salvos conforme dia sobre a ele.
ACF2007 Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias
acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.
ARA louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto
isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.
ARC louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias
acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.
Há uma divergência na tradução da expressão tou.j sw|zome,nouj. As versões ACF2007
e ARC, apresentam a interpretação dessa frase como “haviam de salvar”. Mas, a
tradução literal dela conforme a sua morfologia é “os sendo salvos” ou “os que iam
sendo salvos” conforme traduz a ARA. Pois o verbo se trata de um particípio presente
passivo, transmitindo a ideia de continuidade da ação.
PARÁFRASE
Versículo 42: E estavam perseverando na doutrina dos apóstolos e na comunhão,
no partir do pão e nas orações.
Versículo 43: E em cada alma havia temor, muitos milagres e sinais eram feitos por
meio dos apóstolos.
Versículo 44: E todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum
31
CONCLUSÃO
O Brasil embora nunca tenha passado por um avivamento, como Inglaterra,
França, Escócia entre outros países. Nas últimas décadas, tem acontecido algo
extraordinário em nosso país. Pois em 1970, o Brasil era predominantemente católico
com cerca de 91,8 por cento de brasileiros católicos, porém houve uma queda nesses
números em 2010, passando a ser 64,6 por cento. Já os evangélicos, segundo o
último censo realizado em 2010, tiveram um crescimento de nos deixarmos
maravilhados. Dentro de quarenta anos, os evangélicos saltaram de 5,2 por cento
para 22,2 por cento. São exatamente quarenta e dois milhões e duzentos e setenta e
cinco mil e quatrocentos e quarenta pessoas denominadas cristãs.
Esses dados são impressionantes, mas a pergunta que fica é: “Será que todos
esses números representam fiel os números de cristãos no Brasil?” A análise do livro
de Atos nos ajuda a entender como a igreja do primeiro século se comportava. A partir
do texto analisado de Atos 2.42-47, vimos como os novos convertidos conduziam suas
vidas deixando um exemplo a ser seguido pelas igrejas posteriores. A vida daquela
igreja foi totalmente impactada pelo evangelho de tal forma que sua essência era
transmitida através da sua adoração e união.
Esta exegese não objetivou um estudo exaustivo de Atos 2.42-47, mas mostrar
a beleza dessa passagem e sua relevância para igreja contemporânea. Há muitos
materiais bons sobre o livro de Atos, entretanto, a sua maioria trata o estudo deste
livro de forma superficial, deixando de fora as riquezas que encontramos nesse livro,
que somente um trabalho exegético pode transmitir.
COMENTÁRIO HOMILÉTICO
O texto de atos 2.42-47 ensina sobre as características de uma vida
convertida, onde observamos que ela é:
1) Perseverante na adoração
32
é crer em sua inspiração, inerrância e infabilidade. É não ceder ao liberalismo que
põe em dúvida a Palavra de Deus e tira dela toda autoridade que ela possui.
A comunhão que desfrutamos dentro da igreja quando nos reunimos para orar,
para estudar, cultuar, deve ter Deus como o objeto de nossa adoração. Tudo de bom
que venhamos a fazer ao nosso irmão, deve ser feito para a glória de Deus.
33
BIBLIOGRÁFIA
1. Bíblia de estudo de Genebra
2. Williams, David J. Novo comentário Bíblico contemporâneo. 1996 por
Editora Vida
3. Kistemaker, Simon J. Comentário do Novo Testamento: Atos. [tradução Ézia
Mullins e Neuza Batista da Silva]. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.
4. Harlley, Henry H. Manual bíblico: um comentário abreviado da Bíblia.
Tradução de David A. de Mendonça; revisão de Gordon Chown. --4. Ed. -- São
Paulo: Vida Nova, 1994.
5. Tenney, Merrill C. O Novo Testamento sua origem e análise. São Paulo: Vida
Nova, 1953.
6. Neves, Mario. Atos dos Apóstolos – Comentário Prático. Casa Editora
Presbiteriana.
7. Paroschi, Wilson. Critica textual do Novo Testamento. – São Paulo: Vida
Nova, 1993.
8. Anglada, Paulo Roberto Batista. Manuscritologia do Novo Testamento –
História, correntes textuais e o final do Evangelho de Marcos. Ananindeua:
Knox Publicações, 2014.
9. Gorman, Michael J. Introdução à exegese bíblica. traduzido por Wilson Ferraz
de Almeida. 1ª ed. – Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2017. 320 p.
(Kindle)
10. Amaral, Tiago Santana do, 1982; Amaral, Mônica de Sousa do, 1983.
Introdução à exegese bíblica: Antigo e Novo Testamento. Rio de Janeiro:
CP Douloi Editora, 2014. (Kindle)
11. Fee, Gordon D.; Stuart, Douglas. Entendes o que lês? : um guia para
entender a Bíblia com auxílio da exegese e da hermenêutica. Tradução
Gordon Chown e Jonas Madureira. 3ª edição revisada e ampliada – São Paulo:
Vida Nova, 2011.
12. Wallace, Daniel B. Gramática Grega: Uma Sintaxe Exegética do Novo
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13. The Greek New Testament. Editado por Barbara Aland, Kurt Aland, Johannes
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edição revisada, 1993, 13ª impressão, 2007.
14. O Novo Testamento Interlinear de Waldyr Carvalho Luz; o texto grego
Nestle do NT (26ª edição) com uma tradução literal em português © 2003
Editora Cultura Cristã.
15. Pinto, Carlos Osvaldo Cardoso. Fundamentos para a exegese do novo
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16. FRIBERG, Barbara, FRIBERG, Timothy, O Novo Testamento Grego
Analítico, São Paulo: Edições Vida Nova,1987.
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