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Cálculo da Perda de Carga 5-1

5 CÁLCULO DA PERDA DE CARGA

5.1 Perda de Carga Distribuída

5.1.1 Fórmula Universal

Aplicando-se a análise dimensional ao problema do movimento de fluidos em


tubulações de seção circular, encontra-se a seguinte expressão para a perda de carga,
conhecida como fórmula universal:
L V2
∆H = f (5.1)
D 2g

onde: L é o comprimento do encanamento em m;


V é a velocidade média do fluido em m/s;
D é o diâmetro da canalização em m;
f é o fator de atrito;
∆H é a perda de carga em m.

A Equação 5.1 pode ser escrita também em termos de vazão Q:


8⋅ f ⋅ L ⋅Q2
∆H = (5.2)
π 2 ⋅ D5 ⋅ g

5.1.1.1 O fator de atrito f

O fator de atrito f, sem dimensões, é função do número de Reynolds e da rugosidade


relativa. A espessura ou altura k das asperezas (rugosidade) dos tubos pode ser avaliada
determinando-se valores para k/D.
Conforme já visto no capítulo 4, o número de Reynolds qualifica o regime de
escoamento em laminar (Re < 2.000), turbulento (Re > 4.000) ou crítico. O regime
completamente turbulento (rugoso) é atingido com valores ainda mais elevados do
número de Reynolds, existindo, portanto, uma segunda zona intermediária, conhecida
como zona de transição (Figura 5.1).
Os valores do fator de atrito f são obtidos
em função do número de Reynolds e da
rugosidade relativa, tendo-se em vista o regime
de escoamento.
Regime laminar → f = f (Re)
Regime turbulento liso → f = f (Re)
Regime turbulento de transição entre o liso e o
k
rugoso → f = f (Re, )
D
k
Regime turbulento rugoso → f = f ( ) Figura 5.1
D
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5.1.1.2 Determinação do fator de atrito f

A determinação do fator de f é feita de duas formas:


a) Através do Diagrama de Moody-Rouse;
b) Através dos algoritmos, proposto pelo Prof. Souza (EPUSP).

Algoritmo de cálculo de f

Este algoritmo consiste em criar alguns adimensionais para a obtenção do fator de


atrito f. A definição desses adimensionais depende do tipo de problemas existentes no
projeto de condutos forçados.
A seguir são apresentados os problemas típicos do projeto de encanamentos
encontrados na prática e a sua solução, na forma de algoritmos:

a) Problema tipo 1 – Cálculo de Q

Dados: ∆H, L, D, k, ν, g
Incógnita: Q ?

D 2 g ⋅ D ⋅ ∆H
1. Calcular R f =
ν L
2
 64 
2. Se R f ≤ 400 → regime laminar → f =   → ir para o passo 8;

R f 
3. Se 400 < R f < 800 → região crítica → não se calcula o f → Fim.
R f
4. Se R f > 800 → regime turbulento → calcular
D/k
−2
R f   2,51 
5. Se ≤ 14 → regime turbulento liso → f =  − 2 log  → ir para o

D/k  R f 
passo 8;
−2
R f   k 2,51 
6. Se 14 < < 200 → regime turbulento misto → f =  − 2 log
 3,71D R f 
+
D/k   
→ ir para o passo 8;
−2
R f   k 
7. Se ≥ 200 → regime turbulento rugoso → f =  − 2 log 
D/k   3,71D 
1
2 5
 π ⋅ D ⋅ g ⋅ ∆H  2
8. Calcular Q =  
 8⋅ f ⋅ L 
9. Fim

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b) Problema tipo 2 – Cálculo de ∆H

Dados: Q, D, L, ν, k, g
Incógnita: ∆H ?

4Q
1. Calcular R =
π ⋅ D ⋅ν
64
2. Se R ≤ 2.500 → regime laminar → f = → ir para o passo 8;
R
3. Se 2.500 < R < 4.000 → região crítica → não se calcula o f → Fim.
R 0, 9
4. Se R > 4.000 → regime turbulento → calcular
D/k
−2
R 0, 9   5,62 
5. Se ≤ 31 → regime turbulento liso → f =  − 2 log 0,9  → ir para
D/k   R 
o passo 8;
−2
R 0, 9   k 5,62 
6. Se 31 < < 448 → regime turbulento misto → f =  − 2 log + 0, 9   →
D/k   3,71D R 
ir para o passo 8;
−2
R 0, 9   k 
7. Se ≥ 448 → regime turbulento rugoso → f =  − 2 log 
D/k   3,71D 

8⋅ f ⋅ L ⋅Q2
8. Calcular ∆H =
π 2 ⋅ D5 ⋅ g
9. Fim

c) Problema tipo 3 – Cálculo de D

Dados: Q, ∆H , L, ν, k, g
Incógnita: D ?
0, 2
4 ⋅Q 1  128 g ⋅ Q 3 ⋅ ∆H 
1. Calcular M = e N =  
k ⋅ π ⋅ν ν π3 ⋅L 

181
2. Se N ≤ 1.200 → regime laminar → f = → ir para o passo 8;
N 1, 25
3. Se 1.200 < N < 2.100 → região crítica → não se calcula o f → Fim.
N2
4. Se N > 2.100 → regime turbulento → calcular
M
−2
N2   4,15 
5. Se ≤ 17 → regime turbulento liso → f = − 2 log 0,937  → ir para o
M  N 
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passo 8;
N2
6. Se 17 < < 236 → regime turbulento misto →
M
−2
  0,38 N 1,042 4,15 
f =  − 2 log + 0,937  → ir para o passo 8;
  M N 
−2
N2   0,38 N 1,042 
7. Se ≥ 236 → regime turbulento rugoso → f = − 2 log 
M   M 
1
 8 ⋅ f ⋅Q2 ⋅ L 5
8. Calcular D =  2

 g ⋅ π ⋅ ∆H 
9. Fim

EXERCÍCIOS-EXEMPLOS

5.1 Um reservatório está sendo alimentado diretamente de uma represa, conforme mostra
a figura abaixo. Determine o nível d´água NA2 do reservatório, sabendo-se que o
nível d´água da represa está na cota 50 m.
Dados: Q = 200 l/s
k = 5 mm
D = 400 mm
L = 750 m
ν = 1,01 x 10-6 m2/s

Solução: Para determinar a cota NA2, é necessário calcular inicialmente a perda de carga
∆H. Portanto, trata-se do problema tipo 2.

- Cálculo da velocidade:
Q 4 × 0,2
V = = = 1,59 m/s
A π × (0,40) 2
- Cálculo do Nº de Reynolds:
V ⋅D 1,59 × 0,4
R= = = 629.703 > 4.000 ⇒ regime turbulento
ν 1,01 × 10 −6

R 0, 9
- Cálculo do adimensional :
D/k
R 0, 9 629.7030,9
= = 2071 > 448 ⇒ regime turbulento rugoso
D/k (400 / 5)
- Cálculo de f:

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−2 −2
  k    5 
f =  − 2 log  = − 2 log  = 0,0409
  3,71 ⋅ D    3,71 × 400 
- Cálculo da perda de carga:
8 ⋅ f ⋅ L ⋅ Q 2 8 × 0,0409 × 750 × (0,20) 2
∆H = = = 9,90 m
π 2 ⋅ D5 ⋅ g π 2 × (0,40) 5 × 9,81
NA2 = 50,00 – 9,90 = 40,10 m

5.2 Determine a vazão transportada pela adutora que liga uma represa e um
reservatório, conforme mostra a figura.

Dados: L = 360 m
D = 0,15 m
k = 0,00026 m
ν = 10-6 m2/s

Solução: A incógnita é a vazão ∴ é problema do tipo 1.

- Cálculo da adimensional R f :

D 2 g ⋅ ∆H ⋅ D 0,15 2 × 9,81 × 9,3 × 0,15


R f = ⋅ = −6 × = 41.360 > 800 ⇒ reg. turbulento
ν L 10 360
R f
- Cálculo do adimensional :
D/k
R f 41.360
= = 71,7 ⇒ 14 < 71,7 < 200 ⇒ reg. turbulento misto
D / k (0,15 / 0,00026)
- Cálculo de f:
−2 −2
  k 2,51    0,00026 2,51 
f = − 2 log +  =  − 2 log +  = 0,0233
 3,71 ⋅ D R f   3,71 × 0,15 41.360 
   
- Cálculo da vazão:
8 ⋅ f ⋅ L ⋅ Q2 π 2 ⋅ D 5 ⋅ g ⋅ ∆H
∆H = 2 5 ⇒ Q=
π ⋅D ⋅g 8⋅ f ⋅ L

π 2 × (0,15) 5 × 9,81 × 9,3


Q= = 0,0319 m3/s ou 31,9 l/s
8 × 0,0233 × 360

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EXERCÍCIOS PROPOSTOS

E5.1 A tubulação que liga uma represa e um reservatório tem 1.300 m de comprimento e
600 mm de diâmetro e é executada em concreto com acabamento comum (k = 0,4
mm). Determinar a cota do nível d´água (NA1) na represa sabendo-se que a vazão
transportada é de 250 l/s e que o nível d´água no reservatório inferior (NA2) está na
cota 10,00 m. Desprezar as perdas localizadas e adotar νágua = 10-6 m2/s.

E5.2 Para a instalação da figura, determinar o valor de a, sabendo-se que a vazão é 10 l/s
e que o conduto é de ferro fundido novo (k = 0,25 mm).

E5.3 O conduto da figura tem rugosidade k =


0,25 mm e o diâmetro D = 150 mm.
Determinar o comprimento L do
conduto, sabendo-se que está escoando
uma vazão de 50 l/s. Desprezar as
perdas localizadas e adotar νágua = 10-6
m2/s.

E5.4 Determine a vazão que escoa através da tubulação que interliga dois reservatórios,
conforme mostra a figura abaixo

Dados: L = 150 m
k = 0,035 mm
D = 200 mm
νágua = 10-6 m2/s

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E5.5 Determinar o diâmetro de uma tubulação com 350 m de comprimento e rugosidade


de 0,10 mm escaondo uma vazão de 8,5 m3/s com perda de carga de 3,20 m.
Resp.: D = 1,5 m

E5.6 Um reservatório de distribuição está ligado à rede por meio de uma adutora
constituída por dois trechos, conforme o esquema abaixo. Pede-se o diâmetro do
trecho BC, sabendo-se que a vazão transportada é de 180 l/s.
Dados:
Trecho AB: D = 500 mm Trecho BC: L = 1,4 km
L = 2,2 km k = 0,9 mm
k = 1,4 mm
Pressão no ponto C: 15 m.c.a.; ν = 10-6 m2/s

Resp.: DBC = 0,345 m (Dcom = 0,350 m)

E5.7 Uma cidade será abastecida com o aproveitamento de uma represa e por intermédio
de uma adutora constituída de 2 trechos conforme o esquema abaixo. No segundo
trecho serão utilizados tubos de ferro fundido revestido de cimento (k=0,001m) com
diâmetro de 200 mm. Determinar o diâmetro comercial do primeiro trecho que
deverá ser construído em tubos de concreto (k=0,0015m) e a população que poderá
ser abastecida. Adotar ν = 10-6 m3/s
Dados: a) consumo diário por habitante = 200 l/hab.dia;
b) coeficiente do dia de maior consumo = 1,25

Resp.: D = 0,256 m (Dcom = 0,300 m); P = 9331 hab.

E5.8 A alimentação de um reservatório de distribuição de água de uma cidade é feita a


partir de uma represa mantida à cota 413 m, que libera uma vazão de 94 l/s. A
adutora, em cimento amianto (k=1,2 mm), é constituída de dois trechos: o 1º com
600 m de comprimento e 300 mm de diâmetro; o 2º com 300 m e diâmetro
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Cálculo da Perda de Carga 5-8

desconhecido. Na junção dos 2 trechos existe uma sangria de 50 l/s para um


abastecimento industrial. Determine o diâmetro do 2º trecho, sabendo-se que o
reservatório de jusante é mantido à cota 390 m.

Resp.: D = 0,158 m (Dcom = 0,200 m)

E5.9 Determinar o diâmetro do trecho CD para que seja garantida a vazão Q = 160 l/s. A
pressão no ponto D é de 18 m.c.a.

Trecho k (mm) L (m) D (mm)


AB 1,5 2.000 500
BC 2,5 1.800 400
CD 1,0 1.000 ?

Resp.:D = 0,416 m (Dcom = 0,450 m)

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5.1.2 Fórmulas Práticas

Embora a fórmula universal seja recomendada para o cálculo de perdas distribuídas,


algumas fórmulas práticas são aceitas largamente até hoje, tendo em vista as
confirmações experimentais. Dentre elas, são apresentadas as duas mais empregadas
atualmente:

a) Fórmula de Hazen-Williams (1903)

É uma fórmula que resultou de um estudo estatístico com grande número de dados
experimentais e é expressa pela seguinte equação:
Q 1,85
J = 10,643 1,85 4,87 . (5.3)
C D
ou, em termos de vazão:
Q = 0,279 ⋅ C ⋅ D 2,63 ⋅ J 0,54 (5.4)
onde:
Q é a vazão em m3/s;
D é o diâmetro da tubulação em m;
J é a perda de carga unitária em m/m;
C é o coeficiente que depende da natureza (material e estado) das paredes dos
tubos. A Tabela 5.1 mostra alguns valores do coeficiente C.

A perda de carga total é dada por:


∆H = J x L (5.5)
onde ∆H é a perda de carga em m e L é o comprimento da tubulação em m.

Esta fórmula pode ser satisfatoriamente aplicada para qualquer tipo de conduto e de
material. Os seus limites de aplicação são os mais largos: diâmetro de 50 a 3.500 mm.

Tabela 5.1 – Valor do coeficiente C.


Tubos C
Aço galvanizado (novos e em uso) 125
Cimento-amianto 140
Concreto, bom acabamento 130
Concreto, acabamento comum 120
Ferro fundido, novos 130
Ferro fundido, em uso 90

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b) Fórmula de Fair-Whipple-Hsiao (1930)

São fórmulas recentes, estabelecidas para os encanamentos de pequeno diâmetro


(até 50 mm). Para todas as equações abaixo, Q é a vazão m3/s, D é o diâmetro em m e J é
a perda de carga unitária em m/m.

• Canos de aço galvanizado conduzindo água fria.


Q 1,88
J = 0,002021 (5.6)
D 4,88

ou, Q = 27,113 ⋅ J 0,532 ⋅ D 2,596 (5.7)

• Canos de cobre ou latão conduzindo água fria.


Q 1,75
J = 0,000874 (5.8)
D 4,75
ou, Q = 55,934.D 2,71.J 0,57 (5.9)

• Canos de cobre ou latão conduzindo água quente.


Q 1, 75
J = 0,000704 (5.10)
D 4,75
Q = 63,281.D 2,71.J 0,57 (5.11)

Da mesma forma que a fórmula de Hazen-Williams, a perda de carga total é dada


por:
∆H = J x L (5.5)
onde ∆H é a perda de carga em m e L é o comprimento da tubulação em m.

EXERCÍCIOS-EXEMPLOS

5.3 Calcular o diâmetro de uma tubulação de aço usada (C=90), com 3.000 m de
comprimento, que veicula uma vazão de 250 l/s com uma perda de carga de 51 m.
Solução:
∆H = 51 m; Q = 0,25 m3/s
∆H 51
J= = = 0,017 m/m
L 3.000
Q = 0,279 ⋅ C ⋅ D 2,63 ⋅ J 0,54
Q
D 2,63 =
0,279 ⋅ C ⋅ J 0,54
1 1
 Q  2,63  0,25  2,63
D= 0 ,54  =  0 , 54 
= 0,400 m
 0,279 ⋅ C ⋅ J   0,279 × 90 × 0,017 

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EXERCÍCIOS PROPOSTOS (Hazen-Williams e Fair-Whipple-Hsiao)

E5.10 Calcular a vazão que escoa por um conduto de ferro fundido usado (C=90), de 200
mm de diâmetro, desde um reservatório na cota 200 m até outro reservatório na
cota zero. O comprimento do conduto é de 10.000 m. Resp.: Q = 0,044 m3/s.

E5.11 Deseja-se transportar 1.130 l/s de água com a velocidade de 1m/s em uma
tubulação de 5000 m de comprimento, com C=100. Calcular a perda de carga.
Resp.: ∆H = 5,5 m.

E5.12 O abastecimento de água de uma indústria será feita a parir de um reservatório


elevado, que recebe água de uma represa. O consumo máximo diário da indústria é
de 800 m3 e a adutora deverá ter capacidade para transportar esse volume em 6
horas. Considerando-se, no projeto, tubo de ferro fundido (C=90), calcular a altura
da torre x. Resp.: x = 18,11 m.

E5.13 Imagine uma tubulação de 4” de diâmetro, material aço soldado novo, rugosidade
C = 100, pela qual passa uma vazão de 11 l/s de água. Dois pontos A e B desta
tubulação, distantes 500 m um do outro, são tais que a cota piezométrica em B é
igual à cota geométrica em A. Determine a carga de pressão disponível no ponto
A, em m.c.a. O sentido do escoamento é de A para B.

E5.14 O sistema de abastecimento de água de uma localidade é feito por um reservatório


principal, com nível d´água suposto constante na cota 812,00 m, e por um
reservatório de sobras que complementa a vazão de entrada na rede, nas horas de
aumento de consumo, com nível d´água na cota 800,00 m. No ponto B, na cota
760,00 m, inicia-se a rede de distribuição. Para que valor particular da vazão de
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Cálculo da Perda de Carga 5-12

entrada na rede, QB, a linha piezométrica no sistema é a mostrada na figura ?


Determine a carga de pressão disponível em B. O material das adutoras é aço
soldado novo (C=130). Utilize a fórmula de Hazen-Williams, desprezando as
cargas cinéticas nas duas tubulações.

E5.15 Em relação ao esquema de tubulações do exercício anterior, a partir de que vazão


QB, solicitada pela rede de distribuição de água, o reservatório secundário, de
sobras, passa a ser também abastecedor ?

E5.16 Na tubulação da figura, de diâmetro 0,15 m, a carga de pressão disponível no ponto A


vale 25 m.c.a. Qual deve ser a vazão para que a carga de pressão disponível no ponto B
seja 17 m.c.a. A tubulação de aço soldado novo, C=130, está no plano vertical.

E5.17 Considere o escoamento permanente de água em uma tubulação retilínea de 200 m


de comprimento, de aço galvanizado, com diâmetro igual a ½”. Em uma seção A,
na cota 100,00 m, a altura d´água em um piezômetro é de 3,0 m e em uma seção
B, na cota 105,00 m, a altura d´água em um piezômetro é de 2,0 m. Determine:
a) o sentido de escoamento;
b) a vazão que escoa, utilizando a fórmula de Fair-Whipple-Hsiao.
Obs.: Despreze as cargas cinéticas.

E5.18 Em uma adutora de 150 mm de diâmetro, em aço soldado novo C = 130,


enterrada, está ocorrendo um vazamento. Um ensaio de campo para levantamento
de vazão e pressão foi feito em dois pontos, A e B, distanciados em 500 m. No
ponto A, a cota piezométrica é de 657,58 m e a vazão, de 38,88 l/s, e no ponto B,
643,43 m e 31,81 l/s. A que distância do ponto A deverá estar localizado o
vazamento?

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Cálculo da Perda de Carga 5-13

5.2 Perda de Carga Localizada

Conforme visto no capítulo 4, a perda de carga localizada é devida à


descontinuidade da tubulação, chamada singularidade, que pode ser peças especiais de
mudança de direção (curva, cotovelo) ou alteração de velocidade (redução, alargamento,
registro, etc.).
De um modo geral, todas as perdas localizadas podem ser expressas sob a forma
V2
λ=K (5.12)
2g
onde λ é a perda de carga localizada;
V é a velocidade de escoamento;
K é o coeficiente de perda de carga localizada, obtido experimentalmente para cada
caso. A Tabela 5.2 apresenta os valores aproximados de K para as peças e perdas
mais comuns na prática.

Tabela 5.2 – Valores aproximados de K.


Peça K
Bocais 2,75
Comporta aberta 1,00
Cotovelo de 90° 0,90
Cotovelo de 45° 0,40
Curva de 90° 0,40
Curva de 45° 0,20
Entrada de borda 1,00
Saída de canalização 1,00
Tê, passagem direta 0,60
Válvula de gaveta aberta 0,20

Método dos comprimentos equivalentes (ou virtuais)

O método considera que uma canalização que compreende diversas singularidades,


sob o ponto de vista de perda de carga, equivale a um encanamento retilíneo de
comprimento maior.
Para simples efeito de cálculo, o método consiste em adicionar à extensão da
canalização, comprimentos tais que correspondam à mesma perda que causariam as peças
especiais existentes na canalização. A cada singularidade corresponde um certo
comprimento fictício. Os valores de comprimento equivalente correspondentes a diversas
peças podem ser encontrados em qualquer manual de Hidráulica.
A tabela da página seguinte apresenta os comprimentos equivalentes a perdas
localizadas de algumas singularidades.

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Cálculo da Perda de Carga 5-14

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Cálculo da Perda de Carga 5-15

EXERCÍCIOS-EXEMPLOS

5.4 Uma canalização de ferro dúctil com 1800 m de comprimento e 300 mm de diâmetro
está descarregando, em um reservatório, 60 l/s. calcular a diferença de nível entre a
represa e o reservatório, considerando todas as perdas de carga. Verificar quanto as
perdas locais representam da perda por atrito ao longo do encanamento (em %). Há
na linha apenas 2 curvas de 90°, 2 de 45° e 2 registros de gaveta (abertos).

Solução:
Q 4 ⋅Q 4 × 0,06
Q = V.A => V = = 2
= = 0,85 m/s
A π ⋅D π × (0,30) 2
Curva de 90°  K = 0,40
Curva de 45°  K = 0,20
Registro de gaveta (aberto)  K = 0,20
Entrada da canalização  K = 1,00
Saída da canalização  K = 1,00
Ktot = 2 x 0,40 + 2 x 0,20 + 2 x 0,20 +2 x 1,00= 3,6
Perda de carga localizada total:
V2 (0,85) 2
λ=K⋅ = 3,6 × = 0,133 m
2g 2 × 9,81
Perda de carga distribuída:
Fórmula de Hazen-Williams:
Q 1,85 (0,06)1,85
J = 10,643 = 10,643 × = 0,0041 m/m
C 1,85 D 4,87 1001,85 × (0,30) 4,87
∆H = J x L = 0,0041 x 1800 = 7,38 m
Perda de carga total:
Porcentagem da perda localizada em relação à perda distribuída:
0,133
ε= = 0,018 ou 1,8%
7,38

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Cálculo da Perda de Carga 5-16

EXERCÍCIOS PROPOSTOS (Perda localizada)

E5.19 O esquema abaixo mostra uma instalação hidráulica de uma indústria. Pede-se
determinar o diâmetro da tubulação do trecho 2. Utilizar fórmula de Hazen-
Williams.
Dados:
Trecho 1 Trecho 2 Trecho 3
Lreal (m) 80 160 300
Lequiv. (m) - 40 -
D (m) 0,10 ? 0,20
C 90 120 100
Q (l/s) - - 50

Pressão em A: 15 m.c.a.

E5.20 A instalação mostrada na figura abaixo tem diâmetro de 50 mm em aço


galvanizado. Determine, usando a fórmula de Fair-Whipple-Hsiao:
a) a vazão transportada;
b) a perda de carga localizada no registro e seu comprimento equivalente, quando
a vazão for reduzida para 1,96 l/s, pelo fechamento parcial do registro.
Dados: Comprimento equivalente de cada singularidade:
- entrada normal da tubulação: 0,7 m;
- saída da tubulação: 1,5 m;
- cotovelo de 90°: 1,4 m;
- curva de 45°: 0,4 m
- registro de ângulo, aberto: 8,5 m.

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Cálculo da Perda de Carga 5-17

E5.21 Uma tubulação de aço galvanizado, de 10 m de comprimento e 50 mm de


diâmetro, interliga dois reservatórios, cujos níveis d´água mantém-se constantes,
como mostra o esquema da figura. Determine, usando a fórmula de Fair-Whipple-
Hsiao:
a) a vazão transportada, admitindo que o registro de gaveta está totalmente aberto;
b) o comprimento equivalente do registro de gaveta, quando a vazão obtida no
item a for reduzida de 50%.
Dados: Comprimento equivalente de cada singularidade:
- cotovelo de 45°: 0,8 m
- registro de gaveta aberto: 0,4 m
- entrada normal da tubulação: 0,7 m;
- saída da tubulação: 1,5 m;

E5.22 O projeto de uma linha adutora ligando dois reservatórios previa uma vazão de
250 l/s. A adutora, medindo 1300 m de comprimento foi executada em tubos de
concreto com acabamento comum (C = 120), com diâmetro de 500 mm. Colocada
em funcionamento, verificou-se que a vazão era de 180 l/s devido a alguma
obstrução deixada em seu interior por ocasião da construção. Calcular, utilizando a
fórmula de Hazen-Williams:
a) a perda de carga provocada pela obstrução;
b) o comprimento equivalente da obstrução.

E5.23 A determinação experimental dos coeficientes e das perdas de carga localizada é


feita mediante mediadas de pressão e declividades das linhas piezométricas, em
trechos de escoamento estabelecido e de vazão. Calcule a perda de carga e o
coeficiente de perda de carga para o alargamento gradual mostrado na figura

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Cálculo da Perda de Carga 5-18

abaixo, em relação à velocidade no tubo de 75 mm de diâmetro, a partir dos


dados da figura.

E5.24 Dois reservatórios, mantidos em níveis constantes, são interligados em linha reta
através de uma tubulação de 10 m de comprimento e diâmetro D = 50 mm, de
P.V.C. rígido (C = 145), como mostra o esquema da figura. Admitindo que a única
perda de carga localizada seja devido à presença de um registro de gaveta
parcialmente fechado, cujo comprimento equivalente é Le = 20,0 m, e usando a
fórmula de Hazen-Williams, determine:
a) a vazão que escoa na canalização;
b) a perda de carga localizada no registro quando a vazão obtida no item a for
reduzida de 30%;
c) o comprimento equivalente do registro na situação do item b.

E5.25 Em um ensaio de perda de carga de uma luva de redução de 2” x 1½”, o


comprimento equivalente da peça em relação ao tubo de menor diâmetro (1½”) foi
determinado igual a 0,38 m. Assumindo, por simplificação, que o coeficiente f
para os dois tubos seja o mesmo, determine o comprimento equivalente da luva em
relação ao diâmetro de montante (2”).

E5.26 A tubulação que liga dois reservatórios, mantidos em níveis constantes, é de aço
comercial novo (C = 120) e possui um registro de ângulo para regulagem de vazão
na tubulação de diâmetro menor. Considerando todas as perdas de carga,
distribuídas e localizadas, determine:
a) a vazão transportada quando o registro está totalmente aberto;
b) o coeficiente de perda de carga localizada KRP para esta situação;
c) o novo comprimento equivalente e KRP para reduzir a vazão do item a em
28%.
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Cálculo da Perda de Carga 5-19

Comprimentos equivalentes:
- Registro de pressão totalmente aberto = 26,0 m;
- Entrada normal = 2,5 m;
- Saída da canalização = 6,0 m;
- Alargamento brusco = 3,0 m (considerar na tubulação de diâmetro menor).

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